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quinta-feira, 27 de junho de 2024

Com os braços abertos a todos. A visita de São Josemaria Escrivá ao Brasil (1)

A visita de São Josemaria Escrivá ao Brasil | Flickr-Photos/Opus Dei

Com os braços abertos a todos. A visita de São Josemaria Escrivá ao Brasil

1974. São Josemaria Escrivá esteve 15 dias no Brasil. Que mensagem deixou aos brasileiros? Qual foi a sua impressão sobre o país? Este artigo inédito descreve como foram organizados os encontros com o fundador do Opus Dei em São Paulo, e resume a sua mensagem.

29/08/2017

Studia et Documenta é uma publicação anual do Istituto Storico San Josemaría Escrivá dedicada à história do Opus Dei e de seu Fundador. O tema monográfico da décima primeira edição, que ocupa a primeira parte do volume, são as viagens de São Josemaria Escrivá à América Latina entre os anos 1974-1975. Oferecemos a seguir o Artigo de Alexandre Antosz sobre a visita de São Josemaria ao Brasil (Studia et Documenta vol.11, pág 65-99, 2017).

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INTRODUÇÃO. A VIAGEM AO BRASIL

Este artigo trata do conteúdo da mensagem de São Josemaria Escrivá no Brasil, particularmente do que transmitiu nos dois encontros gerais, nos dias 1o e 2 de junho de 1974, oferecendo, na medida das possibilidades, informações sobre as circunstâncias desses eventos. O estudo pretende contribuir para aprofundar o conhecimento de sua catequese na América e ser um estímulo para futuros trabalhos, que possam explorar o abundante material existente sobre essa viagem. Em 2007 foi publicado um primeiro texto sobre o tema[1]; mas não se trata de um relato histórico, apenas de alguns traços da santidade cristã presentes na vida do fundador do Opus Dei, tomando como exemplo, principalmente, seus dias no Brasil, como o próprio autor adverte[2]. Embora as atuais biografias sejam muito parcas em informações sobre a estadia de São Josemaria no Brasil[3], não faltam documentos que possibilitam um conhecimento detalhado desta viagem[4]. O presente trabalho está apoiado na transcrição fiel das tertúlias[5], nos diários escritos durante a estadia de São Josemaria, entre os dias 22 de maio e 7 de junho de 1974[6], além dos testemunhos de algumas pessoas que presenciaram os acontecimentos[7]. Todos esses documentos se conservam nas sedes da Comissão Regional e da Assessoria Regional[8] do Opus Dei no Brasil, em São Paulo. Também tem em conta que as duas tertúlias, como quase todas as suas palavras no Brasil, foram registradas e parcialmente reproduzidas em Catequesis en América.

O avião que trouxe São Josemaria à América, o DC-8 da Ibéria, procedente de Madri com escala nas Ilhas Canárias, aterrissou no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, às 18h18 do dia 22 de maio de 1974[9]. Aguardavam-no o conselheiro regional, pe. Francisco Javier de Ayala Delgado (1922- 1994)[10], conhecido em Portugal e no Brasil como dr. Xavier de Ayala, Emérico da Gama (1931-2014) e Alfredo Canteli. O Brasil foi o primeiro país que visitou na sua viagem pela América do Sul, na qual pretendia realizar uma autêntica catequese[11]. Acompanhavam-no o beato Álvaro del Portillo (1914- 1994), o pe. Javier Echevarría (1932-2016)[12] e Alejandro Cantero, médico. Enquanto estes últimos, ajudados por Alfredo Canteli, pegavam as bagagens, mons. Escrivá encaminhou-se com os outros para o Bandeirantes, um avião menor de 15 lugares que os levaria a São Paulo[13].

O Brasil vivia um acelerado desenvolvimento econômico e, apesar da ditadura política imposta pelos militares desde 1964, os cidadãos comuns gozavam de uma relativa tranquilidade. A ditadura brasileira não era de cunho pessoal: os presidentes alternaram-se, sempre escolhidos de dentro das Forças Armadas. Não faltaram alguns acontecimentos violentos de repressão aos movimentos de oposição e restrições às liberdades civis. Contudo, o governo alcançava êxitos na área econômica. Em 1968 e 1969, o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescera respectivamente 11,2% e 10%, começando o que foi chamado de “milagre econômico”, que atingiu o seu pico em 1973, quando o PIB teve uma variação de 13%. Apesar das condições externas terem mudado muito com a crise internacional do petróleo iniciada em outubro de 1973, no ano seguinte, quando São Josemaria Escrivá chegou, o país ainda vivia a euforia com os resultados satisfatórios na economia. Não podemos desdenhar ainda a alegria que permanecia pela terceira conquista da Copa do Mundo pela seleção brasileira de futebol, em 1970, da qual o governo soube tirar proveito para sua propaganda nacionalista[14].

O general Ernesto Geisel (1907-1996), presidente empossado em março de 1974, desejava realizar uma abertura política lenta e gradual. A oposição política, na qual havia também grupos favoráveis à luta armada, estava abrandada pela dura repressão, que crescera gradativamente até este período. Contudo, manifestações de vários grupos sociais como os estudantes, os trabalhadores das fábricas, as associações profissionais, etc., vieram à tona com novos ímpetos no governo Geisel. Também a Igreja no Brasil procurou sair em defesa das liberdades civis, e alguns membros da hierarquia se defrontaram com o governo, que procurava estabelecer um diálogo. Foi através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), juntamente com outros grupos, que o governo negociou o modo de encaminhar a restauração das liberdades públicas em 1978[15]. Esta situação, porém, facilitou que uma parte considerável do clero se politizasse, e se propagassem em seu meio as teses da Teologia da Libertação[16].

É relevante também citar a profunda e rápida transformação demográfica que o Brasil estava vivendo. Na década de 1940, as mulheres brasileiras apresentavam uma taxa de fecundidade de 6,3 filhos; caiu para 5,8 na década de 1960. A partir dos anos 70 a taxa de fecundidade reduziu-se drasticamente e, na primeira década de 1980, foi para 3,3. Além disso, o país tornava-se muito mais urbano: em 1940 apenas 16% da população morava nas cidades, enquanto que em 1980 eram 51,5%. O crescimento populacional também era acelerado: o Brasil passou de 52 milhões de habitantes em 1940 para 146 milhões em 1990. Além disso, havia um grande deslocamento migratório entre 1950 e 1970, do Nordeste do país para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o que se percebia particularmente na cidade de São Paulo, que se tornou a maior cidade do país, com uma população que já ultrapassava os 6 milhões de habitantes[17]. Junto a todos esses fatores que levavam a um crescimento econômico acelerado nas cidades, notava-se o início de uma decadência na vida moral e religiosa da sociedade[18], o que se pode intuir em algumas das perguntas formuladas a mons. Escrivá, como teremos ocasião de notar mais adiante.

Os primeiros fiéis que vieram começar o trabalho apostólico no Brasil chegaram em março de 1957, e instalaram-se na cidade de Marília[19]. Contudo, depois de poucos anos, mudaram-se definitivamente para São Paulo, onde se concentrava quase todo o trabalho apostólico em maio de 1974. Ver o fundador no país era um sonho antigo dos membros do Opus Dei no Brasil, especialmente do dr. Xavier de Ayala, que constantemente manifestava este desejo em suas viagens a Roma, pois pensava que seria uma forma de fortalecer o trabalho apostólico no país[20]. Sabemos que por volta de março de 1974 a possibilidade de repetir a correria catequética de 1972 por terras americanas ia ganhando força, e o desejo explícito de São Josemaria de viajar é atestado por uma carta ao cardeal da Guatemala Mario Casariego y Acevedo (1909-1983) de 25 de março[21]. Contudo, no outro lado do Atlântico, essa possibilidade tornou-se mais real quando um grupo que voltava de um encontro de estudantes universitários em Roma[22], em abril de 1974, comentou que teriam feito ali algumas perguntas sobre o Brasil, como, por exemplo, a temperatura no mês de maio[23]. Então, foram vários os telefonemas e contatos com Roma e Espanha, e alguns dias depois puderam ter a certeza da sua vinda e, passado mais um tempo, souberam da data precisa[24]. Para todos os membros do Opus Dei que moravam no Brasil era realmente um sonho que estava a ponto de se realizar.

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Alexandre Antosz Filho, sacerdote. Licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Paraná, mestre em História pela Universidade de São Paulo e doutor em Teologia (especialidade em História da Igreja) pela Pontificia Università della Santa Croce (Roma). e-mail: alexantosz@gmail.com

Notas:

[1] Francisco Faus, São Josemaria Escrivá no Brasil, São Paulo, Indaiá, 20112.

[2] Cfr. ibid, pp. 11-12.

[3] Cfr., por exemplo, Andrés Vázquez de Prada, O Fundador do Opus Dei, São Paulo, Quadrante, vol. III, 2004 (or: El Fundador del Opus Dei, 2004, vol. III), pp. 632-637; Hugo de Azevedo, Uma luz no mundo, Lisboa, Prumo - Rei dos Livros, 1988, pp. 345-348; Ana Sastre, Tempo de Caminhar, Lisboa, Diel, 1994 (or: Tiempo de Caminar, 1991), pp. 559-566; Peter Berglar, Opus Dei Vida y obra del fundador Josemaría Escrivá de Balaguer, Madrid, Rialp, 19895 (or: Opus Dei Leben und Werk des Gründers Josemaria Escrivá de Balaguer, 1983), pp. 290-293; Salvador Bernal, Mons Josemaria Escrivá de Balaguer Perfil do Fundador do Opus Dei, São Paulo, Quadrante, 1978 (or: Mons Josemaría Escrivá de Balaguer Apuntes sobre la vida del Fundador del Opus Dei, 1977), pp. 50-51; 58-59; 60-62; 203-205; 244-249; 342-343; 411-414.

[4] Além dos citados logo abaixo, devemos incluir um documento impresso dirigido aos membros do Opus Dei, que traz abundantes informações sobre sua viagem, Catequesis en América, vol. I, pp. 24-69, AGP, P04.

[5] Os dois encontros gerais, como se explicará pormenorizadamente neste artigo, além de filmados, foram gravados e transcritos integralmente. Para este artigo tivemos acesso a este material, que ainda não foi publicado.

[6] O diário da casa onde morou, no bairro do Sumaré, é um caderno de tamanho médio com 143 páginas, escritas e numeradas a mão, intitulado: Diário da primeira estadia do Padre no Brasil. O título era uma simpática manifestação do desejo de que a estadia viesse a se repetir, o que, como é sabido, não aconteceu. O relato, em estilo familiar mas muito preciso, centra-se nos episódios vividos na casa, e começa exatamente no dia 22 de maio, terminando no dia 7 de junho de 1974. Passaremos a citar como Diário da primeira estadia. O diário do centro da Casa Nova, assim chamada a sede do órgão de governo da sessão feminina, na rua Martiniano de Carvalho, é do mesmo estilo e abrange o mesmo intervalo cronológico; ocupa 26 folhas A4 datilografadas, divididas em duas partes, intituladas: Rascunho do diário da estadia do nosso Padre em São Paulo (1a parte), 10 páginas; Rascunho do diário da estadia do nosso Padre em São Paulo (2a parte), 16 páginas. Passaremos a citar Diário da Casa Nova, 1a parte e 2a parte, respectivamente.

[7] São muitas as pessoas que estiveram com São Josemaria na época. Entrevistamos pessoalmente cerca de vinte pessoas, e nem todas são citadas, pois acrescentaram pouco às fontes disponíveis. Pudemos esclarecer uma ou outra informação pouco precisa ou pequenos detalhes contraditórios. Agradecemos especialmente a ajuda de Alfredo Canteli, José María Córdova Fernández e Francisco Faus Pascuchi, que foram membros da Comissão Regional na época.

[8] Chama-se Comissão Regional o órgão de governo da sessão masculina de uma circunscrição do Opus Dei, e Assessoria Regional o correspondente à sessão feminina.

[9] Diário da primeira estadia, p. 1.

[10] Assim chamava-se o sacerdote posto à frente do governo regional em cada circunscrição. Atualmente o governo do Opus Dei está a cargo de um Prelado e seus representantes em cada circunscrição denominam-se Vigário regional. Francisco Xavier de Ayala Delgado era doutor em Direito Civil e Direito Canônico, pediu admissão ao Opus Dei em 03 de março de 1940 e foi ordenado sacerdote em 1948. Nomeado o primeiro conselheiro do Opus Dei em Portugal (1949-1958), foi ao Brasil em 1961, onde dirigiu o Opus Dei até sua morte, em 7 de outubro de 1994. Integrou também a Comissão Pontifícia de Revisão do Código de Direito Canônico e a Comissão Paritária para a ereção da Obra em Prelazia Pessoal.

[11] Sobre os motivos e intenções desta viagem, ver Vázquez de Prada, O Fundador, vol. III, pp. 620-632. A necessidade de difundir e confirmar a doutrina perene da Igreja e dar a conhecer o Opus Dei de um modo mais vasto, que surgiu já na década de 1960, foi a gênese remota desta viagem. Sobre isso, cfr. Conversaciones con Monseñor Escrivá de Balaguer Edición crítico-histórica preparada por José Luis Illanes − Alfredo Méndiz (eds.), Roma -Madrid, Instituto Histórico San Josemaría Escrivá de Balaguer – Rialp, 2012, pp. 13-22.

[12] D. Javier Echevarría foi a Roma em 1950, onde trabalhou sempre muito próximo de São Josemaria e o Beato Álvaro. Ordenou-se sacerdote em 1955 e de 1994 a 2016 foi o Prelado do Opus Dei.

[13] Diário da primeira estadia, pp. 2-5.

[14] Cfr. Boris Fausto, História do Brasil, São Paulo, Edusp, 201214, pp. 409-424.

[15] Ibid , pp. 418-426.

[16] Sobre a Teologia da Libertação, cfr. Josep-Ignasi Saranyana, Teologías Latinoamericanistas, I, em Josep-Ignasi Saranyana (dir.), Teología em América Latina, vol. III, Madrid- Frankfurt, Iberoamericana-Vervuert, 2002, pp. 255-331.

[17] Em 1950 a população do município de São Paulo era de 2.198.096 habitantes e em 1970 de 5.885.475. Dados de SEADE, SP Demográfico Resenha de Estatísticas Vitais do Estado de São Paulo, Ano 13, n. 1, Janeiro 2013, p. 3.

[18] Cfr. Fausto, História do Brasil, pp. 451-454.

[19] Cfr. Maria Theresinha Degani, Brasil, em José Luis Illanes (coord.), Diccionario de San Josemaría Escrivá de Balaguer, Burgos-Roma, Monte Carmelo − Istituto Storico San Josemaría Escrivá, 20132, pp. 166-169; Vázquez de Prada, O Fundador, vol. III, pp. 321-334; Sastre, Tempo, pp. 449-450. Ainda não existem estudos específicos sobre estes inícios.

[20] Entrevista com José María Córdova Fernández, 18 de fevereiro de 2014.

[21] Cfr. Vázquez de Prada, O Fundador, vol. III, p. 628.

[22] O encontro, denominado UNIV, se organiza desde 1968, durante a Semana Santa (cfr. www.univforum.org, acessado em 18 de agosto de 2015). Em 1974 o domingo de Páscoa caiu no dia 14 de abril.

[23] Entrevista com José María Córdova Fernández, 18 de fevereiro de 2014.

[24] Um grupo de cerca de 20 brasileiros que participou do UNIV e teve vários encontros com São Josemaria em Roma, retornou ao Brasil no dia 19 de abril. Então, eles nada sabiam da futura viagem de mons. Escrivá ao Brasil, e nada lhes fez intuir essa possibilidade. Entretanto, antes de acabar o mês, souberam que ele viria ao país. Entrevista com Eugenio Carlos Callioli, 11 de maio de 2016.

 Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Poder descontralado sobre a natureza gera monstros, adverte o Papa

Mensagem do Papa para o Dia Mundial de Oração pela Criação (Vatican News)

Para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, Francisco propõe repensar a questão do poder humano, do seu significado e dos seus limites, "pois um poder descontrolado gera monstros e volta-se contra nós mesmos".

Vatican News

"Espera e age com a criação" é o tema do Dia de Oração pelo Cuidado da Criação, que se realizará no próximo 1 de setembro.

mensagem do Papa para a ocasião foi divulgada esta quinta-feira (27/06), e refere-se à Carta de São Paulo aos Romanos 8, 19-25. O Apóstolo, ao esclarecer o significado de viver segundo o Espírito, concentra-se na esperança firme da salvação pela fé, que é vida nova em Cristo.

Para Francisco, a esperança é a possibilidade de permanecer firme no meio das adversidades, de não desanimar nos momentos de tribulação ou diante da barbárie humana.

A esperança cristã não desilude, mas também não ilude, ressalva o Papa. A criação geme e o vemos através de tanta injustiça, tantas guerras fratricidas que provocam a morte de crianças, destroem cidades, poluem o ambiente em que vive o homem.

A luta moral dos cristãos está ligada ao “gemido” da criação, que está sujeita à dissolução e à morte, agravadas pelos abusos humanos sobre a natureza.

Por isso, permanece válido o convite à conversão dos estilos de vida, a resistir à degradação humana do meio ambiente e a manifestar aquela crítica social que é, em primeiro lugar, testemunho da possibilidade de mudança.

Esta conversão, explica Francisco, consiste em passar da arrogância de quem quer dominar os outros e a natureza à humildade de quem cuida dos outros e da criação. E cita a famosa frase da Exortação Apostólica Laudate Deum: “Um ser humano que pretenda tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo”.

O Papa propõe que se repense a questão do poder humano, do seu significado e dos seus limites, pois um poder descontrolado gera monstros e volta-se contra nós mesmos.

O Pontífice volta a afirmar que é urgente colocar limites éticos ao desenvolvimento da inteligência artificial, que com a sua capacidade de cálculo e de simulação poderia ser utilizada para dominar o homem e a natureza, em vez de estar ao serviço da paz e do desenvolvimento integral.

De “predador”, portanto, o homem deve ser “cultivador” do jardim. Já a tradição judaico-cristã recorda que terra está confiada ao homem, mas continua a ser de Deus. Por isso, pretender possuir e dominar a natureza, manipulando-a a seu bel-prazer, é uma forma de idolatria.

“É o homem embriagado com o seu próprio poder tecnocrático, que com arrogância coloca a terra numa condição de ‘des-graça’, isto é, privada da graça de Deus”, escreve Francisco.

Por conseguinte, a salvaguarda da criação não é apenas uma questão ética, mas é eminentemente teológica: diz respeito ao entrelaçamento entre o mistério do homem e o mistério de Deus. Nesta história, não está em jogo apenas a vida terrena do homem, está sobretudo em jogo o seu destino na eternidade.

O Papa recorda que há uma motivação transcendente (teológico-ética) que compromete o cristão a promover a justiça e a paz no mundo, também através do destino universal dos bens.

Esperar e agir com a criação significa, então, viver uma fé encarnada, que sabe entrar na carne sofredora e esperançosa das pessoas, partilhando a expectativa da ressurreição corporal a que os fiéis estão predestinados em Cristo.

É no interior dos dramas da carne humana que sofre que a esperança deve ser testemunhada. E se alguém sonha, afirma Francisco, “então que sonhe com os olhos abertos, animados por visões de amor, fraternidade, amizade e justiça para todos”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Cirilo de Alexandria

São Cirilo de Alexandria (A12)
27 de junho
São Cirilo de Alexandria

São Cirilo de Alexandria, nasceu no ano de 370, no Egito. Sobrinho de Teófilo, bispo de Alexandria, assumiu a diocese em 412, após a morte do tio. Governou a diocese até o ano 444, data do seu falecimento.

Durante esses trinta e dois anos de episcopado, exerceu forte liderança na Igreja, pois detinha profundo conhecimento teológico e era muito humilde. Deixou muitos escritos e firmou a posição da Igreja no Oriente. Primeiro, resolveu o problema com os judeus que habitavam a cidade: ou deixavam de atacar a religião católica ou deviam mudar-se da cidade. Depois, foi fechando as igrejas onde não se professava o verdadeiro cristianismo.

É considerada a sua maior obra a defesa do dogma de Maria, como a Mãe de Deus. Ele se opôs e combateu Nestório, patriarca de Constantinopla, que professava ser Maria apenas a mãe do homem Jesus e não de Um que é Deus, da Santíssima Trindade, como está no Evangelho. Por esse erro de pregação, Cirilo escreveu ao papa Celestino, o qual organizou vários sínodos e concílios, onde o tema foi exaustivamente discutido. Em todos eles, o papa foi representado por Cirilo.

No Concilio de Éfeso, em 431, finalmente se chegou à conclusão do tema com a condenação dos erros de Nestório e a proclamação da maternidade divina de Nossa Senhora. Também foram considerados hereges os bispos que não aceitavam a santidade de Maria.

Sua data é celebrada por toda a Igreja Católica, do Oriente e do Ocidente, são Cirilo de Alexandria, recebeu o título de doutor da Igreja treze séculos após sua morte, durante o pontificado do papa Leão XIII.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

“Toda a nossa vida é uma primavera, porque temos em nós a verdade que não envelhece e essa verdade anima toda a nossa caminhada “. São Cirilo acreditava que o homem vive no tempo e no espaço, mas algo dentro de si o impulsiona para realidades mais profundas e elevadas. Que Deus nos inspire e oriente, para que busquemos sempre as realidades mais profundas e elevadas que Ele deseja para nós, segundo o espírito e fé de São Cirilo de Alexandria.

Oração:

“Eu vos saúdo, Maria, mãe de Deus, tesouro venerável de todo o universo, farol que se não extingue, brilhante coroa da virgindade, cetro da boa doutrina…Eu vos saúdo, vós que, no vosso seio virginal, contivestes aquele que é imenso e incompreensível; vós por quem a Santa Trindade é glorificada e adorada; vós por quem a cruz preciosa do Salvador é exaltada por toda a terra; vós por quem o céu triunfa, os anjos se rejubilam, os demônios fogem, o tentador é vencido, a criatura culpada se eleva ao céu, o conhecimento da verdade se estabelece sobre as ruínas da idolatria; vós por quem os fiéis obtêm o batismo, e são ungidos com o óleo da alegria; vós, por quem todas as igrejas do mundo foram fundadas, e as nações conduzidas à penitência; vos, enfim, por quem o Filho único de Deus, que é a luz do mundo, iluminou aqueles que se achavam sentados nas sombras da morte!…Haverá homem que possa louvar dignamente a incomparável Maria?”


Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Do Tratado sobre a amizade espiritual, do beato Elredo, abade

A verdadeira, perfeita e eterna amizade (iCatólica)

Do Tratado sobre a amizade espiritual, do beato Elredo, abade

(Lib. 3:PL195,692-693)            (Séc. XII)

Verdadeira, perfeita e eterna amizade

            Jônatas, jovem de grande nobreza, sem olhar para a coroa régia nem para o futuro reinado fez um pacto com Davi, igualando assim, pela amizade, o súdito ao senhor. Deu preferência a Davi, mesmo quando este foi expulso por seu pai o rei Saul, tendo de se esconder no deserto, como condenado à morte, destinado à espada. Jônatas então humilhou-se para exaltar o amigo perseguido: Tu, são suas palavras, serás rei e eu serei o segundo depois de ti.

            Que espelho estupendo da verdadeira amizade! Admirável! O rei, furioso contra o servo, excitava todo o país contra um possível rival do reino. Assim, acusava sacerdotes de traição, trucidando-os por uma simples suspeita. Percorria as matas, esquadrinhava os vales, cercava com suas tropas os montes e penhascos, fazendo todos prometerem tornar-se vingadores da indignação real.

            Entretanto, Jônatas, o único que poderia ter razão de invejar, só ele julgou dever resistir a seu pai, oferecendo a paz ao amigo, aconselhando-o em tão grande adversidade, preferindo a amizade ao reino: Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti. Em contraste, vede como o pai estimulava a inveja do adolescente contra o amigo, apertava-o com repreensões, amedrontava-o com ameaças de ser despojado do reino, prometendo privá-lo da nobreza.

            Quando pronunciou sentença de morte contra Davi, Jônatas não abandonou o amigo. Por que deve morrer Davi? que culpa tem? que fez ele? Tomou sua vida em suas mãos e feriu o filisteu e tu te alegraste. Por que então irá morrer? A tais palavras, louco de cólera, o rei tentou transpassar Jônatas, com a lança contra a parede, ameaçando aos gritos: Filho de mãe indigna, bem sei que gostas dele para vergonha tua, confusão e infâmia de tua mãe. Depois vomitou todo o veneno sobre o coração do jovem, acrescentando incentivo à sua ambição, alimento à inveja, estímulo à rivalidade e à amargura: Enquanto viver o filho de Isaí, não se estabelecerá o teu reino.

            Quem não se abalaria com tais palavras? Quem não se encheria de inveja? Que amor, que agrado, que amizade elas não corromperiam, não diminuiriam, não fariam esquecer? Jônatas, o moço cheio de afeição, guardou o pacto da amizade, forte contra as ameaças, paciente contra o furor, desprezou o reino por causa da amizade, esquecido das glórias, bem lembrado da graça. Tu serás rei e eu serei o segundo depois de ti.

            Esta é a verdadeira, perfeita, estável e eterna amizade, aquela que a inveja não corrompe, suspeita alguma diminui, não se desfaz pela ambição. Assim provada, não cede; assim batida, não cai; assim sacudida por tantas censuras, mostra-se inabalável e, provocada por tantas injúrias, permanece imóvel. Vai, então, e faze tu o mesmo.

 Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Papa: há necessidade de crentes coerentes, comprometidos com a paz

Papa com os líderes muçulmanos de Bolomha (Vatican Media)

Pouco antes da Audiência Geral, o Papa saudou uma delegação da Mesquita de Bolonha, a quem entregou um discurso no qual convida cristãos, judeus e muçulmanos - que adoram “o Deus Único” -, a serem os primeiros a oferecer ao mundo contemporâneo um testemunho de fraternidade. O Pontífice também exortou ao respeito pela liberdade religiosa: “Cada crente deve sentir-se livre para propor – nunca impor – a sua religião a outras pessoas, crentes ou não”.

Tiziana Campisi – Cidade do Vaticano

O breve encontro com um grupo de muçulmanos de Bolonha no escritório da Sala Paulo VI, antes da Audiência Geral, é a oportunidade para o Papa Francisco exortar mais uma vez à fraternidade universal. E o fez, na saudação dirigida à delegação da Mesquita da capital emiliana, na qual pede sobretudo aos crentes de qualquer fé que promovam a harmonia entre os povos:

O mundo, especialmente neste momento histórico, necessita de crentes coerentes e fortemente comprometidos na construção e manutenção da paz social e mundial.

O exemplo de cristãos, judeus e muçulmanos

A acolher “uns aos outros como irmãos” são chamados "antes de tudo” cristãos, judeus e muçulmanos, que adoram “o Deus Único”, e que “fazem referência, ainda que em maneiras diferentes, a Abraão como pai na fé”, é o convite do Papa, que considera o “testemunho de fraternidade” dos fiéis das religiões monoteístas “indispensável e muito precioso” no mundo de hoje:

Nós, que tivemos o dom desta pertença religiosa, somos chamados a ser abertos e acolhedores para com aqueles que não a compartilham, porque são, como todos nós, membros da única família humana.

Que seja respeitada a liberdade de consciência e de religião 

No texto do discurso, Francisco sublinha que “o diálogo sincero e respeitoso entre cristãos e muçulmanos é um dever” para aqueles que querem “obedecer à vontade de Deus”, que deseja que “os seus filhos se queiram bem, se ajudem reciprocamente, e que, caso surja alguma dificuldade ou mal-entendido entre eles, cheguem a um acordo com humildade e paciência”. Mas o diálogo exige que sejam reconhecidos a “dignidade” e os “direitos de cada pessoa”, acrescenta o Papa, e entre estes, antes de mais nada, a “liberdade de consciência e de religião”:

Além disso, cada crente deve sentir-se livre para propor – nunca impor! – a própria religião a outras pessoas, crentes ou não. Isto exclui qualquer forma de proselitismo, entendido como exercício de pressão ou ameaças; deve rejeitar qualquer tipo de favores financeiros ou de trabalho; não deve tirar vantagem da ignorância das pessoas.

Também “os casamentos entre pessoas de religiões diferentes não devem ser uma oportunidade para converter o cônjuge” ao próprio credo, acrescenta por fim Francisco, que faz votos à delegação que a delegação da mesquita de Bolonha para manter “boas relações com a Igreja Católica: com o bispo, com o clero e com os fiéis, no respeito mútuo e na amizade" e agradecendo às comunidades muçulmanas por serem "artesãs da paz".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Um grande cristão (2)

Panorâmica do complexo do Monte Calvário de Domodossola | 30Giorni

Arquivo 30Dias - 09/2007

Um grande cristão

Entrevista com o cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos: “Beatifica-se uma límpida figura sacerdotal, que ofereceu toda a sua pessoa a Jesus e à Igreja. Que sofreu por isso. Uma figura que foi guia e conforto para muitos cristãos que vieram depois dele”.

Entrevista com o cardeal José Saraiva Martins de Gianni Cardinale

O ponto da relação com Pio IX é relevante na vida de Rosmini. Num primeiro momento, parece que o papa Mastai queria criá-lo cardeal; depois, no entanto, eles devem ter deixado de se entender...
SARAIVA MARTINS: De fato, existem testemunhos que revelam a grande estima que Pio IX tinha por Rosmini, que o Papa queria criar cardeal e até nomear secretário de Estado. Mas surgiram depois turbulências políticas e a criação da República Romana, em 1849, que enterraram essa hipótese. Como alguns estudiosos sublinham, não foram benéficas para Rosmini a inimizade e a antipatia de cardeais mais próximos da Áustria, a começar pelo influente Giacomo Antonelli.
4488070">. Além disso, a relação com João Paulo I foi singular.

Em que sentido?
SARAIVA MARTINS: O servo de Deus Albino Luciani, quando ainda era um jovem sacerdote, escreveu uma tese muito crítica sobre Rosmini, e quem lhe respondeu foi um jovem rosminiano, padre Clemente Riva, que depois se tornou auxiliar de Roma. Em 1978, quando Luciani se tornou papa, quis encontrar o cardeal vigário e seus auxiliares. Quando chegou a vez de Riva, João Paulo I disse a Poletti: “Esse eu conheço...”. Mas disse isso com um grande sorriso. A ponto de Riva – ele mesmo contou isso –, que também tinha um certo receio por esse encontro, ter-se sentido muito aliviado. É preciso acrescentar a isso que temos testemunhos dignos de confiança que falam de como o papa Luciani expressou seu desejo de reabilitar pessoalmente a figura de Rosmini.

Certamente, a obra mais famosa de Rosmini é Das cinco chagas da Santa Igreja. Ela foi inserida no Índice, mas foi também amplamente reabilitada mesmo antes do próprio Índice dos livros proibidos ter sido abolido...
SARAIVA MARTINS: Por certos aspectos, é um livro profético, antecipador, talvez até demais para seu tempo. E o destino dos profetas, na Bíblia, mas também – pobres de nós! – na história da Igreja, muitas vezes é serem pouco compreendidos e perseguidos.

Uma das cinco chagas indicadas por Rosmini é a das nomeações episcopais...
SARAIVA MARTINS: A questão das nomeações episcopais é um ponto sempre muito delicado na vida da Igreja. Eu me dou conta disso também por ser membro, há anos, da Congregação para os Bispos. Rosmini queria desarraigar a influência, já deletéria, que os poderes mundanos exerciam na escolha dos pastores e, por isso, desejava o retorno à antiga prática segundo a qual os bispos eram escolhidos pelo clero e pelo povo.

Essa prática pode realmente ser recuperada?
SARAIVA MARTINS: As normas com as quais se escolhem os bispos não são de direito divino e, portanto, podem ser sempre aperfeiçoadas. Mas um envolvimento direto, quase eletivo, dos fiéis leigos na escolha de um bispo seria impensável hoje. Basta pensar, entre outras coisas, no papel que poderiam desempenhar nesse sentido os meios de comunicação social. Na época de Rosmini, a televisão ainda não existia...

Uma outra chaga indicada por Rosmini diz respeito à liturgia...
SARAIVA MARTINS: Rosmini entendia o drama de uma liturgia que já não podia ser compreendida pelo povo e, muitas vezes, nem por parte dos próprios celebrantes. Nisso também, suas intuições anteciparam o movimento de renovação litúrgica e as exigências expressas na constituição Sacrosanctum Concilium, do Vaticano II.

Permita-me uma pergunta talvez um pouco extemporânea. Que atitude poderia ter Rosmini hoje diante do motu proprio Summorum pontificum?
SARAIVA MARTINS: A história não é feita de “se”. Mas eu não acredito que se Rosmini estivesse vivo hoje seria contrário ao motu proprio a que o senhor se refere. Mesmo porque ele tinha um elevado conceito de liberdade e teria recebido muito bem o gesto de um papa que concede a liberdade aos fiéis que lhe pedem licença para assistir a uma liturgia que, de qualquer forma, foi durante séculos a liturgia oficial da Igreja. Além disso, deve-se levar em conta que Rosmini desejava que tanto o clero quanto o povo pudessem entender e amar a liturgia, e com isso queria afirmar a necessidade de dar atenção também ao estudo da liturgia e não simplesmente – como alguns acreditam – a que fosse traduzida em língua corrente.

Que outros aspectos do Vaticano II foram antecipados por Rosmini?
SARAIVA MARTINS: Um dos aspectos que certamente teve Rosmini como percursor do último Concílio foi o da liberdade religiosa. Sobre esse tema, Rosmini foi realmente um antecipador incompreendido. A Dignitatis humanae lhe deve muitíssimo.

Quando Rosmini morreu, tinha menos de sessenta anos. Existe mesmo a possibilidade de que tenha sido envenenado?
SARAIVA MARTINS: De fato, na Positio preparada pelo padre Papa são relacionados testemunhos que nos levariam a pensar em várias tentativas de envenenamento de Rosmini. Todavia, faltam provas seguras nesse sentido. Mas não surpreende que o abade pudesse ser objeto de tentativas de eliminação física: ele certamente era uma figura incômoda, sobretudo para alguns centros de poder político.

O postulador da causa de Rosmini revelou que o custo total da causa, em si, e da cerimônia de beatificação é um tanto alto. Perdoe-me a formulação um pouco irreverente: é tão caro assim se tornar santo?
SARAIVA MARTINS: Não existe uma tabela de preços para se tornar beato ou santo. É claro que cada processo tem custos inevitáveis: o papel, a impressão, os justos honorários para os peritos leigos e eclesiásticos e para os postuladores e seus colaboradores. Devo acrescentar, nesse sentido, que para as causas, por assim dizer, “necessitadas” existe um fundo especialmente voltado à cobertura dessas despesas, ao qual é possível recorrer.

 Fonte: https://www.30giorni.it/

O Papa: reconduzir a uma nova vida aqueles que caem na escravidão das drogas

Audiência Geral de 26/06/2024, com o Papa Francisco (Vatican News)

A catequese de Francisco, na Audiência Geral, foi dedicada à trágica realidade da dependência de drogas no âmbito do Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas celebrado nesta quarta-feira, 26 de junho. Segundo o Papa, "a redução da dependência de drogas não pode ser alcançada através da liberalização do seu consumo, isto é uma ilusão". O Pontífice definiu os traficantes como "assassinos e traficantes de morte".

https://youtu.be/qnX2UH0V3hg

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Nesta quarta-feira (26/06), Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, o Papa Francisco dedicou sua catequese, na Audiência Geral, a este tema.

O Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1987. O tema deste ano é "A evidência é clara: investir na prevenção".

João Paulo II e Bento XVI sobre as drogas

São João Paulo II afirmou que "o abuso de drogas empobrece todas as comunidades onde está presente. Diminui a força humana e a fibra moral. Isso prejudica os valores estimados. Destrói o desejo de viver e contribuir para uma sociedade melhor". Francisco recordou que quem faz uso de drogas "traz consigo uma história pessoal diferente, que deve ser ouvida, compreendida, amada e, na medida do possível, sanada e purificada". Os usuários de drogas "continuam tendo uma dignidade enquanto pessoas filhas de Deus”. "Todo mundo tem dignidade", acrescentou o Papa.

"No entanto, não podemos ignorar as intenções e más ações dos distribuidores e traficantes de drogas. Eles são assassinos", sublinhou Francisco, recordando que o Papa Bento XVI usou palavras severas durante sua visita à comunidade terapêutica "Fazenda da Esperança"no Brasil, em 12 de maio de 2007. Assim disse Bento XVI: “Digo aos que comercializam a droga que pensem no mal que estão provocando a uma multidão de jovens e de adultos de todos os segmentos da sociedade: Deus vai exigir de vocês satisfações. A dignidade humana não pode ser espezinhada desta maneira”.

Pôr fim à produção e ao tráfico

Segundo o Papa, "a redução da dependência de drogas não pode ser alcançada através da liberalização do seu consumo, isto é uma ilusão, como foi proposto por alguns, ou já implementado, em alguns países. Se for liberalizada o consumo será maior".

“Tendo conhecido muitas histórias trágicas de usuários de drogas e suas famílias, estou convencido de que é moralmente necessário pôr fim à produção e ao tráfico destas substâncias perigosas.”

Quantos traficantes de morte existem, porque os traficantes de drogas são traficantes de morte! - quantos traficantes de morte existem, movidos pela lógica do poder e do dinheiro a qualquer custo! Esta praga, que produz violência e semeia sofrimento e morte, exige um ato de coragem de toda a nossa sociedade.

A prevenção para combater o abuso e o narcotráfico

"A produção e o tráfico de drogas também têm um impacto destrutivo na nossa casa comum", disse ainda o Papa, sublinhando que "isto tem se tornado cada vez mais evidente na bacia amazônica".

“Outra forma prioritária de combater o abuso e o narcotráfico é a prevenção, que se faz promovendo maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida pessoal e comunitária, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança para o futuro.”

O trabalho da Igreja

O Pontífice disse que em suas viagens em várias dioceses e países ele visitou "diversas comunidades de recuperação inspiradas no Evangelho". "São um testemunho forte e esperançoso do compromisso dos sacerdotes, das pessoas consagradas e dos leigos em pôr em prática a parábola do Bom Samaritano. Do mesmo modo, sinto-me confortado pelos esforços empreendidos por diversas Conferências Episcopais para promover legislação e políticas justas relativas ao tratamento das pessoas dependentes do consumo de drogas e à prevenção para deter este flagelo", disse ainda Francisco.

O Papa citou como exemplo a rede da Pastoral latino-americana de Acompanhamento e Prevenção das Dependências (PLAPA). "O estatuto desta rede reconhece que 'a dependência do álcool, das substâncias psicoativas e de outras formas de dependência (pornografia, novas tecnologias, etc.) é um problema que nos afeta indistintamente, para além da diversidade dos contextos geográficos, sociais, culturais, religiosos e etários. Apesar das diferenças, queremos organizar-nos como rede: partilhar experiências, o entusiasmo e as dificuldades'".

Francisco mencionou também os Bispos da África Austral, que em novembro de 2023 convocaram um encontro sobre o tema “Capacitar os jovens como agentes de paz e de esperança”. Os representantes da juventude presentes na reunião reconheceram aquela assembleia como um “marco significativo para uma juventude saudável e ativa em toda a região”. Prometeram ainda: “Aceitamos o papel de Embaixadores e Defensores que vão lutar contra o uso de substâncias. Pedimos a todos os jovens que tenham empatia uns com os outros em todos os momentos”.

Não ficar indiferentes

“Queridos irmãos e irmãs, perante a trágica situação da dependência de drogas de milhões de pessoas em todo o mundo, perante o escândalo da produção e do tráfico ilícito de drogas, “não podemos ficar indiferentes. O Senhor Jesus parou, fez-se próximo, curou as feridas.”

Seguindo "o estilo da sua proximidade, também nós somos chamados a agir, a parar diante de situações de fragilidade e de dor, a saber escutar o grito da solidão e da angústia, a inclinar-nos para levantar e reconduzir a uma nova vida aqueles que caem na escravidão das drogas". "Rezemos também pelos criminosos que gastam e fornecem drogas aos jovens: são criminosos, são assassinos. Rezemos por sua conversão", disse ainda o Papa.

Por fim, neste Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, Francisco convidou a renovar "como cristãos e comunidades eclesiais o nosso compromisso de oração e de combate às drogas".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Josemaria Escrivá

São Josemaria Escrivá (A12)
26 de junho
São Josemaria Escrivá

Josemaría Escrivá de Balaguer nasceu em Barbastro na Espanha, em 9 de janeiro de 1902. Ele cresce uma família católica, ele era o segundo de um total de seis filhos do casal José Escrivá e Maria Dolores Alba.

Já na infância ele se depara com as dores da vida, entre os anos de 1910 e 1913, as três irmãs mais novas morreram. Já no final de 1914, sua família se muda para Logronho, pois a empresa de seu pai faliu.

Em 1917, Josemaría sente o chamado de sua vocação, a partir de um fato inusitado, ao perceber as pegadas de um carmelita que caminhava descalço na neve, ele se sentiu tocado por Deus e que precisava se entregar ao serviço de Deus.

Em 1918 iniciou seus estudos no Seminário de Logronho, como aluno externo, em 1920, entrou para o Seminário de São Carlos, de Saragoça.

No dia 28 de Março de 1925, foi ordenado sacerdote na capela do Seminário. No dia 30, celebrou a primeira Missa na Basílica do Pilar, em sufrágio pela alma do pai que havia falecido há quatro meses. Passou a exercer o ministério em um povoado rural. Depois, trabalhou em Saragoça. Autorizado pelo bispo, foi para Madri em 1927, onde se formou em Direito.

Em 2 de outubro de 1928, Josemaría participava de um retiro espiritual e, enquanto meditava, “vê” a missão que o Senhor lhe chamava: iniciar um novo caminho vocacional na Igreja, promover a busca da santidade e o apostolado através da santificação do trabalho ordinário no meio do mundo, sem mudar de status. Nascia assim a Opus Dei. Poucos meses depois, o Senhor o fez compreender que deveria incluir também as mulheres.

Em 24 de fevereiro de 1947, o Papa Pio XII concedeu o decretum laudis e, em 16 de junho de 1950, a aprovação definitiva.

São Josemaría Escrivá morreu por causa de uma parada cardíaca, no dia 26 de junho de 1975. Ele estava em seu escritório, aos pés de uma imagem de Nossa Senhora de Guadalupe.

A Opus Dei já estava presente nos cinco continentes, tendo mais de sessenta mil membros em oitenta países.

 Foi beatificado em 17 de maio de 1992 e sua canonização aconteceu no dia 6 de outubro de 2002, em cerimônia celebrada pelo papa São João Paulo II.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

O objetivo do Opus Dei é elevar a Deus toda realidade criada, com a ajuda da graça, para que Cristo reine em todos e em tudo; conhecer Jesus Cristo, torná-lo conhecido, levá-lo a todos os lugares. Imagino que de tudo tirais oportunidade para ter intimidade com Deus e com a sua Mãe bendita, nossa Mãe, e com São José, nosso Pai e Senhor, e com os nossos Anjos da Guarda, para ajudar a Igreja Santa, nossa Mãe, que está tão necessitada, que está a passar tão mal no mundo, neste momento! Temos de amar muito a Igreja e o Papa, seja ele quem for. Pedi ao Senhor que o nosso serviço seja eficaz para a sua Igreja e para o Santo Padre”.

Oração:

“Ó Deus, que por mediação da Santíssima Virgem Maria, concedestes inumeráveis graças a São Josemaria, sacerdote, escolhendo-o como instrumento fidelíssimo para fundar o Opus Dei, caminho de santificação no trabalho profissional e no cumprimento dos deveres cotidianos do cristão, fazei que eu saiba também converter todos os momentos e circunstâncias da minha vida em ocasião de Vos amar, e de servir com alegria e com simplicidade a Igreja, o Romano Pontífice e as almas, iluminando os caminhos da terra com o resplendor da fé e do amor. Concedei-me por intercessão de São Josemaria o favor que vos peço... Assim seja. Pai Nosso, Ave-Maria, Glória.”


Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 25 de junho de 2024

Um grande cristão (1)

A igreja de São Marcos, em Rovereto, onde Rosmini foi batizado em 25 de março de 1797; Rosmini foi pároco dessa mesma igreja, de 1834 a 1835, mas antes, em setembro de 1823, organizou nela o Panegírico à santa e gloriosa memória de Pio VII | 30Giorni

Arquivo 30Dias - 09/2007

Um grande cristão

Entrevista com o cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos: “Beatifica-se uma límpida figura sacerdotal, que ofereceu toda a sua pessoa a Jesus e à Igreja. Que sofreu por isso. Uma figura que foi guia e conforto para muitos cristãos que vieram depois dele”.

Entrevista com o cardeal José Saraiva Martins de Gianni Cardinale

“Estou realmente contente pelo fato de Antonio Rosmini ser finalmente elevado à glória dos altares. Estou contente pela Igreja e, se me permitem, também pessoalmente. Desde minha época como professor na Pontifícia Universidade Urbaniana, sempre citei com prazer os escritos esclarecedores desse grande, agudo, profético pensador.” O cardeal José Saraiva Martins já está preparando com muito cuidado a homilia que pronunciará em novembro próximo, em Novara, quando presidirá à celebração com a qual o grande sacerdote de Rovereto será inscrito no álbum dos beatos. E não esconde sua satisfação pessoal por ter finalmente chegado esse momento eclesial tão importante. Até porque, realmente, não é todos os dias que um eclesiástico que teve proposições suas condenadas formalmente pelo Santo Ofício recebe uma reabilitação tão completa.

Eminência, por que o senhor parece tão contente por poder presidir à beatificação de Rosmini?
JOSÉ SARAIVA MARTINS: Porque se trata de uma límpida figura sacerdotal, que ofereceu toda a sua pessoa a Jesus e à Igreja. Que sofreu por isso. Uma figura que foi guia e conforto para muitos cristãos que vieram depois dele. Cristãos que pertencem à esfera intelectual, pois Rosmini era um grande pensador, mas também simples fiéis, tocados pelo testemunho dos religiosos e das religiosas das congregações fundadas pelo abade de Rovereto. Rosmini é realmente um cristão que viveu da maneira mais elevada as virtudes humanas e cristãs.

No entanto, no caso de Rosmini, não foi fácil fazer que essas virtudes fossem reconhecidas...
SARAIVA MARTINS: De fato, a causa de beatificação – imagino que o senhor esteja se referindo a isso – foi particularmente complexa. Por uma série de motivos.

Em primeiro lugar, motivos doutrinais.
SARAIVA MARTINS: Realmente, os escritos de Rosmini foram objeto de críticas por parte de outros eclesiásticos, críticas que culminaram no decreto Post obitum, do então Santo Ofício, no qual eram condenadas quarenta proposições extraídas de suas obras. Mas era uma condenação póstuma, posterior a sua morte – post obitum, justamente – e, portanto, Rosmini não pôde se defender; além disso, eram proposições extrapoladas de seu contexto, por isso interpretadas de maneira arbitrária.

Entre os “inimigos” históricos de Rosmini, estão os jesuítas...
SARAIVA MARTINS: São algumas personalidades da Companhia de Jesus da época. Mas os jesuítas, já há bastante tempo, mudaram de opinião. Seu atual preposto-geral, Kolvenbach, escreveu um artigo na revista Filosofia oggi (f. IV/1997) no qual caracteriza Rosmini como um profeta do terceiro milênio. Nesse artigo, Kolvenbach diz: “Ao longo de sua vida, alguns jesuítas, ‘não destacados’, para dizer a verdade, publicaram libelos contra ele. [...] É oportuno lembrar que esses jesuítas, agindo fora das normas de obediência, foram desaprovados pelo preposto-geral, padre Jan Roothaan”. Além disso, há alguns anos, La Civiltà Cattolica publicou um artigo “reparador”, escrito pelo saudoso bispo rosminiano Clemente Riva; é um fato muito inusitado, visto que nessa publicação só aparecem artigos assinados por padres jesuítas.

Padre Cornelio Fabro, crítico não arrependido de Rosmini, escreveu que a mudança de opinião dos jesuítas seria devida a um “complexo de culpa exasperado”.
SARAIVA MARTINS: É verdade que o falecido padre Fabro manteve seu juízo negativo sobre Rosmini. Um juízo respeitável, mas hoje extremamente minoritário.

Seja como for, o fato é que a condenação do decreto Post obitum acabou por ser retirada.
SARAIVA MARTINS: Efetivamente, a Congregação para a Doutrina da Fé, guiada pelo cardeal Ratzinger, estudou de novo a questão rosminiana e estabeleceu que, apesar do decreto Post obitum, nada obstava à beatificação do religioso.

Outro aspecto prejudicial à causa de Rosmini foi o político, com seu ativismo em favor de uma unidade política da Itália e sua aversão ao domínio austríaco, de resto correspondida...
SARAIVA MARTINS: As idéias e opiniões políticas, por si sós, não são determinantes para a beatificação. Na verdade, a Igreja já elevou à glória dos altares o papa Pio IX, que, justamente no campo político, depois de um entendimento inicial, também fez avaliações divergentes das de Rosmini. O que se pode dizer é que a história, depois, encaminhou-se por trilhos que o próprio Rosmini de certa forma imaginara.

Na Positio preparada pelo padre Papa são relacionados testemunhos que nos levariam a pensar em várias tentativas de envenenamento de Rosmini. Todavia, faltam provas seguras nesse sentido. Mas não surpreende que o abade pudesse ser objeto de tentativas de eliminação física

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF