Translate

quinta-feira, 6 de junho de 2024

João Paulo II: virtudes de um Papa santo (4)

São João Paulo II (Presbíteros)

João Paulo II: virtudes de um Papa santo

Por Pe. Francisco Faus

OS SEGREDOS DA ESPERANÇA

A Epístola aos Hebreus diz que “a fé é o fundamento da esperança” (Hb 11, 1). Assim foi, sem dúvida, na vida de João Paulo II.

No livro “Cruzando o limiar da esperança”, o Papa pergunta-se: “Por que não devemos ter medo?”. E responde: “Porque o ser humano foi redimido por Deus […].Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho Unigênito (Jo 3, 16). Este Filho continua na história da humanidade como Redentor. A revelação divina perpassa toda a história do ser humano, e prepara o seu futuro… É a luz que resplandece nas trevas(cfr. Jo 1, 5). O poder da Cruz de Cristo e da sua Ressurreição é maior que todo o mal de que o homem poderia e deveria ter medo” – conclui, grifando explicitamente a última frase [19].

Na verdade, é nesta última frase que se encerra todo o segredo da esperança cristã. O biógrafo Jorge Weigel, referindo-se a um comentário feito pelo dissidente iugoslavo Milovan Djilas, no sentido de que aquilo que mais lhe havia impressionado no Papa foi perceber que era um homem totalmente destemido, esclarecia o verdadeiro caráter dessa coragem: “Trata-se de uma audácia inequivocamente cristã. Na fé cristã o medo não é eliminado, mas transformado através de um encontro pessoal profundo com Cristo e com a sua Cruz. A Cruz é o lugar onde todo o medo humano foi oferecido pelo Filho ao Pai, livrando-nos a todos do medo” [20].

Alguns anos depois, em 2005, João Paulo II corroborava essa interpretação. No livro “Memória e Identidade”, diz: “Porventura não é o mistério da Redenção [da Cruz, da Morte e da Ressurreição de Cristo] a resposta ao mal histórico que retorna, sob as mais variadas formas, nos acontecimentos do homem? Não será a resposta também ao mal do nosso tempo? […]. Se olharmos, com olhos mais clarividentes, a história dos povos e das nações que passaram pela prova dos sistemas totalitários e das perseguições por causa da fé, descobriremos que foi então precisamente que se revelou com clareza a presença vitoriosa da Cruz de Cristo […], como promessa de vitória […]. Se a Redenção constitui o limite divino posto ao mal, isso se verifica apenas porque nela o mal fica radicalmente vencido pelo bem, o ódio pelo amor, a morte pela ressurreição” [21].

Cristo vence o mundo do mal, do pecado, vence o Inimigo, vence a morte. E a sua vitória é nossa: Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé (I João 5, 4).

Com essa mesma esperança bem fundada, o Papa entrava – e nos ajudava a entrar com ele – no novo milênio, oferecendo-nos, na Carta apostólica “Novo millennio ineunte” (”No início do novo milênio”), de 6 de janeiro de 2001, todo um programa vibrante e otimista para o período que se iniciava. Também nessa Carta, a alegre esperança brotava da fé em Cristo Redentor, ressuscitado, vivo, que “não nos deixou órfãos” (cfr. Jo 14, 18), que nos prometeu “estar conosco todos os dias até o fim do mundo” (cfr. Mt 28, 20). “Agora é para Cristo ressuscitado que a Igreja olha” – escrevia. “Passados dois mil anos desses acontecimentos (Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo), a Igreja revive-os como se tivessem sucedido hoje. No rosto de Cristo, ela – a Esposa – contempla o seu tesouro, a sua alegria […]. Confortada por essa experiência revigoradora, a Igreja retoma agora o seu caminho para anunciar Cristo ao mundo no início do terceiro milênio: ele é o mesmo ontem, hoje e sempre(Hebr 13, 8)” (n. 28).

UM LUMINOSO AMANHECER

Quem lê esse documento (e é importante relê-lo e meditá-lo muitas vezes!), pode ter inicialmente a impressão de um excesso de otimismo. O Papa fala com tanto entusiasmo do futuro da Igreja! Vê o mundo como um mar aberto diante dos cristãos, imenso, fabuloso, um mar para o qual Cristo acena, enquanto olha para nós e nos lança para ele com mesma palavra de ordem que dirigiu a Pedro, pescador, no mar da Galiléia, após uma noite triste de fracassos: Duc in altum! – Avança para águas mais profundas e lança as tuas redes para a pesca! (Luc 5, 3-4).

Esperança não é ilusão. Otimismo não é fechar os olhos e achar que tudo é azul. O Papa João Paulo II tinha plena consciência da presença abundante do mal no nosso mundo, da grande quantidade de joio, de planta daninha, misturada no meio do bom trigo. Mas não se esquecia de que Jesus, com a parábola do trigo e o joio (cfr. Mt 13e, 24 ss.), quis garantir-nos que haverá trigo e promessa de belas colheitas até o fim do mundo. O pessimista vê o joio. O otimista vê o trigo, e sente a responsabilidade de cuidá-lo, aumentá-lo, estendê-lo, fazê-lo crescer. “O modo como o mal cresce e se desenvolve no terreno sadio do bem – escreve o Papa Wojtyla – constitui um mistério; e mistério é também aquela parte de bem que o mal não conseguiu destruir e que se propaga apesar do mal, e cresce no mesmo terreno […]. O trigo cresce juntamente com o joio e, vice-versa, o joio com o trigo. A história da humanidade é o palco da coexistência do bem e do mal. Isto significa que, se o mal existe ao lado do bem, então está claro que o bem, ao lado do mal, persevera e cresce”.[22].

Da mesma forma, na Carta Mane nobiscum Domine para o Ano da Eucaristia (2005), João Paulo II reafirmava o otimismo da Carta do novo milênio, sem deixar de registrar o fato de que o mal, não só não diminuiu, como até parece ter crescido em vários aspectos, desde que o novo milênio começou.

Evoca nessa Carta as celebrações do Jubileu do ano 2000 e diz: “Sentia que essa ocasião histórica se delineava no horizonte como uma grande graça. Não me iludia, por certo, que uma simples passagem cronológica, ainda que sugestiva, pudesse por si mesma comportar grandes mudanças. Os fatos, infelizmente, se encarregaram de pôr em evidência, depois do início do milênio, uma espécie de crua continuidade dos acontecimentos precedentes e, com freqüência, dos piores dentre esses”. Mas nem por isso deixa de incentivar os cristãos a “testemunhar com mais força a presença de Deus no mundo”, e proclama, “mais convencido que nunca”, a certeza de que Cristo “está no centro, não apenas da história da Igreja, mas também da história da humanidade” e de que, por isso, só “nele o homem encontra a redenção e a plenitude” [23].

João Paulo II já está com Deus, na vida que não morre mais. Mas a sua esperança continua a ser luz que ilumina os olhos da alma e enche de coragem o coração. O novo Papa Bento XVI sente-se devedor dessa esperança e quer ser o novo porta-voz dela. Na sua primeira mensagem, dirigida na Capela Sistina aos cardeais que o elegeram, em vinte de abril de 2005, disse: “Tenho a impressão de sentir a mão forte do meu Predecessor, João Paulo II, que estreita a minha. Parece que vejo seus olhos sorridentes e que ouço as suas palavras, dirigidas neste momento particularmente a mim: «Não tenhais medo!».

A bandeira da esperança de João Paulo II continua desfraldada: “Sigamos em frente com esperança” – repete-nos. “Diante da Igreja abre-se um novo milênio como um vasto oceano onde se aventurar com a ajuda de Cristo. O Filho de Deus, que se encarnou há dois mil anos por amor do homem, continua também hoje em ação […]. Agora Cristo, por nós contemplado e amado, convida-nos uma vez mais a pormo-nos a caminho […], convida-nos a ter o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora. Podemos contar com a força do mesmo Espírito que foi derramado no Pentecostes e nos impele hoje a partir de novo sustentados pela esperança, que não nos deixa confundidos (Rom 5, 5)” [24]

No verão de 1997, João Paulo II convidou a passar uns dias com ele, em Castelgandolfo, um casal de amigos poloneses, velhos companheiros na juventude da luta pela fé e a liberdade, Piotr e Teresa Malecki. “O quarto deles – relata George Weigel – ficava mesmo por baixo do seu e, todas as manhãs antes de amanhecer, sabiam pelo baque surdo da sua bengala que já se tinha levantado. Certo dia, na hora do café da manhã, o Papa perguntou-lhes se o barulho os incomodava. Não, responderam, de qualquer forma já tinham de se levantar para a missa. «Mas, Wujek[25] – perguntaram -, por que você se levanta naquela hora da manhã?»

“Porque – disse Karol Wojtyla, 264º bispo de Roma – gosto de contemplar o amanhecer”[26] .

Trecho do livro “A força do exemplo”, incluído neste site.[27]

____________

Notas:

[19] Obra cit., pág. 202

[20] Testemunha de esperança, cit., pág. 696

[21] Obra cit., págs. 30-33

[22] Memória e Identidade, já citada, pág. 14

[23] Carta apostólica Mane nobiscum Domine, 07.10.2004, nn. 6 ss.

[24] Carta apostólica Novo millennio ineunte, n. 58

[25] Durante a perseguição comunista, quando fazia excursões com jovens, o padre Woytila, para evitar problemas com a polícia, pedia aos jovens: – Não me chamem padre, “me chamem wujek” (tio), frase conhecida de uma célebre epopeia polonesa do escritor Henryk Sienkiewicz.

[26] George Weigel, Testemunha de esperança, citado, pág. 696

Fonte: https://presbiteros.org.br/

O Papa: preocupa a hipótese de um novo conflito mundial, os povos desejam a paz

O cemitério de Colleville-sur-mer, Normandia (ANSA)

Há 80 anos, as tropas aliadas desembarcaram na Normandia, acelerando o fim da Alemanha nazista e da Segunda Guerra Mundial. Em uma mensagem ao bispo de Bayeux por ocasião do aniversário, Francisco afirma que “a recordação dos erros do passado sustentou a firme vontade de fazer todo o possível para evitar a eclosão de um novo conflito mundial aberto”. Hoje, escreve o Pontífice, os homens “têm memória curta”.

Michele Raviart – Vatican News

Para o Papa Francisco, são os milhares de túmulos de soldados alinhados nos imensos cemitérios da Normandia que são a lembrança mais tangível do “colossal e impressionante esforço coletivo e militar feito para obter o retorno à liberdade” que foi o desembarque dos Aliados. Oitenta anos depois, o Pontífice envia uma mensagem a dom Jacques Habert, bispo de Bayeux, em cuja catedral as autoridades civis, religiosas e militares se reuniram para comemorar o evento histórico que, em 6 de junho de 1944, contribuiu decisivamente para o fim da Segunda Guerra Mundial e a restauração da paz.

“Guerra nunca mais!”

Além dos soldados “em sua maioria muito jovens e muitos que vieram de longe e heroicamente deram suas vidas”, Francisco lembra as inúmeras vítimas civis inocentes e todos aqueles que sofreram os terríveis bombardeios que atingiram tantas cidades, como Caen, La Havre e Rouen. O desembarque na Normandia, acrescenta, evoca “o desastre representado por aquele terrível conflito mundial, no qual tantos homens, mulheres e crianças sofreram, tantas famílias foram dilaceradas, tantas ruínas foram causadas” e “seria inútil e hipócrita recordá-lo sem condená-lo e rejeitá-lo definitivamente”, em nome daquele “Nunca mais a guerra!” pronunciado por São Paulo VI na ONU em 1965.

Os povos desejam a paz

“Se, por várias décadas, a memória dos erros do passado sustentou a firme vontade de fazer todo o possível para evitar a eclosão de um novo conflito mundial aberto”, enfatiza o Papa, “hoje não é mais assim”. Os homens, escreve, “têm memória curta” e “é preocupante que a hipótese de um conflito generalizado esteja às vezes sendo seriamente considerada novamente” e “que os povos estejam lentamente se acostumando a essa eventualidade inaceitável”. “Os povos”, continua o Papa, “desejam a paz! Desejam condições de estabilidade, de segurança e de prosperidade, nas quais cada um possa cumprir serenamente o seu dever e o seu destino", diz Francisco, ‘arruinar esta nobre ordem de coisas por ambições ideológicas, nacionalistas, econômicas é uma falta grave diante dos homens e diante da história, um pecado diante de Deus’.

Deus ilumine os corações daqueles que desejam a guerra

A oração de Francisco se dirige, então, “aos homens que desejam as guerras, àqueles que as desencadeiam, as alimentam sem sentido, as prolongam inutilmente e lucram cinicamente com elas”, para que “Deus ilumine seus corações” e “coloque diante de seus olhos a procissão de desgraças que eles provocam”. “Desejar a paz não é covardia”, mas requer a coragem de saber renunciar a algo, continua o Papa, rezando pelos pacificadores com a esperança de que “opondo-se à implacável e obstinada lógica do confronto, saibam abrir caminhos pacíficos de encontro e diálogo”. Finalmente, uma oração por todas as vítimas das guerras do passado e do presente: os pobres, os fracos, os idosos, as mulheres e as crianças, reiterou Francisco, são sempre as primeiras vítimas dessas tragédias.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 5 de junho de 2024

São Bonifácio

São Bonifácio (A12)
05 de junho
São Bonifácio

São Bonifácio, cujo nome de batismo era Vinfredo, nasceu aproximadamente no ano 672 na Inglaterra, em uma família abastada. Contra a vontade dos pais se tornou monge beneditino e aos 30 anos foi ordenado sacerdote.

Iniciou seu apostolado como professor e depois decidiu se dedicar ao trabalho missionário na evangelização dos povos pagãos da Alemanha. Como a sua primeira experiência não deu certo, foi para Roma falar com o papa Gregório II que o acolheu e, segundo conta Bento XVI, “depois de lhe ter imposto o novo nome de Bonifácio, confiou-lhe com cartas oficiais a missão de pregar o Evangelho no meio dos povos da Germânia”.

Em 722 foi feito Bispo de todos os territórios alemães que ele ajudou a converter, fundando vários mosteiros masculinos e femininos, como o Mosteiro de Fulda, centro da cultura religiosa alemã. Estendeu sua missão até a França.

No ano 754, estando na região da Frísia para celebrar o Crisma, no início da Santa Missa, um grupo de pagãos invadiu a celebração e matou a todos os cristãos, incluindo São Bonifácio, que teve a cabeça partida ao meio por um golpe de espada.

Colaboração: Josimeri Farias

Reflexão:

“Uma primeira evidência impõe-se a quem se aproxima de Bonifácio: a centralidade da Palavra de Deus, vivida e interpretada na fé da Igreja, Palavra que ele viveu, pregou e testemunhou até ao dom supremo de si no martírio. Vivia tão apaixonado pela Palavra de Deus, que sentia a urgência e o dever de a levar ao próximo, mesmo com o risco da sua própria pessoa”. Papa Bento XVI. Audiência Geral de 11 de março de 2009.

Oração:

Deus eterno e todo-poderoso, que destes a São Bonifácio o zelo ardente pelo Evangelho que o levou a trabalhar pela evangelização até a morte, concedei-nos, por sua intercessão, renovar a nossa fé para oferecer ao mundo de hoje a pérola preciosa do Evangelho. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!


Fonte: https://www.a12.com/

O que é depressão e como buscar ajuda e tratamento para você ou outras pessoas (2)

Segundo especialistas, se você acha que alguém que você conhece tem depressão, a coisa mais importante a fazer é ouvir | GETTY Image

Como buscar ajuda e tratamento para si mesmo ou outras pessoas?

  • Cristiane Martins
  • De Londres para a BBC News Brasil

24 novembro 2021

O psiquiatra ressalta que familiares e amigos são fundamentais na busca por ajuda e no apoio ao tratamento. Muitas vezes, são os primeiros a perceber que há algo de diferente e apontar a necessidade de buscar auxílio psiquiátrico ou psicológico.

Além dos sintomas listados acima, há outros sinais de mudança em pessoas que podem precisar de ajuda psiquiátrica e/ou psicológica, como evitar contato com familiares e amigos, se machucar, apresentar autoestima mais baixa, uso de substâncias ilícitas, desenvolver dores físicas sem causa aparente ou sentimentos persistentes de irritação, preocupação, melancolia, vazio ou anedonia, uma espécie de perda do prazer que se sentia em atividades ou eventos antes prazerosos.

"A depressão é um transtorno mental sério, quando a gente percebe que tem alguém que está com sintomas que justificam uma atenção clínica maior, o ideal é que faça, que essa pessoa possa buscar ajuda profissional", afirma Melo, da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas. "Às vezes ações como convidar um amigo que está deprimido para ir ao cinema ou ao parque, caminhar, são coisas terapêuticas. Não é terapia, mas é terapêutico. Pode ser que a pessoa não esteja aberta a isso. Nesses casos, buscar um acompanhamento profissional seria o mais indicado."

Segundo especialistas, se você acha que alguém que você conhece tem depressão, a coisa mais importante a fazer é ouvir. Muitas vezes, apenas falar e compartilhar seus sentimentos pode ser uma grande ajuda para alguém com depressão. Tente ouvir sem julgamento.

Você também pode encorajar a pessoa a buscar atendimento médico especializado ou encontrar outras formas de apoio. Seja paciente: não diga a alguém para "sair dessa" ou "se animar", pois isso não é algo que uma pessoa com depressão é capaz de fazer por si só.

Além disso, há diversos obstáculos sociais e psicológicos antes de se chegar ao diagnóstico e tratamento especializado, como a falta de recursos e o estigma em torno da depressão.

O sistema de saúde pública do Reino Unido recomenda que todas as pessoas que apresentam os sinais listados neste texto por mais de duas semanas deveriam buscar atendimento médico.

Mas como isso funciona na prática?

"Devido à psiquiatria ser uma especialidade médica, a primeira consulta com um psiquiatra tem muito em comum com aspectos de outras consultas médicas. O primeiro passo é realizar a anamnese, ou seja, colher um histórico clínico do paciente. Este histórico deve ser bastante detalhado. Além disso, nesse processo são analisados hábitos como relacionamentos pessoais e familiares, ambiente de trabalho, atividades de lazer e hobbies", diz Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Em seguida, o psiquiatra pode requisitar exames para identificar outras doenças ligadas aos campos da neurologia e da psiquiatria, como Alzheimer. E ao longo de todo esse percurso, desde a entrada no consultório, se dá o exame psíquico, com base em elementos como a observação do comportamento, discurso, humor ou atenção, explica Silva.

"O exame psíquico é essencial, pois a grande maioria dos transtornos psiquiátricos não são visíveis, a não ser por suas manifestações clínicas. Nesses casos, os sinais e sintomas são detectados a partir de técnicas e metodologias específicas de avaliação, com calma e cuidado."

E o que o paciente deve dizer nessas consultas? "A abertura total é importante. Você deve conversar com seu médico sobre todos os seus sintomas, marcos importantes em sua vida e qualquer histórico de abuso ou trauma. Informe também o seu médico sobre o histórico de depressão ou outros sintomas emocionais em você ou em membros da família, histórico médico, medicamentos que você está tomando (prescritos ou não), como a depressão afetou sua vida diária e se você já pensou em suicídio", orienta Alan Gelenberg, professor emérito da Universidade do Arizona, em guia sobre depressão da Associação Americana de Psiquiatria.

Quais são os tipos de depressão?

Antes de explicar os diferentes tratamentos, é importante esclarecer que há diversos tipos de depressão. Os mais comuns são a depressão maior ou unipolar, depressão pós-parto, depressão bipolar e transtornos depressivos induzidos por outras substâncias ou medicamento.

"Todos precisam de acompanhamento médico adequado, pois se não tratados podem levar a pensamentos suicidas", afirma Silva, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

O "transtorno depressivo maior" ou depressão unipolar, por exemplo, é o tipo mais conhecido e se caracteriza pelos sintomas mais conhecidos relacionados à depressão, como tristeza e falta de interesse persistentes, além de problemas de sono e apetite. É geralmente associada a fatores genéticos, mas pode ser desencadeada por eventos traumáticos, como a perda de um emprego, o fim de um relacionamento ou o surgimento de uma doença grave.

Outro tipo comum de transtorno é a depressão pós-parto. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, mulheres têm maior probabilidade de sofrer de depressão do que os homens. Alguns estudos inclusive apontam que um terço das mulheres passará por um episódio depressivo grave durante a vida. E parte delas enfrenta isso logo após o parto.

O Ministério da Saúde brasileiro define a depressão pós-parto como um quadro de tristeza, desespero e falta de esperança que se manifesta depois do nascimento de um filho. Segundo a pasta, "é importante ficar atento pois a condição pode afetar o vínculo da mãe com o bebê. Entre as causas estão a privação de sono das puérperas, falta de apoio familiar, isolamento, alimentação inadequada, vício em drogas. Ausência de planejamento da gravidez, depressão anterior, histórico familiar de depressão e violência doméstica são alguns dos fatores de risco".

Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda no Centro de Valorização da Vida e o Centro de Atenção Psicossocial (CAP) da sua cidade. O CVV (https://www.cvv.org.br/) funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/

O Credo do Povo de Deus (2)

São Paulo VI (Canção Nova)

Arquivo 30Dias – 06/1998

O Credo do Povo de Deus

O texto da Profissão de Fé que Paulo VI pronunciou em 30 de junho de 1968, no final do Ano da Fé anunciado por ocasião do XIX centenário do martírio dos apóstolos Pedro e Paulo em Roma.

O texto da Profissão de Fé proclamada por Paulo VI em 30 de junho de 1968

Acreditamos que em Adão todos pecaram: o que significa que o pecado original cometido por ele fez com que a natureza humana, comum a todos os homens, caísse num estado em que suporta as consequências desse pecado, e que já não é o estado em que foi encontrada desde o início nos nossos primeiros pais, constituídos na santidade e na justiça, e nos quais o homem não conheceu o mal nem a morte. É a natureza humana assim caída, despojada da graça que a cobria, ferida nas suas próprias forças naturais e submetida ao domínio da morte, que é transmitida a todos os homens; e é neste sentido que todo homem nasce em pecado. Professamos, portanto, com o Concílio de Trento, que o pecado original se transmite com a natureza humana, “não por imitação, mas por propagação”, e que é, portanto, “próprio de cada um” (19). 

Cremos que Nosso Senhor Jesus Cristo, através do Sacrifício da Cruz, nos redimiu do pecado original e de todos os pecados pessoais cometidos por cada um de nós, de tal forma que – segundo as palavras do Apóstolo – «onde o pecado abundou, a graça abundou" (20). 

Cremos num só Batismo instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para a remissão dos pecados. O batismo deve ser administrado também às crianças que ainda não foram culpadas de nenhum pecado pessoal, para que elas, nascidas sem a graça sobrenatural, renasçam “da água e do Espírito Santo” para a vida divina em Jesus Cristo (21). 

Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica, construída por Jesus Cristo sobre esta rocha, que é Pedro. É o Corpo místico de Cristo, ao mesmo tempo uma sociedade visível, composta de corpos hierárquicos, e uma comunidade espiritual; é a Igreja terrena, o Povo de Deus peregrino aqui embaixo, e a Igreja repleta de bens celestes; é o germe e as primícias do Reino de Deus, através do qual a obra e as dores da Redenção continuam no tecido da história humana, e que aspira à sua perfeita realização além do tempo, na glória (22) . Com o tempo, o Senhor Jesus forma a sua Igreja através dos Sacramentos, que emanam da sua plenitude (23) . É com eles que a Igreja faz com que os seus membros participem no Mistério da Morte e Ressurreição de Cristo, na graça do Espírito Santo, que lhe dá vida e ação (24) . É, portanto, santa, embora inclua no seu seio os pecadores, pois não possui outra vida senão a da graça: precisamente vivendo a sua vida, os seus membros santificam-se, assim como, ao afastarem-se da sua vida, caem em pecados. e distúrbios, que impedem a radiação de sua santidade. Por isso a Igreja sofre e faz penitência por tais pecados, dos quais também tem o poder de curar os seus filhos com o Sangue de Cristo e o dom do Espírito Santo.

Herdeira das promessas divinas e filha de Abraão segundo o espírito, através daquele Israel cujas Escrituras ela guarda e venera com amor os Patriarcas e os Profetas; fundada nos Apóstolos e transmitindo, de século em século, a sua palavra sempre viva e os seus poderes de Pastores no Sucessor de Pedro e nos Bispos em comunhão com ele; Constantemente assistida pelo Espírito Santo, a Igreja tem a missão de guardar, ensinar, explicar e difundir a verdade, que Deus manifestou de forma ainda velada através dos Profetas e plenamente através do Senhor Jesus . a Palavra de Deus, escrita ou transmitida, e que a Igreja se propõe crer como divinamente revelada tanto com um julgamento solene como com o magistério ordinário e universal (25) . Acreditamos na infalibilidade, de que goza o Sucessor de Pedro quando ensina ex cathedra como Pastor e Doutor de todos os fiéis (26) , e de que goza também o Colégio dos Bispos quando exerce com ele o magistério supremo (27) . 

Acreditamos que a Igreja, que Jesus fundou e pela qual rezou, é indefectivelmente una na fé, no culto e no vínculo de comunhão hierárquica. Dentro desta Igreja, tanto a rica variedade de ritos litúrgicos como a legítima diversidade do património teológico e espiritual e das disciplinas particulares, longe de prejudicar a sua unidade, realçam-na mais claramente (28) . Reconhecendo então, fora do organismo da Igreja de Cristo, a existência de numerosos elementos de verdade e de santificação que lhe pertencem por direito próprio e tendem para a unidade católica (29), e acreditando na ação do Espírito Santo que inspira o amor por esta unidade nos corações dos discípulos de Cristo (30), alimentamos a esperança de que os cristãos, que ainda não estão em plena comunhão com a única Igreja, se reunirão um dia num só rebanho com um pastor. 

Acreditamos que a Igreja é necessária para a salvação, porque Cristo, que é o único mediador e o único caminho de salvação, se faz presente para nós no seu Corpo, que é a Igreja (31) . Mas o plano divino de salvação abrange todos os homens: e aqueles que, sem culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, mas procuram sinceramente a Deus e sob a influência da sua graça se esforçam por cumprir a sua vontade reconhecida nos ditames da sua consciência, também eles, num número que só Deus conhece, podem alcançar a salvação (32).

_____________

NOTAS:

(19) Cf. Denzinger-Schönmetzer 1513.
(20) Cf. Rm 5, 20.
(21) Cf. Denzinger-Schönmetzer 1514.
(22) Cf. Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 8 e 50.
(23) Ver Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 7, 11.
(24) Ver Concílio Vaticano II, constituição Sacrosanctum Concilium , 5, 6; Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 7, 12, 50.
(25) Ver Denzinger-Schönmetzer 3011.
(26) Ver Denzinger-Schönmetzer 3074.
(27) Ver Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 25 (28) Ver Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 23; ver Concílio Vaticano II, decreto Orientalium Ecclesiarum , 2, 3, 5, 6. 

(29) Ver Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 8. 

(30) Ver Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 15. 

(31) Ver Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 14. 

(32)  Concílio Vaticano II, constituição dogmática Lumen gentium , 16.

 Fonte: https://www.30giorni.it/

João Paulo II: virtudes de um Papa santo (3)

São João Paulo II (Presbíteros)

João Paulo II: virtudes de um Papa santo

Por Pe. Francisco Faus

“A MIM O FIZESTES”

A tocha ardente e clara do exemplo de caridade de João Paulo II ficaria incompleta se não acenássemos, pelo menos, a um dos empenhos mais característicos do seu pontificado: a veneração, o imenso respeito, o amor pela “dignidade do homem, de cada homem, de cada mulher”. Extasiava-se ao pensar no “milagre da pessoa, da semelhança do homem com Deus Uno e Trino”[11]. Tinha assimilado plenamente as palavras de Cristo: Tudo o que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes (Mt 25, 40).

Daí a sua defesa vigorosa da vida, desde que começa a alvorecer recém-concebida, e a fortaleza com que se opôs a qualquer destruição ou rebaixamento do ser humano como se fosse um objeto, desde as manipulações genéticas e experiências destrutivas de embriões e fetos, e o uso do corpo como mero instrumento de prazer, até a defesa da morte natural digna – de que deu exemplo com sua própria morte -, que rejeita como uma indignidade a eutanásia direta, expediente egoísta e cômodo de uma sociedade hedonista que só pensa em livrar-se de problemas do modo mais expeditivo.

Sofria ao constatar que, na sociedade materializada atual, “o homem ficou só”, e que a sua liberdade divinizada, transformada num ídolo sem Deus, sem verdades nem valores firmes, acaba sendo uma fonte de “nefastas conseqüências morais, cujas dimensões são às vezes incalculáveis”[12].

Só sabia ver as pessoas, cada uma delas, sob a luz de Deus. “Eu simplesmente rezo por todos a cada dia. Basta encontrar uma pessoa, oro por ela, e isso facilita sempre o contato […]. Sigo o princípio de acolher cada um como uma pessoa que o Senhor me envia e que, ao mesmo tempo, me confia” [13].

E quando se tratou de um assassino a soldo, que friamente fez tudo para matá-lo, que ficou frustrado ao ver que o Papa sobrevivia ao atentado e que jamais esboçou sequer um pedido de perdão? O seu amor não mudava. O valor que dava a cada pessoa humana não mudava, e até mesmo atingia o cume do amor, conseguindo perdoar de todo o coração, devolver bem por mal, amor por ódio, bondade por maldade. Desde o primeiro instante, após o atentado, João Paulo II perdoou Mehmet Ali Agca e rezou por ele. Voltou a dar o perdão publicamente, na primeira audiência que pôde ter com os fiéis. Foi visitá-lo na prisão e ofereceu-lhe seu abraço sincero. Várias vezes, como contava o secretário particular do Papa, Mons. Stanislaw Dziwisz, “recebeu a mãe e os familiares de Agca e perguntava freqüentemente por ele aos capelães da prisão” [14].

Esta é, mais uma vez, a luz de Cristo, a tocha fascinante de amor cristão, irradiando sobre o mundo inteiro pelo exemplo, pela chama de amor de um homem de Deus: Senhor – perguntou a Jesus o “primeiro Pedro” -, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? Respondeu Jesus: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete»” (Mt 18, 21-22).

UMA TOCHA DE ESPERANÇA

«AINDA QUE ATRAVESSE O VALE ESCURO, NÃO TEMEREI…»

Desde que iniciou a sua preparação para o sacerdócio, Karol Wojtyla foi colocado por Deus numas circunstâncias dramáticas, em que só podia ser fiel à sua vocação “atravessando o vale escuro”, como diz o Salmo 23. A sua terra, a Polônia, esteve dominada durante boa parte do século XX pelas duas “ideologias do mal”[15]que mais acirradamente se propuseram aniquilar o Cristianismo: o nazismo e o marxismo-leninismo. A “aventura” heroica, empolgante, que significou para o seminarista, o padre e o bispo Wojtyla a vida no ambiente de guerra, de ditaduras e perseguições desencadeadas por essas duas ideologias está bem descrita nas boas biografias já existentes[16].

O perigo nazista foi derrotado em 1945, mas a sombra do marxismo totalitário e ateu cresceu e pairou opressivamente sobre a Polônia dominada, e ameaçava o mundo inteiro até a sua decomposição e queda, acontecida no final dos anos oitenta.

Contudo, quase vinte anos antes dessa falência do “comunismo real”, outras sombras escuras estavam surgindo, densas e igualmente agressivas contra Cristo e a sua Igreja, contra a fé e a moral cristãs: as sombras do materialismo hedonista e consumista do ocidente, cada vez mais alicerçado na ideologia laicista, que hoje ataca a Igreja quase com a mesma ferocidade ideológica que o nazismo e o marxismo.

João Paulo II, no seu livro evocativo “Memória e identidade”, comenta que, ao cessarem os campos de extermínio – os campos de concentração nazistas e os gulag comunistas – , assistimos hoje ao “extermínio legal de seres humanos concebidos e ainda não nascidos; trata-se de mais um caso de extermínio decidido por parlamentos eleitos democraticamente, apelando ao progresso civil das sociedades e da humanidade inteira. E não faltam outras formas graves de violação da Lei de Deus; penso, por exemplo, nas fortes pressões […] para que as uniões homossexuais sejam reconhecidas como uma forma alternativa de família, à qual competiria também o direito de adoção. É lícito e mesmo forçoso perguntar-se se aqui não está atuando mais uma ideologia do mal, talvez mais astuciosa e encoberta, que tenta servir-se, contra o homem e contra a família, até dos direitos humanos” [17]

A essa realidade, é preciso somar o fato de que João Paulo II assumiu a cátedra de Pedro em tempos (que vêm se prolongando, em parte, até aos nossos dias) em que a crise do chamado “falso pós-Concílio” grassava na Igreja, gerando um ambiente amplamente estendido de desorientação doutrinal, disciplinar e moral, em que não faltavam erros graves e rebeldias mesmo entre os eclesiásticos.

O quadro seria de molde a encolher os ânimos e suscitar o uma visão pessimista do futuro. Pois bem, é justamente sobre estas sombras de fundo que resplandece mais, com fulgor de santidade, a esperança alegre, serena e segura que animou, em todos os momentos, a alma e o trabalho de João Paulo II, até ao dia da sua morte. Nunca nele se viu um gesto de desalento, uma lamúria, um comentário negativo ou amargo. Viu-se sempre, pelo contrário, um otimismo juvenil, criativo, inabalável, fundamentado numa fé igualmente jovem, renovada e inquebrantável.

NÃO TENHAIS MEDO: ABRI AS PORTAS A CRISTO!

O otimismo do Papa não era coisa temperamental, nem era uma “posição” adotada para ajudar os fiéis a superar tempos difíceis. Era a manifestação da esperança sobrenatural cristã, que vive apoiada em Deus. Essa esperança possuía raízes profundamente fincadas na alma de João Paulo II.

Todos os que vivemos, de perto ou de longe, a surpresa da eleição de João Paulo II, guardamos a lembrança do dia 22 de outubro de 1978, data do início solene do seu pontificado. Como, depois, nos dias da sua morte, uma multidão apertava-se na Praça de São Pedro. O Papa começou a pronunciar a sua homilia, no meio de um silêncio total. Pouco depois de iniciá-la, os fiéis sentiram um estremecimento no coração, porque João Paulo II, esboçando um leve sorriso, encarou o povo de frente e, com um ar jovial, seguro, tranqüilo, lançou com voz clara e forte um apelo: – “Não tenhais medo! Abri as portas ou, melhor, escancarai as portas a Cristo!”

Este apelo, que conclamava os católicos e os homens de boa vontade a olhar para o futuro com esperança, tornou-se para o Papa como que o “refrão” do seu pontificado. Dezesseis anos mais tarde, em 1994, ele mesmo glosou essas palavras numa entrevista concedida ao jornalista Vittorio Messori, transcrita no livro “Cruzando o limiar da esperança”[18]:

Não tenhais medo!, dizia Cristo aos Apóstolos (Lc 24, 36) e às mulheres (Mt 28, 10), depois da Ressurreição […]. Quando pronunciei estas palavras na praça de São Pedro não me podia dar conta plenamente de quão longe elas acabariam levando a mim e à Igreja inteira. Seu conteúdo provinha mais do Espírito Santo, prometido pelo Senhor Jesus aos Apóstolos como Consolador, do que do homem que as pronunciava. Todavia, com o passar dos anos, eu as recordei em várias circunstâncias. Tratava-se de um convite para vencer o medo na atual situação mundial […]. Talvez precisemos mais do que nunca das palavras de Cristo ressuscitado: “Não tenhais medo!”. Precisa delas o homem […], precisam delas os povos e as nações do mundo inteiro. É necessário que, em sua consciência, retome vigor a certeza de que existe Alguém que tem nas mãos a sorte deste mundo que passa; Alguém que tem as chaves da morte e do além; Alguém que é o Alfa e o Ômega da história do ser humano. E esse Alguém é Amor, Amor feito homem, Amor crucificado e ressuscitado. Amor continuamente presente entre os homens. É Amor eucarístico. É fonte inesgotável de comunhão. Somente Ele é que dá a plena garantia às palavras: «Não tenhais medo».”

É emocionante verificar que a mesma esperança da primeira mensagem de João Paulo II animou a sua última mensagem. No domingo, dia 3 de abril de 2005, a primeira vez em que era celebrado o “Domingo da Divina Misericórdia”, o arcebispo Sandrini leu à multidão congregada na praça de São Pedro a última alocução preparada com antecedência pelo Papa, que falecera no dia anterior. Ele desejava ter podido pronunciá-la no encontro tradicional da hora do Angelus desse dia (do Regina Caeli, pois era tempo pascal): “…À humanidade – dizia – , que às vezes parece perdida e dominada pelo poder do mal, do egoísmo e do medo, o Senhor ressuscitado oferece a sua misericórdia como dom do seu amor que perdoa, reconcilia e reabre o ânimo à esperança. É um amor que converte os corações e doa a paz. Quanta necessidade tem o mundo de compreender e acolher a Divina Misericórdia! Senhor, que com a vossa morte e ressurreição revelais o amor do Pai, nós acreditamos em Ti e hoje te repetimos com confiança: «Jesus, confio em Ti! Tem misericórdia de nós e do mundo inteiro!»”. A mensagem terminava convidando a “contemplar com os olhos de Maria o imenso mistério desse amor misericordioso que brota do coração de Cristo”.

____________

Notas:

[11] Levantai-vos! Vamos!, pág. 102

[12] Memória e identidade, citado, págs. 21 e 55

[13] Levantai-vos! Vamos!, págs. 76-77

[14] Apêndice de Memória e Identidade, pág. 185

[15] Ver João Paulo II, Memória e Identidade, pág. 15 e ss.

[16] Ver, por exemplo, a citada biografia de George Weigel, Testemunho de esperança

[17] Obra citada, págs. 22-23

[18] Livraria Francisco Alves editora, Rio de Janeiro 1995, págs. 201 ss.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Junho Verde

Junho Verde (CNBB)

AÇÕES NA AMAZÔNIA CELEBRAM SEMANA DO MEIO AMBIENTE E MOBILIZAM DIOCESES PARA A CAMPANHA JUNHO VERDE

A Comissão Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma série de atividades que serão realizadas durante a Semana do Meio Ambiente, no contexto das iniciativas do Junho Verde. Durante todo o mês de junho, a sociedade brasileira é chamada a entender a importância da conservação dos ecossistemas naturais e de todos os seres vivos e do controle da poluição e da degradação dos recursos naturais.

Regional Norte 1

No dia 5 de junho, várias entidades, como a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) e a Comissão da Ecologia Integral da arquidiocese de Manaus (AM), promovem uma Noite ecológica em alusão ao Dia do Meio Ambiente, com o tema “Povos originários e territorialidade amazônica” no Espaço Loyola, em Manaus.

No mesmo dia, as Pastorais Sociais da arquidiocese de Manaus celebram o Dia do Meio Ambiente durante sua assembleia, e fazem memória também dos 10 anos da REPAM.

Regional Norte 2

No Regional Norte 2, que compreende o Pará e o Amapá, a diocese de Marabá (PA) realizou a Romaria dos Mártires da Floresta, entre o dia 31 de maio e 2 de junho.

Em Óbidos, as Pastorais Social e da Ecologia da Paróquia Santo Antônio de Alenquer (PA) realizam, desde o dia 1º de junho, as atividades da Semana Mundial do Meio Ambiente. Uma das atividades foi o Círio Limpo 2024: menos plástico e mais consciência.

CNBB

No Dia do Meio Ambiente, o Comitê Repam de Marabá realiza um encontro para apoiar as ações da Campanha Junho Verde. Na arquidiocese de Santarém (PA), ocorre o I Seminário sobre o Meio Ambiente e Ecologia Integral, com o tema “Nossa Casa Comum: por uma Ecologia Integral”.

Ainda neste mês, na diocese de Castanhal, ocorre de 20 a 23 de junho o Encontro das Águas. O evento é organizado pela diocese de Castanhal, a Repam-Brasil, a Comissão para a Amazônia, o Regional Norte 2 da CNBB e a Articulação Repam COP 30.

Regional Nordeste 5

No Maranhão, ocorre de 7 a 9 de junho, o Seminário Regional da XIV Romaria da Terra e das Águas, em São Luís (MA). O evento é organizado pelo Comitê de Articulação das Pastorais Sociais e pela REPAM Maranhão, com apoio da Comissão para a Amazônia.

Essa atividade culminará com a Romaria da Terra e das Águas, entre os dias 2 e 3 de agosto, na diocese de Viana (MA), com o tema “Territórios Livres das Cercas, dos Trilhos e do Agronegócio” e o lema “Vou plantá-los no seu chão de modo que nunca mais sejam arrancados de sua terra” (Am 9, 15). As inscrições estão abertas aqui.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa: o Espírito é um vento que não pode ser “engarrafado”, Ele cria e torna livres

Audiência Geral de 05/06/2024, com o Papa Francisco (Vatican News)

A “liberdade não é fazer o que se quer” e se expressa “no que parece ser o seu oposto, o serviço”, foi o que disse Francisco em sua catequese na Audiência Geral, na Praça São Pedro, dedicada ao nome “Ruach”, pelo qual o Espírito de Deus é originalmente chamado na Bíblia. O Espírito não pode ser “institucionalizado”. Na verdade, Ele distribui seus dons como quer.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

"O vento sopra onde quer. Onde há o Espírito de Deus, há liberdade" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (05/06), realizada na Praça São Pedro.

Francisco refletiu sobre sobre o nome pelo qual o Espírito Santo é chamado na Bíblia.

"A terceira pessoa da Trindade tem um nome: chama-se Espírito Santo. Contudo, “Espírito” é a versão latinizada. O nome do Espírito, aquele pelo qual o conheceram os primeiros destinatários da revelação, com o qual o invocaram os profetas, os salmistas, Maria, Jesus e os Apóstolos, é Ruach, que significa sopro, vento, respiro", disse o Papa.

"Na Bíblia o nome é tão importante que quase se identifica com a própria pessoa. Santificar o nome de Deus é santificar e honrar o próprio Deus. Não é nunca um nome meramente convencional: sempre diz algo sobre a pessoa, a sua origem ou a sua missão. O mesmo se aplica ao nome Ruach. Ele contém a primeira revelação fundamental sobre a pessoa e a função do Espírito Santo", sublinhou Francisco.

Foi justamente observando o vento e suas manifestações que os escritores bíblicos foram guiados por Deus para descobrir um “vento” de natureza diferente. Não é por acaso que no Pentecostes o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos acompanhado pelo “ruído de uma forte rajada de vento”. Era como se o Espírito Santo quisesse assinar o que estava acontecendo.

"A imagem do vento serve antes de tudo para expressar o poder do Espírito Santo. “Espírito e poder”, ou “poder do Espírito” é um binômio recorrente em toda a Bíblia. Com efeito, o vento é uma força avassaladora e indomável. É capaz até de mover os oceanos", disse o Papa.

"Para descobrir o sentido pleno das realidades da Bíblia, não devemos parar no Antigo Testamento, mas chegar a Jesus. Ao lado do poder, Jesus destacará outra característica do vento, a da sua liberdade."

O vento é a única coisa que absolutamente não pode ser contida, não pode ser “engarrafado” ou encaixotar. Tentamos “engarrafar” ou encaixotar o vento, mas não é possível: é livre. Pretender encerrar o Espírito Santo em conceitos, definições, teses ou tratados, como o racionalismo moderno às vezes tentou fazer, significa perdê-lo, anulá-lo ou reduzi-lo ao espírito puramente humano, um espírito simples.

Segundo o Papa, "existe uma tentação semelhante também no campo eclesiástico, que é a de querer encerrar o Espírito Santo em cânones, instituições ou definições. O Espírito cria e anima as instituições, mas Ele mesmo não pode ser “institucionalizado”. O vento sopra “onde quer”, por isso o Espírito distribui os seus dons “conforme lhe apraz”".

São Paulo fará de tudo isso a lei fundamental da ação cristã: “[...] onde está o Espírito do Senhor, há liberdade” (2Cor 3,17), diz ele. "Uma pessoa livre, um cristão livre, é aquele que tem o Espírito do Senhor", ressaltou o Papa.

Esta é uma liberdade muito especial, muito diferente do que comumente se entende. Não é liberdade para fazer o que quiser, mas liberdade para fazer livremente o que Deus quer! Não liberdade para fazer o bem ou o mal, mas liberdade para fazer o bem e fazê-lo livremente, isto é, por atração, não por coerção. Em outras palavras, liberdade como filhos, não como escravos.

"Esta é uma liberdade que se expressa no que parece ser o seu oposto, se expressa no serviço, e no serviço existe a verdadeira liberdade", disse ainda Francisco ressaltando que nós "sabemos bem quando esta liberdade se torna um “pretexto para a carne”". Paulo faz uma lista sempre atual: “promiscuidade, impureza, devassidão, idolatria, bruxaria, inimizades, discórdia, ciúme, fúrias, ambições egoístas, fações, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas”. "O mesmo acontece com a liberdade que permite aos ricos explorar os pobres, é uma liberdade ruim aquela que permite aos fortes explorar os fracos e a todos explorar o ambiente impunemente. Esta é uma liberdade ruim, não é a liberdade do Espírito", sublinhou.

"Peçamos a Jesus que nos torne, através do seu Espírito Santo, homens e mulheres verdadeiramente livres. Livres para servir, no amor e na alegria", concluiu o Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF