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quinta-feira, 2 de maio de 2024

O Papa aos párocos: sede construtores de uma Igreja missionária e sinodal

O Papa escreve aos párocos: sede construtores de uma Igreja missionária e sinodal (Vatican Media)

Em uma carta dirigida aos padres que participaram do Encontro Internacional “Os Párocos em prol do Sínodo”, Francisco aponta três caminhos a serem seguidos: reconhecer as sementes do Espírito nos fiéis; recorrer ao discernimento comunitário; e a comunhão entre padres e bispos.

Vatican News

É uma carta de um pai que conhece as dificuldades de seus filhos, mas que os estimula a seguir adiante para o bem da Igreja e da missão para a qual foram chamados. Foi assim que o Papa Francisco se dirigiu aos cerca de 300 participantes, vindos do mundo inteiro, para o evento “Os Párocos em prol do Sínodo”, realizado em Roma de 29 de abril a 2 de maio. Um encontro organizado pela Secretaria Geral do Sínodo e pelo Dicastério para o Clero, em acordo com os Dicastérios para a Evangelização e para as Igrejas Orientais. Gratidão e estima do Papa por aqueles que cuidam de igrejas periféricas ou grandes como províncias, igrejas antigas com fiéis cada vez mais idosos ou igrejas que nascem sob uma grande árvore, onde o canto dos pássaros se mistura com canções infantis

Uma paróquia sinodal para uma Igreja sinodal

Francisco recorda a importância de uma Igreja sinodal que precisa de seus párocos. “Nunca nos tornaremos uma Igreja sinodal missionária”, diz a Carta, “se as comunidades paroquiais não fizerem da participação de todos os batizados na única missão de proclamar o Evangelho o traço característico de sua vida. Se as paróquias não forem sinodais e missionárias, a Igreja também não o será”. Paróquias, espera o Papa, com discípulos missionários que partem e voltam cheios de alegria; comunidades que devem ser acompanhadas com oração, discernimento e zelo apostólico. Fortalecidos pela graça, é necessário escutar o Espírito e prosseguir no anúncio da Palavra e reunir a comunidade na “fração do pão”.

Uma paternidade que não sufoca

Há três indicações que o Papa sugere aos párocos. Ele recomenda colher os frutos que o Espírito espalha no Povo de Deus. “Estou convencido”, escreve ele, “de que assim fareis surgir muitos tesouros escondidos e encontrar-vos-eis menos sós na grande missão de evangelizar, experimentando a alegria duma paternidade genuína que não sufoca nos outros, homens e mulheres, suas muitas potencialidades preciosas, antes fá-las sobressair”.

Discernimento comunitário

Francisco convida a praticar o método da “conversação no Espírito”, que tem ajudado muito no caminho sinodal. “O discernimento é um elemento-chave da ação pastoral duma Igreja sinodal”, porque implementado no âmbito pastoral ilumina “a concretude da vida eclesial”, reconhecendo os carismas, confiando “com sabedoria tarefas e ministérios”, planejando “à luz do Espírito os caminhos pastorais, indo além da simples programação de atividades”.

Fraternidade

A outra palavra-chave da Carta do Papa é fraternidade, compartilhar com os irmãos sacerdotes e bispos. “Não podemos ser autênticos pais, se não formos, antes de tudo, filhos e irmãos. E não seremos capazes de suscitar comunhão e a participação nas comunidades que nos foram confiadas se, primeiro, não as vivermos entre nós”. Um compromisso que poderá parecer excessivo, reconhece o Papa, mas na realidade é verdade o contrário: “só assim somos credíveis e nossa ação não desperdiça o que os outros já construíram”.

Missionários da sinodalidade

Concluindo, Francisco exorta os párocos a se tornarem missionários da sinodalidade também em seu ministério diário, tendo em vista a Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que vai se realizar em outubro próximo. A voz dos sacerdotes, insiste o Papa, deve ser ouvida para que sua contribuição ao Sínodo seja cada vez mais decisiva: “Ouvir os pastores foi o objetivo desta Reunião Internacional, mas isso não pode terminar hoje: precisamos continuar a ouvir-nos”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Mundo atual

Concílio Vaticano II (CESEEP)

MUNDO ATUAL

Dom Genival Saraiva
Bispo Emérito de Palmares (PE)

Nos seus trabalhos, de 1962 a 1965, os Padres Conciliares se debruçaram sobre temas de suma importância, em razão de seu caráter bíblico, teológico, litúrgico, social, daí a promulgação de alguns de seus documentos sob a forma de Constituição Apostólica que “é um documento do Magistério Pontifício, ou seja, promulgado pessoalmente pelo Santo Padre, cujo conteúdo, com valor de decreto, abrange o ensinamento definitivo da Igreja a respeito de um determinado assunto. Trata-se, portanto, de um tipo particularmente solene e importante de documento da Igreja.” Foram aprovadas pelos Bispos e promulgadas pelo Papa quatro Constituições. 

Sacrosanctum Concilium (O Sacrossanto Concílio): “Tipo constituição apostólica […]. Tema: a liturgia e as modificações desejadas pelos participantes do Concílio no culto da Igreja. PromulgaçãoPapa Paulo VI, 4 de dezembro de 1963.” 

Lumen Gentium (A Luz dos Povos): “Tipoconstituição dogmáticaTemaa natureza e a constituição da Igreja como instituição e como Corpo Místico de Cristo. PromulgaçãoPapa Paulo VI, 21 de novembro de 1964.” 

Dei Verbum (A Palavra de Deus): “Tipoconstituição dogmática. Temaa relação entre as Sagradas Escrituras e a TradiçãoPromulgaçãoPapa Paulo VI, 18 de novembro de 1965.” 

Gaudium et Spes (A Alegria e a Esperança): “Tipoconstituição pastoralTemaa Igreja no mundo contemporâneo e seus desafios concretosPromulgaçãoPapa Paulo VI, 7 de dezembro de 1965.” 

Em relação, particularmente, à Constituição Gaudium et Spes, compreende-se, logo, que se trata da ação pastoral da Igreja na sua relação com o mundo contemporâneo, como expressa o seu proêmio: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história.” Na sua estrutura, a Constituição Pastoral é “formada por duas partes, constitui um todo unitário. E chamada ‘pastoral’, porque, apoiando-se em princípios doutrinais, pretende expor as relações da Igreja com o mundo e os homens de hoje. Assim, nem à primeira parte falta a intenção pastoral, nem à segunda a doutrinal. Na primeira parte, a Igreja expõe a sua própria doutrina acerca do homem, do mundo no qual o homem está integrado e da sua relação para com eles. Na segunda, considera mais expressamente vários aspectos da vida e da sociedade contemporâneas, e sobretudo as questões e os problemas que, nesses domínios, padecem hoje de maior urgência. Daqui resulta que, nesta segunda parte, a matéria, tratada à luz dos princípios doutrinais, não compreende apenas elementos imutáveis, mas também transitórios. A Constituição deve, pois, ser interpretada segundo as normas teológicas gerais, tendo em conta, especialmente na segunda parte, as circunstâncias mutáveis com que estão intrinsecamente ligados os assuntos em questão.” Essas pertinentes e significativas palavras da Constituição Pastoral Gaudium et Spes continuam sendo lidas com o olhar da atualidade. Se eram apropriadas, na leitura do mundo de então, 1965, não é difícil reconhecer que são pertinentes, igualmente, em face do “momento atual”, 2024.  

São muitos os ângulos da vida e da atividade humana e institucional sobre os quais a Igreja se posicionou com sua palavra profética, na instância mais abrangente de seu magistério, o Concílio Ecumênico. Sem dúvida, essa responsabilidade pastoral da Igreja, do tempo do Concílio ao momento atual, tem um efetivo grau de complexidade porque a realidade mundial é, profundamente, mutável, com transformações pessoais, familiares, psicológicas, morais, religiosas, sociais, políticas, e outras, como atestam a visão do cidadão comum e os estudos científicos. Nesse amplo universo de elementos muito diversificados, a Igreja reafirma sua relação evangelizadora, missionária, com o mundo contemporâneo, no tocante às suas aspirações e às suas dificuldades: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”. Essa é a palavra da Gaudium et Spes em relação às aspirações humanas e institucionais: “as pessoas e os grupos anelam por uma vida plena e livre, digna do homem, pondo ao próprio serviço tudo quanto o mundo de hoje lhes pode proporcionar em tanta abundância. E as nações fazem esforços cada dia maiores por chegar a uma certa comunidade universal.” Todavia, ante a constatação de problemas e dificuldades de toda ordem e de forma ininterrupta, os Padres Conciliares traçaram esse retrato: “O mundo atual apresenta-se, assim, simultaneamente poderoso e débil, capaz do melhor e do pior, tendo patente diante de si o caminho da liberdade ou da servidão, do progresso ou da regressão, da fraternidade ou do ódio. E o homem torna-se consciente de que a ele compete dirigir as forças que suscitou, e que tanto o podem esmagar como servir.” De fato, o progresso e a debilidade do mundo atual confirmam o realismo dessa palavra conciliar. Tome-se como exemplo a aspiração da paz e a tragicidade da guerra no mundo atual. “Nestes nossos tempos, em que as dores e angústias derivadas da guerra ou da sua ameaça ainda oprimem tão duramente os homens, a família humana chegou a uma hora decisiva no seu processo de maturação. […] Por isso, o Concílio, explicando a verdadeira e nobilíssima natureza da paz, e uma vez condenada a desumanidade da guerra, quer apelar ardentemente para que os cristãos, com a ajuda de Cristo, autor da paz, colaborem com todos os homens no estabelecimento da paz na justiça e no amor e na preparação dos instrumentos da mesma paz.” 

Antes de serem palavras da literatura mundial, “Guerra e paz” fazem parte da linguagem do povo, num passado distante e na atualidade. Não obstante o desejo e o empenho pela edificação da paz, entristece a humanidade, sobremaneira, o fato de serem localizados muitos conflitos e guerras no mapa mundi, no momento atual. A esse respeito, assim se pronunciou a CNBB, em sua Mensagem ao Povo Brasileiro, durante a 61ª Assembleia Geral, em Aparecida: “Desejamos paz para os inúmeros países em guerra, cujas consequências são milhares de mortes e milhões de deslocados e refugiados. Os gastos militares em 2023 foram os mais altos desde a Segunda Guerra Mundial, enquanto a fome cresceu e alcança parcela significativa da população mundial.” A Constituição Gaudium et Spes, com indiscutível acerto, relaciona a paz com a justiça: “A paz não é ausência de guerra; nem se reduz ao estabelecimento do equilíbrio entre as forças adversas, nem resulta duma dominação despótica. Com toda a exatidão e propriedade ela é chamada ‘obra da justiça’ (Is. 32, 7).”

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Jardins Vaticanos: em oração com Maria pela paz mundial

Imagem de Nossa Senhora de Fátima recorda sua proteção a São João Paulo II no atentado na Praça São Pedro em 1981 (Vaticam News)

Para o mês de maio, dedicado a Nossa Senhora, todas as quartas e sábados, os Museus Vaticanos propõem um passeio dedicado à descoberta da espiritualidade mariana e à beleza dos Jardins do Papa. Irmã Emanuela Edwards: contemplando a natureza e a arte, recordamos a mensagem da Virgem: a única maneira de parar a guerra é o perdão.

Paolo Ondarza - Cidade do Vaticano

“A única maneira de parar a guerra é o perdão!”. A mensagem da Virgem Maria, que ao longo da história não deixou de indicar à humanidade caminhos para a salvação, é eclatante e clara. Em Fátima, por exemplo, aparecendo aos três pastorinhos, entregou um verdadeiro “plano de paz”, convidando o mundo a rezar, a voltar-se ao Evangelho, a consagrar-se ao seu Imaculado Coração.

Oração pela paz

Um itinerário mais atual do que nunca se considerarmos os vários cenários do mundo – recordados também no último domingo por Francisco durante a oração Regina Caelidurante a sua visita pastoral a Veneza – em que o barulho das armas não cessa.

Os Pontífices nunca deixaram de recordar a importância e o poder da oração pela paz. Neste contexto insere-se justamente a iniciativa “Maio com Maria” que, promovida pelos Museus Vaticanos todas as quartas-feiras e sábados, oferece aos visitantes a oportunidade de mergulhar na beleza dos Jardins Vaticanos, passando pelas diversas imagens marianas ali existentes.

Quartas e sábados

“No mês mariano – explica ao Vatican News Irmã Emanuela Edwards, responsável pelo Departamento de Atividades Educativas dos Museus Vaticanos – às quartas-feiras, os peregrinos são convidados a juntar-se a nós depois da audiência papal para esta excepcional abertura dos Jardins em honra a Nossa Senhora.  Além disso, na manhã do sábado, dia tradicionalmente dedicado a Maria, os visitantes podem desfrutar desta verdadeira peregrinação”.

A Rainha da Paz

“Maio com Maria – acrescenta a religiosa – é uma visita que inclui 10 paradas nos locais onde estão as estátuas e imagens mais importantes de Nossa Senhora. Recorda uma dezena do Rosário e portanto neste período em que existem tantas tensões no mundo, em cada imagem mariana rezaremos pela paz. Vale lembrar que nos jardins existem 27 imagens diferentes de Nossa Senhora, tanto que podemos dizer com razão que estes são os Seus jardins. Maria é a “Rainha da Paz”, é justo rezar desta forma pela paz no mundo”.

Gruta de Lourdes nos Jardins Vaticanos (Vatican News)

A oração do Papa

As imagens marianas propostas no tour “Maio com Maria” estão ligadas à devoção dos povos que recorreram à Virgem em tempos de guerra para invocar a paz. Em relação a Nossa Senhora de Fátima e ao conflito na Ucrânia, Irmã Emanuela recorda: “O Papa Francisco seguiu o apelo de Fátima consagrando a causa da paz à Rainha da Paz. Durante a nossa visita recitamos esta mesma oração diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, em comunhão com as intenções do Santo Padre”.

Nossa Senhora da Misericórdia nos Jardins Vaticanos (Vatican News)

A misericórdia, o caminho para uma paz duradoura

Ao caminhar pelos Jardins Vaticanos nos deparamos com outro exemplo da intercessão mariana em favor da paz: a Nossa Senhora da Misericórdia, criada por Renata Minuto na entrada do Chalé de Leão XIII.

“A Nossa Senhora – recorda a responsável do Departamento de Atividades Educativas dos Museus Vaticanos – apareceu ao agricultor Antonio Botta em 1536. Naquele período, Savona concentrava todas as suas forças em uma guerra contra a República de Gênova. Maria apareceu para convidar ambos os lados à paz, exortando-os a usar a misericórdia e não a justiça e assim pôr fim ao conflito. Aparecendo como Nossa Senhora da Misericórdia, nossa Mãe nos ensina como ter uma paz duradoura. Isto é o que ele quer que nos lembremos hoje em nosso mundo devastado pela guerra. A única maneira de parar a guerra é o perdão!”

Nossa Senhora da Guarda nos Jardins Vaticanos (Vatican News)

A espiritualidade dos Jardins Vaticanos

Natureza, fontes, antigos ARTEFATOS, estátuas da Virgem e dos santos contribuem para criar o que pode ser definido como a "espiritualidade dos Jardins Vaticanos", um refúgio de oração e de contemplação apreciado e vivido pelo Sucessor de Pedro.

“Neste lindo lugar os Papas, como João Paulo II e Bento XVI, tinham o hábito de fazer uma caminhada diária como momento de descanso e oração. O Papa Francisco, tal como os seus antecessores, também adornou os Jardins com uma estátua da Virgem de Luján, feita com materiais reciclados para nos lembrar que nada se perde, nada se descarta, mas tudo tem sentido dentro da magnífica obra de Deus. Podemos dizer que, em certo sentido, o jardim também reflete o ensinamento dos Papas e isso também nos deixa uma mensagem importante”.

Vista da Torre de de São João ao fundo e ícone de Nossa Senhora do Bom Conselho (Vatican News)

As visitas disponíveis no site dos Museus Vaticanos estão abertas a todos, incluindo famílias com crianças ou pessoas com deficiência sensorial, motora ou intelectual, que podem faze sua reserva no endereço e-mail education.musei@scv.va.

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Fé e família na nova evangelização (2/3)

Fé e família na nova evangelização | Opus Dei

Fé e família na nova evangelização

Num texto do Magistério sobre a família, o Papa João Paulo II afirmava que “a família nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura”.

O lugar onde se aprende a viver a fé

14/05/2014

A primeira responsabilidade de um lar cristão é transmitir a fé às novas gerações que nascem dentro dela, e ensinar a que vivam a fé. Esta primeira evangelização não é só tarefa ou dever dos pais. Muitos poderíamos fazer própria uma lembrança do Papa Francisco, que mostra como a família toda é chamada a transmitir a fé, porque todos os membros contribuem para a formação de um lar cristão: “foi sobretudo a minha avó, mãe do meu pai, que marcou o meu caminho de fé. Era uma mulher que nos explicava, falava de Jesus, ensinava o Catecismo. Lembro-me sempre que, na Sexta-Feira Santa, ela nos levava à noite à procissão das velas; no final desta procissão, passava o “Cristo jacente”, e a avó fazia-nos – a nós crianças – ajoelhar e dizia-nos: “Olhai! Morreu, mas amanhã ressuscita”. Recebi o primeiro anúncio cristão precisamente desta mulher, da minha avó! Tudo isto é muito belo! O primeiro anúncio em casa, com a família! (...) O mesmo acontecia nos primeiros tempos, porque São Paulo diz a Timóteo: “Recordo a fé da tua mãe e da tua avó” (cf. 2 Tm 1, 5)”[8].

Deste modo a família é chamada a ser “uma comunidade de pessoas, para quem o modo próprio de existirem e viverem juntas é a comunhão”[9], porque para transmitir a fé “não é suficiente uma teoria justa ou uma doutrina a ser comunicada. Há necessidade de algo muito maior e humano, daquela proximidade, quotidianamente vivida, que é própria do amor e que encontra o seu espaço mais propício na comunidade familiar”[10]. Transmitir a fé na família requer, em primeiro lugar, o exemplo de amor recíproco dos pais. Deste modo, os filhos veem a doutrina do amor e da caridade cristã feita realidade. Um amor bem fundamentado, sincero e comprometido, fiel, autêntica doação. E, ao mesmo tempo, um amor esforçado, trabalhado dia a dia. Sem um amor firme e estável entre marido e mulher, não servirão muito os esforços que puserem para educar os filhos. Em última análise, educar consiste em ensinar a amar, e o amor se ensina vivendo.

Ao mesmo tempo, a vida de fé dos pais e o seu testemunho devem impregnar de espírito cristão o lar e facilitar que os filhos incorporem na sua vida com naturalidade as práticas cristãs que ajudam a crescer na fé: a oração, o santo rosário, a participação na Santa Missa. “A oração recitada juntos é um momento precioso para tornar ainda mais sólida a vida familiar”[11], que se converte em lugar de diálogo com Deus. “O lar é, assim, a primeira escola de vida cristã e “uma escola de enriquecimento humano”. É aqui que se aprende a tenacidade e a alegria no trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e sempre renovado, e, sobretudo, o culto divino, pela oração e pelo oferecimento da própria vida”[12]. O exemplo pessoal dos pais no cultivo da própria vida interior (frequentar os sacramentos, ter um plano de vida, participar de meios de formação cristã, etc.) também é uma grande ajuda para a educação dos filhos, além de dar ocasião para conversas mais profundas.

Num lar cristão, “a fé e a esperança têm que manifestar-se na serenidade com que se encaram os problemas, pequenos ou grandes, que surgem em todos os lares, no ânimo alegre com que se persevera no cumprimento do dever. Assim, a caridade inundará tudo e levará a compartilhar as alegrias e os possíveis dissabores, a saber sorrir, esquecendo as preocupações pessoais para atender os demais; a escutar o outro cônjuge ou os filhos, mostrando-lhes que são queridos e compreendidos de verdade; a não dar importância a pequenos atritos que o egoísmo poderia converter em montanhas; a depositar um amor grande nos pequenos serviços de que se compõe a convivência diária”[13].

Assim aprende-se a importância da gratuidade e prontidão próprias do amor, que leva a ser mais delicados com os outros, sabendo agradecer os pormenores que têm conosco –agradecimento que facilita o serviço, fazendo-o mais atraente e enchendo-o de sentido – e sem calcular os favores realizados. A caridade ajuda a manter elevado o tom humano no comportamento, para tornar o convívio agradável para os outros membros da família. Este é o ambiente em vivia a Sagrada Família: “Em Belém, ninguém reserva nada para si. Ali não se ouve falar da minha honra, nem do meu tempo, nem do meu trabalho, nem das minhas ideias, nem dos meus gostos, nem do meu dinheiro. Ali se coloca tudo ao serviço do grandioso jogo de Deus com a humanidade, que é a redenção”[14].

maio 2013

© CRIS 2013

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[8] Papa Francisco, Encontro com os Movimentos eclesiais, 18-5-2013

[9] São João Paulo II, carta às famílias, 2-2-1994, n. 7

[10] Papa Bento XVI, discurso, 6-6-2005

[11] Papa Francisco, Audiência geral, 1-5-2013

[12] Catecismo da Igreja Católica, 1657

[13] É Cristo que Passa, 23

[14] São Josemaria Escrivá, Carta 14-2-1974, n. 2

 Fonte: https://opusdei.org/pt-br

O Papa: a fé é o primeiro dom a ser acolhido na vida cristã

Papa Francisco: a fé é o primeiro dom a ser acolhido na vida cristã (Vatican Media)

Em sua catequese, na Audiência Geral, o Papa se deteve sobre a fé, "única virtude que podemos invejar. Porque quem tem fé é habitado por uma força que não é só humana; de fato, a fé “desencadeia” em nós a graça e abre a mente ao mistério de Deus". Francisco disse também que o grande inimigo da fé não é a inteligência, não é a razão, mas o medo.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (1°/05), realizada na Sala Paulo VI, o Papa Francisco falou sobre a virtude da fé que junto com a caridade e a esperança formam as virtudes teologais.

“As três virtudes teologais são os grandes dons que Deus dá à nossa capacidade moral.”

Sem elas poderíamos ser prudentes, justos, fortes e temperantes, mas não teríamos olhos que veem mesmo no escuro, não teríamos um coração que ama mesmo quando não é amado, não teríamos uma esperança que ousa contra toda esperança.

Ser cristão é preservar um vínculo com Deus

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, "a fé é o ato com o qual o homem entrega-se total e livremente a Deus". "Nesta fé, Abraão foi o grande pai. Quando concordou em deixar a terra dos seus antepassados ​​para ir em direção à terra que Deus lhe teria mostrado. Nesta fé, Abraão se torna pai de uma longa linhagem de filhos. A fé o tornou fecundo", disse ainda o Papa, citando como exemplos também Moisés, que permaneceu firme, confiante no Senhor, e defendeu "o povo que muitas vezes não tinha fé", e a Virgem Maria, que "com o coração cheio de fé, com o coração cheio de confiança em Deus, inicia um caminho cujo percurso e perigos ela não conhece".

“A fé é a virtude que faz o cristão. Porque ser cristão não é antes de tudo aceitar uma cultura, com os valores que a acompanham, mas acolher e preservar um vínculo, um vínculo com Deus: eu e Deus; a minha pessoa e o rosto amável de Jesus. Este vínculo é o que nos torna cristãos.”

O grande inimigo da fé é o medo

Segundo o Papa, o grande inimigo da fé não é a inteligência, não é a razão, "mas o grande inimigo da fé é o medo". "Por isso, a fé é o primeiro dom a ser acolhido na vida cristã: um dom que deve ser acolhido e pedido diariamente, para que se renove em nós. Aparentemente é um dom pequeno, mas é o essencial. Quando nos levaram à pia batismal, os nossos pais, depois de anunciarem o nome que haviam escolhido para nós, foram questionados pelo sacerdote: “O que vocês pedem à Igreja de Deus?”. E eles responderam: “A fé, o batismo!”", disse ainda Francisco.

Para um progenitor cristão, consciente da graça que lhe foi dada, esse é o dom que deve pedir também para o seu filho: a fé. Com ela, um progenitor sabe que, mesmo no meio das provações da vida, o seu filho não se afogará no medo. O inimigo é o medo. Ele também sabe que quando deixar de ter um progenitor nesta terra, continuará tendo um Deus Pai no céu, que nunca o abandonará. O nosso amor é frágil, só o amor de Deus vence a morte.

Fé, virtude que podemos invejar

Francisco disse ainda que "nem todos têm fé", "e mesmo nós, que cremos, muitas vezes percebemos que temos apenas uma pequena quantidade dela. Muitas vezes Jesus pode censurar-nos, como fez com os seus discípulos, por sermos 'homens de pouca fé'”.

“Mas é o dom mais feliz, a única virtude que podemos invejar. Porque quem tem fé é habitado por uma força que não é só humana; de fato, a fé “desencadeia” em nós a graça e abre a mente ao mistério de Deus.”

O Papa convidou todos os presentes na Sala São Paulo VI a pedirem: Senhor, aumentai a nossa fé! Esta "é uma oração bonita", concluiu.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São José Operário

São José Operário (A12)
01 de maio
São José Operário

São José é modelo de inúmeras virtudes, e sempre vale a pena conhecê-lo melhor. Mas esta data específica nos remete a um aspecto particular da sua vida, aquele voltado para a santificação do trabalho.

Desde o princípio, Deus quis que o Homem cooperasse na Sua obra – “E Deus criou o Homem à Sua imagem; à imagem de Deus Ele o criou; homem e mulher Ele os criou. Deus os abençoou dizendo: ‘Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a Terra e submetei-a; dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a Terra’” (Gn 1,27-28); “Javé Deus tomou o Homem e colocou-o no jardim paradisíaco do Éden de delícias para o cultivar e o guardar” (Gn 2,15).

Mesmo após o Pecado Original, o trabalho foi santificado, ainda que, nesta nova realidade, haja o sacrifício e as dificuldades a ele inerente (“Com trabalho penoso dela [da Terra] tirarás o sustento todos os dias de tua vida” (Gn 3,17).

Por outro lado, este modo de “carregar a sua cruz” todos os dias (cf. por exemplo Mt 16,24) é, agora, um meio de santificação, da escolha de seguir a Deus que, nesta vida, nos conduz para o Paraíso Celeste. São José é o modelo perfeito do trabalhador que, com suma humildade, caridade, honestidade e competência, sustentou Jesus e Maria, e ensinou o Cristo a fazer o mesmo.

Dia do Trabalhador, a 1º de maio, foi originalmente instituído como uma comemoração ideológica do comunismo, para ser o símbolo da “luta de classes” que incentiva o ódio entre os patrões e empregados.

Ao contrário, São Paulo nos ensina que “Os servos obedeçam em tudo aos patrões desta terra; não só enquanto são vigiados, nem por bajulação, mas com sinceridade, por temor de Deus. Em tudo o que fizerdes, procurai trabalhar com ânimo, como quem serve a Deus e não aos homens. Pois sabeis que o Senhor vos recompensará com a herança eterna. De fato, Cristo é o Senhor: estais a Seu serviço. Pois quem comete injustiça recebe o pagamento da injustiça na mesma medida, sem distinção de pessoas. Patrões, tratai vossos trabalhadores com justiça e equidade, sabendo que vós também tendes um Senhor no Céu” (Cl 3,22-25; 4,1).

Verdadeiramente, Deus abençoa o trabalho humano, que é digno e necessário, e por isso a Igreja, ressaltando o valor salvífico, cooperativo com Deus, e da dignidade do trabalho não apenas em si mesmo mas como forma de bom relacionamento de amor e serviço entre os seres humanos, desmistificou esta depravação ideológica destacando a obra e a figura de São José, que com seu labor santificou a vida ao oferecê-lo para Deus e para os irmãos, a começar no sustento de Jesus e Maria.

Assim agiu também a Igreja no Natal, a 25 de dezembrotrocando o significado pagão da data comemorativa do “deus sol” para o acolhimento da verdadeira Luz, Cristo Jesus que Se fez homem na Encarnação e nasce da Virgem Maria para nos resgatar da culpa do Pecado Original e nos obter a possibilidade da Salvação: ou seja, todas as realidades humanas estão submetidas à obra salvífica de Cristo, e por isso têm dignidade e implicações de infinito.

Assim, em 1955 o Papa Pio XII instituiu a festa de São José Operário, que, nas suas próprias palavras, é “uma festa cristã, um dia de júbilo para o triunfo concreto e progressivo dos ideais cristãos da grande família do trabalho”, de modo a dignificar os frutos laborais humanos. E o Papa Leão XIII deixa claro que os operários têm o direito de recorrer a São José, e de procurar imitá-lo, no seu serviço e santidade.

Deste modo, a Igreja evidencia que a pretensa busca de “justiça” materialista, por meio de trabalhadores revoltados e não responsáveis e fiéis, sem a perspectiva cristã do serviço – fonte de serenidade e merecimentos – é algo ofensivo a Deus e prejudicial à sociedade.

São José Operário é o padroeiro dos trabalhadores, e o melhor exemplo da santidade possível a um ser humano, uma vez que a santidade perfeita de Cristo, que também é Deus, e de Nossa Senhora, criada sem Pecado Original, está acima da possibilidade de qualquer outro. Certamente não chegaremos jamais a ter a sua dignidade de pai adotivo de Jesus, mas sem dúvida devemos imitá-lo e invocá-lo na vida de serviço a Deus e ao próximo, o labor próprio da vida neste caminho de salvação!

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Adverte São Paulo, “...quem não quer trabalhar, não coma” (2Ts 3,10). Quem não quer empregar o seu tempo no trabalho da própria salvação, santificando a sua vida, não poderá comer do Pão Eucarístico, isto é, da Comunhão com Deus, nesta vida e especialmente na futura e infinita. Os ofícios humanos são dignos e necessários, aproveite-mo-los como meio de salvação, mas não só eles: tudo o que fazemos deve servir a Deus e ao próximo na caridade, como ensina o Primeiro Mandamento.

Oração:

Glorioso São José, modelo de todos os que se dedicam ao trabalho, obtende-me a graça de trabalhar com espírito de penitência para expiação de meus numerosos pecados; De trabalhar com consciência, pondo o dever acima de minhas inclinações; De trabalhar com recolhimento e alegria, olhando como uma honra empregar e desenvolver pelo trabalho os dons recebidos de Deus; De trabalhar com ordem, paz, moderação e paciência, sem nunca recuar perante o cansaço e as dificuldades; De trabalhar, sobretudo com pureza de intenção e com desapego de mim mesmo, tendo sempre diante dos olhos a morte e a conta que deverei dar do tempo perdido, dos talentos inutilizados, do bem omitido e da vã complacência nos sucessos, tão funesta à obra de Deus! Tudo por Jesus, tudo por Maria, tudo à vossa imitação, oh! Patriarca São José! Tal será a minha divisa na vida e na morte. Amém. São José Operário, rogai por nós!


Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 30 de abril de 2024

CATEQUESE: Disponível como argila

Disponível como argila (Cléofas)

Disponível como argila

 POR PROF. FELIPE AQUINO

“O Senhor Deus plasmou o homem com o pó da terra” (Gn 2,7)

Eu, naquele entardecer da criação, senti passos no jardim. Era ele, O SENHOR DA CRIAÇÃO. Acontece que, nesse entardecer, ele parou, inclinou-se, com um olhar carregado de amor. E, de repente, juntou-me do chão, a mim, pobre e pequeno punhado de terra e ficou a me olhar pensativo… Remexeu-me longamente… longamente… com todo carinho!

E, então, começou a me amassar: primeiro, retirou de mim uma porção de impurezas que o atrapalhavam: pedrinhas, pedacinhos de pau, ciscos. E eu fui ficando terra pura, do seu gosto. Fez ainda operações, que eu não compreendia, nem poderia compreender: “Pode por acaso um vaso dizer ao oleiro: eu entendo disso mais do que você?” (Is 29,16).

Eu nada perguntei. Oferecia simplesmente o meu ser em disponibilidade de amor. Deixava-me trabalhar. Deixava que ele me fizesse. Porque eu sabia que era obra sua e que ele transformava com amor.

De fato, fui tomando forma. Uma forma à maneira sua, à sua imagem! Para que haveria eu de servir no futuro? Eu não o sabia. “Como argila nas mãos de um oleiro, assim estava eu em suas mãos” (Jr 18, 6).

E fui-me tornando obra de Deus. “E ele aplicava seu coração em aperfeiçoar-me, pondo cuidado vigilante em tornar-me belo e perfeito” (Eclo 38, 31).

Depois, veio uma etapa difícil. Porque foi um forno superaquecido que ao barro vejo dar força e consistência. É o calor e o valor de minha vida que leva a bom termo a obra de suas mãos, O SENHOR CRIADOR. A cada vaso muito querido, ele dá contornos de eternidade. Então, comecei a olhar em torno de mim. E descobri outros vasos que suas mãos hábeis e cheias de amor haviam amassado e modelado artisticamente. Sem se cansar, dava ele mais outra demão aqueles que não haviam saído bem. Cada um tinha sua forma e sua cor, sem dúvida, isso conforme à destinação no mundo. Mas, do mais humilde ao mais rico, todos eram lindos, todos bem feitos. Ele nos tinha feito como ele bem queria (…).

“Pode, por ventura, um vaso perguntar ao oleiro: por que me fizes­te assim? Não tem o oleiro poder sobre o barro para fazer da mesma argila um vaso de uso nobre e outro de uso vulgar?” (Rm 9, 20-21).

Ó OLEIRO DIVINO, CRIADOR E PAI, permite que se cumpra em mim a obra que começaste. Seja meu projeto o teu projeto sobre mim!

D. Estevão Bettencourt, osb

Fonte: https://cleofas.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF