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quarta-feira, 3 de julho de 2024

'A língua que falamos determina como pensamos' (4)

O que conhecemos sobre línguas humanas é muito baseado nas sociedades industrializadas ocidentais, diz Everett (GETTY IMAGES)

'A língua que falamos determina como pensamos': americano que cresceu com indígenas na Amazônia explica relação.

  • Autor, Daniel Gallas
  • Role, Da BBC News Brasil em Londres

22 junho 2024

BBC: Você menciona que as sociedades WEIRD (sigla em inglês para sociedades ocidentais, educadas, industrializadas, ricas e democráticas) não são uma população boa para se generalizar as capacidades da humanidade. Por que isso?

Everett: Foram pesquisadores de psicologia há cerca de 15 anos que inventaram essa sigla para WEIRD.

E eu acho que é uma maneira muito inteligente de fazer isso. As pessoas estão cientes hoje em dia que, se existem cerca de 7.000 línguas e culturas distintas no mundo, é problemático nós ficarmos nos debruçando repetidamente apenas no que pensam os americanos, os britânicos ou até mesmo os japoneses, e generalizar que é assim que os humanos pensam.

Nós [dos países WEIRD] somos uma pequena amostra da diversidade humana.

E além disso não somos representativos.

Um dos motivos disso é que estudos mostram que a alfabetização, por exemplo, muda a composição do cérebro.

À medida que as pessoas aprendem a ler e escrever, elas ficam focadas em imagens bidimensionais. As crianças fazem isso repetidas vezes com livros e telas e isso tem alguns efeitos cognitivos.

Mas na perspectiva da história humana, se pensarmos em escalas de tempo maiores, os humanos deixaram a África há cerca de 100 mil anos, aproximadamente em ondas diferentes.

Eles caminharam por todo o mundo e chegaram a diversos lugares, incluindo o sul da América do Sul, há 20 mil anos.

Durante esse tempo, desenvolvemos formas muito diferentes de pensar.

Na vertente europeia, a agricultura tem apenas cerca de 8 mil anos e a industrialização tem apenas alguns 100 anos.

E a alfabetização generalizada — em que se espera que todas as pessoas leiam e escrevam — é um fenômeno recente.

Quando usamos as pessoas dos países WEIRD para generalizar como os humanos pensam, estamos olhando apenas para uma vertente específica de humanos que se desenvolveu em uma determinada parte do mundo durante apenas alguns mil anos de toda essa história de 100 mil anos.

É uma parte muito pequena da história de uma perspectiva histórica.

Obviamente, hoje é incrivelmente influente porque estes grupos tornaram-se potências colonizadoras e mudaram a forma como o mundo funciona.

Mas de uma perspectiva histórica e antropológica, isso é apenas uma parte do quadro. E às vezes é uma parte não representativa.

Temos que buscar uma amostragem menos tendenciosa de como os humanos falam e pensam.

BBC: Você convive há anos com indígenas brasileiros. Na sua visão, a vida deles melhorou ou piorou ao longo dos anos?

Everett: Essa é uma pergunta difícil. Depende do contexto. Acho que em muitos aspectos a vida deles piorou. Mas depende de com quem você fala. E não gosto de projetar minha opinião sobre se a situação piorou.

Obviamente, o maior acontecimento na história das populações indígenas no Brasil e em outros lugares foi a introdução de doenças que dizimaram muitas delas e, de muitas maneiras, elas nunca se recuperaram dessa devastação.

Isso segue algo muito importante: ter acesso a bons remédios. Quando você conhece qualquer mãe indígena, independente da formação cultural, ela quer a saúde do filho.

E a saúde continua realmente inadequada. Alguns criticaram e acho que com razão, o governo brasileiro por isso, por não priorizar o suficiente, a saúde dos povos indígenas, apesar da criação de diferentes agências que tentaram fazer isso.

BBC: As comunidades indígenas estão tendo poder para conduzir seus rumos? Ou elas estão sendo conduzidas por outros?

Everett: Minha opinião é que eles estão sendo mais conduzidos. Os poderes que atuam em suas vidas são muito maiores do que qualquer tipo de liberdade que eles tenham.

É o caso, por exemplo, do povo que eu conheço bem, os karitianas. Eles têm uma reserva enorme. Alguns dos brasileiros que são pobres chegam a ter inveja deles e pensam: “por que eles têm tanta terra e eu não?”

Mas se você pegar uma reserva assim, ela é cercada pelos brasileiros. Isso significa que a caça, os animais e a pesca simplesmente não são mais o que eram. Mesmo sendo um grande pedaço de terra, não há animais e peixes suficientes para subsistir.

Então agora essas pessoas são forçadas a ir a locais como o Porto Velho para tentar ganhar a vida vendendo artefatos. Isso cria todos os tipos de problemas e cria pessoas que agora estão interagindo na cultura brasileira com aspectos dela que talvez não estivessem preparados. Às vezes eles podem não ter tolerância ao álcool ou enfrentar coisas que não enfrentaram na aldeia, e agora você tem filhos que estão lá fora. É uma coisa fundamentalmente econômica.

Alguns deles eu sei que querem viver na reserva e ter uma vida mais tradicional. Até mesmo para alguns dos mais jovens. Mas simplesmente não é viável.

BBC: Como é o dia a dia do trabalho de um linguista no Brasil?

Everett: Muito do trabalho envolve eu sentado em frente a um computador fazendo programação. Com isso, eu meio que me afastei do trabalho de campo, mas isso também aconteceu porque tive um filho e não queríamos ficar levando ele para a aldeia.

Estive de volta ao início dos anos 2000, quando estava fazendo meu doutorado, passei muito tempo na cidade de Porto Velho pesquisando todos os dias com amigos que falavam a língua e gravando suas vozes, analisando. Fiquei focado principalmente em padrões sonoros que achei bastante interessantes.

Você pode analisar isso com um software acústico, Mas meu dia a dia era andar de moto, andar pela selva, conversar com eles, entrevistá-los. Foi muito divertido.

A pesquisa em si é feita no computador e observando esses padrões — porque a linguagem é realmente complexa em certos aspectos —, e tentando descobrir alguns desses padrões. Mesmo que algumas pessoas tenham estudado a linguagem antes, é realmente muito desgastante mentalmente.

BBC: Você ainda mantém contato com amigos lá?

Everett: Sim. Eu não volto tanto, embora espere voltar no próximo ano por um longo tempo.

Eu tenho contato por e-mail com algumas dessas pessoas e muitas delas estão no Facebook agora.

O engraçado é que não estou muito nas redes sociais, mas elas estão. Então, se eu quiser segui-los, talvez eu tenha que entrar no Facebook pela primeira vez em anos e ver o que está acontecendo. Mas mantenho contato por e-mail.

BBC: Em português?

Everett: Sim, em português. Às vezes eles escrevem na língua deles e eu tenho que tentar lembrar, porque estou sem prática. E isso não é algo que você pode clicar no Google Tradutor para te ajudar (risos).

Para Everett, inteligência artificial ajuda a estudar novas línguas, mas também é uma ameaça à diversidade linguística do planeta (GETTY IMAGES)

BBC: A inteligência artificial está ajudando a estudar novas línguas. Mas ela também está mudando as línguas que falamos. Quais os perigos da inteligência artificial para as nossas línguas?

Everett: Acho que isso está exacerbando a tendência que já existe há muito tempo, de que as maiores línguas estão se tornando ainda mais influentes.

Isso acontece, por exemplo, com os large language models, que são a base de tecnologias como o Chat GPT.

Esses modelos são abastecidos com muitos dados e isso só pode ser feito com poucas línguas no mundo que são muito faladas.

O mundo tem cerca de 7,4 mil línguas e só algumas poucas dezenas delas possuem dados suficientes para informar esses modelos.

Talvez um dia haja uma maneira de coletar dados suficientes e isso me deixa otimista de que existem maneiras pelas quais a inteligência artificial poderia ser usada para substituir os trabalhadores linguísticos de campo para coletar apenas grandes quantidades de dados desses grupos indígenas, assumindo que eles estão eles concordam com isso para registrar e depois analisar e novas maneiras suas linguagens.

Essa parte ainda não é possível, mas há uma parte de mim que está otimista de que isso será possível nas próximas décadas e que poderá realmente ajudar a preservar algumas destas línguas.

Mas agora eu diria que grande parte da tecnologia baseada em grandes modelos de linguagem apenas cria um pool maior para essas linguagens muito grandes.

FIM

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese

Papa: a Unção dos Enfermos não é só para quem está "prestes a morrer"

Pelo cuidado pastoral dos enfermos (Vatican News)

Francisco, no vídeo de intenção de oração para julho, pede que rezemos "para que o sacramento da Unção dos Enfermos dê às pessoas que o recebem e aos que lhes são mais próximos a força do Senhor e se torne cada vez mais para todos um sinal visível de compaixão e esperança". O Papa ainda insiste que "não é um sacramento apenas para aqueles que estão prestes a morrer", explicando que é "um dos 'sacramentos da cura', que cura o espírito".

https://youtu.be/XZ42JGataLc

Andressa Collet - Vatican News

“Este mês tenhamos na nossa oração o cuidado pastoral dos enfermos.”

Assim inicia Francisco a mensagem em vídeo de julho com a intenção de oração que o Pontífice confia à Igreja Católica através da Rede Mundial de Oração do Papa. O Pontífice se detém a explicar mais precisamente sobre a Unção dos Enfermos, um sacramento administrado pelo sacerdote que proporciona consolo aos que sofrem alguma doença e aos seus mais próximos. Os sacramentos da Igreja são dons, são as formas de Jesus se fazer presente para abençoar, animar e acompanhar. O Papa faz um alerta:

"A Unção dos Enfermos não é um sacramento apenas para aqueles que estão prestes a morrer. Não. É importante deixar isto claro. Quando o sacerdote se aproxima de uma pessoa para lhe dar a Unção dos Enfermos, não está necessariamente a ajudá-la a despedir-se da vida. Pensar assim é desistir de toda a esperança. É dar por adquirido que depois do padre vem o coveiro."

Um sacramento com dimensão comunitária

O convite do Papa Francisco à oração de toda a Igreja é uma forma de tornar visível que a Unção dos Enfermos é um sacramento de natureza comunitária e relacional. Em Audiência Geral de fevereiro de 2014, dedicada à Unção dos Enfermos, o Pontífice recordou que "no momento da dor e da doença não estamos sós: o sacerdote e quantos estão presentes durante a Unção dos Enfermos representam toda a comunidade cristã que, como um único corpo se estreita em volta de quem sofre e dos familiares, alimentando neles a fé e a esperança, e apoiando-os com a oração e com o calor fraterno".

A proximidade de Jesus

Esse sacramento assegura a proximidade de Jesus à dor de quem está doente ou já idoso, o alívio do sofrimento e o perdão dos seus pecados, mas não é sinônimo de uma morte iminente. A Unção dos Enfermos é, frequentemente, um sacramento esquecido ou menos reconhecido, continuou o Papa. No entanto, "é o próprio Jesus que chega para aliviar o doente, para lhe dar força, para lhe dar esperança, para o ajudar; também para lhe perdoar os pecados". E, no vídeo para o mês de julho, Francisco acrescenta:

"Lembremos que a Unção dos Enfermos é um dos 'sacramentos da cura', da 'cura', que cura o espírito. E quando uma pessoa está muito doente, é aconselhável dar-lhe a Unção dos Enfermos. E quando uma pessoa já é idosa, é apropriado que receba a Unção dos Enfermos."

As imagens que acompanham as palavras de Francisco no vídeo – gravadas por profissionais da Arquidiocese de Los Angeles em duas dioceses dos Estados Unidos: Allentown (Pensilvânia) e Los Angeles (Califórnia) – põem em destaque precisamente os diferentes contextos em que o sacramento pode ser administrado. São retratadas duas histórias aparentemente diferentes em idade e situação clínica, mas unidas pela graça da Unção dos Enfermos e pelo grande afeto daqueles que se reúnem em volta de quem recebe o sacramento.

“Rezemos para que o sacramento da Unção dos Enfermos dê às pessoas que o recebem e aos que lhes são mais próximos a força do Senhor e se torne cada vez mais para todos um sinal visível de compaixão e esperança.”

A Unção dos Enfermos à luz dos Evangelhos

O Padre Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, salienta que, embora já haja muitas pessoas que redescobriram a profundidade da Unção dos Enfermos, esse sacramento ainda é visto, frequentemente, como uma forma de preparar os doentes para a morte: "é isso que o Papa Francisco diz, quando recorda que, quando alguém está gravemente doente, queremos sempre adiar o sacramento da Unção dos Enfermos, pois persiste a ideia de que o coveiro chega depois do sacerdote (Audiência Geral de 26 de fevereiro de 2014). Por isso, o Pontífice deseja que este mês possamos redescobrir toda a profundidade e o verdadeiro sentido deste sacramento, não apenas como preparação para a morte, mas como um sacramento que consola os doentes em alturas de enfermidade grave, bem como os que lhe são queridos, e dá força a quem os cuida".

"A pessoa doente não está sozinha", conclui então o Pe. Fornos: "com os sacerdotes e as pessoas presentes, é toda a comunidade cristã que a apoia com as suas orações, alimentando a fé e a esperança, e assegurando-lhe, bem como à família, que não estão sós no sofrimento. Todos conhecemos pessoas doentes, rezamos por elas e, se entendemos que padecem de uma doença grave, bem como os idosos cujas forças declinam, não tenhamos dúvidas em propor-lhes que vivam esse sacramento de consolação e esperança".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Tomé

São Tomé (A12)
03 de julho
São Tomé

Tomé era judeu da Galiléia, e provavelmente pescador. Seu nome (Didymus, em Grego) significa “gêmeo”, portanto deve ter tido um irmão. Foi um dos 12 Apóstolos escolhidos por Jesus (cf. Mc 3,18; Mt 10,3), acompanhando o Cristo durante os três anos da Sua vida pública. É citado nos Evangelhos sinóticos (isto é, semelhantes, de Mateus, Marcos e Lucas) apenas nas listagens dos Apóstolos, mas São João Evangelista o menciona com mais destaque. Fica evidente daí que, como São Pedro, Tomé tinha um caráter forte e impulsivo, podendo agir com soberba e obstinação, mas também capaz de profundo arrependimento e generosidade.

Assim, quando e apesar da já declarada perseguição dos fariseus a Jesus, Tomé apoia a intenção do Mestre de ir a Betânia para o episódio da ressurreição de Lázaro, apesar do medo dos demais Apóstolos, dizendo a eles: “Vamos também nós, para morrermos com Ele” (Jo 11,16). Porém mais adiante demonstra, na Última Ceia, uma desproporcionada incredulidade: Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho? Ao que Jesus respondeu: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim” (Jo 14,5-6).

Esta sua incredulidade é ainda maior na situação pela qual São Tomé é mais conhecido, isto é, a de não acreditar na aparição de Jesus aos demais Apóstolos depois da Ressurreição, dizendo: “Se eu não vir as marcas dos pregos em Suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no Seu lado, não acreditarei.”; mas oito dias depois Cristo lhes aparece novamente, e Tomé reconhece, e dá, um dos maiores testemunhos da divindade de Jesus que há na Bíblia:


Uma semana mais tarde, os seus discípulos estavam outra vez ali, e Tomé com eles. Apesar de estarem trancadas as portas, Jesus entrou, pôs-Se no meio deles e disse: ‘A Paz esteja convosco’. Depois, disse a Tomé: ‘Coloque o seu dedo aqui e olhe as Minhas mãos; estenda tua mão, coloque-a no Meu lado e crê, e não sejas mais incrédulo!’. Respondeu Tomé: ‘Meu Senhor e meu Deus!’. Então Jesus lhe disse: ‘Porque me viste, acreditaste. Bem-aventurados os que não viram e acreditam” (cf. Jo 20,24-29).

Tomé estava com os outros Apóstolos em Pentecostes (At 2,1-4), recebendo com eles o Espírito Santo. Após a Ressurreição de Jesus, a tradição propõe que São Tomé evangelizou a Síria, Edessa na atual Turquia, a Babilônia, a Mesopotâmia e, especialmente, a Índia. A cidade de Malabar neste país alega sua evangelização na região e o seu martírio pelos hindus, através de golpes de lanças. Os navegadores portugueses, que lá encontraram relíquias de São Tomé, e também São Francisco Xavier, no século XVI, constataram que uma fervorosa comunidade católica, persistente até hoje, ali existe a partir destes relatos.

Não parece mera coincidência que, em 2004, as ondas do tsunami que arrasou esta região não tocaram, ao contrário contornaram, a Igreja de São Tomé onde estão ao menos parte das suas relíquias: a tradição local afirma que o santo ficou um poste – que ainda existe – em frente ao local onde hoje está a igreja, afirmando que as águas do mar jamais passariam dali.

 São Tomé é venerado por católicos, ortodoxos e coptas.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Aparentemente, a maior parte dos cristãos é gêmea de Asão Tomé. Somos iguais a ele em arroubos entusiasmados por Jesus e em Dele duvidar. Em não identificar o Caminho, mesmo O comungando na ceia eucarística. Felizmente, nada impede que como ele, humildemente, O vejamos como de fato é, Deus e Senhor que Se apresenta para nós de modo evidente, palpável, na realidade das chagas com que nos deparamos na vida para tocá-las com caridade, e na Vida que ainda mais caridosamente toca nossas chagas de corpo e alma, nos Mandamentos e Sacramentos. Já disse São Gregório Magno que Tomé, colocando as mãos nas chagas de Jesus, curou a ferida da nossa incredulidade. De fato, grande prova da Ressurreição é o testemunho de um cético. A nossa Fé deve, sim, ser embasada na Razão, por isso é prudente conhecer os fundamentos daquilo que cremos, mas é absolutamente necessário que nos disponhamos a seguir além, dar o passo no Caminho mesmo sem ver o que estará depois da curva, ou não sairemos do lugar, apenas questionado a Verdade enquanto a Vida passa. E então não haverá cura para a ferida de não estarmos seguros ao Seu lado.

Oração:

Meu Senhor e meu Deus, concedei-nos por intercessão de São Tomé acreditarmos no testemunho daqueles que Vos enxergam claramente, os santos, de modo a nos fincarmos na Verdade e assim não nos deixarmos carregar pelas ondas da desconfiança e incredulidade que afogam a Fé e as boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

 Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 2 de julho de 2024

Canonização de José Allamano

Beato José Allamano (CNBB)

CANONIZAÇÃO DE JOSÉ ALLAMANO: DIOCESE DE RORAIMA RECEBEU O MILAGRE E MANIFESTA ALEGRIA

A Igreja Católica ganhará 11 novos santos no dia 20 de outubro, Dia Mundial das Missões. Na manhã de segunda-feira, 1º de julho, foi realizado o Consistório Público Ordinário para a Canonização de alguns Beatos da Igreja Católica. Entre eles, está José Allamano, fundador dos Institutos dos Missionários da Consolata e das Irmãs Missionárias da Consolata, cujo milagre que o levará aos altares aconteceu na diocese de Roraima, no Brasil.

Consistório Público Ordinário para a Canonização de alguns Beatos da Igreja Católica | Foto: Vatican Media

Outro beato cuja caminhada até a canonização tem relação com o Brasil é o jovem Carlo Acutis, padroeiro da internet. Um menino do Mato Grosso do Sul foi curado após tocar em uma relíquia sua em 2010. Um novo milagre possibilitou a confirmação do Papa Francisco para que seja canonizado. Há expectativa para o anúncio da data da canonização, mas, de acordo com Vatican News, provavelmente será proclamado santo durante o Jubileu de 2025.

Alegria em Roraima

Beato José Allamano (CNBB)

Com o anúncio da data de canonização do beato José Allamano, o bispo de Roraima, dom Evaristo Pascoal Spengler, divulgou uma nota dirigida ao povo de Deus da dioceses e aos missionários e missionárias da Consolata. Na mensagem, manifesta sua alegria diante do “feliz anúncio da canonização do Bem-Aventurado José Allamano, fundador dos missionários e das missionárias da Consolata, presentes em nossa Igreja de Roraima desde 1948”.

Um fato que segundo o bispo, “é o Deus misericordioso, mais uma vez agindo em nossa história. Deus não cansa de nos surpreender com seu amor e sua bondade”.

O bispo recordou que foi reconhecido o milagre por intercessão do beato Allamano em favor do indígena Yanomami Sorino, que mora na diocese de Roraima, na Missão Catrimani, uma reserva indígena do povo Yanomami em Roraima.

Segundo dom Evaristo, “a cura milagrosa do indígena, no momento em que a cura tradicional e a ciência médica só poderiam aguardar sua morte, foi fruto da fervorosa oração das Missionárias da Consolata, pedindo socorro ao seu fundador, beato José Allamano, no primeiro dia da novena a ele dedicada”.

Missionária da Consolata e o indígena Yanomami Sorino (CNBB)

O milagre

Segundo relata dom Evaristo Spengler, o indígena Yanomami Sorino havia sido atacado por uma onça que feriu gravemente a sua cabeça, abrindo-lhe a caixa craniana. Era 7 de fevereiro de 1996, o primeiro dia da novena ao Bem-Aventurado Allamano. O indígena foi socorrido pelas Missionárias da Consolata que trabalhavam na missão Catrimani e transportado para o Hospital de Boa Vista.

“As Missionárias ofereceram a novena nesta intenção e por intercessão do Pai Fundador, Sorino recuperou milagrosamente a saúde em poucos meses e ainda hoje vive em sua comunidade indígena”.

O texto lembra os passos dados ao longo do processo, primeiro em fase diocesana, relatando como ele foi realizado. Igualmente destaca que “o anúncio da canonização do beato José Allamano é um momento de júbilo para a família Consolata, de consolidação da opção evangelizadora da Missão Catrimani, de confirmação da história de aliança da nossa diocese de Roraima com os povos indígenas e motivo de bênçãos e esperanças para a nossa diocese que celebra 300 anos de evangelização nessas terras de Macunaíma”.

Finalmente, o bispo de Roraima anunciou que “vamos constituir uma comissão em nossa diocese, para bem celebrarmos o dom da fecundidade do anúncio do Evangelho entre nós, confirmado pelo milagre operado em nosso irmão Sorino, por intercessão do Beato, em breve Santo José Allamano”.

Confira a mensagem de dom Evaristo na íntegra.

Com Luis Miguel Modino, CNBB Norte 1

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Relíquia do beato Carlo Acutis estará hoje em santuário da Canção Nova em SP

Imagem ilustrativa da relíquia do Beato Carlo Acutis | Crédito: Missão Fátima Argentina

Uma relíquia de primeiro grau do beato Carlo Acutis estará exposta para a veneração dos fiéis hoje (2) durante a missa das 12h no Santuário do Pai das Misericórdias, na Canção Nova, cidade de Cachoeira Paulista (SP).

A relíquia são fios de cabelo de Carlo Acutis, jovem que morreu aos 15 anos de leucemia, e foi beatificado em 2020 em Assis. A sua canonização já foi aprovada pelo papa Francisco mas a data não foi revelada. Segundo Vatican News, serviço de informação da Santa Sé, ocorrerá provavelmente durante o Jubileu de 2025.

missa com as relíquias será celebrada pelo padre Francisco Fábio da Costa Vieira, diretor espiritual do movimento Devotos de Carlo Acutis no Brasil. Fundado em 2020, o movimento tem como missão propagar a devoção ao beato.

A relíquia já peregrinou por várias regiões do Brasil e do mundo, mas é a primeira vez que estará na Canção Nova.

O beato Carlo Acutis

O beato Carlo Acutis nasceu em 3 de maio de 1991, em Londres, Inglaterra. Morreu em 2006, aos 15 anos, de leucemia, em Milão, Itália.

Desde muito jovem, Carlo demonstrou um carinho especial por Deus e uma sensibilidade singular para conhecer a fé, apesar de seus pais não serem particularmente devotos naquela época. Esse amor pelo Senhor não parava de crescer e se fortalecia na adolescência, quando Carlo foi diagnosticado com leucemia. Naquele momento, longe de se desesperar, Carlo expressou sua vontade de oferecer seus sofrimentos “pelo Senhor, pelo papa e pela Igreja”.

Carlo foi chamado de "ciberapóstolo da Eucaristia", "apóstolo dos millennials" e, recentemente, "apóstolo da Internet", pois foi um promotor dos milagres eucarísticos na internet. Criou um site com essa finalidade. Costumava dizer que a Eucaristia era sua autoestrada para o céu.

Carlo morreu em 12 de outubro de 2006, dia de Nossa Senhora Aparecida.

A beatificação de Carlo aconteceu em 10 de outubro de 2020, depois do reconhecimento de um milagre por sua intercessão que aconteceu no Brasil.

O menino Matheus foi curado de uma malformação congênita conhecida como pâncreas anular. A mãe de Matheus ouviu falar de Carlo Acutis por meio de um padre amigo e se dedicou a pedir a intercessão de Carlo pela cura de seu filho. O milagre aconteceu depois que Matheus venerou uma das relíquias do beato que chegou ao Brasil em 2013.

O decreto autorizando a sua canonização foi publicado em 23 de maio de 2024. O papa Francisco aprovou a cura milagrosa de Valeria Valverde, de 21 anos, da Costa Rica, que estava perto da morte depois de ferir gravemente a cabeça em um acidente de bicicleta em 2022. A mãe fez uma peregrinação a Assis e no túmulo do beato Carlo Acutis pediu a sua intercessão pela cura da sua filha. A canonização não tem ainda uma data definida, mas será durante o Jubileu 2025.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Encontro dos Bispos de Recente Nomeação

Encontro dos Bispos de Recente Nomeação (CNBB)

22 BISPOS DE RECENTE NOMEAÇÃO SE ENCONTRAM EM BRASÍLIA PARA APROFUNDAR O CONHECIMENTO DA CNBB E A COLEGIALIDADE ECLESIAL

A Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove de 1º a 5 de julho o Encontro dos Bispos de Recente Nomeação. O evento reúne 22 bispos já ordenados e ainda a serem ordenados que foram nomeados de setembro de 2023 a junho deste ano.

Dom Ângelo Mezzari (CNBB)

O bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral, dom Ricardo Hoepers, e o arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, participaram da abertura do encontro.

O bispo auxiliar de São Paulo e presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, dom Ângelo Mezzari, destaca que o objetivo é oferecer a oportunidade para que os novos bispos conheçam a Conferência, reflitam sobre a missão própria do bispo e também o que significa a colegialidade episcopal e a pertença à uma Conferência.

“O encontro também favorece, de modo muito particular, a partilha, a oração, a convivência e a reflexão de modo que os bispos possam se sentir verdadeiramente animados para a sua missão”, disse dom Ângelo.

Temas e visitas

Nos cinco dias de encontro, os bispos aprofundarão os seguintes temas: a organização da CNBB, o bispo e a sua missão, Campanhas (Fraternidade e Evangelização), saúde integral, o bispo no código de direito canônico, regimento e estatuto da CNBB, proteção de menores, apresentação das Comissões, Lei Geral de Proteção de Dados, gestão eclesial.

Na programação, também estão previstas visitas à Nunciatura Apostólica do Brasil e a  organismos vinculados da CNBB como o Centro Cultural Missionário, a Edições CNBB, a Conferência dos Religiosos do Brasil, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil), o Centro Nacional de Fé e Política (Cefep) e as Pontifícias Obras Missionárias.

Encontro dos Bispos de Recente Nomeação (CNBB)
Encontro dos Bispos de Recente Nomeação (CNBB)

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Rio Grande do Sul 2 meses após as enchentes

Mutirão de solidariedade e limpeza nas cidades atingidas após enchentes no RS no início de maio (ANSA)

O arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, faz um balanço da delicada situação vivida pelo Rio Grande do Sul há 2 meses da maior catástrofe natural da história do Estado, que também gerou "um movimento de solidariedade como nunca se viu na história do Brasil". Um momento também de grande missão para a Igreja: "o nosso povo precisa ser alimentado na fé, mas também na esperança", ao encontro da proposta do Jubileu, acrescenta o prelado, "esperançar o nosso povo".

Andressa Collet - Vatican News

"Agora se está num processo de limpeza. Andando pelas ruas das cidades e dos bairros a gente vê montanhas de lixo. As famílias tiveram que tirar praticamente tudo de dentro de casa. Ficaram as paredes. Em algumas residências, até mesmo as paredes desabaram. E com isso podemos imaginar o que significa a quantidade de lixo que temos na rua. O Poder Público está tendo muita dificuldade para tirar essa sujeira toda. Temos o problema das doenças que estão surgindo. E são várias!"

O testemunho é de dom Jaime Spengler, presidente do CELAM e da CNBB, que esteve em Roma na semana passada para a Assembleia Plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina. Em entrevista a Silvonei Protz, o arcebispo de Porto Alegre procurou descrever a triste realidade vivida na capital gaúcha há 2 meses da maior catástrofe natural da história do Rio Grande do Sul. As enchentes afetaram mais de 2 milhões de pessoas e causaram 179 mortes, segundo o último boletim da Defesa Civil publicado nesta segunda-feira (01/07), como recorda o prelado:

"A situação é muito delicada. Nós temos cidades completamente destruídas. Na região metropolitana de Porto Alegre o desastre foi enorme. Tivemos cidades e bairros totalmente destruídos. Na arquidiocese, tivemos 16 paróquias e igrejas-matriz com suas comunidades que ficaram submersas. Não temos noção exata das perdas, mas mais do que nós perdemos, a população perdeu. Temos uma multidão de famílias de pessoas que perderam realmente tudo. Muita gente saiu de casa de madrugada quando as águas subiram de uma forma muito rápida, de pijama. Não tiveram tempo de retirar nada."

Alimentar na fé e esperançar o povo

Em meio à tragédia climática vivida pelos gaúchos, a esperança e a fé encontram espaço em manifestações de solidariedade e proximidade, como aquela que veio do Papa Francisco. Em 5 de maio, ao final do Regina Caeli, o Pontífice assegurou orações pelos afetados com as inundações, pedindo ao Senhor de "acolher os mortos e confortar os familiares e quem teve que abandonar suas casas". Quatro dias depois, a ajuda concreta do Papa através da Esmolaria Apostólica: cerca de 100 mil euros (o equivalente a mais de 500 mil reais) foram enviados à Nunciatura do Brasil para destinar aos atingidos pelas enchentes. E, em 11 de maio, veio o telefonema do Papa ao próprio dom Jaime Spengler, em mais uma manifestação de solidariedade "em favor de todos que estão sofrendo a catástrofe", disse Francisco, ao acrescentar: "estou próximo e rezo por vocês". Segundo definição do arcebispo de Porto Alegre, essa é uma forma de "esperançar o povo":

"Eu creio que neste momento histórico que vivemos, social, político, econômico e também eclesial, uma das grandes missões da Igreja neste momento na América Latina - e que vem ao encontro da proposta do Ano Jubilar - é esperançar o nosso povo. O nosso povo necessita ser alimentado, sim, na fé, mas também na esperança. E porque sinto essas duas virtudes? Porque a caridade é uma característica do cotidiano do nosso povo. O nosso povo sabe ser solidário, nosso povo é bom e generoso. Experimentamos isso agora no Brasil, depois das enchentes que sofremos no sul: um movimento de solidariedade como nunca se viu na história do Brasil! Mas isso é característica do povo latino-americano."

O "tapete solidário" de Barão de Cotegipe

O "tapete solidário" de Corpus Christi na Paróquia de N.S. do Rosário, em Barão de Cotegipe (Vatican Media)

Um dos exemplos vem de uma pequena comunidade ao norte do Rio Grande do Sul, que não foi afetada drasticamente com as enchentes. No final de maio, há um mês das enchentes, durante a celebração de Corpus Christi, a paróquia de Nossa Senhora do Rosário, do município de Barão de Cotegipe, foi motivada a fazer doações às vítimas das enchentes. O Padre Paulo Bernardi conta que o tradicional tapete feito de serragem e areia desta vez foi produzido com roupas de cama, toalhas, travesseiros e alimentos não-perecíveis. Os fiéis, ao longo da caminhada, rezavam o terço e a cada Ave Maria lembravam de 5 cidades afetadas pelas chuvas. Já as doações que formaram o "tapete solidário", por indicação da Caritas Diocesana, foram destinadas à população da cidade de Pelotas.

"Se você aquecer o teu coração e fizer uma doação, com certeza nós vamos aquecer o povo do estado e vamos criar ânimo para esse povo para que eles possam reconstruir tudo que perderam. A nossa gratidão a Deus por tantas empresas e tantas pessoas que estão fazendo inúmeras doações. Não podemos parar de doar, porque os problemas em algumas regiões estão iniciando apenas agora", reforça o Pe. Paulo Bernardi, já que o inverno chegou com força na região sul do Brasil e o frio tomou conta do Rio Grande do Sul, com mínimas que nesta segunda-feira (1º) chegaram a -2,7ºC em Vacaria, por exemplo.

Com o frio, mutirão da solidariedade se intensifica

Com essa onda gelada, as doações ajudam tanto as famílias que perderam tudo com as enchentes, como os moradores em situação de rua que procuram os abrigos públicos. Um movimento de solidariedade local mas que vem se estendendo pelo país inteiro e sem olhar fronteiras: além do Papa, mobilizações em diversos países são registradas em prol das vítimas do RS. Dois contêiners com roupas de inverno arrecadadas na Itália partem do Porto de Livorno ao Brasil no próximo sábado (06/01), num mutirão de ações concretas, como confirma dom Jaime:

“Solidariedade se faz com o coração e com as mãos. E realmente nós podemos ver isso de uma forma muito concreta. Eu nunca tinha presenciado, testemunhado, visto, tido notícia de um movimento de solidariedade tão grande como assisti nesse último mês de junho no Brasil. Praticamente todas as dioceses se envolveram, mas não só. Também outras entidades da sociedade civil, pessoas anônimas, enfim, foi realmente um mutirão de solidariedade. E é isso que nos dá dignidade e mostra a honradez do nosso povo.”

E o futuro dessa catástrofe toda?

Dois meses após a catástrofe, entre movimentos de limpeza e de solidariedade, de alimentar a fé e esperançar o povo, o arcebispo de Porto Alegre compartilha a grande preocupação do futuro do Rio Grande do Sul:

"Até agora tivemos essa grande onda de solidariedade, mas a grande questão é daqui a um mês, dois meses. Temos um número grande de microempresas, pequenos empresários e pequenas indústrias que perderam tudo e nós sabemos que quem mais proporciona postos de trabalho são eles. E esse trabalho de reconstrução não será fácil. Aliás, não se trata de reconstrução, eu não gosto desse termo, porque o Rio Grande do Sul precisará ser construído de forma diferente. Não reconstruir simplesmente, não podemos voltar àquilo que tínhamos antes. Então, essa é uma situação que preocupa. É verdade que o Poder Federal está prometendo uma ajuda financeira para o estado muito grande, mas não sabemos se chega, quando chega e como chega. Também o Governo do Estado faz promessas e inclusive os municípios, mas nós conhecemos a realidade dos nossos municípios brasileiros que não têm grandes condições. Realmente é uma questão que fica no ar: e o amanhã?"

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF