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sexta-feira, 3 de maio de 2024

São Filipe e São Tiago Menor

São Filipe e São Tiago Menor (A12)
03 de maio
São Filipe e São Tiago Menor

Filipe nasceu em Betsiada da Galiléia, no reino de Israel, mesma cidade de São Pedro e Santo André, e talvez fosse pescador como eles. Tem origem judaica e nome grego, sendo discípulo de São João Batista, mas foi chamado a ser Apóstolo por Cristo no mesmo dia que Pedro e André; consta que era casado e com três filhos, e seguir Jesus foi de consentimento mútuo e doloroso para ele e para a família.

Aparece sempre em quinto lugar nas listas dos Apóstolos, indicando uma preferência de Jesus, talvez por segui-Lo imediatamente após o convite (“Segue-me”, Jo 1,43). Logo chamou Natanael (São Bartolomeu), e em resposta às suas dúvidas, disse: “Vem e vê!” (Jo 1,46), o que segundo Bento XVI mostra que agiu como verdadeira testemunha, não apenas apresentando uma teoria, mas convidando para uma experiência pessoal.

ele Se dirige Jesus na multiplicação dos pães e dos peixes (Jo 6,5-7), outra sugestão de Sua preferência. Com Santo André, próximo da Paixão, intercede junto ao Cristo por alguns gregos que O queriam ver (Jo 12,20-22), provavelmente porque falava o idioma, demonstrando assim já caridade para com os pagãos (por isso é muito querido na Grécia e padroeiro do país).

Contudo é chamado à atenção por Nosso Senhor na Última Ceia, após pedir a Ele que mostre o Pai, pois “isto nos basta”: “Filipe, há tanto tempo que convivo convosco e ainda não Me conheces? Quem Me viu, viu o Pai. (…) Não crês que estou no Pai e o Pai está em Mim? (…) Se não, crede ao menos em razão das obras” (Jo 14,7-11).

Tradição diz que após Pentecostes pregou na Ásia Menor a gregos, citos e partos, obtendo muitas conversões. Chegando a Hierápolis, na Frígia (centro-oeste da atual Turquia), foi martirizado, por lapidação ou crucificado de cabeça para baixo num cruz em forma de “X”; isto por volta dos anos 80, quando ocorre a conversão de São Policarpo, que foi seu discípulo.

Tiago “Menor” é assim diferenciado de outro Apóstolo, Tiago Maior, irmão de São João Evangelista e filho de Zebedeu, não porque fosse inferior em santidade, mas porque o segundo participou de algumas situações específicas que ganharam destaque, como a Transfiguração e o chamado à vigília com Cristo no Horto das Oliveiras.

Tiago Menor era filho de Alfeu e primo de Jesus, fisicamente parecido como o Senhor (um dos motivos pelos quais Judas Iscariotes precisou indicar Jesus aos romanos quando da Sua prisão); de fato, São Paulo se refere a ele como “irmão” de Jesus, um termo que indicava o parentesco próximo na língua hebraica (e erroneamente interpretado de forma literal pelos protestantes, que por isso alegam que Nossa Senhora teria mais de um filho…). São Judas Tadeu e São Simão Cananeu, igualmente Apóstolos, eram seus irmãos consanguíneos. Por sua conduta exemplar, recebeu o apelido de “o Justo”.

Após a Ressurreição, Jesus lhe aparece especificamente (cf. 1 Cor 15,7). É considerado o primeiro bispo de Jerusalém, e São Paulo o cita mesmo antes de Pedro (“Tiago, Pedro e João, considerados colunas da Igreja”, Gl 2,9) a este respeito. Nesta função, seu parecer no Concílio de Jerusalém que presidiu no ano 50 foi acatada, ao afirmar que os convertidos pagãos não precisavam ser circuncidados para pertencer à Igreja (At 15,13).

Na sua carta constante no cânon bíblico está fundamentado o Sacramento da Unção dos Enfermos, e também a essencial afirmação de que “a fé sem obras é morta” (Tg 2,14-19; 5,14-15), ou seja, crer sem praticar as boas obras e obedecer aos ensinamentos de Cristo não é suficiente para a salvação (o que levou Lutero, ao querer justificar a sua heresia de que basta a fé para a salvação – “sola fide” – a não incluir, com outros documentos, esta carta na sua versão da Bíblia, versão esta que, por sua vez – “sola escriptura” – alegou ser fonte única da palavra de Deus, ignorando a Tradição que necessariamente a precede e justifica).

Flavio Josefo, famoso historiador romano, registrou que o Sumo Sacerdote judeu Anano, filho de Anás, aproveitando o intervalo entre a deposição de um Procurador romano e a chegada do seu sucessor, decretou em 62 a pena de morte por lapidação para São Tiago Menor, na época já muito idoso.

 As relíquias de São Filipe e de São Tiago Menor foram sepultadas na Basílica dos Santos Doze Apóstolos em Roma, inicialmente dedicada somente a eles; por este motivo sua festa é celebrada no mesmo dia.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Consolador é vermos que nossos altos e baixos na vida espiritual têm paralelo na conduta dos próprios Apóstolos: por exemplo, à grandiosa primeira atitude de São Filipe para com Jesus, de “segui-Lo imediatamente” e abandonar tudo o mais, seguiu-se a posterior repreensão de “há tanto tempo que convivo convosco e ainda não me conheceis”. De fato, somos verdadeiramente capazes de gestos generosos, mas há quanto tempo nós, a grande maioria dos católicos, convive com o Cristo, na oração e Eucaristia, mas não O conhece realmente, pois sequer lembramos das Suas obras, que devemos imitar na caridade com o próximo, ou dos Seus – atualíssimos – milagres, que devem na Fé acabar com nossas dúvidas e hesitações? Ao menos, perseveremos e cresçamos como os Apóstolos, que mesmo nas suas misérias humanas, contando com a infinita e misericordiosa bondade de Deus, escolheram por Ele, apesar de tudo. Só assim seremos “irmãos de Cristo” – da Sua família – semelhantes a Ele… não “de aparência”, mas “na aparência” da vida interior e exterior de resoluta caridade: “parentesco” entende-se como “parecer por laços de íntima união”.

Oração:

Senhor, nosso Mestre e Pai, concedei-nos pelos exemplos e intercessão de São Filipe e São Tiago Menor seguir-Vos como eles o fizeram, testemunhas do Vosso amor a ponto de Vos dar a conhecer pelo convívio direto Convosco, pois queremos morrer para uma vida sem obras concretas de Fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Jesus Cristo é o bom Pastor, segundo Santo Agostinho

Jesus Cristo: bom Pastor (diocesedemaraba)

JESUS CRISTO É O BOM PASTOR, SEGUNDO SANTO AGOSTINHO

26 de abril de 2024 

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

A Igreja refletiu no quarto domingo da Páscoa e na semana seguinte a boa nova de Jesus do bom Pastor no evangelista São João (cf. Jo 10,1-18), A figura é bem percebida no mundo de hoje e na vida eclesial, nos quais os ministros sagrados e todas as lideranças são chamados a viver o pastoreio de Jesus na família, na comunidade e na sociedade. Ele conhece as suas ovelhas e as ovelhas o conhecem (cf. Jo 10, 14). Jesus dá a vida para elas para que tenham sempre mais vida e vida em plenitude (cf. Jo 10, 10). Veremos a seguir estes dados em Santo Agostinho, bispo de Hipona, nos séculos IV e V no Norte africano[1].

Jesus é o bom Pastor (cf. Jo 10, 11).

Jesus é o bom Pastor que está em comunhão com o Pai, com o seu pastoreio e que vive a dimensão da bondade infinita, carregada de paz e de amor para com as suas ovelhas. Segundo o bispo de Hipona, Jesus é o bom pastor em relação às ovelhas, pelo fato de que elas pertencem a Ele e porque elas estão em unidade com o seu Pastor. Ele vai adiante delas e as ovelhas conhecem a sua voz (cf. Jo 10,4). Ele é bom porque as ama e também pelo fato de que as conduz para a vida eterna sabendo que ele não quer que nenhuma delas se perca, mas elas vivam para sempre[2].

Jesus é a porta (Jo 10,9 ).

Para Santo Agostinho Jesus é a porta das ovelhas, porque Ele é o Pastor verdadeiro, capaz de dar sempre a sua vida pelas ovelhas[3]. Ele sendo Ressuscitado dos mortos pelo Pai vai adiante das ovelhas porque a morte não tem domínio sobre ele, de modo que a venceu para sempre[4]. A pessoa entra e sai pela porta e encontra pastagem (cf. Jo 10, 9). Ela, a pessoa entra na Igreja pela porta que é Cristo, pela meditação das coisas de Deus e sai para o serviço aos outros, e a Deus[5]. A entrada por Cristo é o pensamento de acordo com as virtudes teologais, pela fé, esperança e caridade e sai em unidade com Cristo para realizar as obras de amor[6]. Jesus é a porta que leva as pessoas para a vida eterna (cf. Jo 10,9). As pastagens referem-se para aqueles que tem fome e sede de justiça (cf. Mt 5,6).Ele mesmo vem ser a porta, o Pastor, segundo Santo Agostinho, que entra e saia também através de si mesmo vindo a ser Jesus também o porteiro[7], pelo fato de que a porta é aquilo pelo qual a pessoa entra e o porteiro é aquele que abre a porta[8].

A escuta da voz do bom pastor.

A palavra de Jesus onde ele diz que é bom pastor refere-se às ovelhas presentes e as futuras, a todas aquelas que vierem a ser ovelhas. Todas escutam e escutarão a voz que diz que Jesus é o bom pastor (cf. Jo 10,11). A palavra bom não se acrescentaria se não houvesse segundo Santo Agostinho, pastores maus[9], sendo estes ladrões, salteadores, mercenários. O bispo distinguiu os nomes entre os bons que são a porta, o porteiro, o Pastor e as ovelhas e entre os maus visualizam-se os ladrões, salteadores, mercenários e o lobo[10].

Jesus é Pastor como é ovelha.

O bispo de Hipona afirmou que Jesus é tanto Pastor como ovelha. Como é lido no Evangelho de São João Jesus disse que Ele é o bom Pastor, suscitando também a pergunta onde aparece que ele é a ovelha? A palavra de Deus disse que o Servo foi conduzido como ovelha a ser imolada (cf. Is 53,7). Uma grande semelhança existe entre o cordeiro, ovelha e os pastores por serem estas realidades unidas por um vínculo de amizade[11], na pessoa de Jesus como Pastor e ovelha para ser imolada em vista da salvação de toda a humanidade.

Os mercenários.

Santo Agostinho teve também presentes, segundo a palavra de Jesus a realidade dos mercenários, que fogem ao ver o perigo e o lobo chegarem (cf. Jo 10,12-13). Eles buscam os próprios interesses, não os de Jesus Cristo (cf. Fl 2,21). Eles não amam a Cristo gratuitamente, não buscam a Deus por causa de Deus, mas perseguem benefícios temporárias, sempre aspirando lucros, indo atrás de honrarias da parte dos seres humanos[12]. O Senhor disse também aos seus seguidores e seguidoras sobre a necessidade de não serem mercenários, mas bons pastores, porque pelos seus frutos as pessoas conhecerão que tipo de pastores são na realidade (cf. Mt 7,16). Por isso é preciso viver a mensagem de Jesus na realidade atual.

Os pastores em unidade com o único Pastor, Jesus.

Santo Agostinho afirmou que os apóstolos foram pastores em unidade ao único Pastor, Jesus. Eles se regozijavam naquela Cabeça, viviam fortalecidos por um só Corpo num só Espírito, pertencendo todos ao único Pastor, Jesus[13]. Todos as pessoas que vieram depois dos apóstolos são chamadas a viver a unidade no Pastor que é o Senhor Jesus. Santo Agostinho convidou a todos os pastores para que apascentam bem as ovelhas nas pastagens do Senhor e ao mesmo tempo sejam apascentados[14], evangelizam e também sejam evangelizadas pelas ovelhas do Senhor e como Jesus deem as suas vidas pelo rebanho do Senhor e à glória de Deus Uno e Trino.

[1][1] Cfr. Comentários a São João I. Evangelho – Homilias 1-49. Tradução: Ir. Nair de Assis Oliveira, CSA (+), Luciano Rouanet Bastos. In: Santo Agostinho. São Paulo: Paulus 2022,

[2] Cfr. Idem, pg. 897.

[3] Cfr. Ibidem, pg. 901.

[4] Cfr. Ibidem, pg. 897.

[5] Cfr. ibidem, pg. 898.

[6] cfr. Ibidem, pg 898.

[7] Cfr. Ibidem, pg. 899.

[8] Cfr. Ibidem, pg. 904.

[9] Cfr. Ibidem, pg. 901.

[10] Cfr. Ibidem, pg. 901.

[11] Cfr. Ibidem, pg. 903.

[12] Cfr. Ibidem, pg. 905.

[13] Cfr. Ibidem, pg. 910.

[14] Cfr, Ibidem, pg. 912.

Fonte: https://diocesedemaraba.com.br/

Fé e família na nova evangelização (3/3)

Fé e família na nova evangelização | Opus Dei

Fé e família na nova evangelização

Num texto do Magistério sobre a família, o Papa João Paulo II afirmava que “a família nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura”.

Família e nova evangelização

14/05/2014

Uma família assim será capaz de “anunciar com renovado entusiasmo que o evangelho da família é um caminho de realização humana e espiritual”[15]. Contra falsas concepções do casamento, que desfiguram a realidade e o plano de Deus, o “Evangelho da família” proclama que “ o amor e a entrega total dos esposos, com as suas notas peculiares de exclusividade, fidelidade, permanência no tempo e a abertura à vida, está na base dessa comunidade de vida e amor que é o matrimônio”[16].

Nosso tempo precisa de testemunhas. Precisa ser lembrado de que viver o Evangelho não é apenas possível, mas é uma fonte de alegria. Uma família que acolhe o número de filhos que Deus quiser enviar-lhes, torna-se, em alguns lugares, um convite à reflexão, que desmente – através da alegria de seus componentes – qualquer lugar comum ou preconceito. E também quando dá testemunho de firmeza na fidelidade conjugal, respeito à vida, etc.

Hoje muitos são tentados ao desânimo e estão angustiados com as dificuldades que mais cedo ou mais tarde atacam a vida familiar e acabam rompendo muitos lares. Para eles, encontrar um casal de amigos que segue o exemplo da Sagrada Família pode implicar a ajuda que precisam para recuperar a esperança, enfrentar com entusiasmo a tarefa de formar uma família feliz, descobrir o significado do sacrifício por amor aos outros. As famílias têm a necessidade de ver como a graça funciona em outros casais: saber como enfrentam problemas e lutas similares, como educam os seus filhos, como o marido e a esposa salvaguardam o seu amor. Para isso pode ser útil organizar conferencias ou encontros mais informais, sobre temas como a educação dos filhos e o aproveitamento do tempo livre. Não seria estranho que essas iniciativas fossem a oportunidade para descobrir interesses ou preocupações comuns com outros casais, que os levassem a um esforço conjunto para promover iniciativas legislativas e administrativas para as famílias.

A este respeito, a amizade com outras famílias é um terreno fértil para apostolado pessoal, pois facilita o ambiente, amável e de confiança que é necessário para atingir o coração das pessoas. E nada mais lógico que enfrentar os desafios comuns dos problemas de toda a sociedade: “Aos pais e às mães de família corresponde por direito próprio – insisto – uma ampla gama de apostolado pessoal com diversas manifestações. E nada mais lógico do que associarem-se livremente a muitas outras pessoas que enfrentam problemáticas semelhantes, para enfrentar esta situação de evidente relevância: o uso do tempo livre, o lazer e o entretenimento, as viagens, a promoção de locais adequados para que as filhas e os filhos possam ir amadurecendo humana e espiritualmente, etc.”[17].

A alegria e a luz que transmite uma família unida - lar luminoso e alegre, como São Josemaria gostava de dizer - são um anzol para atrair nossos amigos e mostrar-lhes a Verdade que nos faz felizes. É o “vem e vê”[18] particular das famílias, que estão sempre sob a proteção de Santa Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, Regina familiae.

J. Vidal-Quadras

maio 2013

© CRIS 2013

__________

[15] Bento XVI, Discurso aos participantes no encontro de presidentes das comissões episcopais para a família e a vida da América Latina.

[16] Ibidem.

[17] D. Javier Echevarría, Carta, 29-9-2012, n. 25

[18] Jo 1, 46

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

O Papa aos párocos: sede construtores de uma Igreja missionária e sinodal

O Papa escreve aos párocos: sede construtores de uma Igreja missionária e sinodal (Vatican Media)

Em uma carta dirigida aos padres que participaram do Encontro Internacional “Os Párocos em prol do Sínodo”, Francisco aponta três caminhos a serem seguidos: reconhecer as sementes do Espírito nos fiéis; recorrer ao discernimento comunitário; e a comunhão entre padres e bispos.

Vatican News

É uma carta de um pai que conhece as dificuldades de seus filhos, mas que os estimula a seguir adiante para o bem da Igreja e da missão para a qual foram chamados. Foi assim que o Papa Francisco se dirigiu aos cerca de 300 participantes, vindos do mundo inteiro, para o evento “Os Párocos em prol do Sínodo”, realizado em Roma de 29 de abril a 2 de maio. Um encontro organizado pela Secretaria Geral do Sínodo e pelo Dicastério para o Clero, em acordo com os Dicastérios para a Evangelização e para as Igrejas Orientais. Gratidão e estima do Papa por aqueles que cuidam de igrejas periféricas ou grandes como províncias, igrejas antigas com fiéis cada vez mais idosos ou igrejas que nascem sob uma grande árvore, onde o canto dos pássaros se mistura com canções infantis

Uma paróquia sinodal para uma Igreja sinodal

Francisco recorda a importância de uma Igreja sinodal que precisa de seus párocos. “Nunca nos tornaremos uma Igreja sinodal missionária”, diz a Carta, “se as comunidades paroquiais não fizerem da participação de todos os batizados na única missão de proclamar o Evangelho o traço característico de sua vida. Se as paróquias não forem sinodais e missionárias, a Igreja também não o será”. Paróquias, espera o Papa, com discípulos missionários que partem e voltam cheios de alegria; comunidades que devem ser acompanhadas com oração, discernimento e zelo apostólico. Fortalecidos pela graça, é necessário escutar o Espírito e prosseguir no anúncio da Palavra e reunir a comunidade na “fração do pão”.

Uma paternidade que não sufoca

Há três indicações que o Papa sugere aos párocos. Ele recomenda colher os frutos que o Espírito espalha no Povo de Deus. “Estou convencido”, escreve ele, “de que assim fareis surgir muitos tesouros escondidos e encontrar-vos-eis menos sós na grande missão de evangelizar, experimentando a alegria duma paternidade genuína que não sufoca nos outros, homens e mulheres, suas muitas potencialidades preciosas, antes fá-las sobressair”.

Discernimento comunitário

Francisco convida a praticar o método da “conversação no Espírito”, que tem ajudado muito no caminho sinodal. “O discernimento é um elemento-chave da ação pastoral duma Igreja sinodal”, porque implementado no âmbito pastoral ilumina “a concretude da vida eclesial”, reconhecendo os carismas, confiando “com sabedoria tarefas e ministérios”, planejando “à luz do Espírito os caminhos pastorais, indo além da simples programação de atividades”.

Fraternidade

A outra palavra-chave da Carta do Papa é fraternidade, compartilhar com os irmãos sacerdotes e bispos. “Não podemos ser autênticos pais, se não formos, antes de tudo, filhos e irmãos. E não seremos capazes de suscitar comunhão e a participação nas comunidades que nos foram confiadas se, primeiro, não as vivermos entre nós”. Um compromisso que poderá parecer excessivo, reconhece o Papa, mas na realidade é verdade o contrário: “só assim somos credíveis e nossa ação não desperdiça o que os outros já construíram”.

Missionários da sinodalidade

Concluindo, Francisco exorta os párocos a se tornarem missionários da sinodalidade também em seu ministério diário, tendo em vista a Segunda Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que vai se realizar em outubro próximo. A voz dos sacerdotes, insiste o Papa, deve ser ouvida para que sua contribuição ao Sínodo seja cada vez mais decisiva: “Ouvir os pastores foi o objetivo desta Reunião Internacional, mas isso não pode terminar hoje: precisamos continuar a ouvir-nos”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Mundo atual

Concílio Vaticano II (CESEEP)

MUNDO ATUAL

Dom Genival Saraiva
Bispo Emérito de Palmares (PE)

Nos seus trabalhos, de 1962 a 1965, os Padres Conciliares se debruçaram sobre temas de suma importância, em razão de seu caráter bíblico, teológico, litúrgico, social, daí a promulgação de alguns de seus documentos sob a forma de Constituição Apostólica que “é um documento do Magistério Pontifício, ou seja, promulgado pessoalmente pelo Santo Padre, cujo conteúdo, com valor de decreto, abrange o ensinamento definitivo da Igreja a respeito de um determinado assunto. Trata-se, portanto, de um tipo particularmente solene e importante de documento da Igreja.” Foram aprovadas pelos Bispos e promulgadas pelo Papa quatro Constituições. 

Sacrosanctum Concilium (O Sacrossanto Concílio): “Tipo constituição apostólica […]. Tema: a liturgia e as modificações desejadas pelos participantes do Concílio no culto da Igreja. PromulgaçãoPapa Paulo VI, 4 de dezembro de 1963.” 

Lumen Gentium (A Luz dos Povos): “Tipoconstituição dogmáticaTemaa natureza e a constituição da Igreja como instituição e como Corpo Místico de Cristo. PromulgaçãoPapa Paulo VI, 21 de novembro de 1964.” 

Dei Verbum (A Palavra de Deus): “Tipoconstituição dogmática. Temaa relação entre as Sagradas Escrituras e a TradiçãoPromulgaçãoPapa Paulo VI, 18 de novembro de 1965.” 

Gaudium et Spes (A Alegria e a Esperança): “Tipoconstituição pastoralTemaa Igreja no mundo contemporâneo e seus desafios concretosPromulgaçãoPapa Paulo VI, 7 de dezembro de 1965.” 

Em relação, particularmente, à Constituição Gaudium et Spes, compreende-se, logo, que se trata da ação pastoral da Igreja na sua relação com o mundo contemporâneo, como expressa o seu proêmio: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história.” Na sua estrutura, a Constituição Pastoral é “formada por duas partes, constitui um todo unitário. E chamada ‘pastoral’, porque, apoiando-se em princípios doutrinais, pretende expor as relações da Igreja com o mundo e os homens de hoje. Assim, nem à primeira parte falta a intenção pastoral, nem à segunda a doutrinal. Na primeira parte, a Igreja expõe a sua própria doutrina acerca do homem, do mundo no qual o homem está integrado e da sua relação para com eles. Na segunda, considera mais expressamente vários aspectos da vida e da sociedade contemporâneas, e sobretudo as questões e os problemas que, nesses domínios, padecem hoje de maior urgência. Daqui resulta que, nesta segunda parte, a matéria, tratada à luz dos princípios doutrinais, não compreende apenas elementos imutáveis, mas também transitórios. A Constituição deve, pois, ser interpretada segundo as normas teológicas gerais, tendo em conta, especialmente na segunda parte, as circunstâncias mutáveis com que estão intrinsecamente ligados os assuntos em questão.” Essas pertinentes e significativas palavras da Constituição Pastoral Gaudium et Spes continuam sendo lidas com o olhar da atualidade. Se eram apropriadas, na leitura do mundo de então, 1965, não é difícil reconhecer que são pertinentes, igualmente, em face do “momento atual”, 2024.  

São muitos os ângulos da vida e da atividade humana e institucional sobre os quais a Igreja se posicionou com sua palavra profética, na instância mais abrangente de seu magistério, o Concílio Ecumênico. Sem dúvida, essa responsabilidade pastoral da Igreja, do tempo do Concílio ao momento atual, tem um efetivo grau de complexidade porque a realidade mundial é, profundamente, mutável, com transformações pessoais, familiares, psicológicas, morais, religiosas, sociais, políticas, e outras, como atestam a visão do cidadão comum e os estudos científicos. Nesse amplo universo de elementos muito diversificados, a Igreja reafirma sua relação evangelizadora, missionária, com o mundo contemporâneo, no tocante às suas aspirações e às suas dificuldades: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”. Essa é a palavra da Gaudium et Spes em relação às aspirações humanas e institucionais: “as pessoas e os grupos anelam por uma vida plena e livre, digna do homem, pondo ao próprio serviço tudo quanto o mundo de hoje lhes pode proporcionar em tanta abundância. E as nações fazem esforços cada dia maiores por chegar a uma certa comunidade universal.” Todavia, ante a constatação de problemas e dificuldades de toda ordem e de forma ininterrupta, os Padres Conciliares traçaram esse retrato: “O mundo atual apresenta-se, assim, simultaneamente poderoso e débil, capaz do melhor e do pior, tendo patente diante de si o caminho da liberdade ou da servidão, do progresso ou da regressão, da fraternidade ou do ódio. E o homem torna-se consciente de que a ele compete dirigir as forças que suscitou, e que tanto o podem esmagar como servir.” De fato, o progresso e a debilidade do mundo atual confirmam o realismo dessa palavra conciliar. Tome-se como exemplo a aspiração da paz e a tragicidade da guerra no mundo atual. “Nestes nossos tempos, em que as dores e angústias derivadas da guerra ou da sua ameaça ainda oprimem tão duramente os homens, a família humana chegou a uma hora decisiva no seu processo de maturação. […] Por isso, o Concílio, explicando a verdadeira e nobilíssima natureza da paz, e uma vez condenada a desumanidade da guerra, quer apelar ardentemente para que os cristãos, com a ajuda de Cristo, autor da paz, colaborem com todos os homens no estabelecimento da paz na justiça e no amor e na preparação dos instrumentos da mesma paz.” 

Antes de serem palavras da literatura mundial, “Guerra e paz” fazem parte da linguagem do povo, num passado distante e na atualidade. Não obstante o desejo e o empenho pela edificação da paz, entristece a humanidade, sobremaneira, o fato de serem localizados muitos conflitos e guerras no mapa mundi, no momento atual. A esse respeito, assim se pronunciou a CNBB, em sua Mensagem ao Povo Brasileiro, durante a 61ª Assembleia Geral, em Aparecida: “Desejamos paz para os inúmeros países em guerra, cujas consequências são milhares de mortes e milhões de deslocados e refugiados. Os gastos militares em 2023 foram os mais altos desde a Segunda Guerra Mundial, enquanto a fome cresceu e alcança parcela significativa da população mundial.” A Constituição Gaudium et Spes, com indiscutível acerto, relaciona a paz com a justiça: “A paz não é ausência de guerra; nem se reduz ao estabelecimento do equilíbrio entre as forças adversas, nem resulta duma dominação despótica. Com toda a exatidão e propriedade ela é chamada ‘obra da justiça’ (Is. 32, 7).”

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Jardins Vaticanos: em oração com Maria pela paz mundial

Imagem de Nossa Senhora de Fátima recorda sua proteção a São João Paulo II no atentado na Praça São Pedro em 1981 (Vaticam News)

Para o mês de maio, dedicado a Nossa Senhora, todas as quartas e sábados, os Museus Vaticanos propõem um passeio dedicado à descoberta da espiritualidade mariana e à beleza dos Jardins do Papa. Irmã Emanuela Edwards: contemplando a natureza e a arte, recordamos a mensagem da Virgem: a única maneira de parar a guerra é o perdão.

Paolo Ondarza - Cidade do Vaticano

“A única maneira de parar a guerra é o perdão!”. A mensagem da Virgem Maria, que ao longo da história não deixou de indicar à humanidade caminhos para a salvação, é eclatante e clara. Em Fátima, por exemplo, aparecendo aos três pastorinhos, entregou um verdadeiro “plano de paz”, convidando o mundo a rezar, a voltar-se ao Evangelho, a consagrar-se ao seu Imaculado Coração.

Oração pela paz

Um itinerário mais atual do que nunca se considerarmos os vários cenários do mundo – recordados também no último domingo por Francisco durante a oração Regina Caelidurante a sua visita pastoral a Veneza – em que o barulho das armas não cessa.

Os Pontífices nunca deixaram de recordar a importância e o poder da oração pela paz. Neste contexto insere-se justamente a iniciativa “Maio com Maria” que, promovida pelos Museus Vaticanos todas as quartas-feiras e sábados, oferece aos visitantes a oportunidade de mergulhar na beleza dos Jardins Vaticanos, passando pelas diversas imagens marianas ali existentes.

Quartas e sábados

“No mês mariano – explica ao Vatican News Irmã Emanuela Edwards, responsável pelo Departamento de Atividades Educativas dos Museus Vaticanos – às quartas-feiras, os peregrinos são convidados a juntar-se a nós depois da audiência papal para esta excepcional abertura dos Jardins em honra a Nossa Senhora.  Além disso, na manhã do sábado, dia tradicionalmente dedicado a Maria, os visitantes podem desfrutar desta verdadeira peregrinação”.

A Rainha da Paz

“Maio com Maria – acrescenta a religiosa – é uma visita que inclui 10 paradas nos locais onde estão as estátuas e imagens mais importantes de Nossa Senhora. Recorda uma dezena do Rosário e portanto neste período em que existem tantas tensões no mundo, em cada imagem mariana rezaremos pela paz. Vale lembrar que nos jardins existem 27 imagens diferentes de Nossa Senhora, tanto que podemos dizer com razão que estes são os Seus jardins. Maria é a “Rainha da Paz”, é justo rezar desta forma pela paz no mundo”.

Gruta de Lourdes nos Jardins Vaticanos (Vatican News)

A oração do Papa

As imagens marianas propostas no tour “Maio com Maria” estão ligadas à devoção dos povos que recorreram à Virgem em tempos de guerra para invocar a paz. Em relação a Nossa Senhora de Fátima e ao conflito na Ucrânia, Irmã Emanuela recorda: “O Papa Francisco seguiu o apelo de Fátima consagrando a causa da paz à Rainha da Paz. Durante a nossa visita recitamos esta mesma oração diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, em comunhão com as intenções do Santo Padre”.

Nossa Senhora da Misericórdia nos Jardins Vaticanos (Vatican News)

A misericórdia, o caminho para uma paz duradoura

Ao caminhar pelos Jardins Vaticanos nos deparamos com outro exemplo da intercessão mariana em favor da paz: a Nossa Senhora da Misericórdia, criada por Renata Minuto na entrada do Chalé de Leão XIII.

“A Nossa Senhora – recorda a responsável do Departamento de Atividades Educativas dos Museus Vaticanos – apareceu ao agricultor Antonio Botta em 1536. Naquele período, Savona concentrava todas as suas forças em uma guerra contra a República de Gênova. Maria apareceu para convidar ambos os lados à paz, exortando-os a usar a misericórdia e não a justiça e assim pôr fim ao conflito. Aparecendo como Nossa Senhora da Misericórdia, nossa Mãe nos ensina como ter uma paz duradoura. Isto é o que ele quer que nos lembremos hoje em nosso mundo devastado pela guerra. A única maneira de parar a guerra é o perdão!”

Nossa Senhora da Guarda nos Jardins Vaticanos (Vatican News)

A espiritualidade dos Jardins Vaticanos

Natureza, fontes, antigos ARTEFATOS, estátuas da Virgem e dos santos contribuem para criar o que pode ser definido como a "espiritualidade dos Jardins Vaticanos", um refúgio de oração e de contemplação apreciado e vivido pelo Sucessor de Pedro.

“Neste lindo lugar os Papas, como João Paulo II e Bento XVI, tinham o hábito de fazer uma caminhada diária como momento de descanso e oração. O Papa Francisco, tal como os seus antecessores, também adornou os Jardins com uma estátua da Virgem de Luján, feita com materiais reciclados para nos lembrar que nada se perde, nada se descarta, mas tudo tem sentido dentro da magnífica obra de Deus. Podemos dizer que, em certo sentido, o jardim também reflete o ensinamento dos Papas e isso também nos deixa uma mensagem importante”.

Vista da Torre de de São João ao fundo e ícone de Nossa Senhora do Bom Conselho (Vatican News)

As visitas disponíveis no site dos Museus Vaticanos estão abertas a todos, incluindo famílias com crianças ou pessoas com deficiência sensorial, motora ou intelectual, que podem faze sua reserva no endereço e-mail education.musei@scv.va.

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Fé e família na nova evangelização (2/3)

Fé e família na nova evangelização | Opus Dei

Fé e família na nova evangelização

Num texto do Magistério sobre a família, o Papa João Paulo II afirmava que “a família nos tempos de hoje, tanto e talvez mais que outras instituições, tem sido posta em questão pelas amplas, profundas e rápidas transformações da sociedade e da cultura”.

O lugar onde se aprende a viver a fé

14/05/2014

A primeira responsabilidade de um lar cristão é transmitir a fé às novas gerações que nascem dentro dela, e ensinar a que vivam a fé. Esta primeira evangelização não é só tarefa ou dever dos pais. Muitos poderíamos fazer própria uma lembrança do Papa Francisco, que mostra como a família toda é chamada a transmitir a fé, porque todos os membros contribuem para a formação de um lar cristão: “foi sobretudo a minha avó, mãe do meu pai, que marcou o meu caminho de fé. Era uma mulher que nos explicava, falava de Jesus, ensinava o Catecismo. Lembro-me sempre que, na Sexta-Feira Santa, ela nos levava à noite à procissão das velas; no final desta procissão, passava o “Cristo jacente”, e a avó fazia-nos – a nós crianças – ajoelhar e dizia-nos: “Olhai! Morreu, mas amanhã ressuscita”. Recebi o primeiro anúncio cristão precisamente desta mulher, da minha avó! Tudo isto é muito belo! O primeiro anúncio em casa, com a família! (...) O mesmo acontecia nos primeiros tempos, porque São Paulo diz a Timóteo: “Recordo a fé da tua mãe e da tua avó” (cf. 2 Tm 1, 5)”[8].

Deste modo a família é chamada a ser “uma comunidade de pessoas, para quem o modo próprio de existirem e viverem juntas é a comunhão”[9], porque para transmitir a fé “não é suficiente uma teoria justa ou uma doutrina a ser comunicada. Há necessidade de algo muito maior e humano, daquela proximidade, quotidianamente vivida, que é própria do amor e que encontra o seu espaço mais propício na comunidade familiar”[10]. Transmitir a fé na família requer, em primeiro lugar, o exemplo de amor recíproco dos pais. Deste modo, os filhos veem a doutrina do amor e da caridade cristã feita realidade. Um amor bem fundamentado, sincero e comprometido, fiel, autêntica doação. E, ao mesmo tempo, um amor esforçado, trabalhado dia a dia. Sem um amor firme e estável entre marido e mulher, não servirão muito os esforços que puserem para educar os filhos. Em última análise, educar consiste em ensinar a amar, e o amor se ensina vivendo.

Ao mesmo tempo, a vida de fé dos pais e o seu testemunho devem impregnar de espírito cristão o lar e facilitar que os filhos incorporem na sua vida com naturalidade as práticas cristãs que ajudam a crescer na fé: a oração, o santo rosário, a participação na Santa Missa. “A oração recitada juntos é um momento precioso para tornar ainda mais sólida a vida familiar”[11], que se converte em lugar de diálogo com Deus. “O lar é, assim, a primeira escola de vida cristã e “uma escola de enriquecimento humano”. É aqui que se aprende a tenacidade e a alegria no trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e sempre renovado, e, sobretudo, o culto divino, pela oração e pelo oferecimento da própria vida”[12]. O exemplo pessoal dos pais no cultivo da própria vida interior (frequentar os sacramentos, ter um plano de vida, participar de meios de formação cristã, etc.) também é uma grande ajuda para a educação dos filhos, além de dar ocasião para conversas mais profundas.

Num lar cristão, “a fé e a esperança têm que manifestar-se na serenidade com que se encaram os problemas, pequenos ou grandes, que surgem em todos os lares, no ânimo alegre com que se persevera no cumprimento do dever. Assim, a caridade inundará tudo e levará a compartilhar as alegrias e os possíveis dissabores, a saber sorrir, esquecendo as preocupações pessoais para atender os demais; a escutar o outro cônjuge ou os filhos, mostrando-lhes que são queridos e compreendidos de verdade; a não dar importância a pequenos atritos que o egoísmo poderia converter em montanhas; a depositar um amor grande nos pequenos serviços de que se compõe a convivência diária”[13].

Assim aprende-se a importância da gratuidade e prontidão próprias do amor, que leva a ser mais delicados com os outros, sabendo agradecer os pormenores que têm conosco –agradecimento que facilita o serviço, fazendo-o mais atraente e enchendo-o de sentido – e sem calcular os favores realizados. A caridade ajuda a manter elevado o tom humano no comportamento, para tornar o convívio agradável para os outros membros da família. Este é o ambiente em vivia a Sagrada Família: “Em Belém, ninguém reserva nada para si. Ali não se ouve falar da minha honra, nem do meu tempo, nem do meu trabalho, nem das minhas ideias, nem dos meus gostos, nem do meu dinheiro. Ali se coloca tudo ao serviço do grandioso jogo de Deus com a humanidade, que é a redenção”[14].

maio 2013

© CRIS 2013

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[8] Papa Francisco, Encontro com os Movimentos eclesiais, 18-5-2013

[9] São João Paulo II, carta às famílias, 2-2-1994, n. 7

[10] Papa Bento XVI, discurso, 6-6-2005

[11] Papa Francisco, Audiência geral, 1-5-2013

[12] Catecismo da Igreja Católica, 1657

[13] É Cristo que Passa, 23

[14] São Josemaria Escrivá, Carta 14-2-1974, n. 2

 Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF