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quarta-feira, 22 de maio de 2024

A Bem-Aventurada Virgem Maria e a Busca da Unidade (4)

A Bem-Aventurada Virgem Maria (Opus Dei)

A Bem-Aventurada Virgem Maria e a Busca da Unidade

Ervino Schmidt

Teólogo*

5. Dois novos dogmas marianos: imaculada conceição e assunção ao céu

Surgem novos dogmas marianos. Entende-se que todos eles são desenvolvimento das afirmações contidas no Novo Testamento e nas confissões da igreja antiga a respeito da concepção pelo Espírito Santo e do nascimento virginal. O nascimento virginal já havia sido ampliado no sentido de Maria semper virgo. Um passo além e então a afirmação da imaculata conceptio. Em 1854 o Papa Pio IX proclama: por singular privilégio da graça de Deus Todo-Poderoso, com vistas aos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, desde o primeiro instante da sua conceição, foi preservada imune do labéu do pecado original… (7)  Maria é totalmente sem pecado. Ela está livre de qualquer mancha do pecado original. Isto para ouvidos protestantes soa como de difícil conciliação com a Sagrada Escritura, pois são muito habituados com a teologia paulina e, sobretudo, com a constatação em Rm 3.10: Não ha justo, nem sequer um. Não ha distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus (v.23). Tem-se a impressão que, no fundo, Maria não fazia parte do gênero humano.

Cem anos mais tarde, já no nosso século, surgiu o quarto dogma mariano. Em 1950 o Papa Pio XII proclama a glorificação de Maria: no fim de sua vida terrena, a imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria foi levada com corpo e alma para a celeste glória. (8)

Para as igrejas da Reforma essa doutrina é estranha ao Evangelho. Ela espelha uma indevida glorificação da natureza humana. Maria é destacada da comunhão dos santos, é elevada para a celeste glória e colocada junto ao Filho. Desta forma ela é co-redentora e mediadora de todas as graças.

Estes dois novos dogmas são realmente problemáticos e são um empecilho para o diálogo ecumênico sobre o papel de Maria na história da salvação. Ulrich Wilckens, renomado professor de teologia evangélica diz: Ambos os dogmas baseiam-se exclusivamente em uma tradição constitutiva extra e pós-biblica. Isso ainda pode passar como fundamentação de uma piedade mariana do alvitre de cada um. Porém, ao elevá-los a dogma, o magistério eclesiástico pôs-se acima da Escritura e exerceu coação sobre as consciências. Com isso, o magistério impulsionou uma piedade mariana que (…) obscurece a visão sobre Cristo, mediador único entre Deus e o homem. (9)

Na concepção evangélica Maria é exemplo do agir gracioso de Deus. Como tal ilumina a existência cristã, mas não a fundamenta. Ela é ilustração, mas jamais norma da fé. (10)

6. O lugar de Maria na espiritualidade das igrejas evangélicas, hoje

É difícil pintar um quatro preciso. A mesma igreja, em países e culturas diversas, assume atitudes e práticas diferentes quanto ao cultivo da memória de Maria. Mesmo no Brasil, há diferentes ênfases nas diversas igrejas. De modo geral, porém, pode-se dizer que as igrejas da Reforma assumiram as críticas feitas pelos reformadores quanto a invocação dos santos.

Muitas vezes, porém, assumiram somente as críticas e deixaram de perceber a valorização do exemplo dos santos que também faz parte do pensamento da Reforma. Não se recorda os santos que nos antecederam na fé, também são esquecidos os exemplos de fé e os mártires de hoje. Mas o povo que ignora os exemplos verdadeiros de seu passado, torna-se sem raízes, sem identidade. Não se respeita o que se diz em Hebreus (13.7): Lembrai-vos dos vossos guias que vos pregaram a palavra de Deus, considerando atentamente a sua maneira de viver e imitando a fé que tiveram. Em datas especiais são lembradas unicamente as figuras dos próprios Reformadores.

Quanto a Maria, ela é mencionada quando se recita os credos (Apostólico e Niceno) e na época de Natal. A Igreja Luterana tem belas canções natalinas nas quais se destaca o nascimento virginal de Jesus. Eis alguns exemplos: Menino lindo vos nasceu, Maria foi que à luz o deu;… (HPD, 16) ou ainda: Louvado sejas, O Jesus! Resplandece o céu em luz. Da Virgem nasceu em Belém; os anjos cantam: Cristo vem! Aleluia (HPD, 18). Mas a Igreja Luterana não tem hinos mariológicos. Maria não aparece no calendário litúrgico e no lecionário. Uma posição especial, neste particular, ocupa a Igreja Anglicana. Luiz Caetano Grecco Teixeira, teólogo anglicano, a meu pedido, escreveu um artigo com o titulo: A Bem-Aventurada Virgem Maria no Anglicanismo. Basicamente passo a reproduzir aqui, alguns pensamentos expressos neste seu artigo.

O Livro de Oração Comum da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, aprovado pelo Sínodo Geral em 1984, registra as seguintes festas marianas: Anunciação (25 de março); Visitação (31 de maio); Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de nosso Senhor Jesus Cristo (15 de agosto) e Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria (8 de setembro). Todas as festas têm seus próprios ordinários para a Eucaristia. No Hinário Episcopal, há mesmo um hino mariano.

A Bem-Aventurada Virgem Maria (Opus Dei)

Virgem Maria

1. Honra demos a Maria
Virgem bem-aventurada;
Adoremos a seu filho,
Luz do céu a nós mandada.
Deus Menino veio a Terra,
Virgem-mãe lhe deu beleza,
Fez-se carne o eterno Verbo
Nossa é dele a natureza.

2. Honra ao filho de Maria!
Em seu lar de piedade,
Nem pobreza nem fadiga
Nele impedem a bondade.
Seu amor à mãe bendita
é constante, puro e forte;
Se deveres os separam,
Nela pensa até na morte.

3. Toda a glória ao Pai se oferta
Toda glória ao Filho seja,
Toda glória ao Paracleto
Cante sempre a santa Igreja.
Essa mesma trilogia,
Lá no Céu, Maria entoa,
Repetida pelos santos,
Pela terra inteira ecoa!

(Hino 107 – Hinário Episcopal)

Mas, Caetano esclarece: Embora o calendário e o lecionário incluam festas marianas, não há culto mariano na Igreja Anglicana; o culto anglicano é exclusivamente cristocêntrico e dirigido a Santíssima Trindade. Maria não ocupa nenhum lugar de destaque na liturgia anglicana, tampouco é invocada ou honrada nos altares. Maria é reverenciada e reconhecida como Mãe de Deus e, como os demais Santos do calendário, como testemunha do Cristo e referência para a vida dos cristãos. Os próprios para as festas marianas estão centrados no Cristo, único Senhor, único Mediador e único Intercessor diante do Pai. Não se dirigem orações nem louvores à Virgem, como não se dirigem orações aos demais Santos. Isso é praticamente uma regra geral.

Podemos concluir que na Igreja Anglicana a Virgem Maria ocupa um lugar de destaque. Mas de modo algum é entendida como mediadora da graça. e tida, como nas demais Igrejas, herdeiras da Reforma como exemplo e modelo de fé, mas não como advogada ou co-operadora na graça.

Bibliografia:

·         ALTHAUS, Paul. Die Chistliche Wahrheit. Gütersloh, 1969, p. 440-443.

·         ALTMAM, Walter. O segundo artigo. In: Proclamar Libertação (Catecismo). São Leopoldo, Sinodal, 1982, p. 99-106.

·         CONFISSÃO DE AUGSBURGO. São Leopoldo, Sinodal, 1980.

·         KIESSIG, Manfred (ed.). Maria, die Mutter unseres Herrn. Lahr, Ernest Kaufmam, 1991.

·         MISSÃO PRESBITERIANA DO BRASIL CENTRAL. O LIVRO DAS CONFISSÕES. São Paulo, 1969.

·         NAVARRO, Juan B. Para compreender o ecumenismo. São Paulo, Loyola, 1995, p. 173-176.

·         PRENTER, Regin. In: Van der Gemeinschaft der Kinder Gottes (uma interpretação do artigo 21). Das Bekenntnis un Augsburg. Erlangen, Martin Luther, 1980.

·         RITSCHL, Dietrich. Berlegungen zur gegenewdrtigen Diskussion über Mariologie. In Ökumenische Rundschau, 31 (1982/4) Frankfurt a Main, Otto Lembeck.

·         STROHL, Henri. In ASTE – Associação dos Seminários Teológicos Evangélicos. O pensamento da Reforma. São Paulo, ASTE, 1993.

·         TAKATSU, Sumio. Dogmas mariológicos e suas implicações. In: ASTE – Associação de Seminários Teológicos Evangélicos (ed.). O Catolicismo Romano: um simpósio protestante. São Paulo, ASTE, s.d.

·         TEIXEIRA, Luís Caetano G. A Bem-aventurada Virgem Maria no Anglicanismo. Policopiado, 1996.

·         WILCKENS, Ulrich. Maria. In: Feiner, Johannes – Vischer, Lucas (eds.). O novo livro da fé. Petrópolis, Vozes, 1976.

Notas:

7. Palestra proferida no Encontro Latino-Americano de Estudos – Curso para Bispos, Ibiuna-SP, 15 a 24/10/96.

8. Walter ALTMANN, Proclamar libertação, Catecismo p. 101.

9. O novo livro da fé, p. 390.

10. Catecismo maior, interpretação do 1º Mandamento

*Mestre em Teologia pela Universidade de Hamburgo (Alemanha), Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Secretário Executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), em Brasília. Publicado in: (ESPAÇOS 4/2 (1996), p. 119-130)

Fonte: https://ecclesia.org.br/

Papa: a humildade é tudo, a virtude que nos salva do mal

Audiência Geral de 22/05/2024 com o Papa Francisco (Vatican Media)

Na conclusão do ciclo de catequeses sobre os vícios e as virtudes, Francisco dedicou sua reflexão à humildade. Aos fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro para a Audiência Geral desta quarta-feira (22/05), o Pontífice enfatizou: “onde não há humildade, há guerras, discórdias e divisões”.

https://youtu.be/44gWV12CD14

Thulio Fonseca – Vatican News

A reflexão do Papa Francisco nesta quarta-feira, 22 de maio, foi dedicada à humildade. Esta foi a vigésima e última catequese do ciclo sobre os vícios e as virtudes, iniciado na Audiência Geral de 27 de dezembro de 2023. O Santo Padre disse que "a humildade não faz parte das sete virtudes cardeais e teologais, mas está na base da vida cristã”, e enfatizou: 

“Esta virtude é a grande antagonista do mais mortal dos vícios, a soberba. Enquanto o orgulho e a soberba incham o coração humano, fazendo-nos parecer mais do que somos, a humildade traz tudo de volta à dimensão certa: somos criaturas maravilhosas, mas limitadas, com pontos fortes e fracos.”

Bem-aventurados os humildes

Ao recordar das palavras de Jesus, presentes no sermão das bem-aventuranças, o Papa sublinhou: “bem-aventuradas as pessoas que guardam no coração esta percepção da própria pequenez, elas são preservadas de um vício muito feio, a arrogância”.

“Bem-aventurados os que têm um coração pobre, porque deles é o Reino dos céus! Esta é a primeira bem-aventurança apresentada por Jesus, porque é a base das seguintes: de fato, a mansidão, a misericórdia e a pureza de coração surgem daquele sentimento interno de pequenez. A humildade é a porta de entrada para todas as virtudes.”

Fiéis durante a Audiência Geral com o Papa Francisco (Vatican Media)

Maria: exemplo de humildade

Francisco também faz menção às primeiras páginas dos Evangelhos, onde “a humildade e a pobreza de espírito são a fonte de tudo”. E ao recordar o anúncio do Anjo a Maria, o Santo Padre enfatiza que é precisamente de uma jovem pobre e desconhecida que o mundo renasce:

“Deus é atraído pela pequenez de Maria, a qual é antes de tudo uma pequenez interior, e Ele também é atraído pela nossa pequenez, quando a aceitamos.”

De agora em diante, Maria tomará cuidado para não subir ao palco, continua o Papa. “Sua primeira decisão depois do anúncio evangélico é ajudar sua prima. As pessoas humildes não querem sair jamais do seu escondimento.”

Uma virtude sólida 

Segundo o Santo Padre, podemos imaginar que também Maria tenha vivido momentos difíceis, dias em que a sua fé avançava na escuridão, "mas isso não fez vacilar a sua humildade, que era uma virtude granítica", e destacou:

"Quero sublinhar isso, a humildade é uma virtude resistente. A pequenez nos leva à humildade, e também pensamos em Maria, em sua força invencível: é ela quem permanece aos pés da cruz, enquanto se desfaz a ilusão de um Messias triunfante."

Fonte de paz no mundo e na Igreja

Na conclusão da catequese, o Papa reforçou: a humildade é tudo. É o que nos salva do Maligno e do perigo de nos tornarmos seus cúmplices. E a humildade é a fonte da paz no mundo e na Igreja.

"Onde não há humildade, há guerra, há discórdia, há divisão. Deus nos deu um exemplo disso em Jesus e Maria, porque eles são a nossa salvação e felicidade. E a humildade é exatamente a via, o caminho para a salvação."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Rita de Cássia

Santa Rita de Cássia (A12)
22 de maio
Santa Rita de Cássia

Margarita Lotti nasceu em 1381 na periferia de Roccaporena, perto de Cássia, região da Úmbria na Itália. Era filha única, e foi apelidada de “Rita”. Seus pais eram humildes camponeses, iletrados, mas ensinaram-lhe a Fé e lhe proporcionaram uma boa educação num colégio dos agostinianos, em Cássia. Ela ouvia histórias dos santos, e desenvolveu a devoção à Nossa Senhora, São João Batista, Santo Agostinho e São Tolentino, aos quais escolheu como protetores.

Criança, manifestou vocação religiosa, mas obedecendo aos pais casou-se em 1385. Seu marido, Paolo Ferdinando de Mancino, revelou-se agressivo, violento, alcoólatra e infiel. Mas sua paciência, resignação, caridade e orações acabaram por convertê-lo ao longo do tempo, e de tal forma que outras mulheres casadas vinham se aconselhar com ela.

Mas os desmandos da vida anterior de Paolo deixaram inimizades sérias, e ele foi assassinado. Rita perdoou os culpados – chegando a abrigá-los em casa, para que não fossem presos. Os dois filhos do casal, porém, tinham desejos de vingança. Rita pediu a Deus que desistissem, mas que se isto fosse impossível, os levasse antes de matarem alguém. De fato, ambos ficaram gravemente doentes, incuráveis, e neste período ela conseguiu que se convertessem e perdoassem o assassino paterno. Dentro de um ano, ambos faleceram, sem cometer o crime.

Viúva, Rita, aos 36 anos, pediu admissão no Mosteiro de Santa Maria Madalena de Cássia, das agostinianas. Mas foi recusada, pois as religiosas temiam por sua segurança, sendo Rita viúva de um homem assassinado, e assim talvez perseguida. Rita rezou aos seus protetores, e afinal as famílias envolvidas na morte de Paolo fizeram as pazes, e enfim ela conseguiu entrar na vida consagrada.

Durante o noviciado, a superiora, testando a humildade de Rita, deu-lhe a incumbência de regar um tronco seco de videira. Milagrosamente, esta planta, ainda hoje, produz uvas que de sabor especial, amadurecidas em novembro.

Rita tornou-se uma monja exemplar, de obediência humilde e total às regras da Ordem, dedicando-se à oração, penitências, jejuns, e zelo nos trabalhos. E não deixou de cuidar dos enfermos, assistir aos pobres e visitar os idosos, o que a levou, junto com algumas outras religiosas, a ser conhecida pela caridade também fora do mosteiro. D

Durante a Quaresma de 1443, ouvindo um sermão magnífico sobre a Paixão de Jesus, que enfatizava a Sua coroação de espinhos, Rita desejou participar dos Seus sofrimentos. Em oração diante de um crucifixo, um espinho da coroa da imagem desprendeu-se e cravou-se na sua testa: esta ferida ali permaneceu até a sua morte, 14 anos depois. O estigma lhe provocava muitas enfermidades e exalava mau odor, de modo que ela tinha que ficar isolada das irmãs.

Já muito enferma, ela pediu a Jesus um sinal de que seus filhos estavam no Céu. Recebeu então primeiro uma rosa, depois um figo, de sua antiga casa em Roccaporana, em pleno e rigoroso inverno. Por fim, faleceu em 22 de maio de 1457, aos 76 anos, desaparecendo o estigma na sua testa; os sinos começaram a repicar sozinhos. Uma irmã, Catarina Mancini, paralítica de um braço, ficou curada ao abraçá-la no leito de morte. Seu corpo passou a exalar um perfume de rosas, que perdura até hoje, na urna em que está depositado, incorrupto, na igreja do mosteiro.

Santa Rita de Cássia é invocada como Advogada dos impossíveis, e protetora das esposas e mães maltratadas pelos maridos. Também é padroeira das cidades de Cássia, em Minas Gerais, e de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, Brasil (onde há uma estátua sua de 56 metros de altura, uma das maiores estátuas católicas do mundo); é igualmente considerada Madrinha dos Sertões no país.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Não é importante, nesta vida, que tenhamos o corpo incorrupto, mas sim a alma. Alma incorrupta é quela que ama a Deus e ao próximo por amor a Ele. E para isso não há limites, pois, parafraseando Santo Agostinho, o limite do amor é amar sem limites. Santa Rita não mediu esforços: para obedecer, uma das mais difíceis virtudes, pois obediência significa fazer a vontade de outro contrariamente à própria, o que mortifica a natureza humana que recebeu de Deus a liberdade; perdoou as violências do marido e contra ele, incluindo o assassinato; preferiu, por verdadeiro amor, a morte física dos próprios filhos, a que se perdessem no inferno – e perder um filho é tão grande dor que Nossa Senhora dela não foi poupada; perseverou diante de todos os obstáculos que o mundo e o diabo colocaram diante da sua vocação religiosa; praticou de modo iminente a caridade para com todos os necessitados; e por tudo isso, fez florir o que era estéril, na Comunhão com Cristo. Não à toa foram uvas de sabor especial que brotaram “impossivelmente” por seu trabalho, pois é o vinho da parreira que se transforma, na ação divina, no Sangue Eucarístico de Jesus. A que ponto desejamos participar, como ela, da Paixão do Senhor? Em cada vocação particular, está a potencialidade para a santidade, já que esta é a vontade de Deus para cada um de nós.

Oração:

Senhor Deus, que sacias a nossa sede de vida infinita através do Vosso próprio Sangue, concedei-nos pela intercessão de Santa Rita de Cássia transformarmos com a Vossa graça os espinhos desta vida em frutos de amor e imensa caridade, para que o bom odor das nossas obras apague o fedor das chagas que produzem os nossos pecados. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 21 de maio de 2024

Tempo comum, a grande oportunidade de salvação

amênico181 | Obturador
Patrícia Navas – publicada em 20/05/24
O tempo comum é, como todos os momentos, a grande oportunidade de salvação, experimente estas quatro respirações espirituais para aproveitá-lo e enriquecer sua rotina.

As grandes festas, o período da Páscoa, acabaram, mas continuamos precisando da força do Espírito Santo todos os dias durante a rotina. O conselheiro espiritual da Renovação Carismática Católica na Espanha, Padre Eduardo Toraño López, explica isso à Aleteia. 

E para ganhar essa força e tornar a rotina maravilhosa, o padre oferece essas sugestões que são como respirações espirituais que oxigenam o seu dia a dia:

1
CONECTE-SE COM DEUS

Desde o início do dia busque a harmonia com o Espírito Santo, que é quem nos permite nos relacionar com Cristo e o Pai.  

“Ao acordar, tenha consciência de que Deus lhe dá um novo dia para poder viver Nele e estar aberto aos dons que Ele quer lhe oferecer a cada dia”, convida Padre Eduardo.

2
ORAÇÃO PESSOAL

Favoreça, em sua vida, a experiência de um relacionamento íntimo com Deus através de uma oração que te conecte com Ele.

“Mais importante que o método ou tipo de oração é que ela te conecte com Ele, para poder viver a vida de Cristo e a vida no Espírito todos os dias”, explica o sacerdote. 

3
CONTINUE INVOCANDO O ESPÍRITO SANTO

“Ao voltarmos ao tempo normal após a solenidade de Pentecostes, precisamos continuar invocando o Espírito Santo dia após dia”, afirma o Padre Eduardo.

“Não nos cansemos de invocar a luz e a força do Espírito Santo para nos ajudar a viver com amor as coisas cotidianas e assim torná-las extraordinárias”, convidou o Papa Francisco numa ocasião em que a Igreja voltou aos tempos normais.

Podemos invocar o Espírito Santo individualmente ou em comunidade. Na Renovação Carismática isso é feito especialmente nos seminários de vida no Espírito, nos grupos semanais de oração e no acompanhamento.

“Há louvor, há escuta da palavra de Deus e abertura aos carismas para que o Espírito continue a falar-nos”, detalha o sacerdote, professor da Universidade San Dámaso.

4
PARTICIPE DAS ORAÇÕES COMUNITÁRIAS

O relacionamento é necessário: procure momentos de encontro de oração, especialmente a Missa, e de relacionamento em Deus.

“É muito importante fomentar alguma amizade espiritual; O acompanhamento espiritual também ajuda a vida de fé”, afirma padre Eduardo.

O sacerdote explica que os tempos litúrgicos são uma ajuda pedagógica para a vida cristã e que em cada um deles se atualiza um fato da vida de Cristo.

“Não baixem a intensidade no tempo comum – conclui Padre Eduardo -, a salvação de Cristo está presente hoje!”

Fonte: https://es.aleteia.org/

Invocando o Espírito Santo para o futuro do planeta

O Espírito Santo e o planeta terra (Pinderest)

17/05/2024

INVOCANDO O ESPÍRITO SANTO PARA A O FUTURO DO PLANETA

Dom Guilherme Werlang
Bispo de Lages (SC)

Pentecostes e a Casa Comum: Invocando o Espírito Santo para a o futuro do planeta

Estamos na antevéspera de Pentecostes. Existem muitas orações que dirigimos ao Divino Espírito Santo. Creio que, diante de tantas tragédias que afligem e atingem a humanidade e nosso planeta Terra, além dos Sete Dons, temos que pedir, como diz uma das orações, “Renovai a face da terra”.

Claro que “renovar a face da terra” deve ser realizado por nós, humanos, acolhendo o dom da sabedoria, da inteligência, do discernimento, do entendimento, da prudência e da coragem para um Novo Agir. As mudanças climáticas, que podem, em parte, ser naturais, têm grande participação da ação humana, que não ouve o clamor e o grito da Mãe Terra há tantos séculos.

Divino Espírito Santo, esclarecei as mentes dos governantes, esclarecei as mentes dos “construtores”, dos “plantadores”, dos responsáveis por elaborar Planos Diretores de cidades e Planos Inteligentes de Desenvolvimento, inclusive agrícola e pecuário, e exigi o cumprimento dos mesmos.

Divino Espírito Santo, iluminai as mentes das pessoas de poder para que a Ciência, que é um dos vossos sete dons, seja mais valorizada e respeitada que o poder econômico, a avareza, a ganância, a usura e o desejo de lucro a qualquer custo e preço.

Divino Espírito Santo, dai coragem, ousadia e Entendimento para não gastar fortunas em reconstrução de cidade e bairros onde já se sabe que, em futuro próximo ou mais distante, as mesmas tragédias poderão voltar a acontecer. Com sabedoria, reconstruir e realocar as famílias, os comércios, as igrejas, as escolas, os hospitais, enfim, tudo o que for necessário para lugares mais seguros.

Divino Espírito Santo, dai Inteligência e entendimento para que a humanidade possa devolver aos rios as margens, as planícies, os pantanais e possa devolver à Mãe Natureza o direito às matas ciliares, às encostas, às montanhas e à vegetação nativa.

Divino Espírito Santo, dai aos nossos corações e mentes a firme vontade de não repetir tantos erros já cometidos, e que não voltemos ao “normal”, mas ao totalmente novo.

Divino Espírito Santo, dai-nos a Prudência e o amor de não apontar o “dedo acusador” nem para o Pai do Céu, nem para um povo localizado, mas abri nossos olhos para compreendermos que uma Ação Local tem abrangência Universal.

Divino Espírito Santo, abri nossos olhos e mentes para compreendermos que hoje está acontecendo aqui, ontem foi lá e amanhã poderá ser acolá. Somos uma só casa comum!

Divino Espírito Santo Consolador, confortai os corações de todos os atingidos, a maioria absoluta, inocentes da atual tragédia no Rio Grande do Sul, e fazei-nos compreender que é Caridade tanto as doações de emergência, quanto é caridade e amor ainda maior deixarmo-nos guiar pela tua Luz em busca do Novo e da reconstrução. Como diz a Palavra do Pai do Céu: “vou criar um novo céu e uma nova terra”, onde já não se ouvirá choro nem luto (Isaías 65,17-25 e Ap 21).

Oração ao Espírito Santo

“Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis e
acendei neles o fogo do vosso amor.
Enviai o vosso Espírito e tudo será criado,
e renovareis a face da Terra!

Oremos:
Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo,
fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito,
e gozemos sempre de sua consolação.
Por Cristo, Senhor Nosso. Amém!”

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A Bem-Aventurada Virgem Maria e a Busca da Unidade (3)

A Bem-Aventurada Virgem Maria (Opus Dei)

A Bem-Aventurada Virgem Maria e a Busca da Unidade

Ervino Schmidt

Teólogo*

4. A Reforma e a veneração de santos

Se em tudo que foi exposto acima identificamos herança comum, porque tanta dificuldade quanto à veneração de Maria, nas igrejas da Reforma? Parece-me que a questão deve ser examinada no contexto mais amplo da invocação dos santos.

Na piedade medieval era prática corrente depositar grande esperança no poder de intercessão dos santos. Havia os patronos da região ou de determinada corporação. Havia santos especialistas em livrar de perigos específicos. Entendia-se que estes santos, como intermediários, estariam bem mais próximos dos seres humanos. Pedia-se, por isso, a sua intervenção junto a Deus. O povo era, inclusive, encorajado neste sentido. Era um verdadeiro florescimento dessa devoção aos santos como intercessores e milagreiros.

Os Reformadores viam ai Deus relegado a um plano secundário. Sabemos que Lutero, durante sua vida, estava sempre preocupado em deixar Deus ser Deus. Todo seu trabalho era, por assim dizer, uma interpretação do primeiro mandamento, ou seja, do Senhorio incondicional de Deus. No Catecismo Maior, Lutero volta-se contra a prática de buscar socorro junto aos santos. Via nisso uma usurpação do lugar que cabe exclusivamente a Deus. Diz ele: a idolatria (…) não consiste unicamente em erigir uma figura qualquer e se prostrar diante dela, mas sim, antes de mais nada, consiste em distrair-se, olhando para o lado, ao invés de olhar para Deus. (4)

Exclusivamente em Jesus Cristo, o grande advogado, diante de quem se dobra todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra (Fp 2,10) temos quem defenda a nossa causa. Na confissão de Augsburgo (1530) isso tudo é assim resumido: A Escritura, porém, não ensina que invoquemos os santos ou peçamos auxílio deles, porque nos propõe um só, Cristo, como mediador, propiciador, sumo sacerdote e intercessor. É a ele que se deve invocar e ele prometeu que haveria de ouvir as nossas preces. E esse culto aprova-o muitíssimo, a saber, que seja invocado em todas as aflições. (1 Jo 2.1): ‘Se alguém pecar, temos Advogado junto a Deus’ etc.

Também Zwínglio ocupa-se extensivamente com esse assunto. Julga importante que os fieis intercedam uns pelos outros, mas volta-se com veemência contra a invocação dos santos. Cristo é único Mediador entre Deus e os homens. De forma alguma há necessidade da mediação dos santos. Os méritos dos santos não nos podem ajudar. Na concepção de Zwínglio seria ofensa a Deus pensar que ele precisa ser influenciado para que nos venha a ser favorável. Já não nos disse Ele que é nosso Pai? (5) Podemos buscar inspiração na coragem e na fé dos santos, isso sim, mas não nos dirigirmos a eles em oração. Nem Maria deseja ser invocada. Ela nos diria: Honrai a Deus como eu o honrei com a fé, a obediência e a paciência na afeição; que minha vida vos seja uma prova de que todos aqueles que pertencem a Deus hão de passar por duras provações na terra. Quando não sofri eu mesma? Se, pois, a mãe do Filho conheceu a benção do sofrimento (Hartseligkeit), deveis conhecê-la também. Suportareis mais facilmente vossas provações quando vos lembrardes de que eu já as venci. (6)

Igualmente Calvino foi bastante explicito quanto ao assunto da invocação dos santos. Para ele importa, manter-se nos limites do que nos foi revelado. Volta-se contra todo tipo de especulação. Em parte nenhuma a Escritura diz algo sobre a invocação dos santos. Tudo isso fica bem explicito na Confissão Helvetica, cap. V: Ensinamos que somente o verdadeiro Deus deve ser adorado e cultuado. Esta honra não concedemos a nenhum outro, segundo o mandamento do Senhor: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto’ (Mt 4.10). Somente Deus deve ser invocado e isso pela exclusiva mediação de Cristo. Em todas as crises e provações de nossa vida invocamos somente a ele e isso pela mediação de Jesus Cristo, nosso único mediador e intercessor. Eis o que nos é claramente ordenado: ‘Invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e tu me glorificarás’ (Sl 50. 15). Temos uma promessa generosíssima do Senhor, que disse: ‘Se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la concederá em meu nome’ (Jo 16.23), e: ‘Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei’ (Mt 11.28).

E mais adiante se reafirma com todo vigor que os santos não devem ser adorados, cultuados ou invocados. Por essa razão não adoramos, nem cultuamos nem invocamos os santos dos céus, nem outros deuses, nem os reconhecemos como nossos intercessores ou mediadores perante o Pai que está no céu. Deus e Cristo, o Mediador, são-nos suficientes. Nem concedemos a outros a honra que é devida somente a Deus e ao seu Filho, porque ele claramente disse: ‘A minha glória, pois, não a darei a outrem’ (Is 42.8). é porque São Pedro disse: ‘Porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos’, a não ser o nome de Cristo (At 4.12). Nele, os que dão seu assentimento pela fé não buscam coisa alguma além de Cristo.

Os reformadores são unânimes em se voltar contra a invocação dos santos. Mas, é importante notar que, no fundo, ha uma concepção positiva dos santos. Numa lindíssima interpretação do Magnificat (1521) Lutero não se cansa de ressaltar o quanto podemos aprender em termos de espiritualidade, da oração de Maria. Aliás, a primeira edição dessa obra no Brasil foi promovida pela Igreja Católica Apostólica Romana. É um sinal visível de ecumenismo.

A posição luterana conforme o artigo 21 da Confissão de Ausburgo é de grande respeito aos santos: Do culto aos santos ensinam que se pode lembrar a memória dos santos, a fim de lhes imitarmos a fé e as boas obras – E ainda mais: o artigo que fala dos santos, encontra-se na primeira parte da Confissão de Ausburgo, entre os artigos principais da fé, e não na segunda parte que fala das divergências. E expressamente se diz: Esta é, mais ou menos, a suma da doutrina entre nós. Pode-se ver que nela nada existe que divirja das Escrituras, ou da Igreja Romana, até onde nos é conhecida dos escritores. Assim sendo, julgam duramente os que requerem sejam os nossos tidos por hereges. A dissensão toda diz respeito a alguns poucos abusos, que se infiltraram nas igrejas sem autoridade certa. Temos ai, sem dúvida, indicadores que nos podem ajudar no caminho do diálogo ecumênico.

Bibliografia:

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·         WILCKENS, Ulrich. Maria. In: Feiner, Johannes – Vischer, Lucas (eds.). O novo livro da fé. Petrópolis, Vozes, 1976.

Notas:

4. Palestra proferida no Encontro Latino-Americano de Estudos – Curso para Bispos, Ibiuna-SP, 15 a 24/10/96.

5. Walter ALTMANN, Proclamar libertação, Catecismo p. 101.

6. O novo livro da fé, p. 390.

*Mestre em Teologia pela Universidade de Hamburgo (Alemanha), Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Secretário Executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), em Brasília. Publicado in: (ESPAÇOS 4/2 (1996), p. 119-130)

Fonte: https://ecclesia.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF