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terça-feira, 4 de junho de 2024

O que é depressão e como buscar ajuda e tratamento para você ou outras pessoas (1)

Obstáculos para diagnosticar e tratar doença são enormes; estimativas apontam que ela será principal problema de saúde do mundo até 2030 | GETTY Image

O que é depressão e como buscar ajuda e tratamento para você ou outras pessoas

  • Cristiane Martins
  • De Londres para a BBC News Brasil

24 novembro 2021

"É assustador, mas comum que, não importa o que você diga sobre sua depressão, as pessoas não acreditam, a não ser que você pareça agudamente deprimido", resumiu o escritor e jornalista americano Andrew Solomon, no best-seller O Demônio do Meio-Dia.

Os obstáculos para diagnosticar e tratar a depressão são enormes, afirma a Associação Brasileira de Psiquiatria, mesmo que essa condição médica seja comum, recorrente e crescente em seus mais diversos sintomas e impactos. Estima-se, aliás, que até 2030 ela deva afetar mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta atualmente quase 12 milhões de pessoas no Brasil, ou 5,8% da população, taxa superior à média mundial (4,4%) e abaixo apenas do líder Estados Unidos (5,9%). Essa condição, que não tem causa única, atinge as pessoas independentemente da idade, classe social, profissão, raça/etnia ou do gênero.

Em linhas gerais, a depressão é descrita por especialistas como um transtorno biológico no qual a pessoa se sente deprimida ou perde o interesse ou prazer em relação a algo que tinha antes, afetando diversas áreas de sua vida (profissional, pessoal, familiar, social etc.). Mas o diagnóstico é complexo: não passa por exames, mas pela análise clínica de profissionais de saúde especializados com base em sintomas, critérios diagnósticos (há quanto tempo persistem os sintomas, por exemplo), histórico familiar, gatilhos, comorbidades, entre outros pontos.

E por que é tão difícil identificar e entender os sintomas e as causas do chamado "mal do século 21"? Que profissionais fazem esse diagnóstico? O que especialistas recomendam para quem busca ajuda e tratamento para si mesmo ou para outras pessoas? E quem não tem condições financeiras de pagar atendimento particular ou plano de saúde? Luto pode desencadear depressão? Por que os pacientes são estigmatizados como fracos ou sem força de vontade, por exemplo? Todos precisam tomar remédio? Fazer terapia basta para os casos mais leves?

Segundo Organização Mundial da Saúde (OMS), depressão afeta atualmente quase 12 milhões de pessoas no Brasil | GETTY Image

A BBC News Brasil reúne no texto abaixo respostas de especialistas e entidades de psiquiatria e psicologia para algumas das dúvidas mais buscadas sobre depressão.

E para responder brevemente às duas últimas perguntas, a Inglaterra decidiu mudar as diretrizes do sistema público de saúde nacional (uma espécie de SUS) para pessoas diagnosticadas com depressão leve. Antes de iniciarem tratamento com antidepressivos, esses pacientes devem primeiro ter acesso à terapia e a exercícios físicos em grupo, por exemplo.

O novo protocolo surge em meio ao aumento das prescrições de antidepressivos no país no fim de 2020 (alta de 6% em relação ao ano anterior), mas isso não significa, obviamente, que o tratamento com remédios como um todo esteja sendo questionado.

Um estudo publicado no fim de setembro no periódico científico The New England Journal of Medicine apontou que pessoas que permanecem usando medicamentos antidepressivos a longo prazo têm menos chance de sofrer recaída do que aquelas que decidem parar de tomá-los.

Legenda da foto,Uma das formas mais comuns de problemas de saúde mental, a depressão é descrita como transtorno, doença, síndrome, sentimento ou melancolia | GETTY Image

O que é depressão e quais são os principais sintomas, segundo especialistas

Uma das formas mais comuns de problemas de saúde mental, a depressão é descrita como transtorno, doença, síndrome, sentimento ou melancolia (antigo nome que se dava a ela).

"A depressão se caracteriza por uma tristeza profunda e prolongada, que faz o indivíduo perder o interesse por coisas que anteriormente eram prazerosas. Além da tristeza, que é o sintoma mais conhecido e falado, o padecente pode sofrer com alterações no sono, podendo dormir demais ou ter insônia, distúrbios alimentares, irritabilidade, fadiga, pensamentos de suicídio. Cabe ressaltar que os sintomas variam de pessoa para pessoa", explica Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, em entrevista à BBC News Brasil.

A necessidade de encontrar uma definição para uma condição tão complexa quanto a depressão é fundamental quando se deseja instituir um diagnóstico, pois só então é possível traçar um tratamento adequado, seja com remédios, terapia ou ambos, por exemplo.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, traz uma série de "pré-requisitos" para caracterizar o diagnóstico formal de depressão, como a presença de cinco ou mais sintomas da lista abaixo ao mesmo tempo durante pelo menos duas semanas. São eles, de forma simplificada:

  • Sentir-se triste ou deprimido
  • Ausência de interesse e prazer em atividades que antes eram prazerosas
  • Fadiga e perda de energia
  • Alterações no apetite e no peso (ganho ou perda sem relação com dieta)
  • Dificuldade para dormir ou o oposto, dormir muito
  • Sentimentos de inutilidade e culpa
  • Problemas para pensar, se concentrar ou tomar decisões
  • Aumento da atividade física sem propósito, como ficar balançando as mãos ou os pés, andar de um lado para outro, não conseguir ficar parado em pé ou sentado.
  • Pensamentos suicidas

Mas o diagnóstico vai muito além de preencher ou não os critérios acima. Segundo Silva, "cerca de 50% a 60% dos casos de depressão não são detectados pelo médico clínico e muitas vezes o tratamento prescrito não é suficientemente adequado".

Há diversas variáveis biológicas, neuroquímicas, ambientais, genéticas e emocionais envolvidas — e diversos tipos de depressão e de transtornos mentais. Por isso cabe a um profissional especializado investigar e identificar qual problema de saúde está afetando ou não cada paciente.

"Um aspecto relevante, por exemplo, passa pelas comorbidades. Muitas vezes, o paciente não tem só depressão. É muito comum o paciente ter depressão e problemas relacionados ao uso de substâncias, ou transtorno de ansiedade associado a um transtorno alimentar, transtorno de personalidade… A importância da avaliação, do diagnóstico apropriado com um profissional especializado se dá porque na maioria das vezes os transtornos mentais não aparecem sozinhos", disse à BBC News Brasil Wilson Vieira Melo, presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas.

A avaliação não é feita apenas por todos esses sinais, mas também pela exclusão de sintomas, demandando diagnósticos diferenciais com outras condições médicas, como deficiência de vitaminas, alterações na tireoide e tumor cerebral, que podem apresentar sintomas semelhantes aos da depressão.

"O psiquiatra é quem pode avaliar o quadro e identificar o desenvolvimento de uma doença mental, intervindo de forma precoce e evitando seu agravamento. Sempre que notarmos o prejuízo no comportamento do indivíduo, ou seja, que os sintomas começam a atrapalhar a vida da pessoa, é a hora de buscar um psiquiatra para tratamento e manejo correto", afirma Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda no Centro de Valorização da Vida e o Centro de Atenção Psicossocial (CAP) da sua cidade. O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/

O Credo do Povo de Deus (1)

São Paulo VI (Canção Nova)

Arquivo 30Dias – 06/1998

O Credo do Povo de Deus

 O texto da Profissão de Fé que Paulo VI pronunciou em 30 de junho de 1968, no final do Ano da Fé anunciado por ocasião do XIX centenário do martírio dos apóstolos Pedro e Paulo em Roma.

 O texto da Profissão de Fé proclamada por Paulo VI em 30 de junho de 1968

 Cremos em um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, criador das coisas visíveis, como este mundo onde passa a nossa vida passageira, das coisas invisíveis como os espíritos puros, também chamados de anjos (1), e Criador em cada homem do espiritual e alma imortal. 

 Acreditamos que este Deus único é absolutamente um em sua essência infinitamente santa como em todas as suas perfeições, em sua onipotência, em sua ciência infinita, em sua providência, em sua vontade e em seu amor. Ele é Aquele que é , como Ele mesmo O revelou a Moisés (2); e Ele é Amor, como nos ensina o Apóstolo João (3): de modo que estes dois nomes, Ser e Amor, expressam inefavelmente a mesma realidade divina d’Aquele que nos quis dar a conhecer, e que “habita numa luz inacessível” (4) está em Si mesmo acima de todo nome, acima de todas as coisas e acima de toda inteligência criada. Só Deus pode nos dar o conhecimento correto e pleno de Si mesmo, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo, de cuja vida eterna somos chamados a participar por Sua graça, aqui embaixo nas trevas da fé e, além da morte, na luz da vida perpétua e eterna. Os laços mútuos, que constituem eternamente as três Pessoas, cada uma das quais é o único e idêntico Ser divino, são a vida íntima abençoada do Deus três vezes santo, infinitamente além de tudo o que podemos conceber de acordo com a medição humana (5). Entretanto, demos graças à Bondade divina pelo facto de muitos crentes poderem testemunhar conosco, diante dos homens, a Unidade de Deus, apesar de não conhecerem o mistério da Santíssima Trindade. 

 Cremos, portanto, no Pai que gera eternamente o Filho; ao Filho, Verbo de Deus, que é gerado eternamente; ao Espírito Santo, Pessoa incriada que procede do Pai e do Filho como seu Amor eterno. Assim, nas três Pessoas divinas, coaeternae sibi et coaequales (6), a vida e a bem-aventurança do Deus perfeitamente único abundam e se consomem, na superexcelência e na glória próprias do Ser incriado; e sempre «a Unidade na Trindade e a Trindade na Unidade devem ser veneradas» (7). 

 Cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus. Ele é o Verbo eterno, nascido do Pai antes de todos os tempos e consubstancial ao Pai, homoousios a Patri (8); e através dele todas as coisas foram feitas. Ele encarnou por obra do Espírito no ventre da Virgem Maria, e tornou-se homem: portanto igual ao Pai segundo a divindade, e inferior ao Pai segundo a humanidade, e Ele mesmo um, não devido a alguma confusão impossível das naturezas , mas pela unidade da pessoa (9).

Ele habitou entre nós, cheio de graça e verdade. Ele anunciou e estabeleceu o Reino de Deus, e em Si mesmo nos deu a conhecer o Pai. Ele nos deu seu novo mandamento: amar uns aos outros como ele nos amou. Ele nos ensinou o caminho das bem-aventuranças do Evangelho: pobreza de espírito, mansidão, dores suportadas com paciência, sede de justiça, misericórdia, pureza de coração, desejo de paz, perseguições sofridas por justiça. Ele sofreu sob Pôncio Pilatos, o Cordeiro de Deus que leva os pecados do mundo, e morreu por nós na Cruz, salvando-nos com o seu Sangue redentor. Foi sepultado e, por seu próprio poder, ressuscitou ao terceiro dia, elevando-nos com a sua Ressurreição à participação na vida divina, que é a vida da graça. Ele ascendeu ao Céu e voltará, em glória, para julgar os vivos e os mortos, cada um segundo os seus méritos; então aqueles que responderam ao Amor e à Misericórdia de Deus irão para a vida eterna, e aqueles que recusaram até o fim irão para o fogo inextinguível.

E o seu Reino não terá fim. 

 Cremos no Espírito Santo, que é Senhor e dá vida; que é adorado e glorificado com o Pai e o Filho. Ele nos falou através dos profetas, foi-nos enviado por Cristo depois da sua Ressurreição e da sua Ascensão ao Pai; Ele ilumina, vivifica, protege e guia a Igreja, purifica os seus membros, desde que não escapem à sua graça. A sua ação, que penetra nas profundezas da alma, torna o homem capaz de responder ao convite de Jesus: «Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste» (10). 

 Cremos que Maria é a Mãe, sempre Virgem, do Verbo Encarnado, nosso Deus e Salvador Jesus Cristo (11), e que, por causa desta eleição singular, Ela, em consideração aos méritos de seu Filho, foi redimida de uma forma mais eminente (12), preservado de toda mancha do pecado original (13) e cheio do dom da graça mais do que todas as outras criaturas (14.. 

 Associado aos Mistérios da Encarnação e da Redenção por um vínculo estreito e indissolúvel (15), a Santíssima Virgem, a Imaculada, no final da sua vida terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial (16) e configurada como seu Filho ressuscitado, antecipando o destino futuro de todos os justos; e acreditamos que a Santíssima Mãe de Deus, Nova Eva, Mãe da Igreja (17), continua o seu ofício maternal no Céu em relação aos membros de Cristo, cooperando no nascimento e desenvolvimento da vida divina nas almas dos redimidos (18).

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NOTAS 

(1) Cf. Denzinger-Schönmetzer 3002. 

(2) Cf. Ex 3, 14. 

(3) Cf. 1 Jo 4, 8. 

(4) Cf. 1 Tim 6, 16. 

(5) Cf. Schönmetzer 804.

(6) Ver Denzinger-Schönmetzer 75. 

(7) Ver Denzinger-Schönmetzer 75. 

(8) Ver Denzinger-Schönmetzer 150. 

(9) Ver Denzinger-Schönmetzer 76. 

(10) Ver Mt 5, 48. 

(11 ) Ver Denzinger-Schönmetzer 251-252. 

(12) Ver Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 53. 

(13) Ver Denzinger-Schönmetzer 2803. 

(14) Ver Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 53. 

(15) Ver Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 53, 58, 61. 

(16) Cf. Denzinger-Schönmetzer 3903. 

(17) Cf. Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 53, 56, 61, 63; ver Paulo VI, Allocutio in conclution III Sessionis Concilii Vaticani II , in Acta Apostolicae Sedis 56, 1964, p. 1016; exortação apostólica Signum magnum , Introdução. 

(18) Ver Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 62; Paulo VI, exortação apostólica Signum magnum, pág. 1, não. 1.

 Fonte: https://www.30giorni.it/

Santa Sé declara Nossa Senhora Medianeira “Rainha do Povo Gaúcho”

Pintura de Nossa Senhora Medianeira é abonçoada por dom Leomar Brustolin no dia 31 de maio, data da festa litúrgica da padroeira do Rio Grande do Sul | Instagram/Basílica Nossa Senhora Medianeira | Aci Digital

Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças foi declarada “Rainha do Povo Gaúcho”, disse o arcebispo de Santa Maria (RS), dom Leomar Antônio Brustolin, presidente do regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em missa na basílica de Nossa Senhora Medianeira, na sexta-feira (31), dia da padroeira do Rio Grande do Sul.

Segundo dom Leomar, “o Decreto de Consagração do Estado do Rio Grande do Sul à Virgem Maria, Medianeira de Todas as Graças” veio do Dicastério para o Culto Divino e foi propício “neste tempo de provação devido à catástrofe das chuvas que se abateu” sobre o Sul do Brasil.

“Essa Coroação Pontifícia colabora para fortalecer a espiritualidade mariana em todo o Estado e renovar a esperança num futuro que exige empenho de todos para a reconstrução da vida”, disse o arcebispo.

“O Decreto propõe a Coroação Pontifícia da imagem da Bem-Aventurada Virgem Maria, Medianeira de Todas as Graças e que ela seja invocada como ‘Rainha do Povo Gaúcho’”, disse dom Leomar.

A coroação da imagem da Medianeira acontecerá na basílica dedicada à santa, em Santa Maria (RS), no dia 15 de agosto, solenidade da Assunção de Nossa Senhora e aniversário da basílica, às 19h.

Segundo dom Leomar, a partir de agora, haverá anualmente uma novena em honra a Nossa Senhora Medianeira durante o mês de maio, que será finalizada no dia 31 de maio, data da festa litúrgica da padroeira do Rio Grande do Sul.

Devoção a Nossa Senhora Medianeira

A devoção a Nossa Senhora Medianeira em Santa Maria (RS) foi iniciada em 1928, através dos incentivos do padre Ignácio Rafael Valle, mas se popularizou a partir de 1929, quando o então papa Pio XI concedeu à diocese de Santa Maria a honra de celebrar Nossa Senhora Medianeira com festa própria.

Em 5 de setembro de 1930, 23 mulheres prepararam uma romaria à Nossa Senhora Medianeira para pedir proteção para a cidade de Santa Maria, que era ameaçada pela Revolução de 1930. Suas preces foram ouvidas e dias depois a revolução terminou de forma pacífica.

Em 15 de agosto de 1935, o então bispo de Santa Maria, dom Antônio Reis começou a construção do santuário dedicado à Nossa Senhora Medianeira.

Nossa Senhora Medianeira foi declarada padroeira do Rio Grande do Sul em 25 de outubro de 1942, pelo então arcebispo de Porto Alegre, dom João Becker, e os demais bispos do Estado. Ela também foi proclamada padroeira da Província Eclesiástica de Santa Maria (RS), em 17 de março de 2022.

Em 12 de dezembro de 1943, dom Antônio Reis realizou a primeira romaria estadual a Nossa Senhora Medianeira. Atualmente, a peregrinação acontece no segundo domingo do mês de novembro, e atrai mais de 300 mil pessoas.

Fonte: https://www.acidigital.com/

A força da fé na vida da comunidade cristã!

FÉ - Alimento da alma (nsaparecidanatal)

A FORÇA DA FÉ NA VIDA DA COMUNIDADE CRISTÃ!

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS) 

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Diante dos acontecimentos climáticos extraordinários que atingiram o nosso Estado do Rio Grande do Sul, podemos estar chocados com o impacto dos danos, em muitas localidades e cidades, deixando um rastro de destruição que atingiu a natureza, ceifou vidas, destruí casas, empresas e também parte da infraestrutura rodoviária e ferroviária, que são de importância fundamental para a assistência aos desalojados, para a reconstrução das instituições que serviam às comunidades, e a retomada das atividades econômicas.  

Através de um esforço conjunto entre os governos, as empresas, as instituições e a corresponsabilidade coletiva, poderemos abreviar o tempo da angústia, do medo, da dor e da incerteza, que hoje aflige milhares de pessoas vitimadas por essa tragédia, e gostariam de refazer a vida ou retomar o cotidiano da vida, onde for possível. Toda esta realidade que nos feriu de forma coletiva está sendo amenizada, na questão humanitária, pela resposta solidária que envolveu instituições civis e religiosas, empresas e poder público. Uma ação solidária que ultrapassou as fronteiras do Brasil, porque a tragédia chamou a atenção também da mídia internacional pela sua magnitude. 

Por isso, se faz necessário mantermos aberta a porta do coração para a ação solidária, tendo presente que na medida em que as águas dos rios retornam ao seu leito, nos deparamos com a lama e a destruição das casas e de toda uma realidade que fazia parte da vida das pessoas nas suas comunidades. O sentido de pertença a uma comunidade tem um significado importante para as pessoas, porque é na família e na comunidade, “família alargada”, que vivemos as alegrias, as dores, as desilusões, as provações e celebramos a nossa caminhada de fé, que alimenta a esperança e dá um novo significado à vida, dom de Deus, mesmo quando ela está ferida. A luz do Ressuscitado abre aos homens e mulheres de fé novos horizontes, que lhes oferece a possibilidade de encontrar um novo sentido em tudo aquilo que acontece ao longo da vida.  

A Igreja, comunidade de fé, tem como missão anunciar o Reino de Deus ao mundo. Podemos dizer que é uma missão sublime, mas, ao mesmo tempo, árdua; na qual os discípulos devem empenhar as próprias forças, sem desprezar a graça de Deus: “Não tenhais medo, porque eu estarei contigo e ninguém procurará fazer-te mal” (At 18,9-10). A promessa de Jesus Ressuscitado, feita aos discípulos que iniciam o anúncio e a missão junto às primeiras comunidades, não pode ser esquecida pela comunidade cristã: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 1,22,23). É com essa confiança, de que o Senhor caminha conosco, que iremos ajudar as pessoas a reconstruírem suas vidas, também no sentido de comunidade de fé, tendo presente que a Igreja, mesmo sendo uma comunidade ferida e frágil, é, ao mesmo tempo, portadora de uma mensagem de esperança para todos os seus filhos. Todos os fiéis podem encontrar na Igreja um espaço de crescimento espiritual, porque esta não é constituída por uma elite de puros, mas é uma comunidade de “feridos”, que acolhem e caminham para a santidade na casa do Pai.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

João Paulo II: virtudes de um Papa santo (2)

São João Paulo II (Presbíteros)

João Paulo II: virtudes de um Papa santo

Por Pe. Francisco Faus

COM A FORTALEZA DA FÉ

A fé, quando autêntica, é uma certeza amorosa que, depois de elevar até Deus a alma agradecida, aninha-se no coração e o torna capaz de amar a todos. Aí está a diferença entre fé e fanatismo, entre convicção e “fundamentalismo”. O fanático, o fundamentalista exasperado, não é capaz de compreender os que não pensam como ele; despreza-os e chega a odiá-los.

Pelo contrário, quem tem a alma iluminada pela fé de Jesus Cristo só sabe amar e, como ama loucamente Jesus, que veio ao mundo – como Ele dizia a Pilatos – para dar testemunho da verdade (Jo 18, 37), conjuga em perfeita harmonia a firmeza na fé (sem “espaço para cedências nem para um recurso oportunista à diplomacia humana” [5]), com a compreensão e o afeto sincero para com os que divergem e erram. A afirmação da sua fé nunca foi, em João Paulo II, uma imposição irada, mas um convite, como o que marcou o início do seu pontificado: “Não tenhais medo! Abri as portas a Cristo!”

Assim foi João Paulo II, forte na fé – como pedia São Pedro (I Pdr 5, 9), de quem foi sucessor -, “com uma fé corajosa e sem medo, uma fé temperada na provação, pronta para seguir com generosa adesão qualquer chamado de Deus”[6]; e, ao mesmo tempo, um homem de braços abertos, disposto incansavelmente a sofrer todas as dificuldades, e até mesmo vexames e desprezos (como sucedeu, por exemplo, com alguns episódios indelicados na Nicarágua marxista, em Cuba e na Grécia), para avançar passo a passo, sem nunca desfalecer, pelo caminho do diálogo com os representantes das outras confissões cristãs, com os não-cristãos e com os não-crentes.

Numa breve biografia sobre João Paulo II, o então cardeal Ratzinger terminava dizendo: “Hoje também os espíritos críticos sentem com uma clareza sempre maior que a crise do nosso tempo consiste na «crise de Deus», no desaparecimento de Deus do horizonte da história humana. A resposta da Igreja deve ser uma só: falar sempre menos de si mesma e sempre mais de Deus, dando testemunho dEle e sendo a porta para Ele. Este é o verdadeiro conteúdo do pontificado de João Paulo II que, com o passar dos anos, torna-se sempre mais evidente” [7].

UMA TOCHA DE CARIDADE

“AMOU ATÉ O FIM”

Os últimos anos, os últimos meses, os últimos dias de João Paulo II, evidenciaram de uma maneira impressionante e crescente, aos olhos de todos, que aquele ancião doente, combalido, encurvado, sofredor, cada vez mais limitado, depois de ter dado a vida inteira ao serviço de Deus e de seus irmãos os homens, estava disposto a entregar até a última gota, até o último alento, enquanto Deus não viesse buscá-lo.

Seguindo as pegadas de Cristo, decidiu-se a levar a sua caridade, o seu amor, até ao extremo, como Jesus, de quem diz o Evangelho que, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13, 1).

Ele próprio deixara escritas no seu testamento, no ano 2000, as seguintes palavras: “Segundo os desígnios da Providência, foi-me concedido viver no difícil século que está ficando no passado e agora, no ano em que a minha vida alcança os oitenta anos, é necessário perguntar-me se não chegou a hora de repetir com o bíblico Simeão: «Nunc dimittis» [refere-se à oração do ancião Simeão que, no dia da apresentação do Menino Jesus no Templo, diz a Deus que agora já o pode levar em paz deste mundo: cfr. Luc 2, 29]“.

O escrito continua: “No dia 13e de maio de 1981, o dia do atentado contra o Papa durante a audiência geral na Praça de São Pedro, a Divina Providência me salvou milagrosamente da morte. O mesmo único Senhor da vida e da morte me prolongou esta vida e, em certo sentido, voltou a dar-ma de novo. A partir desse momento, pertence-lhe ainda mais […]. Peço-lhe que me chame quando Ele quiser. «Se vivemos, vivemos para o Senhor; e se morremos, morremos para o Senhor… Somos do Senhor (Cf. Rom 14,8)». Espero que até que possa completar o serviço petrino [de sucessor de Pedro] na Igreja, a Misericórdia de Deus me dê forças para este serviço”.

E assim foi. A sua entrega foi como a de uma lamparina que se extingue só depois de consumir-se inteiramente. Mas, à medida em que sua vida se ia apagando, o seu amor resplandecia com mais força. Quem não se lembra do seu derradeiro esforço por se comunicar, por levar a Palavra aos fiéis, naquele dia de abril em que, o rosto emoldurado pela janela de onde tinha falado tantas vezes, só pôde abrir a boca para exprimir silenciosamente a dor, a agonia, as lágrimas silenciosas de um pastor esgotado, que já não mais conseguia articular uma palavra?

Deixou-nos assim um reflexo extraordinário da imagem do Bom Pastor, que dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10, 11). Na homilia das exéquias, o Cardeal Ratzinger recordava essa figura evangélica em que João Paulo II ficava retratado: “Foi sacerdote até o final, porque ofereceu a sua vida a Deus por suas ovelhas e por toda a família humana, numa entrega cotidiana ao serviço da Igreja e, sobretudo, nas duras provas dos últimos meses. Assim se converteu em uma só coisa com Cristo, o Bom Pastor que ama as suas ovelhas”.

“AQUELE QUE DÁ A VIDA POR SEUS AMIGOS”

Eis aqui outras palavras de Cristo, na Última Ceia, que ajudam a captar essa tocha de caridade: Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos (Jo 15, 15).

Cristo deu a vida com a sua dedicação infatigável aos homens – Não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida para salvação de muitos (cfr. Mat 20, 28) -, mas a sua entrega chegou ao ápice no sacrifício da Cruz. Com efeito, foi na Cruz, quando já do corpo dilacerado escorriam as últimas gotas do sangue derramado para a remissão dos pecados (Mt 26, 28), que Jesus pôde dizer: Tudo está consumado! (Jo 19, 30).

Nos últimos anos, João Paulo II foi-se configurando, cada vez mais plenamente, com Jesus sofredor, com a sua Paixão e Morte, viveu uma intensa “consciência” do valor salvador da Cruz , que ele sempre amara: “Nunca me aconteceu – escrevia – de colocar com indiferença a minha Cruz peitoral de bispo. É um gesto que sempre acompanho com a oração. Há mais de quarenta e cinco anos que a Cruz pousa em meu peito, ao lado do meu coração. Amar a Cruz quer dizer amar o sacrifício”[8].

À medida que os seus sofrimentos físicos foram aumentando, até envolvê-lo, por assim dizer, como uma espessa malha torturante, o Papa foi compreendendo com mais profundidade que a sua dor, em união com a de Jesus crucificado, seria, por desígnio divino, a nova forma de cumprir a missão de pastor de um rebanho imenso, espalhado pelo mundo, entre perigos, incertezas e ameaças.

Deixemos a palavra, mais uma vez, ao cardeal Ratzinger, na homilia das exéquias de João Paulo II: “Precisamente nesta sua comunhão com o Senhor que sofre, o Papa anunciou, infatigavelmente e com renovada intensidade, o Evangelho, o mistério do amor até o fim”. E, neste ponto, o cardeal citava palavras do próprio João Paulo II no seu último livro “Memória e Identidade” (págs. 189-190): “Cristo, sofrendo por todos nós, conferiu um novo sentido ao sofrimento, introduziu-o em uma nova dimensão, em uma nova ordem: a do amor… É o sofrimento que queima e destrói o mal com a chama do amor, e até do pecado tira um florescimento multiforme de bem”.

É tocante perceber como João Paulo II ia crescendo nessa profunda visão sobrenatural. Após a queda no banheiro, em 28 de abril de 1994, com graves fraturas, o Papa sofreu uma nova intervenção cirúrgica na Policlínica Gemelli, que, no entanto, não pôde resolver satisfatoriamente o problema. Passou, então, a usar bengala. As dores não cederam, ao contrário. Os movimentos tornaram-se mais trôpegos e penosos.

Quando voltou a dirigir-se aos fiéis presentes na Praça de São Pedro, à hora do Ângelus, em 29 de maio, agradeceu publicamente a Cristo e Maria o “dom do sofrimento”, que via como “um dom necessário”. Explicava-lhes, falando especialmente às famílias: “Meditei vezes sem conta sobre tudo isso durante a minha estadia no hospital… Compreendi que tenho de conduzir a Igreja de Cristo até este terceiro milênio através da oração, de vários programas de atuação, mas vi que não é suficiente: tem de ser guiada pelo sofrimento, pelo ataque de há treze anos [o atentado de Ali Agca] e por este novo sacrifício […]. O Papa tinha de ser atacado, o Papa tinha de sofrer, de modo que todas as famílias e o mundo possam ver que existe um Evangelho mais grandioso: o Evangelho do sofrimento, pelo qual o futuro é preparado, o terceiro milênio das famílias, de cada família e de todas as famílias” [9]

No dia primeiro de abril, pressentindo-se um próximo desenlace, o Arcebispo Angelo Comastri, Vigário para o Estado da Cidade do Vaticano e grande amigo do Papa, foi chamado com urgência ao quarto do pontífice agonizante. Diante dele, como comentou depois pela Rádio vaticana, experimentou uma emoção indescritível: “Ao vê-lo no leito do sofrimento, disse-lhe: «És verdadeiramente o Vigário de Cristo até o final, na paixão que estás vivendo, de modo tão edificante que comove o mundo». O Papa – continuou a narrar -, com a sua dor, escreveu a encíclica mais bela da sua vida, fiel a Jesus até o final”, a “encíclica nunca escrita” [10].

A sua morte espantou o mundo, pois viu nela um “Evangelho da vida”. O Papa alegre, que amou entranhadamente a juventude, pouco antes de expirar soube que multidões de jovens rezavam e velavam a sua agonia ao pé da sua janela, e então disse, com um fio de voz apenas perceptível: “Vi ho cercato, adesso siete venuti da me, e per questo vi ringrazio” (”Eu procurei vocês, jovens, agora vocês vieram ter comigo; e por isso lhes dou as graças”). Foram as últimas palavras que pronunciou.

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Notas:

[5] João Paulo II, Levantai-vos! Vamos!, citado, pág. 186

[6] Ibid.

[7] Joseph Ratzinger, João Paulo II. Vinte anos na história, Ed. Paulinas, São Paulo 2000, pág. 31

[8] Levantai-vos! Vamos!, pág. 193

[9] Cfr. George Weigel, obra citada, pág. 582

[10] Revista Nuestro Tiempo, n. 610, abril 2005, págs. 38 e 39

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Allamano santo, padre Lengarin: uma graça, muitas vocações na África

O padre queniano James Lengarin IMC, Superior Geral dos Missionários da Consolata (Vatican News)

O Superior dos Missionários da Consolata expressa a alegria do Instituto pela próxima canonização do fundador. Os 900 religiosos espalhados nas fronteiras da nova evangelização estão empenhados prioritariamente na educação e na promoção humana de grupos étnicos ainda não totalmente integrados nas sociedades.

Antonella Palermo – Vatican News

“É um momento de graça”. Assim comenta o padre queniano James Lengarin IMC, Superior Geral dos Missionários da Consolata, sobre a notícia da iminente canonização do fundador, o beato Giuseppe Allamano. Com 900 religiosos espalhados pelo mundo, com uma idade média de 53 anos, a congregação nascida há pouco mais de um século pode contar com muitos idosos que, no entanto, “ainda podem fazer muito”, levando adiante o carisma de ir às fronteiras, com entusiasmo, dedicação e criatividade.

Ir “ad gentes

O Superior nos responde da Argentina: “eu estava na Colômbia para a XIII Conferência Regional com cerca de sessenta padres quando chegou a notícia: é uma alegria imensa, porque estamos esperando por isso há tantos anos. É um momento de graça”. Padre Lengarin relembra a origem da constituição dessa família de homens consagrados: “fomos fundados acima de tudo para os não cristãos. Nosso fundador foi muito inspirado pela atividade missionária dos padres de Dom Bosco. Para ele, a maior preocupação sempre foi ir e levar o Evangelho àqueles que não conhecem Deus. Além disso, a promoção humana era um aspecto muito importante que ele sempre enfatizava”.

Crescido entre os salesianos, Allamano se tornou padre aos 22 anos e alimentava o sonho de partir em missão, mas a saúde debilitada não lhe permitiu fazer isso. Aos 29 anos foi enviado para dirigir o maior santuário mariano de Turim, dedicado a Nossa Senhora da Consolata, que com o seu trabalho traz de volta o esplendor do passado. Ele transmite o fogo da missão aos jovens sacerdotes que, treinados na escola de seu reitor, se preparam para partir para terras distantes. Assim, foram lançadas as bases para o Instituto Missionário da Consolata (IMC), que ele fundou em 1901, estabelecendo também, a pedido de Pio X, um ramo feminino com as Irmãs Missionárias da Consolata (MC) em 1910.

O milagre que o levará à canonização nos leva ao Brasil, ao Estado de Roraima, no meio da floresta amazônica, que continua sendo um dos destinos do compromisso missionário desde 1948.

Como muda a geografia da missão

Padre James conta como a evangelização mudou muito ao longo do tempo, especialmente desde o final da década de 1990. E ele se lembra de quando, após a primeira parte de sua formação na Inglaterra, veio para a Itália: “foram tempos difíceis porque tínhamos sido treinados para a missão ‘ad gentes’ e a época exigia que ficássemos em missão na Europa, o que não esperávamos. Porque, diziam-nos, a missão agora está em toda parte”. Afinal, é evidente que seja a África que hoje tem tantas vocações, e que os próprios reservatórios de vocações se inverteram quase completamente em comparação com os séculos passados. “Lembro-me de que, quando entrei para a congregação, eu queria ir para a Amazônia, pois o que mais me atraía era trabalhar com os índios. Em vez disso, me disseram que eu deveria ficar na Itália. O então Superior me disse que a Itália era terra de missão e que eu deveria ficar aqui. Não dormi a noite inteira. Fui enviado para o sul, perto de Lecce, para Galatina”. Ele conta que, no início, os habitantes locais o olhavam com desconfiança, alegando que eles não eram como pessoas “que não conheciam Deus”. Ele ficou lá por cinco anos e depois descobriu que a experiência foi inesperadamente bela e transformadora.

Aumento das vocações na África

Qual é a importância dos números? Eles contam, explica o padre Lengarin, porque quando se pode contar com um grande número de energias jovens, é possível planejar “abrir novos lugares de desafio”. Ele menciona, por exemplo, a condição dos afrodescendentes, entre os quais, observa ele, há muito a ser feito porque, em geral, “ainda estamos inclinados a não reconhecer seus valores”. Ele ressalta que em várias regiões eles ainda não foram totalmente integrados: esse é o caso, por exemplo, do Brasil, Colômbia, Venezuela e Nicarágua. Na África, os pigmeus da floresta tropical do Congo despertam muita atenção por parte dos Missionários da Consolata, que gostariam de trabalhar mais a seu favor, também para promover uma ativação saudável e não traumática dos vínculos entre seus grupos fechados e o resto da sociedade. Precisamente da África, além disso, “prevemos que nascerão mais vocações, se a tendência atual for seguida, cerca de dez ou vinte por ano”. As prioridades apostólicas do Instituto continuam sendo os povos indígenas da América, os habitantes da vasta região amazônica, os centros urbanos com paróquias e, uma atividade considerada fundamental, os centros educativos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Filippo Smaldone

São Filippo Smaldone (A12)
04 de maio
São Filippo Smaldone

Filippo Smaldone nasceu em 27 de julho de 1848, em Nápoles (Itália) sua família era muito religiosa. Desde cedo Filippo sonhava em ser sacerdote e viver a vida religiosa. Estudou filosofia e teologia e se dedicou a ajudar os surdos-mudos, que eram marginalizados na época.

Foi ordenado sacerdote em 23 de setembro de 1871, começou um ministério sacerdotal como catequista, visitava os doentes em várias paróquias. Quando houve uma epidemia em Nápoles, Pe. Filippo cuidou dos doentes com muita devoção e caridade, até que também adoeceu e pela intercessão de Nossa Senhora de Pompéia foi curado e tornou-se devoto por toda vida.

Praticou a caridade e o amor ao próximo durante toda a sua vida e por ter um carinho muito grande pelos surdos, não achava justo que eles vivessem à margem da sociedade, pois não tinham acesso à educação. Por isso, pensou em dar-lhes mães e mestras, as irmãs. Foi assim que partiu para Lacce e em 25 de março de 1885, junto com o Pe. Lorenzo Apicella e algumas religiosas criaram um instituto para surdos, que foi muito apoiado pelos bispos de Lecce Dom Salvatore Luigi dei Conti Zola e Dom Gennaro Trama tendo, por consequência, uma rápida e sólida expansão tornando-se a Congregação das Irmãs Salesianas dos Sagrados Corações, que está presente em vários lugares do mundo.

A Congregação abriu as portas da comunicação através do amor, da linguagem e da instrução para os surdos. O seu amor aos pobres brotava de sua intensa vida de oração e amor à Eucaristia.

Ele morreu em 4 de junho de 1923. Foi beatificado por João Paulo II em 12 de Maio de 1996 e canonizado por Bento XVI no dia 15 de Outubro de 2006. É conhecido por ser o pai e mestre dos surdos.

Colaboração: Josimeri Farias

Reflexão:

“São Filippo Smaldone via refletida nos surdos-mudos a imagem de Jesus e costumava repetir que, assim como nos prostramos diante do Santíssimo Sacramento, também é preciso ajoelhar-nos diante de um surdo-mudo. Aceitemos do seu exemplo o convite para considerar sempre indissolúveis o amor à Eucaristia e o amor ao próximo. Aliás, só podemos obter a verdadeira capacidade de amar os irmãos no encontro com o Senhor no sacramento da Eucaristia”. (Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 15 de outubro de 2006)

Oração:

São Filippo Smaldone, que honrou a Igreja com sua santidade sacerdotal e a enriqueceu com uma nova família religiosa, interceda por nós junto ao Pai para que sejamos dignos discípulos de Cristo e filhos obedientes da Igreja. Vós que fostes o mestre e pai dos surdos, ensinai-nos a amar os pobres e a servi-los com generosidade e sacrifício. Obtenha-nos do Senhor o dom de novas vocações sacerdotais e religiosas, para que nunca faltem na Igreja e no mundo testemunhas da caridade. Vós, que pela santidade de vossa vida e com seu zelo apostólico contribuístes para o desenvolvimento da fé e difundistes a adoração eucarística e a devoção mariana, obtenha para nós a graça que lhe pedimos e que com fé confiamos à sua paterna e santa intercessão. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!


Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Da Homilia do papa Paulo VI, pronunciada na canonização dos mártires de Uganda

São Carlos Lwanga e companheiros mártires (Liturgia das Horas)

Da Homilia do papa Paulo VI, pronunciada na canonização dos mártires de Uganda

(AAS56 [1964],905-906)            (Séc. XX)

A glória dos mártires, sinal de nova vida

            Estes mártires africanos acrescentam ao rol dos vencedores, chamado Martirológio, uma página ao mesmo tempo trágica e grandiosa. É uma página verdadeiramente digna de figurar ao lado das célebres narrações da antiga África. No tempo em que vivemos, por causa da pouca fé, julgávamos que nunca mais elas viriam a ter semelhante continuação.

            Quem poderia imaginar, por exemplo, que àquelas Atas tão comovedoras dos mártires de Cíli, dos mártires de Cartago, dos mártires “Massa Candida” de Ótica comemorados por Santo Agostinho e Prudêncio, dos mártires do Egito tão louvados por São João Crisóstomo, dos mártires da perseguição dos vândalos, viriam em nossos tempos juntar-se novas páginas de história não menos valorosas nem menos brilhantes?

            Quem teria podido pressentir que, às grandes figuras históricas dos santos mártires e confessores africanos bem conhecidos, como Cipriano, Felicidade e Perpétua e o grande Agostinho, haveríamos de um dia associar Carlos Lwanga, Matias Mulimba Kalemba, nomes tão caros para nós, e os seus vinte companheiros? E não querendo também esquecer os outros que, professando a religião anglicana, sofreram a morte pelo nome de Cristo. Estes mártires africanos dão, sem dúvida, início a uma nova era. Oxalá não seja ela de perseguições e lutas religiosas, mas de renovação cristã e cívica!

            Na realidade, a África, orvalhada pelo sangue destes mártires, os primeiros desta nova era (e queira Deus que sejam os últimos – tão grande e precioso é o seu holocausto!), a África, agora sim, renasce livre e independente.

            O ato criminoso que os vitimou é tão cruel e significativo, que apresenta fatores suficientes e claros para a formação moral de um povo novo e para a fundação de uma nova tradição espiritual. E também para exprimirem e promoverem a passagem de uma cultura simples e rudimentar – não desprovida de magníficos valores humanos, mas contaminada e enfraquecida, como se fosse escrava de si mesma – a uma civilização aberta às mais altas manifestações da inteligência humana e às mais elevadas formas de vida social.

 Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF