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quinta-feira, 18 de abril de 2024

Sonhar o futuro

Sonhar o futuro (Opus Dei)

Sonhar o futuro

Nesses dias tão singulares, tão cheios de preocupações e pensamentos, trazemos alguns conselhos do sacerdote italiano Andrea Mardegan, com ideias de como crescer na nossa vida espiritual mesmo em momentos de crise.

29/06/2020

Escrevo de Milão, onde moro. Não saio de casa há vários dias, como tantos outros em toda a Itália. Na escola onde trabalho não temos aulas desde o dia 24 de fevereiro. Estamos vivendo uma experiência completamente nova. Em primeiro lugar o vírus que se espalha, o número de mortos que aumenta, os hospitais em dificuldades, médicos, enfermeiros e profissionais da saúde submetidos a um ritmo de trabalho e estresse emocional devastadores: sofrem por não poder dar a todos a assistência devida, e muitas vezes eles mesmos acabam se contaminando.

Estão fechadas as escolas e as universidades e, desde esta manhã, 12 de março, também outras atividades que favorecem a vida social: lojas, cafés, restaurantes. Também outros setores estão fechados ou mudaram seus hábitos com o trabalho em casa. Eventos, conferências, e feiras adiados. Atividades esportivas suspensas. As crises econômicas que já estão acontecendo ou estão previstas para o futuro. A isso se soma o sofrimento de muitos fiéis pela impossibilidade de participar das Missas festivas e diárias ou outras cerimônias religiosas com participação dos fiéis, e a preocupação das famílias com as pessoas doentes ou de risco.

O Papa confia seu povo à Maria Mãe do Divino Amor, o arcebispo de Milão, monsenhor Delpini, invoca entre os pináculos do Duomo a Madonnina e lhe entrega toda a sociedade sofredora. A vida cotidiana de pessoas, famílias e instituições mudou, e percorre caminhos difíceis. As pessoas me pedem, como a outros sacerdotes, uma palavra de conforto, conselhos e orientações de como viver como cristãos este período. Tentarei dar algumas ideias, sabendo que muitas palavras sábias e santas são dirigidas continuamente aos fiéis por seus pastores.

Uma palavra de conforto: olhemos a família de Jesus

Olhemos para Jesus e para a sua família de Nazaré. O Verbo de Deus se encarnou na História e a acolheu plenamente, com todas as suas complexas vicissitudes. Dá exemplo de obediência à história humana e também às autoridades que naquele tempo a guiavam. José e Maria tiveram de ir até Belém para o recenseamento de César Augusto, o que provavelmente atrapalhava suas ideias e planos.

Tiveram que fugir para o Egito porque Herodes procurava o Menino para O matar. Obedeceram à lei religiosa do seu povo: circuncidaram Jesus depois de oito dias, apresentaram-no no Templo como primogênito após quarenta dias; iam a Jerusalém todos os anos para a Páscoa, mesmo não sendo estritamente obrigados, dada a distância de Nazaré (mais de um dia de caminhada). Jesus adulto, quando encontra dez leprosos no caminho para Jerusalém, não os cura imediatamente (Lc 17,12 sg), mas lhes diz para irem até os sacerdotes que, segundo o livro do Levítico, eram os que deviam confirmar a lepra ou a cura da lepra, e somente enquanto estão indo até os sacerdotes, quando estão cumprindo a lei, se veem curados. Mesmo na ocasião da Sua Morte e Ressurreição Jesus se deixa capturar e condenar à morte de cruz por todas as autoridades, civis e religiosas, do seu tempo e lugar.

Todos os eventos da história humana em que Jesus está imerso, constituem a trama da história da Redenção que Jesus veio cumprir. Também a doença faz parte da história na qual Jesus entrou com a Encarnação. Na sua vida pública cura muitas doenças, para nos falar da sua benevolência, e que chegou para nós o reino de Deus, que porém não tem como fim a abolição das doenças, ou da pobreza, mas a transformação dos nossos corações chamados a viver uma vida nova em Cristo.

No final dos tempos, “quando vier o Filho do homem na sua majestade” e diante d’Ele comparecerem todos os povos, e Ele os separar à Sua direita e à Sua esquerda, “dirá então o Rei aos da Sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, entrai na herança do Reino que vos está preparado desde o princípio do mundo, porque (…) estava doente e visitastes-Me’”. Portanto a doença não será jamais erradicada completamente antes do fim da História, mas será sempre ocasião de visita, de cuidado, de prevenção, de precaução para evitar contágios, de elaboração de dados nos laboratórios médicos. Tudo isso e muito mais está contido naquelas palavras de Jesus: “estava doente e visitastes-Me” e merece o prêmio eterno do rei da Glória. A doença, que entrou no mundo depois do pecado original, é, portanto, deixada no mundo pelo Redentor, junto à fome, sede, pobreza, prisão, exílio, carestias, catástrofes naturais, e qualquer outra provação, como ocasiões para vivermos o nosso ser Cristo para os outros, na caridade.

Acreditamos que Jesus é o Senhor da história e o rei do universo. E que deixando à história humana todo tipo de calamidades, pede a nós cristãos, e a cada homem de boa vontade, que trabalhemos sempre, e em particular nas situações de crise, para difundir o bem, pessoal e comum. Esse bem será sempre frágil porque estamos em um mundo passageiro, mas somos chamados a agir sempre e em qualquer caso para amar os nosso irmãos como Ele nos amou, com obras e verdade, dando a vida se necessário, e justamente por isso entenderão que somos Seus discípulos e assim, vendo o nosso testemunho, se difundirá a boa nova em todo o mundo e junto a todos os povos, aos quais Cristo nos enviou antes de subir ao Céu. Jesus é o Senhor da História e com a sua Providência infinita consegue orientar todas as coisas ao bem. Coloquemo-nos à Sua disposição para que se realize a afirmação de São Paulo: “tudo concorre para o bem”, que São Josemaria citava com as palavras: omnia in bonum!, expressão da sua fé cheia do otimismo de filho de Deus.

Assim a história do mundo, que é sempre entrelaçada com a história da salvação, empresta-nos uma ocasião nova de viver como Cristo hoje, nesta pandemia. Acredito que na prioridade, compartilhada pela grande maioria dos italianos, da saúde e do cuidado de cada um, prioritária em relação a qualquer outro objetivo humano (econômico, esportivo, didático, social…) podemos ver enraizar-se profundamente, mesmo nos que não têm fé, aquela mensagem do Evangelho, “estava doente e visitastes-Me”, que se tornou cultura geral, e se manifesta também em leis e decretos.

O mesmo pode ser visto na virtude da solidariedade com os irmãos e as irmãs: evitemos em primeiro lugar o possível contágio ativo ou passivo; ajudemos como for possível os que sofrem, ou que estão sozinhos. Cuidemos dos doentes e nos façamos presentes, telefonemos, façamos as compras para quem não pode, ajudemos as mães com filhos pequenos em casa, incentivemos os estudantes a estudarem, alegremos os desanimados, apoiemos os idosos, confortemos a quem perdeu entes queridos. Obedecendo às autoridades civis e às autoridades da Igreja, para evitar que o mal se difunda, vivamos uma caridade sublime para com o próximo, com os nossos familiares, conosco mesmos, com a sociedade mais globalizada e mais conectada do que pensávamos, como o Papa Francisco, na Laudato si’, nos ensinou.

Inventemos formas de transformar esta ocasião em oportunidade de conversarmos mais, pelas redes sociais ou na família, e de refletir sobre temas mais profundos e decisivos para o destino do homem. Ocasião de deixar de lado críticas inúteis e prejudiciais e de nos ajudarmos. Também na dimensão formativa da vida cristã: se houver menos ocasiões de organizar encontros, avançaremos mais com iniciativa e criatividade, com espírito construtivo. Como fizeram os primeiros cristãos? Ou os primeiros leigos que evangelizaram a Coréia, onde os padres não puderam entrar durante muito tempo? Conversemos com nossos amigos, seguindo o conselho de Jesus: “a sós, entre ti e ele”. Se não é possível ou prudente frequentar os sacramentos, saibamos que Jesus pode nos dar a sua graça mesmo fora desses meios ordinários. Podemos finalmente compreender a situação de tantas regiões do mundo, como os vilarejos dos Andes ou da Amazônia, onde o sacerdote só consegue chegar de tempos em tempos.

A Santa Missa dominical: confiança na Igreja

Estejamos tranquilos em relação ao preceito dominical: a mesma autoridade da Igreja que o estabeleceu no Concílio Lateranense IV de 1215, pode, toda vez que o julgar útil ou necessário, dispensar os fiéis da participação na Missa como de qualquer outro preceito de origem eclesiástica.

Isso pode ser feito mesmo por um único pároco em tempos normais, com maior razão o Bispo de Roma em momentos de calamidade natural ou de saúde. Nos dá muita alegria pertencer a uma Igreja que não é clerical, mas que vive plenamente a cidadania com a mentalidade laical que tanto amava e ensinava São Josemaria, uma Igreja que não pretende discutir sobre temas do campo da ciência humana e do governo civil, mas que obedece às autoridades competentes, “dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, segundo o ensinamentos dos tempos apostólicos: “Sede obedientes a toda instituição humana, por causa do Senhor, seja ao rei, como soberano, seja aos governadores, como enviados por ele” (1 Pet 2, 13-14), naquilo que a autoridade civil determina e que não vai contra a fé nem contra a moral; pelo contrário, neste caso, nos orienta a viver de forma mais plena a fé, a caridade e a moral de colaborar para o bem comum, hoje em grande perigo. Podemos rezar individualmente e unidos em família.

Se não é prudente sair para visitar a Jesus Eucarístico e adorá-Lo, podemos fazê-lo de longe, dirigindo-nos com o pensamento ao tabernáculo mais próximo, ao vislumbrar um campanário pela janela ou ao ouvir o som dos sinos. A comunhão espiritual acende o desejo de receber a Eucaristia e Jesus responde ao nosso desejo vindo habitar em nós com a Sua graça. Temos mais tempo para estudar e preparar uma catequese personalizada, que nesses dias faremos pelo telefone, ou pelas redes sociais. Inventaremos novos modos de nos tornarmos protagonistas positivos da evangelização e da construção de uma nova época.

Começamos a Quaresma contemplando Jesus conduzido ao deserto para ser tentado pelo diabo, e para vencê-lo. Fomos conduzidos ao deserto do coronavírus: aceitemos esses quarenta dias ou mais de deserto inesperado, de ausência, de vazio, de incerteza, e descubramos esse deserto como um lugar onde nos redescobrimos irmãos dos nossos irmãos, não isolados uns dos outros, mas mais solidários que nunca em tudo. Talvez tenhamos perdido seguranças, certezas, programas, corridas, previsões. Podemos ganhar muito mais: confiança em Deus, o prazer do tempo passado juntos, liberdade de responder a Deus de um modo novo, libertação dos aborrecimentos. Apoiemos médicos, enfermeiros e autoridades com a nossa oração, com a proximidade do coração, a esmola generosa, a obediência escrupulosa a todos os seus apelos, que é a prioridade da caridade neste momento.

Nós nos redescobriremos desejosos de Deus, contentes com aquilo que estávamos acostumados a ter e que descobrimos ser, na verdade, um dom. Sedentos de comunhão com os outros, desejosos de nos reaproximarmos dos lugares de encontro só quando for possível sem perigo, protagonistas responsáveis da nossa história. Aprendamos dos heróis da normalidade, que já vemos em ação. Coloquemos em jogo a nossa liberdade construtiva, a nossa vontade de amar. Compreendamos que a vida não é nossa, que estamos nas mãos de Deus. Usemos bem o tempo, estudemos e façamos planos, redescobrindo amizades e relacionamentos antigos e novos.

Sonhemos um futuro cheio de esperança. Coloquemos as bases para recomeçar. Façamos sugestões e indiquemos às autoridades o que pode ajudar, mas sobretudo arregacemos as mangas e redescubramos o gosto por construir, pelo trabalho, estudo, lazer, relacionamentos, amizade e futuro. Os acontecimentos da vida de repente desaceleraram e pode acontecer que a vontade de conversar passe. Mas, ao contrário, podemos reatar relacionamentos sobre bases mais profundas: temos menos detalhes fúteis para contar, menos fofocas: contemos quem somos de verdade e como estamos vivendo este período. É uma ocasião para nos perguntarmos: o que me pede Deus Espírito Santo levando-me como Jesus a esse deserto, nessa situação tão nova, tão desconcertante para meus hábitos, inclusive mentais: onde quer me fazer chegar? A viver uma vida verdadeiramente nova em Cristo, com hábitos novos e capacidades que eu não sabia que tinha? Sairemos desta provação, com a ajuda de Deus, com a fé reforçada, livre de rotinas e exterioridades.

São João Paulo II aplicava a categoria de “noite escura” da fé, de que falava São João da Cruz, às vicissitudes da história humana: “Sofrimentos físicos, morais ou espirituais, como a doença, o flagelo da fome, a guerra, a injustiça, a solidão, a falta do sentido da vida, a própria fragilidade da existência humana, a consciência dolorosa do pecado, a aparente ausência de Deus, são para quem crê uma experiência purificadora que poderia ser chamada de noite escura” (carta Maestro della fede, 14-12-1990, n.14).

E nessa noite da fé, a fé pode crescer e sair purificada. Invoquemos a Deus através da intercessão de São Josemaria, que passou vários meses sem Missa recluso na Legação de Honduras e soube até mesmo transformar a guerra civil espanhola em uma ocasião de crescimento na vida espiritual e no apostolado. Com dor pelos falecidos e solidariedade para com todos aqueles que foram particularmente feridos por essa crise, com a descoberta de poder viver em família momentos inesperados de comunhão e de serenidade, e confortando as famílias que estão ao limite, compartilhando ideias novas para a solidariedade. Com a esperança de que os anjos venham servir-nos como a Jesus, no fim dos quarenta dias de deserto, e que Nossa Senhora da saúde, temporal e eterna, nos proteja e nos abençoe sempre.

Andrea Mardegan

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Região da Itália investe nas crianças e nas famílias para combater a baixa taxa de natalidade

A Abadia beneditina de Marieberg, em Burgeis, região de Trentino Alto Adigio, na Itália | Crédito: Shutterstock

A Itália enfrenta uma grave crise demográfica por causa da taxa de natalidade que atingiu mínimos históricos. No entanto, no meio deste panorama, a região Trentino-Alto Adigio/Tirol do Sul, e a sua capital Bolzano, é uma exceção.

Esta área, que faz fronteira com a Áustria a norte e a leste e é apelidada de “universo paralelo de procriação”, mantém uma taxa de natalidade constante graças ao seu investimento nas crianças e nas famílias.

Segundo um artigo do New York Times de 1º de abril, a razão para a taxa de natalidade constante é que o governo provincial desenvolveu ao longo do tempo uma densa rede de benefícios familiares, que vão muito além dos bônus exclusivos para bebês oferecidos pelo governo nacional.

Em Bolzano, os pais têm descontos em creches, produtos para cuidados infantis, mantimentos, saúde, contas de energia, transporte, atividades extracurriculares e acampamentos de verão.

Segundo o New Tork Times, “a província complementa os auxílios nacionais para o cuidado de crianças com centenas de euros a mais por criança” e tem programas de cuidado infantil, incluindo um em particular “que certifica educadores para converterem os seus apartamentos em pequenas creches [escolas infantis]”.

Tudo isto ajuda a dar às mulheres mais liberdade para trabalhar, o que é vital para a economia, diz  o New Tork Times.

O site da província autônoma de Bolzano diz: “A província apoia as famílias, começando pelas contribuições financeiras a favor dos lares com crianças e através do trabalho realizado pela Agência Familiar para entidades que prestam serviços de cuidado infantil. A Agência familiar também fornece informações aos pais e trabalha para melhorar as condições familiares. As famílias do Alto Adigio precisam viver bem e desfrutar, mesmo numa perspectiva futura, de uma boa qualidade de vida.”

Tudo se refere às famílias nessas áreas. Caminhando por Bolzano ou Tirol do Sul, você pode ver muitos folhetos anunciando mochilas com a frase “Bem-vindo bebê”, cheias de livros ilustrados e conselhos para novos pais.

“A diferença é que tem um investimento constante, ao longo dos anos, ao contrário da maioria das políticas nacionais pontuais. Ninguém planeia ter filhos com base em políticas únicas”, disse Agnese Vitali, demógrafa da Universidade de Trento, ao New York Times.

Além do cheque estadual, as famílias podem solicitar um cheque provincial.

Outro benefício de Bolzano é o cartão de benefícios “Família+”, promovido pelo município e ligado à marca Despar Aspiag Service (rede de supermercados), que se compromete a fornecer um talão com 12 vouchers, no valor de 10 euros cada, para famílias com três ou mais filhos.

Fonte: https://www.acidigital.com/

A Páscoa na vida de Jesus Cristo e na vida do Povo de Deus

Cruz | Vatican News)

Neste tempo pascal, todas as pessoas seguidoras de Jesus são chamadas a viver a sua ressurreição pela fé nas coisas de Deus, pela atitude da esperança num mundo novo e também por obras de caridade, junto aos irmãos e irmãs, sobretudo aos pobres, e as pessoas necessitadas.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

Nós celebramos a Páscoa do Senhor em nossas existências e na vida de nossas comunidades. É o grande mistério no qual Deus Pai ressuscitou Jesus dos mortos (cf. At 3,15). Ela é passagem da morte para a vida em Cristo Senhor, de modo que Jesus como Ressuscitado, está presente na vida do povo de Deus, sendo Ele, o eterno vivente.

A Páscoa é a festa das festas, na expressão de São Gregório de Nazianzo. Os santos padres viveram o espírito pascal no Senhor levando as pessoas até Cristo e eles estavam também junto com o seu povo, sobretudo com os pobres e as pessoas mais necessitadas. Vejamos a seguir como eles se detiveram na vivência da Páscoa, como a grande festa do cristianismo, da passagem do Senhor da realidade visível para a realidade invisível.

A noite mais clara do dia

Santo Astério de Amaseia, bispo nos séculos IV e V, afirmou a beleza da noite da Páscoa como uma noite brilhante mais clara que o dia. Ela é a noite mais iluminada que o sol, noite mais cândida que a neve, a mais suave em vista do paraíso. A Páscoa de Jesus foi a noite que não conheceu as trevas e ela fez vigiar com os anjos do céu, como uma noite fabulosa e de muitas graças. A noite da Páscoa foi o terror dos demônios, onde foram vencidos o pecado e a morte, pela ressurreição de Jesus[1].

A Páscoa foi a noite da Igreja

Santo Astério também especificou a Páscoa como a noite nupcial da Igreja que deu a vida aos novos batizados e batizadas, venceu o espírito do mal, o demônio, porque as pessoas foram lavadas de seus pecados e ressurgiram para uma vida nova com Cristo Jesus. A Páscoa foi a noite na qual o herdeiro do Reino dos céus, Jesus Cristo introduziu os seus seguidores e as suas seguidoras à eternidade junto com Deus[2].

Páscoa do Senhor

Santo Hipólito de Roma, presbítero no século III afirmou a Páscoa tendo como centro, o Senhor Ressuscitado. Ele que está verdadeiramente como presença, tudo em todos, dá a toda criatura, alegria, honra, alimento e delícia às coisas terrenas e celestes. Por meio dele foram dissipadas as trevas da morte. A vida é dada a todos. As portas do céu foram abertas, escancaradas, porque Deus fez-se homem e o homem, o ser humano, foi elevado à semelhança de Deus. A Páscoa é divina e humana, porque é luz do novo esplendor[3].

O verdadeiro dia de Deus

Santo Ambrósio, bispo de Milão disse que a Páscoa é o verdadeiro dia de Deus, por ser radioso de santa luz, no qual o sangue divino lavou os pecados imundos do mundo, restaurando a confiança aos pecadores, pecadoras e iluminando a vista aos cegos[4]. Ela é importante porque percebeu-se a atitude do ladrão arrependido que com um ato de fé aderiu a Jesus Cristo, mudando a cruz em prêmio e com veloz passo, precedeu os justos no Reino dos céus[5]. Santo Ambrósio afirmou que também os anjos ficaram surpreendidos diante de uma grande obra pois observando a tortura do corpo e vendo o pecador com a sua ligação a Jesus Cristo, conquistou a vida bem-aventurada[6].

O maravilhoso presságio

Santo Ambrósio ainda disse que a Páscoa é um maravilhoso presságio, acontecimento, que tirou os pecados de todos, na qual Jesus tornou-se uma carne que limpou os vícios da carne[7]. O bispo continuou o seu discurso sobre a Páscoa como prodígio tão grande na qual a culpa procura a graça, a caridade liberta as pessoas do temor, e a morte traga de volta a vida nova, na pessoa de Jesus Cristo. É preciso dizer que a morte devore o seu ferrão e envolva-se em suas armadilhas, para que assim morra a vida de todos e ao mesmo tempo ressurja a vida de todos com o Senhor Ressuscitado[8]. Da mesma forma que a morte passou para todas as pessoas, a ressurreição de Jesus faz retornar a vida de todos para a glória eterna[9].

A alegria do Aleluia

Santo Agostinho, bispo de Hipona nos séculos IV e V afirmou a existência de uma grande alegria presente na assembléia, nos salmos, nos hinos, na memória da paixão e da ressurreição de Cristo, alegria na esperança na vida futura[10]. O fato é que nestes dias nos quais as pessoas ouviram falar o Aleluia, o espírito mudou em certo modo na vida de todos os seguidores e seguidoras do Senhor Jesus e da sua Igreja. Nestes dias pascais são propícios para levar as pessoas que tem fé e amor o gosto da cidade superior, divina. Se de fato nestes dias produzem tanta alegria, o que será no dia no qual será dito pelo Senhor: Vinde, benditos do meu Pai, recebei o reino (Mt 25,34), quando os santos e santas serão reunidos juntos e todos se conhecerão por viver a paz e o amor neste mundo?!. Desta forma, segundo Santo Agostinho é fundamental dizer o aleluia como um cântico bonito, cheio de alegria, com toda a vida porque a ressurreição de Jesus traz alegria para todas as pessoas do mundo[11].

A Páscoa é a festa do perdão e do amor

São Máximo de Turim, bispo no século IV teve presente que a Páscoa é a festa do perdão e do amor. Nestes dias todas as pessoas exultam de alegria afastando-se dos pecados e ninguém permaneça longe das comunitárias súplicas pelo peso dos delitos. O fato é que se Cristo deu o paraíso ao ladrão arrependido na cruz, muito mais ele perdoará as pessoas convertidas pela graça da ressurreição por confessar-se pecador e viver a graça da ressurreição de Jesus na paz e no amor. Os favores são dados no dia feliz do triunfo da vida sobre a morte em Cristo Jesus, pela sua ressurreição[12].

Neste tempo pascal, todas as pessoas seguidoras de Jesus são chamadas a viver a sua ressurreição pela fé nas coisas de Deus, pela atitude da esperança num mundo novo e também por obras de caridade, junto aos irmãos e irmãs, sobretudo aos pobres, e as pessoas necessitadas. A Páscoa nunca termina para quem vive a alegria e o amor na ressurreição de Jesus e com os irmãos e irmãs.

[1] Cfr. Asterio di Amasea. 19ª Omelia sul Salmo 5: Inno. In: Ogni giorno con i Padri della Chiesa. A cura di Giovanna della croce. Presentazione di Enzo Bianchi. Milano, Paoline, 115.

[2] Cfr. Idem, pg. 115.

[3] Cfr. Ps. Ippolito. Omelia VI sulla Pasqua: Inno.In:  Idem, pg. 116.  

[4] Cfr. Ambrogio di Milano. Inno 9,1-4. In: Idem,  pg. 117

[5] Cfr. Idem, pg. 117.

[6] Cfr. Ibidem, pg. 117.

[7] Cfr. Ibidem, Inno 9,5-8. In: Ibidem, pg. 118.

[8] Cfr. Ibidem, pg. 118.

[9] Cfr. Ibidem, pg. 118.

[10] Cfr. Agostino d`Ippona, Sermoni 229/B,2. In: Ibidem, pg. 119.

[11] Cfr. Ibidem, pg. 119.

[12] Cfr. Massimo di Torino, Sermoni 53,4. In: Ibidem, pg. 121.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Apolônio

Santo Apolônio (A12)
18 de abril
Santo Apolônio

Apolônio nasceu em Roma, Itália, no século II, e pertencia à nobreza. Foi senador no período do Imperador Cômodo (161-192); estimado pela ética, cultura e educação, conhecedor da filosofia grega e romana. Na busca da sabedoria, converteu-se ao Cristianismo, reconhecendo a Verdade em Jesus.

Sua conversão foi respeitada no senado romano por algum tempo, em função do seu impecável passado. Excepcional orador, converteu muitos à Fé, que defendia também pelo aspecto filosófico, como o único caminho da perfeita ética. Mas acabou sendo denunciado como cristão ao prefeito pretoriano de Roma.

Como senador, teve a possibilidade de se defender; nesta ocasião, leu uma argumentação escrita por ele mesmo em favor do Cristianismo. Este seu texto de perfeita apologética não deixava quaisquer dúvidas lógicas sobre a veracidade da Igreja de Jesus (sendo por isso conhecido como apologeta, isto é, aquele que defende sua fé, com lógica impecável). Isto levou ao surgimento de muitas simpatias aos cristãos, e posteriores conversões, no senado. Contudo, a sua condenação foi confirmada por ser o cristianismo contrário ao império: de fato, o argumento da acusação, que não refutou suas evidências, usou como base uma mera citação da lei do imperador Trajano, que proibia o cristianismo.

Apolônio deixou claro que não temia a morte, por ter certeza da vida infinita com Cristo, e confirmou a superioridade da Doutrina Cristã. Embora muitos tenham sido convencidos por ele, não tiveram força política para revogar a condenação, que, no caso de cidadãos romanos, e senadores, conferia o direito à morte por decapitação e sem torturas, mais misericordiosa que outras sentenças. Antes da execução, Apolônio fez uma solene profissão de fé, não aceitando a oportunidade última de renegar o cristianismo. Seu martírio ocorreu em 18 de abril de 185, gerando muitas conversões.

Reflexão:

“Pedi e vos será dado, procurai e achareis, batei à porta e ela vos será aberta” (cf. Mt 7,7-11). Apolônio chegou à Fé por sinceramente procurar a Verdade, algo que a todos é possível. E de tal modo valorizou a posse deste Caminho, Verdade e Vida, o Cristo, que não exitou, mesmo em ambiente hostil, a conservá-la ainda que condenado à morte física num julgamento iníquo. Ao contrário, defendeu apologeticamente a Fé e assim obteve a cura de almas, a conversão, de vários irmãos, por palavras e ações. Coerentemente, não desejava o mal aos inimigos, mas, esclarecendo o seu pensamento, afirmou ser necessário ‘oferecer ao verdadeiro Deus, como todo cristão, um sacrifício espiritual, e rezar todos os dias ao Deus do Céu pelo Imperador que reina na terra somente por efeito da vontade divina’. Não podemos prestar culto aos falsos deuses ou a legalismos jurídicos de leis mundanas, mas devemos por amor a Deus e ao próximo rezar pelos que ainda não chegaram ao conhecimento de Cristo, de Maria Nossa Mãe e Mãe de Deus, e da Igreja Católica. Comodo era ao imperador e a seus partidários permanecerem instalados nas falsas crenças, que não exigem esforço espiritual nem abnegação de si mesmo para carregar a cruz, mas quem assim age não terá o conforto de ser acolhido por Deus no Paraíso.

Oração:

Senhor Deus, a quem agradam as boas disposições e a coragem no bom combate, concedei-nos pela intercessão de Santo Apolônio o seu mesmo desejar da Verdade, o empenho em conhecê-la em profundidade, a fidelidade em vivê-la e a caridade de divulgá-la, e de dar por ela, único Bem desejável, a própria vida, seja de forma violenta se necessário, seja nas mortificações diárias; mas não permitindo jamais, com o auxílio da Vossa graça, que nas nossas almas se instale a indulgência anestésica e venenosa do pecado, que leva à morte infinita. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Aceita um cafezinho? Veja como a bebida está presente na vida dos brasileiro (2)

A paixão por café de Paul Sapountzakis e Rita Mendes os fizeram trazer para Brasília uma experiência única para amantes de diferentes sabores da bebida(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Em comemoração ao Dia Mundial do Café, a Revista traça um panorama sobre a bebida, bastante apreciada no Brasil, segundo maior consumidor mundial.

REVISTA DO CORREIO

Ailim Cabral

Tainá Hurtado*

postado em 13/04/2024 / atualizado em 14/04/2024

Criador de laços, memórias e afetos

Não é só no âmbito econômico que o café tem valor. Socialmente, a bebida tem o poder de criar laços, memórias e afetos com aquelas que compartilham do momento prazeroso de tomar um café. Seja no intervalo do trabalho, no bolo da tarde com a avó ou na correria do dia a dia, todo mundo tem uma boa história que tenha cheirinho do grão.

O aroma de café sendo passado pode trazer lembranças, seja de uma pessoa, seja de um ambiente. Isso não é diferente para quem possui uma relação afetiva com a bebida, que traz boas memórias. “Meu pai sempre tomou café, e o cheiro me lembra dele coando um cafezinho no meio da tarde ", diz Fernanda Campos, 28 anos, também uma amante do cheiro, do gosto e da experiência de tomar um bom café. O interesse da jovem pela história do produto no Brasil a fez pesquisar e estudar as potencialidades do grão. “Por causa desse interesse, fiz cursos de barista e acabei trabalhando em uma cafeteria durante um intercâmbio na Irlanda”, conta.

A jovem normalmente toma uma xícara pela manhã, todos os dias, para ter mais disposição, porém uma pausa à tarde com um pão de queijo também é especial. “É meu momento de relaxar e de recuperar o foco para terminar o trabalho”, afirma. A jovem também gosta de frequentar boas cafeterias, experimentar diferentes tipos de extração e ter boas prosas.

Fernanda Campos gosta de ir a várias cafeterias experimentar métodos diferentes de extração de café(foto: Arquivo Pessoal)

Essa experiência de trocas e conversas é muito vivida em cafeterias diversas da cidade pelo professor Paulo Almeida, 42 anos. Além de o café o ajudar na produtividade, é capaz de passar o dia inteiro fazendo amizades com os proprietários e os frequentadores. “Eu vou todos os dias. Para mim, é o lugar onde, além de tomar café, eu consigo trabalhar, escrever meus textos e ser mais criativo.”

Segundo Paulo, que é goiano, a bebida o acompanha desde o momento em que sai de casa até o fim do dia. “Eu já saio de casa com um copo de 300ml no carro. Vou tomando até chegar ao trabalho e, lá, vou recarregando meu copo”, afirma. Para ele, o prazer de beber um café não se dá somente pelo gosto, mas pela companhia da bebida em momentos de tranquilidade e desafios ao longo do dia. “É um impulsionador para minha criatividade, uma pausa para reflexão e um convite para conectar-me com outras pessoas em conversas”.

Métodos de preparo

  • Filtro de papel ou coador de pano: para cafés com moagem média ou fina. O pó é depositado uniformemente no filtro, a água é despejada imediatamente antes da fervura, umedecendo todo o pó.
  • Cafeteira italiana ou moka: o método tem o nome do equipamento usado, no qual se deve usar uma moagem grossa, pois a fina impede a passagem da água. O pó e a água são colocados juntos, na parte indicada da cafeteira, que é levada diretamente ao fogo. Quando a água começar a subir, é hora de tirar. Antes servir, mexa o café com uma colher na cafeteira para uniformizar a densidade.
  • Prensa francesa: o pó e a água quente, entre 80ºC e 90ºC, são colocados juntos na cafeteira. Em seguida, a parte de cima, com o êmbolo levantado, é inserida. Depois de quatro minutos de infusão, aos poucos, o equipamento é pressionado para separar a borra do café.
  • Globinho: equipamento composto por dois globos de vidro, um deles com um funil, um filtro, uma base e a chama. A água fica no globo inferior, encaixado na parte superior junto com o filtro. Conforme a água aquece, ela sobe para o globo superior. É nesse momento que o café moído é adicionado e misturado. Depois, o equipamento é retirado do fogo e, à medida que o globo inferior esfria, cria-se um vácuo que puxa o líquido misturado com o pó para baixo, passando pelo filtro e retendo o pó.
  • Chemex: trata-se de uma “jarra” em forma de ampulheta, feita de vidro resistente ao calor com um colar de madeira polida que serve para isolar o calor. Tem um filtro de papel próprio, mais grosso que os filtros comuns.
  • Aeropress: o diferencial é que produz um café semelhante ao espresso. O filtro de papel, mais comum e descartável, produz uma bebida mais limpa com amargor menor. O filtro metálico não é descartável, e a bebida é menos limpa, pois ele não segura tantas partículas.
  • Hario V60: método japonês com porta-filtro com linhas espirais na parte interna, que proporcionam a expansão do pó de café no momento em que a bebida é coada.
  • Café turco: ficou famoso devido à borra que deixa no fundo da xícara, usada tradicionalmente para prever o futuro. É feito em um dispositivo chamado ibrik e não precisa ser coado.
  • Espresso: feito em máquina específica, é um café em que a água quente passa pelo grão moída com uma pressão quase 10 vezes maior que a normal, permitindo um café intenso e forte
O expresso é um dos métodos favoritos do brasileiro. Seu gosto forte e concentrado atrai milhares de pessoas(foto: Unsplash/ Mohamed Shaffaf)

A classificação

O sistema de classificação, antes conhecido como “pirâmide do café”, criado em 2004, continua basicamente o mesmo, mas, hoje, não é mais considerado uma pirâmide. Aline explica que antes da revisão, feita no ano passado, existia uma hierarquia, na qual um café era considerado melhor que o outro. Agora, consideram-se os atributos de cada café e os descritores, mas qual deles é “o melhor” é algo que fica a cargo de cada consumidor. Na base da pirâmide, costumavam ficar os tradicionais e extrafortes. Até em pesquisas feitas às cegas, em que o consumidor provava uma série de cafés sem saber a classificação de cada um, estes eram os destacados como os melhores. “Essa preferência precisa ser respeitada, é o que o consumidor brasileiro mais gosta”, completa.

  • Café superior: é considerado o café com atributos mais equilibrados. Nessa bebida, a doçura, a acidez, o amargor e os sabores amadeirados de cereal e caramelo aparecem nas mesmas proporções.
  • Café tradicional e extraforte: combinação de amargor acentuado e pouca acidez. Possuem um cheiro marcante e sabor forte e tostado, com aromas intensos de especiarias e chocolate.
  • Café especial e gourmet: marcados pela acidez acentuada e pela doçura. Têm sabores mais frutados e florais, puxando sabores como caramelo, amêndoa, chocolate e mel.

E apesar da mudança na classificação dos cafés, Aline garante que o controle de qualidade segue sendo extremamente criterioso. Ela explica que o intuito é que todos os estilos tenham um padrão de qualidade que garanta a satisfação do consumidor. “Independentemente do perfil da bebida, as pessoas precisam saber que estão tomando um café monitorado, livre de impurezas, com o sabor que merecem”.

O brasileiro e o café

Os sentimentos despertados em Paulo e Fernanda fazem parte da vivência da maioria dos brasileiros, como mostrou uma pesquisa realizada pela Abic com mais de 5 mil apreciadores de café, em 14 municípios — a maior já feita sobre o consumo da bebida no Brasil e que revelou alguns dados que todos já imaginavam, e trouxe alguns insights curiosos.

Para começar o dia, Paulo Almeida bebe 300ml de café pela manhã. Para ele, não se trata só de uma bebida, é auxílio na criatividade e produtividade, e companhia para os desafios e prazeres do dia a dia(foto: Arquivo Pessoal)

“Os apreciadores relatam que provar um ‘excelente café’ cria sensações prazerosas, marcadas por lembranças de bem-estar e felicidade, algo que traz satisfação e deve ser compartilhado com uma pessoa querida”, conta Giuliana Bastos, do São Paulo Coffee Hub, empresa de inteligência de mercado especializada em café, responsável pela pesquisa.

Feito no segundo semestre de 2021, o estudo dividiu o público em três grandes grupos: o geral, que toma café comum, não entende sobre os sabores diferenciados e, em sua maioria, consome café tradicional e extraforte, representando 83% entre os entrevistados; os entusiastas, que entendem um pouco mais, compram cafés diferenciados e consomem as categorias tradicional, gourmet e especial, 12% entre os entrevistados; e os especialistas, que entendem muito de café, já fizeram cursos, podendo ou não trabalhar na área, verbalizam sobre o assunto de maneira técnica e consomem prioritariamente os gourmets e especiais e representaram 5% dos entrevistados.

Curiosamente, o público geral é o mais exigente e fiel quanto às marcas que toma, já os especialistas citam poucas e não têm preferências. O café moído é o mais consumido entre todos os grupos; o moído na hora, em cafeterias, agrada os entusiastas e especialistas; e os grãos são mais restritos aos especialistas. Já as cápsulas são consumidas pontualmente pelos entusiastas.

Outra surpresa foi o consumo de café sem açúcar. Cerca de 34% do público geral gosta de apreciar a bebida sem adoçá-la. Entre os entusiastas, essa média chega a 49% e, entre os mais entendidos sobre o tema, a 81%.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/

Papa: Em um mundo de excessos, a temperança nos ajuda a pôr ordem no coração

Audiência Geral de 17/04/2024, com o Papa Francisco (Vatican News)

"A pessoa temperante consegue manter os extremos juntos: afirma os princípios absolutos, reivindica os valores inegociáveis, mas também sabe compreender as pessoas e demonstra empatia por elas", disse o Papa ao dedicar sua catequese à virtude da temperança, na Audiência Geral desta quarta-feira, 17 de abril. 

https://youtu.be/OB9AzWe-yrQ

Thulio Fonseca - Vatican News

A virtude da temperança foi o tema da catequese do Papa na Audiência Geral desta quarta-feira, 17 de abril, realizada na Praça São Pedro, com a participação de milhares de fiéis.

Francisco deu continuidade ao ciclo sobre os vícios e as virtudes, e recordou que para os antigos estudiosos a prática desses valores tinha como objetivo a felicidade.

A arte de não se deixar dominar

Ao falar sobre a quarta e última virtude cardeal, o Pontífice citou o filósofo Aristóteles, que ao escrever o seu mais importante tratado de ética, abordou o tema das virtudes, entre as quais ocupa um lugar importante a temperança.

“Esta virtude é, portanto, a capacidade de autocontrole, a arte de não se deixar dominar pelas paixões rebeldes, de pôr ordem na confusão do coração humano.”

Comportar-se com sabedoria

O Papa recordou também da definição presente no Catecismo da Igreja Católica: “a temperança é a virtude moral que modera a atração dos prazeres e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados”. E enfatizou que a temperança é a virtude da justa medida:

“Em todas as situações, ela se comporta com sabedoria, porque as pessoas que sempre agem por ímpeto ou exuberância, em última análise, não são confiáveis. Em um mundo onde tantas pessoas se orgulham de dizer o que pensam, a pessoa temperante prefere pensar no que diz. Ela não faz promessas vãs, mas assume compromissos na medida em que pode satisfazê-los.”

O Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, 17 de abril (Vatican Media)

A medida certa

Quando confrontados com os prazeres da vida, segundo o Papa Francisco, a temperança nos ensina a agir com discernimento. "O livre fluxo dos impulsos e a total licença concedida aos prazeres acabam se voltando contra nós mesmos, mergulhando-nos num estado de tédio", alertou o Papa.

“A pessoa temperante sabe pesar e medir bem as palavras. Ela não permite que um momento de raiva arruíne relacionamentos e amizades que depois só podem ser reconstruídas com dificuldade. (...) Há um tempo para falar e um tempo para calar, mas ambos exigem a medida certa.”

Compreender com empatia

Francisco sublinhou que manter o controle interior nem sempre significa ter o rosto tranquilo e sorridente, às vezes é preciso ficar indignado, mas da maneira certa, pois uma palavra de censura às vezes é mais saudável do que um silêncio ácido e ressentido:

“O temperante sabe que nada é mais inconveniente do que corrigir o outro, mas também sabe que é necessário: caso contrário, daria rédea solta ao mal. Em certos casos, a pessoa temperante consegue manter os extremos juntos: afirma os princípios absolutos, reivindica os valores inegociáveis, mas também sabe compreender as pessoas e demonstra empatia por elas.”

Antes da catequese, a tradicional saudação do Papa aos fiéis a bordo do seu papamóvel (Vatican Media)

O estilo do Evangelho

Em um mundo onde tudo leva ao excesso, observou o Papa, a pessoa que põe em prática a temperança representa o equilíbrio e vive valores próximos ao estilo do Evangelho, como a pequenez, a discrição e a mansidão. E, por fim, o Santo Padre ofereceu alguns exemplos da pessoa temperante:

“É sensível, sabe chorar e não tem vergonha disso, mas não sente pena de si mesmo. Derrotado, ele se levanta novamente; vitorioso, ele consegue retornar à sua vida oculta habitual. Não busca aplausos, mas sabe que precisa dos outros. Não é verdade que a temperança deixa-nos grisalhos e tristes. Antes, faz-nos desfrutar melhor dos bens da vida.”

“Rezemos ao Senhor para que nos conceda esse dom da maturidade afetiva e social. O dom da temperança.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF