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terça-feira, 21 de maio de 2024

A semana entre Pentecostes e a Santíssima Trindade

Ícone de Madonna Mater Ecclesiiae no Palácio Apostólico, no Vaticano (Vatican News)

"O Tempo Comum, já iniciado após a Festa de Pentecostes, segue na sétima semana, porque foi iniciado depois da festa do Batismo de Jesus. O Tempo Comum é o tempo litúrgico mais extenso, sendo 34 semanas, divididas em duas partes. A primeira parte inicia após a Festa do Batismo do Senhor e vai até a terça-feira, antes da Quarta-Feira de Cinzas. A segunda parte inicia após a festa de Pentecostes. O Tempo comum culminará com a Festa de Cristo Rei."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Em 3 de março de 2018, com um decreto da então Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos (hoje Dicastério, ndr), o Papa Francisco determinou a inscrição da Memória da "Bem-aventurada Virgem, Mãe da Igreja" no Calendário Romano Geral, a ser celebrada todos os anos na segunda-feira depois de Pentecostes. “Esta celebração - explicava o então prefeito,  cardeal Robert Sarah, ajudará a lembrar que a vida cristã, para crescer, deve ser ancorada no mistério da Cruz, na oblação de Cristo no convite eucarístico e na Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos redimidos”.

Como descrito no Decreto "Ecclesia Mater", o motivo da celebração é favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos e nos fiéis, bem como, da genuína piedade mariana.

A Solenidade de Pentecostes, festejada no último domingo, marcou a conclusão do Tempo Pascal, e no domingo que segue, a Igreja festeja a Santíssima Trindade. "A semana entre Pentecostes e a Santíssima Trindade", é o tema da reflexão de hoje do Pe. Gerson Schmidt*:

 "Com a nova reforma da liturgia proposta pelo Concílio, o Tempo Pascal terminou com a celebração de Festa de Pentecostes. A oitava de Pentecostes, acrescentada à cinquentena pascal no século VI, é abolida. Por isso, voltamos a celebrar o Tempo Comum, transcorridos os 50 dias pascais, vividos como um único dia vitorioso.

O monsenhor Annibale Bugnini, em seu livro “A Reforma Litúrgica”, comenta as discussões em relação a essa mudança e diz que “talvez o mal-estar tenha sido pela passagem brusca da solenidade de Pentecostes para o tempo comum. Em algumas regiões Pentecostes continua com o dia sucessivo, que é festivo, fazendo com que se perceba menos o salto”. O liturgista, responsável por muitas adaptações e renovações sugeridas pela Sacrosanctum Concilium, ainda comenta assim a pé da página: “A abolição da oitava de Pentecostes deriva logicamente da consideração da estrutura nativa do Tempo Pascal. Pentecostes é o oitavo Domingo da Páscoa. Não tem lógica outra oitava. A coisa era admitida pacificamente”.

Com a introdução da festa da Santíssima Trindade, completada a obra das três pessoas divinas, o verdadeiro oitavo dia veio a faltar. A festa da Trindade que celebramos tem sentido depois de Pentecostes porque salienta, na liturgia celebrativa, o tempo de ação das pessoas da Trindade. O Pai criou o universo e não o deixou à deriva. Envia seu Filho Unigênito para resgatar a obra da criação por meio da Redenção. Jesus Ressuscitado ascende aos céus depois de 40 dias, festa que no Brasil se celebra no final de semana seguinte aos 40 dias, para melhor celebração do povo de Deus. Depois que Jesus sobe aos céus, envia, com o Pai, o Divino Espírito Santo prometido, festa celebrada há pouco. Depois da ação da Terceira pessoa da Trindade, na Igreja nascente, junto com Maria no cenáculo, se plenifica a obra da Trindade, festa que é celebrada em seguida de Pentecostes. Tudo segue uma lógica favorável ao povo para rezar e contemplar a ação salvífica de Deus.

A introdução do título de Maria Mãe da Igreja logo depois do dia de Pentecostes também tem sua razão. Maria estava como discípula primeira, junto com os apóstolos no Cenáculo. A Mariologia insere-se na eclesiologia do Vaticano II, para apontar um ideal a ser perseguido pela Igreja. Maria, a Mãe de Deus, é, assim, modelo para a Igreja e mãe da Igreja. O título atribuído à Nossa Senhora como Mãe da Igreja – Mater Ecclesia - se deve justamente ao teor teológico sintetizado pelo Concilio Vaticano II a partir de expressão utilizada pelo Papa Paulo VI no decorrer do Concílio. O título foi utilizado pela primeira vez por Santo Ambrósio de Milão, no Século IV e redescoberto por Hugo Rahner, um jesuíta irmão do grande teólogo Karl Rahner. A Mariologia de Rahner segue a doutrina de Ambrósio, sobre o papel de Maria Santíssima na Igreja. Sua interpretação, fundamentada exclusivamente em Ambrósio, influenciou grandemente o Concílio Vaticano II, sendo que na constituição Dogmática Lumen Gentium declara que Maria é Mãe da Igreja, uma perspectiva continuada pelos próximos Papas, João Paulo II que utiliza o termo em sua encíclica Redemptoris Mater e Bento XVI que credita aos Rahner especificamente essa atribuição.

Maria é vista como mãe da Igreja e de todos os cristãos, membros da Igreja e parte do Corpo místico de Cristo. Os membros do Corpo de Cristo compartilham da paternidade de Deus e também da maternidade de Maria. O Catecismo da Igreja católica afirma assim: “A Virgem Maria é reconhecida e honrada como sendo verdadeiramente a Mãe de Deus e do Redentor... Ela é claramente a mãe dos membros de Cristo... Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja” (CIC, 963).

A memória litúrgica da bem-aventurada Virgem Maria, com o título de Mãe da Igreja, foi instituída no calendário Romano na segunda-feira depois da solenidade de Pentecostes, para lembrar que Maria, presente no cenáculo, é mãe e cristã que mergulha nas ações da comunidade da Igreja primitiva, na descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Foi em 2018 que se afirmou essa data litúrgica que foi firmada pelo Decreto da Congregação para o culto Divino e disciplina dos Sacramentos, chancelada pelo Papa Francisco, aparecendo nos livros litúrgicos para a celebração da Missa e da Liturgia das Horas.

O Tempo Comum, já iniciado após a Festa de Pentecostes, segue na sétima semana, porque foi iniciado depois da festa do Batismo de Jesus.  O Tempo Comum é o tempo litúrgico mais extenso, sendo 34 semanas, divididas em duas partes. A primeira parte inicia após a Festa do Batismo do Senhor e vai até a terça-feira, antes da Quarta-Feira de Cinzas. A segunda parte inicia após a festa de Pentecostes. O Tempo Comum culminará com a Festa de Cristo Rei."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Eugênio de Mazemod

Santo Eugênio de Mazemod (A12)
21 de maio
Santo Eugênio de Mazemod

Carlos Eugênio de Mazemod nasceu em 01 de agosto de 1782, no Sul da França. Ele foi bispo de Marsella e fundador da Congregação dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada.

Pertencia a uma família nobre, sua infância foi tranquila até os oito anos, quando por causa da Revolução Francesa, a sua família teve que exilar-se na Itália, deixando todos os bens para trás.

Chegando à Itália, seu pai sem nenhuma experiência, entrou no ramo do comércio, Eugênio estudava normalmente no colégio em Turim, porém após alguns anos o negócio do pai não deu certo e a família mudou-se para Veneza, Eugênio precisou abandonar os estudos.

Em Veneza um padre que era próximo à família, Don Bartolo Zineli ajudou na formação educacional do menino ensinando a ele o sentido de Deus e o desejo de uma vida de piedade, esses ensinamentos o acompanharam para sempre.

Aos 20 anos, em 1802, Eugênio e sua mãe voltaram para França, seus pais haviam se separado e sua mãe tentava recuperar o patrimônio familiar e queria casá-lo com uma herdeira rica. Eugênio não concordava com as atitudes de sua mãe.

Eugênio ficou abalado com a situação da Igreja após a Revolução, totalmente destruída. A fé e os ensinamentos que adquiriu em Veneza com Don Bartolo, fizeram aflorar nele a sua vocação religiosa.

Entrou para o seminário em Paris, em 1811, e foi ordenado sacerdote em Amiens.

Retornando a sua cidade natal, não assumiu nenhuma paróquia, sua missão era com os mais pobres ajudando-os espiritualmente: prisioneiros, jovens, camponeses, doentes.

Logo encontrou outros sacerdotes que se juntaram a ele para percorrer as aldeias ensinando e passando horas e horas numa vida comunitária de orações, estudos e vivência da fraternidade. Eles se denominaram “Os Missionários da Provença”.

Para garantir a continuidade da obra (pois vinham sendo perseguidos e enfrentavam a oposição do Clero local), Eugênio foi até o Papa para pedir-lhe a autorização para que o grupo fosse reconhecido como Congregação de Direito Pontifício. O Papa Leão XII, em 17 de fevereiro de 1826, aprovou a nova congregação sob o nome de “Oblatos de Maria Imaculada”.

Em 1832, Eugênio foi nomeado Bispo Auxiliar e sua ordenação Episcopal aconteceu em Roma, o governo francês achou uma provocação tal nomeação, pois se achavam no direito de confirmar tais nomeações.

Foi um período de muitas dificuldades para ele, mas se manteve firme até as coisas acalmarem. Cinco anos depois foi nomeado Bispo de Marselha, construindo várias igrejas e continuando seu trabalho formando sacerdotes para serem missionários.

A Congregação dos Oblatos de Maria Imaculada foi fundada inicialmente para levar serviços de fé aos pobres da França, mas a dedicação pelo Reino de Deus e o amor pela Igreja de Eugênio, conduziram os Oblatos ao apostolado missionário, levando-os a se instalarem em vários países. Eugênio era visto como um segundo “São Paulo”.

Ele morreu aos 79 anos, em 21 de maio de 1861, deixando uma última recomendação: “Entre vós praticai o bem e a caridade!”. “A caridade é no mundo o zelo pela salvação das almas”.

Em 3 de dezembro de 1995, foi canonizado pelo Papa João Paulo II que disse  “a glória de Deus, o bem da Igreja e a santificação das almas sempre foram as forças que impulsionaram” o santo Eugênio de Mazemod.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A caridade que o cristão está chamado a exercer é antes de tudo, como nos ensina são Carlos Eugênio Mazemod, o zelo pela salvação das almas, o amor pela missão de levar o nome de Jesus a todos os cantos da terra, a todas as pessoas. A paixão pela missão ardia no coração dele, porque estava cheio do amor de Jesus, alimentado no encontro diário e constante com Ele na oração. O zelo apostólico é um termômetro que mede o nosso amor a Jesus. O nosso coração arde pela missão? Arde para que as pessoas se encontrem com o Senhor? Que a vida de São Carlos Eugênio Mazenod nos inspire a buscar todos os dias o encontro com Jesus para anunciá-lo e testemunhá-lo ao mundo.

Oração:

Ó Deus, que na tua misericórdia, quiseste enriquecer o santo Bispo Eugênio de Mazemod grandes virtudes apostólicas para anunciar o Evangelho às gentes, concede-nos, por sua intercessão, de arder no mesmo espírito e de tender unicamente ao serviço da Igreja e à salvação das almas. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Santa Maria, Mãe da Igreja

 Ícone de Maria, Mãe da Igreja ("Mater Ecclesiae"), na Praça de São Pedro, em Roma | Opus Dei

Santa Maria, Mãe da Igreja

Na segunda-feira depois de Pentecostes, a Igreja celebra a Memória de "Maria Mãe da Igreja". Oferecemos alguns textos para meditar sobre essa festa litúrgica.

20/05/2024

Decreto sobre a celebração da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja no Calendário Romano Geral

Comentário “A Memória de Maria “Mãe da Igreja”, de Robert Sarah, Prefeito da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos


A história do mosaico de Maria, Mater Ecclesiae

Um dos elementos arquitetônicos mais recentes na praça de São Pedro é o mosaico dedicado a Maria "Mater Ecclesiae", com o texto Totus Tuus, mais uma demonstração do carinho de São João Paulo II a Nossa Senhora.

Considerações do Papa Francisco

Gostaria de contemplar Maria como imagem e modelo da Igreja. E faço-o, retomando uma expressão do Concílio Vaticano II. Lê-se na Constituição Lumen gentium: “A Mãe de Deus é o modelo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava santo Ambrósio” (n. 63).

MARIA VIVEU A FÉ NA SIMPLICIDADE DOS NUMEROSOS TRABALHOS E PREOCUPAÇÕES DE TODAS AS MÃES

Comecemos a partir do primeiro aspecto: Maria, como modelo de fé . Em que sentido Maria representa um modelo para a fé da Igreja? Pensemos em quem era a Virgem Maria: uma jovem judia que, com todo o seu coração, esperava a redenção do seu povo. Mas naquele coração de jovem filha de Israel havia um segredo que Ela mesma ainda não conhecia: no desígnio de amor de Deus, estava destinada a tornar-se a Mãe do Redentor. Na Anunciação, o Mensageiro de Deus chama-lhe “cheia de graça”, revelando-se este desígnio. Maria responde “sim” e, a partir daquele momento, a fé de Maria recebe uma luz nova: concentra-se em Jesus, o Filho de Deus que dela recebeu a carne e em quem se realizam as promessas de toda a história da salvação. A fé de Maria é o cumprimento da fé de Israel, pois nela está concentrado precisamente todo o caminho, toda a estrada daquele povo que esperava a redenção, e neste sentido Ela é o modelo da fé da Igreja, que tem como centro Cristo, encarnação do amor infinito de Deus.

Como Maria viveu esta fé? Viveu-a na simplicidade dos numerosos trabalhos e preocupações de todas as mães, como prover à comida, à roupa, aos afazeres de casa... Precisamente esta existência normal de Senhora foi o terreno onde se desenvolveram uma relação singular e um diálogo profundo entre Ela e Deus, entre Ela e o seu Filho. O “sim” de Maria, já perfeito desde o início, cresceu até à hora da Cruz. Ali a sua maternidade dilatou-se, abarcando cada um de nós, a nossa vida, para nos orientar rumo ao seu Filho. Maria viveu sempre imersa no mistério do Deus que se fez homem, como primeira e perfeita discípula, meditando tudo no seu coração, à luz do Espírito Santo, para compreender e pôr em prática toda a vontade de Deus.

Podemos interrogar-nos: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa Mãe? Ou pensamos que Ela está distante, que é demasiado diferente de nós? Nos momentos de dificuldade, de provação, de obscuridade, olhamos para Ela como modelo de confiança em Deus que deseja, sempre e somente, o nosso bem? Pensemos nisto, talvez nos faça bem voltar a encontrar Maria como modelo e figura da Igreja nesta fé que Ela tinha!

Venhamos ao segundo aspecto: Maria, modelo de caridade. De que modo Maria é para a Igreja exemplo vivo de amor? Pensemos na sua disponibilidade em relação à sua prima Isabel. Visitando-a, a Virgem Maria não lhe levou apenas uma ajuda material — também isto — mas levou-lhe Jesus, que já vivia no seu ventre. Levar Jesus àquela casa significava levar o júbilo, a alegria completa. Isabel e Zacarias estavam felizes com a gravidez, que parecia impossível na sua idade, mas é a jovem Maria que lhes leva a alegria plena, aquela que vem de Jesus e do Espírito Santo e que se manifesta na caridade gratuita, na partilha, no ajudar-se, no compreender-se.

Nossa Senhora quer trazer também a nós, a todos nós, a dádiva grandiosa que é Jesus; e com Ele traz-nos o seu amor, a sua paz e a sua alegria. Assim a Igreja é como Maria: a Igreja não é uma loja, nem uma agência humanitária; a Igreja não é uma ONG, mas é enviada a levar a todos Cristo e o seu Evangelho; ela não leva a si mesma — seja ela pequena, grande, forte, ou frágil, a Igreja leva Jesus e deve ser como Maria, quando foi visitar Isabel. O que lhe levava Maria? Jesus. A Igreja leva Jesus: este é o centro da Igreja, levar Jesus! Se, por hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, ela seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de Jesus, o amor de Jesus, a caridade de Jesus.

Falamos de Maria, de Jesus. E nós? Nós que somos a Igreja? Qual é o amor que levamos aos outros? É o amor de Jesus que compartilha, perdoa e acompanha, ou é um amor diluído, como se dilui o vinho que parece água? É um amor forte ou frágil, a ponto de seguir as simpatias, procurar a retribuição, um amor interesseiro?

MARIA REZAVA, TRABALHAVA, IA À SINAGOGA... MAS CADA GESTO ERA REALIZADO SEMPRE EM UNIÃO PERFEITA COM JESUS.

Outra pergunta: Jesus gosta do amor interesseiro? Não, não gosta, porque o amor deve ser gratuito, como o seu. Como são as relações nas nossas paróquias, nas nossas comunidades? Tratamo-nos como irmãos e irmãs? Ou julgamo-nos, falamos mal uns dos outros, cuidamos cada um dos próprios “interesses”, ou prestamos atenção uns dos outros? São perguntas de caridade!

E, brevemente, um último aspecto: Maria, modelo de união com Cristo . A vida da Virgem Santa foi a existência de uma mulher do seu povo: Maria rezava, trabalhava, ia à sinagoga... Mas cada gesto era realizado sempre em união perfeita com Jesus. Esta união alcança o seu apogeu no Calvário: aqui Maria une-se ao Filho no martírio do coração e na oferenda da sua vida ao Pai, para a salvação da humanidade. Nossa Senhora fez seu o sofrimento do Filho, aceitando com Ele a vontade do Pai naquela obediência fecunda, que confere a vitória genuína sobre o mal e a morte.

É muito bonita esta realidade que Maria nos ensina: estarmos sempre unidos a Jesus. Podemos perguntar: recordamo-nos de Jesus só quando algo não funciona e temos necessidades, ou a nossa relação é constante, uma amizade profunda, mesmo quanto se trata de segui-lo pelo caminho da cruz?

Peçamos ao Senhor que nos conceda a sua graça, a sua força, a fim de que na nossa vida e na existência de cada comunidade eclesial se reflita o modelo de Maria, Mãe da Igreja ( Audiência, 23 de outubro de 2013).


Textos de São Josemaria Escrivá

* É necessário meditarmos com frequência, para não corrermos o risco de o esquecer, que a Igreja é um mistério grande e profundo. Nunca poderá ser abarcado nesta terra. Se a razão tentasse explicá-lo por si só, apenas veria uma reunião de pessoas que cumprem certos preceitos e pensam de forma parecida. Mas isso não seria a Igreja.

Na Santa Igreja, nós, os católicos encontramos a nossa fé, as normas de conduta, a oração, o sentido da fraternidade, e a comunhão com todos os irmãos que já desapareceram e que se purificam no Purgatório – Igreja padecente – ou que já gozam da visão beatífica – Igreja triunfante – amando eternamente o Deus, três vezes Santo. Por isso a Igreja permanece aqui e, ao mesmo tempo, transcende a História. A Igreja, que nasceu sob o manto de Santa Maria, continua a louvá-la como Mãe na terra e no céu ("O fim sobrenatural da Igreja", em Amar a Igreja, pp. 50-51).

DEUS NOS ENTREGA ELA COMO MÃE DE TODOS OS REGENERADOS NO BATISMO, E CONVERTIDOS EM MEMBROS DE CRISTO: MÃE DA IGREJA INTEIRA

* “Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis aí teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa”. E nós à nossa. Deus nos entrega ela como Mãe de todos os regenerados no Batismo, e convertidos em membros de Cristo: Mãe da Igreja inteira. Ora vós sois o Corpo de Cristo, e cada um pela sua parte, um dos seus membros, escreve São Paulo Aquela que é Mãe do Corpo é Mãe de todos os que se incorporam em Cristo, desde o princípio da vida sobrenatural, que se inicia no Batismo e se robustece com o crescimento dos dons do Espírito Santo. Artigo “A Virgem do Pilar”, publicado em 1976 em Libro de Aragón, pela CAMP de Saragoça, Aragão e Rioja.

* Estou certo de que cada um de nós, ao ver nestes dias como tantos cristãos exprimem de mil formas diferentes o seu carinho pela Virgem Santa Maria, se sentirá também mais dentro da Igreja, mais irmão de todos os seus irmãos. É como uma reunião de família, em que os filhos já adultos, que a vida separou, voltam a encontrar-se junto de sua mãe por ocasião de uma festa. E se uma vez ou outra discutiram entre si e se trataram mal, naquele dia é diferente; naquele dia sentem-se unidos, reconhecem-se todos no afeto comum (É Cristo que passa, 139).

* Levanto neste momento o coração a Deus e peço, por mediação da Virgem Santíssima - que está na Igreja, mas acima da Igreja: entre Cristo e a Igreja, para proteger, para reinar, para ser Mãe dos homens, como o é de Jesus Nosso Senhor -, peço a Deus que nos conceda a todos essa prudência, e especialmente aos que, como nós, metidos na corrente circulatória da sociedade, desejam trabalhar por Ele. Verdadeiramente, convém-nos aprender a ser prudentes (Amigos de Deus, 155).

* Gosto de voltar com a imaginação àqueles anos em que Jesus permaneceu junto de sua Mãe, e que abarcam quase toda a vida de Nosso Senhor neste mundo. Vê-lo pequeno, quando Maria cuida dEle e o beija e o entretém. Vê-lo crescer, diante dos olhos enamorados de sua Mãe e de José, seu pai na terra. Com quanta ternura e com quanta delicadeza Maria e o Santo Patriarca se ocupariam de Jesus durante a sua infância, e, em silêncio, aprenderiam muito e constantemente dEle! As suas almas ir-se-iam amoldando à alma daquele Filho, Homem e Deus. Por isso a Mãe - e, depois dEla, José - conhece como ninguém os sentimentos do Coração de Cristo, e os dois são o melhor caminho - eu afirmaria que o único - para chegar ao Salvador.
Que em cada um de vós, escrevia Santo Ambrósio, esteja a alma de Maria, para louvar o Senhor; que em cada um esteja o espírito de Maria, para se alegrar em Deus. E este Padre da Igreja acrescenta umas considerações que à primeira vista parecem atrevidas, mas que têm um sentido espiritual claro para a vida do cristão: Segundo a carne, uma só é a Mãe de Cristo; segundo a fé, Cristo é fruto de todos nós.
Se nos identificarmos com Maria, se imitarmos as suas virtudes, poderemos conseguir que Cristo nasça, pela graça, na alma de muitos que se identificarão com Ele pela ação do Espírito Santo. Se imitarmos Maria, participaremos de algum modo da sua maternidade espiritual. Em silêncio, como Nossa Senhora; sem que se note, quase sem palavras, com o testemunho íntegro e coerente de uma conduta cristã, com a generosidade de repetir sem cessar um fiat - faça-se - que se renova como algo de íntimo entre nós e Deus.

O muito amor que tinha por Nossa Senhora e a falta de cultura teológica levaram um bom cristão a fazer-me conhecer um episódio que vos vou contar porque - com toda a sua ingenuidade - é compreensível em pessoas de poucas letras.
“Entenda-o - dizia-me - como um desabafo: compreenda a minha tristeza perante certas coisas que se passam nestes tempos. Durante a preparação e o desenvolvimento do atual Concílio, propôs-se incluir o tema da Virgem. Isso mesmo: o tema. É desse jeito que os filhos falam? É essa a fé que os fiéis sempre professaram? Desde quando o amor à Virgem é um tema, sobre o qual se permite entabular uma disputa a propósito da sua conveniência?

MAS A MÃE DE DEUS E, POR ISSO, MÃE DE TODOS OS CRISTÃOS, NÃO SERÁ MÃE DA IGREJA, QUE É A REUNIÃO DOS QUE FORAM BATIZADOS E RENASCERAM EM CRISTO, FILHO DE MARIA?

“Se há alguma coisa que brigue com o amor, é a mesquinhez. Não me importo de ser muito claro. Se não o fosse - continuava -, acharia que faço uma ofensa à nossa Mãe Santa. Discutiu-se se era ou não oportuno chamar a Maria Mãe da Igreja. Incomoda-me descer a mais pormenores. Mas a Mãe de Deus e, por isso, Mãe de todos os cristãos, não será Mãe da Igreja, que é a reunião dos que foram batizados e renasceram em Cristo, filho de Maria?
“Não compreendo - prosseguia - donde nasce a mesquinhez de regatear esse título em louvor a Nossa Senhora. Como é diferente a fé da Igreja! O tema da Virgem. Pretendem por acaso os filhos suscitar o tema do amor à sua mãe? Amam-na e pronto! Amá-la-ão muito, se são bons filhos. Do tema - ou do esquema - falam os estranhos, os que estudam o caso com a frieza do enunciado de um problema”. Até aqui o desabafo reto e piedoso, mas injusto, daquela alma simples e devotíssima.

Continuemos nós agora considerando este mistério da Maternidade divina de Maria, numa oração calada, afirmando do fundo da alma: Virgem, Mãe de Deus! Aquele que os céus não podem conterencerrou-se no teu seio para tomar carne de homem.

Vejamos o que a liturgia nos faz recitar no dia de hoje: Bem-aventuradas as entranhas da Virgem Maria, que acolheram o Filho do Pai eterno. Uma exclamação velha e nova, humana e divina. É dizer ao Senhor, tal como se costuma em alguns lugares, para exaltar uma pessoa: Bendita seja a mãe que te trouxe ao mundo! (Amigos de Deus, 281-283).

 Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Do Discurso de São Paulo VI, papa, no encerramento da terceira sessão do Concílio Vaticano II

Maria, Mãe da Igreja (liturgiadashoras)

Do Discurso de São Paulo VI, papa, no encerramento da terceira sessão do Concílio Vaticano II
(21 de novembro de 1964: AAS 56 [1964], 1015-1016) (Séc. XX)


Maria Mãe da Igreja

Considerando as estreitas relações de Maria com a Igreja, para a glória da Santa Virgem e para nosso conforto, proclamamos Maria Santíssima Mãe da Igreja, isto é, de todo o povo de Deus, tanto dos fiéis como dos Pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima; e queremos que, com este título suavíssimo, a Mãe de Deus seja doravante ainda mais honrada e invocada por todo o povo cristão.

 Trata-se de um título que não é novo para a piedade dos cristãos; pois é justamente com este nome de Mãe, de preferência a qualquer outro, que os fiéis e a Igreja toda costumam dirigir-se a Maria. Na verdade, ele pertence à genuína substância da devoção a Maria, achando sua justificação na própria dignidade da Mãe do Verbo Encarnado.

 Efetivamente, assim como a Maternidade divina é o fundamento da especial relação de Maria com Cristo e da sua presença na economia da salvação operada por Cristo Jesus, assim também essa Maternidade constitui o fundamento principal das relações de Maria com a Igreja, sendo ela a Mãe daquele que, desde o primeiro instante da sua Encarnação, no seu seio virginal, uniu a si, como Cabeça, o seu Corpo Místico, que é a Igreja. Maria, pois, como Mãe de Cristo, também é Mãe dos fiéis e de todos os Pastores, isto é, da Igreja.

 Portanto, é com ânimo cheio de confiança e de amor filial que elevamos o olhar para ela, não obstante a nossa indignidade e fraqueza. Ela, que em Jesus nos deu a fonte da graça, não deixará de socorrer a Igreja com seu auxílio materno, sobretudo neste tempo em que a Esposa de Cristo se empenha, com novo alento, na sua missão salvadora.

 A nossa confiança é ainda mais reavivada e corroborada quando consideramos os laços estreitíssimos que prendem esta nossa Mãe celeste ao gênero humano. Embora na riqueza das admiráveis prerrogativas com que Deus a adornou para fazê-la digna Mãe do Verbo Encarnado, ela está, todavia, pertíssimo de nós. Filha de Adão, como nós, e por isto nossa irmã por laços de natureza, ela é, entretanto, a criatura preservada do pecado original em vista dos méritos de Cristo, e que, aos privilégios obtidos junta a virtude pessoal de uma fé total e exemplar, merecendo o elogio evangélico de: Bem-aventurada és tu, porque acreditaste (Lc 1,45).


Na sua vida terrena, ela realizou a perfeita figura do discípulo de Cristo, espelho de todas as virtudes, e encarnou as bem-aventuranças evangélicas proclamadas por Cristo Jesus. Por isso, toda a Igreja, na sua incomparável variedade de vida e de obras, encontra nela a forma mais autêntica de perfeita imitação de Cristo.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Papa: na crise mundial de hoje, trabalhar para que todos possam viver com dignidade

Francisco recebeu em audiência, nesta manhã, os dirigentes da Universidade Loyola de Chicago (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (20/05), os líderes da Universidade Loyola, de Chicago. Aos presentes, o Pontífice enfatizou que há necessidade de homens e mulheres que estejam prontos a trabalhar para que "o mundo encontre a paz".

Vatican News

O Papa Francisco expressou sua preocupação com a atual "situação de crise da ordem mundial" aos dirigentes da Universidade Loyola de Chicago, que estão em peregrinação aos lugares onde viveu Santo Inácio de Loyola, recebidos em audiência na manhã de hoje, 20 de maio. Em seu discurso, o Santo Padre destacou que atualmente "parece faltar um horizonte de esperança".

“Sem esperança não se pode viver. Não nos esqueçamos dessa virtude, que é uma âncora. A esperança nunca decepciona.”

Colocar as habilidades a serviço dos outros

O Pontífice incentivou a liderança da universidade norte-americana a "cultivar a curiosidade intelectual, o espírito de colaboração e a sensibilidade" em relação aos desafios atuais, de modo que possa emergir o legado de Santo Inácio:

"Há necessidade de homens e mulheres que estejam prontos para colocar suas habilidades a serviço dos outros, para trabalhar por um futuro no qual cada pessoa possa desenvolver suas habilidades e viver com dignidade e respeito, e o mundo possa encontrar a paz."

O Papa com os dirigentes da Universidade Loyola, de Chicago (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

A educação forma pessoas

Para o Papa, neste "momento histórico marcado por mudanças rápidas e desafios cada vez mais complexos, o papel das instituições acadêmicas é crucial", porque sua tarefa não é apenas "formar mentes brilhantes, mas também cultivar corações generosos e consciências atentas à dignidade de cada pessoa". A educação, ressaltou Francisco, envolve "três níveis": cabeça, coração e mãos, "pensando o que você sente e faz, sentindo o que você pensa e faz, fazendo o que você pensa e sente".

"Educar, além da transmissão de conhecimento, é um compromisso e um método para formar pessoas capazes de incorporar os valores da reconciliação e da justiça em todos os aspectos de suas vidas. Desejo que vocês formem sonhadores que trabalham com afinco."

“Para seguir em frente na vida, é preciso sonhar. Uma pessoa que perdeu a capacidade de sonhar não tem criatividade, não tem poesia, e a vida sem poesia não funciona.”

Buscar a verdade por meio do estudo, da escuta e da ação

Francisco pediu aos dirigentes da Universidade, que mantenham sempre o "desejo de caminhar", de "ir em busca do sentido da vida" e também de voltar às raízes, tirando forças "para seguir em frente". É preciso reconsiderar a experiência e a espiritualidade de Santo Inácio de Loyola, "que sempre colocou Deus em primeiro lugar e estava em constante busca da vontade de Deus" e, por essa razão, era animado por "uma tensão assídua para o serviço. Sigam em frente para servir".

"Eu os encorajo a perseverar nesse caminho, a serem testemunhas de esperança em um mundo frequentemente marcado por divisões e conflitos; graças a Deus que existem conflitos, mas os conflitos são resolvidos em outro plano, mais elevado. Os conflitos nos levam a caminhar em labirintos e, ao sair do labirinto, saímos por cima e não sozinhos. O conflito nos leva a trabalhar."

Francisco saudou os presentes ao final da audiência (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Importância do diálogo intercultural e inter-religioso

Ao concluir, o Papa sublinhou a necessidade de "cultivar o senso crítico, a capacidade de discernimento e a sensibilidade aos desafios globais", para que a universidade jesuíta possa "contribuir para tornar o mundo um lugar melhor". E, por fim, uma recomendação:

"Para promover a compreensão mútua, a cooperação e a construção de pontes entre diferentes tradições, culturas e visões de mundo, deve-se dar atenção ao diálogo intercultural e inter-religioso".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A Bem-Aventurada Virgem Maria e a Busca da Unidade (2)

A Bem-Aventurada Virgem Meria (Ecclesia)

A Bem-Aventurada Virgem Maria e a Busca da Unidade

Ervino Schmidt

Teólogo*

3. Confissões da Fé comum

A fé cristã vivenciada em distintas culturas e contextos necessita formulação comum. A fé no único Senhor encontrou forma em credos que uniam os cristãos não obstante as diferenças de cultura, classe e raça.

Surgiram formulações como o Credo Apostólico e o Credo Niceno Constantinopolitano. Ambos gozam de ampla aceitação entre as igrejas. O Credo de Nicéia e de Constantinopla (381) – até hoje – é percebido como expressão apropriada dos fundamentos da fé apostólica. Sua acolhida foi mais universal do que a de qualquer outra confissão formulada. Pois bem, esses credos são aceitos por praticamente todas as igrejas. São herança comum.

3.1. Nascido da Virgem Maria

Também os cristãos evangélicos confessam concebido do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria. E com o Niceno Constantinopolitano afirmam: Cremos em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, (Deus de Deus), Luz de Luz, Verdadeiro Deus de Verdadeiro Deus, gerado e não feito, da mesma substância que o Pai, por meio do qual todas as coisas vieram a ser; o qual, por nós, os homens, e pela nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou do Espírito Santo e da Virgem Maria e se fez homem e foi por nós crucificado sob Pôncio Pilatos e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu aos céus e está sentado a direita do Pai e virá de novo, com glória a julgar vivos e mortos; e o seu reino não haverá fim.

Destaca-se a humanidade de Jesus. É ai que se rompe a distância entre Deus e os seres humanos. Verdadeiro homem, mas também verdadeiro Deus, pois concebido pelo Espírito Santo. Não se destaca, porém, qualquer mérito próprio de Maria.

A referência à virgindade de Maria, muito longe de estatuir um valor próprio à Maria, justamente o desfaz. Maria não tem mérito algum, não pode fazer nada, mas foi simplesmente agraciada. Ela é simplesmente recebedora. Como tal é condizente relembrá-la, mas sempre apenas como aquela que foi escolhida por Deus para dar à luz seu filho. A referência à virgindade de Maria, antes de ser a descrição de um fato biológico, é expressão da confissão de que aquele Jesus, tão humano, nascido de Maria, é o enviado de Deus, sim: é o próprio Deus. (2)

Que Deus assumiu forma humana, que o Verbo se fez carne é, no fundo, um mistério. Este mistério é expresso de maneira magistral nas narrativas bíblicas do nascimento de Jesus e também nos credos que mencionamos. Modificando uma expressão de Ulrich Wilckens (3) eu diria: o singular nascimento é sinal para o nascido singular.

3.2. Mãe de Deus

O Terceiro Concilio Ecumênico, realizado em Éfeso no ano de 431 afirma: Quem não confessa que Emanuel é verdadeiramente Deus e a Santa Virgem, por isso, Mãe de Deus (…) seja excomungado. É uma formulação cristológica, sem dúvida, muito forte.

Ela é retomada, em 451, no Quarto Concilio Ecumênico, em Calcedônia. Este título Theotokos, Mãe de Deus, praticamente não é contestado. As igrejas que reconhecem os Concílios Ecumênicos, reconhecem com isso também o título Mãe de Deus e o respeitam. Talvez o Theotokos possa vir a ser elemento importante na discussão ecumênica sobre Maria. Permanece a pergunta: Por que não aceitar igualmente a formulação de Nestório que propunha o Christotokos? Aliás, talvez devêssemos estudar as formulações destes credos ainda mais a partir do histórico do seu surgimento do que aqui nos é possível fazer. De qualquer modo, a designação Mãe de Deus é feita com clara intenção cristológica.

Bibliografia:

·         ALTHAUS, Paul. Die Chistliche Wahrheit. Gütersloh, 1969, p. 440-443.

·         ALTMAM, Walter. O segundo artigo. In: Proclamar Libertação (Catecismo). São Leopoldo, Sinodal, 1982, p. 99-106.

·         CONFISSÃO DE AUGSBURGO. São Leopoldo, Sinodal, 1980.

·         KIESSIG, Manfred (ed.). Maria, die Mutter unseres Herrn. Lahr, Ernest Kaufmam, 1991.

·         MISSÃO PRESBITERIANA DO BRASIL CENTRAL. O LIVRO DAS CONFISSÕES. São Paulo, 1969.

·         NAVARRO, Juan B. Para compreender o ecumenismo. São Paulo, Loyola, 1995, p. 173-176.

·         PRENTER, Regin. In: Van der Gemeinschaft der Kinder Gottes (uma interpretação do artigo 21). Das Bekenntnis un Augsburg. Erlangen, Martin Luther, 1980.

·         RITSCHL, Dietrich. Berlegungen zur gegenewdrtigen Diskussion über Mariologie. In Ökumenische Rundschau, 31 (1982/4) Frankfurt a Main, Otto Lembeck.

·         STROHL, Henri. In ASTE – Associação dos Seminários Teológicos Evangélicos. O pensamento da Reforma. São Paulo, ASTE, 1993.

·         TAKATSU, Sumio. Dogmas mariológicos e suas implicações. In: ASTE – Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ed.). O Catolicismo Romano: um simpósio protestante. São Paulo, ASTE, s.d.

·         TEIXEIRA, Luís Caetano G. A Bem-aventurada Virgem Maria no Anglicanismo. Policopiado, 1996.

·         WILCKENS, Ulrich. Maria. In: Feiner, Johannes – Vischer, Lucas (eds.). O novo livro da fé. Petrópolis, Vozes, 1976.

Notas:

2. Palestra proferida no Encontro Latino-Americano de Estudos – Curso para Bispos, Ibiuna-SP, 15 a 24/10/96.

3. Walter ALTMANN, Proclamar libertação, Catecismo p. 101.

*Mestre em Teologia pela Universidade de Hamburgo (Alemanha), Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Secretário Executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), em Brasília. Publicado in: (ESPAÇOS 4/2 (1996), p. 119-130)

Fonte: https://ecclesia.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF