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segunda-feira, 1 de julho de 2024

Com os braços abertos a todos. A visita de São Josemaria Escrivá ao Brasil (5)

A visita de São Josemaria Escrivá ao Brasil | Flickr-Photos/Opus Dei

Com os braços abertos a todos. A visita de São Josemaria Escrivá ao Brasil

1974. São Josemaria Escrivá esteve 15 dias no Brasil. Que mensagem deixou aos brasileiros? Qual foi a sua impressão sobre o país? Este artigo inédito descreve como foram organizados os encontros com o fundador do Opus Dei em São Paulo, e resume a sua mensagem.

29/08/2017

e) Caridade na família

Foram abundantes os conselhos de São Josemaria para a vida familiar. A formação dos filhos vinga em um ambiente de bom exemplo e de liberdade. «E além disso, ensina-os com o exemplo. E quando vão sendo mais velhos, você vai lhes dando corda, um pouquinho de corda, um pouquinho de liberdade para que a administrem, dando-lhes responsabilidade»[113]. Em muitas ocasiões, aproveitou para animar a ser generosos em relação aos filhos que Deus poderia enviar a cada casal: «Sou muito amigo das famílias numerosas, mas também sou amigo das famílias que têm menos filhos ou que não têm nenhum, porque Deus não os dá»[114]. Logo em seguida, deixou claro que as famílias que evitam os filhos por motivos egoístas, as que «cortam as asas ao amor» como disse, não agradavam a Deus.

Voltou a falar da liberdade ao responder a pergunta de um problema tão comum de uma mãe, que pediu uma orientação a respeito de até onde podia chegar sua exigência com os filhos para irem à Missa.

Você tem a obrigação de ensinar aos teus filhos as obrigações do cristão: com o catecismo. [...] Depois, se eles vão crescendo, você lhes dá um pouquinho mais de liberdade cada dia, com responsabilidade pessoal. Que saibam que terão que prestar contas a Deus; que quando esta terra se acaba, esta vida se acaba, está a vida eterna. [...] Mas você não pode obrigar os seus filhos já crescidos a que cumpram pela força as obrigações religiosas. Não pode pegá-los pelas orelhas e dizer: eu o levo à Missa. Porque ainda que os leve materialmente à Missa, se não querem assistir, não assistem[115].

Aos filhos sempre recomendava uma obediência carinhosa, cheia de sentido sobrenatural e um pouco de esperteza, para saber conquistar os pais, porque é um dever de cristã: sujeição, carinho, obediência, respeito, afeto, sacrifício voluntário e – o que eu gosto de ensinar como mortificação suprema – mostrar o sorriso na sua boca. Sorria! [...] Não discuta, não discuta com os seus... Mostrará o que é sua vocação com sua boa conduta, não discutindo. [...] Disputas não. Conduta boa, conduta melhor. E os conquistará e se entusiasmarão. [...] Desde já os queremos muito. Por que não lhes fala sinceramente? Você tem que ser muito sincera: diga-lhes, sinceramente, que me perguntou isso[116].

Animava os filhos a desejarem a felicidade dos pais na terra e, sobretudo, no céu. O caminho para isso era sempre o mesmo: sendo bons filhos, porque assim eles conseguirão que o pai e a mãe sejam cada dia melhores[117].

Os conselhos para a vida de relação entre marido e mulher foram também muito concretos, diretos e abundantes. Interessante notar sua capacidade, muito patente em todas as respostas sobre este tema, de fugir das regras vazias, do puro legalismo, que marcavam a pregação e os manuais de moral da época, e permanecem na mentalidade atual. Para uma senhora, dizia: «Cada dia deve procurar conquistar o teu marido, e ele a você. Entende? Por isso, o Senhor a conserva assim, bonita... e atraente. [...] Você se sentirá sempre jovem se olhar o seu marido como o que ele é: uma grande parte do seu coração, todo o seu coração!; se souber que ele é seu e você é dele, se souber que tem a obrigação de fazê-lo feliz, de participar das suas alegrias e das suas penas, da sua saúde e das suas doenças...»[118]. Com enorme empatia, e recebendo os sorrisos complacentes das esposas, continuava lembrando que os maridos deveriam ser os “filhos caçulas”, e animava a desculpá-los, compreendê-los, mimá-los, para serem elas também desculpadas e compreendidas. Dava conselhos semelhantes, muito práticos, também aos maridos.

Neste contexto de fina e exigente caridade, aconselhava não mortificar o outro cônjuge, infundir sempre alegria e paz no lar, chegando aos pormenores do cuidado da aparência, da comida, sempre tendo como fim a caridade. A soberba é a origem de todas as desavenças e, por isso, animava a aprender a pedir perdão, a lembrar-se dos primeiros encontros, especialmente nos momentos de desavença. Costumava também aconselhar a nunca brigar diante dos filhos, e não cegar as fontes da vida, para deixar que o Senhor mande as criaturas que queira e, depois, recebê-las com amor, como verdadeiras bênçãos de Deus. No contato da alma com Deus, há uma relação direta entre fidelidade e felicidade, e reafirmou esta ideia também para o matrimônio[119].

Era patente a sua emoção e carinho diante das pessoas que trabalham no lar, como dedicação profissional. Não poupou elogios ao responder a uma empregada doméstica que pedia um conselho para convencer às suas amigas para que apreciem este trabalho. «Escuta, minha filha, eu acho que um dos trabalhos principais que se faz no mundo é o de empregada doméstica. Por isso são tão escassas as empregadas, por isso vocês são tão interessantes [...]. Vocês são as que têm mais possibilidades de fazer o bem e mais possibilidades de destruir uma família»[120].

A uma mãe que parecia não entender tão bem a vocação de entrega a Deus no Opus Dei dos seus filhos ou parentes, o fundador mostrou o espírito de fraternidade que sempre se viveu no Opus Dei.

Você, para ser mãe de família, teve de desapegar-se um pouco do lar dos seus pais, não é assim? Por que pensa que os outros, se vão servir Nosso Senhor no meio da rua, iriam desprender-se do amor dos seus pais? De forma alguma! Acendem-no, melhoram-no, sublimam-no... [...] se você tem perto de si almas que vieram ao Opus Dei, agora, depois de virem ao Opus Dei, amarão você tanto e mais do que antes... Pode estar segura... Não nos vê? Não nos vê, que tudo é caridade, que tudo é compreensão,? [...] que sabemos conviver com todos, desculpar a todos, perdoar a todos, amar a todos?[121].

f) Espírito do Opus Dei

Para terminarmos este apanhado dos temas, ressaltamos que nestes dois encontros que estamos analisando foram pouquíssimas as referências diretas sobre o Opus Dei, instituição que tinha fundado e com a qual a grande maioria dos presentes estavam relacionados. Seu espírito, que leva a viver com naturalidade a fé no meio do ambiente de cada um, não necessita maiores explicações. Ao mesmo tempo, todos os temas que tratam dos afãs humanos, da busca da santidade e do apostolado, referem-se já ao espírito do Opus Dei, espírito universal, que abrange todos os aspectos da vida cotidiana do homem comum. Não era necessário fazer propaganda da sua instituição, pois é essencial no espírito do Opus Dei a naturalidade, a mesma que viviam os primeiros cristãos. No entanto, era subjacente na sua catequese a difusão desse espírito, como difusão da santidade na vida ordinária[122].

Em uma das intervenções, São Josemaria sentiu a necessidade de explicar diretamente um traço do espírito do Opus Dei. Ocorreu quando uma pessoa sugeriu-lhe a necessidade de uma fusão de todos os católicos, com o objetivo de aumentar a eficácia na luta contra as ideologias anticristãs, as “forças do mal”, dizia, através de um controle centralizado do apostolado, normalmente por parte da hierarquia. O santo explicou que tinha outro espírito, o da liberdade e iniciativa pessoal. O Opus Dei, como instituição, tem a função de formar as pessoas para que cada um, no seu próprio local de trabalho, faça apostolado, unindo-se a outros ou não. De qualquer forma, o dever de fazer apostolado é de todo batizado, independente de um mandato oficial da hierarquia. A minha tarefa, dizia, «é falar do estritamente espiritual. Você faz muito bem em unir [sua iniciativa associativa] ao espiritual [...]. Respeito, merece toda a minha simpatia, mas eu vou por outro lado. [...] Eu só falo, exclusivamente, do puramente espiritual, da doutrina de Jesus Cristo no Santo Evangelho, daquela que repetiam os Apóstolos [...]. Este é o meu trabalho, e o seu é esse que disse, que é encantador. Você continue adiante e eu continuo adiante»[123].

CONCLUSÃO. UM PAI QUE VEIO PARA ESTAR COM SEUS FILHOS

Depois de relatar algumas das circunstâncias dos dois encontros gerais, as características do diálogo de São Josemaria com o público, e indicar os principais temas tratados, surge naturalmente a pergunta: qual foi a sua mensagem principal no Brasil? O que quis transmitir às pessoas com quem se encontrou? Certamente, o que dissemos até aqui e a agrupação que fizemos dos temas tratados, que sabemos estar longe de uma formulação definitiva, não nos tornam capazes de responder a essas perguntas.

Como fizemos referencia ao princípio deste artigo, a historiografia fala que sua viagem teve o propósito de difundir a doutrina. Segundo a opinião de Peter Berglar, dentro dos amplos aspectos que as respostas de mons. Escrivá de Balaguer abordaram durante suas viagens à América, destacam-se três pontos capitais: um sim à vida, dom de Deus, e às famílias numerosas; uma fidelidade à tradicional doutrina de fé da Igreja; uma recomendação insistente de acudir ao Sacramento da Confissão[124]. Na sua estadia no Brasil, e particularmente nos dois encontros gerais, deixou clara a sua preocupação com estes temas. Incentivava a lealdade ao Magistério e explicava a missão da Igreja de guardar e transmitir este depósito sem alterá-lo[125]. Fez uma vibrante propaganda da confissão sacramental, e elogiou todas as famílias que estão abertas à vida, numerosas ou não. Sem dúvida estes três aspectos encontram-se presentes no conjunto da mensagem de São Josemaria no Brasil; contudo, parece-nos que não é possível, dentro do que pudemos analisar, afirmar que estas foram as suas mensagens principais.

Perguntamos a muitas pessoas que estiveram presentes nestes encontros e, surpreendentemente, quase todas responderam que não tinham a impressão de receber nenhuma mensagem deliberada, no sentido estrito da palavra[126]. Por outro lado, todos, sem exceção, manifestaram ter ficado muito impressionados, felizes, com uma grande paz. A presença do fundador «aumentava a temperatura interior»[127], dava segurança, tranquilidade e, para os membros, a certeza de que estavam todos trabalhando em algo muito grande, de que o Opus Dei, em breve, se estenderia por todo o Brasil[128].

Estes testemunhos, o diário escrito no calor da hora e, naturalmente, a análise das suas palavras, deixaram patentes que, mais do que transmissão oficial de uma mensagem, sua viagem foi a de um pastor que veio cuidar do seu rebanho. Sua mensagem foi a sua presença, uma presença que confirmava os seus interlocutores na fé em Deus e na Igreja[129]. Muitas vezes dizia que tinha vindo para aprender[130]; em outras palavras, veio mais para estar do que falar com as pessoas, e não dizia isso como uma demonstração de simpatia, quase contradizendo a numerosa plateia atenta às suas palavras. Sentia-se como um pai que quer estar com sua família, e sabe que bastava a sua presença para consolar, confirmar e fazer-se entender. Tinha a consciência clara de possuir o carisma exclusivo de fundador e, ao longo dos dias em que esteve no Brasil, com grande simplicidade e confiança, transmitiu paternalmente suas experiências pessoais, deixando uma grande quantidade de relatos da história do Opus Dei e alusões autobiográficas. Esta atitude lembra a de São Paulo, nas primeiras viagens pastorais da história da Igreja: «Desejo ardentemente ver-vos, a fim de comunicar-vos alguma graça espiritual, com que sejais confirmados, ou melhor, para me encorajar juntamente convosco naquela vossa e minha fé que nos é comum»[131].

São Josemaria ficou admirado com o país. «O Brasil! O primeiro que vi foi uma mãe grande, formosa, fecunda, terna, que abre os braços a todos sem distinção de línguas, de raças, de nações, e a todos chama filhos. Grande coisa é o Brasil!»[132]. De fato, ao longo de sua estadia, captou muito rápido a idiossincrasia do povo brasileiro e, com a acuidade dos santos, ao mesmo tempo em que se surpreendia, surpreendeu os membros do Opus Dei com as observações que fazia sobre o país. Observou o clima de convivência, de fraternidade e de afeto entre todos. Reconheceu a raiz católica desta atitude, tão culturalmente assimilada em um país de dimensões continentais[133]. O funda- dor passou a pensar que o Brasil é um dom de Deus ao mundo. E desta percepção nasceu um lema, amplamente repetido, na sua catequese: «no Brasil e a partir do Brasil», porque mons. Escrivá viu que o Brasil poderia ajudar muito na difusão do Evangelho por todo o mundo. Essa impressão que São Josemaria teve do Brasil foi confirmada em várias ocasiões posteriores pelo beato Álvaro[134].

Este sonho do fundador, forjado ao longo dos 17 dias que esteve no país, manifestou-se na fórmula da bênção que deu ao final de uma tertúlia com os diretores da Comissão, membros dos Conselhos locais e numerários mais velhos, na sala de estar da sede da comissão no dia 29 de maio, e que passou a ser conhecida como a “bênção patriarcal”: «Que vos multipliqueis: como as areias das vossas praias, como as árvores das vossas montanhas, como as flores dos vossos campos, como os grãos aromáticos do vosso café. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo»[135]. Depois, repetiu mais duas vezes esta mesma benção, com o desejo de que “vos multipliqueis”, com ligeiras variações nas imagens utilizadas. Nas vésperas da sua partida, após mostrar uma placa com estas palavras que tinham feito as suas filhas na Administração do Sumaré, acrescentou sorrindo: «Este Brasil da minha alma, que me fez poeta! Dei-vos a bênção dos patriarcas sem me dar conta»[136].

Depois de aprender e captar o Brasil, mons. Escrivá passou a desejar ardentemente «levar esse empenho de caridade, de fraternidade, de compreensão, de amor, de espírito cristão a todos os povos da terra»[137]. Para isso era necessário que o trabalho de apostolado se estendesse por todo o Brasil. Manifestou às pessoas próximas, no final da sua visita, que passara a sonhar com o dia em que não haveria nenhum recanto do imenso país sem o calor de um lar do Opus Dei. Enfim, o fundador do Opus Dei não trouxe para o Brasil uma mensagem, mas deixou um sonho, o de estender o trabalho apostólico pelo Brasil e, a partir dele, por todo o mundo. Essa foi a mais clara “orientação” que deu para os brasileiros[138].

No final da tertúlia no Palácio Mauá, antes de despedir-se, sempre do modo espontâneo que caracterizava o seu diálogo, São Josemaria dirigiu-se a todos, e disse umas palavras que podem ser consideradas a recapitulação de tudo o que tinha falado. Pensamos também que é um resumo do que acabou por transmitir aos brasileiros.

Meus filhos, vocês não têm consciência o bastante da bênção de Deus que receberam ao viver nesta grande nação brasileira. Mas, amem sua fé católica!, amem sua fé cristã! Não esqueçam que a Igreja está fundada por Jesus Cristo de uma maneira hierárquica; que não há duas Igrejas, há ape- nas uma. Não esqueçam que a Igreja não muda, que é a de sempre. Rezem como rezavam nossas mães e nossos avós. Coloquem o mesmo empenho em lutar contra vós mesmos: eu também o farei. Vamos ser fiéis ao Se- nhor! E todas estas grandezas naturais do Brasil se converterão em bênçãos sobrenaturais; não só para o Brasil, mas para o mundo inteiro. Eu disse, desde o primeiro dia que pisei esta terra bendita, que estou maravilhado, que estou feliz, porque contemplo o que se pode fazer, o que se faz, e o que se fará no Brasil e a partir do Brasil[139].

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Alexandre Antosz Filho, sacerdote. Licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Paraná, mestre em História pela Universidade de São Paulo e doutor em Teologia (especialidade em História da Igreja) pela Pontificia Università della Santa Croce (Roma). e-mail: alexantosz@gmail.com

Notas:

[113]«Ya demás les enseñas con el ejemplo. Y cuando van siendo mayores, les va dando cuerda, un poquito de cuerda, ¿eh?... Un poquito de libertad, para que la administren. Dándoles responsabilidad» Anhembi, 7,2 [tradução nossa].

[114] «Soy muy amigo de las familias numerosas, pero también soy amigo de las familias que tienen menos hijos o que no tienen ninguno porque Dios no se los da. No soy amigo de las familias que... por egoísmo, cortan las alas del amor y hacen el amor estéril e infecundo». Anhembi, 7,10-8,3 [tradução nossa].

[115] «Tú tienes la obligación de enseñar a tus hijos las obligaciones de cristiano: con el cate- cismo. [...] Después, si ellos van haciéndose mayores, tú les das un poquito más de libertad cada día, con responsabilidad personal. Que sepan que tendrán que dar cuenta a Dios; que cuando esta tierra se acaba, esta vida se acaba, está la vida eterna. [...] Pero tú no puedes obligar a tus hijos mayores a que cumplan por la fuerza las obligaciones religiosas. No les puedes coger por las orejas y decir: yo te llevo a Misa. Porque aunque los lleves materialmente a Misa, si no la quieren oír no la oyen». Mauá, 3,5-3,6 [tradução nossa].

[116]«Porque es un deber cristiano: sujeción, cariño, obediencia,r espeto, afecto, sacrificio gustoso y –lo que a mí me gusta señalar como mortificación suprema– muestra la sonrisa en tu boca, ¡sonríe! [...] No discutas, no discutas con los tuyos... Tú enseñarás lo que es tu vocación con tu conducta buena, no discutiendo. [...] Disputas no. Conducta buena, conducta mejor. Y los arrastrarás y se entusiasmarán... [...] Pero ya los queremos mucho. [...] ¿Por qué no les hablas sinceramente? Tienes que ser muy sincera: diles, sinceramente, que me has preguntado eso». Mauá, 14,8-15,11 [tradução nossa].

[117] Mauá, 17,9-17,10.

[118] «Cada día debes procurar conquistar a tu marido,yélati.¿Oyes?Por eso el Señor te conserva así de guapa... y de atrayente... [...] Te sentirás siempre joven se miras a tu marido como lo que es: una gran parte de tu corazón, ¡todo tu corazón!; si sabes que él es tuyo y tu eres de él, si sabes que tienes la obligación de hacerlo feliz, de participar de sus dichas y de sus penas, de su salud y de su enfermedad...». Anhembi, 10,15-12,2 [tradução nossa].

[119] Entre outras respostas citadas, Anhembi, 22,1.

[120] «Oye, hija mía, yo entiendo que uno de los trabajos principales que se hacen en el mundo es el de empleada del hogar; por eso escasean tanto ahora las empleadas. Por eso sois tan interesantes. [...] Sois las que tenéis más posibilidades de hacer el bien y más posibilidades de destruir una familia». Anhembi, 9,5-9,6 [tradução nossa].

[121] «Tú,para ser madre de familia, tuviste que separate un poco del hogar de tus padres,¿no es así? ¿Por qué piensas que los demás, si van a servir a Nuestro Señor en medio de la calle, van a desprenderse del amor de sus padres? ¡De ninguna forma! Lo encienden, lo mejoran, lo subliman... [...] Si tienes cerca de ti almas que han venido al Opus Dei, ahora, después de venir al Opus Dei, te quieren tanto y más que antes... Puedes estar segura... Pero, ¿no nos ves? ¿No nos ves, que es todo caridad, que es todo compresión; [...] que sabemos convivir con todos, disculpar a todos, perdonar a todos, amar a todos?». Mauá, 11,3-11,6 [tradução nossa].

[122] Entrevista com Alfredo Canteli, 9 de junho de 2014.

[123] «A mí me toca sólo hablar de lo estrictamente espiritual. Tú haces muy bien en unir [tu iniciativa] a lo espiritual [...]. Lo respeto, me merece toda la simpatía, pero yo voy por otro lado. Yo sólo hablo, exclusivamente, de lo puramente espiritual, de la doctrina de Jesucristo en el Santo Evangelio, de aquella que repetían los Apóstoles [...]. Esta es mi labor, y la tuya ésa que has dicho, que es encantadora. Tú adelante, y yo adelante». Mauá, 4,6-4,7 [tradução nossa].

[124] Cfr. Berglar, Opus Dei, p. 291.

[125] Entrevista com Francisco Faus Pascuchi, 13 de junho de 2014.

[126] Além dos testemunhos já citados neste artigo e que compartilham esta opinião, corroboraram também Rafael Llano Cifuentes, Paulo Sertek, Homero Luis Piccolo, Élcio Carillo, entre outros. Isso foi perguntado pelo autor a mais de 20 pessoas diferentes. Nenhuma delas afirmou claramente que São Josemaria veio com alguma mensagem específica para o Brasil.

[127] Entrevista com José Luiz Díez Hernández, 23 de fevereiro de 2014.

[128] Entrevista com Luis Roberto Barros, 20 de junho de 2014 e Francisco Faus Pascuchi, 13 de junho de 2014.

[129] Entrevista com Alfredo Canteli, 9 de junho de 2014.

[130] O Diário da Casa Nova, 2a parte , p. 7, ao comentar o início da tertúlia, chama a atenção para esta expressão do fundador.

[131] Rom 1, 11-12

[132] «¡El Brasil!, lo primero que he visto es una madre grande, hermosa, fecunda, tierna, que abre los brazos a todos sin distinción de lenguas, de razas, de naciones, y a todos los llama hijos. ¡Gran cosa el Brasil!». Anhembi, 1,3 [tradução nossa].

[133] Cfr. Vicente Ancona Lopez, Prefácio à segunda edição, em Faus, São Josemaria, pp. 7-8.

[134] Entrevista com Alfredo Canteli, 9 de junho de 2014.

[135] Diário da primeira estadia, p. 66. Relatado também em Faus, São Josemaria, pp. 139-140.

[136] Diário da Casa Nova, 2a parte , pp. 14-15.

[137] Cfr. Ancona Lopez, Prefácio, p. 9.

[138] Entrevista com Alfredo Canteli, 9 de junho de 2014.

[139] «!Hijos! no os dais bastante cuenta de la bendición de Dios que es para vosotros vivir en esta gran nación brasileña. Pero ¡amad vuestra fe católica!, ¡amad vuestra fe cristiana! No olvidéis que la Iglesia está fundada por Jesucristo de una manera jerárquica; que no hay dos Iglesias, que hay una. No olvidéis que la Iglesia no cambia, que es la de siempre. Rezad como rezaban nuestras madres y nuestros abuelos. Poned el mismo empeño en luchar contra vosotros mismos: yo también lo pondré. ¡Vamos a ser fieles al Señor! y todas estas grandezas naturales del Brasil se convertirán en bendiciones sobrenaturales; no sólo para el Brasil, sino para el mundo entero. Yo os he dicho, desde el primer día que he pisado esta tierra bendita, que estoy encantado, que estoy feliz, porque contemplo lo que se puede hacer, lo que se hace, y lo que se hará en Brasil y desde el Brasil». Mauá, 19,4 [tradução nossa].

*Fim*

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Dom Sorrentino: Assis se prepara para a canonização de Carlos Acutis

Beato Carlos Acutis (Vatican News)

Dom Sorrentino: "No Santuário da Espoliação, Francisco e Carlos formam uma equipe excepcional para o anúncio do Evangelho." Está saindo a nova edição do livro "Originais não fotocópias, Carlos Acutis e Francisco de Assis".

Vatican News

“Estamos felizes que o Papa tenha anunciado, junto com muitos outros santos, a canonização do Beato Carlos Acutis, cujos restos mortais estão preservados no Santuário da Espoliação em Assis. A data ainda não está definida, mas temos a certeza de que o Santo Padre vai escolher uma ocasião significativa, imaginamos no próximo ano jubilar, para que o testemunho do nosso Carlos continue impactando as consciências, especialmente dos jovens e adolescentes, mas não só, suscitando um grande amor por Jesus Eucaristia e um grande desejo de santidade em suas pegadas e nas dos Santos que o inspiraram, de modo especial Francisco de Assis”.

Foi o que disse o bispo da diocese de Assis – Nocera Umbra – Gualdo Tadino e Foligno, dom Domenico Sorrentino, após o Consistório realizado nesta segunda-feira, 1º de julho, durante o qual o Papa decretou que o Beato Manuel Ruiz López e sete companheiros, Francesco Mooti e Raffaele Massabki, Giuseppe Allamano, Marie-Léonie Paradis e Elena Guerra sejam inscritos no Álbum dos Santos no domingo, 20 de outubro de 2024, enquanto o Beato Carlos Acutis será inscrito em data a ser determinada.

“Nestes meses – continuou o bispo – a nossa Igreja de Assis fará o possível para acolher tantos peregrinos e devotos que se multiplicam no mundo. Francisco e Carlos juntos formam uma equipe excepcional para o anúncio do Evangelho, mostrando a verdade daquilo que o Beato Carlos gostava de dizer aos jovens: “Só Jesus é capaz de tornar originais e não fotocópias, enchendo de alegria a nossa vida”.

O livro que estou republicando (Originais não fotocópias, Carlos Acutis e Francisco de Assis, Edições Franciscanas Italianas) integrada e aumentada - acrescentou dom Sorrentino - mostra isso de modo convincente, porém, mais ainda mostram isso os rostos dos jovens e dos peregrinos que vêm ao nosso Santuário e que, a partir do contato com os restos mortais de Carlos e atravessando a porta de Francisco, sentem-se impelidos a rever a própria existência na direção do Evangelho. Este lugar - concluiu o bispo - se converteu em pouco tempo num verdadeiro vulcão em erupção de graça e santidade".

No final de maio, o Papa Francisco reconheceu um novo milagre por intercessão de Carlos Acutis, autorizando o Dicastério para as Causas dos Santos a publicar o respectivo decreto. Trata-se do milagre alcançado por Valéria, uma jovem da Costa Rica e estudante universitária em Florença, que em julho de 2022 caiu da bicicleta e entrou em coma irreversível. No Hospital Careggi ela foi diagnosticada com um traumatismo craniano muito grave e suas esperanças de vida eram nulas. Sua mãe, Liliana, foi a Assis seis dias depois para recomendar sua filha ao Beato Carlos e passou o dia inteiro ajoelhada diante de seu túmulo. À noite, ela recebeu um telefonema do hospital informando-a da melhora repentina e inexplicável de sua filha: Valéria voltou a respirar espontaneamente e, no dia seguinte, começou a se mover e a falar parcialmente. Em setembro, junto com sua mãe, Valéria foi a Assis para rezar no túmulo de Carlos e agradecer pelo milagre recebido.

Em 2020, Carlos Acutis foi declarado Beato pela Congregação para as Causas dos Santos que examinou outro milagre por sua intercessão, ocorrido em outubro de 2013 na igreja de São Sebastião em Campo Grande, Brasil: após ter tocado uma relíquia do jovem, um pedaço de camisa apoiado em seu corpo, um menino de seis anos chamado Matheus, que sofria de uma grave anomalia no pâncreas, ficou completamente curado.

Assis, 1° de julho de 2024

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Galo

São Galo (A12)
01 de julho
São Galo

Filho de pais nobres e ricos, Galo nasceu na França no ano 489. Na sua época era costume os pais combinarem os matrimônios dos filhos. Por isto, ele estava predestinado a se casar com uma jovem donzela de nobre estirpe. Mas Galo desde criança já havia dedicado sua alma à vida espiritual. Para não ter de obedecer à tradição social, ele fugiu de casa, refugiando-se num convento.

Ele era tão dedicado às cerimônias da Santa Missa que se especializou nos cânticos. Contam os escritos que, além do talento para a música, era também dotado de uma voz maravilhosa que encantava e atraía fiéis para ouvi-lo cantar no coro do convento.

Sua atuação religiosa fez dele uma pessoa querida. Foi designado para atuar na corte de Teodorico. Em 527, quando morreu o bispo Quinciano, Galo era tão querido e respeitado que o povo o elegeu para ocupar o posto.

Se não bastasse sua humildade, piedade e caridade, para atender às necessidades do seu rebanho, Galo protagonizou vários prodígios ainda em vida. Salvou sua cidade de um pavoroso incêndio que ameaçava transformar em cinzas todas as construções locais e livrou os habitantes de morrerem vítimas de uma peste que assolava a região.

Ele morreu em 01 de julho de 554, causando forte comoção na população, que logo começou a invocá-lo como santo nas horas de dor e necessidade.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

Destaca-se na pessoa de São Galo seu zelo pela liturgia da Igreja. Para ele, o zelo pelas celebrações, tornando-as agradáveis e profundas, era um meio de trazer mais pessoas para viver o mistério de Cristo. A Igreja sempre deu à liturgia um lugar de destaque. Celebrar com dignidade e criatividade é parte essencial da vida cristã. Como a sua comunidade tem celebrado o mistério da morte e ressurreição de Jesus Cristo?

Oração:

Deus Pai de bondade, que criaste o ser humano para a felicidade e o dispuseste para cantar o seu louvor, alcançai-nos viver com amor o mistério do Cristo e que possamos, a exemplo de São Galo, revestir-nos de humildade para que o vosso nome seja engrandecido. Por Cristo nosso Senhor. Amém!


Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 30 de junho de 2024

'A língua que falamos determina como pensamos' (1)

Língua do povo indígena pirahã é foco central de um polêmico debate acadêmico há décadas (Daniel  Everett)

'A língua que falamos determina como pensamos': americano que cresceu com indígenas na Amazônia explica relação.

  • Autor, Daniel Gallas
  • Role, Da BBC News Brasil em Londres
  • 22 junho 2024

Todos nós humanos vivemos no mesmo mundo e temos experiências semelhantes. Por isso, todas as línguas faladas no planeta possuem as mesmas categorias básicas para expressar ideias e objetos — refletindo essa experiência humana comum.

Essa noção foi defendida por anos por diversos linguistas, mas para o linguista americano Caleb Everett, quando analisamos os idiomas mais de perto, descobrimos que muitos conceitos básicos não são universais e que falantes de línguas diferentes veem e pensam o mundo de forma diferente.

Em um novo livro, baseado em muitas línguas que ele pesquisou na Amazônia brasileira, Everett mostra que muitas culturas não pensam da mesma forma o tempo, o espaço ou os números.

Algumas línguas têm muitas palavras para descrever um conceito como tempo. Outras, como a Tupi Kawahib, sequer tem uma definição de tempo.

Talvez poucas pessoas estejam mais aptas a pensar sobre esse problema do que Everett. Nascido nos Estados Unidos, ele teve uma infância incomum nos anos 1980, dividindo seu tempo entre seu país natal, escolas públicas em São Paulo e Porto Velho, e aldeias indígenas no interior da Amazônia, em Rondônia.

Caleb é filho do americano Daniel Everett, que veio ao Brasil nos anos 1970 como missionário cristão com o propósito de traduzir a Bíblia para o idioma pirahã — uma língua falada hoje por cerca de 300 indígenas brasileiros.

Daniel veio para ajudar a converter os indígenas, mas acabou ele próprio convertido: abandonou a religião e passou a se dedicar ao estudo do pirahã, com um doutorado em linguística na Unicamp.

Desde cedo, Caleb acompanhou o pai e a mãe (que também era missionária) em missões na Amazônia brasileira. Chegou a viver entre os indígenas, passando parte da infância pescando e brincando com eles na floresta.

De volta aos EUA, se formou e foi trabalhar no mercado financeiro. Mas uma questão sempre o perturbou: interessado em psicologia, ele lia em revistas científicas que diziam que a forma que os humanos aprendem e entendem os números é universal.

“Nem todos os humanos pensam assim. Eu tenho o grande privilégio de conhecer alguns dos povos indígenas do Brasil que não pensam assim”, diz Everett.

Cada vez mais interessado em pesquisar sobre os indígenas que conheceu na sua infância, ele resolveu dar uma guinada na sua vida. Abandonou o mundo financeiro, fez doutorado e voltou para Rondônia, onde foi investigar as línguas amazônicas.

Da pesquisa, saiu seu primeiro livro, de 2017, Numbers and the Making of Us: Counting and the Course of Human Cultures (“Os números e a nossa formação: a contagem e o curso das culturas humanas”, em tradução livre). No livro, Caleb Everett defende que os números são um conceito que não é natural ou inato ao ser humano — e varia imensamente de acordo com cada cultura e idioma, ao ponto que é impossível dizer que existe uma forma universal e “natural” para os humanos aprenderem quantidades.

Recentemente, ele lançou outro livro em que volta ao tema. Em A Myriad of Tongues: How Languages Reveal Differences in How We Think (“Uma miríade de línguas: como as línguas revelam diferenças na forma como pensamos”, em tradução livre), Everett diz que nos acostumamos a acreditar que todas as línguas do mundo usam categorias universais para classificar ideias e objetos — já que a experiência humana é limitada a alguns aspectos comuns de todas as culturas.

Afinal, todos nós — independentemente de onde nascemos — contamos quantidades, lembramos do passado, planejamos o futuro e usamos pontos geográficos para nos localizarmos.

O linguista americano Caleb Everett passou parte de sua infância junto ao povo pirahã, em Rondônia (Emily Fakhoury)

Mas, segundo Everett, nem todas as línguas refletem o mundo dessa forma. Há línguas no mundo — como a pirahã, que ele aprendeu na infância — que sequer têm números precisos. Algumas línguas possuem apenas dois tempos verbais (o futuro e o não-futuro); outras possuem sete.

Essas discrepâncias são muito maiores do que apenas diferenças culturais, argumenta Caleb. Elas determinam de forma profunda como cada ser humano percebe e pensa o mundo.

A diferença é que para um povo, algumas noções de tempo podem ser não só irrelevantes — como quase incompreensíveis. Já outros povos podem ter uma compreensão mais sofisticada de tempo do que outros.

Para entender isso, linguistas como Caleb estão se debruçando sobre muitas línguas que não eram devidamente estudadas no passado — sobretudo na Amazônia. A tecnologia e a facilidade de se viajar no mundo atual acelerou o trabalho dos linguistas.

Mas eles correm contra o tempo, já que a modernidade está "matando" línguas em um ritmo mais acelerado, com povos indígenas tendo cada vez mais dificuldade de se sustentarem sem o aprendizado de outros idiomas.

O estudo das línguas amazônicas também está desafiando noções antigas de intelectuais sobre como os humanos falam. Esse debate traz à tona uma famosa disputa que existe no mundo acadêmico entre seu pai, Daniel, e o linguista americano Noam Chomsky, em torno da língua pirahã, de Rondônia, justamente a que Caleb aprendeu ainda quando criança.

Chomsky é famoso por propor o conceito de “gramática universal” — a ideia de que todas as línguas humanas possuem uma estrutura comum, independentemente de onde essas línguas se desenvolvem.

Mas Daniel Everett afirma que a língua pirahã desmente a tese de Chomsky. Em pirahã, não existiria a recursividade — algo que Chomsky diz ser inerente a todas as línguas e, portanto, universal. Recursividade é quando se insere uma frase dentro de outra, como em: “O policial que prendeu o bandido que roubou uma casa está na delegacia”.

Esse é um dos debates mais acalorados no mundo da linguística. Chomsky chegou a chamar Daniel Everett de charlatão e sugeriu que sua pesquisa sobre os pirahã era falsificada – já que por anos Daniel foi o único acadêmico a falar a língua.

Em entrevista para a BBC News Brasil, Caleb disse acreditar que este debate está ficando no passado, com os avanços tecnológicos que estão acontecendo no mundo da linguística. No mundo de hoje, são faladas mais de 7 mil línguas — e graças a avanços como ciência de dados e aprendizado de máquina, linguistas estão conseguindo expandir sua compreensão desses idiomas em uma velocidade inédita.

O resultado, segundo Caleb, é que algumas noções clássicas do mundo da linguística dos anos 1970 estão finalmente podendo ser colocadas à prova — e muitas delas não estão sendo aprovadas no teste.

Confira abaixo a entrevista que Caleb Everett deu à BBC News Brasil na qual fala sobre suas experiências na Amazônia brasileira, o debate sobre como as línguas moldam o mundo que experimentamos e os avanços no estudo dos idiomas nos dias de hoje.

BBC News Brasil: Seu livro sugere que estamos tendo uma melhor compreensão das mais de 7 mil línguas que hoje são faladas no mundo. O que os linguistas estão aprendendo com essas línguas menos conhecidas?

Caleb Everett: Estamos aprendendo muito. O que está claro é que as línguas são muito mais diferentes entre si do que pensávamos. Nós costumávamos supor que existia essa diversidade entre as línguas, mas que por trás delas haveria algum tipo de componente universal — algo que todas as línguas compartilhavam.

E o que estamos descobrindo, à medida que olhamos para mais e mais línguas, é que elas são diferentes em maneiras muito profundas, que não foram previstas em alguns dos modelos teóricos da linguística dos anos 1960 e 1970.

Existem alguns pontos em comum, é claro. Todos nós temos os mesmos ouvidos, as mesmas bocas e os mesmos cérebros.

Há essas semelhanças entre as línguas, mas não é porque existe algo geneticamente programado dentro da linguagem.

Livro de Caleb Everett discute como línguas podem revelar formas diferentes de pensamento dos humanos (Divulgação)

BBC: Muito do seu trabalho é baseado em línguas amazônicas que você estuda há muito tempo. O que você aprendeu especificamente com elas?

Everett: A Amazônia é realmente fascinante, porque embora existam outras regiões do mundo, como a Nova Guiné ou a África Ocidental, que têm mais línguas, as línguas da Amazônia são totalmente não relacionadas entre si.

Existem algumas centenas de línguas, mas existem dezenas de famílias linguísticas, como tupi ou aruaque ou algumas outras línguas isoladas que não têm ‘parentes’ conhecidos.

Algumas são totalmente distintas entre si e estão a apenas 100 quilômetros de distância uma da outra.

A Amazônia é uma espécie de microcosmo fascinante da diversidade linguística que existe no mundo.

E podemos aprender muito sobre as diversas formas como os humanos se comunicam olhando apenas para as pessoas na Amazônia.

Muitas vezes, eu acho, nós somos culpados no Ocidente de uma espécie de homogeneização desses grupos. Nós meio que os colocamos suas línguas, suas culturas no mesmo bojo.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF