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quinta-feira, 30 de maio de 2024

Linda sequência de Corpus Christi de São Tomás de Aquino

Pascal Deloche | Deus
“Quando tive Jesus Sacramentado na minha frente não conseguia olhar para ele, tremia”
Mónica Muñoz - publicado em 29/05/24

São Tomás de Aquino compôs a sequência cantada na solenidade de Corpus Christi, na qual descreve eloquentemente o mistério da Eucaristia.

São poucas as celebrações em que se acrescenta uma sequência em que se exalta o mistério que se comemora durante a santa Missa. Uma delas é a solenidade de Corpus Christi, que é cantada ou recitada antes da leitura do Evangelho.

Esta em particular, composta por São Tomás de Aquino em 1264 , tem a capacidade de elevar o espírito à contemplação diante do mistério da Eucaristia, na qual descreve admiravelmente como o Senhor se transforma em pão e vinho para se dar como alimento ao crentes.

Este é o texto completo da sequência de Corpus Christi

Mônica Muñoz

Louvemos o Salvador, que é nosso pastor e guia.
Louvemo-lo com hinos e cânticos de alegria.
Louvemo-lo sem limites e com todas as nossas forças;
Porque o Senhor é tão grande que o nosso louvor é pouco.

Com alegria hoje aclamamos Cristo, que é o nosso pão,
porque Ele é o pão da vida, que nos dá a vida imortal.
Eram doze que jantaram e ele deu pão aos doze.
Doze então comeram, e depois todos os homens.

Que o louvor seja pleno e repleto de canções alegres;
Que nossa alma transborde em todo um concerto sagrado.
Hoje celebramos com alegria a gloriosa instituição
deste banquete divino, o banquete do Senhor.

Esta é a nova Páscoa, a Páscoa do Rei Único,
que põe fim à pesada aliança da lei.
Este novo, sempre novo, é a luz da verdade,
que substitui o antigo por uma nova clareza.

Naquela última ceia, Cristo fez a maravilha
de deixar aos seus amigos o memorial da sua vida.
Ensinados pela Igreja, consagramos o pão e o vinho,
que redimem os homens e dão força no caminho.

É um dogma cristão que o pão se transforma em carne
e o que antes era vinho se transforma em sangue.
Há coisas que não entendemos, porque a razão não basta;
mas se os virmos com fé, eles entrarão no coração.

Sob vários símbolos e em diferentes figuras,
estão escondidas certas verdades maravilhosas e profundas.
Seu Sangue é a nossa bebida; Sua Carne, nosso alimento;
mas no pão ou no vinho Cristo é completo.

Quem come não o quebra, não parte nem divide;
ele é o todo e a parte; Está vivo em quem o recebe.
Pode ser apenas um que se aproxima do altar,
ou podem ser multidões: Cristo não terá fim.

Pessoas boas e más comem, com benefícios diferentes;
Ter vida não é o mesmo que ser condenado à morte.
Ele mata os maus e dá vida aos bons.
Que efeito diferente a mesma comida tem!

Se eles dividirem, não se preocupe; Eles apenas se separam do exterior;
No menor fragmento inteiro o Senhor bate.
Quando separam o exterior, separam apenas o que você viu;
não é uma diminuição da pessoa de Cristo.

O pão que desce do céu é alimento para os viajantes.
É um pão para as crianças. Não jogue para os cachorros!
Isaque, o inocente, é figura deste pão,
com o cordeiro pascal e o misterioso maná.

Tem compaixão de nós, bom pastor, pão verdadeiro.
Alimente-nos e cuide de nós e leve-nos ao céu.
Você pode e sabe tudo, pastor de ovelhas, divino.
Conceda-nos no céu desfrutar da herança com você.

Fonte: https://es.aleteia.org/

O Papa: a Eucaristia, resposta de Deus à fome profunda do coração humano

Missa do Papa na Solenidade de Corpus Christi (2021) (Vatican Media)

Numa postagem no X, Francisco lembra a Solenidade de Corpus Christi, celebrada no Vaticano e no Brasil, em 30 de maio. Em 2 de junho, o Pontífice presidirá a missa na catedral de São João de Latrão.

Vatican News

"A Eucaristia é a resposta de Deus à fome mais profunda do coração humano, à fome de vida autêntica: nela, o próprio Cristo está realmente presente no meio de nós para nos alimentar, consolar e sustentar ao longo do caminho."

Por meio de sua conta @Pontifex em nove idiomas e com milhões de seguidores na rede social X, o Papa Francisco recorda a Solenidade de Corpus Christi que, no Vaticano, e também no Brasil e outros países, é celebrada nesta quinta-feira, 30 de maio.

Nesta postagem, o Pontífice exalta o valor infinito da Eucaristia como comunicação direta entre Deus e o homem, relacionando-a ao conceito de fome. Em sua homilia na missa de Corpus Christi de 2020, na Basílica de São Pedro, o Papa enfatizou que a Eucaristia “nos levanta de nosso confortável sedentarismo, nos lembra que não somos apenas bocas para alimentar, mas também somos suas mãos para alimentar nosso próximo. Agora é urgente que cuidemos de quem tem fome de alimento e dignidade, de quem não tem trabalho e luta para sobreviver. Devemos fazer isso de forma concreta, como concreto é o Pão que Jesus nos dá”. “Precisamos de uma proximidade real, precisamos de verdadeiras correntes de solidariedade”, acrescentou Francisco, “Jesus na Eucaristia se faz próximo de nós: não deixemos sozinho quem está próximo de nós!”

As celebrações dos anos anteriores

Fome, mas também sede: em sua homilia de 2021, o Papa observou que “para celebrar a Eucaristia, é preciso antes de tudo reconhecer a própria sede de Deus: sentir-se necessitado Dele, desejar sua presença e seu amor, ter consciência de que não podemos fazer isso sozinhos, mas precisamos de um Alimento e uma Bebida de vida eterna para nos sustentar em nosso caminho”. "O drama de hoje é que, muitas vezes, a sede foi saciada", observou o bispo de Roma. "As perguntas sobre Deus foram extintas, o desejo por Ele diminuiu, quem busca a Deus está se tornando cada vez mais raro. Deus não atrai mais porque não sentimos mais nossa sede profunda. Mas somente onde há um homem ou uma mulher com um jarro de água - pensemos na mulher samaritana, por exemplo - o Senhor pode se revelar como Aquele que dá nova vida, que alimenta nossos sonhos e aspirações com esperança confiável, presença de amor que dá sentido e direção à nossa peregrinação terrena".

“Nossa adoração eucarística encontra sua verificação quando nos preocupamos com o próximo, como faz Jesus: ao nosso redor há fome de alimento, mas também de companhia, de consolo, de amizade, de bom humor, de atenção”, enfatizou Francisco durante o Angelus de Corpus Christi de 2022, na Praça São Pedro. “Há uma fome de ser evangelizados. Encontramos isso no Pão Eucarístico: a atenção de Cristo às nossas necessidades e o convite para fazer o mesmo com quem está ao nosso redor. É preciso comer e dar de comer”.

Missa em São João de Latrão no dia 2 de junho

No dia 2 de junho, às 17h, o Papa Francisco celebrará a missa de Corpus Christi na catedral de São João de Latrão, seguida da tradicional procissão pela Via Merulana até Santa Maria Maior e da bênção eucarística. O pontífice argentino retomará, assim, a tradição inaugurada por João Paulo II e continuada por Bento XVI, que participavam da procissão num carro-altar com ostensório, e também Francisco, em 2013, ano de sua eleição. 

Em 2014, 2015 e 2016, Francisco não participou da procissão, mas celebrou a missa e depois deu a bênção eucarística em Santa Maria Maio. Em 2017, o Pontífice decidiu celebrar o Corpus Christi no domingo para incentivar uma maior participação dos fiéis. Em 2018, a mudança de local, recuperando uma prática que parecia remontar a Paulo VI, que celebrou a solenidade várias vezes em bairros novos e periféricos de Roma a partir de 1965. Naquele ano, de fato, a celebração do Papa realizou-se, em Ostia, na praça em frente à paróquia de Santa Mônica.

Em 2019, Francisco celebrou o Corpus Christi, novamente no domingo, no adro da igreja de Santa Maria Consolatrice em Casal Bertone, uma área ligada à história dos bombardeios na capital durante a Segunda Guerra Mundial. Em 2020 e 2021, na época da pandemia de Covid-19, a missa foi celebrada (ainda aos domingos) na Basílica de São Pedro. Em 2022, quando estava se recuperando de sua hospitalização no Gemelli, e em 2023, devido a “limitações impostas” por dores no joelho, o Papa não presidiu nenhuma liturgia. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Hoje é celebrado são Fernando III, padroeiro dos governantes e protetor dos desamparados

São Fernando III (ACI Digital)
30 de maio
São Fernando III

A Igreja Católica celebra hoje (30) o rei são Fernando III, padroeiro da Espanha. Ele era um homem de imensa fé. Como governante, sempre agiu inspirado nos valores cristãos, o que contribuiu enormemente para o engrandecimento de sua nação.

A vida deste santo pode ser compreendida através das próprias palavras dele, pronunciadas antes de morrer: “Senhor, nu saí do seio de minha mãe, a terra, e nu me ofereço a ela. Senhor, receba minha alma entre seus servos".

São Fernando nasceu na Espanha no final do século XII, em 1198. Durante seu reinado unificou os reinos de Leão e Castela, o que favoreceu efetivamente os cristãos que continuaram lutando contra o invasor muçulmano.

Os árabes ocupavam nessa época grande parte da Península Ibérica. Finalmente, Fernando III libertou as regiões de Córdoba, Múrcia, Jaén, Cádis e Sevilha.

Exitoso na guerra e moderado na paz, são Fernando III era um homem piedoso, ajoelhado diante de Deus e preocupado com o bem-estar de seus súditos. O rei se definia como um "servo da Virgem Maria" e estava convencido de que todo reino da terra deveria ser uma antecipação do Reino de Deus.

Fundou as universidades de Salamanca, Palencia e Valladolid. Começou a construção das catedrais de León, Toledo e Burgos. Pertenceu à Ordem Terceira de São Francisco, sempre carregou consigo uma imagem da Virgem Maria e não teve medo de fazer penitência pública quando necessário.

Ele foi casado duas vezes. A primeira vez com Beatriz de Suabia, que lhe deu dez filhos. Ele ficou viúvo e se casou com Maria de Ponthieu, com quem teve mais cinco filhos. Seu filho mais velho, Alfonso X, era conhecido como "Alfonso, o Sábio"; enquanto sua filha Eleanor se casou com Eduardo I da Inglaterra.

São Fernando III morreu em 30 de maio de 1252 e foi canonizado em 1671 pelo papa Clemente X. É considerado padroeiro da Espanha, título que detém juntamente com o apóstolo são Tiago. Ele também é considerado "protetor dos cativos, desamparados e governantes", e muitas instituições na Espanha e na América levam seu nome ou estão sob a sua proteção.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Pobre Homem da Rússia (1)

A Igreja da Santíssima Trindade no Mosteiro de Diveyevo, na região de Nizhny Novgorod, onde estão guardados os restos mortais de São Serafim [© Tass] | 30Giorni

Arquivo 30Dias – 05/2009

SERAFIM DE SAROV. Duzentos e cinquenta anos após o nascimento

O Pobre Homem da Rússia

Como Francisco de Assis, Serafino pertence a uma “qualidade” particular de testemunhas da história da Igreja: a dos narradores da doçura e da ternura de Deus. Artigo do fundador da Comunidade de Bose também sobre o santo monge ortodoxo. venerado pelos católicos.

por Enzo Bianchi

Serafim de Sarov é o santo mais amado e venerado, junto com São Sérgio de Radonezh, entre todos os santos russos; ele é um verdadeiro “ícone da espiritualidade russa” (Pavel Evdokimov), uma de suas expressões mais maduras e conscientes. Serafino é o santo seráfico, doce e gentil de coração, uma das faces mais brilhantes de toda a tradição ortodoxa; mas há também nele um excesso que transcende essa mesma tradição que o alimentou. Precisamente porque ele encarna plenamente as suas raízes, a sua mensagem tem um alcance universal, para todas as Igrejas e para todos os homens.

Prokhor Moshnin, o futuro starets Serafim, nasceu em Kursk, província de Tambov, em 19 de julho de 1759, em uma família de comerciantes. Seu pai, Isidoro (Sidor), morreu quando Prócoro tinha apenas três anos; sua mãe Agathia deixou-lhe um grande legado de fé e oração. Já as Vidas mais antigas narram como aos sete anos ele permaneceu ileso ao cair do andaime da igreja, dedicada a São Sérgio, que a empresa da família estava construindo: sua mãe leu ali uma intervenção milagrosa da Mãe de Deus. ainda menino, Prócoro aprendeu a ler assiduamente os Salmos e os Evangelhos. Aos dezessete anos partiu em peregrinação a Kiev, para questionar e ouvir o famoso recluso Dosifej, que o encaminhou ao eremitério de Sarov. No dia 20 de novembro de 1779, véspera da Apresentação da Mãe de Deus no Templo, o jovem Prócoro iniciou o noviciado, trabalhando por obediência primeiro como padeiro e depois como carpinteiro. Nestes anos conheceu os escritos dos Padres sobre a vida espiritual e começou a praticar a oração de Jesus. Foi então que uma doença misteriosa e longa o atingiu, obrigando-o a deitar-se durante dezoito meses. Ao superior de Sarov, o velho Pacômio, preocupado com a vida do jovem, confidenciou: «Entreguei-me aos verdadeiros doutores das almas e dos corpos: Nosso Senhor Jesus Cristo e sua puríssima Mãe, a bem-aventurada Virgem Maria». . E a Mãe de Deus visitou o noviço Prócoro, curando-o.

Este episódio tem valor emblemático. Muitos anos depois, quando bandidos atacaram Serafino que se retirara para a solidão da floresta de Sarov, deixando-o morrer, a Mãe de Deus voltou a manifestar-se a ele, acompanhada pelos apóstolos Pedro e João, aos quais disse: «Este ele é da nossa linhagem." Como São Sérgio de Radonez, como São Francisco de Assis no Ocidente, Serafino pertence a uma particular “qualidade” de testemunhas na história da Igreja: à nuvem dos hermeneutas, dos narradores do ágape, da doçura, da ternura; aqueles que experimentam e por isso afirmam que Deus é só amor (ver 1 João 4,8), aqueles que guardam as palavras no coração Lc2, 51), em vez de pregá-las com a boca, aqueles que fazem de cada dia um amanhecer para correr cheios de fogo até o túmulo para contemplar a Ressurreição. Maria, a Mãe do Senhor, Pedro, João: constelação maravilhosa e ardente que percorre a história no sinal da aceitação mútua, no chamar-se constantemente de mãe e filho (cf. Jo 19, 26-27), no consumo do amor pelo encontro com o Amado, em alegria pela ressurreição de Cristo! O que podem dizer incessantemente estas testemunhas dos primeiros dias senão que “Cristo ressuscitou!”? Serafino, também da mesma linhagem destes santos agápicos, quando encontrava um irmão saudava-o com o desejo pascal em todas as épocas do ano: « Radost' moja, Christos voskrese! [Minha alegria, Cristo ressuscitou!]». Lendo a sua vida não podemos deixar de concordar com as palavras pronunciadas pela Mãe de Deus sobre ele, não podemos deixar de captar o flamejante entre o flamejante, os serafins do Novo Testamento que viveram de amor.

«Em 13 de agosto de 1786, com autorização do Santo Sínodo, Prócoro foi tonsurado monge pelo seu superior, o hieromonge Pacômio, e foi-lhe dado o nome de Serafino. Tendo aceitado o novo nome angélico, desviou os olhos das coisas vãs e, convertido com a conversão desejada por Deus, dirigiu o seu caminho, com atenção interior e com a mente imersa na contemplação de Deus, para o sol eterno da verdade, Cristo Deus, cujo nome ele sempre carregou no coração e nos lábios”. Assim é contado o início da jornada monástica de Serafino em uma das primeiras Vidas . Ainda diácono, durante a liturgia teve a visão de Cristo vindo em glória. Em 1793 foi ordenado sacerdote pelo bispo de Tambov; após a morte de seu superior Pacômio em 1794, ele pediu permissão ao seu sucessor Isaías para levar uma vida solitária. Depois de se retirar para uma isba na floresta, a que chamou "o Pequeno Deserto Distante", dedicou-se a uma vida ascética caracterizada por longos jejuns, vigílias frequentes e trabalho num pequeno jardim de onde tirava o seu sustento. Voltava ao mosteiro apenas aos domingos para a liturgia comum e para comunicar-se na Eucaristia.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Solenidade de Corpus Christi

Solenidade de Corpus Christ (Vatican Media)

Celebrar a Eucaristia e partilhar o corpo e o sangue do Senhor é comprometer-se em partilhar o que se tem e, sem dúvida, partilhar a própria vida como fez Jesus e continua fazendo na Eucaristia.

Padre César Augusto, SJ - Vatican News

Desde criança, nos acostumamos tanto a ir à missa dominical que perdemos um pouco o significado do que celebramos. Ela corre o perigo de se tornar um simples momento de oração comunitária e de devoção. Se isso acontece, estamos corrompendo o sentido da Eucaristia.

Em primeiro lugar, ela nos conscientiza da grande amizade selada entre Deus e o Homem. Deus quer se unir para sempre ao ser por ele criado, que inventa um modo de estar sempre visivelmente presente aos olhos de sua criatura.  Mais ainda, na 1ª Carta aos Coríntios, Paulo nos diz que o Senhor realizou a nova e eterna aliança, através do derramamento de seu sangue, objeto de perdão e da santificação humana. O pão, seu corpo, é partido como alimento entre os irmãos. “Porque há um só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão.” (1Cor 10,17)

Por isso do mesmo modo que a Igreja faz a Eucaristia, a Eucaristia faz a Igreja. Não é possível separar o corpo eucarístico do corpo eclesial, da comunidade.

Celebrar a Eucaristia é fazer memória da ação do Senhor na Ceia e de sua morte, é tornar presente seu sacrifício redentor, é a celebração da partilha na Comunidade e é a celebração do futuro, de sua vinda gloriosa.

Celebrar a Eucaristia e partilhar o corpo e o sangue do Senhor é comprometer-se em partilhar o que se tem e, sem dúvida, partilhar a própria vida como fez Jesus e continua fazendo na Eucaristia. De fato, viver a Eucaristia é comprometer-se com o outro, é fazer-se responsável pelo outro.

Que nossa vida, nossos dias, sejam marcados pelo seguimento da pessoa de Jesus Cristo, de sua entrega para o bem de todos, sem receio de sacrifícios e de partilhas. Partilhar o pão eucarístico, o corpo do Senhor, seja incentivo e também reflexo da partilha do pão que está sobre nossa mesa, de todos os dons que o Senhor nos presenteia, sem mérito nosso, enfim, de toda nossa vida.

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Joana d'Arc

Santa Joana d'Arc (A12)
30 de maio
Santa Joana d'Arc
Joana nasceu no vilarejo de Domrémy, Ducado de Lorena, França, em 1412. Era filha de camponeses, demonstrando desde a infância muita piedade; gostava da contemplação e das celebrações litúrgicas, interessando-se pelo Catecismo e Doutrina Católica, embora analfabeta – assinava o nome com uma cruz. Trabalhava em casa e às vezes com as ovelhas do pai.

Aos 13 anos começou a ter experiências místicas, ouvindo as vozes que identificou mais tarde como sendo as do Arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. O anjo dizia que ela deveria socorrer o rei da França. Os pais pensaram que a menina estivesse enlouquecendo.

Neste período, a França, um dos maiores países católicos do mundo, mas dividida internamente e sofrendo decadência moral e religiosa, lutava na chamada Guerra dos Cem Anos (1337-1453) contra a invasora Inglaterra, que reivindicava o trono francês. Aos 17 anos, Joana, orientada pelas vozes celestes, entendeu que deveria encontrar o legítimo rei francês, Carlos VII, e trabalhar para a sua coroação (Henrique V da Inglaterra, neste período da guerra, tinha mais comando do país, e seu filho Henrique VI, então ainda um menino, veio a ser coroado rei da Inglaterra em 1429 e rei da França em 1431), bem como liderar os exércitos para combater os ingleses e expulsá-los da França.

Obviamente, o processo de uma camponesa iletrada chegar ao rei não foi simples, mas por fim ela o conseguiu em 1429. Para testar o que se dizia dela, que era enviada por Deus, Carlos VII disfarçou-se e um impostor foi colocado em seu lugar, com todo o aparato real. Joana, que nunca tinha visto a face de Carlos, sem se importar com o falso regente procurou e encontrou entre os presentes o legítimo monarca, dirigindo-se a ele e apresentando sua missão divina. Isto impressionou a todos, mas só após muitos testes, e a evidência de que ela conhecia coisas que só lhe poderiam ter sido reveladas por Deus, o rei concordou em seguir as suas orientações.

Joana, sempre vestida como um homem, tanto para não chamar a atenção dos adversários como para não provocar o desejo dos combatentes, passou a comandar os exércitos franceses. Sua presença disciplinava os soldados, e ela exigia deles um comportamento digno e orações: as prostitutas que acompanham a soldadesca foram expulsas, o jogo e a bebida proibidos; os soldados passaram a ter acesso aos Sacramentos e à Santa Missa, confessando e comungando antes das batalhas. O carisma sobrenatural de Joana impunha respeito e animava os soldados, que a viam como um ser angelical. Jamais a desrespeitaram.

Foi-lhe infundido um conhecimento militar que não possuía, e, montada num cavalo, com um estandarte trazendo as imagens de Jesus e Nossa Senhora em uma mão e uma espada na outra, que entretanto nunca usou, ela não apenas organizava as ações, como participava na vanguarda das batalhas. Sua primeira ação militar foi debelar o cerco que os ingleses faziam na cidade de Orleans. Seguiram-se várias campanhas, nas quais nem sempre os generais a obedeciam totalmente. Ainda assim sucederam-se as vitórias francesas, até que no vale de Loire os ingleses perderam 2.200 soldados e seu comandante foi preso. Isto permitiu a Carlos chegar à cidade de Reims, onde finalmente foi coroado, em julho de 1429.

A guerra continuou, sempre a favor da França, na qual restavam ainda poucas regiões invadidas. Mas o rei não foi verdadeiramente grato a Joana. Contrariamente à vontade dela, insistiu para que participasse na reconquista de Paris. No cerco de Compiègne, em 1430, Joana foi capturada à traição pelos borgonheses, colaboradores dos ingleses, que a receberam em troca de dinheiro.

Foi então montado um processo iníquo, grotesco e ilegal contra ela, conduzido por Pedro Cauchon, um bispo traidor membro do Conselho Inglês em Rouen, e que agiu como “autoridade” inquisitorial. Sem qualquer auxílio, do rei ou advogados, a que tinha direito e que lhe foi negado, ela enfrentou todo tipo de acusações, sob maus tratos e pressões, num proceder cada vez mais arbitrário e contrário às leis – pois, divinamente inspirada, a tudo respondia com exatidão, de modo que por mais que a tentassem confundir, não conseguiam que desse motivos para nenhuma condenação.

Durante quatro semanas, presa numa cadeia de ferro e humilhada constantemente, Joana manteve-se fiel às suas razões e missão divina; por proteção divina, sua virgindade foi mantida. Por fim, sem mais argumentos, foi condenada por usar roupas masculinas – as de quando capturada em batalha – e sob a alegação de bruxaria, por dizer que ouvia vozes divinas na ordem para restaurar o reinado francês: o tribunal “interpretou” tais vozes como demoníacas e a condenou à fogueira. Foi executada a 30 de maio de 1431, com 19 anos, numa praça pública de Rouen, afirmando até o final a veracidade das vozes e da sua missão divina.

Depois da sua morte, os ingleses continuaram perdendo a guerra, definida com a derrota em Castillon, 1453. Apenas Calais permaneceu como posse inglesa continental, mas também foi capturada em 1558.

O Papa Calisto III, a pedido dos pais de Joana, reviu seu processo 20 anos depois, constatando a sua completa injustiça, e a reabilitando publicamente. Joana d’Arc foi canonizada, reconhecida como Mártir da Pátria e da Fé e proclamada padroeira da França.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vocação de Santa Joana d’Arc é uma das mais insólitas dentre a dos santos. Deus a cumulou de dons especialíssimos, e lhe deu uma missão original, de reconquistar militarmente um país para a sua identidade católica – sendo ela uma mulher pobre e iletrada, muito jovem e inexperiente. Deste modo, quis o Senhor evidenciar que é Ele, mesmo através dos fracos, que age nos destinos do mundo, ainda que sempre respeitando a liberdade que deu ao Homem: “Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo, para confundir os sábios. E Deus escolheu o que é fraco diante do mundo, para confundir os fortes. (…) Para que, como está escrito: ‘Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor’” (1Cor 1,27-28.31). Deus quis preservar a França, maior país católico do mundo, que contudo, mais tarde, pela desobediência de não se consagrar a Ele, sofreu a punição da Revolução Francesa, em muitos aspectos parecida com a Revolução comunista Bolchevique: falsas promessas de igualdade, baseadas no abandono a Deus e desrespeito à hierarquia, e responsáveis por incontáveis mortes, a começar as dos próprios cidadãos e depois em outros países. Sempre com a propaganda falaciosa das ideias atraentes de igualdade, liberdade e fraternidade (as quais, obviamente, não podem existir sem Deus, fonte da verdadeira liberdade e fraternidade espiritual, e da única igualdade possível, a de sermos Seus filhos amados, e por este único motivo devermos ser tratados todos com caridade e justiça – o que não implica absolutamente em paridade material, de funções, etc., mas sim de dignidade existencial). Toda a trajetória de Joana é milagrosa, desde a consciência pessoal da sua missão até a sua efetiva defesa individual diante de um tribunal malicioso, e a determinação intransigente de morrer pela Fé. Seu mérito está, é claro, em aceitar tudo o que Deus lhe propôs, a começar pelo mais importante: nas suas próprias palavras, "Quando eu tinha mais ou menos 13 anos, ouvi a voz de Deus que veio ajudar-me a me governar. (…) Ela me ensinou a me conduzir bem e a frequentar a igreja". Ouvir e obedecer à voz de Deus, que nos chegue por meios sobrenaturais se for a vontade divina, quer através da Doutrina da Igreja, é o caminho que nos é oferecido para a realização das boas obras, grandes ou pequenas, que nos levarão à salvação, segundo o plano de Deus para cada filho Seu, individualmente.

Oração:

Senhor Deus, que sempre combateis por nós, concedei-nos por intercessão de Santa Joana d’Arc expulsar de nossas vidas a invasão das tentações e pecados, que de Vós nos afastam, e pretendem nos dominar com falsas promessas de bens deturpados; pois só Vos ouvindo, e obedecendo à Palavra que ensinas é que restauraremos Vosso reinado na alma e poderemos participar da Vossa corte celestial. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Dom Paulo Cezar Costa: “A Eucaristia edifica a Igreja”

Cardeal dom Paulo Cez\ar Costa - Arcebispo de Brasília (arqbrasilia)

Arcebispo de Brasília escreve carta para o povo de Deus sobre “A Eucaristia edifica a Igreja”

Em preparação para a Solenidade de Corpus Christi, o Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, dirigiu-se à população com uma carta pastoral intitulada "A Eucaristia edifica a Igreja". A mensagem foi destinada aos bispos auxiliares, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, leigas e leigos.

  • maio 28, 2024

Confira a carta:

A Eucaristia edifica a Igreja

Quero, em preparação para a Solenidade de Corpus Christi, meus amados bispos auxiliares, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas, leigas e leigos, oferecer algumas reflexões sobre a Eucaristia.

Já é tradicional, na nossa amada Arquidiocese de Brasília, reunirmo-nos na Esplanada dos Ministérios, manifestando, como Arquidiocese, que a Eucaristia é a grande riqueza da Igreja, pois é o próprio Cristo que Se dá a nós no pão e no vinho consagrados. Por isso, dia 30 de maio, às 17 horas, estaremos todos juntos para esta grande celebração eucarística seguida da nossa tradicional procissão luminosa. Neste ano, traremos um quilo de alimento não perecível como nossa solidariedade aos irmãos sofridos do Rio Grande do Sul.

Para iluminar a nossa reflexão, quero me guiar pelo texto da Epístola de São Paulo aos Coríntios: 1Cor 11,23-26. Poderíamos pegar uma das narrações da instituição da Eucaristia feita pelos evangelhos sinóticos: Lc 22,19-20; Mt 26,26-28; Mc 14,22-24; ou ainda poderíamos nos deter no belíssimo capítulo sexto do Evangelho de João, que foi escrito por último, quando os sinóticos já tinham sido escritos e, por isso, não narra a instituição da Eucaristia, mas dedica todo um capítulo sobre o pão da vida, que é a Eucaristia.

A celebração da Eucaristia deu margens a alguns inconvenientes. O ágape fraterno (uma refeição que se fazia antes da Eucaristia), ao invés de preparar em espírito de caridade para celebrar mais dignamente o banquete eucarístico, havia se convertido numa espécie de banquete, no qual a caridade já não era observada, o que impedia participar dignamente na Ceia do Senhor (11, 17-22). São Paulo, neste contexto, narra a instituição da Eucaristia:

«Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim”. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice dizendo: “Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim”. Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha.»

São Paulo inicia mostrando que narrou o que recebeu do Senhor, isto significa dizer, dos apóstolos, da Igreja. A Eucaristia era celebrada todos os domingos, como é hoje, pela Igreja apostólica e pós-apostólica (At 2,42).

Vejamos alguns elementos do texto:

  1.  

1 – «Na noite em que foi entregue (…)» O apóstolo acena a situação histórica e teológica, aludindo à narração da Paixão. Alude ao fato daquela fatídica noite em que Jesus foi entregue à morte. Foi entregue: não se refere somente à entrega de Judas, que traiu Jesus, mas também ao sentido de que é o Pai que, por amor a nós, entregou o Seu Filho à morte. O Pai entregou Jesus à morte por nós e Jesus Se entregou por nós. Mediante a entrega de Judas, realiza-se essa entrega que o Pai faz do Filho e a entrega que o Filho faz de Si mesmo.

2 – «Tomou …deu graças…. e partiu»: é a terminologia eucarística que aparece também na multiplicação dos pães. As narrações das multiplicações dos pães prenunciam a Eucaristia.

3 – «Isto é o meu corpo…. Este cálice é a nova aliança em meu sangue….» (v. 24). Jesus fala aqui de algo bem concreto e imediato: pão e vinho que são alimentos essenciais para um judeu, que se tornam o corpo e o sangue de Cristo. O verbo ser (é) cria a identidade entre corpo e sangue e os dois elementos (pão e vinho), aos quais se aplica o demonstrativo toûto (isto). Jesus fala, na última ceia, de Seu corpo, que vai oferecer ao Pai pelos homens, e de Seu sangue que será derramado: «Isto é meu corpo, que é para vós». A palavra corpo significa carne, a pessoa viva, a humanidade de Jesus entregando-Se todo inteiro pelos discípulos, tal como se entregará todo inteiro na cruz. «Este cálice é a nova aliança em meu sangue». A identificação do vinho com o sangue de Jesus simboliza toda a pessoa. O conceito de aliança faz a ligação profunda que unia o antigo Israel com Deus e o fazia «seu povo». O dom de Cristo sacrificado por nós tem como fim (finalidade) a criação do novo Israel, que somos nós. A aliança recorda o incansável amor com que Deus, desde a criação, tratou o homem como amigo, prometeu uma salvação depois do pecado, escolheu os patriarcas, libertou Israel do Egito, acompanhou pelo deserto, introduziu na terra e lhe abriu para a esperança do Messias e do Espírito Santo. A aliança plasma, momento por momento, toda a existência de Israel. Prometida como nova e eterna Aliança na pregação dos profetas, essa é vista como princípio divino que reside na profundidade dos corações, e de dentro, do mais profundo do coração, orienta e influencia toda a vida (Jr 31,31-34; Ez 36,26-27).

Aliando a Eucaristia com a aliança, Jesus quer dizer que a Eucaristia nos doa forças para nos deixarmos atrair totalmente pelo movimento do amor misericordioso de Deus, anunciado no Antigo Testamento, celebrado definitivamente na Páscoa e que culmina na plenitude escatológica: na espera de Sua vinda. São João expressa esta realidade afirmando a dimensão escatológica da Eucaristia: «quem come deste pão viverá eternamente».

4 -A Eucaristia é, assim, memorial de Nova e eterna Aliança. Jesus diz: «fazei isto em memória de mim» (Lc 22,19). O conceito de memória (anamnese) deriva do verbo zakar (recordar) que os LXX traduzem por mnemoneuein. Este termo, ao invés de ser uma simples lembrança, implica uma invocação litúrgica que realiza o que recorda (Ex 3,15;34,5-10). Na recordação (anamnese) as palavras de Jesus adquirem todo o valor original. Essa recordação se dá de maneira cultual, com a presença sacramental e sacrifical do Senhor, o qual torna operante e vivo Seu sacrifício na vida dos fiéis que, na celebração litúrgica, celebram essa nova e eterna Aliança. (A Igreja, repetindo o que aconteceu na cruz, de forma ritual, oferece, no Espírito, Cristo ao Pai). A Eucaristia é então também sacrifício. Este aspecto se torna mais claro nos elementos (pão, vinho, cálice), como também nos gestos de Jesus. Se torna mais evidente com as palavras «… corpo (entregue) por vós». «Este cálice é a nova aliança…», que exprime uma evidente relação com a morte de Jesus. O significado expiatório sacrifical se deduz de forma clara na referência aos cânticos do Servo de Javé (Is 42.1-4;49,1-6;50,4-9;52,13-53,12), referência que aparece em Paulo mediante a preposição hyper com genitivo, que no Novo Testamento é a fórmula mais comum relacionada com a morte de Cristo.

Na Eucaristia, memorial da nova e eterna Aliança, celebramos aquilo que somos: «Povo da nova e eterna Aliança», celebramos a nossa identidade. Somos envolvidos na dinâmica do Seu amor misericordioso, tocamos o ápice do amor de Cristo por nós. Nas palavras do Papa Bento XVI: «Em Sua morte de cruz cumpre-se aquele virar-se de Deus contra Si próprio com o qual Ele Se entrega para levantar o homem e salvá-lo – amor em sua forma mais radical»1.

A Eucaristia arrasta-nos neste amor oblativo de Jesus e nos torna Corpo de Cristo. Diz Santo Agostinho: Aquilo que vedes sobre o altar de Deus […] é o pão e o cálice: isto vos asseguram os ossos próprios olhos. Ao invés, segundo a fé que deve formar em vós, o pão é o corpo de Cristo, o cálice é o sangue de Cristo. […] Se quereis compreender [o mistério] do corpo de Cristo, escutai o apóstolo que disse: Vós sois o corpo de Cristo e seus membros (1 Cor 12, 27). Se vós, portanto, sois o corpo e os membros de Cristo, sobre a mesa do Senhor está posto o mistério que sois vós: recebei o mistério que sois vós. Àquilo que sois, respondei: Amém, e respondendo o subscreveis. Diz-se a ti de fato: O Corpo de Cristo, e tu respondes: Amém. Sê membro do corpo de Cristo, a fim de que seja autêntico o teu Amém2.

Participar da celebração eucarística, comungar o Corpo e o Sangue do Senhor, significa tornar-se cada vez mais íntima e profunda a própria pertença Àquele que morreu por nós. Mas a Eucaristia nos compromete também com o Corpo eclesial. É notória a identificação que faz Santo Agostinho entre o corpo eclesial e o corpo sacramental de Cristo. A comunhão do Corpo de Cristo compromete com o ser corpo de Cristo, conduz ao ser Igreja, à edificação da Igreja. Assim, uma comunidade eucarística vai se desenvolvendo nas suas diversas dimensões: o testemunho, a comunhão, a caridade, a missão – evangelização etc. O compromisso eucarístico vai comprometendo todos na edificação da Igreja, Povo de Deus, Corpo de Cristo e Templo do Espírito. É onde cada batizado vai colocando seus dons e carismas a serviço da edificação da comunidade e a Igreja vai se tornando missionária, evangelizadora, porque todos se doam com alegria nas pastorais, movimentos e diversos serviços na vida da comunidade e na sua atuação no mundo. Assim, o ministério presbiteral não é vivido de forma isolada, mas torna-se aquele ministério que anima e reconhece a diversidade de dons que o Espírito semeou nas nossas comunidades: «reconhecer com alegria e promover com diligência os carismas multiformes dos leigos, tanto os mais modestos como os mais altos»3.

1 BENTO XVI, Deus Caritas est, 12.
2 Sermones 272,1.
3 Papa Francisco, Carta do Santo Padre Francisco aos párocos.

A Eucaristia conduz à caridade e compromete com os pobres. São João Crisóstomo lembra-nos que quem recebe verdadeiramente o Corpo e Sangue do Senhor deve reconhecê-lo no irmão pobre: «Degustaste o sangue do Senhor e não reconheces sequer o teu irmão. Desonras esta própria mesa, não julgando digno de compartilhar do teu alimento aquele que foi julgado digno de participar desta mesa. Deus te libertou de todos os teus pecados e te convidou para esta mesa. E tu, nem mesmo assim, não te tornaste mais misericordioso»4.

Neste sentido, na Solenidade de Corpus Christi, lançaremos um projeto de dignificação da mulher e luta contra o feminicídio. O projeto quer, a partir da antropologia católica, dignificar a mulher e fazer de nossas comunidades locais de proteção e promoção da dignidade da mulher.

A Eucaristia conduz à Missão: «Não poderíamos abeirar-nos da mesa eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, visa atingir todos os homens; assim, a tensão missionária é parte constitutiva da forma eucarística da existência cristã»5.

O Amor que celebramos e recebemos, por sua natureza, pede para ser comunicado a todos. Por isso, «a Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua missão: «Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária»6. A missão nasce da experiência do amor de Cristo celebrado, recebido e vivenciado em cada celebração eucarística. A experiência do Seu amor nos abre à dinâmica do amor, torna a nossa existência dom de amor. O amor de Cristo dilata o coração, insere a existência humana na dinâmica do extasis, do sair de si, tornando-se dom de amor na evangelização, na missão e na caridade.

Cada cristão é missionário à medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus, pois «todos somos chamados a dar aos outros o testemunho explícito do amor salvífico do Senhor que, sem olhar às nossas imperfeições, oferece-nos a sua proximidade, a sua Palavra, a sua força, e dá sentido à nossa vida»7.

4 Catecismo da Igreja Católica, 1397.
5 BENTO XVI, Sacramentum Caritatis, 84.
6 BENTO XVI, Sacramentum Caritatis, 84.
7 PAPA FRANCISCO, Evangelii Gaudium, 121.

Na origem da transformação missionária da Igreja está o amor de Cristo, celebrado e recebido na Eucaristia. Papa Francisco afirma: «Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de “saída” e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade»8. A comunidade eucarística é uma comunidade sinodal e verdadeiramente missionária.

       8 PAPA FRANCISCO, Evangelii Gaudium, 27.

Comunico que a festa da dedicação de nossa Catedral, neste ano de 2024, será celebrada no dia 1º de junho, uma vez que 31 de maio é festa da Visitação de Nossa Senhora.

Com minha benção apostólica e minha saudação fraterna,

Dom Paulo Cezar Costa

 Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

São Paulo VI

São Paulo VI (A12)
29 de maio
São Paulo VI

Paulo VI nasceu em 26 de setembro de 1897. Seu nome de batismo era Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini, e ele era natural da cidade de Concesio, na Itália.

Aos 19 anos entrou para o seminário, mas desde pequeno possuía uma proximidade com a Igreja. Ordenou-se padre no ano de 1920 e na sequência estudou na Universidade Gregoriana, na Universidade de Roma e na Pontifícia Academia Eclesiástica.

Paulo VI teve um papel importantíssimo para a continuidade do Concílio Vaticano II (1962-1965) convocado por João XXII, que veio a falecer. Quando eleito, em 1963, Paulo VI retomou o processo para refletir sobre os desafios da Igreja.

Uma das mudanças feitas por ele foi a de abolir o uso da tiara pontifícia (uma mitra composta por tríplice coroa, incrustada com joias e pedrarias), costume que surgiu no Período Medieval).

Em 22 de agosto de 1968, foi o primeiro Papa a pisar em solo latino-americano. Ele abriu, em Bogotá, na Colômbia, a II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e participou do XXXIX Congresso Eucarístico Internacional.

Paulo VI era devoto da Virgem Maria e tinha um carinho especial pelo título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, expresso, de modo particular, em 15 de agosto de 1967, ao enviar uma rosa de ouro para o Santuário Nacional de Aparecida, por ocasião dos 250 do encontro da Imagem no rio Paraíba do Sul.

Na década de 1970 fez uma viagem apostólica para a Ásia e Oceania e sofreu um atentado no aeroporto de Manila, nas Filipinas. Um pintor boliviano, Benjamin Mendoza y Amor, vestido de padre, segurava um crucifixo dourado em uma mão e, na outra, escondida por um pano, um kriss (punhal malaio).

Paulo VI foi ferido no pescoço, felizmente protegido pelo seu colarinho rígido, e outro golpe no peito, perto do coração. Paul Marcinkus, arcebispo norte-americano, foi quem impediu o homem de esfaquear o Papa.

Foi canonizado em 14 de outubro de 2018, junto a Dom Oscar Romero, pelo Papa Francisco.

Reflexão:

O testemunho de vida do Papa Paulo VI é marcado por sua dedicação e liderança durante um período de muitas mudanças na Igreja Católica, no período da Guerra Fria e do Concílio Vaticano II. Suas decisões firmes mudaram para sempre a história e o legado da Igreja.

Oração:

Senhor nosso Deus, que chamastes o papa são Paulo VI, solícito apóstolo do Evangelho do vosso Filho, para governar a vossa Igreja, fazei que, iluminados pelos seus ensinamentos, colaboremos generosamente, para que se dilate em todo o mundo a civilização do amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF