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domingo, 19 de maio de 2024

Os tempos fortes do ano Litúregico

Ano Litúrgico | Facabook

OS TEMPOS FORTES DO ANO LITÚRGICO

Dom Orani João, Cardeal Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

Cadernos do Concílio – Volume 13

Hoje nos debruçaremos no volume treze da Coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II em preparação ao Jubileu da Esperança de 2025. No próximo ano recordaremos os sessenta anos de encerramento do Concílio Vaticano II, por isso, ao longo deste ano estamos revendo alguns documentos e os temas de maior relevância tratados ao longo do Concílio. Além de propor uma reforma litúrgica e nos sacramentos, o Concílio publicou documentos importantes que transformaram a vida da Igreja e dos fiéis.

Nos volumes anteriores dessa coleção tratamos sobre a liturgia, os sacramentos, a Eucaristia e o Domingo. Hoje trataremos sobre um tema de extrema importância e que está intimamente ligado a tudo o que já tratamos. Falaremos sobre o ano litúrgico e como ele deve ser bem vivido por cada um de nós. Dentro do ano litúrgico existem momentos fortes que devem ser celebrados por nós.

O ano litúrgico, do mesmo modo que o ano civil, tem doze meses, mas o que o diferencia é o início e o término. O ano litúrgico tem início no primeiro Domingo do Advento, normalmente último domingo de novembro ou o primeiro de dezembro, e tem seu término na festa de Cristo Rei do Universo, no penúltimo ou último Domingo de novembro.

O ano litúrgico inicia com o tempo do Advento, em preparação ao Natal do Senhor. Após o tempo do Advento vem o tempo do Natal, em seguida a primeira parte do tempo comum, após a primeira parte do comum inicia o tempo da Quaresma com a Quarta-Feira de Cinzas. A partir da celebração do Domingo de Páscoa inicia o tempo pascal que perdura por cinquenta dias, até a festa de Pentecostes. Após Pentecostes volta o tempo comum que permanece até a festa de Cristo Rei do Universo.

O ano litúrgico dominical é dividido em 3 ciclos: A, B e C, as leituras são diferentes para cada ano e o evangelista é um dos três sinóticos. No ano A, o Evangelho é de Mateus, no ano B é de Marcos e no ano C é de Lucas. O Evangelho de João é proclamado no tempo pascal e em algumas solenidades e festas. Ao longo da semana (dias feriais) ele é divido em par e ímpar, mudando a cada dois anos as leituras e o salmos. Se cada fiel católico for a missa ao longo de três anos aos Domingos e todos os dias na semana acompanhará toda a Palavra de Deus proclamada e comentada.

O Ano Litúrgico nos ajuda a lembrar que Cristo deve ser o centro das nossas vidas e conduz a nossa vida, de nossa família, do nosso trabalho. Por isso a missa não é uma repetição, a cada ano muda o conteúdo das leituras e a cada tempo litúrgico celebrado envolve-se por um mistério, e tem uma essência que nunca muda, que é a Eucaristia com as diversas orações eucarísticas, prefácios e comemorações.

Ao longo do ano litúrgico além dessas celebrações principais que já mencionamos e que marcam o ano, existem outras celebrações para animar a vida de fé dos fiéis. Como por exemplo os meses temáticos: mariano, vocações, Bíblia e missões. Existem semanas especiais e também dias especiais. Além da solenidade da Santíssima Trindade, Sagrado Coração de Jesus e as festas marianas.

Outro fator que marca o ano litúrgico são as cores dos paramentos para cada tempo. No tempo do Advento e da Quaresma a cor usada é a roxa, que significa oração, vigilância e penitência. Na Páscoa e no Natal a cor litúrgica é o branco, ou seja, a Igreja é envolvida de uma grande alegria pelo nascimento e posterior ressurreição de Jesus. No tempo comum a cor predominante é o verde, que significa a esperança na chegada do reino de Deus. Além disso, nas memórias e festas litúrgicas dos santos não mártires são usados os paramentos brancos e dos santos que foram martirizados a cor litúrgica usada é o vermelho, assim como em Pentecostes.

Ao longo de todo o ano litúrgico existem diversos momentos fortes e marcantes, mas o centro do calendário litúrgico é a Páscoa. Todas as outras celebrações estão voltadas para o mistério pascal de Cristo. Quando celebramos o Natal do Senhor, o seu nascimento, ao olhar o menino Jesus no presépio, contemplamos ao mesmo tempo a Cruz, pois essa foi a missão do Filho de Deus, veio ao mundo para nos salvar e selar de uma vez por todas a aliança entre Deus e a humanidade. Ele não fica na Cruz, mas ressuscita e abre para todos nós as portas da eternidade,

A celebração da Vigília Pascal é a celebração mais importante de todo o ano litúrgico, nessa celebração renovamos as nossas promessas batismais, perpassamos através das leituras toda a história da salvação, até chegar na ressurreição de Jesus. A Vigília Pascal é Mãe de todas as vigílias. No Sábado Santo proclamamos a Páscoa e a ressurreição do Senhor, do mesmo modo que Ele venceu a morte, nós de igual modo iremos vencer.

Conforme dissemos, a Páscoa é a celebração mais importante do ano litúrgico e centro do calendário litúrgico. Mas existem outros momentos fortes ao longo do ano litúrgico que marcam a vida de todos os fiéis. Como por exemplo, o próprio Natal em que recordamos o nascimento de Cristo; Pentecostes em que celebramos a vinda Espírito Santo e com isso o início da Igreja primitiva; Santíssima Trindade em que celebramos o mistério do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Outra celebração muito importante na vida de todos os fiéis é Corpus Christi, em que celebramos a razão de ser da Igreja, que é o mistério Eucarístico que advém da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

Vivamos com fé o ano litúrgico da Igreja e participemos de todos os momentos. Não esqueçamos que Cristo está sempre no centro e todo o calendário litúrgico gira em torno do mistério pascal de Cristo. Alimentemos sempre a nossa fé com Palavra de Deus e com a Eucaristia. Recomendo ainda tomar esse volume 13 da coleção cadernos do Concílio e ler sobre o tema.

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Espírito nos dá força para seguir em frente, chamar e acolher a todos, diz Francisco

O Espírito dá força para seguir em frente (Vatican Media)

"O nosso anúncio pretende ser gentil, para acolher a todos - não esqueçamos isto: todos, todos, todos; não esqueçamos aquela parábola dos convidados para a festa que não quiseram ir: “Ide às encruzilhadas e convidai todos quantos achardes, todos, todos, todos, bons e maus, todos”. O Espírito nos dá força para seguir em frente e chamar a todos, com aquela gentileza… nos dá a gentileza de acolher a todos."

https://youtu.be/HY47MRrBA5s

Vatican News

Segue a homilia do Santo Padre na Missa na Solenidade de Pentecostes, concelebrada na Basílica de São Pedro:

"Na narração do Pentecostes (cf. At 2, 1-11), mostram-nos um duplo âmbito de ação do Espírito Santo na Igreja: em nós e na missão, com duas caraterísticas, ou seja, força e gentileza. Meditemos sobre isto.

ação do Espírito em nós é forte como simbolizam os sinais do vento e do fogo, que aparecem na Bíblia, frequentemente, associados com a força de Deus (cf. Ex 19, 16-19). Sem essa força, nunca conseguiríamos vencer os desejos da carne de que fala São Paulo, vencer aqueles impulsos da alma, a impureza, a idolatria, as discórdias, as invejas, e com o Espírito se pode vencer, Ele nos dá a força para fazer porque Ele entra no nosso coração árido, duro e frio, arruinando as nossas relações com os outros e dividindo as nossas comunidades. E ele entra neste coração e cura tudo.

Isto mesmo nos mostra Jesus, quando, impelido pelo Espírito, Se retira durante quarenta dias para o deserto (cf. Mt 4, 1-11) a fim de ser tentado. Também durante esse tempo cresce a sua humanidade, que se revigora preparando-se para a missão.

Ao mesmo tempo, a ação do Paráclito em nós é genti, é forte e gentil. O vento e o fogo não destroem nem reduzem a cinza o que tocam: um enche a casa onde se encontram os discípulos e o fogo pousa delicadamente, em forma de chamas, sobre a cabeça de cada um dos presentes. Esta delicadeza é também um traço da ação de Deus, que encontramos muitas vezes na Bíblia.

E é maravilhoso ver como a mesma mão robusta e calejada que, primeiro, desenterrou os torrões das paixões, depois depõe delicadamente as plantinhas da virtude, rega-as, cuida delas (cf. Sequência «Veni Sancte Spiritus») e protege-as amorosamente a fim de crescerem e se robustecerem, permitindo-nos saborear, depois do cansaço da luta contra o mal, a doçura da misericórdia e da comunhão com Deus. Assim é o Espírito: forte, dá-nos força para vencer, e também delicado. Fala-se da unção do Espírito, o Espírito nos unge, está conosco. Como diz uma bela oração da Igreja antiga: “Que a tua mansidão permaneça, ó Senhor, comigo e assim possam os frutos do teu amor!” (Odes de Salomão, 14,6).

Tendo descido sobre os discípulos e colocando-se a seu lado – isto é «paráclito» –, o Espírito Santo atua transformando os seus corações e infundindo neles uma «audácia que os leva a transmitir aos outros a sua experiência de Jesus e a esperança que os anima» (São João Paulo II, Carta enc. Redemptoris missio, 24). Vemo-lo na resposta de Pedro e João, quando o Sinédrio lhes quis impor «a proibição formal de falar ou ensinar em nome de Jesus»: «Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 18.20). E para responder isso têm a força do Espírito Santo.

Isto reveste-se de grande importância também para nós, que recebemos o dom do Espírito no Batismo e na Confirmação. Como os Apóstolos, do «cenáculo» desta Basílica somos enviados hoje, especialmente, a anunciar o Evangelho a todos, indo «sempre mais além, não só em sentido geográfico, mas também ultrapassando barreiras étnicas e religiosas, até se chegar a uma missão verdadeiramente universal» (Redemptoris missio, 25). E, graças ao Espírito, podemos e devemos fazê-lo com a mesma força e a mesma gentileza.

Com a mesma força: isto é, não com prepotência e imposição: o cristão não é prepotente, a sua força é outra, é a força do Espírito; nem com cálculos e astúcia, mas fazê-lo com a energia que vem da fidelidade à verdade, que o Espírito ensina aos nossos corações e faz crescer em nós. E assim nos rendemos, nos rendemos ao Espírito, não nos rendemos à força do mundo, mas continuamos a falar de paz a quem quer a guerra, a falar de perdão a quem semeia vingança, a falar de acolhimento e solidariedade a quem tranca as portas e ergue barreiras, a falar de vida a quem escolhe a morte, de respeito a quem gosta de humilhar, insultar e descartar, a falar de lealdade a quem rejeita qualquer vínculo, confundindo liberdade com um individualismo superficial, opaco e vazio. Sem nos deixarmos amedrontar pelas dificuldades, zombarias e oposições que, hoje como ontem, nunca faltam na vida apostólica (cf. At 4, 1-31).

E ao mesmo tempo que o fazemos com esta força, o nosso anúncio pretende ser gentil, para acolher a todos - não esqueçamos isto: todos, todos, todos; não esqueçamos aquela parábola dos convidados para a festa que não quiseram ir: “Ide às encruzilhadas e convidai todos quantos achardes, todos, todos, todos, bons e maus, todos”. O Espírito nos dá força para seguir em frente e chamar a todos, com aquela gentileza… nos dá a gentileza de acolher a todos.

Todos nós, irmãos e irmãs, temos tanta necessidade de esperança, que não é otimismo, não, não, é outra coisa. Temos necessidade de esperança, a esperança é representada como aquela âncora, ali, na praia, e nós, com a corda, rumo à esperança. Temos necessidade de esperança, temos necessidade de elevar o olhar para horizontes de paz, de fraternidade, justiça e solidariedade. Tal é o único caminho da vida, não há outro. É certo que o mesmo, muitas vezes infelizmente, não se apresenta fácil, antes aparece tortuoso e em subida, o cam,inho, é verdade. Mas sabemos que não estamos sozinhos, temos essa segurança que com a ajuda do Espírito Santo, com os seus dons, juntos podemos percorrê-lo e torná-lo sempre mais acessível também para os outros

Renovemos irmãos e irmãs a nossa fé na presença do Consolador ao nosso lado e continuamos a rezar:

Vinde, Espírito Criador, iluminai as nossas mentes,
enchei da vossa graça os nossos corações, guiai os nossos passos,
dai ao nosso mundo a vossa paz. Amém!

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Paulo, um judeu em Cristo (3)

São Paulo em Damasco | 30Giorni

Arquivo 30Disas – 05/2008

São Paulo, um judeu em Cristo

Entrevista com Romano Penna sobre a relevância de alguns temas do Apóstolo dos Gentios: justificação, conversão, missão.

Entrevista com Romano Penna por Lorenzo Cappelletti

Quase parece que se entende, pelo que dizes, que o mandato missionário não pode ser, por assim dizer, estendido de forma genérica, como uma "ordem de serviço", a toda a Igreja, mas que está quase ligado a uma vocação pessoal e ao aprofundamento de uma consciência pessoal...

Penna: Isso mesmo. Quem percebe o valor explosivo da Páscoa, mais o sente. Isso é. Paulo nada conta sobre o Jesus terreno, mas apenas sobre o crucifixo ressuscitado. A cristologia de Paulo está inteiramente centrada no acontecimento pascal, na dupla face do acontecimento pascal, a cruz e a ressurreição, onde ele percebeu esta coisa perturbadora, eu dizia, que ultrapassa as fronteiras de Israel.

 Por outro lado, a consciência de que Jesus veio para abolir os sacrifícios também se tornou tradicional nos escritos judaico-cristãos não-paulinos. Se ele veio abolir os sacrifícios, significa que a sua identidade vai além das liturgias templárias, é algo que está fora da categoria do sagrado, está aberto ao profano - usemos esta categoria -; e o profano está em toda parte, profano é sobretudo o que está fora de Israel como povo santo (o que “os outros” não são). Mas é precisamente para esses “outros” que Paulo percebe o destino do evento pascal.

Concluindo, qual é a maior relevância da figura e da mensagem de Paulo que, na sua opinião, este Ano Paulino deve propor novamente?

Penna: Uma mensagem de essencialidade, a redução do cristianismo ao essencial: a adesão pessoal a Jesus Cristo. Nada mais; e neste “outro” colocar tudo e todos, desde os anjos até embaixo. O espaço entre o homem e Deus é preenchido por Cristo e por mais ninguém. Porque estar em Cristo (afinal esta é a linguagem paulina: «Estar em Cristo», ou « no Senhor») significa estar em Deus, portanto. O que envolve podar várias coisas, pelo menos no sentido do juízo de valor a fazer. Dizer Paulo significa Jesus Cristo. Mesmo a nível eclesial e institucional. É claro que no tempo de Paulo a Igreja era muito ágil como instituição também porque não havia o fardo trazido pelos séculos subsequentes. Mas a questão era muito leve, sobretudo porque a identidade eclesial do cristianismo era entendida como sendo todos irmãos (termo que volta 112 vezes no Corpus Paulinum !), todos no mesmo nível. E talvez aqueles dedicados ao serviço estejam abaixo. Na Primeira Carta aos Coríntios Paulo diz: «O que é Apolo, o que é Paulo, o que é Cefas? Seus ministros... Tudo é seu: Paulo, Cefas, o mundo, a vida. Mas vós pertenceis a Cristo e Cristo pertence a Deus” (ver 1Cor. 3, 5ss). Não existe uma linha que vai de cima para baixo, mas de baixo para cima. «Tudo é seu»… Você está acima dos ministros, no sentido de que os ministros fazem parte da comunidade. É claro que a comunidade cristã não é um molusco, é um vertebrado, mas o que importa na Igreja não são os ministros, são os batizados; e os ministros são importantes na medida em que também são batizados. Não quero ser mal interpretado. Que a existência de ministros é muito importante, para não dizer essencial, é um facto que Paulo conhece bem. Basta lembrar quando ele fala da Igreja como um corpo estruturado (ver 1Cor 12, 12ss).

 Fonte: https://www.30giorni.it/

Reflexão para a Solenidade de Pentecostes (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Quando os discípulos, à tarde do primeiro dia da semana, estão reunidos o Senhor aparece no meio deles e lhes comunica a paz.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

O autor do Evangelho deste domingo, João Evangelista, nos diz que a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos se deu no dia de Páscoa.

Ele deseja fazer-nos compreender que o Espírito que conduziu Jesus para sua missão de salvar a Humanidade é o mesmo que agora conduz a Igreja, comunidade dos seguidores de Jesus, na continuidade da mesma missão. A Igreja torna presente, na História, o Cristo Redentor.

Quando os discípulos, à tarde do primeiro dia da semana, estão reunidos o Senhor aparece no meio deles e lhes comunica a paz. Mostra-lhes os sinais de seus sofrimentos para lhes dizer que, apesar de seu aspecto glorioso, a memória da paixão não poderá ser deixada de lado, que a glória veio através da cruz.

Estamos no primeiro dia da semana, não nos esqueçamos. Exatamente com esse sentido do novo, do novo pós pascal, isto é, do novo eterno, que não caduca, que não envelhece, Jesus faz a nova criação soprando o Espírito sobre seus seguidores. É uma referência à criação do homem, relatada no cap. 2º, vers. 7 do Gênesis, quando diz que Deus insuflou em suas narinas o hálito de vida e o homem passou a viver. No relato desse fato na tarde pascal, temos a criação da Comunidade Cristã.

A missão é dada logo em seguida: perdoar os pecados e até retê-los, se for o caso. Pecado é aquilo que impede a realização do projeto do Pai, que é a felicidade do ser humano. Ora, perdoar os pecados significa lutar para que os planos de Deus cheguem à sua concretização e, evidentemente, devolvendo àquele que está arrependido de suas ações contrárias a esse plano, a reconciliação.

Pelo batismo e pela crisma fazemos parte dessa comunidade que deve continuar a missão redentora de Jesus. Que honra!

Que nossas ações, seja na família, no trabalho ou no meio dos amigos, colaborem com a alegria e felicidade daqueles que nos cercam. Assim estaremos dando glória a Deus, pois a glória de Deus é a felicidade do homem.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Pedro Celestino

São Pedro Celestino (A12)
19 de maio
São Pedro Celestino

Pedro Angeleri de Morrone nasceu em uma família de camponeses na Itália, em 1215.

Aos seis anos de idade, quando já era órfão de pai, revelou a sua mãe seu desejo de ser religioso, foi encaminhado por ela aos estudos eclesiásticos. Cresceu estudando com os beneditinos, pois admirava a vida dos monges. Terminou os estudos e foi para um local isolado, onde viveu alguns anos em orações, jejum e penitências.

Em 1239, aos 24 anos, recebeu a ordem sacerdotal, mas resolveu voltar ao isolamento no Monte Morrone, na região dos Abruzos, onde construiu uma cela vivendo novamente como eremita, vencia as tentações com sua cruz em punho.

Muitos o seguiam atraídos pelo seu exemplo. Assim, nasceu a ordem dos “Celestinos” que cresceu rapidamente fundando Mosteiros e restaurando Abadias, graças a magnitude do Cardeal Latina Malabranca e do Rei Carlos II de Anjou.

Pedro ficou conhecido na Europa como homem de Deus, ele atraia pessoas de todos os lugares para receber conselhos e curas e a todos ele propunha a conversão de coração como meio para obter a paz para aliviar as tensões, os conflitos e doenças que todos viviam naquele momento.

Em 1292, com a morte do Papa Nicolau IVonze cardeais eleitores não conseguiam entrar em consenso, estavam sendo pressionado pelo Rei Carlos II para encontrar um candidato a seu gosto e pelo conflito entre as famílias Orsini e Colonna, isso já durava 27 meses.

Pedro em seu isolamento previu uma iminente punição divina que poderia ser evitada com a eleição em poucos meses do Sumo Pontífice e advertiu os Cardeais.

Os Cardeais eleitores perceberam que Pedro seria o candidato ideal para acabar com o impasse, foram até sua caverna de Maiella para convidá-lo a assumir o cargo. Ele recusou o convite, mas depois entendeu que era Deus que o chamava para essa nobre responsabilidade, porém, rejeitou o convite dos Cardeais de ir para Perugia.

Em dia 29 de agosto de 1294, (memória litúrgica de São João Batista), foi para Áquila montado em seu jumento e escoltado pelo Rei Carlos II, e recebeu a tiara na Basílica de Santa Maria de Collemaggio. Mais de duzentos mil fiéis participaram da cerimônia solene.

Pedro escolheu o nome de Papa Celestino V e logo convocou o primeiro jubileu da história, conhecido como: “Jubileu do Perdão”O Perdão Celestino é a Indulgência Plenária concedida pelo Papa Celestino V com a Bula Inter Sanctorum Solemnia de 29 de setembro de 1294.Desde então, todos os anos se celebra o Perdão Celestino.

Entretanto percebeu, logo, que não era livre no exercício do seu Ministério, por causa daqueles que, na Cúria, esperavam se beneficiar pela sua pouca experiência de governo. Ele percebeu que a sua escolha foi política, por pressão de Carlos II. Com temperamento para a vida contemplativa e não para a de governança, os cardeais logo perceberam que a sua eleição teria sido um “erro”.

Papa Celestino V exerceu o papado durante um período cheio de intrigas, crises e momentos difíceis. Reconhecendo-se deslocado, renunciou em favor do Papa Bonifácio VIII, seu sucessor. Para não gerar um cisma na Igreja, Pedro Celestino aceitou humildemente ficar prisioneiro no Castelo Fumone. Ali permaneceu até sua morte em 19 de maio de 1296.

São Pedro Celestino V foi canonizado pelo Papa Clemente V, em 1313. Seus restos mortais estão na Basílica de Santa Maria de Collemaggio, em Áquila, que recebe muitos peregrinos, entre os mais ilustres destaca-se Bento XVI, que, em 2009, ali deixou o pálio recebido no início do seu Pontificado, e o Papa Francisco que em 28 de agosto de 2022 visitou a basílica e foi o primeiro papa a abrir a Porta Santa para receber a indulgência plenária do Perdão Celestino.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR Nathália Queiroz de Carvalho Lima

Reflexão:

O papa Bento XVI disse em 2010 que a vida de São Pedro Celestino "permanece na história pelas notáveis vivências de seu tempo e seu pontificado e, sobretudo, por sua santidade. A santidade, de fato, não perde nunca sua própria força, não cai no esquecimento, jamais sai de moda". Ele o descreveu como um “buscador de Deus”. “É no silêncio exterior, mas sobretudo no interior que ele chega a perceber a voz de Deus, capaz de orientar sua vida”, continuou o papa Bento XVI. Na nossa vida tão barulhenta e cheia de estímulos, como estamos vivendo o silêncio exterior e interior? Separamos tempo para refletir, para a oração, para buscar a Deus? Que São Pedro Celestino nos ajude a fazer silêncio para escutar a voz das pessoas que estão ao nosso redor e principalmente a voz de Deus.

Oração:

Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Celestino V governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 18 de maio de 2024

São Paulo, um judeu em Cristo (2)

O batismo de São Paulo | 30Giorni

Arquivo 30Disas – 05/2008

São Paulo, um judeu em Cristo

Entrevista com Romano Penna sobre a relevância de alguns temas do Apóstolo dos Gentios: justificação, conversão, missão.

Entrevista com Romano Penna por Lorenzo Cappelletti

Quanto à relação com os judaico-cristãos: São Paulo sofre oposição deles como nenhum outro; no entanto, é ele quem mais reivindica as suas origens judaicas e o seu amor apaixonado pela sua linhagem.

Penna: Se você olhar os textos, Paulo não conhece o adjetivo “cristão”, que, aliás, ainda não existia em sua época. Sabemos por Lucas que os discípulos eram chamados de cristãos em Antioquia; mas Atos 11, 26 é anacrônico, antecipa o assunto para os anos 30. Na realidade Paulo não conhece este adjetivo. Ele se considera um judeu, ele é um judeu em Cristo. É por isso que ele nunca usa o vocabulário da conversão. Paulo não é um convertido. O judeu não se converte. Há uma frase famosa do rabino de Roma Eugenio Zolli, batizado após a Segunda Guerra Mundial: “Não sou um convertido, sou um chegado”; porque o convertido é aquele que dá as costas ao passado, enquanto o judeu não dá as costas, apenas segue em frente. Claro, Paolo passou por uma transição. Ele mostra isso em Filipenses 3:7: “Qualquer ganho que tive, considerei perda por causa de Cristo”. Em que consistiria o lucro? Na adesão farisaica (no sentido não vulgar) à Lei, ou na adesão total e completa à Lei, a ponto de considerá-la como uma condição para se estar certo diante de Deus, Paulo superou isso. Mas Israel continua sempre a ser o ponto de referência. Bastaria voltar aos capítulos 9-11 da Carta aos Romanos: os gentios são enxertados em Israel; a planta é santa se a raiz for santa (ver Rm 11, 16ss). Vivemos por uma santidade derivada; não primário, mas secundário, e precisamente do ponto de vista histórico-salvífico. Digo sempre que o Cristianismo é simplesmente uma variante do Judaísmo, e tenho pena daqueles que discutem com Israel ou que, como lemos nas notícias, até cometem actos de vandalismo: não compreenderam nada do que significa ser cristão.

Sempre me impressionou a passagem da Carta aos Efésios 3, 6, na qual «o mistério revelado» parece consistir no facto de «os gentios serem chamados em Cristo Jesus a participar na mesma herança, a formar a mesma corpo e ser participantes da promessa por meio do evangelho do qual me tornei ministro”. Quase pareceria que todo o mistério cristão tem como conteúdo a participação dos gentios na mesma herança prometida aos judeus.

Penna: O senhor citou a Carta aos Efésios que segundo muitos, e também na minha opinião, não é do Paulo histórico. Mas este tema é, no entanto, típico e central nas chamadas Cartas autênticas de Paulo. Já encontramos em Gálatas2, onde é lembrado o chamado Concílio de Jerusalém. Aí ocorreu uma clara distinção: assim como Pedro, João e outros se dirigem aos circuncisos, eu – diz Paulo – e Barnabé nos dirigimos aos gentios. Paolo se caracteriza justamente por isso. Ele deu sua vida por isso. Ele teve mal-entendidos essencialmente por causa disso. Ele se opôs – nessa mesma Carta falamos de adversários – do lado judaico-cristão, não tanto dos judeus, por esta sua abertura. “Não somos filhos de escravos, mas de livres”, diz Paulo nesta mesma Carta (cf. 4, 31) referindo-se às duas mulheres de Abraão; e os cristãos a quem ele escreve, os gálatas, são pagãos, não judeus. A coisa que Paolo vai fazer. Paulo não prega em Israel. E em Atenas, por exemplo, onde prega Jesus Cristo? Na ágora, na praça e no Areópago, onde entra em contacto com a sociedade viva da época, fora dos ambientes abafados dos locais religiosos. Aqui, ele se interessa por aqueles que estão longe, longe de Israel, como lemos em Efésios 2, 13. O autor diz: “Vocês que estavam longe se tornaram próximos”. Os distantes, os outros, aqueles que para Israel são os outros, os diferentes, os não-povo, as gentes (em Israel era tradicional distinguir “o povo” dos “gentios”), Paulo dedica-se a eles: isto é sua grande operação. Poderíamos até dizer que, aos olhos de Paulo, Jesus Cristo não representa outra coisa senão a eliminação da distância entre os gentios e os judeus. São Paulo tem muito a dizer sobre todas as cercas que são erguidas.

É estranho, porém, que São Paulo não tenha preservado nenhuma palavra de Jesus relativa ao mandato missionário, embora existam múltiplos atestados deste tipo na tradição proto-cristã.

Penna: O início da consciência missionária da Igreja é um problema complexo, porque antes de tudo devemos nos perguntar se o Jesus histórico alguma vez enunciou um mandato missionário, enquanto o contrário é muito claro: «Não vá senão aos perdidos ovelhas da casa de Israel", diz Jesus (cf. Mt 10, 6 e 15, 24). E o próprio Jesus, na sua vida, sempre permaneceu dentro das fronteiras de Israel, nunca fez como Jonas, que foi para Nínive. Jesus não foi nem a Nínive, nem a Atenas, nem a Roma, nem a Alexandria, no Egito, que também ficava perto. Portanto, precisamos explicar por que a Igreja depois da Páscoa, porém, se sentiu investida do anúncio ao povo (não imediatamente, é preciso dizer, porque em Atos 10 Pedro se mete em apuros quando tem que ir batizar o centurião Cornélio: isto não pertencia à consciência apostólica primitiva, evidentemente). Não é à toa que as palavras que lemos no final do Evangelho de Mateus: “Ide por todo o mundo, batizai todas as nações” (ver Mt. 28, 19f), são de Jesus ressuscitado, não do Jesus terreno. Existe, portanto, a hipótese de que sejam palavras editoriais, do evangelista ou da sua Igreja, uma Igreja judaico-cristã que passou por dificuldades antes de chegar à abertura da Igreja de Antioquia, que de facto encontrou esta abertura. Paulo não poderia, portanto, citar palavras do Jesus terreno sobre a necessidade da missão. Porém, segundo o capítulo 9 dos Atos , primeiro relato do encontro no caminho de Damasco, Jesus lhe diz: «Você será minha testemunha diante dos reis, diante dos poderosos da terra...». A sua é uma vocação pessoal, partilhada por Barnabé e por uma série de colaboradores ao seu redor: Timóteo, Silas, Apolo, Tito e todos aqueles que ele menciona no capítulo 16 da Carta aos Romanos, "aqueles que trabalharam no Senhor", que eles dedicaram-se ao evangelho, ao trabalho missionário. Mas, em suma, o que significa espírito missionário? Significa ter levado a sério a fé no Ressuscitado, porque foi o Ressuscitado quem quebrou os bancos, foi a Páscoa que quebrou os bancos e fez uma... façanha , ele empurrou...

 Fonte: https://www.30giorni.it/

Papa às crianças: não tenham medo de ir contracorrente para fazer o bem

Papa Francisco em Verona com as crianças (Vatican Media)

Diálogo de Francisco no encontro com as crianças e adolescentes na Praça da Basílica de São Zeno nesta manhã de sábado, 18 de maio em Verona.

Jane Nogara - Cidade do Vaticano

O segundo encontro do Papa no âmbito de sua Visita Pastoral a Verona neste sábado (18/05) foi com as crianças e adolescentes na Praça da Basílica de São Zeno. Estava previsto um discurso, mas o Papa decidiu dialogar, conversar com os pequenos.

Fazer o bem para ouvir o chamado de Jesus

A primeira pergunta das crianças era como se pode ouvir o chamado para seguir Jesus. O Papa respondeu com exemplos, afirmando que “vemos no Evangelho Jesus que chama os discípulos que não eram perfeitos, eram pessoas comuns, e eu, sendo uma criança, uma criança comum, como posso ouvir o chamado de Jesus?”. Francisco continua: “Diga-me uma coisa: quando você está com o papai, com a mamãe, com os avós, você se sente bem? [Todos respondem: Sim!] e lá você sente que tem amor: o amor do papai, da mamãe, do vovô, da vovó. Quando você faz uma boa ação, por exemplo, se tiver dois doces (um), dê um para o outro, ou se vir uma pessoa necessitada e lhe der uma esmola, você se sente bem? [Todos respondem: Sim! Muito!]”. Depois disso Francisco disse às crianças: “Muy bien... e quando você, por exemplo, conta uma mentira, você se sente bem? [Todos respondem: Não!] Bravo, bravo... e quando você briga com seu irmão e irmã, você se sente bem? [Resposta: Não!]”. Portanto, esclarecendo às crianças disse: “Vocês viram que são capazes de sentir, sentir-se bem, sentir-se mal se ouvirem ou fizerem algo”.

“Quando Jesus fala - ouçam bem isso - quando Jesus fala, ele nos faz sentir bem, nos faz sentir alegria em nossos corações. Vocês entenderam? Sim! Agora eu pergunto: quando Jesus fala, como nos sentimos? Eles respondem: Bem! [...] E assim somos capazes de ouvir o chamado de Jesus....”

Ser sinal de paz

Na segunda pergunta as crianças querem saber como podem ser sinais de paz no mundo, assim como foram os discípulos de Jesus. O Papa responde novamente com um exemplo prático de sinal de paz. Vocês querem ser um sinal de paz, diz o Papa, e as crianças respondem afirmativamente. E o Papa continua: “Mas se você brigar com seu companheiro, seu colega de escola, você será um sinal de paz?” Logo as crianças respondem não, e o Pontífice pede que repitam e eles afirmam com força não!!

“Devemos ser um sinal de paz, compartilhar parece bom, ouvir os outros, brincar com os outros, mas não brigar com os outros... vamos dizer juntos: Devemos ser um sinal de paz!”

Contracorrente pelo bem

A última pergunta foi feita por adolescentes que querem saber como manter a fé nos momentos difíceis e não ter medo de fazer escolhas contracorrente. Francisco diz que é uma pergunta difícil... porque temos que superar momentos duros por exemplo a morte de familiares e manter a fé ou ir contracorrente fazendo maldade, roubando porque nos levam a isso. O que fazer? Francisco depois de interrogá-los eles mesmos responderam ‘ouvindo o coração e tendo coragem’ e o Papa conclui:

“Bravo, bravo! É assim que eu gosto... ouçam-me: não tenham medo de ir contracorrente se quiserem fazer uma coisa boa, entenderam? [Eles respondem: Sim!]”

Por fim o Papa saúda as crianças agradecendo e convidando todos a rezar o Pai Nosso.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São João I

São João I (A12)
18 de maio
São João I

João nasceu na região da Toscana, Itália, por volta do ano 470. Era do clero romano e foi eleito Papa em 523.

Teve apenas três anos de Pontificado, durante os quais estabeleceu o calendário cristão, que começa a contar os anos a partir do nascimento de Cristo e não da fundação de Romafixou a data da Páscoa; introduziu o cantochão na Liturgia, que evoluiria para o canto gregoriano.

Na época, o império romano estava dividido, governando Justiniano I, católico, no Oriente, e Teodorico, herético ariano, no Ocidente. Em 523, Justiniano promulgou um severo decreto contra os arianos orientais, obrigando-os à retratação e devolução, aos católicos, das igrejas e bens deles confiscados anteriormente, bem como os proibia de assumirem cargos civis e militares. Incluídas estavam regiões arianas no ocidente, o que desagradou a Teodorico.

Assim, este resolveu enviar uma delegação a Constantinopla em 524, para negociar a revogação do decreto. Dela participavam legados romanos e alguns bispos, mas João I foi obrigado pelo imperador a liderar o grupo: pretendia assim constranger Justiniano a ceder a uma intervenção do próprio Papa católico a seu favor, ao mesmo tempo que pressionava implicitamente João com represálias aos católicos romanos e ocidentais se não viajasse ou obtivesse a revogação que desejava.

Ao conceder liberdade de culto aos católicos, Teodorico impunha pesadas taxas ao clero e lhe retirara muitas das suas imunidades. João entendeu que era preciso usar de diplomacia e sabedoria para evitar perseguições ainda maiores à Igreja, e se dispôs a partir, sendo, depois de Pedro, o primeiro Papa a sair de Roma.

Justiniano, entendendo a honra de receber o Vigário de Cristo na Terra, empenhou-se em recebê-lo da melhor forma possível, pedindo inclusive que João o coroasse como imperador católico. Porém, discordou do Papa, que lhe sugeriu acatar o pedido de Teodorico, com base em que, mesmo reavendo aquelas igrejas no Ocidente, isto de nada adiantaria, uma vez que naqueles locais os arianos dominavam e não as frequentavam, e o decreto de Justiniano, embora bem-intencionado, não surtiria efeito, pois na prática se tratava de manter apenas uma aparência de poder; correto seria um plano de evangelização bem elaborado, que primeiramente levasse a conversões. Justiniano cedeu parcialmente, com certas concessões aos arianos, mas não o necessário para acalmar Teodorico.

De volta com estas notícias, João foi vítima da raiva do imperador, insatisfeito com as negociações e culpando-o por não conseguir o que queria. João foi muito maltratado e encarcerado em Ravena, sofrendo de fome e sede, e falecendo não longo tempo depois, em 18 de maio de 526. Sua morte foi considerada como martírio.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Os ímpios não medem esforços para constranger a Igreja, e Teodorico, ardilosamente, quis forçar o Papa a lhe ser útil. Porém os planos humanos nada são diante do poder de Deus, que aliás pode dar ao ser humano um paraíso, terrestre, e mesmo do seu pecado providenciar o Paraíso Celeste… não é dos ardis humanos que devemos ter medo, mas sim dos ardis do diabo, que procura nos fazer pecar. A fúria de Teodorico não impediu a santidade, e canonizada, de São João I, e nem os desmandos do século devem nos apavorar. A fidelidade a Deus é a garantia do católico, para que obtenha o prêmio que desde sempre o Senhor quer dar aos Seus filhos. Sábia e sempre atual foi, sim, a proposta de João a Justiniano: sem um programa bem elaborado de evangelização (que começa pelo exemplo que este mesmo Papa ofereceu), não se pode ou deve forçar as almas. “Ide e levai o Evangelho a todos os povos” (cf. Mc 16,15), de modo que a graça de Deus atue e muitos se convertam. Que a Santa Igreja, clero e leigos, atendamos à ordem de Jesus Ressuscitado, neste momento particularmente difícil da História, onde multidões não conhecem ou se afastam do Senhor.

Oração:

Senhor Deus, que com sabedoria ordenais os Vossos servos, de modo a que alcancem a verdadeira felicidade, concedei-nos por intercessão de São João I a prisão ao Vosso amor, a fome dos Vossos Mandamentos, e a sede dos Vossos Sacramentos, para que, desejando-as com sinceridade de coração, possamos ser saciados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 17 de maio de 2024

São Paulo, um judeu em Cristo (1)

Mosaicos da Capela Palatina (século XII), Palermo; São Paulo, detalhe | 30Giorni

Arquivo 30Disas – 05/2008

São Paulo, um judeu em Cristo

Entrevista com Romano Penna sobre a relevância de alguns temas do Apóstolo dos Gentios: justificação, conversão, missão.

Entrevista com Romano Penna por Lorenzo Cappelletti

Dom Romano Penna dispensa apresentações. Estudioso do Novo Testamento de renome internacional (ou seja, estudioso do Novo Testamento, em particular do Corpus paolinum , e de origem cristã), acaba de se tornar professor emérito, depois de ter lecionado durante 25 anos na Pontifícia Universidade Lateranense. A sua última obra é um novo comentário à Carta aos Romanos, cujos dois primeiros volumes foram publicados (que já tiveram uma primeira reimpressão) e o lançamento do terceiro é iminente.

Encontrámo-lo na iminência do início do Ano Paulino que o Papa Bento XVI abrirá solenemente por ocasião da festa dos santos apóstolos Pedro e Paulo, no dia 29 de junho. 

Foi escrito polemicamente que o verdadeiro inventor do Cristianismo não foi Jesus, mas São Paulo. 

Romano Penna: É uma controvérsia paradoxal, mas as razões que levaram alguns estudiosos a definir Paulo desta forma são, no entanto, interessantes. A primeira é que entre Jesus terreno e Paulo existe o acontecimento pascal, que influenciou a mensagem, a formulação evangélica da primeira comunidade cristã. Jesus não falou muito sobre sua morte e ressurreição em sua vida. Jesus pregou o reino dos céus. Depois da Páscoa, porém, o destino e a história pessoal de Jesus passaram a fazer parte do coração do anúncio dos seus discípulos. Os seus discípulos referem-se a ele não apenas como um mestre, um profeta, possivelmente redutível ao quadro israelita da época (como fazem os nossos irmãos judeus, que têm o prazer de dizer que Paulo é o inventor do cristianismo), mas inserem a figura de Jesus neste quadro histórico-salvífico já amadurecido, por assim dizer, em que a figura de Jesus se torna a do Crucifixo ressuscitado com um destino determinado: para os outros. Depois, entre Jesus e Paulo está a Igreja, a comunidade cristã primitiva. A primeira comunidade cristã já definia Jesus como aquele que “morreu pelos nossos pecados”. Paulo não inventa nada, é antes de tudo uma testemunha da Tradição. Ele nada mais faz do que retomar uma tradição pré-paulina, por exemplo, quando diz aos Coríntios: «Portanto, transmiti-vos antes de tudo o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, segundo as Escrituras...” ( 1Cor 15, 3ss). A outra razão que entra em conta para explicar essa definição de Paulo é a própria originalidade, e digamos, a genialidade de Paulo em sua operação de hermenêutica do evangelho. 

Qual é a genialidade de Paulo se pudesse ser expressa em uma palavra? 

Pena: Paulo destaca-se dentro das origens cristãs essencialmente pela sua mensagem de justificação com base na fé. O homem torna-se justo diante de Deus, é considerado justo por Deus e até dizemos santo (lembremos que Paulo, quando fala dos fiéis, chama-os vinte e cinco vezes de santos nas suas cartas) não através de uma contribuição autónoma para a sua própria santidade, mas pelo acolhimento humilde e até alegre de uma intervenção ab extra , a intervenção de Deus em Jesus Cristo. Isto é o que torna um homem justo, isto é, a aceitação pela fé do que Deus fez por mim. Isto, ao nível das origens cristãs, não foi pacífico. A fé em Jesus Cristo como Messias e também como Filho de Deus foi pacífica. Mas sobretudo a chamada tendência judaico-cristã fez coexistir a fé em Jesus Cristo com uma contribuição pessoal. Na Carta de Tiago (Tiago é um expoente desta corrente) diz-se claramente que o homem não é justificado apenas pela fé. E o sacrifício de Isaque por Abraão é dado como exemplo, mas invertendo a ordem das páginas bíblicas. Em Gênesis encontramos o sacrifício de Isaque no capítulo 22, depois já no capítulo 16 se diz que Abraão acreditou, que foi justificado pela fé, algo que Paulo menciona no capítulo 4 da Carta aos Romanos. Esta justificação não está, portanto, condicionada pelo exercício activo daquela obediência que é narrada no capítulo 22 do Génesis. O ponto de vista judaico-cristão consiste basicamente nesta inversão.

 Fonte: https://www.30giorni.it/

As ferramentas de São José

As ferramentos de São José (Opus Dei)

As ferramentas de São José

“Como posso fazer uma escultura? Basta retirar do bloco de mármore tudo o que não for necessário”, dizia Michelangelo. O escultor italiano descobriu uma obra de arte na pedra e trabalhou-a para que outras pessoas também a pudessem ver. Quinze séculos antes, um jovem também trabalhava com suas mãos em obras que transcenderiam a história. Fazia isso em uma pequena oficina em Nazaré.

07/07/2021

Oferecemos uma reflexão para dar continuidade ao Ano de São José.

Outros recursos: Carta apostólica “Patris Corde”Meditação sobre São José.

Trabalho. Oração. Golpe de martelo. Serragem que cai no chão e que será recolhida com cuidado no final do dia. O carpinteiro trabalha com atenção. É “um homem comum, em quem Deus confiou para realizar coisas grandes” (É Cristo que passa, 40). Coisas grandes que acontecem ocultamente. Pequenas coisas que se tornam grandes, ao ritmo do cinzel e da serra.

“Em Nazaré, José devia ser um dos poucos artesãos, se não o único. Possivelmente, carpinteiro. Mas, como costuma acontecer nas pequenas povoações, também devia ser capaz de fazer outras coisas: pôr em andamento um moinho que não funcionava, ou consertar antes do inverno as fendas de um teto. José devia tirar muita gente de dificuldades, com um trabalho bem acabado. Seu trabalho profissional era uma ocupação orientada para o serviço, tinha em vista tornar mais grata a vida das outras famílias da aldeia; e far-se-ia acompanhar de um sorriso, de uma palavra amável, de um comentário dito como que de passagem, mas que devolve a fé e a alegria a quem está prestes a perdê-las” (É Cristo que passa, 51).

Podemos imaginar a oficina, pequena, bem iluminada e limpa. Na entrada, está pendurado um avental de couro, que São José usa para trabalhar. Em uma extremidade, ao lado de uma janela para aproveitar a luz do dia, há uma mesa de trabalho. Do outro lado da oficina, estão as peças de madeira ainda inacabadas. No fundo, as ferramentas – como instrumentos fiéis – aguardam as mãos que as farão trabalhar.

Pendurado na parede está o martelo, uma ferramenta vital para os carpinteiros. Necessita ser potente e leve ao mesmo tempo, para que possa ser usado no trabalho sem que seu peso suponha um desgaste físico para aquele que o utiliza. Golpe a golpe, trabalha-se, prega-se, modela-se. Perseverança que ignora a monotonia, pois cada golpe tem um sentido.

Ao lado do martelo, está o cinzel. Serve para fazer cortes limpos na madeira de trabalhos que requeiram maior finura. Um bom trabalho de carpintaria requer atenção aos detalhes, cortes cuidadosos e sulcos lisos. O cinzel se detém nas pequenas coisas.

Também há uma serra pendurada na parede, essencial para o trabalho da oficina. Usar a serra requer paciência: às vezes, pode parecer que não há progresso. Nessas horas, é preciso confiar e repetir o movimento. Aos poucos, até as madeiras mais difíceis acabam cedendo.

Debaixo das ferramentas, está o burrinho, suporte formado por várias tábuas cruzadas, que São José usa para apoiar a madeira enquanto trabalha. Firme, talvez sem muito brilho, lembra o animal com o qual compartilha o nome. Humildade, o fundamento sobre o qual todas as outras virtudes se apoiam.

Sobre o burrinho, há uma bolsa de couro, na qual o carpinteiro guarda os pregos. Essas pequenas peças de metal que raramente são vistas depois que o trabalho é feito, e, no entanto, são as que mantém os elementos unidos. Serviço oculto, que recorda o carpinteiro que as usa.

Ao lado da bolsa de couro, pode-se ver uma pequena lima, necessária para retirar restos de materiais das superfícies e assim deixar as faces lisas. Mas, para remover asperezas, a lima deve estar “face a face” com a madeira. Talvez dessa lima, o carpinteiro de Nazaré tenha aprendido a compreender os outros: para ajudá-los, é preciso primeiro olhar para eles.

Já amanheceu. A porta da oficina se abre e São José entra cantarolando uma música. Depois de colocar o avental, pega um cilindro de madeira e o coloca na mesa de trabalho. Dá um sorriso. Talvez esteja pensando no camponês que usará o moinho quando estiver pronto. Trabalho. Oração. Golpe de martelo.

Talvez Michelangelo seja um dos maiores gênios da história. Mas o artista italiano também disse uma vez que “a verdadeira obra de arte é somente uma sombra da perfeição divina”. E nisso, um jovem carpinteiro de Nazaré adiantou-se a ele.

 Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF