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terça-feira, 30 de abril de 2024

São Pio V, Papa e Confessor

São Pio V (A12)
30 de abril
São Pio V, Papa e Confessor

Antônio Michele Ghislieri nasceu na pequena aldeia de Bosco Marengo, província de Alexandria no norte da Itália, em 1504. Quando rapaz, era pastor de ovelhas. Aos 14 anos ingressou na Ordem Dominicana. Ordenado sacerdote, ocupou sucessivamente vários cargos: professor, prior conventual, superior provincial, inquiridor do Santo ofício em Como e Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi próximo a Roma, cardeal, bispo de Mondovi e Papa em 1566, aos 62 anos, com o nome de Pio V. Participou, como bispo, da última sessão do Concílio de Trento (1562-1563).

Este era o período da Contra-Reforma Católica diante do desafio da “Reforma” Protestante, e o Concílio de Trento, um dos mais importante da Igreja, estabeleceu normas claras para a ação da Igreja, que precisavam ser implementadas. Ao mesmo tempo, havia a grave e iminente ameaça da invasão muçulmana dos turcos otomanos na Europa.

Pio V teve uma grandiosa atuação em diversas áreas, em apenas seis anos de Pontificado. Fundamental foi ter colocado em prática os Decretos do Concílio. Neste sentido, publicou a Bula “In Coena Domini”, sobre a custódia da Fé e contra as heresias protestantes, condenando os crimes dos soberanos, com boa repercussão na Itália, Portugal, Polônia e Alemanha; dos países católicos, apenas a França colocou oposição. Excomungou a rainha Elisabeth I da Inglaterra, cismática e perseguidora dos católicos, e abençoou os soberanos que aderiram às mudanças do Concílio. Publicou e difundiu o Catecismo Tridentino, e reformou o Breviário (1568) e o Missal (1570) Romanos, utilizados até 1968. Confirmou a importância do cerimonial.

Trabalhou muito para corrigir e elevar o comportamento do clero e da população: acabou com a simonia na Cúria Romana (“comércio” de favores espirituais como bençãos e indulgências, ou de coisas temporais relacionadas às espirituais, como cargos e benefícios eclesiásticos), reduziu os gastos da Corte Papal, combateu energicamente o nepotismo (aos seus parentes que ambicionam cargos em Roma, disse que deveriam se considerar ricos por não estarem na miséria; afastou da cidade um sobrinho relapso, sob ameaça de pena de morte), aboliu costumes mundanos dos funcionários da Cúria; impôs a obrigação de residência para os bispos, a clausura dos religiosos, o celibato e a santidade de vida dos sacerdotes, as visitas pastorais dos bispos, o aumento das missões, a censura para publicações religiosas (em face das divulgações heréticas). Para dar o exemplo, levava vida santa e austera, dormindo sobre palhas e jejuando com frequência. Auxiliou os necessitados com a criação dos montepios (“Monte de Piedade”), procurando livrá-los dos usurários; dedicava semanalmente dez horas de audiência aos pobres; fundou os hospitais de São Pedro e do Espírito Santo; distribuiu alimentos e promoveu serviços sanitários em 1566, um período de escassez; abriu estradas e reformou aquedutos; proibiu em Roma as touradas e o uso de máscaras.

Além de resgatar a unidade religiosa do continente, conseguiu unir a Europa também politicamente, ao favorecer o fim das guerras internas e criar a Liga Santa, uma coalisão militar, chefiada pelo imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Maximiliano II, em aliança com a República de Veneza e a Santa Sé, de modo a combater os muçulmanos. O confronto decisivo se deu na Batalha (naval, no golfo) de Lepanto (no Mar Jônico, Grécia), em 7 de outubro de 1571, mas o Papa já ordenara o apoio espiritual, com preces públicas e orações penitenciais. Em cada navio exigiu um sacerdote para a confissão dos soldados, que deveriam também rezar o Rosário; colocou um núncio apostólico no porto de saída da armada de guerra, na Sicília (Itália), para abençoar cada navio – que levavam todos o estandarte de Maria – com a imagem de Nossa Senhora.

A frota católica, com 243 navios, enfrentou as 283 naves otomanas num combate de aproximadamente quatro horas. Enquanto rezava o Terço durante este período, Pio V teve uma visão da vitória católica, e mandou tocar todos os sinos em Roma. Ele instituiu nesta data a festa de Nossa Senhora do Rosário (da Vitória), e construiu a igreja de Santa Maria della Victoria, onde está a famosa escultura de Bernini, “Êxtase de Santa Teresa”. Acrescentou também a invocação “Auxílio dos cristãos, rogai por nós”, na Ladainha de Nossa Senhora.

 São Pio V faleceu no dia 1° de maio de 1572, já debilitado por longa doença.

Reflexão:

Gigantesca é a obra de São Pio V, influindo direta e decisiva e positivamente em áreas tão variadas como a reforma de textos litúrgicos, auxílios materiais aos necessitados, e os rumos políticos do continente europeu. Jovem, era pastor de ovelhas, adulto, pastor de almas: seu empenho em colocar em prática as diretrizes do fundamental Concílio de Trento rendeu à Cristandade o élan necessário para se equilibrar após o evento do Protestantismo. De fato, era necessário corrigir os desmandos do clero e do comportamento laxo dos fiéis, unir as nações católicas e combater a iminente e fatal invasão otomana, que colocaria a Europa católica em ruínas. Sem dúvida suas vitórias, particularmente no apoio à armada católica na batalha de Lepanto, se devem à entrega de tudo nas mãos de Nossa Senhora. Orações públicas e penitenciais e a recitação do Rosário, em especial no momento mesmo do confronto, mostram que recorrer a Nossa Senhora, como Ela mesma e Jesus nos pedem, é sempre garantia de proteção e sucesso. Por que nós, os fiéis atuais, diante das batalhas dos nossos tempos, hesitamos em fazer o mesmo? Certamente, são empenhos do diabo nos “distrair” do socorro infalível de Nossa Mãe, pois contra Ela satanás nada pode. A situação de crise interna na Igreja, com dissenções cada vez maiores, evidentes e profundas, a gravíssima situação da política mundial e no Brasil, inúmeras misérias em todo o globo, e o fundamento de todos estes males – o afastamento deliberado do Homem em relação a Deus – mais do que nunca nos clama a implorar: “Auxílio dos cristãos, rogai por nós”!, para que Nossa Senhora do Rosário, da Vitória, traga paz e reine neste mundo. Temos um Lepanto atual, decisivo, pessoal e mundialmente – e só com Nossa Senhora o venceremos. O Rosário é a nossa arma para este combate, e, significativamente, Maria Santíssima, nas Suas últimas aparições ao longo dos séculos, tanto insiste em que o rezemos. Não tornemos a errar por desfazer dos Seus avisos: a crise mundial de hoje é claramente consequência do atraso na Consagração da Rússia, por Ela pedida nas aparições de 1917 em Fátima: “Se atenderem os meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz. Se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas.” Claríssimo o nosso dever de rezar diariamente o Santo Rosário, mesmo que com esforço.

Oração:

Deus Pai de misericórdia, que nos destes Vossa própria Mãe por protetora, concedei-nos que por intercessão de São Pio V tenhamos a fé, a humildade e a sabedoria de cumprirmos com as nossas tarefas, conforme Vós as evidenciais para nós, e concedei-nos especial confiança e amor à devoção por Nossa Senhora, para garantirmos a salvação pessoal e a paz no mundo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e a mesma Nossa Senhora. Amém. Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós.


Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Do Diálogo sobre a divina Providência, de Santa Catarina de Sena

Santíssima Trindade (diocesedesaojoaodelrei)

Do Diálogo sobre a divina Providência, de Santa Catarina de Sena

(Cap. 167, Gratiarum actio ad Trinitatem: ed. lat., Ingolstadi 1583, f.290v-291) (Séc. XIV)

Provei e vi

        Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza divina tanto fizeste valer o sangue de teu Filho unigênito! Tu, Trindade eterna, és como um mar profundo, onde quanto mais procuro mais encontro; e quanto mais encontro, mais cresce a sede de te procurar. Tu sacias a alma, mas de um modo insaciável; porque, saciando-se no teu abismo, a alma permanece sempre sedenta e faminta de ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-te à luz de tua luz.

        Provei e vi em tua luz com a luz da inteligência, o teu insondável abismo, ó Trindade eterna, e a beleza de tua criatura. Por isso, vendo-me em ti, vi que sou imagem tua por aquela inteligência que me é dada como participação do teu poder, ó Pai eterno, e também da tua sabedoria, que é apropriada ao teu Filho unigênito. E o Espírito Santo, que procede de ti e de teu Filho, deu-me a vontade que me torna capaz de amar-te.

        Pois tu, ó Trindade eterna, és criador e eu criatura; e conheci – porque me fizeste compreender quando de novo me criaste no sangue de teu Filho – conheci que estás enamorado pela beleza de tua criatura.

        Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó mar profundo! Que mais poderias dar-me do que a ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se consome. Tu és que consomes por teu calor todo o amor profundo da alma. Tu és de novo o fogo que faz desaparecer toda frieza e iluminas as mentes com tua luz. Com esta luz me fizeste conhecer a verdade.

        Espelhando-me nesta luz, conheço-te como Sumo Bem, o Bem que está acima de todo bem, o Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a Beleza que ultrapassa toda beleza, a Sabedoria superior a toda sabedoria. Porque tu és a própria Sabedoria, tu, o pão dos anjos, que no fogo da caridade te deste aos homens.

        Tu és a veste que cobre minha nudez; alimentas nossa fome com a tua doçura, porque és doce sem amargura alguma. Ó Trindade eterna!


Fonte: https://liturgiadashoras.online/

O Mistério da Igreja

O Mistério da Igreja (Catequisar)

O MISTÉRIO DA IGREJA

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

Cadernos do Concílio – Volume 15 

Hoje nos debruçaremos no volume 15 da coleção cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II que traz como tema: O Mistério da Igreja. Muitas vezes quando falamos em mistério pensamos em algo duvidoso, secreto, ou que tenha que ser desvendado, mas na Igreja o mistério tem um sentido diferente, ou seja, buscamos compreender em cada missa o mistério pascal de Cristo, que só será revelado plenamente na eternidade.  

Todas as vezes após a consagração o sacerdote diz: “Eis o mistério da fé”, ou seja, aquilo que acabou de acontecer no altar aos olhos humanos é incompreensível, mas será revelado de maneira plena no céu.  

 Em Cristo depositamos toda a nossa confiança, Ele é a cabeça da Igreja e nós somos os membros. Estamos em comunhão com Cristo, e dessa forma em comunhão com os irmãos. A Igreja vai muito além do templo de pedra e tijolos, a Igreja somos todos nós, de certa maneira, templos do Espírito Santo.  

As quatro notas da Igreja Católica dizem que nossa Igreja é: Una, Santa, católica e apostólica. Una porque essa Igreja é única; Santa porque foi fundada por Cristo e é constituída por homens que estão a caminho da santidade; Católica significa que essa Igreja é universal, ou seja presente no mundo todo; Apostólica quer dizer que essa Igreja provém dos apóstolos, inclusive os bispos são sucessores dos apóstolos. Por isso, a missão da Igreja é salvaguardar a fé e fazer com que cada fiel contemple o mistério.  

A Igreja também pode ser compreendida como mistério, pois justamente como dissemos acima, não foi fundada por mãos humanas, mas pelo próprio Cristo. Essa Igreja permanece de pé até os dias de hoje porque é conduzida pelo Espírito Santo. Através da ação do Espírito Santo, é possível consagrar a Eucaristia, perdoar os pecados e proferir os demais sacramentos. Jesus, no dia de Pentecostes, sopra sobre os discípulos o Espírito Santo e os envia em missão aos quatro cantos da terra, iniciando dessa forma a Igreja primitiva. São mais de dois mil anos de história, por meio do Espírito Santo é possível salvaguardar a fé e conduzir os fiéis ao mistério.  

Cristo é o sacramento do Pai, e consequentemente a Igreja é sacramento de Cristo. A Igreja tem a missão de levar adiante os sacramentos instituídos por Jesus. A missão última da Igreja é a salvação de todos os fiéis, todos os sacramentos são sinais de salvação. Até o último momento da vida de uma pessoa é possível salvá-la, por isso existe o sacramento da unção dos enfermos que é ministrado pelo sacerdote pela cura ou pela configuração à cruz de Cristo, mas também pode ser diante do leito de morte e a pessoa tem oportunidade de se confessar ou se não está lúcida receber a absolvição geral dos pecados.  

O fim último da Igreja é ser sinal de salvação para todos os fiéis, que vem por meio dos sacramentos e que, consequentemente, é o mistério da fé que a Igreja guarda.  

A Igreja revela o mistério escondido através dos séculos todas as vezes que atualiza o mistério pascal de Cristo consagrando a Eucaristia. O mistério pode ser entendido como sacramento, conforme citamos acima. Por isso, se Cristo é o sacramento do Pai, a Igreja é sacramento de Cristo.  

A Igreja é visível e histórica, ao mesmo tempo que ela revela para nós o invisível, provém da Santíssima Trindade e nos revela o plano de amor de Deus para nós. Conforme já dissemos, a Igreja é santa porque foi fundada por Cristo, mas ao mesmo tempo é pecadora, pois é conduzida por homens. O mistério que a Igreja celebra e consequentemente revela é ministrada por homens e esses homens são pecadores como qualquer outro, mas esse mistério acontece e é legitimado graças a ação do Espírito Santo.  

Por parte dos fiéis cabe manter a confissão e a vida de oração em dia, para que não aconteça como dizia o apóstolo Paulo, de comungar a nossa própria condenação. Ao comungar do Corpo e Sangue de Cristo fazemos parte da família de Cristo que é a Igreja. Os membros da Igreja, que somos cada um de nós, batizados e batizadas fazemos parte da família de Deus, que tem Cristo como cabeça, e devemos estar sempre voltados a Cristo.  

No momento da “doxologia final”, ou seja, antes do Pai Nosso, ao final da liturgia Eucarística aquele que preside diz: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”, ou seja, o mistério Eucarístico é apresentado aos fiéis e todo o nosso “Ser” deve ser voltado a Ele. Ele formou uma “família” e quer que todos nós estejamos com Ele até o fim.  

Jesus enquanto esteve entre nós anunciou o Reino de Deus, na verdade Ele próprio era Reino de Deus. A intenção de Deus Pai ao enviar o seu Filho à terra era instaurar aqui o Reino de Deus. Esse Reino consistia em viver a justiça, paz, amor, perdão e misericórdia. Infelizmente, como sabemos, nem todos aderiram a esse Reino proclamado por Jesus, e esse Reino se consolida na Cruz.  

Após a ressurreição, Jesus sopra em Pentecostes o Espírito Santo sobre os discípulos e os envia em missão para continuar aquilo que Ele iniciou. Isso continua até os dias de hoje a Igreja continua a anunciar o Reino de Deus, mas só viveremos concretamente esse Reino na eternidade. Por isso, anunciamos aqui o Reino de Deus e viveremos de maneira plena no céu. Isso também faz parte do mistério de Cristo que é a Igreja.  

Convido a tomarem o volume 15 dessa coleção cadernos do Concílio e ler sobre o mistério da Igreja e buscar nos documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II o que fala sobre o assunto. Continuemos sendo sinal de Cristo nos dias de hoje e anunciemos com alegria o Reino de Deus, tornemos presente o mistério de Deus entre nós.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A economia está subordinada ao bem comum (2)

Amintore Fanfani professor de História das doutrinas econômicas na Universidade Católica de Milão, onde obteve a cátedra em 1936 | 30Giorni

Arquivo 30Dias – 05/2006

A economia está subordinada ao bem comum

Os escritos económicos que Amintore Fanfani publicou na década de 1930, quando era um jovem professor universitário, foram reimpressos. São uma crítica ao capitalismo feita a partir da tradição cristã.

por Fabio Silvestri

Estas conferências ajudaram a iluminar o significado peculiar deste ensaio. Também com base nos gravíssimos efeitos económicos e sociais produzidos pela Grande Depressão de 1929, foi portador de um reformismo de derivação social-cristã que visava moderar o egoísmo individualista, característico de grande parte do sistema capitalista, com uma concepção de economia inspirada em critérios de solidariedade. Pretendia também distanciar-se da então difundida posição weberiana que, trinta anos antes, afirmava, em controvérsia com a abordagem marxista, o papel decisivo desempenhado pela cultura religiosa e pelo sistema ético do protestantismo na génese do capitalismo. Como observou Antonio Fazio no prefácio do volume, Fanfani parecia concordar com a abordagem de Max Weber segundo a qual a essência mais profunda do capitalismo não consiste em ser «apenas um conjunto de instituições ou uma forma de desenvolver relações de produção», mas sim em ser «antes de mais uma cultura e uma hierarquia de valores que moldam a forma de pensar e de agir». Mas Fanfani opôs esta tese à primazia, na determinação da essência da própria atividade económica, do complexo papel histórico desempenhado pelo “espírito católico”, segundo o qual “a economia está subordinada, como meio para um fim, ao bem -ser do homem e da comunidade." Portanto, partindo do reconhecimento do papel decisivo desempenhado também pelos países de cultura católica na fundação das raízes económico-sociais do espírito do capitalismo, que dariam os primeiros sinais de si mesmos (ao contrário do que está exposto na tese weberiana ) «já no final da Idade Média», Fanfani não excluiu uma incompatibilidade fundamental com o pensamento cristão e, consequentemente, propôs uma reforma profunda inspirada nos princípios da doutrina social da Igreja, que na própria Rerum novarum alertara para a perigos ligados à afirmação de um sistema capitalista baseado na concorrência desenfreada e na concentração monopolista de riqueza.

Portanto, a proposta económico-social de Fanfani foi também significativa para a história do movimento católico, não só em Itália, porque estava ligada a toda uma tradição oitocentista de pensamento social cristão que, apesar de ter origens diferentes e apesar de se ter expressado em diferentes formas e experiências em vários países europeus, encontrou então o seu próprio momento de síntese teórica e programática na conhecida encíclica leonina, e articulou-se, no século seguinte, em toda uma série de experiências e passagens históricas. Entre estas últimas, a encíclica Quadragesimo anno , publicada por Pio XI apenas três anos antes da publicação dos escritos de Fanfani, teria assumido particular importância. Em particular, o pensamento de Fanfani, na referência coerente a esta tradição que sublinhou corajosamente a gravidade e a urgência da solução da chamada "questão social", e que representou de alguma forma o ponto de partida de uma autêntica política social da Igreja, retomou algumas ideias da teorização de seu professor e mentor Giuseppe Toniolo. Toniolo, como sublinha Piero Roggi na sua introdução, esteve entre os mais ativos apoiantes da ação católica no terreno social e político, conduzida com base na procura de uma solução, inspirada no corporativismo medieval, uma alternativa tanto ao liberalista como ao socialista. Uma perspectiva, a indicada por Toniolo, destinada a ter considerável influência no pensamento social católico da primeira metade do século XX (pense no Código Social de Malines, publicado em 1927, que representou uma releitura atualizada da própria Rerum novarum, ou ao caso do filósofo francês Jacques Maritain, que sublinhou «a derivação da ideologia comunista-marxista do humanismo antropocêntrico»). Uma perspectiva destinada, além disso, a desempenhar o seu próprio papel nos desenvolvimentos políticos e sociais subsequentes, como, entre outros, o Código Camaldoli, que representou um importante momento de convergência das diferentes "almas" e diferentes orientações teóricas presentes no movimento católico , em grande parte atribuível à Ação Católica, e em particular a alguns órgãos dirigentes do próprio Fuci, mas sobre os quais também tiveram um impacto significativo as soluções cooperativas propostas pelo partido cooperativista sinarquista de Adriano Ossicini e Franco Rodano, após cerca de dois anos tomará o nome do Partido da Esquerda Cristã. Sem esquecer, então, o papel desempenhado por Fanfani, e junto com ele pelas novas gerações de intelectuais formados na Universidade Católica de Milão, em ter trazido ao nível do debate científico e acadêmico problemas e hipóteses que até então estavam de alguma forma em debate. limitado ao âmbito das associações católicas, e por ter contribuído para a futura proposta política da Democracia Cristã, e na sede constituinte, para a constituição dos princípios e fundamentos económicos e sociais do então nascente Estado Republicano.

 Fonte: http://www.30giorni.it/

O Papa: num mundo dividido por egoísmos, compartilhar o dom da diversidade

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

Francisco recebe os Filhos da Caridade e os Irmãos de São Gabriel e recomenda ao primeiro grupo que olhe para o crucifixo e para as feridas dos pobres, como fazia a fundadora Madalena de Canossa, e ao segundo que valorize a variada internacionalidade que distingue a ordem: a uniformidade mata, a harmonia, fruto do Espírito, faz crescer.

Vatican News

O Papa Francisco encontrou na manhã desta segunda-feira, 29 de abril, na Sala Clementina, no Vaticano, os Filhos da Caridade Canossianos e os Irmãos de São Gabriel e lhes dirigiu um discurso por ocasião de seus capítulos gerais e dos aniversários de nascimento de seus fundadores, respectivamente 250 anos de Santa Madalena de Canossa e 350 anos de São Luís Maria Grignion de Montfort. O Pontífice releu a experiência deles à luz dos tempos contemporâneos, muitas vezes marcados por “egoísmos e particularismos”: as diversidades, disse o Santo Padre, são dons preciosos a serem compartilhados.

Os capítulos gerais, eventos sinodais de graça

Para ambas as ordens religiosas, o Pontífice recordou a importância dos Capítulos que, citando o beato Pironio, são eventos “de família”, mas também eventos de Igreja e eventos “salvíficos”, verdadeiros “eventos sinodais” dos quais especificou a peculiaridade:

Momentos de graça, um Capítulo é um momento de graça, a ser vivido, em primeiro lugar, na docilidade à ação do Espírito Santo, fazendo memória agradecida do passado, prestando atenção ao presente - ouvindo uns aos outros e lendo os sinais dos tempos - e olhando com coração aberto e confiante para o futuro, para uma verificação e uma renovação pessoal e comunitária, ou seja, passado, presente, futuro, entram em um Capítulo, para recordar, avaliar e avançar no desenvolvimento da Congregação.

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

Os religiosos não sejam “bombeiros”

Francisco confessou um pesar, e o fez em tom de brincadeira para ressaltar sua mensagem, partindo do tema escolhido pelos Canossianos para seu discernimento: “Quem não arde não incendeia”.

Fico triste quando vejo religiosos que mais parecem bombeiros do que homens e mulheres com o ardor de incendiar. Por favor, não sejam bombeiros; já temos muitos.

Olhar para o crucifixo e abrir os braços para os pequeninos

Lembrando que os Canossianos estão presentes em sete países, com membros de dez nacionalidades, e que são coadjuvados pelas irmãs Canossianas com uma realidade leiga cada vez mais ativa e envolvida, o Papa os exortou a olhar para a coragem da fundadora que trabalhou “em um mundo não menos difícil do que o nosso”, para “tornar conhecido e amado Jesus, que não é amado porque não é conhecido”.

Santa Madalena lhes mostrou como superar as dificuldades: com os olhos voltados para o Crucifixo e os braços abertos para os últimos, os pequenos, os pobres e os doentes, para cuidar, educar e servir nossos irmãos com alegria e simplicidade. Quando o caminho se tornar difícil, então, façam como ela: olhem para Jesus Crucificado e olhem para os olhos e as feridas dos pobres, e verão que, aos poucos, as respostas entrarão em seus corações com uma clareza cada vez maior.

Usar a coragem

No Capítulo, os religiosos de São Gabriel refletem sobre o tema “Escutar e agir com coragem”. E sobre essas palavras o Papa se deteve, enfatizando particularmente a coragem de que estava falando: “Aquela parresia apostólica”. É a coragem “que lemos, por exemplo, no livro dos Atos dos Apóstolos. Essa coragem. E há o Espírito para nos dar essa coragem, e devemos pedir por ela”.

São duas atitudes - escuta e coragem - que exigem humildade e fé, e que refletem bem o espírito e a ação de São Luís Maria e do padre Deshayes, que também lhe deixaram um tríptico precioso como bússola para suas decisões: “Só Deus”, a “Cruz” - gravada no coração - e “Maria”. “Só Deus”, a “Cruz” - gravada no coração - e “Maria”.

A internacionalidade é boa para o apostolado

Os Irmãos de São Gabriel são formados por mais de mil religiosos, engajados no cuidado pastoral, na promoção humana e social e na educação - especialmente em favor dos cegos e surdos-mudos - em 34 países. Francisco repetiu que é o Espírito Santo que cria a harmonia, porque Ele é seu “mestre”. E, insistiu o Papa: “A uniformidade em um instituto religioso, em uma diocese, em um grupo de leigos, mata! A diversidade em harmonia faz crescer. Não se esqueçam disso. Diversidade em harmonia”. Daí, o convite para sermos profetas da acolhida e da integração:

A Providência concedeu-lhes também a riqueza de uma internacionalidade variada: ela fará muito bem ao seu crescimento e ao seu apostolado, se souberem vivê-la acolhendo e compartilhando a diversidade de forma construtiva, entre vocês e com todos.

Audiência do Santo Padre aos participantes dos Capítulos Gerais dos Filhos da Caridade e dos Irmãos de São Gabriel (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Catarina de Sena

Santa Catarina de Sena (A12)
29 de abril
Santa Catarina de Sena

Catarina Benincasa nasceu na cidade de Siena (Sena), Itália, 24ª filha de 25 irmãos, em 1347. De família pobre, sua infância foi difícil, com desenvolvimento frágil e doenças recorrentes, sem poder estudar. Mas com sete anos já falava das visões que tinha nos momentos de oração, e fazia rigorosas penitências, desaprovadas pelos pais; quis consagrar sua virgindade a Deus. Aos 15 anos entrou como irmã leiga na Ordem Terceira de Dominicana, continuando a ter êxtases durante as orações contemplativas, o que levou à conversão de centenas de pessoas.

Era a época do chamado “exílio de Avignon” (1305-1376), quando o Papado estava sediado nesta cidade francesa, e não em Roma. Esta situação levou à interferência do governo francês na Igreja, e por fim ao Grande Cisma do Ocidente, que a partir de 1378 produziu dois antipapas, Clemente VII e Bento XII, em oposição ao legítimo pontífice Urbano VI.

Catarina apoiava o verdadeiro Papa, mas inconformada com a triste situação da Igreja e inspirada por Deus, iniciou um movimento para que a vida eclesiástica voltasse à normalidade. Viajou por toda a Itália e outros países, pregando vigorosamente, e, como não sabia escrever, ditava cartas que eram endereçadas a reis, príncipes, governantes católicos, bispos e cardeais. Seu tema principal era a volta do Papado para Roma, mas também a pacificação da Itália, a necessidade de Cruzadas, a reforma da Igreja e a pureza de costumes dos membros do clero, lembrando a estes sua dignidade de “ministros do sangue de Cristo”. Por fim, em 1376 foi a Avignon e conseguiu que o Papa, então Gregório XI, antecessor imediato de Urbano VI, voltasse para Roma, em 1377.

Catarina cuidou também dos enfermos da peste, que chegou a matar um terço de toda a população europeia. Suas pregações eram ouvidas por grandes teólogos que viajavam para receber a profundidade dos seus ensinamentos. Fundou um mosteiro; e ditou muitas e importantes obras, incluindo cartas (das quais se conservam aproximadamente 400), orações e o livro "Diálogo sobre a Divina Providência", uma conversa entre uma alma em ascensão a Deus e o próprio Deus. Seus escritos têm enorme valor místico, teológico e histórico.

Desde 1375, Catarina portava os estigmas, incruentos, de Cristo, e segundo testemunhas revivia semanalmente a Paixão do Senhor.

 Santa Catarina faleceu em 29 de abril de 1380, em consequência de um derrame. É Doutora da Igreja e patrona da Itália com São Francisco de Assis. E também padroeira da Europa, junto com São Bento, os irmãos Santos Cirilo e Metódio, Santa Brígida da Suécia e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein, judia convertida, morta no campo de concentração de Auschwitz em 1942).

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A verdadeira sabedoria vem de Deus, e por isso entre os Doutores da Igreja temos intelectuais do porte de São Tomás de Aquino mas também Santa Catarina de Sena, que pouco estudou e não sabia escrever. Algumas obras se tornam mais destacadas por causa da fragilidade de quem as pratica; assim, não chama tanto a atenção como cruzado São Luís, rei de França, na guerra contra os muçulmanos, quanto a jovem Joana d’Arc comandando os exércitos franceses na Guerra dos Cem Anos. Deus escolhe o que é fraco no mundo para confundir os fortes (cf. 1Cor 27,29)… e deixar claro que é o Seu poder que conduz o mundo. A extraordinária atividade de Santa Catarina de Sena, quando os grandes da época se debatiam, perdidos em controvérsia, é um grito do Senhor contra a prepotência humana. Neste sentido, particularmente ao clero – como hoje – foi fundamental a advertência para a retomada da pureza dos costumes e da consciência da sua alta vocação. Santa Catarina acreditava que a saúde do rebanho dependia da conversão e do bom exemplo dos pastores, o que vale para todas as fases da História. Somos todos chamados à grandeza da vida em Cristo e com Cristo, e por isso ela proclamava: “Não nos contentemos com as coisas pequenas. Deus quer coisas grandes! Se vocês fossem o que deveriam ser, incendiariam toda a Itália!”, isto é, com o fogo do Espírito Santo, com o assumirmos a nossa identidade de Imagem e Semelhança de Deus. Não fomos criados para a mediocridade, particularmente a espiritual, nem para os mesquinhos interesses mundanos. Somos filhos do Rei dos reis, e nossa grandeza está exatamente em servi-Lo no amor e cuidado ao próximo – seja isto efetivado no doar de um pão ou na admoestação a um Papa.

Oração:

Senhor Deus, cuja infinita bondade guia com sabedoria os rumos da História, tirando sempre o Bem ainda que dos maiores erros humanos, concedei-nos por intercessão de Santa Catarina de Sena a graça de Vos deixar agir em nós conforme Vos agrada, para podermos ser estigma de caridade na vida dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 28 de abril de 2024

Conselhos do segundo livro católico mais lido da história

Nicolas Oresme | Domínio público
Yohana Rodríguez publicado em 27/04/24
Você quer aprimorar suas virtudes para cumprir os desígnios de Cristo? Esses pontos resumidos deste excelente livro irão ensiná-lo como fazer isso.

Você provavelmente tem uma Bíblia em casa; Todos os católicos recebem uma na primeira comunhão e, com o tempo, mais Bíblias chegam até nós: com sacramentos, presentes e heranças de nossas famílias. Portanto, é óbvio que este é o livro católico mais lido e traduzido da história.

Contudo, poucos sabem que o segundo livro mais popular é Sobre a Imitação de Cristo , publicado em 1473 por Thomas Hermeken, monge e místico da ordem de Santo Agostinho, comumente conhecido como “Tomás de Kempis” ou “Kempis”.

É um clássico da literatura católica e, para muitas pessoas, o livro preferido para meditar. No caso de Santa Teresa de Lisieux, foi um livro que marcou a sua vida espiritual a ponto de aperfeiçoar a sua vida religiosa.

Assim, ao ler este livro , foi inevitável fazer uma breve compilação de pontos que Tomás de Kempis nos aconselha a meditar e agir: 

Aconselhamos que você reserve cerca de 10 minutos do seu dia para meditar em cada ponto que nos é apresentado no livro. Se o fizermos de forma consciente, haverá mudanças, não só na nossa forma de pensar, mas também na forma como agimos.

Fonte: https://es.aleteia.org/

O homem pode ser reduzido a uma máquina?

Homem e máquina em conexão (NSC Total)

O HOMEM PODE SER REDUZIDO A UMA MÁQUINA?

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

Baseado no livro “O Princípio da Humanidade”, de Jean-Claude Guillebaud, discutimos os desafios em redefinir a humanidade do homem na era da tecnociência.  Guillebaud ressalta que, se no passado os perigos para definir a humanidade do homem provinham dos totalitarismos e tiranias, hoje são os avanços da pesquisa científica que colocam em questão a essência do ser humano. A ciência contemporânea, ao ressuscitar questões denunciadas por Primo Levi sobre a redução do homem ao animal, objeto ou coisa, desperta preocupações sobre a possibilidade de equiparar o ser humano a uma máquina. As ciências cognitivas não nos sugerem a hipótese do cérebro eletrônico? A inteligência artificial não é uma concretização dessa hipótese que mostra a proximidade do homem com a máquina? 

As memórias do Holocausto servem como lembretes sombrios do que acontece quando a humanidade da pessoa humana é negada ou reduzida e, portanto, mostram que o homem jamais deve ser assemelhado ao animal, à máquina ou à coisa.  

A discussão sobre a redução do homem à máquina é um dilema filosófico e ético que se intensificou com os avanços da tecnologia e da ciência. Ela envolve questões fundamentais sobre a natureza do ser humano, consciência, alma e espírito. 

Guillebaud apresenta um embate entre duas perspectivas: a teoria forte da inteligência artificial (AI), que argumenta não haver diferença ontológica entre humanos e máquinas, e a teoria fraca, que reconhece limitações e diferenças fundamentais. A ideia de que não há diferença ontológica desafia concepções tradicionais sobre a singularidade e dignidade humanas.  

Os defensores da teoria forte da AI sugerem que os humanos são essencialmente máquinas complexas, prevendo que as máquinas realizarão todas as tarefas humanas. No entanto, críticos como Hubert L. Dreyfus contestam essa visão, argumentando que o cérebro humano não opera como um computador e que a compreensão da psique humana vai além das capacidades da inteligência artificial. 

Os elementos essenciais que definem a humanidade não se limitam apenas às habilidades cognitivas. Há aspectos como a subjetividade, emoções e responsabilidade moral, intrínsecos à profundidade da experiência humana, que não podem ser replicados por máquinas e que distinguem o homem delas, desafiando a ideia de uma redução simplista à tecnologia. O computador, por mais avançado que seja, é incapaz de experimentar emoções ou compreender a profundidade da experiência humana. A subjetividade faz a diferença no homem, separando-o da máquina e do animal, e nenhum estudo neurobiológico pode capturar completamente esse aspecto essencial da humanidade. 

O neurobiologista Antonio Damasio destaca a importância das emoções na racionalidade humana e como estão ligadas à percepção da alma ou espírito. Além disso, a crítica de Thomas Nagel sobre a incompreensibilidade da experiência subjetiva de outros seres, como morcegos, ressalta a lacuna na capacidade das teorias neurobiológicas em compreender a profundidade da consciência humana. 

As metáforas científicas, como a comparação do homem com uma máquina, especialmente o computador, refletem nossa tentativa de compreender aspectos complexos da inteligência humana, mas são limitadas e não devem ser tomadas como explicações definitivas. Embora o computador possa fornecer insights sobre certos aspectos do intelecto humano, é essencial reconhecer as limitações dessa metáfora, pois ela não pode ser considerada uma explicação completa nem dá fundamentos para negar a essência humana. A comparação do homem com uma máquina não é uma verdade objetiva, mas sim uma construção que reflete nossos próprios desejos e limitações. Em última análise, a interpretação em sentido realístico da metáfora coloca em risco a compreensão da verdadeira natureza e dignidade humanas. 

Portanto, a afirmação da humanidade do homem não depende apenas da pesquisa científica (genética, neurociência, teoria computacional), mas também de abordagens filosóficas e dos diversos ramos das ciências humanas que deem conta de considerar o ser humano em suas multifacetadas dimensões. A responsabilidade, emoção e subjetividade são aspectos fundamentais que distinguem o homem da máquina e devem ser levados em consideração em qualquer discussão sobre a relação entre o homem e a inteligência artificial. Afinal, a verdadeira compreensão do humano não pode ser reduzida a simples metáforas ou modelos simplificados. 

Em última análise, a tentativa de reduzir o homem à máquina coloca em risco a compreensão sobre sua natureza e dignidade. É necessário um diálogo ético e reflexivo sobre os limites e implicações de nossas tentativas de entender e replicar a complexidade da mente humana, celebrando a diversidade e singularidade do ser humano em vez de reduzi-lo a simples metáforas ou modelos simplificados.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Reflexão para o V domingo da Páscoa (B)

 

Videira (Vatican News)

O Evangelho de João nos fala da videira que é Jesus e do Agricultor que é o Pai. Jesus é a videira verdadeira porque só Ele produz os frutos desejados pelo Pai, ou seja, a justiça, a retidão e o amor.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A liturgia deste domingo se refere ao crescimento da Igreja e, naturalmente, às tensões que se verificam em qualquer relacionamento humano.

A primeira leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos, se refere a Paulo, a seu trabalho e à desconfiança que a Comunidade tinha em relação ao antigo perseguidor. A seu favor surge Barnabé que o apresenta aos Apóstolos e salienta suas qualidades de conhecedor da Sagrada Escritura e de ter dito sim ao chamado de Jesus no caminho de Damasco, de ter aderido totalmente ao Senhor e de se ter tornado o grande pregador do Evangelho.

Paulo vive plenamente o encontro com Jesus. Ele precisou e teve o apoio de um de seus companheiros na fé – Barnabé – e também da Comunidade.

O trecho da 1ª Carta de João, a segunda leitura na liturgia deste domingo, revela que Paulo estava totalmente imbuído do Espírito do Senhor, por isso suas ações eram frutos do amor que o Pai havia colocado nele. 

O Evangelho de João nos fala da videira que é Jesus e do Agricultor que é o Pai. Jesus é a videira verdadeira porque só Ele produz os frutos desejados pelo Pai, ou seja, a justiça, a retidão e o amor. O Pai é o agricultor porque cuida de sua videira para que ela dê os bons frutos que Ele deseja. Nesse trabalho de cuidar da videira, o Pai a poda. Ele o faz para que ela dê frutos excelentes e abundantes. A poda é um reforço e não um desejo de ver a videira sofrer. Ela não é castigo, provação e sim graça.

O texto evangélico nos fala em permanecer unido à videira. Ora, somos os ramos e permanecer unidos significa estar plenos de amor, unidos ao Amado. Será essa união que nos possibilitará dar frutos.

O batismo nos inseriu no tronco. Por ele nos tornamos membros da videira, seus ramos. Em nós passou a correr a seiva da graça de Deus, a força do Espírito Santo, a Vida!

Paulo passou de perseguidor a um dos ramos enxertados na videira que é o Corpo Místico de Cristo e que se deixou podar sempre que necessário. Ele se tornou um dos alicerces da Igreja, uma de suas grandes colunas.

A graça recebida não foi em vão!

Cada um tem sua vida, sua vocação, sua história. Vivamos a nossa, conscientes de que a graça nos é dada e de que o importante é nos abrirmos à ação de Deus, e não quem somos.

Lembremo-nos de Paulo, o convertido e de Maria, a cheia de graça, ambos unidos á Videira Verdadeira, Jesus Cristo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF