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quarta-feira, 10 de abril de 2024

Jovens voltam à Praça São Pedro 40 anos após primeiro encontro com JP II

João Paulo II em um encontro com os jovens na Sala Paulo VI (Vatican Media)

Para recordar o histórico encontro de 14 de abril de 1984, o Centro Internacional Juvenil São Lorenzo, com o patrocínio do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida e da Fundação João Paulo II para a Juventude, convida para uma série de iniciativas dedicadas à memória e à atualidade do evento que deu início à JMJ. A agenda está programada para o próximo final de semana: sábado (13) e o domingo (14).

Tiziana Campisi - Vatican News

Em Roma, dois dias irão celebrar os 40 anos do primeiro encontro de jovens na Praça de São Pedro, convocado por João Paulo II, em 14 de abril de 1984. Dois dias dedicados à memória e à atualidade daquela que foi a semente das Jornadas Mundiais da Juventude, organizados pelo Centro Internacional da Juventude São Lorenzo (CSL), com o patrocínio do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida e da Fundação João Paulo II para a Juventude.

O programa vai incluir uma procissão com a Cruz da Juventude - da Praça de São Pedro até o Centro Internacional da Juventude São Lorenzo - no próximo sábado, 13 de abril, às 18h do horário italiano, seguida de uma missa celebrada pelo cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, e de uma vigília de oração e adoração da Cruz. No domingo, 14 de abril, às 18h15 da hora italiana, no Centro São Lorenzo, haverá uma missa presidida pelo cardeal Lazarus You Heung-sik, prefeito do Dicastério para o Clero, com um momento para vários testemunhos.

Rumo à JMJ de Seul

A presença dos cardeais De Mendonça e You Heung-sik no final de semana pretende criar simbolicamente uma ponte entre a última JMJ em Lisboa, de 2023, e a próxima JMJ em Seul, em 2027, explica um comunicado do Centro Internacional Juvenil São Lorenzo, que, em vista do Ano Santo de 2025, incentiva os jovens a recomeçar, com oração e fraternidade, a partir do anúncio cristão como esperança para todos. Os jovens do Centro recordam, a esse respeito, o convite que o Papa Francisco dirige aos jovens, exortando-os a recomeçar "a partir do anúncio que é o fundamento da esperança para nós e para toda a humanidade: 'Cristo vive!'", na Mensagem publicada em 25 de março por ocasião do aniversário de 5 anos da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit, olhando para o "atual contexto internacional... marcado por tantos conflitos, por tanto sofrimento", no qual muitos se sentem desanimados.

A missa de Páscoa de 22 de abril de 1984, quando João Paulo II entregou a Cruz aos jovens (Vatican Media)

O primeiro encontro mundial de jovens

O dia 14 de abril de 1984, data do histórico encontro da juventude, foi planejado como Jubileu Internacional da Juventude, no contexto do Ano Santo da Redenção, no aniversário de 1950 anos da Ressurreição de Jesus, convocado por João Paulo II e realizado de 25 de março de 1983 a 22 de abril de 1984. Naquela ocasião, 300 mil jovens de todo o mundo vieram a Roma, hospedados por cerca de 6 mil famílias romanas.

No dia seguinte, o Papa Wojtyła concluiu o Jubileu da Juventude durante o Angelus do Domingo de Ramos e, na Páscoa, em 22 de abril, entregou uma cruz de madeira aos jovens para simbolizar "o amor do Senhor Jesus pela humanidade e como uma proclamação de que somente em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção", dando-lhes um compromisso para o Domingo de Ramos do ano seguinte, proclamado pela ONU como o Ano Internacional da Juventude. Desde então, a "Cruz da Juventude" se tornou o símbolo das sucessivas Jornadas Mundiais da Juventude.

Desde 2003, a Cruz foi acompanhada por um ícone da Salus Populi Romani, também doado por João Paulo II. Os dois símbolos são mantidos no Centro Internacional da Juventude de São Lorenzo e são levados em peregrinação às dioceses católicas de todo o mundo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Por que o álcool é tão perigoso para o cérebro dos jovens (2)

As restrições ao álcool baseadas na idade foram criadas para proteger as crianças, deixando os jovens adultos livres para fazerem suas próprias escolhas | Javier Hirschfeld/BBC/Getty Images

Por que o álcool é tão perigoso para o cérebro dos jovens

Por David Robson (*)

BBC Future

05 de abril 2024

Modelando o cérebro

As mudanças que ocorrem dentro do crânio são igualmente importantes.

No passado, imaginava-se que o desenvolvimento neural humano terminasse no início da adolescência. Mas um grande número de pesquisas demonstrou recentemente que o cérebro dos adolescentes sofre um recabeamento complexo que só termina, pelo menos, aos 25 anos de idade.

As mudanças mais importantes incluem a redução da "massa cinzenta" à medida que o cérebro elimina as sinapses que permitem a comunicação entre as células.

Paralelamente, a massa branca (conexões de longa distância conhecidas como axônios, cobertas com uma camada de gordura isolante) tende a se proliferar.

"Elas são como as super-rodovias do cérebro", explica a neuropsicóloga Lindsay Squeglia, da Universidade Médica da Carolina do Sul, nos Estados Unidos. E o resultado é uma rede neural mais eficiente, que pode processar informações com maior rapidez.

O primeiro a amadurecer é o sistema límbico, relacionado ao prazer e à recompensa. "Estas áreas estão totalmente adultas durante a adolescência", explica Squeglia.

Já o córtex pré-frontal, localizado atrás da testa, amadurece mais lentamente. Esta região é responsável pelo pensamento de ordem superior, incluindo a regulagem emocional, tomada de decisões e autocontrole.

O relativo desequilíbrio entre o desenvolvimento dessas duas regiões pode explicar por que os jovens e adolescentes tendem a assumir mais riscos do que os adultos. "Muitas pessoas descrevem o cérebro dos adolescentes como tendo um acelerador totalmente desenvolvido sem freios", compara Squeglia.

Mergulhar nossos neurônios em álcool – que sabemos que libera a inibição – só pode amplificar essa busca de adrenalina. E, para os adolescentes particularmente impetuosos, o álcool pode criar um círculo vicioso de mau comportamento e delinquência.

"Os adolescentes mais impulsivos tendem a beber mais e beber aumenta a impulsividade", explica Squeglia.

Em volumes e frequências suficientemente altos, a bebida pode prejudicar o desenvolvimento de longo prazo do cérebro dos adolescentes.

Estudos longitudinais associam beber cedo ao declínio mais rápido da massa cinzenta e à redução do crescimento da massa branca. "Essas super-rodovias não recebem a mesma pavimentação em adolescentes que começam a beber", segundo Squeglia.

As consequências podem não ser imediatamente evidentes em teste cognitivos. Nos cérebros jovens, as regiões responsáveis pela solução de problemas podem trabalhar um pouco mais para compensar o déficit. Mas elas não conseguem manter esse acompanhamento para sempre.

"Depois de vários anos bebendo, observamos menos ativação do cérebro e desempenho inferior nesses testes", afirma Squeglia.

Beber cedo também pode prejudicar a saúde mental e aumenta o risco de abuso de álcool em fases posteriores da vida. Isso é particularmente válido para pessoas com histórico familiar de alcoolismo – quanto mais cedo elas começam, maiores são as chances de desenvolver problemas com a bebida.

Os genes associados ao maior risco de abuso de álcool parecem ser mais influentes durante esse período crítico do desenvolvimento cerebral. "E, quanto mais tempo alguém puder esperar, menor a probabilidade de que esses genes entrem em ação", segundo Squeglia.

A cultura da bebida no país onde você crescer pode influenciar sua relação com o álcool na idade adulta | Javier Hirschfeld/BBC/Getty Images

E o modelo europeu?

Como essas descobertas podem influenciar as escolhas dos adolescentes e as decisões dos pais sobre como e quando devem permitir que eles bebam em casa?

"Nossa mensagem é 'atrase o máximo que puder'", orienta Lindsay Squeglia, "pois o seu cérebro ainda está em desenvolvimento, e deixe seu cérebro se desenvolver e ser o mais saudável possível antes de começar a se aventurar em coisas como o uso de álcool e outras substâncias."

Mas, se este conselho deve ser estabelecido em lei, já é outra questão.

Squeglia afirma que, nas suas palestras públicas sobre o consumo de álcool, membros do público costumam levantar a questão do "modelo europeu de beber". Em países como a França, menores de idade são autorizados a beber uma taça de vinho ou cerveja para acompanhar a refeição da família.

Mesmo fora da Europa, muitos pais acreditam que a introdução lenta do álcool em contextos controlados ensina os jovens a beber com segurança e reduz o consumo de álcool em excesso com mais idade, enquanto a restrição leva a bebida a ser um tentador "fruto proibido".

Mas este é um mito.

"As pesquisas demonstraram que, quanto mais permissivo for o pai com o consumo, maior a probabilidade de que o filho tenha problemas com álcool em fases posteriores da vida", afirma Squeglia.

Uma análise abrangente indica que, contrariando a crença do fruto proibido, "os pais que impõem regras rigorosas relativas ao consumo de álcool por adolescentes são esmagadoramente relacionados ao menor consumo de bebidas e à redução dos comportamentos de risco atribuídos ao álcool".

E a maior parte das evidências indica que leis mais rigorosas de proibição do consumo de álcool, com maior idade mínima para compra, também incentivam o consumo responsável.

Um exemplo é um estudo de Alexander Ahammer, da Universidade Johannes Kepler de Linz, na Áustria. Lá, qualquer pessoa com mais de 16 anos pode legalmente comprar vinho ou cerveja.

Se as leis mais rigorosas apenas aumentassem o desejo pelo álcool, seria de se esperar que a Áustria tivesse uma cultura de bebida mais saudável que os Estados Unidos, onde a idade mínima para beber é de 21 anos. Mas não é o caso.

Os dois países observam aumento do consumo excessivo de álcool depois que as pessoas atingem a idade mínima. "Mas este salto é 25% mais alto na Áustria aos 16 [anos] do que nos Estados Unidos, aos 21", afirma Ahammer.

Em outras palavras, esperar parece incentivar o comportamento mais responsável quando os americanos são autorizados a comprar bebidas legalmente.

Definir uma idade mínima para beber que seja alta demais pode ser considerado uma medida paternalista | Javier Hirschfeld/BBC/Getty Images

Ao questionar os participantes sobre seu comportamento, Ahammer concluiu que as percepções dos austríacos sobre os riscos associados à bebida são radicalmente diferentes entre os maiores de 16 anos.

"Quando o álcool passa a ser legal, os adolescentes percebem que ele representa muito menos riscos do que antes", afirma Ahammer.

Aos 16 anos, essa falsa sensação de segurança pode ser perigosa, enquanto, aos 21, o cérebro mais maduro está um pouco mais preparado para lidar com a bebida.

A própria ideia de que a cultura europeia da bebida seria mais saudável também não se justifica. Segundo a Organização Mundial da Saúde, dados indicam que a metade de todos os casos de câncer que podem ser atribuídos ao álcool na região da Europa são causados pelo consumo de álcool leve a moderado.

Considerando as evidências científicas, deveriam os governos definir a idade legal mínima de 25 anos ou mais, depois que o cérebro terminou seu desenvolvimento?

Especialistas indicam que esta decisão não é tão simples, já que os benefícios à saúde pública precisam ser avaliados tendo em vista a percepção das pessoas sobre a liberdade pessoal.

"Acho que existe muito pouca disposição entre o público para adotar a idade de 25 anos para beber", afirma James MacKillop, estudioso da dependência da Universidade McMaster em Hamilton, Ontário (Canadá).

Para ele, "altas idades legais mínimas são consideradas paternalistas e podem ser vistas como hipocrisia se a idade legal da maioridade para votar ou servir o exército for de 18 ou 19 anos".

Ahammer concorda. "Em algum momento, precisamos simplesmente permitir que as pessoas tomem suas próprias decisões."

MacKillop sugere que os adolescentes recebam melhor educação sobre os riscos do álcool e as formas em que a substância pode prejudicar o cérebro em amadurecimento.

"Considerar simplesmente que as pessoas irão desenvolver naturalmente hábitos responsáveis em relação a essas drogas é uma premissa bastante otimista", segundo ele.

Analisando minha adolescência, eu teria ficado curioso para conhecer a contínua transformação do meu cérebro e os efeitos que o consumo de álcool poderia ter sobre as suas conexões.

Não acredito que eu teria sido abstêmio – afinal, ainda bebo até hoje, mesmo conhecendo os riscos de longo prazo à saúde. Mas talvez eu tivesse pensado duas vezes antes de pedir uma nova rodada.

* David Robson é um escritor de ciências premiado. Seu próximo livro (em inglês) chama-se As Leis da Conexão: A Ciência Transformadora de Ser Social, a ser publicado em junho de 2024 pela editora Canongate (no Reino Unido) e pela Pegasus Books (nos Estados Unidos e no Canadá). Sua conta no X (antigo Twitter) é @d_a_robson. Ele também pode ser encontrado com o nome @davidarobson no Instagram e no Threads.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês).

 Fonte: https://www.bbc.com/portuguese

Papa: A virtude da fortaleza faz-nos reagir ao mal e à indiferença

Audiência Geral de 10/04/2024, com o Papa Francisco (Vatican Media)

A virtude cardeal da fortaleza foi o tema central da catequese de Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (10/04). "A fortaleza é a mais combatente das virtudes. Praticá-la, antes de mais nada, é uma vitória contra nós mesmos", enfatizou o Pontífice.

https://youtu.be/uvm145Y7wIw

Thulio Fonseca – Vatican News

O Papa Francisco, durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 10 de abril, refletiu sobre a terceira virtude cardeal: a fortaleza. Dirigindo-se aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice, ao dar continuidade ao ciclo de catequeses sobre os vícios e as virtudes, recordou a definição presente no Catecismo da Igreja Católica: “A fortaleza é a virtude moral que, no meio das dificuldades, assegura a firmeza e a constância na prossecução do bem. Torna firme a decisão de resistir às tentações e de superar os obstáculos na vida moral. A virtude da fortaleza dá capacidade para vencer o medo, mesmo da morte, e enfrentar a provação e as perseguições”.

Jesus conhece as emoções humanas

A fortaleza é “a mais combatente das virtudes”, introduziu o Papa, “os antigos a chamavam de apetite irascível”. Segundo Francisco, o pensamento antigo não imaginava um homem sem paixões, e isso não quer dizer que elas sejam necessariamente o resíduo do pecado, porém devem ser educadas e direcionadas para o bem:

“Um cristão sem coragem, que não dedica as suas forças ao bem, que não incomoda ninguém, é um cristão inútil. Jesus não é um Deus diáfano e apático, que não conhece as emoções humanas. Ao contrário. Diante da morte do seu amigo Lázaro, começa a chorar; e a sua alma apaixonada transparece algumas das suas expressões.”

Vitória contra nós mesmos

Ao descrever a virtude da fortaleza do ponto de vista existencial, o Santo Padre sublinhou que tanto os filósofos gregos como os teólogos cristãos reconheciam uma dupla tendência nesta virtude. A primeira é passiva, ou seja, direcionada para dentro de nós mesmos, por existirem inimigos internos que temos de derrotar, que atendem pelo nome de ansiedade, angústia, medo, culpa, e sendo forças que se agitam em nós, em algumas situações nos paralisam”:

“A fortaleza é uma vitória antes de mais nada contra nós mesmos. A maioria dos medos que surgem em nós não são realistas e nem se concretizam. Melhor então invocar o Espírito Santo e enfrentar tudo com paciente fortaleza: um problema de cada vez, como somos capazes, mas não sozinhos!”

Papa Francisco durante a Audiência Geral de hoje, 10 de abril (Vatican Media)

Resiliência diante das provações da vida

Já a segunda tendência da virtude da fortaleza tem uma natureza mais ativa, pois, continuou Francisco, “além das provações internas, existem os inimigos externos, ou seja, as provações da vida, as perseguições, as dificuldades que não esperávamos e que nos surpreendem”:

“Podemos tentar prever o que nos vai acontecer, mas a realidade é em grande parte constituída por acontecimentos imponderáveis, e neste mar o nosso barco é por vezes sacudido pelas ondas. A fortaleza nos torna marinheiros resistentes, que não se assustam nem desanimam.”

Não ao mal e à indiferença

Por fim, Francisco enfatizou que a fortaleza é uma virtude fundamental porque leva a sério o desafio do mal no mundo: “alguns fingem que isso não existe, que está tudo bem”, observou o Papa, porém “basta folhear um livro de história, ou infelizmente até os jornais, para descobrir as atrocidades das quais somos em parte vítimas e em parte protagonistas: guerras, violência, escravidão, opressão dos pobres, feridas nunca curadas que ainda sangram”:

“A virtude da fortaleza faz-nos reagir e gritar um firme ‘não’ a tudo isto (...) às vezes sentimos uma saudável nostalgia dos profetas. Mas as pessoas desconfortáveis ​​e visionárias são muito raras. Precisamos de alguém que nos tire do lugar acomodado em que nos instalamos e nos faça repetir resolutamente : 'não' ao mal e 'não' à indiferença; 'sim' ao caminho que nos faz progredir e pelo qual queremos lutar."

"Redescubramos então a fortaleza de Jesus no Evangelho e aprendamo-la com o testemunho dos santos e das santas", concluiu o Papa. 

No início da Audiência Geral, o Papa saudou os fiéis a bordo do papamóvel (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Madalena de Canossa

Santa Madalena de Canossa (A12)
10 de abril
Santa Madalena de Canossa

Madalena Gabriela Canossa nasceu em 1774 na cidade de Verona, região de Veneto, nordeste da Itália, a terceira de seis irmãos. Sua família era nobre e o pai muito rico, mas morreu quando ela tinha cinco anos. Dois anos depois, sua mãe casou em segundas núpcias e entregou a educação dos filhos a uma severa governanta francesa.

Aos 15 anos, Madalena ficou doente, com uma febre misteriosa, uma forma grave de varíola e dores isquiáticas, um quadro que lhe desenvolveu asma crônica e dolorosa contração dos braços, agravados com o passar do tempo.

Com 17 anos, desejando entrar para o Carmelo, por duas vezes fez fracassadas experiências conventuais. De volta à casa, assumiu de forma excelente o controle e administração dos bens familiares, com excepcional tino comercial. Mas, mantendo sua vocação religiosa, não se casou, e incrementou no seu palácio o auxílio aos pobres, aos quais lá já atendia antes das tentativas de clausura.

As consequências da Revolução Francesa e das guerras napoleônicas, e os domínios estrangeiros, tornou difícil a condição italiana nos anos 1800, aumentando a pobreza e o número de doentes e desabrigados. Neste período duas adolescentes foram procurar guarida no palácio, e Madalena as acolheu. Outras vieram; e logo grande parte do palácio se transformou num abrigo de meninas abandonadas. Isto gerou desagrado nos familiares, mas Madalena percebeu o que Deus desejava dela.

Em 1808, chegando a um acordo com os irmãos, deixou o palácio para viver no bairro mais pobre de Verona, dedicando-se à evangelização, cuidado e educação dos desvalidos. Fundou assim a Congregação das Filhas da Caridade, para a formação de religiosas educadoras, cujas Regras de Vida foram escritas por Madalena em 1812. Rapidamente, novas casas surgiram na Itália e na Europa, com aprovações diocesanas. A aprovação papal das Regras ocorreu em 1828. No Instituto de Bérgamo, Madalena funda o primeiro Centro para professoras camponesas e a Ordem Terceira das Filhas da Caridade, aberto também às mulheres casadas ou viúvas, que se dedicavam, sobretudo, à formação das enfermeiras e professoras. Em 1831 inaugurou-se em Veneza a primeira Casa, ou Oratório, do ramo masculino da Congregação dos Filhos da Caridade, destinado à formação e evangelização de jovens e adultos carentes.

Madalena desejava para os seus congregados a disposição de ir a qualquer lugar, mesmo os mais remotos, no empenho de evangelizar e educar. Aconselhava-lhes o sereno abandono à vontade de Deus, mais do que rigor excessivo, e a fuga da tristeza e melancolia. Seus objetivos específicos eram cinco: caridade para integral promoção das pessoas, catequese para absolutamente todos mas especialmente para os mais carentes, assistência principalmente aos doentes, seminários residenciais para formação de professoras nas áreas rurais e auxílio pastoral aos párocos, e exercícios espirituais anuais para sensibilizar as mulheres (inicialmente da alta nobreza) em atividades caritativas.

Madalena teve uma profunda vida espiritual, na oração e na mística, que a sensibilizava sempre mais à dor e necessidades dos irmãos. Napoleão Bonaparte a chamava de “anjo da caridade”. Nos seus últimos anos, sofreu crises frequentes de asma e dores nos braços e pernas. Faleceu com 61 anos na sua cela em Verona, aos 10 de abril de 1835, uma Sexta-Feira da Paixão, rezando à Nossa Senhora.

 A Família Canossiana Filhos e Filhas da Caridade atua hoje nos cinco continentes, subdividida em 24 organismos.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

Novamente a Providência nos oferece um santo dedicado ao ensino como tema para nossa reflexão e ação. Talvez porque os tempos atuais sejam extremamente carentes do bom ensino religioso, verdadeiramente católico, não apenas na esfera diretamente espiritual como também na cultura em geral. Chama a tenção que um dos focos principais das Congregações educativas fundadas por Santa Madalena de Canossa fosse a “catequese para absolutamente todos mas especialmente para os mais carentes”: absolutamente a todos… especialmente aos mais carentes. Um questionamento se faz necessário para os dias atuais, quem são os mais carentes de catequese? Pois salta à vista que os católicos, em grande número – incluindo, infelizmente, representantes do próprio clero – não têm boa (ou sequer minimamente correta) formação, e que entre os religiosos há alarmantes sinais, por todo o mundo, de atitudes heréticas e de apostasia. Grande é, portanto, a obra de evangelização a ser feita, e que dirijamos súplicas e penitências, certamente necessárias, para a santificação de todos os membros da Igreja. E comecemos este serviço de amor ao próximo pela nossa própria conversão, nas orações e nas ações, particularmente aos que têm por encargo o ensino.

Oração:

Pai de santidade e misericórdia, que velais sempre pelo ensino das nossas almas, concedei-nos pela intercessão de Santa Madalena de Canossa bons pastores e o empenho santo na evangelização, na plena e serena confiança do Vosso contínuo auxílio, sem permitir, como ela orientava, que a tristeza e a melancolia diante dos desafios nos desanimem ou diminuam a alegria e entusiasmo das boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 9 de abril de 2024

Quase dois terços dos adolescentes supera desejo de pertencer ao sexo oposto, mostra estudo na Holanda

Imagem ilustrativa | Crédito: Shutterstock

Um estudo feito na Holanda mostrou que quase dois terços dos menores que queriam pertencer ao sexo oposto na adolescência acabaram sentindo-se confortáveis ​​com o seu sexo natural na idade adulta.

O estudo feito ao longo de 15 anos por pesquisadores da Universidade de Groningen, na Holanda, acompanhou as taxas de infelicidade relacionada com o gênero de 2.772 pessoas entre seus 11 e 26 anos.

Nas fases iniciais do estudo, 11% dos participantes expressaram o desejo de ter nascido do sexo oposto. À medida que envelheciam, o número diminuiu constantemente e acabou caindo para cerca de 4% na última avaliação.

Segundo o estudo, 78% dos participantes nunca experimentaram descontentamento com o seu sexo. Cerca de 19% ficaram mais felizes com o tempo, enquanto apenas 2% ficaram menos felizes.

O estudo também revelou que os participantes cujo desconforto com o sexo natural flutuava ao longo do tempo, aumentando ou diminuindo, eram mais propensos a relatar níveis mais baixos de autoestima e a enfrentar mais problemas comportamentais e emocionais.

Os participantes que tinham tendências homossexual eram mais propensos a relatar níveis flutuantes de desconforto em relação ao seu sexo durante a adolescência e a idade adulta jovem.

“A insatisfação com o gênero, embora relativamente comum durante o início da adolescência, geralmente diminui com a idade e parece estar associada a um autoconceito e a uma saúde mental mais deficientes ao longo do desenvolvimento”, disseram os pesquisadores num resumo do relatório.

Mary Rice Hasson, diretora do Projeto Pessoa e Identidade do Centro de Ética e Políticas Públicas (EPPC) em Washington, D.C., EUA, disse à CNA, agência em inglês parceira da ACI Digital na EWTN, que o estudo confirmou “o que a maioria dos pais sabe intuitivamente”.

“Uma criança que experimenta descontentamento com o seu corpo em desenvolvimento, ou com a perspectiva de amadurecer e se tornar uma mulher ou um homem, tem uma enorme chance de superar esses sentimentos, sem intervenção”, disse Hasson.

“A puberdade não é uma doença, é um processo natural de crescimento. Às vezes é desconfortável, mas, como mostra o estudo, o desconforto diminui com o tempo”.

Hasson expressou preocupação com o fato de conselheiros estarem pressionando pais a permitirem o uso de remédios ou cirurgias como forma de combater o desconforto com o sexo natural de seus filhos menores, quando tudo o que eles precisam é de tempo para se sentirem mais confortáveis ​​com seus corpos.

“Infelizmente, o que nossos filhos não estão recebendo hoje é tempo, tempo para vivenciar e superar os estágios naturais (às vezes dolorosos) do crescimento puberal, juntamente com a garantia de que, com o tempo, eles eventualmente se sentirão confortáveis ​​em sua própria pele” disse Hasson.

Segundo Hasson, “os médicos e conselheiros de gênero convencem os pais de que os seus filhos estão em crise e precisam de bloqueadores da puberdade ou de outras intervenções hormonais. Não está certo. O que eles realmente precisam é de paz de espírito e tempo para amadurecer”.

Um estudo publicado na Finlândia no início deste ano, descobriu que medicamentos ou cirurgias não gerou redução estatisticamente significativa nas mortes por suicídio de pessoas que se identificam com o gênero oposto. O estudo descobriu que taxas mais elevadas de suicídio parecem estar relacionadas com a elevada taxa de comorbidades mentais entre os jovens que se identificam como sendo do sexo oposto.

(*) Tyler Arnold é repórter do National Catholic Register. Já trabalhou no site de notícias The Center Square e suas matérias foram publicadas em vários veículos, incluindo The Associated Press, National Review, The American Conservative e The Federalist.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Por que o álcool é tão perigoso para o cérebro dos jovens (1)

Pesquisas científicas vêm desmentindo antigas crenças sobre o consumo de álcool pelos jovens | Javier Hirschfeld/BBC/Getty Images

Por que o álcool é tão perigoso para o cérebro dos jovens

Por David Robson (*)

BBC Future

05 de abril 2024

Completei 18 anos um dia antes de sair de casa para cursar a universidade.

Convenientemente, atingi o limite legal para poder comprar bebidas alcoólicas no Reino Unido bem a tempo de visitar os bares e pubs estudantis.

Na minha primeira consulta perto da casa nova, a médica perguntou quantas unidades de álcool eu bebia por semana.

É uma forma comum de avaliar o consumo de álcool aqui no Reino Unido – 1,5 unidades equivalem a cerca de uma taça pequena de vinho.

"Cerca de sete", respondi, calculando rapidamente algumas discretas doses de vodca com suco de laranja que eu tomava quando saía à noite com os amigos do tempo de escola. Achei que fosse pouco e nunca fui muito de desrespeitar as regras.

"Isso vai aumentar, agora que você está aqui", respondeu a médica, com um sorriso seco.

Ela não estava errada. Em algumas semanas, eu estava alegremente esvaziando uma garrafa de vinho antes de alinhar shots no bar dos estudantes.

Eu sabia que beber demais poderia causar prejuízos para o resto da vida, mas não imaginava que minha juventude aumentasse esse perigo, em comparação com pessoas com 30, 40 ou 50 anos. Eu pensava que os riscos seriam certamente os mesmos para todos os adultos.

Se eu soubesse o que sei agora sobre como o álcool pode afetar o cérebro dos jovens adultos, eu teria sido um pouco mais cauteloso.

Aos 18 anos, meu cérebro ainda estava se transformando e só atingiria a maturidade pelo menos sete anos depois. Este processo altera a forma como reagimos ao álcool – e beber nesse período crítico pode ter consequências de longo prazo para o nosso desenvolvimento cognitivo.

Conversando com pesquisadores sobre os impactos do álcool sobre os jovens, fui também surpreendido por muitas outras descobertas.

Pesquisas em todo o mundo começam a desmentir uma série de conceitos comuns sobre a idade e o álcool, como a ideia de que a cultura da bebida na Europa continental é mais saudável do que no Reino Unido ou nos EUA. Ou que permitir que os jovens bebam em casa com as refeições ensina a eles o consumo responsável do álcool.

Decidir se as novas descobertas científicas devem ou não alterar nossas leis atuais sobre a bebida é uma questão política complexa. Mas o maior conhecimento dos fatos pode, pelo menos, permitir que as gerações futuras tomem decisões mais informadas sobre suas formas de confraternização – e podem ajudar os pais a decidir como lidar com o álcool dentro de casa.

Corpos pequenos, cérebros grandes

Antes de tudo, vamos deixar um ponto muito claro: o álcool é uma toxina. Seus riscos incluem acidentes fatais, doenças do fígado e muitos tipos de câncer.

Até pequenas quantidades podem ser carcinogênicas, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar que "quando o assunto é o consumo de álcool, não existe quantidade segura que não afete a saúde".

Mas poucas atividades são totalmente livres de riscos e os perigos costumam ser ponderados em comparação com os prazeres que o álcool pode gerar. Por isso, nossas políticas de saúde são orientadas pelo princípio de limitação dos danos, bebendo moderadamente.

Nos Estados Unidos, este nível é definido como não mais de duas doses por dia para os homens e não mais de uma dose por dia para as mulheres. E muitos outros países estabelecem orientações similares.

A cerveja e o vinho costumam ser considerados bebidas mais seguras, como indicam as orientações americanas, mas o fator importante não é o tipo de bebida e sim a quantidade de álcool consumida.

"Uma cerveja de 350 ml tem aproximadamente a mesma quantidade de álcool de uma taça de 150 ml de vinho ou uma dose de 45 ml de licor", dizem as orientações vigentes nos Estados Unidos.

A legislação sobre a idade em que é permitido comprar bebidas alcoólicas segue lógica similar à limitação dos danos. A lei protege as crianças e permite aos jovens adultos fazer suas próprias escolhas.

Na maioria dos países europeus e no Brasil, a idade mínima é de 18 anos, enquanto, nos Estados Unidos, é de 21 anos de idade.

Mas o álcool pode ser mais perigoso para os mais jovens por diversos motivos, mesmo após a idade mínima estabelecida por lei. Um deles é o tamanho e o formato do corpo.

Os adolescentes não atingem a altura que terão na vida adulta antes dos 21 anos. E, mesmo depois que pararem de crescer, eles podem não ter o volume corporal de uma pessoa na casa dos 30 ou 40 anos de idade.

"Beber um copo de álcool, portanto, resulta em teor de álcool no sangue mais alto nos jovens do que nos adultos", afirma Ruud Roodbeen, pesquisador em pós-doutorado da Universidade de Maastricht, na Holanda. Ele é o autor do livro Beyond Legislation ("Além da legislação", em tradução livre), que examina o impacto do aumento da idade mínima para beber.

A estrutura reduzida do corpo dos adolescentes também é caracterizada por maior relação entre a cabeça e o corpo.

Eu certamente tenho consciência de que me parecia um pouco com um daqueles bonecos "cabeçudos" de brinquedo. E essas proporções relativas também podem influenciar os efeitos do álcool nas pessoas.

Quando você bebe álcool, ele entra no seu fluxo sanguíneo e se espalha pelo corpo. Em cinco minutos, o álcool atinge o seu cérebro, cruzando facilmente a barreira hematoencefálica que costuma proteger o cérebro contra substâncias prejudiciais.

"Uma parte relativamente grande do álcool acaba no cérebro dos jovens e esta é mais uma razão que os leva a terem maior propensão a ficar intoxicados pelo álcool", explica Roodbeen.

* David Robson é um escritor de ciências premiado. Seu próximo livro (em inglês) chama-se As Leis da Conexão: A Ciência Transformadora de Ser Social, a ser publicado em junho de 2024 pela editora Canongate (no Reino Unido) e pela Pegasus Books (nos Estados Unidos e no Canadá). Sua conta no X (antigo Twitter) é @d_a_robson. Ele também pode ser encontrado com o nome @davidarobson no Instagram e no Threads.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês).

 

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF