Translate

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Dom Paulo Cezar Costa: “A Eucaristia edifica a Igreja”

Cardeal dom Paulo Cez\ar Costa - Arcebispo de Brasília (arqbrasilia)

Arcebispo de Brasília escreve carta para o povo de Deus sobre “A Eucaristia edifica a Igreja”

Em preparação para a Solenidade de Corpus Christi, o Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, dirigiu-se à população com uma carta pastoral intitulada "A Eucaristia edifica a Igreja". A mensagem foi destinada aos bispos auxiliares, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, leigas e leigos.

  • maio 28, 2024

Confira a carta:

A Eucaristia edifica a Igreja

Quero, em preparação para a Solenidade de Corpus Christi, meus amados bispos auxiliares, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, leigas e leigos, oferecer algumas reflexões sobre a Eucaristia.

Já é tradicional, na nossa amada Arquidiocese de Brasília, reunirmo-nos na Esplanada dos Ministérios, manifestando, como Arquidiocese, que a Eucaristia é a grande riqueza da Igreja, pois é o próprio Cristo que Se dá a nós no pão e no vinho consagrados. Por isso, dia 30 de maio, às 17 horas, estaremos todos juntos para esta grande celebração eucarística seguida da nossa tradicional procissão luminosa. Neste ano, traremos um quilo de alimento não perecível como nossa solidariedade aos irmãos sofridos do Rio Grande do Sul.

Para iluminar a nossa reflexão, quero me guiar pelo texto da Epístola de São Paulo aos Coríntios: 1Cor 11,23-26. Poderíamos pegar uma das narrações da instituição da Eucaristia feita pelos evangelhos sinóticos: Lc 22,19-20; Mt 26,26-28; Mc 14,22-24; ou ainda poderíamos nos deter no belíssimo capítulo sexto do Evangelho de João, que foi escrito por último, quando os sinóticos já tinham sido escritos e, por isso, não narra a instituição da Eucaristia, mas dedica todo um capítulo sobre o pão da vida, que é a Eucaristia.

A celebração da Eucaristia deu margens a alguns inconvenientes. O ágape fraterno (uma refeição que se fazia antes da Eucaristia), ao invés de preparar em espírito de caridade para celebrar mais dignamente o banquete eucarístico, havia se convertido numa espécie de banquete, no qual a caridade já não era observada, o que impedia participar dignamente na Ceia do Senhor (11, 17-22). São Paulo, neste contexto, narra a instituição da Eucaristia:

«Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim”. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice dizendo: “Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim”. Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha.»

São Paulo inicia mostrando que narrou o que recebeu do Senhor, isto significa dizer, dos apóstolos, da Igreja. A Eucaristia era celebrada todos os domingos, como é hoje, pela Igreja apostólica e pós-apostólica (At 2,42).

Vejamos alguns elementos do texto:

  1.  

1 – «Na noite em que foi entregue (…)» O apóstolo acena a situação histórica e teológica, aludindo à narração da Paixão. Alude ao fato daquela fatídica noite em que Jesus foi entregue à morte. Foi entregue: não se refere somente à entrega de Judas, que traiu Jesus, mas também ao sentido de que é o Pai que, por amor a nós, entregou o Seu Filho à morte. O Pai entregou Jesus à morte por nós e Jesus Se entregou por nós. Mediante a entrega de Judas, realiza-se essa entrega que o Pai faz do Filho e a entrega que o Filho faz de Si mesmo.

2 – «Tomou …deu graças…. e partiu»: é a terminologia eucarística que aparece também na multiplicação dos pães. As narrações das multiplicações dos pães prenunciam a Eucaristia.

3 – «Isto é o meu corpo…. Este cálice é a nova aliança em meu sangue….» (v. 24). Jesus fala aqui de algo bem concreto e imediato: pão e vinho que são alimentos essenciais para um judeu, que se tornam o corpo e o sangue de Cristo. O verbo ser (é) cria a identidade entre corpo e sangue e os dois elementos (pão e vinho), aos quais se aplica o demonstrativo toûto (isto). Jesus fala, na última ceia, de Seu corpo, que vai oferecer ao Pai pelos homens, e de Seu sangue que será derramado: «Isto é meu corpo, que é para vós». A palavra corpo significa carne, a pessoa viva, a humanidade de Jesus entregando-Se todo inteiro pelos discípulos, tal como se entregará todo inteiro na cruz. «Este cálice é a nova aliança em meu sangue». A identificação do vinho com o sangue de Jesus simboliza toda a pessoa. O conceito de aliança faz a ligação profunda que unia o antigo Israel com Deus e o fazia «seu povo». O dom de Cristo sacrificado por nós tem como fim (finalidade) a criação do novo Israel, que somos nós. A aliança recorda o incansável amor com que Deus, desde a criação, tratou o homem como amigo, prometeu uma salvação depois do pecado, escolheu os patriarcas, libertou Israel do Egito, acompanhou pelo deserto, introduziu na terra e lhe abriu para a esperança do Messias e do Espírito Santo. A aliança plasma, momento por momento, toda a existência de Israel. Prometida como nova e eterna Aliança na pregação dos profetas, essa é vista como princípio divino que reside na profundidade dos corações, e de dentro, do mais profundo do coração, orienta e influencia toda a vida (Jr 31,31-34; Ez 36,26-27).

Aliando a Eucaristia com a aliança, Jesus quer dizer que a Eucaristia nos doa forças para nos deixarmos atrair totalmente pelo movimento do amor misericordioso de Deus, anunciado no Antigo Testamento, celebrado definitivamente na Páscoa e que culmina na plenitude escatológica: na espera de Sua vinda. São João expressa esta realidade afirmando a dimensão escatológica da Eucaristia: «quem come deste pão viverá eternamente».

4 -A Eucaristia é, assim, memorial de Nova e eterna Aliança. Jesus diz: «fazei isto em memória de mim» (Lc 22,19). O conceito de memória (anamnese) deriva do verbo zakar (recordar) que os LXX traduzem por mnemoneuein. Este termo, ao invés de ser uma simples lembrança, implica uma invocação litúrgica que realiza o que recorda (Ex 3,15;34,5-10). Na recordação (anamnese) as palavras de Jesus adquirem todo o valor original. Essa recordação se dá de maneira cultual, com a presença sacramental e sacrifical do Senhor, o qual torna operante e vivo Seu sacrifício na vida dos fiéis que, na celebração litúrgica, celebram essa nova e eterna Aliança. (A Igreja, repetindo o que aconteceu na cruz, de forma ritual, oferece, no Espírito, Cristo ao Pai). A Eucaristia é então também sacrifício. Este aspecto se torna mais claro nos elementos (pão, vinho, cálice), como também nos gestos de Jesus. Se torna mais evidente com as palavras «… corpo (entregue) por vós». «Este cálice é a nova aliança…», que exprime uma evidente relação com a morte de Jesus. O significado expiatório sacrifical se deduz de forma clara na referência aos cânticos do Servo de Javé (Is 42.1-4;49,1-6;50,4-9;52,13-53,12), referência que aparece em Paulo mediante a preposição hyper com genitivo, que no Novo Testamento é a fórmula mais comum relacionada com a morte de Cristo.

Na Eucaristia, memorial da nova e eterna Aliança, celebramos aquilo que somos: «Povo da nova e eterna Aliança», celebramos a nossa identidade. Somos envolvidos na dinâmica do Seu amor misericordioso, tocamos o ápice do amor de Cristo por nós. Nas palavras do Papa Bento XVI: «Em Sua morte de cruz cumpre-se aquele virar-se de Deus contra Si próprio com o qual Ele Se entrega para levantar o homem e salvá-lo – amor em sua forma mais radical»1.

A Eucaristia arrasta-nos neste amor oblativo de Jesus e nos torna Corpo de Cristo. Diz Santo Agostinho: Aquilo que vedes sobre o altar de Deus […] é o pão e o cálice: isto vos asseguram os ossos próprios olhos. Ao invés, segundo a fé que deve formar em vós, o pão é o corpo de Cristo, o cálice é o sangue de Cristo. […] Se quereis compreender [o mistério] do corpo de Cristo, escutai o apóstolo que disse: Vós sois o corpo de Cristo e seus membros (1 Cor 12, 27). Se vós, portanto, sois o corpo e os membros de Cristo, sobre a mesa do Senhor está posto o mistério que sois vós: recebei o mistério que sois vós. Àquilo que sois, respondei: Amém, e respondendo o subscreveis. Diz-se a ti de fato: O Corpo de Cristo, e tu respondes: Amém. Sê membro do corpo de Cristo, a fim de que seja autêntico o teu Amém2.

Participar da celebração eucarística, comungar o Corpo e o Sangue do Senhor, significa tornar-se cada vez mais íntima e profunda a própria pertença Àquele que morreu por nós. Mas a Eucaristia nos compromete também com o Corpo eclesial. É notória a identificação que faz Santo Agostinho entre o corpo eclesial e o corpo sacramental de Cristo. A comunhão do Corpo de Cristo compromete com o ser corpo de Cristo, conduz ao ser Igreja, à edificação da Igreja. Assim, uma comunidade eucarística vai se desenvolvendo nas suas diversas dimensões: o testemunho, a comunhão, a caridade, a missão – evangelização etc. O compromisso eucarístico vai comprometendo todos na edificação da Igreja, Povo de Deus, Corpo de Cristo e Templo do Espírito. É onde cada batizado vai colocando seus dons e carismas a serviço da edificação da comunidade e a Igreja vai se tornando missionária, evangelizadora, porque todos se doam com alegria nas pastorais, movimentos e diversos serviços na vida da comunidade e na sua atuação no mundo. Assim, o ministério presbiteral não é vivido de forma isolada, mas torna-se aquele ministério que anima e reconhece a diversidade de dons que o Espírito semeou nas nossas comunidades: «reconhecer com alegria e promover com diligência os carismas multiformes dos leigos, tanto os mais modestos como os mais altos»3.

1 BENTO XVI, Deus Caritas est, 12.
2 Sermones 272,1.
3 Papa Francisco, Carta do Santo Padre Francisco aos párocos.

A Eucaristia conduz à caridade e compromete com os pobres. São João Crisóstomo lembra-nos que quem recebe verdadeiramente o Corpo e Sangue do Senhor deve reconhecê-lo no irmão pobre: «Degustaste o sangue do Senhor e não reconheces sequer o teu irmão. Desonras esta própria mesa, não julgando digno de compartilhar do teu alimento aquele que foi julgado digno de participar desta mesa. Deus te libertou de todos os teus pecados e te convidou para esta mesa. E tu, nem mesmo assim, não te tornaste mais misericordioso»4.

Neste sentido, na Solenidade de Corpus Christi, lançaremos um projeto de dignificação da mulher e luta contra o feminicídio. O projeto quer, a partir da antropologia católica, dignificar a mulher e fazer de nossas comunidades locais de proteção e promoção da dignidade da mulher.

A Eucaristia conduz à Missão: «Não poderíamos abeirar-nos da mesa eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, visa atingir todos os homens; assim, a tensão missionária é parte constitutiva da forma eucarística da existência cristã»5.

O Amor que celebramos e recebemos, por sua natureza, pede para ser comunicado a todos. Por isso, «a Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua missão: «Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária»6. A missão nasce da experiência do amor de Cristo celebrado, recebido e vivenciado em cada celebração eucarística. A experiência do Seu amor nos abre à dinâmica do amor, torna a nossa existência dom de amor. O amor de Cristo dilata o coração, insere a existência humana na dinâmica do extasis, do sair de si, tornando-se dom de amor na evangelização, na missão e na caridade.

Cada cristão é missionário à medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus, pois «todos somos chamados a dar aos outros o testemunho explícito do amor salvífico do Senhor que, sem olhar às nossas imperfeições, oferece-nos a sua proximidade, a sua Palavra, a sua força, e dá sentido à nossa vida»7.

4 Catecismo da Igreja Católica, 1397.
5 BENTO XVI, Sacramentum Caritatis, 84.
6 BENTO XVI, Sacramentum Caritatis, 84.
7 PAPA FRANCISCO, Evangelii Gaudium, 121.

Na origem da transformação missionária da Igreja está o amor de Cristo, celebrado e recebido na Eucaristia. Papa Francisco afirma: «Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de “saída” e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade»8. A comunidade eucarística é uma comunidade sinodal e verdadeiramente missionária.

       8 PAPA FRANCISCO, Evangelii Gaudium, 27.

Comunico que a festa da dedicação de nossa Catedral, neste ano de 2024, será celebrada no dia 1º de junho, uma vez que 31 de maio é festa da Visitação de Nossa Senhora.

Com minha benção apostólica e minha saudação fraterna,

Dom Paulo Cezar Costa

 Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

São Paulo VI

São Paulo VI (A12)
29 de maio
São Paulo VI

Paulo VI nasceu em 26 de setembro de 1897. Seu nome de batismo era Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini, e ele era natural da cidade de Concesio, na Itália.

Aos 19 anos entrou para o seminário, mas desde pequeno possuía uma proximidade com a Igreja. Ordenou-se padre no ano de 1920 e na sequência estudou na Universidade Gregoriana, na Universidade de Roma e na Pontifícia Academia Eclesiástica.

Paulo VI teve um papel importantíssimo para a continuidade do Concílio Vaticano II (1962-1965) convocado por João XXII, que veio a falecer. Quando eleito, em 1963, Paulo VI retomou o processo para refletir sobre os desafios da Igreja.

Uma das mudanças feitas por ele foi a de abolir o uso da tiara pontifícia (uma mitra composta por tríplice coroa, incrustada com joias e pedrarias), costume que surgiu no Período Medieval).

Em 22 de agosto de 1968, foi o primeiro Papa a pisar em solo latino-americano. Ele abriu, em Bogotá, na Colômbia, a II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e participou do XXXIX Congresso Eucarístico Internacional.

Paulo VI era devoto da Virgem Maria e tinha um carinho especial pelo título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, expresso, de modo particular, em 15 de agosto de 1967, ao enviar uma rosa de ouro para o Santuário Nacional de Aparecida, por ocasião dos 250 do encontro da Imagem no rio Paraíba do Sul.

Na década de 1970 fez uma viagem apostólica para a Ásia e Oceania e sofreu um atentado no aeroporto de Manila, nas Filipinas. Um pintor boliviano, Benjamin Mendoza y Amor, vestido de padre, segurava um crucifixo dourado em uma mão e, na outra, escondida por um pano, um kriss (punhal malaio).

Paulo VI foi ferido no pescoço, felizmente protegido pelo seu colarinho rígido, e outro golpe no peito, perto do coração. Paul Marcinkus, arcebispo norte-americano, foi quem impediu o homem de esfaquear o Papa.

Foi canonizado em 14 de outubro de 2018, junto a Dom Oscar Romero, pelo Papa Francisco.

Reflexão:

O testemunho de vida do Papa Paulo VI é marcado por sua dedicação e liderança durante um período de muitas mudanças na Igreja Católica, no período da Guerra Fria e do Concílio Vaticano II. Suas decisões firmes mudaram para sempre a história e o legado da Igreja.

Oração:

Senhor nosso Deus, que chamastes o papa são Paulo VI, solícito apóstolo do Evangelho do vosso Filho, para governar a vossa Igreja, fazei que, iluminados pelos seus ensinamentos, colaboremos generosamente, para que se dilate em todo o mundo a civilização do amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Fonte: https://www.a12.com/

Papa: adorar o Corpo e o Sangue de Cristo com viva fé

Soçenidade de Corpus Christi em junho de 2019 (Photo by AFP/Tiziane Fabi)

No mistério da Eucaristia Jesus "se faz presente por meio do Espírito Santo para permanecer sempre conosco e transformar a nossa vida", disse o Papa Francisco, que no domingo presidirá a Santa Missa na Solenidade de Corpus Christi na Basílica de São João de Latrão, que será seguida da procissão até a Basílica Santa Maria Maior.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Jesus está próximo de nós com um perene “partir” o pão: "Este é o meu Corpo! Este é o meu Sangue"! A Eucaristia é a antecipação do que viveremos juntos na eternidade.

Ao saudar os diversos grupos na Audiência Geral - que precede a Solenidade de Corpus Christi celebrada nesta quinta-feira - o Papa Francisco recordou deste grande mistério, central na vida de cada cristão e na vida da Igreja.

Que o Espírito Santo nos conduza a Jesus presente na Eucaristia, mistério de amor, fonte de graça, de alegria e de luz, amparo nas dificuldades e conforto na dor”, disse ao saudar os peregrinos de língua francesa.

Já aos peregrinos de língua alemã, recordou que a Solenidade de Corpus Christi “convida-nos a adorar o Corpo e o Sangue de Cristo com viva fé. No mistério da Eucaristia ele se faz presente por meio do Espírito Santo para permanecer sempre conosco e transformar a nossa vida.”

Ao aproximarmo-nos da Solenidade de Corpus Christi – disse ao dirigir-se aos peregrinos de língua espanhola - peçamos ao Senhor que o seu Espírito de amor faça de nós uma oferta perene, para a glória de Deus e o bem do seu Povo santo. Que Jesus Sacramentado vos abençoe e a Virgem Santa, sacrário puríssimo de sua presença, cuide de vós”.

A recordar, que neste ano a Solenidade de Corpus Christi continua a ser celebrada no domingo, mas o Bispo de Roma retoma a tradição de celebrar a Santa Missa na Basílica de São João de Latrão, seguida pela procissão  até a Basílica de Santa Maria Maior.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

As Festas do Senhor durante o Tempo Comum (2)

(Crédito: Opus Dei)

As Festas do Senhor durante o Tempo Comum

Neste editorial dedicado às festas do Senhor que a Igreja nos apresenta ao longo do Tempo comum, recolhemos algumas considerações de quatro delas: a Apresentação e a Anunciação do Senhor, a Santíssima Trindade e o Corpus Christi.

13/06/2019

A SANTÍSSIMA TRINDADE

No primeiro domingo depois de Pentecostes, a Igreja celebra a solenidade da Santíssima Trindade. Nesse dia, glorificamos ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, Deus uno, trino em pessoas: “ao proclamar nossa fé na verdadeira e eterna Divindade, adoramos três Pessoas distintas, de única natureza e iguais em dignidade” [12].“Ouvistes-me dizer muitas vezes que Deus está no centro de nossa alma em graça. Portanto, todos temos uma linha direta com Deus Nosso Senhor. De que valem todas as comparações humanas, com essa realidade divina, maravilhosa? No outro lado da linha esperando por nós está, não só o Grande Desconhecido, mas a Trindade inteira: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (...). É uma pena que os cristãos nos esqueçamos de que somos trono da Trindade Santíssima. Aconselho-vos que desenvolvais o costume de procurar a Deus no mais profundo de vosso coração. Isso é a vida interior” [13].

Ainda que essa festa tenha sido introduzida no calendário romano em meados do século XIV, suas origens se remontam ao período patrístico. Já São Leão Magno costumava desenvolver a doutrina sobre o mistério trinitário durante o período de Pentecostes. Algumas das suas expressões aparecerão recolhidas mais tarde no prefácio da Missa do domingo da oitava de Pentecostes. Sucessivamente, no reino franco, será composta uma Missa da Santíssima Trindade que conhecerá uma primeira difusão por todo o Ocidente, talvez como um meio para ensinar, assiduamente, ao povo cristão a verdadeira fé em Deus.

Porém, a Igreja Romana não definiu uma festa especial no calendário para a Santíssima Trindade, porque as invocações ao Deus uno e trino e as doxologias já lhe dão um lugar central na liturgia. Esta situação não impediu que algumas dioceses ou comunidades monásticas celebrassem anualmente uma festa litúrgica trinitária, ainda que a data não fosse uniforme. Seria o Papa João XXII quem, finalmente, em 1334, introduziria no calendário romano a festa da Santíssima Trindade, no domingo anterior ao domingo de Pentecostes. Por outra parte, ainda que as Igrejas do Oriente cristão não tenham estabelecido uma festa específica, dedicam a maior parte dos cantos do domingo de Pentecostes a contemplar o mistério trinitário.

O SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO

A solenidade do Corpo e Sangue de Cristo (o dia de Corpus Christi) nasce na Idade Média, fruto da piedade eucarística e da reafirmação dos dogmas depois de várias controvérsias teológicas. A festa foi celebrada pela primeira vez em Liége, Bélgica, no ano de 1247, a pedido da Santa Juliana de Mont Cornillon, religiosa que dedicou grande parte da sua vida a promover a devoção ao santo Sacramento do altar. Em 1264, o Papa Urbano IV, impressionado pelo milagre eucarístico de Bolsena – testemunhado em pedra pelo monumental domo de Orvieto, que é como um grande relicário – instituiu, com caráter universal, a solenidade em honra do Santíssimo Sacramento para a quinta-feira posterior à oitava de Pentecostes. A bula de instituição da festa apresenta, em apêndice, os textos da Missa e do Ofício do dia, redigidos, segundo a tradição, por São Tomás de Aquino. A antífona O sacrum convivium das segundas vésperas da festa, sintetiza de modo admirável a fé da Igreja, o mysterium fidei: “Ó Sagrado banquete em que se recebe Cristo! Renova-se a memória de sua Paixão e a alma se enche de graça e nos é dada o penhor da glória futura” [14]. “Cada um de nós – dizia o papa nessa solenidade – pode se perguntar: e eu? Onde quero comer? Em que mesa quero me alimentar? Na mesa do Senhor? Ou sonho com comer gostosos manjares, mas na escravidão? Além disso, cada um de nossos pode se perguntar: qual é a minha lembrança? A do Senhor que me salva ou a do alho e das cebolas da escravidão? Com que lembrança sacio a minha alma?” [15].

Como essa festa gira em torno da adoração do Santíssimo Sacramento e a fé na presença real de Cristo sob as espécies eucarísticas, é lógico que, já no século XIV, surgisse o costume de acompanhar o Senhor sacramentado pelas ruas das cidades. Anteriormente, o Santíssimo tinha presidido a procissão dos ramos no Domingo de Ramos, ou sido transladado solenemente na manhã de Páscoa, a partir do “monumento” ou “sepulcro” até o tabernáculo principal do templo. A procissão do Corpo de Cristo como tal será definitivamente acolhida em Roma, no século XV. Graças a Deus, nos últimos anos estamos assistindo a um reflorescimento dessa devoção também nos lugares em que ela tinha desaparecido durante séculos. Fazemos nossos os sentimentos de São Josemaria na festa de Corpus Christi de 1971: “enquanto celebrava a Missa hoje de manhã, disse a Nosso Senhor com o pensamento: eu te acompanho em todas as procissões do mundo, em todos os Sacrários onde te honram, e em todos os lugares onde estejas e não te honrem” [16].

____________

Notas:

[12] Missal Romano, Prefácio da Missa da solenidade da Santíssima Trindade.

[13] São Josemaria, Anotações de sua pregação, 8-XII-1972.

[14] Antífona ad Magnificat, Vésperas II da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo.

[15] Francisco, Homilia, 19-VI-2014 (cfr. Núm 11, 4-6)

[16] Javier Echevarría, Recordações sobre Monsenhor Escrivá.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

A oração do Papa por Papua Nova Guiné e países em guerra. As crianças sofrem

Audiência Geral de 29/05/2024 com o Papa Francisco (Vatican Media)

Na audiência geral desta quarta-feira, o pensamento do Santo Padre por Papua Nova Guiné após o trágico deslizamento de terra que deixou mais de dois mil mortos, e a oração também pelas vítimas das guerras na Ucrânia, Palestina, Israel e Mianmar e em tantos outros países que sofrem com a guerra, que “é sempre uma crueldade”. Na Praça São Pedro, um grupo de 13 cadeirantes que vieram de Ancona até Roma em peregrinação, um percurso de quase 300Km. Entre eles, a brasileira Josemare de Cristo Reis.

Raimundo de Lima - Vatican News

Ao término da audiência geral desta quarta-feira (29/05), na Praça São Pedro, Francisco voltou seu pensamento a Papua Nova Guiné, após o trágico deslizamento de terra que deixou mais de dois mil mortos, assegurando suas orações e lembrando que proximamente visitará o país.

Gostaria de assegurar minhas orações pelas vítimas do grande deslizamento de terra que varreu alguns vilarejos em Papua Nova Guiné. Que o Senhor conforte suas famílias, aqueles que perderam suas casas e o povo papuásio que, se Deus quiser, encontrarei em setembro próximo.

Generosidade em responder pobrezas causadas pela guerra

Na saudação aos fiéis e peregrinos de língua polonesa, o Santo Padre lembrou o beato Stefan Wyszynski, convidando a aprender dele a generosidade em responder as pobrezas causadas pela guerra, especialmente na Ucrânia.

Saúdo cordialmente os poloneses. Dirijo um pensamento especial aos peregrinos reunidos em Roma em memória orante do beato cardeal Stefan Wyszynski. Que o Primaz do Milênio seja para a Igreja na Polônia e no mundo um modelo de fidelidade a Cristo e a Nossa Senhora. Aprendamos com ele a generosidade na resposta às pobrezas de nosso tempo, incluindo aquelas causadas pela guerra em tantos países, especialmente na Ucrânia.

As crianças em guerra sofrem

Na saudação aos de língua italiana, pedindo que o Senhor nos dê a graça da paz, o Pontífice pediu para não esquecer a Palestina, Israel, Mianmar e tantos países em guerra, ressaltando que as crianças sofrem com a guerra, com um pensamento particular pela Ucrânia.

Meu pensamento se volta para a atormentada Ucrânia. Outro dia, recebi meninos e meninas que sofreram queimaduras, perderam as pernas na guerra: a guerra é sempre uma crueldade. Esses meninos e meninas têm de começar a andar, a se movimentar com braços artificiais... perderam o sorriso. É muito ruim, muito triste quando uma criança perde seu sorriso. Oremos pelas crianças ucranianas. E não nos esqueçamos da Palestina e de Israel, que sofrem tanto: que a guerra acabe. E não nos esqueçamos de Mianmar e de tantos países que estão em guerra. As crianças sofrem, as crianças em guerra sofrem. Oremos ao Senhor para que esteja perto de todos e nos dê a graça da paz.

Cadeirantes em 300Km de peregrinação de Ancona até Roma

Na Praça São Pedro, entre os numerosos grupos de fiéis e peregrinos presentes encontrava-se um grupo muito particular, 13 cadeirantes que vieram de Ancona até Roma em peregrinação em cadeira de rodas, um percurso de quase 300Km feito em 12 dias. Entre eles encontrava-se a brasileira Josemare de Cristo Reis, que vive há 14 anos em Bergamo, norte a Itália, e nos conta a experiência sua e de seu grupo:

“Meu nome é Josemare de Cristo Reis. Sou brasileira, mas moro em Bergamo há 14 anos e viemos de Ancona até Roma em cadeira de rodas com um grupo de 13 pessoas por 12 dias fazendo uma peregrinação. Percorremos o caminho de Francisco (Via Francigena). Fizemos todo esse caminho: passamos por Assis, Spoleto, por diversas cidades que fazem parte desse percurso, desse trajeto maravilhoso. Partimos dia 17 e chegamos aqui ontem. Viemos aqui para fechar esse ciclo maravilhoso e hoje vimos estar mais próximo do grande Papa, do nosso Papa.”

Brasileira Josemare de Cristo Reis na audiência geral desta quarta-feira (29/05), na Praça São Pedro (Vatican Media)

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Úrsula Ledochowska

Santa Úrsula Ledochowska (A12)
29 de maio
Santa Úrsula Ledochowska

Júlia Ledochowska nasceu em 1865, filha de nobres pais poloneses residentes na Áustria. Sua irmã mais velha, Maria Teresa, fundadora de uma congregação, foi canonizada. Seu irmão Vladimiro, sacerdote, foi o 26º preposto-geral dos jesuítas. A família permaneceu na Áustria até o final dos seus estudos na adolescência, voltando depois para a terra natal e estabelecendo-se na Croácia.

Com 21 anos, entrou no convento das irmãs ursulinas de Cracóvia, adotando o nome de Úrsula em homenagem à fundadora da Ordem quando da profissão dos votos perpétuos, em 1899. Possuía um pendor educativo e por isso fundou um pensionato para as jovens estudantes, entre as quais promovia a Associação das Filhas de Maria. Durante quatro anos foi superiora do convento, quando, chamada pelo pároco da igreja de Santa Catarina em Petersburgo, foi para a Rússia, a dirigir um internato de estudantes polonesas, exiladas.

O governo do país reprimia atividades religiosas, mesmo as assistenciais, e por isso ela e demais freiras (em número crescente) tinham que usar roupas civis, por segurança. A comunidade, uma casa autônoma das Ursulinas, vivia escondida do contínuo monitoramento da polícia secreta nacional, realizando intenso trabalho de formação religiosa e educativa, e buscando a aproximação entre russos e polacos.

Em 1909 fundou uma casa das ursulinas na Finlândia, seguindo um modelo inglês de pensionato e escola ao ar livre para moças doentes, e outra casa ursulina em Petersburgo, no mesmo ano. Foi perseguida pela polícia russa durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), por causa da sua origem austríaca, e por isso foi para a Suécia no início da guerra. Aí fundou um pensionato e uma escola, e ainda o jornal Solglimstar (“Vislumbres do Sol”), voltado para o apostolado católico, e que até hoje é editado. Em 1917 foi para a Dinamarca, assistindo aos poloneses perseguidos, voltando para a Polônia em 1919.

Mas em 1920, abandonou a Ordem, para fundar uma nova: as Irmãs Ursulinas do Sagrado Coração Agonizante, dedicada ao cuidado dos jovens abandonados, pobres, velhos e crianças, e aprovada pelo Vaticano em 1930. Por causa da cor do hábito, as novas irmãs ficaram conhecidas na Polônia como “ursulinas cinzas”; e na Itália por “irmãs polonesas”. Rapidamente a Ordem espalhou-se pela Europa, e quando Madre Úrsula Ledochowska faleceu, aos 29 de maio de 1939 em Roma, existiam já 35 casas e mais de 1.000 irmãs.

 Santa Úrsula Ledochowska escreveu vários livros em Polonês, que tiveram tradução para o Italiano.

Reflexão:

Mesmo perseguida, Santa Úrsula Ledochowska fez o bem por onde esteve. Este fruto de santidade teve origem sem dúvida no seio familiar, de onde sua irmã também veio a ser canonizada. Nunca será suficientemente enfatizada a importância de uma família bem estruturada em Cristo… Úrsula seguiu o exemplo do próprio lar e preocupou-se com o cuidado dos jovens abandonados, pobres, velhos e crianças, mas sobretudo no que mais a marcou na casa paterna: a formação educacional e acima de tudo espiritual. A ênfase na atenção às moças, durante a maior parte da sua vida, reflete também uma herança da família, pois esta é estruturada, numa concepção católica, com base na esposa e mãe. Não à toa os que combatem Deus e a Igreja se esforçam de forma tão agressiva, atualmente, para deturpar a condição feminina, procurando convencer as jovens de que elas não devem ter qualquer responsabilidade como esposas e mães, e nem mesmo em serem o que são, mulheres! As falsas promessas de “igualdade” apenas escondem apelos à luxúria (o que na prática as torna, então sim, submissas e desvalorizadas), à ambição material e à ilusão de que devem competir (e não cooperar do seu modo único e específico) com os homens – como se fossem homens e não do sexo feminino, um contrassenso espiritual, moral, natural e biológico. E que, naturalmente, não traz a felicidade de anuncia, na medida em que é uma violência contra a própria natureza feminina. Que Deus suscite muitas outras mulheres como Úrsula, capazes de reconhecer a realidade e a verdade, e viver e ensinar com propriedade a condição divina da mulher, segundo o plano de Deus. A Igreja sempre teve que enfrentar perseguições, que aliás teve modernamente grande incremento a partir da mesma Rússia em que trabalhou Santa Úrsula, com o advento do seu governo comunista, condenado diretamente por Nossa Senhora em Fátima no ano mesmo (1917) da sua implementação regada a sangue. A necessidade de levar a Boa Nova, a Verdade, portanto, não apenas continua, mas aumentou, e este mandato de Cristo deve ser sempre obedecido pela oração, exemplo de santidade e evangelização perseverante.

Oração:

Senhor Deus dos Exércitos, concedei-nos, por intercessão de Santa Úrsula Ledochowska, enfrentar as guerras, sobretudo espirituais, contra Vós, a Igreja e as famílias, vivendo de forma santa e caridosa, para que como ela sirvamos ao Vosso Sagrado Coração, em consolo à agonia que O fere e em favor da salvação nossa e dos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 28 de maio de 2024

MARIA DO EGITO: uma fonte de água a jorrar

Maria do Egito (arquisp)

MARIA DO EGITO: uma fonte de água a jorrar

Por Pe. Jean Steferson Pereira

Como já sabemos, Deus preparou todo um caminho para que o povo de Israel fosse libertado do Egito. Moisés foi escolhido para executar esse projeto, mas, para que pudesse chegar a tal intento, foi preciso o esforço de muitas pessoas. Dentre elas, destacam-se mulheres importantes: as parteiras que resistiram ao faraó, sua mãe, sua irmã, a filha faraó. Sua irmã, Maria, todavia, não foi apenas mais uma colaboradora, mas uma grande  líder do movimento de libertação. Ela recebeu o título de profetisa, a primeira mulher a receber tal elogio na Bíblia. E, no grande louvor, após a travessia do mar Vermelho, ela aparece conduzindo as mulheres e cantando junto a elas. Vamos conhece-la um pouco mais.

QUEM É MARIA?

A tradição judaica diz que Maria profetizou, ainda criança, que sua mãe teria um filho cuja missão seria libertar seu povo do Egito. Com isso, toda a sua vida teria se orientado para o cuidado daquele menino que, mais tarde, faria o povo passar pelas águas, assim como ele mesmo passou, quando resgatado pela filha do faraó. Em outras palavras, Maria seria a protetora de Moisés, na garantia de que sua profecia pudesse se cumprir.

Como conhecemos a história do nascimento de Moisés, na qual a atuação de Maria foi fundamental, vale descobrir em que mais essa mulher colaborou no projeto de Deus. O profeta Miqueias faz questão de dizer que o povo subiu do Egito – a casa da escravidão – graças a Moisés, Aarão e Maria. E por quê? Porque ela sempre foi vista, pelo povo de Israel, como uma mulher corajosa, persuasiva e bondosa, uma verdadeira líder das mulheres israelitas. E há quem diga que foi pela força dessas mulheres que o povo conseguiu fugir da escravidão.

O nome Maria, que também pode ser Miriam, é de difícil compreensão. Alguns acreditam que traga em si algo obstinação, persistência. Há também a possibilidade de significar amada. Ambas as propostas são aplicáveis: Maria guardava consigo uma profecia e, por isso, comprometeu sua vida na busca por cumpri-la; além disso, era uma mulher amada por Deus, por seus irmãos e seu povo.

Um detalhe, porém, da sua história, vale ainda ressaltar: ao dizer que Maria era amada por todos, logo podemos pensar na passagem da lepra. Por questionar o casamento de Moisés com uma mulher etíope, Maria recebeu um castigo  divino, tornando-se leprosa, com o corpo branco como neve. Diante disso, seus irmãos Moisés e Aarão intercederam por ela. Deus concedeu a cura, depois de sete dias de isolamento, fora do acampamento. E o povo, solidário com a situação, não seguiu seu caminho enquanto Maria não fosse readmitida à comunidade (cf. Nm 12, 1-16).

Em síntese, podemos dizer que Maria foi uma filha de Israel que lutou por sua família e por seu povo, ajudando Moisés a viver e colaborando com ele no processo de libertação, no êxodo do povo de Israel. Foi líder das mulheres e cantou com elas louvores a Deus, pelas maravilhas que ele realizou em suas vidas. Foi uma fonte viva cuja água ajudou o povo de Deus a enfrentar a sede do deserto, até a terra prometida.

UMA FONTE DE ÁGUA A JORRAR

O livro dos Números anuncia a morte de Maria, dizendo: “Os israelitas, toda a comunidade, chegaram ao deserto de Sin, no primeiro mês, e o povo se estabeleceu em Cades. Ali morreu Maria e, ali, foi sepultada” (Nm 20, 1). Ela provavelmente morreu com 125 anos, na contagem bíblica, sem dor nem sofrimento, num descanso digno de quem serviu a Deus por toda a vida.

Chama a atenção do leitor o que diz  no versículo seguinte: “Como não havia água para a comunidade, surgiu um motim contra Moisés e Aarão” (Nm 20, 2). Misteriosamente, a fonte que providenciava água para o povo secou, na ocasião da morte de Maria. Depois, essa fonte jorrou milagrosamente e deu água para matar a sede de Israel, durante 40 anos, mas naquele momento o povo estava novamente sedento.

Maria colocou e retirou Moisés do rio, atravessou o mar Vermelho, provou das águas amargas e as viu ficarem doces, viu água brotar do rochedo. Assim, ela mesma se tornou uma fonte de água para o povo. Sua profecia, sua liderança, sua presença forte foram como um manancial que abasteceu e revigorou Israel durante anos de sofrimento no deserto. E, na ocasião de sua morte, o povo voltou a queixar-se de sede.

O interessante e belo, se não profético, é que outra Maria, bem mais tarde, dará à luz um filho, chamado Jesus. Ele dirá de si mesmo: “Aquele que beber da água que eu darei nunca mais terá sede, pois a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4, 14). Talvez esteja na missão das Marias dar ao povo água , para que possa saciar sua sede e seguir adiante, nos caminhos preparados por Deus.

Fonte: Revista Ecoando, Ano 18 nº 71, Setembro-Novembro 2020, páginas 10 e 11

Beatos poloneses morreram mártires para defender a procissão de Corpus Christi

Corpus Christi. Crédito: Sidney de Almeida - Shutterstock | Nas laterais padre Vicente Matuszewski e padre José Kurzawa. | Crédito: Hagiopédia e Diocese de Kaliskiej.

Os beatos padre Vicente Matuszewski e padre José Kurzawa morreram mártires por causa da coragem em defender a procissão de Corpus Christi em 1940 na cidade de Osiecyni,  Polônia.

Segundo o livro Ano Cristão da Biblioteca de Autores Cristãos, o heroísmo dos beatos mártires remonta ao ano d. Os nazistas tinham invadido a Polônia, mas os padres continuaram o serviço paroquial.

No dia de Corpus Christi levaram a sagrada eucaristia em procissão pública. Os nazistas ficaram furiosos e o ex-prefeito da cidade foi até os beatos para pedir-lhes que fossem embora.

O pároco Vicente Matuszewski disse-lhe que não ia embora, mas que o padre José Kurzawa era livre para sair. Contudo, o padre coadjutor respondeu que não abandonaria o seu pároco.

diocese polonesa de Kaliskiej informa que foi no dia 23 de maio e que à noite as autoridades nazistas chegaram à casa onde dormiam os beatos, que foram espancados. Eles foram postos em um carro e levados para fora da cidade

Os padres foram amarrados ao veículo e arrastados para a floresta. Lá eles sofreram tortura e foram mortos com um tiro na cabeça. Seus corpos foram deixados em uma vala próxima à estrada. Os fiéis transformaram o funeral dos beatos num protesto contra a escravidão e a política anticatólica dos nazistas alemães.

A coragem dos chamados “mártires da eucaristia e da unidade sacerdotal” foi reconhecida em 13 de junho de 1999, dia em que um dos seus compatriotas, o papa são João Paulo II, os beatificou em Varsóvia, na Polônia.

Fonte: https://www.acidigital.com/

A comunhão que nasce da comunidade em oração

Responsabilidade de viver em sociedade (Canção Nova)

A COMUNHÃO QUE NASCE DA COMUNIDADE EM ORAÇÃO

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! O ponto de partida da vida cristã é o amor a Deus, a si mesmo e ao próximo. A medida do amor ao próximo é a mesma do amor que se tem para consigo mesmo. Estamos finalizando o mês de maio, com a celebração da 145ª Romaria ao Santuário de Caravaggio, neste mês marcado pelas celebrações marianas, que nos lembram o carinho e o afeto maternal de Maria, a mãe de Jesus e nossa. Maria, a primeira seguidora de Jesus Cristo, nos recorda o nosso compromisso de batizados, que é seguir Jesus, como discípulos e missionários do Reino. Mas o discípulo, para poder viver em comunhão com o Mestre, deve alimentar-se do pão Palavra e do pão da vida eterna: a Eucaristia.

Quando nos colocamos em oração e na escuta de Deus, em comunidade, o sentido de pertença ao Povo de Deus, revigora a nossa vida de fé, e nos sentimos participantes de uma grande família. Sem vida de oração, que fortalece a comunhão entre nós e com Deus, dificilmente uma comunidade sobrevive como comunidade cristã. Não podemos manter a nossa fé no Senhor Jesus se não estamos abertos a ação santificadora do Espírito Santo na Igreja e na comunidade. O compromisso de todo batizado é anunciar e testemunhar Jesus Cristo, mas para anunciá-lo é preciso primeiro fazer um encontro com Ele. Do encontro com o Senhor Jesus nasce a conversão e a vivência comunitária da fé. A fé dos que encontraram o Senhor não é indiferente, mas busca testemunhar a alegria de ter encontrado o Mestre, vivendo a ação missionária de forma acolhedora, também na vida da comunidade.

Como cristãos, precisamos ter presente que a vida e a história obedecem em primeiro lugar ao projeto de Deus, que quer a vida para todos. Por isso, o cristão é sempre levado a buscar o significado profundo dos acontecimentos, para além de seus caprichos e interesses imediatos.

Centralizada no amor a Deus e ao próximo, a vida cristã é essencialmente uma realização comunitária. A comunidade é o ambiente vital para os cristãos, é nela que eles partilham a vida e encontram o apoio necessário para perseverar na fé. Por isso, a comunidade deve ser preservada de qualquer divisão que provém da competição pelo poder, da busca de privilégios e de sectarismos. A preocupação com a reconciliação é um dever de todos, e supõe imparcialidade quando aparecem conflitos.

Viver em comunidade, portanto, supõe que cada um confie plenamente no dom de Deus. Mas, ao mesmo tempo, requer uma educação para isso. E o ponto fundamental é a instrução no temor de Deus. Não se trata de ter medo de Deus, mas de reconhecer que Deus é o Senhor e doador da vida, e seu projeto é que todos repartam a vida entre todos. A educação cristã começa aqui, mostrando para as pessoas que elas não são autossuficientes e independentes, mas interdependentes, complementando-se mutuamente na partilha do que cada um é.

Se o caminho da vida é temer a Deus e amar a Deus e ao próximo, o caminho da morte é o contrário: começa com a ausência do temor de Deus. Sem esse temor, o homem se coloca no lugar de Deus e passa a agir como se fosse centro e senhor da vida, dispondo de tudo e de todos, sem a menor consideração pela vida e liberdade de seus semelhantes. Quando o homem usurpa o lugar de Deus, cria automaticamente o projeto da escravidão e da morte.

À luz do Evangelho, a comunidade cristã deve alimentar um clima de fraternidade e de partilha. Ao mesmo tempo, deve ser solidária e estar sempre aberta para acolher aqueles que necessitam de ajuda, para serem inseridos ou reinseridos na comunidade, como irmãos que trazem no coração, muitas vezes ferido, a dignidade de filhos e filhas de Deus nosso Pai.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF