OS TEMPOS FORTES DO ANO LITÚRGICO
Dom Orani João, Cardeal Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Cadernos do Concílio – Volume 13
Hoje nos debruçaremos no volume
treze da Coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II em preparação ao
Jubileu da Esperança de 2025. No próximo ano recordaremos os sessenta anos de
encerramento do Concílio Vaticano II, por isso, ao longo deste ano estamos
revendo alguns documentos e os temas de maior relevância tratados ao longo do
Concílio. Além de propor uma reforma litúrgica e nos sacramentos, o Concílio
publicou documentos importantes que transformaram a vida da Igreja e dos fiéis.
Nos volumes anteriores dessa
coleção tratamos sobre a liturgia, os sacramentos, a Eucaristia e o Domingo.
Hoje trataremos sobre um tema de extrema importância e que está intimamente
ligado a tudo o que já tratamos. Falaremos sobre o ano litúrgico e como ele
deve ser bem vivido por cada um de nós. Dentro do ano litúrgico existem
momentos fortes que devem ser celebrados por nós.
O ano litúrgico, do mesmo modo
que o ano civil, tem doze meses, mas o que o diferencia é o início e o término.
O ano litúrgico tem início no primeiro Domingo do Advento, normalmente último
domingo de novembro ou o primeiro de dezembro, e tem seu término na festa de
Cristo Rei do Universo, no penúltimo ou último Domingo de novembro.
O ano litúrgico inicia com o
tempo do Advento, em preparação ao Natal do Senhor. Após o tempo do Advento vem
o tempo do Natal, em seguida a primeira parte do tempo comum, após a primeira
parte do comum inicia o tempo da Quaresma com a Quarta-Feira de Cinzas. A
partir da celebração do Domingo de Páscoa inicia o tempo pascal que perdura por
cinquenta dias, até a festa de Pentecostes. Após Pentecostes volta o tempo
comum que permanece até a festa de Cristo Rei do Universo.
O ano litúrgico dominical é
dividido em 3 ciclos: A, B e C, as leituras são diferentes para cada ano e o
evangelista é um dos três sinóticos. No ano A, o Evangelho é de Mateus, no ano
B é de Marcos e no ano C é de Lucas. O Evangelho de João é proclamado no tempo
pascal e em algumas solenidades e festas. Ao longo da semana (dias feriais) ele
é divido em par e ímpar, mudando a cada dois anos as leituras e o salmos. Se
cada fiel católico for a missa ao longo de três anos aos Domingos e todos os
dias na semana acompanhará toda a Palavra de Deus proclamada e comentada.
O Ano Litúrgico nos ajuda a
lembrar que Cristo deve ser o centro das nossas vidas e conduz a nossa vida, de
nossa família, do nosso trabalho. Por isso a missa não é uma repetição, a cada
ano muda o conteúdo das leituras e a cada tempo litúrgico celebrado envolve-se
por um mistério, e tem uma essência que nunca muda, que é a Eucaristia com as
diversas orações eucarísticas, prefácios e comemorações.
Ao longo do ano litúrgico além
dessas celebrações principais que já mencionamos e que marcam o ano, existem
outras celebrações para animar a vida de fé dos fiéis. Como por exemplo os
meses temáticos: mariano, vocações, Bíblia e missões. Existem semanas especiais
e também dias especiais. Além da solenidade da Santíssima Trindade, Sagrado
Coração de Jesus e as festas marianas.
Outro fator que marca o ano
litúrgico são as cores dos paramentos para cada tempo. No tempo do Advento e da
Quaresma a cor usada é a roxa, que significa oração, vigilância e penitência.
Na Páscoa e no Natal a cor litúrgica é o branco, ou seja, a Igreja é envolvida
de uma grande alegria pelo nascimento e posterior ressurreição de Jesus. No
tempo comum a cor predominante é o verde, que significa a esperança na chegada
do reino de Deus. Além disso, nas memórias e festas litúrgicas dos santos não
mártires são usados os paramentos brancos e dos santos que foram martirizados a
cor litúrgica usada é o vermelho, assim como em Pentecostes.
Ao longo de todo o ano litúrgico
existem diversos momentos fortes e marcantes, mas o centro do calendário
litúrgico é a Páscoa. Todas as outras celebrações estão voltadas para o
mistério pascal de Cristo. Quando celebramos o Natal do Senhor, o seu nascimento,
ao olhar o menino Jesus no presépio, contemplamos ao mesmo tempo a Cruz, pois
essa foi a missão do Filho de Deus, veio ao mundo para nos salvar e selar de
uma vez por todas a aliança entre Deus e a humanidade. Ele não fica na Cruz,
mas ressuscita e abre para todos nós as portas da eternidade,
A celebração da Vigília Pascal é
a celebração mais importante de todo o ano litúrgico, nessa celebração
renovamos as nossas promessas batismais, perpassamos através das leituras toda
a história da salvação, até chegar na ressurreição de Jesus. A Vigília Pascal é
Mãe de todas as vigílias. No Sábado Santo proclamamos a Páscoa e a ressurreição
do Senhor, do mesmo modo que Ele venceu a morte, nós de igual modo iremos
vencer.
Conforme dissemos, a Páscoa é a
celebração mais importante do ano litúrgico e centro do calendário litúrgico.
Mas existem outros momentos fortes ao longo do ano litúrgico que marcam a vida
de todos os fiéis. Como por exemplo, o próprio Natal em que recordamos o
nascimento de Cristo; Pentecostes em que celebramos a vinda Espírito Santo e
com isso o início da Igreja primitiva; Santíssima Trindade em que celebramos o
mistério do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Outra celebração muito
importante na vida de todos os fiéis é Corpus Christi, em que celebramos a
razão de ser da Igreja, que é o mistério Eucarístico que advém da paixão, morte
e ressurreição de Jesus.
Vivamos com fé o ano litúrgico da Igreja e
participemos de todos os momentos. Não esqueçamos que Cristo está sempre no
centro e todo o calendário litúrgico gira em torno do mistério pascal de
Cristo. Alimentemos sempre a nossa fé com Palavra de Deus e com a Eucaristia.
Recomendo ainda tomar esse volume 13 da coleção cadernos do Concílio e ler
sobre o tema.