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quinta-feira, 13 de junho de 2024

Santo Antônio de Pádua

Santo Antônio de Pádua (A12)
13 de junho
Santo Antônio de Pádua

Santo Antônio de Pádua era português, nascido na cidade de Lisboa em 1195. De família muito rica e da nobreza, ingressou muito jovem na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho. Fez seus estudos filosóficos e teológicos em Coimbra e foi lá também que se ordenou sacerdote aos seus 24 anos de idade. Nesse tempo, ainda estava vivo Francisco de Assis e os primeiros frades dirigidos por ele chegavam a Portugal.

Empolgado com o estilo de vida e de trabalho dos franciscanos, ingressou na Ordem Franciscana e logo foi enviado para pregar no Marrocos. Na Ordem, vestiu o hábito dos franciscanos e tomou o nome de Antônio, pois seu nome de batismo era Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo

Entretanto, seu destino não parecia ser o Marrocos. Por causa de algumas desventuras, Antônio acabou desembarcando na Ilha da Sicília e de lá rumou para Assis, a fim de se encontrar com seu inspirador e fundador da Ordem: Francisco.

Com apenas vinte e seis anos de idade, foi eleito Provincial dos franciscanos do norte da Itália, mas não ficou nesta função por muito tempo. Seu desejo era pregar e rumou pelos caminhos da Itália setentrional, praticando a caridade, catequizando o povo simples, dando assistência espiritual aos enfermos e excluídos e até mesmo organizando socialmente essas comunidades. Pregava contra as novas formas de corrupção nascidas do luxo e da avareza dos ricos e poderosos das cidades, onde se disseminaram filosofias heréticas.

Após as pregações da Quaresma de 1231, sentiu-se cansado e esgotado. Precisava de repouso. Resolveram levá-lo para Pádua, mas Antônio faleceu na viagem. Era dia 13 de junho de 1231 e Antônio tinha apenas 36 anos de idade.

Ele é venerado popularmente por ser protetor dos casamentos e dos pobres. No Brasil, ele é homenageado numa das festas mais alegres e populares, ocorridas no mês de junho. Antônio é também conhecido pelos seus milagres, tanto que sua canonização ocorreu onze meses após sua morte em 30 de maio de 1232.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

Homem de oração, Santo Antônio se tornou santo porque dedicou toda a sua vida para os mais pobres e para o serviço de Deus. Diversos fatos marcaram a vida deste santo, mas um em especial era a devoção à Maria. Em sua pregação e em sua vida, a figura materna de Maria estava presente. Santo Antônio encontrava em Maria além do conforto a inspiração de vida. O seu culto tem sido objeto de grande devoção popular e é difundido por todo o mundo.

Oração:

Querido Santo Antônio, tu que és o protetor dos enamorados, olha para mim, para a minha vida, para os meus anseios. Defende-me dos perigos, afasta de mim os fracassos, as desilusões, os desencantos. Fazei com que eu seja realista, confiante, digno e alegre. Que eu encontre um amor que me agrade, seja trabalhador, virtuoso e responsável. Que eu saiba caminhar para o futuro e para a vida a dois com as disposições de quem recebeu de Deus uma vocação sagrada e um dever social. Que meu amor seja feliz e sem medidas. Que todos os enamorados busquem a mútua compreensão, a comunhão de vida e o crescimento na fé. Assim seja. Amém!


Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 12 de junho de 2024

17ª Marcha pela Vida, em Brasília

17ª Marcha pela Vida, em Brasília (arqbrasilia)

Centenas de fiéis participam da 17ª Marcha pela Vida, em Brasília

Em uma demonstração fervorosa de fé e ativismo, a 17ª Marcha pela Vida reuniu centenas de pessoas em Brasília, marcando um dos eventos mais significativos organizados pelo Movimento Brasil Sem Aborto, e com o apoio da Arquidiocese de Brasília e de outras doutrinas religiosas.

  • junho 12, 2024

Este ano, a marcha foi realizada em conjunto com a 1ª Marcha Distrital da Cidadania pela Vida, ambos sob o lema “A marcha pela vida inicia na fecundação”.

O dia começou com uma Missa Solene na Catedral de Brasília, presidida pelo Cardeal Dom Paulo Cezar Costa, acompanhado por diversos clérigos. A celebração religiosa estabeleceu o tom do evento, unindo os participantes em oração e reflexão sobre a importância da causa pró-vida. Após a missa, a multidão, composta por famílias, jovens, e líderes de várias denominações religiosas, partiu em direção ao Congresso Nacional.

Sob um sol intenso, os manifestantes caminharam com faixas e balões brancos, simbolizando a paz e a pureza da vida. O espírito do evento era inequivocamente pacífico, mas determinado, com cartazes proclamando que “toda vida inicia na fecundação”. Este mantra ressoou pelas ruas de Brasília, reforçando a mensagem principal do movimento.

Ao chegarem ao Congresso Nacional, o evento tomou um tom mais político com discursos de várias autoridades e representantes de movimentos pró-vida. O foco estava na aprovação de dois projetos de lei importantes: o Estatuto do Nascituro (PL 478/2007), que busca garantir proteção integral ao nascituro, e o Projeto de Lei 1.096/2024, que visa proibir a assistolia fetal nos casos de aborto legal no Brasil.

Segundo o padre João Battista, Assessor Eclesiástico do Setor Vida e Família da Arquidiocese de Brasília, a marcha foi uma manifestação de fé e missão, inspirada pela memória de São Barnabé. Ele destacou a que a Marcha pela Vida não só reafirmou o compromisso da comunidade religiosa com a vida, mas também serviu como um lembrete para as autoridades sobre a importância de resistir à “cultura de morte” e promover uma cultura que valorize e proteja a vida em todas as suas fases. A esperança dos organizadores e participantes é que este evento inspire mudanças significativas e traga frutos duradouros para a sociedade brasileira.

A marcha terminou com orações e apelos aos legisladores para que apoiem as propostas em discussão

Marcha Distrital pela Vida

A Marcha Distrital pela Vida foi incluída no calendário de eventos do Distrito Federal pela Lei distrital 7343/2023. Pela norma, o dia da marcha em defesa da vida contra o aborto será celebrado anualmente toda segunda terça-feira do mês de junho. Neste dia, devem ser desenvolvidas atividades com o objetivo de conscientizar a população sobre o respeito à vida humana desde a concepção até a morte natural.

 Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Hoje é dia de são João de Sahagún, o pregador que salvou seu povo da peste

São João de Sahagún (ACI Digital)

A Igreja celebra hoje (12) a memória de são João de Sahagún, eremita e pregador espanhol da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, que viveu no século XV. Foi declarado, em 1688, Padroeiro Único de Salamanca, Espanha, pelo papa Pio IX. A cidade, segundo a tradição, foi libertada da praga do tifo negro graças à intercessão do religioso.

Juan González Martinez nasceu no município de Sahagún, Espanha, em 1430. Era filho de Juan González del Castrillo y Sancha Martínez, uma família muito rica. Sua educação ficou a cargo dos monges do mosteiro de são Bento de Sahagún e como mostrava inclinação para o sacerdócio, recebeu do bispo de Burgos a autorização para estudar teologia.

João foi ordenado sacerdote em 1454, aos 23 anos, logo foi nomeado secretário e cônego da catedral de Burgos. Quatro anos depois, terminou seus estudos na Universidade de Salamanca.

A grande promessa

No final de 1462 ou início de 1463, adoeceu. Os médicos recomendaram que ele fizesse uma cirurgia. Naquela época não havia anestésicos, antibióticos nem modo de evitar infecções. João, com medo, confiou-se ao Senhor e prometeu-lhe que, se conseguisse sobreviver, procuraria com renovado desejo cumprir a sua vontade. A cirurgia terminou bem e o padre João recuperou-se.

Uma das coisas que o padre estava pensando enquanto estava doente era se tornar um religioso. Agora, saudável e forte novamente, ele logo estaria trilhando o caminho do discernimento. Assim, em 28 de junho de 1463, recebeu o hábito agostiniano no famoso convento de Santo Agostinho de Salamanca. Um ano depois ingressou na Ordem por profissão solene.

João tornou-se um pregador eloquente e com seus sermões ajudou muitas pessoas. A coragem que demonstrou no púlpito tocou o coração de muitos: pobres e ricos se reconheceram pecadores, todos questionados sobre o que os separava de Deus.

Sempre que João tomava conhecimento de alguma injustiça, denunciava-a sem pudor -como quando soube dos maus tratos de seus servos e trabalhadores por parte de algumas famílias ricas- conquistando o respeito dos seus e de estranhos.

Ele tinha preferência pelos órfãos, doentes, necessitados e idosos, para os quais recolhia esmolas e buscava refúgio. Para as mulheres que sofriam algum tipo de abuso, como as presas na prostituição, ele encontrava para elas famílias dignas que lhes dessem trabalhos saudáveis e proteção.

Os milagres

Dois milagres são lembrados de são João de Sahagún em Salamanca. O primeiro ocorreu quando uma criança caiu em um poço profundo e o santo lançou seu cíngulo para salvá-la. O cíngulo chegou até onde estava a criança, mas o pequenino já não tinha forças para o segurar.

Em seguida, o santo rezou a Deus para que aumentasse o nível da água e assim aconteceu, de modo que a criança chegasse à superfície. O povo começou a gritar "Milagre! Milagre!", mas ele se escondeu para não causar mais tumulto.

O segundo milagre aconteceu quando um touro muito bravo escapou e começou a correr pelas ruas de Salamanca aterrorizando o povo. O padre João o deteve e o domou dizendo: "Espere, seu tolo."

Vítima inocente

Ele morreu envenenado aos 49 anos, em 1479. Conta-se que foi vítima de uma conspiração arranjada por uma mulher adúltera, cheia de ódio contra ele porque seu amante a deixou após ouvir um de seus sermões.

São João de Sahagún foi beatificado pelo papa Clemente VIII em 1601 e depois canonizado pelo papa Alexandre VIII em 1691. A iconografia costuma representá-lo com a Eucaristia na mão, contemplando Jesus no Santíssimo Sacramento.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa: a homilia deve ajudar a transferir a Palavra de Deus do livro para a vida

Audiência Geral de 12/06/2024, com o Papa Francisco (Vatican News)

Na catequese da Audiência Geral, centrada no Espírito Santo, Francisco enfatizou que "a Igreja se alimenta da leitura espiritual da Sagrada Escritura, ou seja, da leitura feita sob a orientação do Espírito Santo que a inspirou". Disse que é importante tirar, todos os dias, um tempo para ler e meditar as Escrituras. Aos sacerdotes, pediu para fazerem homilias curtas, não mais de oito minutos, pois depois desse tempo, a atenção se perde.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Espírito Santo na Audiência Geral, desta quarta-feira (12/06), realizada na Praça São Pedro.

"O Espírito Santo guia a Igreja em direção a Cristo nossa esperança", disse o Papa no início de sua catequese centrada na obra do Espírito Santo na revelação, "da qual a Sagrada Escritura é testemunho inspirado por Deus e estimado". "É a doutrina da inspiração divina da Escritura, que proclamamos como artigo de fé no Credo, quando dizemos que o Espírito Santo 'falou pelos profetas'", disse ainda o Papa.

A Igreja alimenta-se da leitura espiritual da Sagrada Escritura

Segundo Francisco, "o Espírito Santo, que inspirou as Escrituras, é também Aquele que as explica e as torna perpetuamente vivas e ativas. De inspiradas, torna-as inspiradoras. O Espírito Santo continua, na Igreja, a ação de Jesus Ressuscitado que, depois da Páscoa, diz o Evangelho, 'abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras'".

“Pode acontecer, de fato, que uma determinada passagem da Escritura, que lemos muitas vezes sem nenhuma emoção especial, um dia a lemos num clima de fé e de oração, e então esse texto de repente se ilumina, nos fala, derrama luz sobre um problema que estamos vivendo, deixa clara a vontade de Deus para nós numa determinada situação.”

"A que se deve esta mudança, senão a uma iluminação do Espírito Santo?", perguntou o Papa. "As palavras da Escritura, sob a ação do Espírito, tornam-se luminosas", sublinhou.

A Igreja alimenta-se da leitura espiritual da Sagrada Escritura, ou seja, da leitura feita sob a orientação do Espírito Santo que a inspirou. No seu centro, como um farol que tudo ilumina, está o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, que cumpre o plano da salvação, realiza todas as figuras e profecias, revela todos os mistérios escondidos e oferece a verdadeira chave para a leitura da Bíblia inteira. A morte e ressurreição de Cristo é o farol que ilumina toda a Bíblia, ilumina também a nossa vida.

Ter sempre um Evangelho de bolso

"A Igreja, Esposa de Cristo, é a intérprete autorizada do texto inspirado. A Igreja é a mediadora do seu anúncio autêntico. É sua tarefa ajudar os fiéis e aqueles que buscam a verdade a interpretar corretamente os textos bíblicos", disse ainda Francisco.

De acordo com o Papa, "uma forma de ler espiritualmente a Palavra de Deus é através da lectio divina. Ela consiste em dedicar algum tempo do dia à leitura pessoal e meditativa de uma passagem da Escritura".

“E isso é muito importante: todos os dias tire um tempo para ouvir. Se tiver muito tempo: medite, leia uma passagem da Escritura. Por isso, recomendo: tenha sempre um Evangelho de bolso, leve-o na bolsa, no bolso. Assim, quando você estiver na rua ou quando estiver um pouco livre, pegue-o e leia. Isso é muito importante para a vida. Pegue um Evangelho de bolso e o leia uma, duas vezes ou mais durante o dia.”

Fazer uma homilia curta

"Contudo, a leitura espiritual da Escritura por excelência é a comunitária que se realiza na Liturgia. Ali vemos como um acontecimento ou ensinamento, dado no Antigo Testamento, encontra o seu pleno cumprimento no Evangelho de Cristo. A homilia deve ajudar a transferir a Palavra de Deus do livro para a vida", disse ainda o Papa, acrescentando:

“Para isso, a homilia deve ser curta: uma imagem, um pensamento e um sentimento. A homilia não deve durar mais de oito minutos, porque depois desse tempo, a atenção se perde e as pessoas dormem, e têm razão. Uma homilia deve ser assim. Digo isso aos sacerdotes que falam muito e não se entende do que estão falando. Uma homilia curta: um pensamento, um sentimento e uma ação, como fazer. Não mais que oito minutos. Porque a homilia deve ajudar a transferir a Palavra de Deus do livro para a vida.”

"Entre as muitas palavras de Deus que ouvimos todos os dias na Missa ou na Liturgia das Horas, há sempre uma que nos é dirigida em particular. Acolhida no coração, pode alegrar o nosso dia e animar a nossa oração. Trata-se de não deixá-la cair no vazio".

Francisco concluiu, dizendo que "como certas peças musicais, a Sagrada Escritura também tem uma nota de fundo que a acompanha do início ao fim, e esta nota é o amor de Deus".

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Por que o mal existe no mundo?

Caim e Abel (JW.org)

Por que o mal existe no mundo?

Por Pe. Jean Steferson Pereira

Caim casou-se com quem?

            O capítulo 4 de Gênesis diz que Adão conheceu Eva e ela concebeu um filho, Caim. Depois, Eva também deu à luz Abel, seu segundo filho. Como sabemos, Caim matou Abel, e aí, pela primeira vez na Bíblia, aparece a palavra pecado (cf. Gn 4, 1-16). Se no princípio Deus criou o homem e a mulher, Adão e Eva, e eles tiveram dois filhos, Caim e Abel, com quem Caim se casou? Que ele se casou e teve filho, chamado Henoc, está na Bíblia (cf. Gn 4, 17). Mas com quem ele se casou?

            Essa pergunta, como tantas outras que já fizemos, não tem fundamento nem sentido na perspectiva em que estamos lendo a Bíblia. O autor sagrado não está falando de uma pessoa específica, Ele está tratando dos tantos homens de sua época que matavam os seus irmãos. Caim é modelo de todo homem assassino, que atenta contra a vida do irmão.

Hoje, podemos citar uma multidão de gente que é como Caim: viram as costas para Deus, na busca de defender seus próprios ideais, matam o irmão e a irmã. Caim pode ser um assassino que mata para roubar ou cobrar uma dívida de drogas; uma empresa que fabrica armas de fogo; um laboratório que produz vacinas para diminuir a população; uma clínica de aborto; um político que rouba o dinheiro da merenda escolar ou do SUS; e, até mesmo, uma nação que se coloca em guerra contra a outra.

E o dilúvio, foi ou não histórico?

            A narração do dilúvio está contada no sexto capítulo de Gênesis. Diz o texto “que a maldade do homem era grande sobre a terra” e Deus “arrependeu-se de ter feito o homem”, por isso resolveu “fazer desaparecer da superfície da terra os homens e tudo o que foi criado”, com um dilúvio (cf. Gn 6, 5-8.17).

            Todavia, Deus abre uma exceção e decide salvar Noé, dizendo: “Entra na arca, tu e tua família, porque és o único justo que vejo diante de mim no meio dessa geração” (Gn 7, 1). É importante ressaltar que Noé não é descendente de Caim, aquele que pecou matando o seu irmão, mas é descendente de Set, um terceiro filho de Adão e Eva, que foi gerado “à semelhança e imagem” de Adão (cf. Gn 5, 3).

            Segundo relato bíblico, Deus faz chover sobre a terra 40 dias e 40 noites e, despois, a enchente decorrente das chuvas permaneceu sobre a terra 150 dias (cf. Gn 7, 4.24). E, após o dilúvio, Deus estabeleceu uma aliança eterna com Noé, expressa no arco-íris, com a promessa de que nunca mais amaldiçoaria a terra nem destruiria os homens (cf. Gn 8, 21). E houve uma Nova Criação, aos moldes da primeira: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra” (cf. Gn 9, 1). Assim, Deus colocou tudo o que existe nas mãos do homem, para que ele pudesse dominar.

            Dominar deve ser o problema! Os homens não conseguem entender o sentido desse verbo e acabam agindo de maneira errada, pecando e espalhando o mal pelo mundo. O verba dominar vem do latim dominus, que significa agir conforme o dominum, o senhor ou mestre. Dominar é, então, agir como age Deus, ser senhor da Criação como ele é. Não é utilizar ao bel-prazer, destruindo tudo a sua volta. É cuidar, agindo com temor a Deus e justiça para com os irmãos.

            Neste sentido, compreendemos que o dilúvio é consequência da dominação errada do ser humano sobre a Criação. Não é fruto da maldade de Deus, mas da atuação humana que desestrutura a natureza. Deus, por meio do dilúvio, está fazendo um apelo ao ser humano para que não aja de qualquer forma, sem nenhum critério de valor, mas tenha consciência dos seus atos e assuma as consequências de suas ações. Só assim a vida na terra será garantida.

            Por isso, nós podemos concluir que a questão sobre o conhecimento histórico de um dilúvio é secundária. A Bíblia não está preocupada com a historicidade desse fato, mas com a conscientização que este relato pode suscitar no ser humano. E, para clarear ainda mais esta reflexão, basta ler o que foi feito por Deus no segundo dia da Criação: a separação das águas em cima e abaixo do firmamento (cf. Gn 1, 6); e o que aconteceu no dilúvio: as águas jorraram de todos as fontes dos abismos e do céu (cf. Gn 7, 11). O dilúvio é lido, nesta perspectiva, como o marco entre a Criação corrompida pelo pecado e a Nova Criação, lavada pela água da vida nova. Na plenitude dos tempos, Jesus vai propor o batismo como um banho de purificação e de vida nova, como um dilúvio no qual se afoga o pecado e que faz nascer para a vida na graça.

Mal: consequência da ruptura do ser humano com Deus

            Como vimos, existe íntima ligação entre o pecado do ser humano e o mal do mundo. Nós, constantemente, separamos as coisas. Não conseguimos relacionar as consequências das nossas más escolhas com a maldade que impera à nossa volta. Mas o autor sagrado do Gênesis tem consciência dessa relação. Ele descreve nos capítulos 4 – 11 desse livro os males sociais que são frutos daquela ruptura do ser humano com Deus, descrito em Gn 2 – 3. Se existe mal no mundo, é porque o ser humano se afasta de Deus e quer caminhar com as próprias pernas. E isso não é coisa só do passado.

            É com este olhar que devemos ler os relatos do livro do Gênesis. Conscientes de que o mal é responsabilidade humana, da atuação desordenada e distante da vontade divina. É um crescendo: primeiro o ser humano rompe com Deus (desobediência de Adão e Eva); diante do Criador, ele fecha-se em si mesmo e, mergulhado no seu egoísmo, não percebe o valor do irmão (Caim mata Abel); por fim, se nem o irmão é importante, quanto mais o restante da Criação (corrupção da humanidade e dilúvio).

            Assim, podemos concluir, a partir de uma leitura atenta da Bíblia, que a raiz do mal do mundo se encontra no pecado do ser humano. É como uma erva daninha que começa pequena, quase imperceptível, no coração humano, e espalha sua rama por toda a terra. E, para matar essa praga, que é o mal, não basta cortar as ramas ou jogar algum veneno, é preciso arrancar a raiz, que está brotada no íntimo de cada pessoa humana.

Fonte: Revista Ecoando, Ano XVI, nº 63, set-nov/2018, págs.: 8/9 – Ed. PAULUS.

China exalta a filosofia de Tomás de Aquino e publica a 'Suma Teológica' em chinês

Santo Tomás de Aquino (c. Biblioteca Apostólica Vaticana)

Realizou-se nos dias 8 e 9 de junho, na cidade de Wuhan, um Simpósio inteiramente dedicado ao “Doctor Angelicus” por ocasião do 800º aniversário de seu nascimento. Durante os dois dias de Conferência foi também apresentada uma visão geral de todas as pesquisas e trabalhos aprofundados realizados pelo Comitê durante o ano jubilar de Santo Tomás, concentrando-se principalmente na publicação de uma nova tradução em chinês da “Suma Teológica”, produzida sob o patrocínio da Universidade de Huazhong.

Vatican News

“Abertura, inclusão, inovação, racionalidade” e muitas outras características da filosofia de Santo Tomás de Aquino (1225 - 1274) foram destacadas e valorizadas por acadêmicos e clérigos chineses durante o Quinto Fórum Nacional de Filosofia Medieval, um Simpósio inteiramente dedicado ao “Doctor Angelicus” por ocasião do 800º aniversário de seu nascimento. O Simpósio foi realizado em 8 e 9 de junho na Universidade estatal chinesa de Ciências e Tecnologia Huazhong (HUST), na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei.

Durante os dois dias da Conferência, mais de setenta acadêmicos e especialistas de cerca de trinta universidades da China continental, de Hong Kong, Taiwan e Macau deram palestras e participaram de discussões acadêmicas de alto nível.

As universidades e institutos de origem dos participantes do Simpósio incluíram a Universidade de Pequim, a Universidade do Povo, a Universidade de Xinjiang, a Academia Chinesa de Ciências Sociais, a Universidade Católica Fu Jen em Taiwan, a Universidade Chinesa de Hong Kong e a Universidade de São José em Macau.

Tomás de Aquino, “Grande Sábio da Filosofia”

Por ocasião do 800º aniversário do nascimento do “Grande Sábio da Filosofia” (como Aquino é chamado no meio acadêmico chinês), Wu Tianyue, secretário geral do Comitê especializado em Filosofia Medieval do Instituto Nacional de Filosofia e professor da Universidade de Pequim, abriu o Simpósio com uma palestra intitulada “800 anos de Santo Tomás de Aquino: o tomismo em contextos históricos”.

O professor Wu também apresentou uma visão geral de todas as pesquisas e trabalhos aprofundados realizados pelo Comitê durante o ano jubilar de Santo Tomás, concentrando-se principalmente na publicação de uma nova tradução em chinês da “Suma Teológica”, produzida sob o patrocínio da Universidade de Huazhong.

O Simpósio também contou com a participação de vários membros da Igreja católica na China. O padre Peter Zhao Jianmin, sacerdote da Arquidiocese de Pequim, apresentou um trabalho intitulado “Filosofia escolástica e seu impacto histórico”.

O professor Li Qiuling, supervisor de doutorado do Instituto de Filosofia da Universidade do Povo e pesquisador do Instituto de Teoria do Budismo e da Religião, dedicou sua palestra à “Contribuição específica da filosofia cristã”; o filósofo taiwanês Bernard Li Jianqiu, ex-reitor da Universidade Católica Fu Jen, concentrou-se no “desenvolvimento espiritual de Santo Tomás”.

Desenvolvimento atual da filosofia de Santo Tomás

Vários trabalhos se referiram à antropologia e à metafísica de acordo com Santo Tomás; outros trabalhos também investigaram e aprofundaram questões como a relação entre a filosofia grega e os Padres da Igreja e a epistemologia teológica de Santo Tomás de Aquino.

“O Fórum proporcionou uma oportunidade para examinar e discutir estudos e investigações históricas sobre o desenvolvimento atual da filosofia de Santo Tomás e também para abrir um debate mais amplo sobre a contribuição da filosofia medieval no contexto histórico atual, marcado pelo multiculturalismo.”

Além disso, os acadêmicos lembraram a urgência de lidar com temas e questões filosóficas usando uma linguagem acessível, a fim de despertar a curiosidade e o interesse pelas questões abordadas, mesmo naqueles que nunca se aprofundaram no estudo da filosofia.

(com Fides)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Onofre

Santo Onofre (A12)
12 de junho
Santo Onofre

Santo Onofre foi um eremita que viveu no Egito no final do século IV e início do século V. Ele é conhecido como padroeiro da fortuna e intercessor para o combate ao vício do alcoolismo.

As histórias conhecidas sobre santo Onofre vêm da biografia que são Pafúncio escreveu sobre ele depois de tê-lo conhecido e acompanhado até a sua morte.

Pafúcio encontrou Onofre no deserto e a aparência dele chamou a sua atenção: um homem idoso, de barba branca até o chão, recoberto de pelos e usando uma tanga de folhas.

Segundo os relatos de Pafúcio, Onofre era um monge que vivia num mosteiro, mas que depois decidiu se isolar de todo contato social, após sentir que a vida solitária o chamava. Assim, ele fugiu para o deserto, passando a levar uma vida de eremita, tendo como modelo São João Batista.

Onofre contou ao abade Pafúncio que lutou por muitos anos contra as mais terríveis tentações (o alcoolismo na juventude), mas com perseverança conseguiu vencer todas, falou sobre a fome e a sede que sentiu e sobre o conforto que Deus lhe deu alimentando-o com os frutos de uma tamareira que ficava próxima da gruta em que morava.

Onofre levou Pafúncio à gruta, onde conversaram sobre as coisas celestes até o pôr do sol, quando apareceu, repentinamente, diante dos dois, um pouco de pão e água que os revigorou (diz a tradição que foi um anjo que trouxe a comida para os dois).

Na manhã seguinte, Onofre contou a Pafúncio que teve uma revelação de Deus. Nela, ele dizia que a missão do abade não era se tornar um eremita, mas presenciar a sua morte, voltar para a sociedade e contar a todos o que havia vivido.

Pafúncio ficou e diz a lenda que um anjo deu a eucaristia a Onofre antes da morte, no dia 12 de junho. Pafúncio, então, pegou o corpo do santo e o enterrou em uma montanha. Onofre viveu em total solidão por cerca de 60 anos.

Retornando à cidade, Pafúncio escreveu a história de Santo Onofre e a divulgou por toda a Ásia.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

A trajetória de Santo Onofre foi marcada de sacrifício e devoção a Deus em sua vida no deserto. Desprovido de tudo aceitava com humildade aquilo que lhe era oferecido por Deus. A vida de Santo Onofre nos mostra que aqueles que vivem na simplicidade transparecem os maiores dons do Espírito Santo.

Oração:

Meu glorioso Santo Onofre, que pela Divina Providência fostes vós santificado e hoje estais no círculo da Providência Divina, confessor das verdades, consolador dos aflitos. Vós, às portas de Roma, viestes encontrar-vos com o nosso Senhor Jesus Cristo e a graça pedistes para que não pecásseis. Assim como Lhe pedistes e recebestes a graça, eu vos peço a minha. Meu glorioso Santo Onofre, peço-vos que me façais esta esmola para eu bem passar; vós que fostes pai dos solteiros, sede também para mim. Vós que fostes pai dos casados, sede também para mim. Vós que fostes pai dos viúvos, também sede para mim. Meu glorioso Santo Onofre, por meu Senhor Jesus Cristo, por sua mãe Santíssima, pelas cinco Chagas de Jesus, pelas sete dores de Nossa Santíssima Mãe Maria, pelas almas Santas Benditas, por todos os anjos e Santos do Céu e da terra. Peço-vos que me concedais a graça de… (cite a graça desejada). Meu glorioso Santo Onofre, pela Sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela Santa Cruz em que morreu, pelo Sangue vertido na Cruz, peço-vos que impetreis essa graça de que tanto necessito e espero ser atendido(a) num tempo menor que 40 dias, conforme o que vós dissestes com a vossa sagrada boca. Amém, em nome de Jesus!


Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 11 de junho de 2024

Dos Tratados sobre o Evangelho de São Mateus, de São Cromácio, bispo

Vós sois a Luz do mundo (Comunidade Oásis)

Dos Tratados sobre o Evangelho de São Mateus, de São Cromácio, bispo

(Tract. 5,1.3-4: CCL 9,405-407)            (Séc. IV)

Vós sois a luz do mundo

            Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa (Mt 5,14-15). O Senhor chamou seus discípulos de sal da terra, porque eles deviam dar um novo sabor, por meio da sabedoria celeste, aos corações dos homens que o demônio tornara insensatos. E também os chamou de luz do mundo porque, iluminados por ele, verdadeira e eterna luz, tornaram-se também eles luz que brilha nas trevas.

            O Senhor é o sol da justiça; é, por conseguinte, com toda razão que chama seus discípulos luz do mundo; pois é por meio deles que irradia sobre o mundo inteiro a luz do seu próprio conhecimento. Com efeito, eles afugentaram dos corações dos homens as trevas do erro, manifestando a luz da verdade.

            Iluminados por eles, também nós passamos das trevas para a luz, como afirma o Apóstolo: Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz (Ef 5,8). E noutra passagem: Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas (1Ts 5,5).

            Com razão diz também São João numa epístola sua: Deus é luz (1Jo 1,5); e quem permanece em Deus está na luz, da mesma forma como ele próprio está na luz. Portanto, uma vez que temos a felicidade de estar libertos das trevas do erro, devemos caminhar sempre na luz, como filhos da luz. A esse propósito, diz ainda o Apóstolo: Vós brilhais como astros no universo. Conservai com firmeza a palavra da vida (Fl 1,15-16). Se não procedemos assim, ocultaremos e obscureceremos com o véu da nossa infidelidade, para prejuízo tanto nosso como dos outros, uma luz tão útil e necessária.

            Eis o motivo por que incorreu em merecido castigo aquele servo que, recebendo o talento para dar juros no céu, preferiu escondê-lo a depositá-lo no banco.

            Assim, aquela lâmpada resplandecente, que foi acesa para nossa salvação, deve sempre brilhar em nós. Pois temos a lâmpada dos mandamentos de Deus e da graça espiritual a que se refere Davi: Vosso mandamento é uma luz para os meus passos, é uma lâmpada em meu caminho (cf. Sl 118,105). E Salomão também diz acerca dela: O preceito da lei é uma lâmpada (cf. Pr 6,23).

            Por isso, não devemos ocultar esta lâmpada da lei e da fé, mas colocá-la sempre no candelabro da Igreja para a salvação de todos. Então gozaremos da luz da própria verdade e serão iluminados todos os que creem.

 Fonte: https://liturgiadashoras.online/

"Todos ficaram muito felizes"

Cardeal Gantin em audiência com João Paulo I, 28 de setembro de 1978 | 30Giorni
Arquivo 30Dias - 05/2008

"Todos ficaram muito felizes"

O cardeal Bernardin Gantin, decano emérito do Sagrado Colégio, relembra a alegria dos cardeais após a eleição do Papa Luciani.

Entrevista concedida a 30Giorni em agosto/setembro de 2003 por Gianni Cardinale

«Já o disse muitas vezes e nunca o direi o suficiente: Paulo VI enche a minha memória e o meu coração como bispo e como africano. Com muito respeito e carinho chamamos-lhe “Papa Paulo VI, o Africano”: foi o primeiro sucessor de Pedro a pisar o nosso continente. Ele fez isso no verão de 1969, dando-nos uma grande mensagem: chegou o momento em que vocês podem e devem criar um cristianismo africano, a responsabilidade é sua. Portanto, para nós, africanos, a sua morte foi uma ferida imensa." O cardeal Bernardin Gantin, 81 anos, sempre se emociona ao recordar a figura de Paulo VI. E também quando recorda o de João Paulo I. Em 1978 foi cardeal durante um ano e ocupou cargos na Cúria Romana durante sete, depois de ter sido auxiliar desde 1956 e arcebispo de Cotonou desde 1960, no seu Benim natal. Posteriormente, de 1984 a 1998, seria prefeito da Congregação para os Bispos. De 1993 a novembro de 2002 foi Decano do Sacro Colégio. Ele é atualmente reitor emérito [agosto de 2003] e voltou a viver em sua África natal. Para recordar aquele verão de 1978, 30Giorni o contatou por telefone em Paris, onde passou um breve período de convalescença.

O que você lembra do dia 6 de agosto de 1978, quando o Papa Montini faleceu?

BERNARDIN GANTIN: Eu estava viajando para a Nova Caledônia, onde deveria celebrar a solenidade da Assunção no dia 15 de agosto. Eu estava em Wellington, na Nova Zelândia, quando o núncio Angelo Acerbi me deu a terrível notícia pela manhã. Não digo a ela o quanto meu coração está chateado. Sabíamos que ele estava cansado, mas não tanto... Cancelei imediatamente o resto da viagem. Juntamente com o núncio e o então cardeal Reginald J. Delargey, fui ao primeiro-ministro para informá-lo oficialmente da morte do Papa. Nunca, jamais esquecerei as palavras deste homem, um não-católico, que pouco antes. tinha sido recebido em audiência com Montini: «Paulo VI morreu mas nunca esquecerei a minha última visita ao Vaticano, ainda sinto o calor do coração do Papa nas minhas mãos». Que bonito!

Então ele voltou para Roma?

GANTIN: Imediatamente. Lembro-me que no aeroporto de Fiumicino um enxame de jornalistas acolheu todos os cardeais que chegaram de todo o mundo. Um deles pegou minha mala e começou a me encher de perguntas, inclusive em quem eu votaria no conclave! Obviamente respondi que não sabia e que mesmo que soubesse certamente não lhes teria contado...

Em Roma ele compareceu ao funeral de Montini...

GANTIN: Para mim foi um momento de trepidação, de grande oração. , de emoção, de comunhão com o meu povo africano: em 1971 Paulo VI deu-me a honra de me chamar a colaborar com ele no governo da Igreja universal.

O que você pode dizer sobre aquele primeiro conclave em 1978?

GANTIN: Estava muito quente. Principalmente no alojamento do Palácio Apostólico. Na época não existia uma bela Domus Sanctae Marthae equipada especificamente para esta eventualidade. Reunimo-nos com medo e tremor. Mas o Espírito Santo não quis tardar em dar-nos um sucessor de Paulo VI, em dar-nos este santo Pontífice que veio de Veneza, que teria dito ao seu motorista antes de entrar no conclave: “O nosso carro não anda, leva precisa ser consertado, então assim que terminar iremos direto para casa." Em vez disso, ele nunca mais voltaria. Ele ainda dorme na Basílica de São Pedro.

Você já conheceu Luciani como patriarca de Veneza?

GANTIN: Não intimamente. Eu o conheci em Veneza para um encontro ecumênico. Ele era um homem muito afável, simples e humilde. Lembro-me que ele queria receber todos os participantes para almoçar, embora éramos muitos e por isso estávamos bastante lotados à mesa... Nessa ocasião soube que ele tinha visitado a África, o Burundi.

Você trocou algumas palavras com ele imediatamente após a eleição?

GANTIN: Houve um jantar com todos os cardeais e ele veio nos cumprimentar mesa por mesa. Não me lembro quem eram meus três ou quatro convidados, mas lembro que estavam todos muito felizes.

Você foi o único a receber uma nomeação curial de João Paulo I no seu breve pontificado. De facto, no dia 4 de Setembro, o Papa Luciani nomeou-a pró-presidente como presidente do Pontifício Conselho «Cor unum». Não só isso, João Paulo I recebeu-a em audiência no último dia do seu pontificado, 28 de setembro. 

GANTIN: Sim, foi a última audiência concedida a um chefe de ministério. Éramos quatro: o Papa, eu, o secretário da «Iustitia et Pax», o jesuíta Roger Heckel, e o do «Cor unum», o dominicano Henri de Riedmatten. Os outros três desapareceram, apenas o abaixo assinado sobreviveu à audiência. Lembro-me que naquela ocasião Luciani me contou que antes de vir a Roma para o conclave havia prometido ir a Piombino Dese, cidade da diocese de Treviso, para visitar a paróquia dirigida por padre Aldo Roma. Incapaz de cumprir esta promessa, ele me pediu para ir em seu lugar. Consegui e daí nasceu um forte vínculo entre mim e Piombino Dese, do qual sou cidadão honorário. Um vínculo em memória deste Papa que nos uniu. 

 Como você soube da morte de João Paulo I? 

GANTIN: Eu descobri isso de uma forma um tanto paradoxal. Embora eu fosse clérigo do Vaticano, aprendi sobre isso fora da Itália. Eram cerca de seis e meia da manhã do dia 29 de setembro, eu me preparava para ir celebrar a missa, quando um amigo meu me telefonou da Suíça para me avisar que o Papa havia morrido. Eu fiquei sem palavras. Mas ora, o Papa que me recebeu ontem de manhã morreu... 

 Como o encontrou naquela audiência? 

GANTIN: Muito bom. Foi ele quem moveu as cadeiras para que pudéssemos tirar uma fotografia onde todos os presentes pudessem ser vistos. Ainda mantenho aquela foto como uma das coisas mais preciosas. Ninguém poderia imaginar que poucas horas depois ele iria para a Eternidade, para o Senhor. 

 Depois participou do segundo conclave daquele 1978. Os livros que falam sobre isso relatam uma frase que ela disse naquela ocasião: «Os cardeais estão perturbados e procuram o que fazer no escuro»… e porque eu era membro desta venerada Congregação. O processo nestes casos é muito lento e cauteloso. Mas se eu tivesse que expressar o que penso, lembraria que Luciani foi um homem que merece ser proposto como modelo e exemplo de total adesão à vontade de Deus, mesmo que no coração esta obediência ao Senhor produza dor e sentido. da pequenez e da fraqueza diante das grandes responsabilidades a que se pode ser chamado. 

 Qual poderia ser o significado de um pontificado curto como o de João Paulo I?

GANTIN: É o Senhor quem organiza tudo. Os homens propõem e a Providência dispõe. Certamente não foi sem sentido para o presente e o futuro. A brevidade não impede a fecundidade. Esta é uma grande lição para mim: deixe-se guiar pelo Espírito Santo, não pelos nossos pensamentos e sentimentos pessoais.

 Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF