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terça-feira, 4 de junho de 2024

João Paulo II: virtudes de um Papa santo (2)

São João Paulo II (Presbíteros)

João Paulo II: virtudes de um Papa santo

Por Pe. Francisco Faus

COM A FORTALEZA DA FÉ

A fé, quando autêntica, é uma certeza amorosa que, depois de elevar até Deus a alma agradecida, aninha-se no coração e o torna capaz de amar a todos. Aí está a diferença entre fé e fanatismo, entre convicção e “fundamentalismo”. O fanático, o fundamentalista exasperado, não é capaz de compreender os que não pensam como ele; despreza-os e chega a odiá-los.

Pelo contrário, quem tem a alma iluminada pela fé de Jesus Cristo só sabe amar e, como ama loucamente Jesus, que veio ao mundo – como Ele dizia a Pilatos – para dar testemunho da verdade (Jo 18, 37), conjuga em perfeita harmonia a firmeza na fé (sem “espaço para cedências nem para um recurso oportunista à diplomacia humana” [5]), com a compreensão e o afeto sincero para com os que divergem e erram. A afirmação da sua fé nunca foi, em João Paulo II, uma imposição irada, mas um convite, como o que marcou o início do seu pontificado: “Não tenhais medo! Abri as portas a Cristo!”

Assim foi João Paulo II, forte na fé – como pedia São Pedro (I Pdr 5, 9), de quem foi sucessor -, “com uma fé corajosa e sem medo, uma fé temperada na provação, pronta para seguir com generosa adesão qualquer chamado de Deus”[6]; e, ao mesmo tempo, um homem de braços abertos, disposto incansavelmente a sofrer todas as dificuldades, e até mesmo vexames e desprezos (como sucedeu, por exemplo, com alguns episódios indelicados na Nicarágua marxista, em Cuba e na Grécia), para avançar passo a passo, sem nunca desfalecer, pelo caminho do diálogo com os representantes das outras confissões cristãs, com os não-cristãos e com os não-crentes.

Numa breve biografia sobre João Paulo II, o então cardeal Ratzinger terminava dizendo: “Hoje também os espíritos críticos sentem com uma clareza sempre maior que a crise do nosso tempo consiste na «crise de Deus», no desaparecimento de Deus do horizonte da história humana. A resposta da Igreja deve ser uma só: falar sempre menos de si mesma e sempre mais de Deus, dando testemunho dEle e sendo a porta para Ele. Este é o verdadeiro conteúdo do pontificado de João Paulo II que, com o passar dos anos, torna-se sempre mais evidente” [7].

UMA TOCHA DE CARIDADE

“AMOU ATÉ O FIM”

Os últimos anos, os últimos meses, os últimos dias de João Paulo II, evidenciaram de uma maneira impressionante e crescente, aos olhos de todos, que aquele ancião doente, combalido, encurvado, sofredor, cada vez mais limitado, depois de ter dado a vida inteira ao serviço de Deus e de seus irmãos os homens, estava disposto a entregar até a última gota, até o último alento, enquanto Deus não viesse buscá-lo.

Seguindo as pegadas de Cristo, decidiu-se a levar a sua caridade, o seu amor, até ao extremo, como Jesus, de quem diz o Evangelho que, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13, 1).

Ele próprio deixara escritas no seu testamento, no ano 2000, as seguintes palavras: “Segundo os desígnios da Providência, foi-me concedido viver no difícil século que está ficando no passado e agora, no ano em que a minha vida alcança os oitenta anos, é necessário perguntar-me se não chegou a hora de repetir com o bíblico Simeão: «Nunc dimittis» [refere-se à oração do ancião Simeão que, no dia da apresentação do Menino Jesus no Templo, diz a Deus que agora já o pode levar em paz deste mundo: cfr. Luc 2, 29]“.

O escrito continua: “No dia 13e de maio de 1981, o dia do atentado contra o Papa durante a audiência geral na Praça de São Pedro, a Divina Providência me salvou milagrosamente da morte. O mesmo único Senhor da vida e da morte me prolongou esta vida e, em certo sentido, voltou a dar-ma de novo. A partir desse momento, pertence-lhe ainda mais […]. Peço-lhe que me chame quando Ele quiser. «Se vivemos, vivemos para o Senhor; e se morremos, morremos para o Senhor… Somos do Senhor (Cf. Rom 14,8)». Espero que até que possa completar o serviço petrino [de sucessor de Pedro] na Igreja, a Misericórdia de Deus me dê forças para este serviço”.

E assim foi. A sua entrega foi como a de uma lamparina que se extingue só depois de consumir-se inteiramente. Mas, à medida em que sua vida se ia apagando, o seu amor resplandecia com mais força. Quem não se lembra do seu derradeiro esforço por se comunicar, por levar a Palavra aos fiéis, naquele dia de abril em que, o rosto emoldurado pela janela de onde tinha falado tantas vezes, só pôde abrir a boca para exprimir silenciosamente a dor, a agonia, as lágrimas silenciosas de um pastor esgotado, que já não mais conseguia articular uma palavra?

Deixou-nos assim um reflexo extraordinário da imagem do Bom Pastor, que dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10, 11). Na homilia das exéquias, o Cardeal Ratzinger recordava essa figura evangélica em que João Paulo II ficava retratado: “Foi sacerdote até o final, porque ofereceu a sua vida a Deus por suas ovelhas e por toda a família humana, numa entrega cotidiana ao serviço da Igreja e, sobretudo, nas duras provas dos últimos meses. Assim se converteu em uma só coisa com Cristo, o Bom Pastor que ama as suas ovelhas”.

“AQUELE QUE DÁ A VIDA POR SEUS AMIGOS”

Eis aqui outras palavras de Cristo, na Última Ceia, que ajudam a captar essa tocha de caridade: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos (Jo 15, 15).

Cristo deu a vida com a sua dedicação infatigável aos homens – Não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida para salvação de muitos (cfr. Mat 20, 28) -, mas a sua entrega chegou ao ápice no sacrifício da Cruz. Com efeito, foi na Cruz, quando já do corpo dilacerado escorriam as últimas gotas do sangue derramado para a remissão dos pecados (Mt 26, 28), que Jesus pôde dizer: Tudo está consumado! (Jo 19, 30).

Nos últimos anos, João Paulo II foi-se configurando, cada vez mais plenamente, com Jesus sofredor, com a sua Paixão e Morte, viveu uma intensa “consciência” do valor salvador da Cruz , que ele sempre amara: “Nunca me aconteceu – escrevia – de colocar com indiferença a minha Cruz peitoral de bispo. É um gesto que sempre acompanho com a oração. Há mais de quarenta e cinco anos que a Cruz pousa em meu peito, ao lado do meu coração. Amar a Cruz quer dizer amar o sacrifício”[8].

À medida que os seus sofrimentos físicos foram aumentando, até envolvê-lo, por assim dizer, como uma espessa malha torturante, o Papa foi compreendendo com mais profundidade que a sua dor, em união com a de Jesus crucificado, seria, por desígnio divino, a nova forma de cumprir a missão de pastor de um rebanho imenso, espalhado pelo mundo, entre perigos, incertezas e ameaças.

Deixemos a palavra, mais uma vez, ao cardeal Ratzinger, na homilia das exéquias de João Paulo II: “Precisamente nesta sua comunhão com o Senhor que sofre, o Papa anunciou, infatigavelmente e com renovada intensidade, o Evangelho, o mistério do amor até o fim”. E, neste ponto, o cardeal citava palavras do próprio João Paulo II no seu último livro “Memória e Identidade” (págs. 189-190): “Cristo, sofrendo por todos nós, conferiu um novo sentido ao sofrimento, introduziu-o em uma nova dimensão, em uma nova ordem: a do amor… É o sofrimento que queima e destrói o mal com a chama do amor, e até do pecado tira um florescimento multiforme de bem”.

É tocante perceber como João Paulo II ia crescendo nessa profunda visão sobrenatural. Após a queda no banheiro, em 28 de abril de 1994, com graves fraturas, o Papa sofreu uma nova intervenção cirúrgica na Policlínica Gemelli, que, no entanto, não pôde resolver satisfatoriamente o problema. Passou, então, a usar bengala. As dores não cederam, ao contrário. Os movimentos tornaram-se mais trôpegos e penosos.

Quando voltou a dirigir-se aos fiéis presentes na Praça de São Pedro, à hora do Ângelus, em 29 de maio, agradeceu publicamente a Cristo e Maria o “dom do sofrimento”, que via como “um dom necessário”. Explicava-lhes, falando especialmente às famílias: “Meditei vezes sem conta sobre tudo isso durante a minha estadia no hospital… Compreendi que tenho de conduzir a Igreja de Cristo até este terceiro milênio através da oração, de vários programas de atuação, mas vi que não é suficiente: tem de ser guiada pelo sofrimento, pelo ataque de há treze anos [o atentado de Ali Agca] e por este novo sacrifício […]. O Papa tinha de ser atacado, o Papa tinha de sofrer, de modo que todas as famílias e o mundo possam ver que existe um Evangelho mais grandioso: o Evangelho do sofrimento, pelo qual o futuro é preparado, o terceiro milênio das famílias, de cada família e de todas as famílias” [9]

No dia primeiro de abril, pressentindo-se um próximo desenlace, o Arcebispo Angelo Comastri, Vigário para o Estado da Cidade do Vaticano e grande amigo do Papa, foi chamado com urgência ao quarto do pontífice agonizante. Diante dele, como comentou depois pela Rádio vaticana, experimentou uma emoção indescritível: “Ao vê-lo no leito do sofrimento, disse-lhe: «És verdadeiramente o Vigário de Cristo até o final, na paixão que estás vivendo, de modo tão edificante que comove o mundo». O Papa – continuou a narrar -, com a sua dor, escreveu a encíclica mais bela da sua vida, fiel a Jesus até o final”, a “encíclica nunca escrita” [10].

A sua morte espantou o mundo, pois viu nela um “Evangelho da vida”. O Papa alegre, que amou entranhadamente a juventude, pouco antes de expirar soube que multidões de jovens rezavam e velavam a sua agonia ao pé da sua janela, e então disse, com um fio de voz apenas perceptível: “Vi ho cercato, adesso siete venuti da me, e per questo vi ringrazio” (”Eu procurei vocês, jovens, agora vocês vieram ter comigo; e por isso lhes dou as graças”). Foram as últimas palavras que pronunciou.

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Notas:

[5] João Paulo II, Levantai-vos! Vamos!, citado, pág. 186

[6] Ibid.

[7] Joseph Ratzinger, João Paulo II. Vinte anos na história, Ed. Paulinas, São Paulo 2000, pág. 31

[8] Levantai-vos! Vamos!, pág. 193

[9] Cfr. George Weigel, obra citada, pág. 582

[10] Revista Nuestro Tiempo, n. 610, abril 2005, págs. 38 e 39

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Allamano santo, padre Lengarin: uma graça, muitas vocações na África

O padre queniano James Lengarin IMC, Superior Geral dos Missionários da Consolata (Vatican News)

O Superior dos Missionários da Consolata expressa a alegria do Instituto pela próxima canonização do fundador. Os 900 religiosos espalhados nas fronteiras da nova evangelização estão empenhados prioritariamente na educação e na promoção humana de grupos étnicos ainda não totalmente integrados nas sociedades.

Antonella Palermo – Vatican News

“É um momento de graça”. Assim comenta o padre queniano James Lengarin IMC, Superior Geral dos Missionários da Consolata, sobre a notícia da iminente canonização do fundador, o beato Giuseppe Allamano. Com 900 religiosos espalhados pelo mundo, com uma idade média de 53 anos, a congregação nascida há pouco mais de um século pode contar com muitos idosos que, no entanto, “ainda podem fazer muito”, levando adiante o carisma de ir às fronteiras, com entusiasmo, dedicação e criatividade.

Ir “ad gentes

O Superior nos responde da Argentina: “eu estava na Colômbia para a XIII Conferência Regional com cerca de sessenta padres quando chegou a notícia: é uma alegria imensa, porque estamos esperando por isso há tantos anos. É um momento de graça”. Padre Lengarin relembra a origem da constituição dessa família de homens consagrados: “fomos fundados acima de tudo para os não cristãos. Nosso fundador foi muito inspirado pela atividade missionária dos padres de Dom Bosco. Para ele, a maior preocupação sempre foi ir e levar o Evangelho àqueles que não conhecem Deus. Além disso, a promoção humana era um aspecto muito importante que ele sempre enfatizava”.

Crescido entre os salesianos, Allamano se tornou padre aos 22 anos e alimentava o sonho de partir em missão, mas a saúde debilitada não lhe permitiu fazer isso. Aos 29 anos foi enviado para dirigir o maior santuário mariano de Turim, dedicado a Nossa Senhora da Consolata, que com o seu trabalho traz de volta o esplendor do passado. Ele transmite o fogo da missão aos jovens sacerdotes que, treinados na escola de seu reitor, se preparam para partir para terras distantes. Assim, foram lançadas as bases para o Instituto Missionário da Consolata (IMC), que ele fundou em 1901, estabelecendo também, a pedido de Pio X, um ramo feminino com as Irmãs Missionárias da Consolata (MC) em 1910.

O milagre que o levará à canonização nos leva ao Brasil, ao Estado de Roraima, no meio da floresta amazônica, que continua sendo um dos destinos do compromisso missionário desde 1948.

Como muda a geografia da missão

Padre James conta como a evangelização mudou muito ao longo do tempo, especialmente desde o final da década de 1990. E ele se lembra de quando, após a primeira parte de sua formação na Inglaterra, veio para a Itália: “foram tempos difíceis porque tínhamos sido treinados para a missão ‘ad gentes’ e a época exigia que ficássemos em missão na Europa, o que não esperávamos. Porque, diziam-nos, a missão agora está em toda parte”. Afinal, é evidente que seja a África que hoje tem tantas vocações, e que os próprios reservatórios de vocações se inverteram quase completamente em comparação com os séculos passados. “Lembro-me de que, quando entrei para a congregação, eu queria ir para a Amazônia, pois o que mais me atraía era trabalhar com os índios. Em vez disso, me disseram que eu deveria ficar na Itália. O então Superior me disse que a Itália era terra de missão e que eu deveria ficar aqui. Não dormi a noite inteira. Fui enviado para o sul, perto de Lecce, para Galatina”. Ele conta que, no início, os habitantes locais o olhavam com desconfiança, alegando que eles não eram como pessoas “que não conheciam Deus”. Ele ficou lá por cinco anos e depois descobriu que a experiência foi inesperadamente bela e transformadora.

Aumento das vocações na África

Qual é a importância dos números? Eles contam, explica o padre Lengarin, porque quando se pode contar com um grande número de energias jovens, é possível planejar “abrir novos lugares de desafio”. Ele menciona, por exemplo, a condição dos afrodescendentes, entre os quais, observa ele, há muito a ser feito porque, em geral, “ainda estamos inclinados a não reconhecer seus valores”. Ele ressalta que em várias regiões eles ainda não foram totalmente integrados: esse é o caso, por exemplo, do Brasil, Colômbia, Venezuela e Nicarágua. Na África, os pigmeus da floresta tropical do Congo despertam muita atenção por parte dos Missionários da Consolata, que gostariam de trabalhar mais a seu favor, também para promover uma ativação saudável e não traumática dos vínculos entre seus grupos fechados e o resto da sociedade. Precisamente da África, além disso, “prevemos que nascerão mais vocações, se a tendência atual for seguida, cerca de dez ou vinte por ano”. As prioridades apostólicas do Instituto continuam sendo os povos indígenas da América, os habitantes da vasta região amazônica, os centros urbanos com paróquias e, uma atividade considerada fundamental, os centros educativos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Filippo Smaldone

São Filippo Smaldone (A12)
04 de maio
São Filippo Smaldone

Filippo Smaldone nasceu em 27 de julho de 1848, em Nápoles (Itália) sua família era muito religiosa. Desde cedo Filippo sonhava em ser sacerdote e viver a vida religiosa. Estudou filosofia e teologia e se dedicou a ajudar os surdos-mudos, que eram marginalizados na época.

Foi ordenado sacerdote em 23 de setembro de 1871, começou um ministério sacerdotal como catequista, visitava os doentes em várias paróquias. Quando houve uma epidemia em Nápoles, Pe. Filippo cuidou dos doentes com muita devoção e caridade, até que também adoeceu e pela intercessão de Nossa Senhora de Pompéia foi curado e tornou-se devoto por toda vida.

Praticou a caridade e o amor ao próximo durante toda a sua vida e por ter um carinho muito grande pelos surdos, não achava justo que eles vivessem à margem da sociedade, pois não tinham acesso à educação. Por isso, pensou em dar-lhes mães e mestras, as irmãs. Foi assim que partiu para Lacce e em 25 de março de 1885, junto com o Pe. Lorenzo Apicella e algumas religiosas criaram um instituto para surdos, que foi muito apoiado pelos bispos de Lecce Dom Salvatore Luigi dei Conti Zola e Dom Gennaro Trama tendo, por consequência, uma rápida e sólida expansão tornando-se a Congregação das Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações, que está presente em vários lugares do mundo.

A Congregação abriu as portas da comunicação através do amor, da linguagem e da instrução para os surdos. O seu amor aos pobres brotava de sua intensa vida de oração e amor à Eucaristia.

Ele morreu em 4 de junho de 1923. Foi beatificado por João Paulo II em 12 de Maio de 1996 e canonizado por Bento XVI no dia 15 de Outubro de 2006. É conhecido por ser o pai e mestre dos surdos.

Colaboração: Josimeri Farias

Reflexão:

“São Filippo Smaldone via refletida nos surdos-mudos a imagem de Jesus e costumava repetir que, assim como nos prostramos diante do Santíssimo Sacramento, também é preciso ajoelhar-nos diante de um surdo-mudo. Aceitemos do seu exemplo o convite para considerar sempre indissolúveis o amor à Eucaristia e o amor ao próximo. Aliás, só podemos obter a verdadeira capacidade de amar os irmãos no encontro com o Senhor no sacramento da Eucaristia”. (Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 15 de outubro de 2006)

Oração:

São Filippo Smaldone, que honrou a Igreja com sua santidade sacerdotal e a enriqueceu com uma nova família religiosa, interceda por nós junto ao Pai para que sejamos dignos discípulos de Cristo e filhos obedientes da Igreja. Vós que fostes o mestre e pai dos surdos, ensinai-nos a amar os pobres e a servi-los com generosidade e sacrifício. Obtenha-nos do Senhor o dom de novas vocações sacerdotais e religiosas, para que nunca faltem na Igreja e no mundo testemunhas da caridade. Vós, que pela santidade de vossa vida e com seu zelo apostólico contribuístes para o desenvolvimento da fé e difundistes a adoração eucarística e a devoção mariana, obtenha para nós a graça que lhe pedimos e que com fé confiamos à sua paterna e santa intercessão. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!


Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Da Homilia do papa Paulo VI, pronunciada na canonização dos mártires de Uganda

São Carlos Lwanga e companheiros mártires (Liturgia das Horas)

Da Homilia do papa Paulo VI, pronunciada na canonização dos mártires de Uganda

(AAS56 [1964],905-906)            (Séc. XX)

A glória dos mártires, sinal de nova vida

            Estes mártires africanos acrescentam ao rol dos vencedores, chamado Martirológio, uma página ao mesmo tempo trágica e grandiosa. É uma página verdadeiramente digna de figurar ao lado das célebres narrações da antiga África. No tempo em que vivemos, por causa da pouca fé, julgávamos que nunca mais elas viriam a ter semelhante continuação.

            Quem poderia imaginar, por exemplo, que àquelas Atas tão comovedoras dos mártires de Cíli, dos mártires de Cartago, dos mártires “Massa Candida” de Ótica comemorados por Santo Agostinho e Prudêncio, dos mártires do Egito tão louvados por São João Crisóstomo, dos mártires da perseguição dos vândalos, viriam em nossos tempos juntar-se novas páginas de história não menos valorosas nem menos brilhantes?

            Quem teria podido pressentir que, às grandes figuras históricas dos santos mártires e confessores africanos bem conhecidos, como Cipriano, Felicidade e Perpétua e o grande Agostinho, haveríamos de um dia associar Carlos Lwanga, Matias Mulimba Kalemba, nomes tão caros para nós, e os seus vinte companheiros? E não querendo também esquecer os outros que, professando a religião anglicana, sofreram a morte pelo nome de Cristo. Estes mártires africanos dão, sem dúvida, início a uma nova era. Oxalá não seja ela de perseguições e lutas religiosas, mas de renovação cristã e cívica!

            Na realidade, a África, orvalhada pelo sangue destes mártires, os primeiros desta nova era (e queira Deus que sejam os últimos – tão grande e precioso é o seu holocausto!), a África, agora sim, renasce livre e independente.

            O ato criminoso que os vitimou é tão cruel e significativo, que apresenta fatores suficientes e claros para a formação moral de um povo novo e para a fundação de uma nova tradição espiritual. E também para exprimirem e promoverem a passagem de uma cultura simples e rudimentar – não desprovida de magníficos valores humanos, mas contaminada e enfraquecida, como se fosse escrava de si mesma – a uma civilização aberta às mais altas manifestações da inteligência humana e às mais elevadas formas de vida social.

 Fonte: https://liturgiadashoras.online/

O sonho do Papa para o Jubileu: silenciar as armas e abolir a pena de morte

O sonho do Papa para o Jubileu (Vatican Media)

"Spes non confundit" é o título da Bula de proclamação do Ano Santo de 2025. Os apelos de Francisco são pelos prisioneiros, migrantes, doentes, idosos e jovens dominados pelas drogas e transgressões. No texto, o anúncio da abertura de uma Porta Santa em um presídio, o pedido de perdão da dívida dos países pobres, o incentivo ao aumento da taxa de natalidade, a acolhida dos migrantes, o desejo de criar um fundo para abolir a fome e um maior empenho da diplomacia por uma paz duradoura.

Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano

É a esperança que o Papa invoca como dom no Jubileu 2025 para um mundo marcado pelo conflito de armas, morte, destruição, ódio contra o próximo, fome, "dívida ecológica" e baixa taxa de natalidade. A esperança é o bálsamo que Francisco quer derramar sobre as feridas de uma humanidade oprimida pela "brutalidade da violência" ou que se encontra nas garras de um crescimento exponencial da pobreza. "Spes non confundit", a esperança não decepciona, é o título da Bula de proclamação do Jubileu Ordinário entregue na tarde de hoje, 9 de maio, pelo Papa às Igrejas dos cinco continentes durante as primeiras Vésperas da Solenidade da Ascensão. A Bula, dividida em 25 pontos, contém súplicas, propostas, apelos em favor dos presos, dos doentes, dos idosos, dos pobres, dos jovens, e anuncia as novidades de um Ano Santo que terá como tema "Peregrinos de esperança".

"Spes non confundit", a Bula de proclamação do Jubileu 2025 (Vatican Media)

Uma data comum para a Páscoa 

No documento, o Papa Francisco recorda dois importantes aniversários: a celebração em 2033 dos dois mil anos da Redenção e os 1700 anos do primeiro grande Concílio Ecumênico de Nicéia, que entre outros temas tratou também da definição da data da Páscoa. Ainda hoje, "posições diferentes" impedem a celebração no mesmo dia do "o evento fundante da fé", ressalta, lembrando que, no entanto, "por uma circunstância providencial, isso acontecerá precisamente no ano de 2025" (17). 

"Seja isto um apelo a todos os cristãos do Oriente e do Ocidente para darem resolutamente um passo rumo à unidade em torno duma data comum para a Páscoa."

A abertura da Porta Santa

Em meio a essas "grandes etapas", o Papa estabelece que a Porta Santa da Basílica de São Pedro será aberta em 24 de dezembro de 2024. No domingo seguinte, 29 de dezembro, o Pontífice abrirá a Porta Santa da Basílica de São João de Latrão; em 1º de janeiro de 2025, Solenidade de Maria Mãe de Deus, a de Santa Maria Maior e, em 5 de janeiro, a Porta Santa de São Paulo Fora dos Muros. As três Portas serão fechadas no domingo, 28 de dezembro do mesmo ano. O Jubileu terminará com o fechamento da Porta Santa da Basílica de São Pedro em 6 de janeiro de 2026. (6)

A abertura da Porta Santa no Jubileu da Misericórdia (8 de dezembro de 2015) (Vatican Media)

Sinais dos tempos

Francisco espera que "o primeiro sinal de esperança" do Jubileu "se traduza em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra". 

"Esquecida dos dramas do passado, a humanidade encontra-se de novo submetida a uma difícil prova que vê muitas populações oprimidas pela brutalidade da violência. Faltará ainda a esses povos algo que não tenham já sofrido? Como é possível que o seu desesperado grito de ajuda não impulsione os responsáveis das Nações a querer pôr fim aos demasiados conflitos regionais, cientes das consequências que daí podem derivar a nível mundial? Será excessivo sonhar que as armas se calem e deixem de difundir destruição e morte?"

Apelo em favor da natalidade

Com preocupação, o Papa Francisco observa a "queda na taxa de natalidade" que está sendo registrada em vários países e por vários motivos: "dos ritmos frenéticos de vida", "dos receios face ao futuro", "da falta de garantias de emprego e de adequada proteção social" e "de modelos sociais ditados mais pela procura do lucro do que pelo cuidado das relações humanas". Para o Pontífice, há uma "necessidade urgente" de "apoio convicto" dos fiéis e da sociedade civil ao "desejo" dos jovens de gerar novas crianças, para que o futuro possa ser "marcado pelo sorriso de tantos meninos e meninas que, em muitas partes do mundo, venham encher os demasiados berços vazios". (9)

A ternura de Francisco com uma criança nos braços (Vatican Media)

Para os presidiários, respeito, condições dignas, abolição da pena de morte

Na sequência, Francisco pede "sinais tangíveis de esperança" para os presos. Propõe aos governos "formas de amnistia ou de perdão da pena", bem como "percursos de reinserção na comunidade". Acima de tudo, o Papa pede "condições dignas para quem está recluso, respeito pelos direitos humanos e sobretudo a abolição da pena de morte". (10) Para oferecer aos prisioneiros um sinal concreto de proximidade, o próprio Pontífice abrirá uma Porta Santa em uma prisão.

Esperança para os doentes e incentivo para os jovens: "Não podemos decepcioná-los".

Sinais de esperança também devem ser oferecidos aos doentes, que se encontram em casa ou no hospital: "O cuidado para com eles é um hino à dignidade humana". (11) A esperança também é necessária para os jovens que, com tanta frequência, "veem desmoronar-se os seus sonhos". 

"A ilusão das drogas, o risco da transgressão e a busca do efêmero criam nos jovens, mais do que nos outros, confusão e escondem-lhes a beleza e o sentido da vida, fazendo-os escorregar para abismos escuros e impelindo-os a gestos autodestrutivos." (12)

Sinais de esperança em relação aos migrantes

Mais uma vez o Papa pede que as expectativas dos migrantes "não sejam frustradas por preconceitos e isolamentos". 

"A tantos exilados, deslocados e refugiados que, por acontecimentos internacionais controversos, são forçados a fugir para evitar guerras, violência e discriminação, sejam garantidos a segurança e o acesso ao trabalho e à instrução, instrumentos necessários para a sua inserção no novo contexto social." (13)

O Papa abraça um migrante durante sua viagem a Malta (Vatican Media)

O número de pobres no mundo é escandaloso

Francisco não se esquece, na Bula, dos muitos idosos que "experimentam a solidão e o sentimento de abandono" (14). Também não se esquece dos "bilhões" de pobres que "falta o necessário para viver" e "sofrem a exclusão e a indiferença de muitos". "É escandaloso", de acordo com Francisco, que os pobres constituam a maioria da população de um mundo "dotado de enormes recursos destinados em grande parte para armas". (15) Em seguida, pede " que seja generoso quem possui riquezas", e renova seu apelo para a criação de "um Fundo Global para acabar de vez com a fome" com o dinheiro proveniente de gastos militares. (16)

O perdão das dívidas dos países pobres

Outro convite sincero é dirigido às nações mais ricas para que "reconheçam a gravidade de muitas decisões tomadas e estabeleçam o perdão das dívidas dos países que nunca poderão pagá-las". "É uma questão de justiça", escreve o Papa Francisco, "agravada hoje por uma nova forma de desigualdade", como a "dívida ecológica", especialmente entre o Norte e o Sul. (16)

O testemunho dos mártires

Na Bula do Jubileu, o Papa convida a olhar para o testemunho dos mártires, pertencentes às diversas tradições cristãs, e expressa o desejo de que durante o Ano Santo esteja presente o aspecto ecumênico. 

"Estes mártires, pertencentes às diferentes tradições cristãs, são também sementes de unidade, porque exprimem o ecumenismo do sangue. Durante o Jubileu desejo ardentemente que não falte uma celebração ecumênica para evidenciar a riqueza do testemunho destes Mártires." (20)

A importância da Confissão e o papel dos Missionários da Misericórdia

Francisco também se refere ao sacramento da Penitência e anuncia a continuação do serviço dos Missionários da Misericórdia, estabelecido durante o Jubileu extraordinário. Aos bispos, pede que os enviem a lugares onde "a esperança está posta a dura prova, como nas prisões, nos hospitais e nos lugares onde a dignidade da pessoa é espezinhada, nas situações mais desfavorecidas e nos contextos de maior degradação, para que ninguém fique privado da possibilidade de receber o perdão e a consolação de Deus". (23)

Francisco confessa alguns fiéis em uma paróquia de Roma (Vatican Media)

O convite às Igrejas Orientais e aos ortodoxos

O Papa dirige "um convite especial" aos fiéis das Igrejas Orientais que "tanto sofreram, muitas vezes até à morte, pela sua fidelidade a Cristo e à Igreja". Esses irmãos devem se sentir "particularmente bem-vindos a Roma, que também é Mãe para eles e conserva tantas memórias da sua presença". O acolhimento também para os irmãos e irmãs ortodoxos que já estão vivendo "a peregrinação da Via-Sacra, sendo muitas vezes obrigados a deixar as suas terras de origem, as suas terras santas, donde a violência e a instabilidade os expulsam rumo a países mais seguros" (05).

Oração nos santuários marianos

Francisco também convida os "peregrinos que vierem a Roma" a rezar nos santuários marianos da cidade para invocar a proteção de Maria, de modo a "experimentar a proximidade da mais afetuosa das mães, que nunca abandona os seus filhos". (24)

O Papa em oração diante da imagem de Nossa Senhora, no Iraque (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

João Paulo II: virtudes de um Papa santo (1)

São João Paulo II (Presbíteros)

João Paulo II: virtudes de um Papa santo

Por Pe. Francisco Faus

UMA TOCHA DE FÉ

O instinto do povo não se enganava quando, desde o início do pontificado de João Paulo II, via no Papa Wojtyla um homem de Deus. A fé notava-se-lhe no calor sereno e viril da voz, no olhar profundo, afetuoso e calmo, na paz com que abraçava o seu serviço sacrificado e incansável e com que aceitava as adversidades, doenças e dores como vindas da mão de Deus.

A fé, uma fé segura, sólida e feliz, pode-se dizer que lhe saía por todos os poros do corpo e da alma. Acreditava mesmo em Deus, acreditava mesmo em Jesus Cristo, único Salvador do mundo; acreditava plenamente no chamado de todos à salvação que está em Cristo Jesus; acreditava, com confiança de filho, na intercessão da santíssima Virgem Maria, em cujos braços maternos se abandonara muito cedo, declarando-se Totus tuus! -”Todo teu!”.

A ORAÇÃO, ESPELHO DA FÉ

Diz-se, com toda a razão, que a oração é o espelho da fé. É pela oração que a alma se une a Deus, em plena intimidade; é pela oração amorosamente contemplativa que os traços de Cristo se imprimem na alma; é pela oração que os olhos vêem o mundo, a história, os homens – cada homem – com a própria visão de Deus; e é pela oração que se pode chegar a dizer, como São Paulo: Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gál 2, 20).

Pois bem, João Paulo II vivia literalmente mergulhado na oração. E isso, mesmo para os que o ignoravam, se notava de uma forma indisfarçável. Desde o início do seu pontificado – continuando, aliás, com seus antigos hábitos de padre e de bispo – , levantava-se às 5,30 horas e, depois de se arrumar, ia imediatamente à capela para fazer mais de uma hora de oração íntima, ajoelhado diante do sacrário, perante um crucifixo e uma imagem da Virgem Negra de Czestokowa [1].

No seu penúltimo livro, Levantai-vos! Vamos![2], o próprio Papa fala da alegria de ter a capela tão perto das dependências onde trabalhava: “A capela fica tão próxima para que na vida do bispo tudo – a pregação, as decisões, a pastoral – tenha início aos pés de Cristo, escondido no Santíssimo Sacramento […]. Estou convencido de que a capela é um lugar de onde provém uma inspiração particular. É um privilégio enorme poder habitar e trabalhar no espaço dessa Presença, uma Presença que atrai, como um potente ímã”. “Todas as grandes decisões – comentava um dos seus ajudantes – tomava-as de joelhos em frente ao santíssimo Sacramento”.

A capela era, realmente, o ímã constante, irresistível, do dia-a-dia de João Paulo II. Nela, além da oração matutina e da celebração da Santa Missa, rezava todos os dias a Liturgia das Horas. Na capela, muitas vezes, das 9,30 às 11,00 horas, dedicava-se a escrever, anotando sempre no cabeçalho de cada folha uma oração abreviada, uma jaculatória. Na capela, guardava o que ele chamava a “geografia da sua oração”, pois, no interior da parte de cima do genuflexório, as freiras que cuidavam da casa pontifícia deixavam centenas de folhas datilografadas, com pedidos de oração pessoal enviados por carta ao Papa por fiéis de todo o mundo, intenções pelas quais fazia questão de rezar. Conta-se que um dos seus secretários, o Pe. John Magee, procurou certa data o Papa nos seus aposentos e não o encontrou. Foi-lhe indicado que o procurasse na capela, mas não o viu. Sugeriram-lhe, então, que olhasse melhor, e lá descobriu efetivamente o Papa, prostrado no chão, em adoração, diante do Sacrário.

Esse clima de oração estendia-se, como uma onda cálida, a todas as atividades do dia. João Paulo II rezava constantemente: entre as diversas reuniões, a caminho das audiências, no carro, num helicóptero… Num terraço do Palácio Apostólico, onde mandara colocar as catorze estações da Via Sacra, praticava essa devoção todas as sextas-feiras do ano e, na Quaresma, todos os dias. Rezava o terço em diversos momentos da jornada, até completar o Rosário. Um detalhe simpático: só dedicava ao descanso, após o almoço, uns dez minutos; depois dos quais, enquanto outros repousavam, passeava pelos jardins do Vaticano rezando o terço [3].

COM OS OLHOS DA FÉ

A oração, a intimidade com Deus, é a condição imprescindível para que permaneçam abertos e argutos os olhos da fé. Na Missa inicial do Conclave, dia 18 de abril de 2005, o cardeal Ratzinger dizia uma verdade grande e simples: “Quanto mais amamos Jesus, tanto mais o conhecemos”. E na Missa de exéquias, o mesmo cardeal dizia: “O amor de Cristo foi a força dominante em nosso querido Santo Padre. Quem o viu rezar, quem o viu pregar, sabe disso”.

Isso explica a serena firmeza com que João Paulo II se empenhou sem descanso, ao longo dos seus vinte e seis anos de pontificado, em aprofundar na autêntica doutrina católica – muitas vezes chegando, como exímio filósofo e teólogo que era, a profundidades deslumbrantes – e em difundi-la por todo o mundo. A fé, enraizada no amor, dava-lhe autenticidade. Todos sabiam que pregava sobre aquilo em que firmemente acreditava, sobre aquilo que vivia, sobre aquilo que sinceramente amava e sentia, quer fossem as verdades da fé relativas ao Redentor do homem, ao Espírito Santo, à Eucaristia, ao sacramento da Reconciliação, ao sentido do sacerdócio, ao Ecumenismo, à missão maternal de Maria…, quer às verdades morais que exprimem o plano de Deus sobre a família, sobre o amor humano e o sexo, sobre a dignidade inviolável da vida desde o primeiro instante da concepção até à morte natural, sobre o valor permanente dos Mandamentos do Decálogo, etc.[4]

Muitos experimentavam o impacto dessas verdades, e mudavam. Outros, vibravam com elas e admiravam o Papa, mesmo que não se decidissem a praticá-las. Alguns, desorientados, as contestavam. Mas afora uns poucos sectários, todos – a começar pelos não católicos e os não crentes – captavam que o Papa tinha, nas suas falas, a transparência de Deus, a “longitude de onda” da Palavra de Deus. Era como se vissem nele, feito realidade, o louvor que Cristo dirigiu a Pedro em Cesaréia de Filipe: Feliz és Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos Céus (Mt 16, 17), bem como a oração que Jesus fez por Pedro na Última Ceia: Simão…, eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos (Lc 22, 32).

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Notas:

[1] Cfr. George Weigel, Testemunho da Esperança, Bertrand Editora, Lisboa, 2000, pág. 227

[2] Ed. Planeta, São Paulo 2004, págs. 147-148

[3] Cfr. George Weigel, obra citada, págs. 227, 228 e 337; e Carl Bernstein e Marco Politi, Sua Santidade, Ed. Objetiva, Rio de Janeiro 1996, págs. 383 e 540

[4] Os documentos de João Paulo II (Encíclicas, Exortações apostólicas, Cartas, etc.) podem ser consultados no site www.vatican.va . Há também várias coleções de encíclicas publicadas no Brasil: Encíclicas de João Paulo II, Ed. Paulus, São Paulo 2003;João Paulo II. Encíclicas, Ed. L Tr, 3ª edição, São Paulo 2003

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Papa recebe focolarinos: "Diálogo inter-religioso é condição necessária para a paz"

Papa recebe participantes do Congresso Inter-religioso promovido pelo Movimento dos Focolares (Vatican Media)

Para Francisco, o testemunho dos focolarinos é motivo de alegria e consolação, especialmente neste tempo de conflitos, em que a religião com frequência é instrumentalizada para alimentar o confronto. O diálogo inter-religioso, ao contrário – recordou o Papa –, é condição necessária para a paz no mundo.

Vatican News

O Papa recebeu os participantes do Congresso inter-religioso do Movimento dos Focolares. Ao saudar os presentes, dirigiu palavras de consolação à presidente dos focolarinos, a palestina Margaret Karram. "Rezo muito pela sua pátria, que sofre neste momento", disse Francisco.

Papa com a presidente Margaret Karram (Vatican Media)

O Pontífice agradeceu pela perseverança com a qual a Obra de Maria leva avante o caminho iniciado por Chiara Lubich com pessoas de outras religiões - "um caminho revolucionário, que tanto bem faz à Igreja": “É uma experiência animada pelo Espírito Santo, radicada no coração de Cristo, em sua sede de amor, de comunhão e de fraternidade”.

Um exemplo da ação do Espírito é uma comunidade inteiramente muçulmana que nasceu 50 anos atrás na Argélia e que aderiu ao  Movimento. O fundamento sobre o qual se apoia esta experiência é o Amor de Deus, afirmou o Pontífice. Com o tempo, cresceu a amizade e a colaboração em tentar responder juntos ao clamor dos pobres, ao cuidado da criação e no trabalho pela paz. “Com essas pessoas, se vai além do diálogo e é possível sentir-se irmãos e irmãs, compartilhando o sonho de um mundo mais unido, na harmonia das diversidades.”

O testemunho dos focolarinos, portanto, é motivo de alegria e consolação, especialmente neste tempo de conflitos, em que a religião com frequência é instrumentalizada para alimentar o confronto. O diálogo inter-religioso, ao contrário – recordou o Papa –, é condição necessária para a paz no mundo e um dever para os cristãos e para outras comunidades religiosas. “Por isso, eu os encorajo a ir avante, sempre abertos”, exortou Francisco.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Carlos Lwanga

São Carlos Lwanga (A12)
03 de junho
São Carlos Lwanga e companheiros mártires

Carlos Lwanga era membro do clã Ngabi e se converteu a fé católica através do testemunho dos Missionários da África, mais conhecidos como “Padres Brancos”. Em 1885 foi convocado para ser prefeito da Sala Real, durante o reinado de Mwanga II, que empreendeu uma sangrenta perseguição contra os cristãos, vistos como uma ameaça para o reino.

O rei Mwanga tinha um verdadeiro harém masculino, formado por seus pajens, dos quais Carlos Lwanga era o chefe, que deviam satisfazer todos os seus desejos. O rei não aceitava a desobediência de seus súditos, por isso, deu um ultimato a todos os cristãos: ou renegavam a fé, se submetendo a seus caprichos sexuais, ou a morte. Carlos e os demais pajens, com idades entre os 14 e 30 anos, preferiram aceitar todas as tribulações. Alguns foram decapitados e outros queimados vivos.

Em 1886 Carlos Lwanga foi o primeiro a morrer, queimado vivo, para dar chance de que os demais escapassem da morte renegando sua fé. Mas de nada adiantou pois eles preferiram ser fiéis a Deus.

São Carlos Lwanga foi declarado o "padroeiro da juventude da África cristã" em 1934.

Colaboração: Josimeri Farias

Reflexão:

“Pegarei na tua mão. Se tivermos que morrer por Jesus, morreremos juntos, de mãos dadas": eis as últimas palavras pronunciadas por Carlos Lwanga e dirigidas ao jovem Kizito, que morreu com ele, com apenas 14 anos de idade, por ódio à fé, mostrando a coragem que devemos ter para seguir a Cristo. Em homilia durante uma viagem a Uganda, o Papa Francisco disse: “Hoje, recordamos com gratidão o sacrifício dos Mártires ugandenses, cujo testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja atingiu até os confins da terra; recordamos também os Mártires anglicanos, cuja morte por Cristo testemunha o ecumenismo do sangue... vidas assinaladas pelo poder do Espírito Santo; vidas que, ainda hoje, dão testemunho do poder transformador do Evangelho de Jesus Cristo".

Oração:

Que a morte destes valorosos heróis da fé, que mereceram, por sua fidelidade a Cristo e pelo testemunho da mais perfeita castidade, as honras triunfais que reserva Deus a seus mártires, nos encha de coragem para fazermos frente aos ataques do mundo à nossa fé e à moral sexual que a Igreja, como fiel guardiã da verdade revelada e mestra das nações, com tanto empenho e paciência busca transmitir às almas. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

 Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF