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sexta-feira, 3 de maio de 2024

Melquisedec: sacerdote e rei

Melquisedec: rei de Salém | Catequistas Brasil

Melquisedec: sacerdote e rei

Etim. Hebraica: meu rei (é) (o deus) Sedec

ANTIGO TESTAMENTO

O nome aparece duas vezes. Gn 14, 18-20 afirma que esse personagem é o “rei de Salém” (nome da Jerusalém primitiva), sacerdote de El-Elyôn, “o Deus Altíssimo, Criador do céu e da Terra” (divindade suprema  do panteão cananeu, adorada nesta cidade). Em nome de seu deus, ele abençoa Abraão que lhe apresenta o dízimo. E depois, o Sl 110, 4 cita um oráculo associando em Melquisedec sacerdócio e realeza.

Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho; ele sacerdote do Deus Altíssimo, Ele pronunciou esta bênção: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo que entregou teus inimigos entre tuas mãos.” E Abrão lhe deu o dízimo de tudo. (Gn 14, 18-20)

As frases do Gênesis interrompem o contexto: o diálogo entre Abraão e o rei de Sodoma. Estamos portanto diante de uma tradição relativamente tardia, destinada a estabelecer relação entre Jerusalém e Abraão. O patriarca recebeu a bênção do deus venerado em Jerusalém: este deus lhe deu o domínio sobre seus inimigos e suas riquezas. A bênção lhe foi transmitida pelo sacerdote do santuário a quem Abraão respeitosamente ofereceu uma parte dos seus bens.

Esta relato deve então ter servido, primeiro, para realçar o sentido – e, por conseguinte, justificar – da tomada de Jerusalém por Davi e da elevação desta cidade e de seu santuário, de origem jebuseia, ao status de capital do reino e do santuário nacional (o autor vê neste fato o cumprimento da bênção dada a Abraão); e, em segundo lugar, para justificar a manutenção do sacerdote Sadoc (que tem o nome do deus cananeu Sedec e devia ser o seu sacerdote) ao lado de Abiatar, há muito tempo companheiro sacerdotal de Davi (1Sm 22, 21-23. Descendente do remoto antepassado Melquisedec, que Abraão tinha honrado e cuja bênção aceitara, este sacerdote Sadoc parece um autêntico javista. O versículo 4 do Sl 110 pode então ser lido como o eco de uma frase real, dirigida por Davi ao sacerdote Sadoc, para afirmar a legitimidade javista daquele que era “sacerdote como Melquisedec”.

Iahweh jurou e jamais desmentirá: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec”. (Sl 110, 4)

NOVO TESTAMENTO

É com extrema liberdade que os autores utilizam as duas alusões veterotestamentárias a Melquisedec. Essa liberdade é um prolongamento daquela com a qual o judaísmo comentara o significado desta antiga personagem. A Igreja vê portanto em Melquisedec uma figura de Jesus Cristo, e por diversos motivos.

Melquisedec era sacerdote e rei. Cristo é sacerdote “como Melquisedec”, por unir em sua pessoa, como ele, sacerdócio e realeza (Hb 5, 6.10; 6, 20). Melquisedec é mencionado no Gênesis sem que se diga uma palavra de seus ancestrais; ao contrário, os sacerdotes judeus se orgulham de sua ascendência aarônica, que serve de fundamento a suas funções. Cristo, estranho a sua linhagem sacerdotal, que é a única habilitada para o exercício do sacerdócio, é portanto sacerdote por vocação divina e não por descendência, e nisso é também semelhante ao rei de Salém. O sacerdócio desse rei, estranho à linhagem de Aarão, foi reconhecido e venerado por Abraão, o próprio ancestral de Aarão. Mediante esse antepassado remoto, os aarônidas venceram então o sacerdócio de Melquisedec, imagem do sacerdócio de Cristo. De maneira semelhante, o sacerdócio de Cristo deve ser reconhecido e venerado por todos os filhos de Aarão e até mesmo por todos os descendentes de Abraão.

Este Melquisedec é, de fato, rei de Salém, sacerdote de Deus Altíssimo. Ele saiu ao encontro de Abraão quando esse regressava do combate contra os reis, e o abençoou. Foi a ele que Abraão entregou o dízimo de tudo. E o seu nome significa, em primeiro lugar, “Rei de Justiça”; e, depois, “Rei de Salém”, o que quer dizer “Rei da Paz”. É assim que se assemelha ao Filho de Deus, e permanece sacerdote eternamente. (Hb 7, 1-2.3b)

Fonte: Dicionário Bíblico Universal – Págs. 511/512 – Ed. Santuário, Aparecida-SP -SP e Ed. Vozes, Petrópolis-RJ - 1997

Os animais de estimação serão ressuscitados como nós?

© Robert Kamanov I Shutterstock
Lucandrea Massaro publicado em 13/12/14 atualizado em 02/05/24
Uma pergunta que assombra a mente de quem ama os animais é: o que acontecerá com os animais de estimação no fim dos tempos? Eles serão ressuscitados ou não?

Os animais serão ressuscitados ou não? Para Gianluigi Pasquale, frade menor capuchinho e professor de teologia fundamental na Pontifícia Universidade Lateranense, a chave é entender o que é a Ressurreição , que consiste na reunião da alma e do corpo, que só as pessoas têm.

Reintegrado à vida de outra maneira

Neste sentido, não é apropriado falar da ressurreição dos animais. Mas será que isto significa que os animais estão simplesmente destinados a desaparecer? Não: serão reintegrados na vida, mas de uma forma diferente.

Papa falou da doutrina da Ressurreição, referindo-se naturalmente às pessoas que depositam a sua esperança em Cristo.

Porém, uma pergunta recorrente também vem à mente: O que acontecerá com meu cachorro? Qual é o destino dos animais na história da salvação?

Toda a Criação retornará para Deus

Deus Pai previu que a criação do Homem (como diz Tomás de Aquino ) será "um afastamento de Deus e um regresso a Deus" ( exitus a Deo e redditus ad Deum ). Este caminho é garantido por Cristo.

A confirmação nos vem de São Paulo, que diz: “Todas as coisas foram feitas nele, por meio dele e para ele” ( Cl 1,16 ). Toda a Criação retornará a Deus, exceto o pecado.

O homem, que é imagem e semelhança de Deus, retornará ao Pai. Tudo isso é garantido pelo Espírito Santo e acontecerá com a ressurreição dos corpos.

A criação e as criaturas também “experimentam as dores do parto, esperando voltar para aquele Deus que as criou” ( Rm 8:22 ).

Pensemos também nas sugestivas imagens presentes no Cântico das Criaturas de São Francisco.

Eles não vão subir como homens

Em termos simplificados, os cães e os gatos não ressuscitarão como os homens, mas graças aos homens que os amaram, serão reintegrados naquele retorno a Deus que os criou.

Os animais percebem que foram criados e expressam isso com o desejo de voltar para Deus: “todas as criaturas louvem ao Senhor”, dizem os Salmos do Antigo Testamento.

A ressurreição da carne corresponde apenas aos homens e às mulheres, mas o resto da criação não está destinado a desaparecer, a uma dissolução sem sentido.

Por que é impensável, por exemplo, que os animais que mais amamos em nossas vidas não ressuscitem conosco no final dos tempos?

A alma humana

O que acontece imediatamente após a nossa morte? Imediatamente depois, nossa alma (uma forma popular de designar o eu que somos) vê a Glória de Deus. É por isso que incensamos os mortos. Esperando para se reunir com o corpo no final dos tempos.

Esta “alma” (Constituição Apostólica Benedictus Deus de 1336), é – por assim dizer – uma “mistura” de corpo e alma, é um “eu substancial” no qual carregamos conosco todas as relações que vivemos em nossa vida. vidas.

Portanto, também as relações emocionais que tivemos com os nossos animais domésticos.

A imortalidade da alma me afeta, mas também existe um “nós”, porque é o conjunto de relações entrelaçadas durante a nossa vida.

O teólogo e estudioso bíblico Paolo De Benedetti – mas antes dele Andrew Linzey e muitos outros – questionou-se sobre a possibilidade de uma “teologia dos animais”. Há espaço para uma reflexão sobre os animais na Igreja Católica?

A reflexão da Igreja sobre os animais

Certamente há espaço, na Igreja há pelo menos quatro pontos firmes sobre essas questões:

– A Igreja Católica sempre foi um dos primeiros sujeitos a lutar pela preservação da Criação. A criação é a relação entre o que existe e o seu Criador, dizendo “Eu dependo Dele”.

– É preciso guardar a Criação ( Gênesis 1, 26-28 )

– A Igreja percebeu (no cenário da pós-modernidade) que o homem exigiu da Criação mais do que ela poderia dar. Como diz Leopardi na “Ginestra”, a Natureza pede uma espécie de resgate.

– A Igreja está empenhada (materialmente através da Comissão Justiça e Paz ) para que o homem possa tornar mais habitável a Casa que Deus lhe confiou.

– A diferença radical entre o homem e o animal está no Logos, na capacidade de falar.

– O homem fala em diálogo; Falta reciprocidade no animal, ele não pode se relacionar completamente com o homem. E aqui devemos distinguir entre actus humanum e actus hominis . Até beber um copo d’água para nós é um ato cultural, é um ato humano.

Atos humanos

Depois há os atos humanos, aqueles em que nos expressamos como seres que amamos. Aqui está a semelhança com Deus. Posso perdoar alguém que me trai, não um animal.

É por isso que é inapropriado falar de ressurreição para eles. Os animais não possuem esse dispositivo dialógico, mesmo que pudessem ser ressuscitados, não o desejariam. Eles querem se unir a Deus como seu Criador, mas através de nós.

Fonte: https://es.aleteia.org/

Dilemas éticos da redução do homem ao animal

A redução do homem e a elevação do animal ao status humano | Olhar Animal

DILEMAS ÉTICOS DA REDUÇÃO DO HOMEM AO ANIMAL

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

Jean-Claude Guillebaud, em sua obra “O Princípio de Humanidade”, aborda o dilema filosófico e ético na definição da humanidade do homem, especialmente no contexto das inovações tecno-científicas que desafiam a distinção tradicional entre humanos e outras formas de vida. Este dilema surge da crescente capacidade da ciência de manipular a vida a níveis genéticos e cognitivos, levando a uma possível erosão dos critérios que historicamente definiram o que significa ser humano. 

Entre essas tendências, destaca-se a que reduz o ser humano ao nível animal e vice-versa. Com a antropomorfização dos animais, atribuímos características e emoções humanas a eles. Expressões como “meu cachorro está triste” ou “meu cachorro está alegre” ilustram essa tendência, sugerindo que podemos compreender os estados emocionais dos animais por meio de parâmetros humanos. Embora essa prática enriqueça nossa relação emocional com os animais, pode nos levar a equívocos sobre a verdadeira natureza de suas experiências e necessidades, representando uma tentativa de elevar animais ao status de humanos. Esta tentativa pode, paradoxalmente, levar a uma degradação do conceito de humanidade. 

Por outro lado, o campo da etologia demonstrou que muitos animais possuem formas de inteligência e comportamentos sociais complexos, o que desafia a antiga noção de uma distinção clara entre humanos e outros animais. Tais estudos têm alimentado argumentos a favor de uma maior consideração ética e jurídica para com os animais, levando à adoção de leis que os protegem contra maus-tratos e à discussão sobre direitos dos animais. 

A Declaração Universal dos Direitos dos Animais, adotada pela UNESCO em 1978, é um exemplo de como a legislação pode refletir essa nova sensibilidade ética. Equiparar, ao menos em princípio, os direitos dos animais aos direitos humanos sugere um reconhecimento de sua senciência e dignidade. Contudo, essa equiparação também levanta questões sobre o alcance desses direitos. Animais, apesar de poderem ser beneficiários de direitos, não têm capacidades para exercer deveres, o que mantém uma distinção fundamental entre humanos e outras espécies. 

A redução do humano ao animal e a elevação do animal ao status humano colocam desafios antropológicos significativos. Se aceitamos que certos animais podem ter direitos comparáveis aos humanos, como isso redefine o conceito de humanidade? A humanidade é uma qualidade biológica, cultural, ou uma mistura de ambas? E como isso afeta nossa responsabilidade ética e nossa autopercepção como espécie? 

Com avanços nas neurociências e genética, aprendemos que os humanos compartilham muitos traços biológicos com outras espécies, especialmente os primatas. Essas descobertas têm erodido as barreiras que historicamente colocávamos entre nós e eles. No entanto, isso também levanta questões sobre o que fundamentalmente constitui a humanidade. Se a base biológica é tão similar, o que nos faz humanos? É a cultura, a linguagem, a ética? 

A dificuldade em definir claramente o que é “humano” em uma era de avançada biotecnologia ameaça a própria fundação dos direitos humanos. Se não conseguimos articular claramente o que torna alguém “humano”, como podemos proteger esses indivíduos de abusos e explorações que são categoricamente condenados pelas sociedades modernas? 

O movimento contemporâneo em direção ao anti-humanismo e à ecologia profunda desafiam a visão antropocêntrica tradicional, propondo que os humanos não são o ápice da criação, mas apenas uma parte de um ecossistema interconectado. Por um lado, tal visão exige uma nova humildade e uma reavaliação do nosso lugar no mundo natural, promovendo uma ética que respeite mais profundamente todas as formas de vida; por outro, torna-se uma tentativa de relativizar a humanidade do homem. 

Quando reduzimos o homem ao status de animal, implicitamente negamos qualidades e capacidades que podem ser consideradas exclusivamente humanas, como a linguagem simbólica complexa, a moralidade, e a capacidade de reflexão e autotranscendência. Guillebaud alerta para o risco de uma visão puramente biológica ou etológica que, ao buscar paralelos entre humanos e animais, pode acabar desvalorizando aspectos únicos do ser humano. 

A rápida evolução da ciência e tecnologia está forçando uma reavaliação crítica da singularidade e dignidade humana, em um mundo cada vez mais propenso a desafiar essas definições. A solução não é rejeitar os avanços tecnológicos, mas sim buscar um equilíbrio que incorpore uma ética sólida, respeitando a diversidade biológica e a singularidade humana. As interações crescentes entre humanos e animais, ampliadas pela ciência, nos convidam a repensar antigos conceitos de ética e direitos, enfatizando a necessidade de tratar os animais de forma ética, ao mesmo tempo que reconhecemos as características únicas que definem a humanidade.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Enchentes no RS: "é desesperadora" a situação, testemunha padre de Caxias do Sul

As imagens da inundação em Venâncui Aires | diocese de Caxias do Sul/RS

O Padre Leonardo Inácio Pereira, vigário geral e coordenador de Pastoral da Diocese de Caxias do Sul/RS, está em contato direto com as paróquias do interior que atendem as famílias atingidas pelas enchentes no Estado. Em balanço provisório, são pelo menos 10 mortes e 21 desaparecidos. A Igreja já está mobilizada em campanha de doações: o cenário é de "comunidades isoladas, pontes destruídas, estradas interrompidas", descreve dom Jaime Spengler.

Andressa Collet - Vatican News

“Há poucas horas conversava com alguns padres que estão diretamente ligados a essas comunidades, que estão nos salões paroquiais, onde ainda existe energia elétrica, estão tendo acesso às famílias que sofreram as consequências dessas enchentes. A situação é desesperadora. Desesperadora.”

O testemunho é de Padre Leonardo Inácio Pereira, vigário geral e coordenador de Pastoral da Diocese de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Mais de 100 cidades foram afetadas pelos temporais que começaram ainda na segunda-feira (29). Imagens fortes de inundações, quedas de barreiras e pontes, deslizamentos de terra e transtornos em geral têm ganhado o país através das redes sociais. A onda de mau tempo volta a castigar os gaúchos em menos de 8 meses daquela que, em setembro de 2023, afetou mais de 120 mil pessoas.

As enchentes já fizeram pelo menos 10 mortes e 21 pessoas estão desaparecidas | diocese de Caxias do Sul/RS

O balanço provisório na manhã desta quinta-feira (2) é de pelo menos 10 mortes e 21 desaparecidos decorrentes dos temporais que atingem principalmente as regiões da grande Porto Alegre, Vales, Central, Serra e Sul. Segundo a Defesa Civil, quase 4 mil e meio de pessoas estão desabrigadas. Em nota divulgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), está sendo feito um monitoramento nas barragens, com planos de ação de emergência e segurança já acionados.

Segundo coletiva de imprensa com o governador Eduardo Leite nesta quarta-feira (01), o presidente Lula deve visitar o Rio Grande do Sul ainda nesta quinta (02). O arcebispo de Porto Alegre/RS e presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, comentou à Rádio Vaticano-Vatican News que a previsão do tempo ainda alerta para risco de chuvas:

“A situação é preocupante em várias regiões do Estado: há várias comunidades isoladas, pontes foram destruídas, estradas foram interrompidas. Uma situação realmente muito dura. E as previsões da meteorologia não são nada favoráveis: se diz que nos próximos dias ainda teremos chuvas intensas. Isso redobra a nossa preocupação. Realmente a situação é muito, muito preocupante.”

Hora de invocar o Padroeiro do RS

Dom Jaime exorta solidariedade neste momento, além de uma oração especial:

"Oração no sentido de pedir ao Padroeiro do Rio Grande do Sul, São Pedro, e porque também não dizer a Nossa Senhora, pedindo, sim, que cessem as chuvas. Precisamos de oração, necessitamos de solidariedade. Há uma multidão sofrendo. Também, aqui na região metropolitana de Porto Alegre, nos próximos dias, como diz a Defesa Civil, sofreremos as consequências das chuvas. As águas começam a descer das montanhas. Normalmente as águas chegam dois, três dias depois aqui na região metropolitana."

A campanha de doação que parte da Igreja em Porto Alegre | diocese de Caxias do Sul/RS

A Igreja em Porto Alegre está promovendo uma campanha de solidariedade, assim como todo o Regional Sul 3 da CNBB, para angariar fundos em favor das famílias atingidas pelas chuvas e enchentes. Em especial, a diocese de Caxias do Sul reabriu neste nestes dias a campanha de ajuda econômica para dar apoio material aos mais necessitados das paróquias, como explicou o Pe. Leonardo. É possível fazer doações via PIX, pela chave (e-mail): doacoes@diocesedecaxias.org.br:

"É uma conta que a nossa diocese tem para esses casos emergenciais. No ano passado nós conseguimos arrecadar 330 mil reais e ainda havia um saldo para ajudar as famílias que estão ainda vivendo as consequências daquela primeira enchente e, agora, precisamos, sem dúvida alguma, arrecadar mais valores para podermos ajudar essas famílias agora que estão sofrendo neste momento histórico."

As doações também podem ser feitas através da diocese de Caxias do Sul | diocese de Caxias do Sul/RS

É tempo de solidariedade

Dom José Gislon, bispo de Caxias do Sul, também comentou do apoio espiritual que está sendo dado em nível diocesano, "porque é tempo de solidariedade e de estarmos próximos dos cuidadores do Povo de Deus, dos sacerdotes" com a presença da Igreja para superar este momento:

"Creio que é importante nesse momento mantermos um princípio de comunhão, de apoio, também na realidade eclesial. Por isso tomei a liberdade no dia de hoje de ligar para vários padres, tendo presente as situações que envolvem várias as nossas paróquias para saber como é que estava a situação no local, qual a necessidade de apoio e em cima disso também motivarmos para a solidariedade entre as várias paróquias, mas também instituições que queiram ajudar as pessoas flageladas, que tiveram suas casas casas atingidas pela enchente, mas também muitas situações de vulnerabilidade social que precisam do apoio e da solidariedade como um todo."

Colaboração: Felipe Michelon Padilha - diocese de Caxias do Sul/RS

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Filipe e São Tiago Menor

São Filipe e São Tiago Menor (A12)
03 de maio
São Filipe e São Tiago Menor

Filipe nasceu em Betsiada da Galiléia, no reino de Israel, mesma cidade de São Pedro e Santo André, e talvez fosse pescador como eles. Tem origem judaica e nome grego, sendo discípulo de São João Batista, mas foi chamado a ser Apóstolo por Cristo no mesmo dia que Pedro e André; consta que era casado e com três filhos, e seguir Jesus foi de consentimento mútuo e doloroso para ele e para a família.

Aparece sempre em quinto lugar nas listas dos Apóstolos, indicando uma preferência de Jesus, talvez por segui-Lo imediatamente após o convite (“Segue-me”, Jo 1,43). Logo chamou Natanael (São Bartolomeu), e em resposta às suas dúvidas, disse: “Vem e vê!” (Jo 1,46), o que segundo Bento XVI mostra que agiu como verdadeira testemunha, não apenas apresentando uma teoria, mas convidando para uma experiência pessoal.

ele Se dirige Jesus na multiplicação dos pães e dos peixes (Jo 6,5-7), outra sugestão de Sua preferência. Com Santo André, próximo da Paixão, intercede junto ao Cristo por alguns gregos que O queriam ver (Jo 12,20-22), provavelmente porque falava o idioma, demonstrando assim já caridade para com os pagãos (por isso é muito querido na Grécia e padroeiro do país).

Contudo é chamado à atenção por Nosso Senhor na Última Ceia, após pedir a Ele que mostre o Pai, pois “isto nos basta”: “Filipe, há tanto tempo que convivo convosco e ainda não Me conheces? Quem Me viu, viu o Pai. (…) Não crês que estou no Pai e o Pai está em Mim? (…) Se não, crede ao menos em razão das obras” (Jo 14,7-11).

Tradição diz que após Pentecostes pregou na Ásia Menor a gregos, citos e partos, obtendo muitas conversões. Chegando a Hierápolis, na Frígia (centro-oeste da atual Turquia), foi martirizado, por lapidação ou crucificado de cabeça para baixo num cruz em forma de “X”; isto por volta dos anos 80, quando ocorre a conversão de São Policarpo, que foi seu discípulo.

Tiago “Menor” é assim diferenciado de outro Apóstolo, Tiago Maior, irmão de São João Evangelista e filho de Zebedeu, não porque fosse inferior em santidade, mas porque o segundo participou de algumas situações específicas que ganharam destaque, como a Transfiguração e o chamado à vigília com Cristo no Horto das Oliveiras.

Tiago Menor era filho de Alfeu e primo de Jesus, fisicamente parecido como o Senhor (um dos motivos pelos quais Judas Iscariotes precisou indicar Jesus aos romanos quando da Sua prisão); de fato, São Paulo se refere a ele como “irmão” de Jesus, um termo que indicava o parentesco próximo na língua hebraica (e erroneamente interpretado de forma literal pelos protestantes, que por isso alegam que Nossa Senhora teria mais de um filho…). São Judas Tadeu e São Simão Cananeu, igualmente Apóstolos, eram seus irmãos consanguíneos. Por sua conduta exemplar, recebeu o apelido de “o Justo”.

Após a Ressurreição, Jesus lhe aparece especificamente (cf. 1 Cor 15,7). É considerado o primeiro bispo de Jerusalém, e São Paulo o cita mesmo antes de Pedro (“Tiago, Pedro e João, considerados colunas da Igreja”, Gl 2,9) a este respeito. Nesta função, seu parecer no Concílio de Jerusalém que presidiu no ano 50 foi acatada, ao afirmar que os convertidos pagãos não precisavam ser circuncidados para pertencer à Igreja (At 15,13).

Na sua carta constante no cânon bíblico está fundamentado o Sacramento da Unção dos Enfermos, e também a essencial afirmação de que “a fé sem obras é morta” (Tg 2,14-19; 5,14-15), ou seja, crer sem praticar as boas obras e obedecer aos ensinamentos de Cristo não é suficiente para a salvação (o que levou Lutero, ao querer justificar a sua heresia de que basta a fé para a salvação – “sola fide” – a não incluir, com outros documentos, esta carta na sua versão da Bíblia, versão esta que, por sua vez – “sola escriptura” – alegou ser fonte única da palavra de Deus, ignorando a Tradição que necessariamente a precede e justifica).

Flavio Josefo, famoso historiador romano, registrou que o Sumo Sacerdote judeu Anano, filho de Anás, aproveitando o intervalo entre a deposição de um Procurador romano e a chegada do seu sucessor, decretou em 62 a pena de morte por lapidação para São Tiago Menor, na época já muito idoso.

 As relíquias de São Filipe e de São Tiago Menor foram sepultadas na Basílica dos Santos Doze Apóstolos em Roma, inicialmente dedicada somente a eles; por este motivo sua festa é celebrada no mesmo dia.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Consolador é vermos que nossos altos e baixos na vida espiritual têm paralelo na conduta dos próprios Apóstolos: por exemplo, à grandiosa primeira atitude de São Filipe para com Jesus, de “segui-Lo imediatamente” e abandonar tudo o mais, seguiu-se a posterior repreensão de “há tanto tempo que convivo convosco e ainda não me conheceis”. De fato, somos verdadeiramente capazes de gestos generosos, mas há quanto tempo nós, a grande maioria dos católicos, convive com o Cristo, na oração e Eucaristia, mas não O conhece realmente, pois sequer lembramos das Suas obras, que devemos imitar na caridade com o próximo, ou dos Seus – atualíssimos – milagres, que devem na Fé acabar com nossas dúvidas e hesitações? Ao menos, perseveremos e cresçamos como os Apóstolos, que mesmo nas suas misérias humanas, contando com a infinita e misericordiosa bondade de Deus, escolheram por Ele, apesar de tudo. Só assim seremos “irmãos de Cristo” – da Sua família – semelhantes a Ele… não “de aparência”, mas “na aparência” da vida interior e exterior de resoluta caridade: “parentesco” entende-se como “parecer por laços de íntima união”.

Oração:

Senhor, nosso Mestre e Pai, concedei-nos pelos exemplos e intercessão de São Filipe e São Tiago Menor seguir-Vos como eles o fizeram, testemunhas do Vosso amor a ponto de Vos dar a conhecer pelo convívio direto Convosco, pois queremos morrer para uma vida sem obras concretas de Fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Jesus Cristo é o bom Pastor, segundo Santo Agostinho

Jesus Cristo: bom Pastor (diocesedemaraba)

JESUS CRISTO É O BOM PASTOR, SEGUNDO SANTO AGOSTINHO

26 de abril de 2024 

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

A Igreja refletiu no quarto domingo da Páscoa e na semana seguinte a boa nova de Jesus do bom Pastor no evangelista São João (cf. Jo 10,1-18), A figura é bem percebida no mundo de hoje e na vida eclesial, nos quais os ministros sagrados e todas as lideranças são chamados a viver o pastoreio de Jesus na família, na comunidade e na sociedade. Ele conhece as suas ovelhas e as ovelhas o conhecem (cf. Jo 10, 14). Jesus dá a vida para elas para que tenham sempre mais vida e vida em plenitude (cf. Jo 10, 10). Veremos a seguir estes dados em Santo Agostinho, bispo de Hipona, nos séculos IV e V no Norte africano[1].

Jesus é o bom Pastor (cf. Jo 10, 11).

Jesus é o bom Pastor que está em comunhão com o Pai, com o seu pastoreio e que vive a dimensão da bondade infinita, carregada de paz e de amor para com as suas ovelhas. Segundo o bispo de Hipona, Jesus é o bom pastor em relação às ovelhas, pelo fato de que elas pertencem a Ele e porque elas estão em unidade com o seu Pastor. Ele vai adiante delas e as ovelhas conhecem a sua voz (cf. Jo 10,4). Ele é bom porque as ama e também pelo fato de que as conduz para a vida eterna sabendo que ele não quer que nenhuma delas se perca, mas elas vivam para sempre[2].

Jesus é a porta (Jo 10,9 ).

Para Santo Agostinho Jesus é a porta das ovelhas, porque Ele é o Pastor verdadeiro, capaz de dar sempre a sua vida pelas ovelhas[3]. Ele sendo Ressuscitado dos mortos pelo Pai vai adiante das ovelhas porque a morte não tem domínio sobre ele, de modo que a venceu para sempre[4]. A pessoa entra e sai pela porta e encontra pastagem (cf. Jo 10, 9). Ela, a pessoa entra na Igreja pela porta que é Cristo, pela meditação das coisas de Deus e sai para o serviço aos outros, e a Deus[5]. A entrada por Cristo é o pensamento de acordo com as virtudes teologais, pela fé, esperança e caridade e sai em unidade com Cristo para realizar as obras de amor[6]. Jesus é a porta que leva as pessoas para a vida eterna (cf. Jo 10,9). As pastagens referem-se para aqueles que tem fome e sede de justiça (cf. Mt 5,6).Ele mesmo vem ser a porta, o Pastor, segundo Santo Agostinho, que entra e saia também através de si mesmo vindo a ser Jesus também o porteiro[7], pelo fato de que a porta é aquilo pelo qual a pessoa entra e o porteiro é aquele que abre a porta[8].

A escuta da voz do bom pastor.

A palavra de Jesus onde ele diz que é bom pastor refere-se às ovelhas presentes e as futuras, a todas aquelas que vierem a ser ovelhas. Todas escutam e escutarão a voz que diz que Jesus é o bom pastor (cf. Jo 10,11). A palavra bom não se acrescentaria se não houvesse segundo Santo Agostinho, pastores maus[9], sendo estes ladrões, salteadores, mercenários. O bispo distinguiu os nomes entre os bons que são a porta, o porteiro, o Pastor e as ovelhas e entre os maus visualizam-se os ladrões, salteadores, mercenários e o lobo[10].

Jesus é Pastor como é ovelha.

O bispo de Hipona afirmou que Jesus é tanto Pastor como ovelha. Como é lido no Evangelho de São João Jesus disse que Ele é o bom Pastor, suscitando também a pergunta onde aparece que ele é a ovelha? A palavra de Deus disse que o Servo foi conduzido como ovelha a ser imolada (cf. Is 53,7). Uma grande semelhança existe entre o cordeiro, ovelha e os pastores por serem estas realidades unidas por um vínculo de amizade[11], na pessoa de Jesus como Pastor e ovelha para ser imolada em vista da salvação de toda a humanidade.

Os mercenários.

Santo Agostinho teve também presentes, segundo a palavra de Jesus a realidade dos mercenários, que fogem ao ver o perigo e o lobo chegarem (cf. Jo 10,12-13). Eles buscam os próprios interesses, não os de Jesus Cristo (cf. Fl 2,21). Eles não amam a Cristo gratuitamente, não buscam a Deus por causa de Deus, mas perseguem benefícios temporárias, sempre aspirando lucros, indo atrás de honrarias da parte dos seres humanos[12]. O Senhor disse também aos seus seguidores e seguidoras sobre a necessidade de não serem mercenários, mas bons pastores, porque pelos seus frutos as pessoas conhecerão que tipo de pastores são na realidade (cf. Mt 7,16). Por isso é preciso viver a mensagem de Jesus na realidade atual.

Os pastores em unidade com o único Pastor, Jesus.

Santo Agostinho afirmou que os apóstolos foram pastores em unidade ao único Pastor, Jesus. Eles se regozijavam naquela Cabeça, viviam fortalecidos por um só Corpo num só Espírito, pertencendo todos ao único Pastor, Jesus[13]. Todos as pessoas que vieram depois dos apóstolos são chamadas a viver a unidade no Pastor que é o Senhor Jesus. Santo Agostinho convidou a todos os pastores para que apascentam bem as ovelhas nas pastagens do Senhor e ao mesmo tempo sejam apascentados[14], evangelizam e também sejam evangelizadas pelas ovelhas do Senhor e como Jesus deem as suas vidas pelo rebanho do Senhor e à glória de Deus Uno e Trino.

[1][1] Cfr. Comentários a São João I. Evangelho – Homilias 1-49. Tradução: Ir. Nair de Assis Oliveira, CSA (+), Luciano Rouanet Bastos. In: Santo Agostinho. São Paulo: Paulus 2022,

[2] Cfr. Idem, pg. 897.

[3] Cfr. Ibidem, pg. 901.

[4] Cfr. Ibidem, pg. 897.

[5] Cfr. ibidem, pg. 898.

[6] cfr. Ibidem, pg 898.

[7] Cfr. Ibidem, pg. 899.

[8] Cfr. Ibidem, pg. 904.

[9] Cfr. Ibidem, pg. 901.

[10] Cfr. Ibidem, pg. 901.

[11] Cfr. Ibidem, pg. 903.

[12] Cfr. Ibidem, pg. 905.

[13] Cfr. Ibidem, pg. 910.

[14] Cfr, Ibidem, pg. 912.

Fonte: https://diocesedemaraba.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF