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sexta-feira, 12 de abril de 2024

São Júlio I

São Júlio I (A12)
12 de abril
São Júlio I

Júlio I era romano, e governou a Igreja entre 337 e 352, época de liberdade religiosa para os cristãos no Império Romano. Contudo, teve que enfrentar as heresias do donatismo (Igreja só para os santos) e principalmente do arianismo (negava a divindade de Jesus), com suas variações. Neste sentido, acolheu e apoiou Santo Atanásio, bispo, que fora expulso da sé de Alexandria por perseguição dos arianos. Convocou o sínodo de 341, em Roma, que reabilitou Atanásio, inocentando-o das falsas acusações, e condenou o “semi-arianismo” (Cristo seria “similar” ao Pai, ou de uma substância parecida, porém subordinada), uma proposta mitigada desta heresia, mais perigosa justamente por ser disfarçada. Também ficaram condenados aqueles que realizassem a deposição dos bispos legítimos, por conveniência.

Júlio convocou outro sínodo em 343, o de Sárdica (na Dácia Mediterrânea, hoje Sófia, capital da Bulgária), para resolver definitivamente a questão de Atanásio e outros bispos, condenados e reabilitados seguidamente em outros concílios ocidentais e orientais, bem como esclarecer definitivamente a questão das divergentes fórmulas doutrinárias (vários “Credos”). Mas os bispos arianos e semi-arianos do Oriente, tendo a certeza de que seriam vencidos, não compareceram, esvaziando o encontro.

Importante ação de Júlio I foi proclamar a primazia da Sé Episcopal de Roma, em função da autoridade do Sucessor de Pedro na direção da Igreja. Outras iniciativas suas foram a construção de várias igrejas (Santíssima Maria de Trastevere, Basílica Julia – atualmente Igreja dos Doze Apóstolos –, São Valentim, São Calixto e São Félix), a organização eclesiástica, com a proibição da participação de clérigos em tribunais civis, a organização da catequese para os catecúmenos, adultos e idosos. É considerado o fundador do Arquivo da Santa Sé, com a organização e conservação dos documentos. O calendário com os dias das festas dos santos são desta época.

Em 350, Júlio determinou a data de 25 de dezembro como a da comemoração do Natal do Senhor, em substituição à festa pagã em homenagem a Saturno, deus romano da agricultura.

 Faleceu em 12 de abril de 352.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Muitas foram as heresias na Igreja, ao longo dos séculos. Algumas causaram mais danos do que outras, mas é importante lembrar que as ideias mais disfarçadas são via de regra as mais perniciosas, justamente porque são mais enganosas. Um inimigo claramente declarado é fácil de identificar e combater: mas os que se disfarçam como inofensivos ou amigos para depois trair são sem dúvida piores. Neste sentido, Nossa Senhora em Fátima, em 1917, condenou clara e explicitamente as consequências da revolução política na Rússia neste mesmo ano, e no mal que poderia, como de fato ocorre ainda hoje, na expansão desta ideologia, que se apresenta de várias formas, procurando ser “simpática” através da mentira. Por isso, também, a preocupação de São Júlio I com a formação catequética, de modo a que não fossem enganados os católicos. Ainda neste sentido, reiterou ele o direito e dever do papa como chefe da Igreja: a sinodalidade exististe, mas só para os bispos em comunhão com o Papa; de forma alguma, por exemplo, o colegiado dos bispos pode impor uma decisão ao Papa. A recusa e descentralização do poder Papal, aliás, foi o que levou ao Grande Cisma do Oriente, com o surgimento da Igreja Ortodoxa, e também foi a revolta contra a autoridade papal que levou à fundação da Igreja Anglicana, submissa ao Estado. Assim, pode-se afirmar que Júlio I não apenas ergueu igrejas, mas firmemente contribuiu para a edificação da Igreja, por sua fidelidade à Cristo e à sua Doutrina, o que todos nós, batizados, temos igualmente o direito e o dever de realizar.

Oração:

Senhor Deus, única Verdade, concedei-nos que, por intercessão de São Júlio I, sejamos também nós exemplares fiéis no Vosso seguimento, precavidos das falsas doutrinas e capazes de trocar as intenções das festas mundanas pelas das festas sagradas nos nossos corações, de modo a que, no calendário da nossa existência, possamos por fim comemorar, em plenitude, a Comunhão Convosco, nos braços do Cristo Encarnado. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

S. JOSÉ MOSCATI, MÉDICO DE NÁPOLES

São José Moscati (Diocese de Blumenau)
São José Moscati

12 abril

José Moscati, que, como Santo, goza de uma grande devoção em Nápoles, nasceu em Benevento, em 1880, e até tinha origens de Avelino. Filho e neto de magistrados, sua vida profissional parecia determinada, mas ninguém tinha levado em conta a sua grande fé, que, logo, mudou seu destino...

"Meu lugar é ao lado dos enfermos!"

Em 1892, quando José ainda era adolescente, seu irmão caiu do cavalo e se machucou muito, a ponto de sofrer de epilepsia por causa do incidente. Talvez, foi este impacto precoce com a brevidade da vida humana ou fato de ter que encarar o sofrimento, ou ainda, ter que ver, continuamente, os enfermos da janela da casa paterna, - que dava para o Hospital dos Incuráveis, - que levou José quis fazer a Faculdade de Medicina ao invés de Jurisprudência. Naquela época, a medicina e a ciência em geral eram um terreno fértil para o materialismo, mas o jovem conseguiu manter distância de tudo, alimentando a sua fé com a Eucaristia diária.

Médico de todos

José formou-se brilhantemente em Medicina e tornou-se um médico promissor: com apenas 30 anos, tornou-se famoso por seus diagnósticos imediatos e precisos, que pareciam milagrosos, devido aos poucos recursos da época. Aos que o faziam notar esta sua qualidade, ele respondia que tudo era graças à oração, pois Deus é o arquiteto da vida, enquanto os médicos podem ser apenas colaboradores indignos.
Ciente disso, José ia trabalhar todos os dias, tanto no Hospital dos Incuráveis, do qual foi nomeado Diretor, em 1925, quanto em seu consultório particular: ali, acolhia todos e não cobrava a consulta dos pobres, pelo contrário, ele os pagava, por quererem ser curados, sobretudo em suas frequentes visitas domiciliares, nas quais não dava apenas assistência médica, mas também conforto espiritual.
Dizem que, certa vez, após ter curado um trabalhador, acometido por um abscesso pulmonar, que todos confundiam com a tuberculose, o paciente quis pagar-lhe com todo dinheiro da sua poupança, mas José pediu-lhe que, ao invés de pagar seus honorários, fosse confessar, pois lhe disse: "Foi Deus que lhe salvou" .

Ciência e Fé

Além de se dedicar à cura dos doentes, José tornou-se também um excelente pesquisador: ele empregava novas técnicas e novos remédios, como a insulina, que, em 1922, começou a ser utilizada no tratamento do diabetes. O santo doutor era tão hábil nas autópsias, que, em 1925, lhe foi confiado o cargo de Diretor do Instituto de Anatomia Patológica. Não era raro vê-lo fazer o Sinal da Cruz antes de lidar com um cadáver, pelo respeito que se deve a um corpo humano, que foi amado por Deus.
Para o Dr. José, Ciência e Fé não eram dois mundos distantes, separados e inconciliáveis, mas dois elementos que coexistem na vida diária, composta de uma grande devoção à Virgem Maria, de sobriedade e pobreza pessoal, sob o exemplo de São Francisco, e da escolha do celibato, para ter mais tempo para seus pacientes, cada vez mais numerosos.

Erupção do Vesúvio e epidemia

Houve dois episódios importantes na vida de José Moscati, que fazem compreender melhor a sua grandeza: em 8 de abril de 1906, o Vesúvio começou a entrar em erupção. Entendendo, imediatamente, a gravidade da situação, José foi para Torre del Greco, onde o Hospital dos Incuráveis tinha uma filial, para pôr em salvo os doentes. Quando o último paciente estava em lugar seguro, a estrutura entrou desabou.
No entanto, em 1911, uma epidemia de cólera se abateu sobre Nápoles. Assim, mais uma vez, José não estava apenas ao lado dos enfermos, sem medo de se contagiar, mas também na linha de frente de suas atividades de pesquisa, que contribuíram muito para deter a epidemia.

Médico e Apóstolo até o fim

Todos iam ao consultório de José Moscati, até pessoas famosas, como o tenor Enrico Caruso e o Beato Bartolo Longo. Contudo, ele dava a todos, indistintamente, a mesma atenção escrupulosa, porque, em todos, via o Rosto de Jesus sofredor.

Na sala de espera, havia uma escrita sobre seus honorários: "Quem puder, dê a sua contribuição; quem precisar, as receba". Precisamente ali, naquele lugar, em sua poltrona - que mais tarde se tornou uma relíquia venerada – no dia 12 de abril de 1927, o santo médico foi acometido por um ataque cardíaco, vindo a falecer com apenas 47 anos.
José Moscati foi canonizado por São João Paulo II, em 1987, ao término do Sínodo dos Bispos, sobre “a vocação e missão dos leigos na Igreja”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Deus e eu? Liturgia e sacramentos

Deus e eu? (Opus Dei)

Deus e eu? Liturgia e sacramentos

A centralidade de Jesus Cristo na nossa vida adquire o seu sentido pleno e real na celebração litúrgica, quando Deus se deixa ‘tocar’ por nós e nos traz o hoje da sua salvação.

03/12/2019

Nós, cristãos, cremos e proclamamos Jesus Cristo, o Filho de Deus, que morreu e ressuscitou por todos e cada um de nós, inserindo-se nos acontecimentos da linhagem humana para fazer deles uma história de salvação. Não podemos chegar a Deus, o Pai, se não nos tornarmos irmãos de Cristo pela água e o Espírito, se não seguirmos – de coração – os seus gestos e palavras.

Sentindo profundamente essa realidade, Paulo VI, na mais longa viagem do seu Pontificado, pronunciava, diante de uma multidão reunida em Manila, palavras que comovem porque são um elogio vibrante a Cristo que brotava do seu coração: “Eu nunca me cansaria de falar sobre Ele. Ele é o pão e a fonte de água viva, que satisfaz nossa fome e nossa sede. Ele é nosso pastor, nosso exemplo, nosso conforto, nosso irmão. Por nós falou, operou milagres, instituiu o novo reino em que os pobres são bem-aventurados, em que a paz é o princípio da convivência, em que os limpos de coração e aqueles que choram são exaltados e consolados, em que aqueles que têm fome de justiça serão saciados, em que os pecadores podem alcançar o perdão, em que todos são irmãos. Jesus Cristo! Lembrem-se disso: Ele é o objeto perene da nossa pregação. Nosso desejo é que o nome d’Ele ressoe até nos confins da terra e para todo o sempre”[1].

O fato de que o núcleo do cristianismo seja a pessoa viva de Jesus, o Crucificado - Ressuscitado, convida-nos a colocar a lógica da nossa identidade e da nossa vida em conexão com Cristo que morre e ressuscita, e perceber que toda a nossa existência carrega, dia após dia, uma marca Pascal. Para entender essa profunda afirmação é necessário prestar uma especial atenção à pessoa de Cristo em sua relação íntima com o mistério litúrgico.

‘Roçar’ Cristo na liturgia

Em uma ocasião, São Josemaria recordava que “um bispo muito santo, meu amigo, numa das suas incessantes visitas às catequeses da sua diocese, perguntava aos meninos por que, para amar Jesus, é preciso recebe-Lo amiúde na Comunhão. Ninguém acertava na resposta. Por fim, um ciganinho tisnado e muito sujo respondeu: ‘Porque pra amá-Lo é preciso roçá-Lo’”[2]. Aquele menino destacou, sem querer, uma questão central: o ‘roçar’ Cristo, ou seja, onde, quando e como o cristão pode ter a sua experiência pessoal do Ressuscitado. Porque para viver como filhos no Filho, além de saber conceitualmente quem é Jesus, é necessário ‘roçá-Lo’, ou seja, que exista a possibilidade de relacionar-se com Ele de uma maneira real. Mas, isso é viável? Com quanto realismo?

A LITURGIA É O LOCAL PRIVILEGIADO PARA VIVER " A EXPERIÊNCIA DE CRISTO", PARA CONHECÊ-LO E TRATÁ-LO

Experiência aqui significa conhecer e sentir Cristo vivo. Pois bem, na Igreja, tratar desta experiência equivale a falar principalmente da santa liturgia, como local privilegiado para viver a paixão pelo divino, algo que para os cristãos não é opcional ou irrelevante, porque ser contemplativos no meio do mundo requer crescer sob o calor da Palavra de Deus e da liturgia.

Experimentar o ‘hoje’ da salvação

Então, é possível ‘roçar’ Cristo hoje, após a sua ascensão ao céu? Para responder a essa pergunta, é útil contemplar uma passagem do livro de Êxodo onde se descreve o desejo de Moisés de ter uma experiência mais íntima de Deus: “Moisés disse: ‘Mostra-me a tua glória!’ E o Senhor respondeu: ‘Farei passar diante de ti toda a minha bondade (...) Não poderás ver minha face, porque ninguém me pode ver e permanecer vivo’”. Sendo Deus infinito, é impossível para o homem abarcar a sua magnitude. No entanto, o Senhor acrescenta: “quando a minha glória passar, eu te porei na fenda da rocha e te cobrirei com a mão enquanto passo. Quando eu retirar a mão, tu me verás pelas costas” (Ex 33,18-23). Participar nas ações sagradas da Igreja poderia se comparar com aquela fenda da qual podemos contemplar as espécies sagradas, que – sem serem as costas de Deus – são o sacramento do seu verdadeiro Corpo e do seu verdadeiro Sangue.

Outro texto do Evangelho que reúne uma experiência significativa é a passagem da hemorroíssa. Aquela mulher toca com fé a borda do manto de Cristo e a força do Senhor a cura da sua prolongada doença. A imagem que o Catecismo da Igreja Católica escolhe para iniciar a exposição sobre a liturgia e os sacramentos, surpreendentemente, é a representação mais antiga da passagem da hemorroíssa nas catacumbas de São Marcelino e São Pedro. Por que escolher esta imagem? A razão se fundamenta em que os sacramentos da Igreja continuam agora a obra de salvação que Cristo realizou durante a sua vida terrena. Os sacramentos são como forças que saem do Corpo de Cristo para nos dar a nova vida de Cristo[3]. Santo Ambrósio explicava-o de maneira muito viva e realista: “ó Cristo, a quem encontro vivo em teus sacramentos”[4].

Os termos-chave desta frase são ‘vivo’ e ‘sacramentos’. O primeiro se refere ao aparecimento do Ressuscitado, à sua presença real. O segundo se refere às celebrações litúrgicas. E Ambrósio une as duas realidades ao verbo encontrar. Nas celebrações ocorre o encontro entre Cristo e a Igreja. Por isso, é possível experimentar, aqui e agora, o mesmo poder divino do Filho de Deus que, transcendendo a distância geográfica e temporal, salva o homem por inteiro, quando a Igreja celebra a liturgia de cada um dos sacramentos.

NA LITURGIA OCORRE O ENCONTRO ENTRE CRISTO E A IGREJA, SUA ESPOSA

E nos sacramentos, o que vemos materialmente é água, pão, vinho, óleo, luz, a cruz... Observamos alguns gestos e ouvimos algumas palavras. São gestos e palavras que Jesus, ao tomar a nossa natureza – ao encarnar – assumiu para fazer-se presente por meio deles a fim de continuar curando, perdoando ou ensinando[5]. É uma lógica difícil de entender, como foi difícil para Filipe e, por isso, o Senhor tem que ajudá-lo a entender com uma carinhosa repreensão: “Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai” (Jo 14,9). E isso não é algo que Cristo decide, mas algo que Cristo é. Que Ele seja o grande Sacramento, não provém da sua vontade, mas do seu ser, da sua ontologia. Consequentemente, a Igreja é o sacramento de Cristo e os sacramentos são os sacramentos da Igreja. Já foi dito pedagogicamente – com as limitações de um exemplo – que, quando se trata de alcançar um objeto, a cabeça (Cristo) envia uma ordem ao braço (a Igreja) para que os dedos (os sacramentos) o peguem. Os sacramentos são o organismo sacramental da Igreja.

Um contato sacramental

A segunda pergunta questionava que tipo de contato é estabelecido entre Cristo e nós. Na fé da Igreja, esse contato é chamado de mistérico ou sacramental, quer dizer, acontece através de um sistema de sinais e símbolos.

A comunicação do mistério de Cristo conosco é realizada através de mediações simbólicas, que são os ritos do culto cristão: a celebração do batismo, da Eucaristia, do matrimônio... Tudo tem um significado no universo simbólico da liturgia, tudo isso manifesta fé. Os sacramentos se chamam sacramentos da fé.

A liturgia é uma membrana sutil que relaciona o mistério de Deus e o mistério do homem. Essa membrana é uma membrana de símbolos. O espaço de uma catedral, ermida ou oratório; a hora do amanhecer ou do pôr do sol, do Natal ou da Quaresma, os textos da Bíblia e as orações do Missal. Os gestos de adorar de joelhos ou de receber as cinzas.A comunidade reunida ao redor do altar, as músicas e aclamações, luzes e cores, aromas e sabores..., todos esses – e ainda outros – são os símbolos cristãos em cuja celebração reverbera a insondável transcendência de Deus, o poder do seu amor salvador. Estes símbolos são como fendas pelas quais o Eterno ilumina a nossa cotidianidade até nos tornarmos homens e mulheres dignos de “servi-Lo em Sua presença”[6]. Por meio deles, Deus nos permite pregustar a liturgia da Jerusalém do céu. Participar definitivamente nela será um dia a consumação definitiva da nossa vocação batismal.

Essa conaturalidade com os símbolos da liturgia é patrimônio dos cristãos. Assim como uma mãe não mima o seu filho somente por meio das palavras, mas também utilizando uma rica variedade de códigos maternos de comunicação, assim a celebração litúrgica convida o cristão a participar da ação sagrada com todas as possibilidades da sua sensibilidade, com a alma e com o corpo, com todos os seus sentidos: aclama a Palavra de Deus, venera o Santíssimo Sacramento, canta os hinos com que os Anjos louvam a Deus, oferece incenso, prova o pão e vinho consagrados, conserva silêncio... Dessa maneira, os sinais do mistério de Cristo nos conduzem pela mão ao próprio mistério de Cristo e então, todo o peso da verdade que esse mistério tem é percebido por nós na atmosfera envolvente do ritos que o celebram.

E, além da conaturalidade, o apreço. Gostamos desses humildes véus por trás dos quais o Ressuscitado manifesta e oculta a sua presença. Nesse sentido, Santo Agostinho confessava: “ainda não tratava meu Deus, Jesus, de humilde para humilde, nem sabia que lição ministrava sua fraqueza”[7].

O realismo sacramental

No começo, também nos perguntávamos: com quanto realismo? Temos que mencionar também o realismo sacramental, se quisermos responder à pergunta sobre até que ponto esse ‘roçar’, esse contato com Cristo é verdadeiro. O realismo sacramental significa que, ao participar na liturgia, recebemos a própria realidade divina através dos sinais da Igreja. Os sinais e os símbolos litúrgicos estão repletos dessa realidade, especialmente na Eucaristia. Dizer que o contato entre Cristo e a Igreja é sacramental em nada diminui a pura realidade desse contato.

O CONTATO É SACRAMENTAL; ISTO É, ACONTECE ATRAVÉS DE UM SISTEMA DE SINAIS E SÍMBOLOS

O substantivo ‘contato’ é um termo que encontramos nas antigas fontes litúrgicas: “ó Deus, que na participação do teu sacramento chegas até nós (contingis)”, isto é, entra em contato conosco, se aproxima até nos atingir[8]. Deus contata conosco e nós contatamos com Deus por meio da participação no mistério celebrado. Contatos físicos com o Senhor tiveram são Tomé, a hemorroíssa ou os leprosos. Em nós, esses contatos são agora sacramentais. Não se trata de imaginar o passado como algo que agora está presente apenas para a fé dos que acreditam. A liturgia não diz: isto simbolizaimagine... mas afirma: isto é. Não é uma mera afirmação, é uma notícia! É um acontecimento real.

Os Padres da Igreja enfatizaram esse realismo do mistério sacramental e o demonstraram através de expressões, como no caso do Papa São Leão Magno, que, comentando os efeitos do batismo sobre quem o recebe, afirma: “o corpo do batizado é a carne do Crucificado”[9]. Fruto do profundo realismo sacramental, que palpita nesta expressão, é a abertura imediata de um grande horizonte para compreender quem é um cristão: uma identidade que abraça dimensões que vão do valor sagrado do seu corpo até a esperança da glória com a qual será revestido. Da condição de uma pessoa que tem o mesmo corpo de Cristo, até a santidade dos relacionamentos esponsais (cf. Ef 3,6). São valores surpreendentes que, quando brotam da fonte inesgotável que a Igreja oferece em seus sacramentos, exalta ao extremo a condição humana do batizado.

Por outro lado, na tensão de narrar o mistério, as linguagens não se excluem, mas se complementam mutuamente, e por isso a liturgia sabe intuir quando é o momento da palavra, quando é o momento da música ou do silêncio, quando é o momento do gesto ou da adoração. Mas sempre é hora da arte, pois, sendo Deus a eterna Beleza, o seu acontecer sacramental – a liturgia – constitui-se a arte das artes. Nela, verdade e bem são mostrados revestidos de beleza e, por isso, o decoro e o bom gosto estão sempre presentes, por serem elementos estruturantes da ação sagrada. A experiência de Deus passa por essa via pulchritudinis [caminho da beleza], que é a celebração, cada celebração é um acontecimento de alto nível estético.

Para que os ritos tragam significado de maneira notória, são necessárias celebrações que irradiem verdade e simplicidade, autenticidade e dignidade. A celebração ocorre na solenidade do simples. Nada do que intervém nela pode ser prosaico, nem suntuoso, mas tudo deve ser límpido, nobre e de bom gosto. São as qualidades do decoro com que a Esposa dedica a sua humilde homenagem ao Esposo, seu apreço ao que celebra: o amor salvífico transbordante da Santíssima Trindade.

Felix Maria Arocena

Tradução: Mônica Diez


[1] São Paulo VI, Homilia durante uma viagem pastoral a Manila, Filipinas 29-XI-1970.

[2] São Josemaria, Anotações de uma meditação, 12-IV-1937, em “Crescer para dentro”, p. 50. Este bispo era dom Manuel González, que ocupou a sede de Málaga, na Espanha e foi canonizado em 2016.

[3] Catecismo da Igreja Católica, n. 1066.

[4] Santo Ambrósio, Apologia prophetæ David 1, 2.

[5] São Josemaria lembrava o ensinamento dos Padres quando diziam que os sacramentos são “pegadas da encarnação do Verbo” (cfr. São Josemaria Escrivá. Amar o mundo apaixonadamente).

[6] Missal Romano, Oração Eucarística II.

[7] Santo Agostinho, Confissões, 7, 18.

[8] Cfr. Sacramentário Veronense 1256. O verbo latino contingo é um composto de tango (cum-tango), que significa tocar. Contingire remete a ‘contatar’.

[9] São Leão Magno 70, 4: “corpus regenerati fit caro Crucifixi”.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

A Igreja Católica em números: mais católicos, mas menos vocações

A Igreja Católica em números (Diocese de Erexim)

O número de católicos em todo o mundo aumentou 14 milhões em 2022, segundo o Anuário Estatístico da Igreja de 2022 da Santa Sé, conforme divulgado no início deste mês e destacado em relatório do jornal do Vaticano L'Osservatore Romano.

Os dados mais recentes, de 2021 a 2022, mostram uma diminuição no número de padres e seminaristas.

Embora as vocações para o sacerdócio e a vida religiosa tenham diminuído em geral, a Igreja cresce principalmente na África e na Ásia.

Mais católicos

O número de católicos batizados cresceu cerca de 1% passando de 1,376 bilhões em 2021 para 1,390 bilhões em 2022.

Como em anos anteriores, a Igreja Católica na África continua a crescer. A África teve o maior aumento de católicos, com 3%, enquanto as Américas registraram um aumento de 0,9% e a Ásia registrou um aumento de 0,6%.

O número de católicos na Europa permaneceu estável em cerca de 286 milhões de 2021 a 2022.

A Igreja tem menos padres e seminaristas

O número de sacerdotes continuou a tendência de queda iniciada em 2012.

Globalmente, o número de sacerdotes caiu entre 2021 e 2022, passando de 407,872 mil para 407,730 mil.

Mas o número de sacerdotes continua a crescer na África e na Ásia, enquanto as vocações em outros continentes estagnam ou diminuem.

O número de sacerdotes na África e na Ásia aumentou em 3,2% e em 1,6%, respectivamente, enquanto o número permaneceu estável nas Américas. A Oceania registou uma diminuição de 1,5% no número de padres, enquanto a Europa teve uma diminuição de 1,7%.

Há também menos seminaristas em todo o mundo. Segundo os números da Santa Sé, havia 1,3% de homens a menos preparando-se para o sacerdócio em 2022 do que em 2021.

Esta diminuição é mais acentuada na Europa, onde há uma notável crise vocacional desde 2008. O número de seminaristas diminuiu em 6% entre 2012 e 2022. O número de seminaristas também diminuiu em 3,2% nas Américas e em 1,2% na Ásia.

Mas a África registrou um aumento de 2,1% no número de seminaristas, enquanto a Oceania teve um aumento notável de 1,3%.

A África teve o maior número de seminaristas em 2022, com quase 35 mil homens, enquanto a Oceania (que representa apenas 0,6% da população mundial) teve o menor número, com quase mil.

A Ásia e as Américas tinham cerca de 30 mil e 27 mil seminaristas, respectivamente, enquanto a Europa, que representa quase 10% da população mundial, tinha apenas 14,461 mil seminaristas.

Mas nem tudo está perdido para a liderança da Igreja paroquial. Os números mostram um aumento acentuado no número de diáconos permanentes, com um aumento de 2% entre 2021 e 2022.

Embora a Igreja global tenha tido 142 sacerdotes a menos entre 2021 e 2022, há 974 diáconos a mais em todo o mundo.

O número de bispos aumentou um quarto (25%) entre 2021 e 2022, de 5,340 mil para 5,353 mil bispos, com a maior parte do crescimento concentrado na África e na Ásia.

Nas Américas, o número de bispos permaneceu estável em cerca de 2 mil, enquanto que na Europa o número de bispos diminuiu ligeiramente, menos de 1%.

As vocações estão em queda tanto para homens como para mulheres

O número de religiosos professos – sem incluir sacerdotes – caiu de 49, 774 mil em 2021 para 49,414 mil em 2022.

A Ásia e as Américas foram as únicas regiões onde as vocações religiosas para os homens aumentaram, com o aumento mais substancial na Ásia.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa: como Jesus, aproximar-se de quem sofre com compaixão e inclusão

O Papa com os participantes da plenária da Pontifícia Comissão Bíblica (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

O Papa recebeu os participantes da plenária da Pontifícia Comissão Bíblica. A propósito do tema abordado pelos participantes A doença e o sofrimento na Bíblia, Francisco sublinhou que "a dor e a enfermidade, à luz da fé, podem se tornar fatores decisivos num percurso de amadurecimento".

Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência os participantes da plenária da Pontifícia Comissão Bíblica, na manhã desta quinta-feira (11/04), na Sala do Consistório, no Vaticano.

Em seu discurso, Francisco citou o tema abordado pelos participantes durante a plenária, um tema "fortemente existencial": A doença e o sofrimento na Bíblia. De acordo com o Pontífice, "o sofrimento e a doença são adversários a serem enfrentados, mas é importante fazê-lo de maneira digna do homem, de maneira humana".

Dor e enfermidade, percurso de amadurecimento

Segundo o Papa, "removê-los, reduzindo-os a tabus dos quais é melhor não falar, talvez porque prejudicam aquela imagem de eficiência a todo custo, útil para vender e ganhar, certamente esta não é uma solução. Todos vacilamos sob o peso destas experiências e devemos nos ajudar a superá-las, vivendo-as em relação, sem nos fecharmos em nós mesmos e sem que a rebelião legítima se transforme em isolamento, abandono ou desespero".

"Sabemos, também pelo testemunho de muitos irmãos e irmãs, que a dor e a enfermidade, à luz da fé, podem se tornar fatores decisivos num percurso de amadurecimento: o "crivo do sofrimento" de fato permite discernir o que é essencial do que não é", disse ainda Francisco.

A compaixão leva à proximidade

Segundo o Papa, "é o exemplo de Jesus que mostra o caminho", pois "ele nos exorta a cuidar de quem vive em situações de enfermidade, com a determinação de vencer a doença; ao mesmo tempo, Ele nos convida a unir os nossos sofrimentos à sua oferta salvífica, como uma semente que dá fruto". A seguir, o Papa propôs duas palavras decisivas: compaixão e inclusão.

A compaixão indica a atitude recorrente e característica do Senhor em relação às pessoas frágeis e necessitadas que Ele encontra. Essa compaixão se manifesta como proximidade e leva Jesus a se identificar com os sofredores: "Eu estava doente, e cuidaram de mim". Compaixão que leva à proximidade.

De acordo com o Pontífice, "tudo isso revela um aspecto importante: Jesus não explica o sofrimento, mas se inclina para com os que sofrem. Ele não aborda a dor com incentivos genéricos e consolações estéreis, mas acolhe o drama da dor, deixando-se tocar por ele. A Sagrada Escritura é iluminadora nesse sentido: não é um manual de boas palavras ou um livro de receitas de sentimentos, mas nos mostra rostos, encontros, histórias concretas. A resposta de Jesus é vital, é feita de compaixão que assume e que, ao assumir, salva o homem e transfigura sua dor".

Espírito, alma e corpo

A segunda palavra, inclusão, "expressa bem uma característica saliente do estilo de Jesus: sua ida em busca do pecador, do perdido, do marginalizado, do estigmatizado, para que sejam acolhidos na casa do Pai. Pensemos nos leprosos: para Jesus ninguém deve ser excluído da salvação de Deus". Segundo o Papa, "a inclusão também abrange outro aspecto: o Senhor deseja que a pessoa inteira seja curada, espírito, alma e corpo. Na verdade, uma cura física do mal seria de pouca utilidade sem uma cura do pecado no coração".

De acordo com Francisco, "esta perspectiva de inclusão nos leva a atitudes de partilha: Cristo, que andava entre as pessoas fazendo o bem e curando os doentes, ordenou a seus discípulos que cuidassem dos doentes e os abençoassem em seu nome, partilhando com eles sua missão de consolação".

A Igreja é chamada a caminhar com todos

Portanto, por meio da experiência do sofrimento e da doença, nós, como Igreja, somos chamados a caminhar junto com todos, em solidariedade cristã e humana, abrindo oportunidades de diálogo e esperança em nome da fragilidade comum.

A parábola do Bom Samaritano "as iniciativas com que se pode refazer uma comunidade a partir de homens e mulheres que assumem como própria a fragilidade dos outros, não deixam constituir-se uma sociedade de exclusão, mas fazem-se próximos, levantam e reabilitam o caído, para que o bem seja comum a todos", concluiu o Papa citando um trecho de sua Encíclica Fratelli tutti.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

LITURGIA: A fé da Igreja

Jesus na cruz nos dá sua vida (Comunidade Oásis)

Arquivo 30Dias – 04/2010

A fé da Igreja

Os méritos do Sacrifício da Cruz não têm limites, mas é absolutamente necessário que todos entrem em contato vital com este Sacrifício.

por Gianni Valente

A fé da Igreja expressa no decreto De iustificatione do Concílio de Trento (capítulo 3: Qui per Christum iustificantur ) é explicada em palavras, fáceis de compreender, pelo Papa Pio XII na encíclica sobre a liturgia Mediator Dei (nn. 62 -64). «Os méritos do Sacrifício da Cruz, de facto, infinitos e imensos, não têm limites: estendem-se à universalidade dos homens de todos os lugares e de todos os tempos, porque, nele, sacerdote e vítima é o Deus-Homem; porque a sua imolação, bem como a sua obediência à vontade do Pai Eterno, foi mais perfeita, e porque Ele quis morrer como Cabeça da raça humana: “Considere como foi tratado o nosso resgate: Cristo está pendurado no madeiro: veja a que preço Ele comprou... .; derramou o seu sangue, comprou com o seu sangue, com o sangue do Cordeiro imaculado, com o sangue do Filho único de Deus... Quem compra é Cristo, o preço é o sangue, a posse é o mundo inteiro” (Agostinho, Enarrationes nos salmos 147, 16). 

Esta redenção, porém, não teve o seu pleno efeito imediato: é necessário que Cristo, depois de ter redimido o mundo com o preço mais caro de si mesmo, entre na posse real e eficaz das almas. Portanto, para que, com a aprovação de Deus, a sua redenção e salvação se cumpram para todos os indivíduos e para todas as gerações, até ao fim dos tempos, é absolutamente necessário que todos entrem em contato vital com o Sacrifício da Cruz, e assim os méritos que dela derivam são transmitidos e aplicados a todos. Pode-se dizer que Cristo construiu no Calvário um tanque de purificação e salvação que encheu com o sangue que derramou; mas se os homens não mergulharem nas suas ondas e não lavarem as manchas das suas iniquidades, certamente não poderão ser purificados e salvos. Portanto, para que os pecadores individuais sejam purificados no sangue do Cordeiro, é necessária a colaboração dos fiéis.

 Embora Cristo, falando em geral, tenha reconciliado todo o gênero humano com o Pai através da sua morte sangrenta, ele quis, no entanto, que todos se aproximassem e fossem conduzidos à Cruz através dos sacramentos e do Sacrifício da Eucaristia, para alcançar os frutos saudáveis conquistado por Ele na Cruz."

 Fonte: https://www.30giorni.it/

Santa Gemma Galgani

Santa Gemma Galgani (A12)
11 de abril
Santa Gemma Galgani

Gemma Maria Umberta Pia Galgani, primeira de cinco filhos, nasceu em 1878 numa família rica e profundamente religiosa, em Capannori, província de Lucca, região da Toscana na Itália. Foi batizada no dia seguinte ao nascimento, e um mês depois a família se mudou para Lucca. Demonstrou inteligência precoce, pois com cinco anos já sabia ler o breviário para o Ofício de Maria e o dos mortos.

Em 1886, já ouvia locuções interiores místicas, e sua mãe faleceu em setembro. O pai providenciou a retomada dos seus estudos no início de 1887, quando também fez a primeira Comunhão, preparada pelas Irmãs Oblatas do Espírito Santo. Era tão ligada a este Sacramento que lhe foi permitido recebê-lo três vezes por semana, algo incomum naquele tempo. Levava a sério a caridade, dividindo sua merenda com os pobres.

Em 1899 começou a frequentar o Instituto Oblato como estudante, onde teve por professora a própria fundadora do Instituto e futura beata Irmã Elena Guerra. Aconteceu da família perder seus bens e mudar para uma casa pobre na Via del Biscione (depois Via Santa Gemma Galgani); Elena a dispensou das mensalidades. Gemma passou a sofrer de osteite nas vértebras lombares e abscesso frio nas virilhas, além de otite média aguda e mastoidite, de modo que não podia andar e sentia insuportáveis dores de cabeça. Esteve meses doente, na cama, e chegou a receber os últimos Sacramentos. Neste período teve muitas experiências místicas, com as aparições de São Gabriel (Posseti) de Nossa Senhora das Dores. Ficou milagrosamente curada após uma novena a Santa Maria Margarida Alacoque (então apenas beatificada). Depois disso, conheceu a idosa Cecilia Giannini, em cuja rica residência de Lucca foi em breve acolhida, após a morte do pai e a recusa da Ordem das Passionistas em recebê-la como religiosa.

Ainda assim, conseguiu fazer os votos de pobreza, obediência e castidade. Quando rezava, constantemente era vista rodeada de uma luz divina.

Neste mesmo ano de 1899, no dia 8 de junho, Oitava de Corpus Christi e véspera da Festa do Sagrado Coração de Jesus, a jovem recebeu os estigmas de Cristo, que reapareciam, periodicamente, da noite de quinta-feira até as 15 horas de sexta-feira. Gemma entrava em êxtase doloroso nestes períodos, com as mãos, os pés e o lado sangrando profusamente; depois as feridas se fechavam novamente, deixando pequenos sinais. Por certo período, os estigmas se manifestaram quase todos os dias.

Isto e as aparições de Jesus, Maria, o Anjo da Guarda e São Gabriel de Nossa Senhora das Dores estão na sua autobiografia, “O Livro dos Pecados”, escrita em 1901 por obediência ao seu confessor. Em 1902, tuberculosa, teve que mudar para uma casa vizinha à casa dos Giannini. Faleceu com 25 anos, em 11 de abril de 1903, Sábado Santo, enquanto os sinos anunciavam a Ressurreição de Cristo.

A devoção à “Virgem de Lucca” começou imediatamente, originando a Congregação Missionária das Irmãs de Santa Gemma, inserida na ordem Passionista. Declarada modelo para a juventude da Igreja, é também intercessora dos farmacêuticos. A sala onde Gemma nasceu, na Via Pesciatina em Capannori, foi transformada em capela, e a casa inteira num orfanato.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Não são muitos os canonizados a quem Deus agracia com a participação física de Suas chagas. Dentro das suas imensas limitações de saúde, Santa Gemma fez imensos esforços de caridade, sobretudo na oração e no simples aceitar da sua condição. E de fato é isto o que Deus mais valoriza em nós: que aceitemos a condição que Ele nos propõe para a nossa vida, a de Imagem e Semelhança Sua, seja na doença, na saúde, na riqueza, na pobreza… o grande pecado do Homem, aliás desde Adão e Eva, é o desejo iníquo de almejar ser o que não é, e por meios distorcidos procurar alcançar o que não é bom para si nem para o próximo. Isto não implica em que seja condenável o progresso, inclusive material, porém é o quanto e no que desejamos “progredir” que se coloca o problema: se nas aspirações mundanas ou se na santificação de espírito. Deus não mente e não fala em vão: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua glória, e tudo o mais vos será dado por acréscimo” (Mt 6,33). Até que ponto vivemos sinceramente este preceito de Jesus? Por um lado, é sim louvável e correto procurar melhorar as condições de vida, e Cristo jamais ensinou que a miséria material era uma “bênção”, muito menos a condição essencial para se chegar ao Céu; mas ao contrário, chamou a atenção para a “pobreza de Espírito” (cf. Mt 5,3) que será recompensada, isto é, a virtude essencial da humildade. A busca da santidade, da primazia da vida espiritual, através da qual descobrimos a nossa vocação e deveres no diálogo e com as inspirações do Espírito Santo, é o cerne desta vida, pois é a partir daí que conheceremos o caminho certo a seguir. Se humildes, procuraremos verdadeiramente a Deus, e seguiremos, aceitaremos como Santa Gemma, seja o que for o que Ele nos pedir, individualmente. E só a santificação individual levará a uma vida em conjunto melhor, pois Deus só deseja o nosso Bem.

Oração:

Senhor, que nos destes gratuitamente e por puro Amor a condição de Vossa Imagem e Semelhança, concedei-nos pelas orações e exemplo de Santa Gemma Galgani a preciosidade de Vos seguir no caminho concreto que nos indicais, para que sejamos como ela uma jóia (Gemma) de caridade associada à Coroa de Espinhos da Vossa Paixão, a fim de participarmos igualmente da realeza da Vossa Ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 10 de abril de 2024

O que é o amor?

O que é o amor? (Cléofas)

O que é o amor?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

“Quem não vive para servir, não serve para viver”

A palavra amor está desgastada. Amar não é gostar. Eu gosto de laranja e a destruo; você gosta de maçã e a consome; um outro gosta de cigarro e o queima. Isso não é amor; é egoísmo; é se satisfazer destruindo uma coisa. Gostamos de coisas, amamos pessoas.

Muita gente ama assim; queima, anula, destrói o outro para se satisfazer, como se fosse uma coisa; e ainda lhe diz “I love you!”. Amar é diferente; é renunciar-se para fazer o outro feliz. Você não pode dizer SIM para o outro, sem dizer NÃO para você. Você não pode dar a alguém 100 reais e ao mesmo tempo ficar com esta nota. Amar é servir desinteressadamente, sem esperar recompensa. “Quem não vive para servir não serve para viver”, diz o ditado, e é isso que nos faz felizes e santos. Fazer o bem faz bem.

Dom Bosco disse que “Deus nos colocou neste mundo para os outros”. Charlie Chaplin disse que “o homem não morre quando deixa de viver, morre quando deixa de amar”. No amor está a força da vida. Amar é dar-se de maneira espontânea, voluntária. Muito mais do que dar coisas aos outros, é dar-se a si mesmo, sua dedicação, seu tempo, seu coração. Os infelizes não aprenderam a amar. Só o amor constrói o homem e o mundo.

O amor nunca morre ou acaba, mesmo que seja pregado numa Cruz. A razão da frustração do homem pós-moderno é que ele dominou o mundo e as estrelas, a tecnologia e a ciência, mas não aprendeu a amar o irmão que está ao seu lado. Há muitas pessoas que ainda são más, porque ainda não fizeram a experiência do amor; nunca foram suficientemente amadas. “O amor é a asa que Deus deu à alma para que ela possa subir até ele”, disse Michelangelo. A falta de amor desintegra o homem e a humanidade.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF