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segunda-feira, 20 de maio de 2024

A Arquidiocese de Porto Alegre (RS) dar ajuda às comunidades vuneráveis

Foto: Arquidiocese de Porto Alegre

ARQUIDIOCESE DE PORTO ALEGRE (RS) MANTÉM PRESENÇA COM AJUDA MATERIAL E ESPIRITUAL EM REALIDADES DE SOFRIMENTO

A paróquia São Jorge, localizada na zona leste de Porto Alegre, disponibilizou o salão paroquial para abrigo de pacientes oncológicos atingidos pelas enchentes do Rio Grande do Sul, em parceria com diversas entidades que trabalham pelo bem do próximo.

São 60 vagas para pessoas de todo o estado que estão enfrentando, além das enchentes, uma das doenças mais temidas: o câncer. A necessidade de um lugar especial para atender pacientes oncológicos surgiu ao mesmo tempo em que segmentavam abrigos para mulheres e crianças, e foi prontamente acolhida pelo padre Sérgio Belmonte, pároco da Igreja São Jorge, e pela comunidade, que já se voluntariou para atendimento no abrigo.

Auxílio chega às comunidades vulneráveis

Foto: Arquidiocese de Porto Alegre

Nesta segunda-feira, 13 de maio, o Mensageiro da Caridade levou dois carregamentos de donativos para as comunidades da Vila Maria da Conceição e para a Vila Cruzeiro do Sul. Na Maria da Conceição, água, alimentos e ração animal foram entregues na Pequena Casa da Criança.

Um grupo de jovens da comunidade, que foram alunos das oficinas e escola da Pequena Casa, coordenado pelo jovem Bruno Silva, criou uma central de apoio à comunidade e auxílio aos idosos flagelados.

Segundo a assistente social do Mensageiro da Caridade, Marta Bangel, foram destinados para essa unidade cestas básicas, água, produtos de limpeza e roupas. “Esses itens são fundamentais para o atendimento das situações de emergência”.

Na comunidade da Vila Cruzeiro, as doações foram destinadas ao Centro Social Madre Madalena. Essa unidade do Mensageiro da Caridade atende adolescentes e idosos em Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Foram destinadas à comunidade água e alimentos.

A coordenadora do Centro Social, Lucianna Tortorelli, afirmou que muitas famílias não têm água para beber ou preparar alimentos. “Apesar de muita chuva, a água tornou-se um item essencial, principalmente para as famílias que têm crianças e adolescentes em suas casas”. Também foram entregues água e alimentos no Centro Social padre Irineu Brand, na Vila Maria da Conceição, para auxiliar as famílias das crianças atendidas no Centro Social.

Visita pastoral de barco

Foto: Arquidiocese de Porto Alegre

O bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre, dom Juarez Albino Destro, bispo referencial para o Vicariato de Canoas, visitou comunidades no município. Com o auxílio de um barco, esteve no bairro Rio Branco, onde está localizada a paróquia Imaculada Conceição. Dom Juarez foi recebido pelo vigário, padre Rodrigo Rubi.

O sacerdote recorda que a paróquia chegou a ser um local de abrigo até que as águas avançaram. “A paróquia foi o ponto de resgate para mais ou menos umas mil e duzentas pessoas que começaram a vir até a igreja para encontrarem o resgate de barco”, disse  o vigário local.

Com informações e fotos Arquidiocese de Porto Alegre (RS)

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa: a Igreja está aberta a todos, mas as uniões homossexuais não podem ser abençoadas

O Papa Francisco durante entrevista à emissora estadunidense CBS (Direito autoral CBS)

Em conversa com a emissora estadunidense CBS, Francisco reitera o acolhimento da Igreja para com “todos, todos, todos” e esclarece alguns pontos das bênçãos autorizadas pela Fiducia Supplicans. Depois, estigmatiza a barriga de aluguel que se tornou "um comércio" e também as ideologias que são sempre "ruins". O Pontífice relança o apelo aos países em guerra: "Parem e negociem!". Sobre os migrantes, a exortação a não ficar indiferentes.

Salvatore Cernuzio – Vatican News

"Todos, todos, todos". O Papa Francisco volta a reiterar o sonho de uma Igreja de portas abertas e o princípio da acolhida, pedra angular de seu pontificado, na entrevista concedida a Norah O'Donnell, diretora do CBS Evening News, principal telejornal da CBS News, uma das maiores redes de televisão dos Estados Unidos. A entrevista foi gravada na Casa Santa Marta em 24 de abril passado e uma parte dela foi transmitida, no último domingo (19/05), no programa 60 Minutos, apresentado na CBS.

"O Evangelho é para todos", enfatizou o Papa, para todos nós que somos pecadores: "Eu também sou um pecador". Ele afirmou: "Se a Igreja coloca uma alfândega em sua porta, ela deixa de ser a Igreja de Cristo". Em seguida, Francisco esclareceu sobre a questão das bênçãos às uniões homossexuais, sobre as quais o documento doutrinário Fiducia Supplicans fala. "A bênção é para todos", pode-se abençoar qualquer pessoa, mas não a união homossexual. "O que eu permiti não foi abençoar a união", porque isso vai contra "a lei da Igreja".

Barriga de aluguel é um comércio

Ainda sobre a homossexualidade, o jornalista recordou quando o Papa afirmou que “a homossexualidade não é crime”. Francisco respondeu: "Não. É um fato humano." Ao mesmo tempo, o Pontífice estigmatiza, como em outras ocasiões, que a barriga de aluguel "se tornou um comércio, e isso é muito ruim. É muito negativo". Para algumas mulheres, por exemplo, as que estão doentes, pode ser a única esperança, observou a jornalista. "Poderia ser. A outra esperança é a adoção”, respondeu o Papa, convidando a não fugir do princípio moral.

Críticas dos "conservadores"

Quando perguntado sobre as críticas feitas a ele por alguns bispos conservadores dos EUA, Francisco respondeu: "Conservador é aquele que se apega a algo e não quer ver além. É uma atitude suicida, porque uma coisa é levar em conta a tradição, considerar as situações do passado, outra é se fechar numa caixa dogmática".

O apelo aos países em guerra: "Parem!"                        

Na entrevista, realizada em preparação para o Dia Mundial da Criança, nos dias 25 e 26 de maio, em Roma, o olhar se volta para os pequenos, começando por aqueles que sofrem com a guerra: Gaza, Ucrânia, com crianças que "esqueceram como sorrir", repetiu o Papa. Pensando nelas, o bispo de Roma lançou um apelo aos países em guerra: "Todos, parem. Parem a guerra. Vocês devem encontrar uma maneira de negociar a paz. Esforcem-se para alcançar a paz. Uma paz negociada é sempre melhor do que uma guerra infinita. Por favor, parem. Negociem.

As ideologias são sempre ruins

Com foco na guerra em Israel e Gaza, depois nos protestos nos campi universitários e no crescente antissemitismo, o Pontífice reiterou que: "Toda ideologia é ruim, e o antissemitismo é uma ideologia, e é ruim. Todo 'anti' é sempre ruim. Pode-se criticar um governo ou outro, o governo de Israel, o governo palestino. Pode-se criticar o que quiser, mas não "anti" um povo. Nem anti-palestino nem antissemita".

Migrantes, muitas pessoas "lavam as mãos

Na mesma linha, Jorge Mario Bergoglio, falando sobre o sofrimento de muitos migrantes, denunciou o fato de que muitas pessoas "lavam as mãos": "Há muitos Pôncios Pilatos por aí... que veem o que acontece, as guerras, as injustiças, os crimes... É a indiferença... Por favor, temos de fazer com que os nossos corações voltem a ouvir. Não podemos ficar indiferentes a esses dramas humanos. A globalização da indiferença é uma doença muito ruim".

Papa julga "pura loucura" a notícia, lembrada por O'Donnell, de que o Estado do Texas está tentando fechar uma associação católica na fronteira com o México que oferece assistência humanitária a imigrantes sem documentos. "Fechar a fronteira e deixá-los lá é uma loucura", disse o Papa Francisco. "O migrante deve ser acolhido. Depois, se vê como lidar com ele. Talvez seja preciso mandá-lo de volta, não sei, mas cada caso deve ser considerado de forma humana."

Nenhum abuso pode ser tolerado

A entrevista não deixa de mencionar a questão dos abusos na Igreja, um crime que o Papa repetiu que “não pode ser tolerado”. Ao mesmo tempo, reconheceu que é preciso continuar “fazendo mais”, porque “infelizmente a tragédia dos abusos é enorme”, que é necessário garantir que isso não só seja punido, mas que nunca mais aconteça.

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Bernardino de Sena

São Bernardino de Sena (A12)
20 de maio
São Bernardino de Sena

Bernardino nasceu numa pequena aldeia, Massa Marítima, Carrara, República de Sena na Itália, em 1380. Sua família Albizzeschi era nobre, e seu pai governador de Massa. Era filho único, concebido pela intercessão da Virgem Maria, pedida pelos pais.

Órfão de mãe aos três anos e do pai aos sete, foi criado em Sena por duas tias muito devotas, que desde cedo lhe despertaram o profundo amor a Nossa Senhora e a Jesus. Rezava frequentemente diante de alguma imagem da Virgem, comovendo-se até as lágrimas, e desde cedo jejuava todos os sábados em Sua honra, hábito que levou pela vida inteira. Recitava diariamente o Ofício de Nossa Senhora, e gostava de visitar as igrejas; com memória excepcional, reproduzia detalhadamente às outras crianças os sermões que ouvia.

Certa vez, vendo a tia despedir um pobre sem nada lhe dar, por não haver em casa sequer um pão para o jantar da família, disse-lhe: "Pelo amor de Deus, demos alguma coisa ao pobre homem; dai-lhe o que me daríeis para o jantar; de bom grado passo em jejum".

Bernardino era dócil, cortês, modesto, respeitoso, muitíssimo inteligente. Também era belo e de extrema pureza, não suportando conversas obscenas. Recebeu, além da ótima educação religiosa, igual formação em letras e ciências humanas, formando-se aos 22 anos na Universidade de Sena. Logo depois, ingressou na Ordem de São Francisco, na mesma cidade.

Foi recebido por João Nestor, venerável ancião que, no Martirológio franciscano, consta como Bem-Aventurado. Desejando maior radicalidade na vida religiosa, Bernardino ingressou na Observância, uma forma mais extremada de pobreza à imitação de São Francisco, fazendo seu exemplar noviciado em Colombière, um convento completamente isolado, em Sena.

Ali haviam estado mais de uma vez o próprio São Francisco e São Boaventura, sendo costume que os jovens religiosos lá permanecessem algum tempo. Mesmo na Observância, acrescentava ainda mais austeridades do que as já estabelecidas; procurava fazer os serviços mais repulsivos e humilhantes, e alegrava-se quando, nas ruas, os meninos o injuriavam e tacavam pedras – até quando um parente o censurou amargamente pelo tipo de vida abjeto e desprezível que levava, o consideravam uma desonra para a família...

Seu empenho o levou a ser eleito pelos frades da Estrita Observância como seu Superior Geral em 1438. Após cinco anos no cargo e tendo promovido uma reforma rigorosa para o setor italiano, pediu a dispensa desta função, e aos 35 anos iniciou seu apostolado como pregador.

Viajando por toda a Itália, levava sempre um quadro de madeira com a inscrição IHSIesus Hominibus Salvatoren em Latim, ou “Jesus Salvador dos Homens” (criada por ele e que no século XVI foi adotada como emblema da Companhia de Jesus por Santo Inácio de Loyola, sendo até hoje frequente em várias ornamentações nas igrejas e nas hóstias). A ideia era de que os fiéis recordassem a missão salvadora de Cristo em favor da Humanidade, de modo a que arrependendo-se dos pecados e se convertendo, pudessem ser salvos.

Exortava sobre a caridade, a humildade, a concórdia, a justiça, e tinha palavras duríssimas para aqueles que "renegam a Deus por uma cabeça de alho". Promovia em praça pública a queima de livros impróprios. Elaborando o método taquigráfico, que permitia a um ajudante transcrever com facilidade e rapidez, fez registrar os seus sermões, que por este motivo chegaram até os dias de hoje.

O enorme esforço físico necessário para estas ininterruptas atividades, somado às constantes penitências, pouca alimentação e repouso, desgastaram a sua saúde, e ele veio a falecer em 20 de maio de 1444, no convento de Áquila, aos 64 anos.

São Bernardino de Sena é o patrono dos publicitários por causa dos meios empregados na evangelização – cartazes (com “IHS”), taquigrafia, fogueiras públicas, etc., que chamavam a atenção.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

As ações verdadeiramente santas são inevitavelmente precedidas por uma profunda formação espiritual na Verdade, e por isso as obras concretas de São Bernardino, que como discípulo de São Francisco sempre buscou ajudar os pobres, direcionam-se prioritariamente para a conversão das almas, pois de fato Iesus Hominibus Salvatoren est, e não é por exemplo o pão material ou reformas sociais que darão ao ser humano a felicidade, muito menos a infinita, após a morte. Por isso divulgou, por meios inéditos mas lícitos, o Evangelho, e não ideologia. Sua publicidade não foi voltada para o escândalo ou a mentira, mas para o que é justo diante de Deus. Que contraste, a sua iniciativa de queimar livros impuros, e a atual exaltação mediática e jurídica dos pecados da carne. O fogo do inferno não agirá sobre papel ou imagens, mas sobre as imagens impressas nas almas daqueles que fazem o papel de corruptores da castidade e da pureza. Para todos que trocam ninharias mundanas pela alegria da Comunhão infinita com Deus; os que "renegam a Deus por uma cabeça de alho". Fundamental é saber o que desejamos ingerir, interiorizar no espírito e no corpo, as “cebolas e alhos do Egito” (cf. Nm 11,5), ou a Sagrada Eucaristia. São Bernardino apropriadamente faleceu em Áquila, origem do Latim para “águia”, pois, como o símbolo utilizado em referência a São João Evangelista e a profundidade e acuidade do seu Evangelho, também ele soube voar alto na busca do Céu, tendo aguda visão da Terra e suas miudezas…

Oração:

Deus Pai, que não nos deixa órfãos, concedei-nos pela intercessão e exemplo de São Bernardino de Sena buscarmos desde já a companhia dos Vossos santos, aprendendo com eles a perfeição do espírito, para que também nossas boas ações possam ser registradas no Livro da Vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 19 de maio de 2024

A Bem-Aventurada Virgem Maria e a Busca da Unidade (1)

A Bem-Aventurada Virgem Maria (Ecclesia)

A Bem-Aventurada Virgem Maria e a Busca da Unidade

Ervino Schmidt

Teólogo*

1. INTRODUÇÃO

Com temor e tremor aceitei o convite para fazer algumas colocações sobre dificuldades e perspectivas no diálogo entre católicos e protestantes sobre Maria. Encorajou-me o fato de já estar sendo possível sair da contraposição áspera e dura para uma reflexão franca e aberta sobre Maria.

No Brasil esta reflexão ainda não encontrou o devido espaço no mundo ecumênico. Outros temas têm merecido prioridade. A nível internacional já se tem feito alguns avanços. Menciono os congressos mariológicos; os diálogos bilaterais católico-luterano e católico-anglicano. Muito me inspirou um material de grupo de trabalho Catholica da Igreja Evangélica Luterana Unida da Alemanha e do Comitê Nacional Alemão da Federação Luterana Mundial. Este material foi editado sob o título Maria – a mãe do nosso Senhor.

Procuro abarcar as posições principais da Reforma quanto à veneração de Maria e considerar a apropriação das mesmas pelas igrejas herdeiras. Mesmo procurando abrangência confessional, minha abordagem do tema necessariamente terá um acento luterano.

Por fim me resta dizer que o texto que aqui apresento quer ser entendido como um primeiro ensaio.

2. Maria no Novo Testamento

O Novo Testamento é um vigoroso e polifônico testemunho acerca do agir libertador de Deus em e através de Jesus Cristo, seu Filho. Trata-se do agir gracioso de Deus. Ele vem ao encontro ao ser humano sem que este o mereça. Deus torna-se bem próximo aos que dele se haviam distanciado.

Esta opção radical e irrevogável de Deus pela salvação do mundo é parte essencial na vida e proclamação de Jesus. Para Ele o reino de Deus é caracterizado pelo poder do amor. Por isso Jesus anuncia o amor como pertencente a essência de Deus e ele próprio se deixa determinar por este amor, até à morte. Assim se dá a vitória da Vida. Jesus é o lugar onde Deus se dá a conhecer. Ele próprio diz, conforme o evangelista João quem me viu, viu o Pai (Jo 14, 9). E Jesus é um dado concreto na história que pode ser datado e localizado. É neste sentido que tradição bem antiga, anterior aos evangelhos, insiste na indicação concreta quanto à humanidade de Jesus e coloca de maneira lapidar: nascido de mulher (Gl 4.4).

Ao mesmo tempo essa é a primeira menção do Novo Testamento sobre Maria. Não se destaca, porém, nenhum papel especial de Maria. O acento é cristológico. Na pessoa de Jesus de Nazaré Deus veio ao mundo, ou como o expressa o evangelista João: o verbo se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a sua glória; glória essa que, Filho único cheio de graça e de verdade, ele tem da parte do Pai (Jo 1.14). É neste contexto da história da salvação que as afirmações feitas a respeito de Maria, recebem seu mais profundo significado.

No início deste maravilhoso caminho da encarnação do verbo está à disposição de Maria de ser serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1.38). Conforme os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas a mãe de Jesus é Maria. Ela estava casada com um carpinteiro de nome José (Mt 13.55, Jo 6.42). O evangelista Marcos (Mc 6.3) menciona quatro irmãos de Jesus que o pai da igreja Jerônimo passa a entender como primos. Os evangelhos nos contam que a proclamação de Jesus, inicialmente, causava alguma dificuldade para a sua mãe. (Mc 3.31-35, Mt 12.46-50, Lc 8.19-21).

Nas célebres narrativas do nascimento de Jesus, Mateus e Lucas destacam a concepção através do Espírito Santo. O anjo anuncia: O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; e por isso aquele que vai nascer será santo e será chamado Filho de Deus. (Lc 1.35). A este anúncio, Maria submete-se em obediência de fé. Esta fé é então exaltada por Elisabete com as palavras: Bendita aquela que creu o que lhe foi dito da parte do Senhor se cumprirá. (Lc 1.45)

Com tudo isso, ela não se vangloria. Não se exalta a si mesma. Em vez disso ela exalta o Senhor. Ela não tem nada do que se gloriar. E aí estamos diante de uma das mais belas páginas do Novo Testamento, o Magnificat (Lc 1.46-55), Minha alma exalta o Senhor e meu espírito se encheu de júbilo por causa de Deus, meu Salvador, porque ele pôs os olhos sobre a sua humilde serva… Ela, essa humilde serva, é bem aventurada.

De fato tem razão: quem vê nela o exemplo daqueles que serão chamados de bem aventurados pelo próprio Jesus (Mt 5.3).E ainda nos vem a memória as proféticas palavras que confessam Deus como Senhor da história. Ele interveio com toda a força do seu braço; dispersou os homens de pensamento orgulhoso; precipitou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes; os famintos ele cobriu de bens e os ricos, despediu-os de mãos vazias. (Lc 1.51-53)

Maria é o próprio exemplo para esse agir de Deus. Ele inverte os valores. Exalta o que nada é. Esse é o seu jeito: ouvir o grito dos excluídos e colocar-se em defesa daqueles que nada tem a oferecer. A eles manifesta o poder do amor. Os que norteiam sua vida pelo amor ao poder, Ele despede vazios! É necessário mencionar ainda que as narrativas bíblicas do nascimento são marcadas pela pobreza da manjedoura.

Já temos aqui uma indicação de que o caminho de Jesus haveria de levá-lo à cruz. E lá estará Maria, ao pé da cruz. O evangelista João descreve a cena: Vendo assim a sua mãe, e perto dela o discípulo que ele amava, Jesus disse à sua mãe: Mulher, eis ai o teu filho. A seguir, disse ao discípulo: Eis ai tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa. (Jo 19.26-27)

E, por fim, temos ainda a concepção bíblica que permite a comparação de Maria com a Igreja. Conforme o Apocalipse de João, capitulo 12, um grande sinal aparece no céu. é uma mulher vestida de sol, que gera o salvador do mundo. Nem o grande dragão, vermelho-afogueado pode impedir da vitória da salvação!

As igrejas da Reforma sempre insistiram na centralidade da Escritura. Assim elas assumem todo esse rico testemunho a respeito de Maria. Temos que reafirmar a partir daí: Maria não é só católica, ela é também evangélica.

Bibliografia:

·         ALTHAUS, Paul. Die Chistliche Wahrheit. Gütersloh, 1969, p. 440-443.

·         ALTMAM, Walter. O segundo artigo. In: Proclamar Libertação (Catecismo). São Leopoldo, Sinodal, 1982, p. 99-106.

·         CONFISSÃO DE AUGSBURGO. São Leopoldo, Sinodal, 1980.

·         KIESSIG, Manfred (ed.). Maria, die Mutter unseres Herrn. Lahr, Ernest Kaufmam, 1991.

·         MISSÃO PRESBITERIANA DO BRASIL CENTRAL. O LIVRO DAS CONFISSÕES. São Paulo, 1969.

·         NAVARRO, Juan B. Para compreender o ecumenismo. São Paulo, Loyola, 1995, p. 173-176.

·         PRENTER, Regin. In: Van der Gemeinschaft der Kinder Gottes (uma interpretação do artigo 21). Das Bekenntnis un Augsburg. Erlangen, Martin Luther, 1980.

·         RITSCHL, Dietrich. Berlegungen zur gegenewdrtigen Diskussion über Mariologie. In Ökumenische Rundschau, 31 (1982/4) Frankfurt a Main, Otto Lembeck.

·         STROHL, Henri. In ASTE – Associação dos Seminários Teológicos Evangélicos. O pensamento da Reforma. São Paulo, ASTE, 1993.

·         TAKATSU, Sumio. Dogmas mariológicos e suas implicações. In: ASTE – Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ed.). O Catolicismo Romano: um simpósio protestante. São Paulo, ASTE, s.d.

·         TEIXEIRA, Luís Caetano G. A Bem-aventurada Virgem Maria no Anglicanismo. Policopiado, 1996.

·         WILCKENS, Ulrich. Maria. In: Feiner, Johannes – Vischer, Lucas (eds.). O novo livro da fé. Petrópolis, Vozes, 1976.

Notas:

1.     Palestra proferida no Encontro Latino-Americano de Estudos – Curso para Bispos, Ibiuna-SP, 15 a 24/10/96.

*Mestre em Teologia pela Universidade de Hamburgo (Alemanha), Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Secretário Executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), em Brasília. Publicado in: (ESPAÇOS 4/2 (1996), p. 119-130)

Fonte: https://ecclesia.org.br/

Os tempos fortes do ano Litúregico

Ano Litúrgico | Facabook

OS TEMPOS FORTES DO ANO LITÚRGICO

Dom Orani João, Cardeal Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

Cadernos do Concílio – Volume 13

Hoje nos debruçaremos no volume treze da Coleção Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II em preparação ao Jubileu da Esperança de 2025. No próximo ano recordaremos os sessenta anos de encerramento do Concílio Vaticano II, por isso, ao longo deste ano estamos revendo alguns documentos e os temas de maior relevância tratados ao longo do Concílio. Além de propor uma reforma litúrgica e nos sacramentos, o Concílio publicou documentos importantes que transformaram a vida da Igreja e dos fiéis.

Nos volumes anteriores dessa coleção tratamos sobre a liturgia, os sacramentos, a Eucaristia e o Domingo. Hoje trataremos sobre um tema de extrema importância e que está intimamente ligado a tudo o que já tratamos. Falaremos sobre o ano litúrgico e como ele deve ser bem vivido por cada um de nós. Dentro do ano litúrgico existem momentos fortes que devem ser celebrados por nós.

O ano litúrgico, do mesmo modo que o ano civil, tem doze meses, mas o que o diferencia é o início e o término. O ano litúrgico tem início no primeiro Domingo do Advento, normalmente último domingo de novembro ou o primeiro de dezembro, e tem seu término na festa de Cristo Rei do Universo, no penúltimo ou último Domingo de novembro.

O ano litúrgico inicia com o tempo do Advento, em preparação ao Natal do Senhor. Após o tempo do Advento vem o tempo do Natal, em seguida a primeira parte do tempo comum, após a primeira parte do comum inicia o tempo da Quaresma com a Quarta-Feira de Cinzas. A partir da celebração do Domingo de Páscoa inicia o tempo pascal que perdura por cinquenta dias, até a festa de Pentecostes. Após Pentecostes volta o tempo comum que permanece até a festa de Cristo Rei do Universo.

O ano litúrgico dominical é dividido em 3 ciclos: A, B e C, as leituras são diferentes para cada ano e o evangelista é um dos três sinóticos. No ano A, o Evangelho é de Mateus, no ano B é de Marcos e no ano C é de Lucas. O Evangelho de João é proclamado no tempo pascal e em algumas solenidades e festas. Ao longo da semana (dias feriais) ele é divido em par e ímpar, mudando a cada dois anos as leituras e o salmos. Se cada fiel católico for a missa ao longo de três anos aos Domingos e todos os dias na semana acompanhará toda a Palavra de Deus proclamada e comentada.

O Ano Litúrgico nos ajuda a lembrar que Cristo deve ser o centro das nossas vidas e conduz a nossa vida, de nossa família, do nosso trabalho. Por isso a missa não é uma repetição, a cada ano muda o conteúdo das leituras e a cada tempo litúrgico celebrado envolve-se por um mistério, e tem uma essência que nunca muda, que é a Eucaristia com as diversas orações eucarísticas, prefácios e comemorações.

Ao longo do ano litúrgico além dessas celebrações principais que já mencionamos e que marcam o ano, existem outras celebrações para animar a vida de fé dos fiéis. Como por exemplo os meses temáticos: mariano, vocações, Bíblia e missões. Existem semanas especiais e também dias especiais. Além da solenidade da Santíssima Trindade, Sagrado Coração de Jesus e as festas marianas.

Outro fator que marca o ano litúrgico são as cores dos paramentos para cada tempo. No tempo do Advento e da Quaresma a cor usada é a roxa, que significa oração, vigilância e penitência. Na Páscoa e no Natal a cor litúrgica é o branco, ou seja, a Igreja é envolvida de uma grande alegria pelo nascimento e posterior ressurreição de Jesus. No tempo comum a cor predominante é o verde, que significa a esperança na chegada do reino de Deus. Além disso, nas memórias e festas litúrgicas dos santos não mártires são usados os paramentos brancos e dos santos que foram martirizados a cor litúrgica usada é o vermelho, assim como em Pentecostes.

Ao longo de todo o ano litúrgico existem diversos momentos fortes e marcantes, mas o centro do calendário litúrgico é a Páscoa. Todas as outras celebrações estão voltadas para o mistério pascal de Cristo. Quando celebramos o Natal do Senhor, o seu nascimento, ao olhar o menino Jesus no presépio, contemplamos ao mesmo tempo a Cruz, pois essa foi a missão do Filho de Deus, veio ao mundo para nos salvar e selar de uma vez por todas a aliança entre Deus e a humanidade. Ele não fica na Cruz, mas ressuscita e abre para todos nós as portas da eternidade,

A celebração da Vigília Pascal é a celebração mais importante de todo o ano litúrgico, nessa celebração renovamos as nossas promessas batismais, perpassamos através das leituras toda a história da salvação, até chegar na ressurreição de Jesus. A Vigília Pascal é Mãe de todas as vigílias. No Sábado Santo proclamamos a Páscoa e a ressurreição do Senhor, do mesmo modo que Ele venceu a morte, nós de igual modo iremos vencer.

Conforme dissemos, a Páscoa é a celebração mais importante do ano litúrgico e centro do calendário litúrgico. Mas existem outros momentos fortes ao longo do ano litúrgico que marcam a vida de todos os fiéis. Como por exemplo, o próprio Natal em que recordamos o nascimento de Cristo; Pentecostes em que celebramos a vinda Espírito Santo e com isso o início da Igreja primitiva; Santíssima Trindade em que celebramos o mistério do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Outra celebração muito importante na vida de todos os fiéis é Corpus Christi, em que celebramos a razão de ser da Igreja, que é o mistério Eucarístico que advém da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

Vivamos com fé o ano litúrgico da Igreja e participemos de todos os momentos. Não esqueçamos que Cristo está sempre no centro e todo o calendário litúrgico gira em torno do mistério pascal de Cristo. Alimentemos sempre a nossa fé com Palavra de Deus e com a Eucaristia. Recomendo ainda tomar esse volume 13 da coleção cadernos do Concílio e ler sobre o tema.

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Espírito nos dá força para seguir em frente, chamar e acolher a todos, diz Francisco

O Espírito dá força para seguir em frente (Vatican Media)

"O nosso anúncio pretende ser gentil, para acolher a todos - não esqueçamos isto: todos, todos, todos; não esqueçamos aquela parábola dos convidados para a festa que não quiseram ir: “Ide às encruzilhadas e convidai todos quantos achardes, todos, todos, todos, bons e maus, todos”. O Espírito nos dá força para seguir em frente e chamar a todos, com aquela gentileza… nos dá a gentileza de acolher a todos."

https://youtu.be/HY47MRrBA5s

Vatican News

Segue a homilia do Santo Padre na Missa na Solenidade de Pentecostes, concelebrada na Basílica de São Pedro:

"Na narração do Pentecostes (cf. At 2, 1-11), mostram-nos um duplo âmbito de ação do Espírito Santo na Igreja: em nós e na missão, com duas caraterísticas, ou seja, força e gentileza. Meditemos sobre isto.

ação do Espírito em nós é forte como simbolizam os sinais do vento e do fogo, que aparecem na Bíblia, frequentemente, associados com a força de Deus (cf. Ex 19, 16-19). Sem essa força, nunca conseguiríamos vencer os desejos da carne de que fala São Paulo, vencer aqueles impulsos da alma, a impureza, a idolatria, as discórdias, as invejas, e com o Espírito se pode vencer, Ele nos dá a força para fazer porque Ele entra no nosso coração árido, duro e frio, arruinando as nossas relações com os outros e dividindo as nossas comunidades. E ele entra neste coração e cura tudo.

Isto mesmo nos mostra Jesus, quando, impelido pelo Espírito, Se retira durante quarenta dias para o deserto (cf. Mt 4, 1-11) a fim de ser tentado. Também durante esse tempo cresce a sua humanidade, que se revigora preparando-se para a missão.

Ao mesmo tempo, a ação do Paráclito em nós é genti, é forte e gentil. O vento e o fogo não destroem nem reduzem a cinza o que tocam: um enche a casa onde se encontram os discípulos e o fogo pousa delicadamente, em forma de chamas, sobre a cabeça de cada um dos presentes. Esta delicadeza é também um traço da ação de Deus, que encontramos muitas vezes na Bíblia.

E é maravilhoso ver como a mesma mão robusta e calejada que, primeiro, desenterrou os torrões das paixões, depois depõe delicadamente as plantinhas da virtude, rega-as, cuida delas (cf. Sequência «Veni Sancte Spiritus») e protege-as amorosamente a fim de crescerem e se robustecerem, permitindo-nos saborear, depois do cansaço da luta contra o mal, a doçura da misericórdia e da comunhão com Deus. Assim é o Espírito: forte, dá-nos força para vencer, e também delicado. Fala-se da unção do Espírito, o Espírito nos unge, está conosco. Como diz uma bela oração da Igreja antiga: “Que a tua mansidão permaneça, ó Senhor, comigo e assim possam os frutos do teu amor!” (Odes de Salomão, 14,6).

Tendo descido sobre os discípulos e colocando-se a seu lado – isto é «paráclito» –, o Espírito Santo atua transformando os seus corações e infundindo neles uma «audácia que os leva a transmitir aos outros a sua experiência de Jesus e a esperança que os anima» (São João Paulo II, Carta enc. Redemptoris missio, 24). Vemo-lo na resposta de Pedro e João, quando o Sinédrio lhes quis impor «a proibição formal de falar ou ensinar em nome de Jesus»: «Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 18.20). E para responder isso têm a força do Espírito Santo.

Isto reveste-se de grande importância também para nós, que recebemos o dom do Espírito no Batismo e na Confirmação. Como os Apóstolos, do «cenáculo» desta Basílica somos enviados hoje, especialmente, a anunciar o Evangelho a todos, indo «sempre mais além, não só em sentido geográfico, mas também ultrapassando barreiras étnicas e religiosas, até se chegar a uma missão verdadeiramente universal» (Redemptoris missio, 25). E, graças ao Espírito, podemos e devemos fazê-lo com a mesma força e a mesma gentileza.

Com a mesma força: isto é, não com prepotência e imposição: o cristão não é prepotente, a sua força é outra, é a força do Espírito; nem com cálculos e astúcia, mas fazê-lo com a energia que vem da fidelidade à verdade, que o Espírito ensina aos nossos corações e faz crescer em nós. E assim nos rendemos, nos rendemos ao Espírito, não nos rendemos à força do mundo, mas continuamos a falar de paz a quem quer a guerra, a falar de perdão a quem semeia vingança, a falar de acolhimento e solidariedade a quem tranca as portas e ergue barreiras, a falar de vida a quem escolhe a morte, de respeito a quem gosta de humilhar, insultar e descartar, a falar de lealdade a quem rejeita qualquer vínculo, confundindo liberdade com um individualismo superficial, opaco e vazio. Sem nos deixarmos amedrontar pelas dificuldades, zombarias e oposições que, hoje como ontem, nunca faltam na vida apostólica (cf. At 4, 1-31).

E ao mesmo tempo que o fazemos com esta força, o nosso anúncio pretende ser gentil, para acolher a todos - não esqueçamos isto: todos, todos, todos; não esqueçamos aquela parábola dos convidados para a festa que não quiseram ir: “Ide às encruzilhadas e convidai todos quantos achardes, todos, todos, todos, bons e maus, todos”. O Espírito nos dá força para seguir em frente e chamar a todos, com aquela gentileza… nos dá a gentileza de acolher a todos.

Todos nós, irmãos e irmãs, temos tanta necessidade de esperança, que não é otimismo, não, não, é outra coisa. Temos necessidade de esperança, a esperança é representada como aquela âncora, ali, na praia, e nós, com a corda, rumo à esperança. Temos necessidade de esperança, temos necessidade de elevar o olhar para horizontes de paz, de fraternidade, justiça e solidariedade. Tal é o único caminho da vida, não há outro. É certo que o mesmo, muitas vezes infelizmente, não se apresenta fácil, antes aparece tortuoso e em subida, o cam,inho, é verdade. Mas sabemos que não estamos sozinhos, temos essa segurança que com a ajuda do Espírito Santo, com os seus dons, juntos podemos percorrê-lo e torná-lo sempre mais acessível também para os outros

Renovemos irmãos e irmãs a nossa fé na presença do Consolador ao nosso lado e continuamos a rezar:

Vinde, Espírito Criador, iluminai as nossas mentes,
enchei da vossa graça os nossos corações, guiai os nossos passos,
dai ao nosso mundo a vossa paz. Amém!

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF