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quinta-feira, 4 de julho de 2024

O que acontece com o cérebro quando rezamos (1)

Vários estudos analisaram o que acontece dentro do cérebro quando rezamos (GETTY IMAGES)

O que acontece com o cérebro quando rezamos

28 junho 2024

Atribui-se ao famoso escritor britânico C.S. Lewis, criador do universo literário de Nárnia, uma frase que descreve muito bem o que rezar significa para muitas pessoas.

"Rezo porque não posso evitar, rezo porque estou desconsolado, rezo porque a necessidade de fazer isso flui de mim o tempo todo, acordado ou dormindo. (Rezar) Não muda Deus. Me muda", disse o autor certa vez.

Hilary, ouvinte do programa de ciência da BBC Crowdscience, sente algo semelhante quando reza sentada no tronco de uma árvore ou fazendo uma caminhada: "Quando rezo, sinto uma conexão com Deus. Mas a oração tem muitas variações. Pode acontecer na calma de um momento e pode ser sem palavras, e há vezes em que pode ser uma oração em grupo na igreja."

Mas ultimamente, quando se senta para rezar, uma pergunta vem à cabeça: "Como rezar afeta o cérebro e o bem-estar mental?"

A equipe do BBC Crowdscience consultou especialistas para tentar entender o que acontece no cérebro das pessoas que rezam e saber se esse mecanismo está necessariamente relacionado a crenças religiosas, ou se talvez possa estar presente naqueles que meditam ou levam uma vida criativa.

Quando entramos em oração, o lobo frontal é ativado. Mas na oração profunda, a atividade do lobo frontal diminui novamente (GETTY IMAGES)

O cérebro

O neurocientista Andrew Newberg, diretor de pesquisa do Instituto Marcus de Medicina Integrativa da Universidade Thomas Jefferson, nos Estados Unidos, dedica-se a estudar os efeitos da oração e de outras práticas religiosas no bem-estar mental de seus pacientes.

Por meio de ressonâncias magnéticas, sua equipe conseguiu ver as áreas do cérebro que são ativadas no momento em que uma pessoa está rezando.

"Uma maneira comum de rezar é quando uma pessoa repete uma oração específica várias vezes como parte de sua prática. E quando você faz uma ação como essa, uma das áreas do cérebro que é ativada é o lobo frontal", explicou o especialista à BBC.

Isso não surpreende, já que o lobo frontal tende a se ativar quando nos concentramos profundamente em uma atividade. O que surpreende Newberg é o que acontece quando as pessoas entram no que sentem como "oração profunda".

"Quando a pessoa sente que a oração está quase tomando conta dela, por assim dizer, a atividade do lobo frontal realmente diminui. Isso ocorre quando o indivíduo relata sentir que não são eles que estão gerando a experiência, mas que é uma experiência externa que está se passando com ele", disse o pesquisador.

A oração profunda, descobriu Newberg, também gera uma redução na atividade no lobo parietal, na parte mais traseira do cérebro. Essa área recebe informações sensoriais do corpo e cria uma representação visual dele.

Newberg diz que uma redução na atividade do lobo parietal poderia explicar os sentimentos de transcendência reportados por quem reza profundamente: "À medida que a atividade nessa área diminui, perdemos o senso do eu individual e temos esse senso de unidade, de conexão".

Uma questão de fé?

Para muitas pessoas, rezar faz com que elas se sintam parte de algo além de si mesmos, uma sensação que é comum a quem medita

Para Hillary, a explicação de Newberg faz sentido, e a relaciona com o que sente quando reza: "Suponho que o sentimento de perder o senso de eu individual tenha a ver com essa conexão que sinto com Deus quando estou em oração contemplativa".

Mas rezar é uma experiência imensamente pessoal: se para Hillary ela pode acontecer sentada em um tronco de árvore ou em uma caminhada na natureza, para outros, pode ser em um diálogo em voz alta com Deus, no silêncio absoluto ou mesmo no canto.

Práticas semelhantes à oração, mas sem qualquer fundamento religioso, poderiam produzir os mesmos efeitos sentidos por aqueles com crenças profundas?

Para Tessa Watt, especialista em práticas de meditação e mindfulness que já trabalhou com centenas de clientes, esse estado pode ser alcançado concentrando a atenção no presente e nas sensações que experimentamos.

"Acredito que tanto o ato de rezar quanto o mindfulness ajudam a tranquilizar uma pessoa, para que ela tenha mais tempo para si mesma e também ative o sistema nervoso parassimpático", explica Watt.

O sistema nervoso é composto por dois sistemas autonômicos distintos que controlam a maioria das respostas automáticas do corpo.

Por um lado, o sistema simpático regula as chamadas respostas de "luta ou fuga", aquelas que exigem que o corpo reaja rapidamente a uma ameaça. Por outro lado, as tarefas relacionadas ao "descanso e digestão" ficam a cargo do sistema parassimpático.

"Isso significa que, ao praticar mindfulness, você aprende a acalmar sua resposta de luta ou fuga, tornando-se mais eficiente no controle de suas emoções", diz Watt.

Esta é uma adaptação do programa Crowdscience da BBC, apresentado por Caroline Steel e produzido por Jo Glanville. O episódio original pode ser ouvido aqui.

Fonte: https://www.bbc.com/

CATEQUESE: Símbolos Litúrgicos ligados à Natureza

Símbolos litúrgicos (Cléofas)

Símbolos Litúrgicos ligados à Natureza

 POR PROF. FELIPE AQUINO

A Água: A água simboliza a vida (remete-nos sobretudo ao nosso batismo, onde renascemos para uma vida nova). Pode simbolizar também a morte (enquanto por ela morremos para o pecado). Nesse sentido, ela é mãe e sepulcro, de acordo com os Santos Padres. (Ver a referência litúrgica do nº 67, em que se fala da água, nos ritos do Batismo, do Lavabo e do “asperges”).

O Fogo: O fogo ora queima, ora aquece, ora brilha, ora purifica. Está presente na liturgia da Vigília Pascal do Sábado Santo e nas incensações, como as brasas nos turíbulos. O fogo pode multiplicar-se indefinidamente. Daí, sua forte expressão simbólica. É símbolo sobretudo da ação do Espírito Santo (Cf. Eclo 48,1; Lc 3,16; 12,49; At 2,3; 1Ts 5,19), e do próprio Deus, como fogo devorador (Cf. Ex 24,17; Is 33,14; Hb 12,29).

A Luz: A luz brilha, em oposição às trevas, e mesmo no plano natural é necessária à vida, como a luz do sol. Ela mostra o caminho ao peregrino errante. A luz produz harmonia e projeta a paz. Como o fogo, pode multiplicar-se indefinidamente. Uma pequenina chama pode estender-se a um número infinito de chamas e destruir, assim, a mais espessa nuvem de trevas. É o símbolo mais expressivo do Cristo Vivo, como no Círio Pascal. A luz e, pois, a expressão mais viva da ressurreição.

O Pão e o Vinho: Símbolos do alimento humano. Trigo moído e uva espremida, sinais do sacrifício da natureza, em favor dos homens. Elementos tomados por Cristo para significarem o seu próprio sacrifício redentor.

O Incenso: Como se falou no número 33, com sua especificidade aromática. Sua fumaça simboliza, pois, a oração dos santos, que sobe a Deus, ora como louvor, ora como súplica (Cf. Sl 140(141)2; Ap 8,4).

O Óleo: Temos na liturgia os óleos dos Catecúmenos, do Crisma e dos Enfermos, usados liturgicamente nos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos. Nos três sacramentos, trata-se do gesto litúrgico da unção. Aqui vemos que o objeto – no caso, o óleo – além de ele próprio ser um símbolo, faz nascer uma ação, isto é, o gesto simbólico de ungir. Tal também acontece com a água: ela supõe e cria o banho lustral, de purificação, como nos ritos do Batismo e do “lavabo” (abluções), e do “asperges”, este em sentido duplo: na missa, como rito penitencial, e na Vigília do Sábado Santo, como memória pascal de nosso Batismo. A esses gestos litúrgicos e tantos outros, podemos chamar de “símbolos rituais”. A unção com o óleo atravessa toda a história do Antigo Testamento, na consagração de reis, profetas e sacerdotes, e culmina no Novo Testamento, com a unção misteriosa de Cristo, o verdadeiro Ungido de Deus (Cf. Is 61,1; Lc 4,18). A palavra Cristo significa, pois, ungido. No caso, o Ungido, por excelência.

As Cinzas: As cinzas, principalmente na celebração da Quarta-Feira de Cinzas, são para nós sinal de penitência, de humildade e de reconhecimento de nossa natureza mortal. Mas estas mesmas cinzas estão intimamente ligadas ao Mistério Pascal. Não nos esqueçamos de que elas são fruto das palmas do Domingo de Ramos do ano anterior, geralmente queimadas na Quaresma, para o rito quaresmal das cinzas.

 Fonte: https://cleofas.com.br/

Superar o antropocentrismo na ecologia

Do antropocentrismo ao mundo ecocêntrico (EcoDebate)

SUPERAR O ANTROPOCENTRISMO NA ECOLOGIA

Dom Leomar Antônio Brustolin
Bispo de Santa Maria (RS)

O antropocentrismo gerou uma civilização sedenta de poder e ambiciosa em dominar tudo, especialmente a natureza. A crise não surgiu apenas por meio  das tecnologias que possibilitaram a exploração da natureza . Ela se baseia muito mais na ambição que pessoas têm por poder e prepotência. A atitude possessiva e destruidora do ambiente não pode ser compreendida sem a centralidade do ser humano como dominador e articulador da crise.  

Se tudo está interligado numa grande rede de relações, a crise ética deve ser considerada uma das consequências mais nefastas da prepotência antropocêntrica das últimas décadas.  

Jamais a humanidade pode isentar-se de relações com o ambiente natural, até porque é também participante da natureza. O ser humano não se coloca apenas diante da natureza como um sujeito de conhecimento e de atividade, mas se coloca como sujeito de uma história junto à natureza. O ser humano tem natureza e é natureza. Ele toma consciência não apenas do poder que ele dispõe sobre a natureza, mas também da solidariedade em relação à natureza à qual está coligado.   

A ação humana, suas decisões e seu estilo de vida afetam profundamente a vida no planeta. A ética nasce da responsabilidade diante do outro. Acolhendo ou rejeitando o semelhante, definem-se as relações de cooperação ou de dominação. Decorre, então, a necessidade estabelecer critérios que permitam cuidar da vida.  

O equilíbrio entre biocentrismo e antropocentrismo implica em alinhar justiça social com justiça ecológica. O equilíbrio nessa relação é de fundamental importância. Não basta querer defender uma justiça ambiental se em contrapartida se relega às pessoas apenas uma nefasta injustiça. A destruição do cosmos provoca também feridas sociais insanáveis. Ou melhor, a degradação ambiental é parte de uma tragédia complexa, de uma crise cultural. 

Percebe-se como a história apresenta uma bela fachada de progresso, de um futuro promissor através da evolução da Ciência e da técnica, mas esconde o lado apocalíptico, escuro e mortal das massas “sobrantes” do planeta e da crise ecológica que ameaça a vida humana na Terra.  

Há uma ambiguidade fundamental na atual fase do mundo. Enquanto uma minoria do planeta já vive no futuro da informática, do mundo virtual, do conforto e da facilidade que a tecnologia pode oferecer, a grande maioria da população global, vive no passado, sem direito à saúde, educação, alimentação e moradia.   Se esse  sistema e esse estilo  de vida perdurarem,  não será possível pensar o futuro da espécie humana .  Onde há cobiça, há também instrumentalização. A Terra instrumentalizada  possibilita a  manipulação dos seres humanos e a negação da justiça através de um jogo de poder e dominação.  

Nem toda forma de ação humana é verdadeiramente uma humanização da história. Existe também uma história de trevas, onde o domínio técnico-científico, marcado pelo materialismo e guiado pelo jogo do poder e do mercado, deturpa e afeta a imagem de ser humano, alienada nas estruturas do mal.  

A fé cristã professa que o universo está destino a participar da própria história íntima de Deus. Aqui, então, vale o princípio: nada se perde, tudo se transforma e mais, tudo será transfigurado em Deus.  

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Telescópio VATT do Vaticano torna-se totalmente automatizado

Imagem do universo a partir do James Webb Space Telescope (JWST)

Uma importante atualização para o Telescópio Avançado Vaticano (VATT) no Arizona. A introdução de um novo sistema de controle automatizado denominado “Don” permitirá ao Observatório do Vaticano operar com precisão e autonomia sem precedentes. Lançado graças a uma doação generosa e concluído no tempo previsto, o projeto abre novas oportunidades para a comunidade científica global.

Vatican News

Um importante avanço na pesquisa científica para o Observatório Astronômico Vaticano (também conhecido como Specola Vaticana): o Telescópio Avançado Vaticano (VATT) localizado no Monte Graham, no Arizona, conhecido por sua excelente óptica e localização privilegiada, foi recentemente equipado com um avançado sistema de controle automatizado denominado "Don", em homenagem a Donald M. Alstadt (1921-2007), ex-presidente e CEO da Lord Corporation.

O sistema, desenvolvido pela ProjectSoft HK, empresa de engenharia com sede na República Tcheca, foi instalado em 3 de junho de 2024. A conclusão da instalação deu início a uma fase de testes e formação que envolve a comunidade da Specola Vaticana e o pessoal da Universidade do Arizona, como informado em um comunicado.

Inovação Tecnológica: o Sistema “Don”

O sistema "Don" é baseado em controladores lógicos programáveis ​​Beckhoff e outras tecnologias avançadas, como os codificadores Renishaw e conversores EMLO. Esta sofisticada automação permite que o telescópio opere com extraordinária precisão de apontamento, até 3 segundos de arco, aproximadamente a dimensão de uma bola de gude colocada em um grande estádio esportivo.

Graças ao “Don”, o VATT é capaz de rastrear objetos celestes por 20 minutos com uma precisão impecável, sem a necessidade de guia manual. “É realmente emocionante”, declara o padre Paul Gabor, vice-diretor do Observatório do Vaticano no Arizona.

Specola Vaticana em Castel Gandolfo (Vatican News)

Rumo à Robotização Completa

Além de facilitar as operações diárias do telescópio, o sistema "Don" abre novas possibilidades para o futuro: oferecerá diferentes modos de operação, desde o "modo tradicional" para facilitar o uso no local, para o "modo remoto" que permitirá aos astrônomos controlar o VATT no Arizona a partir do Observatório do Vaticano em Castel Gandolfo, Itália.

A modalidade mais sofisticada, a “modalidade planejada”, permitirá ao “Don” executar sequências de instruções, programadas por um astrônomo, sem necessidade de monitorização humana direta, levando o VATT a funcionar em total autonomia.

Colaboração internacional

“Don” foi possível graças a uma doação da Fundação de Caridade Thomas Lord e uma doação da Sra. Judith Alstadt, esposa de Donald M. Alstadt. O projeto representa a trigésima instalação para um telescópio da ProjectSoft HK, na vanguarda da automação industrial.

Instalar o sistema no prazo foi um desafio. Graças ao bom planeamento da Gary Gray, responsável pela estrutura VATT, foi possível superar, por exemplo, as inesperadas tempestades de neve no final de março e início de abril.

Um futuro promissor para a observação astronômica

A fase de testes está avançando a todo vapor. O futuro robótico do VATT, agora no seu 30º ano de funcionamento, é promissor e projeta o Observatório do Vaticano em direção a um futuro brilhante na pesquisa astronômica.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Isabel de Portugal

Santa Isabel de Portugal (A12)
04 de julho
Santa Isabel de Portugal

Isabel foi a terceira filha do rei de Aragão (Espanha), Pedro III, nascida em 1271. Foi criada pelo avô, Tiago (ou, Jaime) I, “O Conquistador”, convertido ao cristianismo e levando uma vida voltada para a fé, que a formou santamente. Sua tia-avó foi Santa Isabel da Hungria, e, como ela, era devota de São Francisco de Assis, empenhada em ajudar os pobres e necessitados.

Com apenas 12 anos foi pedida em casamento por três príncipes, e seu pai escolheu Dom Diniz, herdeiro do trono de Portugal. Já demonstrava então uma personalidade forte, mas doce, e foi reconhecida como uma das mais belas rainhas de Portugal e Espanha, além de muito inteligente e culta. Soube igualmente ser ótima diplomata. Era sobretudo uma mulher de oração e com a vida centrada na Eucaristia.

Teve dois filhos, Constância, futura rainha de Castela (Espanha) e Afonso (IV), futuro rei de Portugal. O esposo lhe era notoriamente infiel, trazendo-lhe grande pesar e humilhação; apesar disso, manteve-se serena e fiel ao seu matrimônio, criando inclusive, com toda a caridade, os filhos ilegítimos do rei.

Exerceu sozinha uma maravilhosa atividade pacificadora entre as cortes portuguesa e espanhola da época, onde as brigas pelo poder se multiplicavam; começou, logo no início do casamento, pela conciliação entre o esposo e o seu irmão que lhe disputava a coroa. Também teve que lidar com o comportamento belicoso do filho. Foi caluniada por um cortesão que a desejava mas não foi correspondido, e sofreu muito até que a sua inocência fosse incontestavelmente provada.

Mas a sua piedade e vida de oração a tudo venceram. Por sua atividade espiritual, acabou por conquistar paz e benefício para o reino, e o reconhecimento de todos. Diariamente assistia à Missa; recitava o Ofício Divino desde os oito anos, acrescentando depois a recitação diária dos Salmos Penitenciais, bem como outras devoções à Virgem Maria e aos santos.

Particularmente destacada era a sua devoção à Nossa Senhora da Conceição, que patrocinou e propagou, de modo que, por meio de Isabel foi celebrada pela primeira vez a Sua festa, em 8 de dezembro de 1320; também Isabel a escolheu como padroeira da nação portuguesa – o que influenciou de forma direta, posteriormente, também a Sua devoção e patronato no Brasil (Nossa Senhora da Conceição Aparecida).

Foi rainha e nobre, igualmente e de modo mais importante, na caridade com os pobres. Protegeu todo tipo de necessitados, principalmente com suas posses e no cuidado dos doentes. Tratava pessoalmente dos leprosos mais repugnantes, medicando suas chagas e lavando suas roupas. E não poucos eram os doentes que saíam de sua presença inteiramente curados. Encaminhava para uma vida digna os órfãos e viúvas; providenciava digna sepultura e mandava celebrar Missas em sufrágio das almas dos abandonados. Quando ela saía no paço real, uma multidão de desvalidos lhe pedia ajuda, e todos eram generosamente atendidos.

Em 1314 refundou o Mosteiro de Santa Clara de Coimbra. Com suas posses sustentava asilos e creches, hospitais para velhos e doentes. Em 1321 fundou em Santarém o Hospital de Nossa Senhora dos Inocentes, que acolhia crianças abandonadas pelos pais. E em 1324, ficando doente seu esposo, o infiel rei Diniz, cuidou também dele, até sua morte no ano seguinte.

Viúva, Isabel abdicou dos seus títulos de nobreza, doou sua fortuna para obras de caridade, depositou sua coroa no altar de São Tiago de Compostela e recebeu o hábito da Ordem Terceira Franciscana no Mosteiro das Clarissas, em Coimbra. Dedicou-se a uma vida de oração, piedade, pobreza, mortificação e cuidado dos pobres e doentes. Em 1336, enferma, saiu do mosteiro para, mais uma vez, encontrar-se com o filho Afonso e conciliar disputas familiares. Faleceu no mesmo ano, em Estremoz, distrito de Évora, Portugal, a quatro de julho, sendo sepultada no seu mosteiro em Coimbra.

Seu corpo permaneceu incorrupto, exalando um bálsamo perfumado, e inúmeros milagres foram obtidos junto a ele. Por isso seus descendentes intercediam pelo aceleramento do processo de canonização; mas, já no século XVII, o então Papa Urbano VIII, por prudência, havia estabelecido que ele mesmo jamais haveria de canonizar alguém, de modo a que o tempo e estudos pormenorizados pudessem garantir a verdade em tais processos.

Apenas por educação e cortesia, aceitou uma imagem de Isabel, enquanto os fiéis rezavam incessantemente a Deus pela canonização. Mas, ficando gravemente doente, e lembrando-se do que se falava das curas intermediadas por Isabel, encomendou-se a ela. No dia seguinte, acordou curado. Tornou-se assim seu devoto e a canonizou (em 1625), sendo esta a única canonização do seu pontificado de 21 anos.

 Santa Isabel é padroeira de Portugal e reconhecida como “rainha santa da concórdia e da paz”.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santa Isabel de Portugal, esposa, rainha, mãe, religiosa, serva; cultivou ao longo da vida a oração, conciliação, perdão, caridade, devoção. Por isso foi esposa da oração, rainha da conciliação, mãe do perdão, devota da religiosidade e serva da caridade. Em qualquer papel que se exerça nesta vida, é preciso como ela ter o alimento da Eucaristia, e conceber Nossa Senhora como Aquela que nos aparece para conduzir na inocência do corpo e da alma. Assim seguiremos o seu exemplo de sustentar com o que temos o patrocínio das boas obras, propagar a cura dos males, que é o Cristo, e fundar um edifício sólido de espiritualidade onde possamos nos recolher definitivamente em Deus.

Oração:

Deus Rei do Universo, cuja Majestade enobrece os Vossos filhos e as nações, concedei-nos por intercessão de Santa Isabel de Portugal, como Vós realeza que serve, seguir em espírito este mesmo exemplo, depositando nesta vida uma coroa de obras de caridade diante do Vosso altar, para, como imagem benéfica aos irmãos, mantermos a alma incorrupta, exalando o bonus odor Christi que desejais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 3 de julho de 2024

São Tomé, o apóstolo transparente e curioso

Domínio Público
Dolors Massot - publicado em 03/07/15 atualizado em 02/07/24

São Tomé, mencionado em diversas passagens do Evangelho, viu Jesus realizar milagres e não teve dúvidas, por isso se entende que queria ver para crer.

São Tomé é um dos doze apóstolos escolhidos por Cristo. Dele sabemos o que nos contam os Evangelhos, que correspondem a quatro episódios da vida de Jesus Cristo. É mencionado 10 vezes nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos.

Entre os Doze escolhidos por Deus

Ele foi chamado por Cristo e aparece na lista dos Doze. No Evangelho de São Mateus diz assim:

“Os nomes dos doze apóstolos são: primeiro Simão, de sobrenome Pedro, e seu irmão André; depois, Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu , e Tadeu Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, o mesmo que o traiu.

Mt 10, 3

Também aparece na lista fornecida pelos outros dois Evangelhos sinópticos, o de Marcos e o de Lucas.

“Vamos também morrer com ele”

Graças a São João sabemos que ele era chamado de “o Gêmeo” (o gêmeo, em algumas traduções) e que se sentia e dizia ser capaz de dar a vida pelo Senhor. Quando Jesus é informado de que seu amigo Lázaro morreu e que ele se prepara para retornar à Judéia, embora saiba que está em perigo, Tomé desafia os outros discípulos:

“Tomé, chamado Gêmeo, disse aos outros discípulos: 'Vamos também nós e morramos com ele'” ( Jo 11, 16 )

Uma pergunta cheia de sinceridade

Na Última Ceia, Tomé mostra mais uma vez a sua proximidade com o Senhor, a sua transparência e a sua atitude de acreditar apenas naquilo que a sua razão pode alcançar. Quando Jesus diz aos Apóstolos que vai para a Casa do Pai, ocorre esta situação:

"Tomé disse-lhe: 'Senhor, não sabemos para onde vais. Como saberemos o caminho?'. Jesus respondeu-lhe: 'Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai. exceto através de mim.'"

Graças à pergunta sincera e leal de Tomé, o Senhor dá uma resposta que servirá aos cristãos de todos os séculos e aproximará muitas pessoas da fé.

O encontro com Jesus ressuscitado

Finalmente, ocorreu o evento pelo qual este apóstolo é mais conhecido. Diz São João ( Jo 20, 24 ):

“Na primeira aparição de Jesus ressuscitado aos seus apóstolos, Tomé não estava com eles. Os discípulos disseram-lhe: 'Vimos o Senhor.' e se eu não colocar os meus dedos nos buracos das suas unhas, e não colocar a minha mão na ferida do seu lado, não acreditarei.' Oito dias depois os discípulos estavam reunidos e Tomé estava com eles. e disse a Tomé: 'Aproxima o teu dedo: aqui estão as minhas mãos, traz a tua mão e põe-na na ferida que tenho no lado, e não sejas um incrédulo, mas um crente.' .' Jesus lhe disse: 'Você acreditou porque me viu aqueles que acreditam sem ver'".

Mais uma vez, graças a São Tomé, há uma lição única do Senhor sobre como a nossa fé deve ser e crescer, e como a misericórdia e a paciência de Deus para conosco são infinitas. Não sabemos se Tomé conseguiu tocar com as próprias mãos o lado aberto de Cristo ou se bastava ouvir a voz do Senhor, mas conhecemos a sua conversão, que é o dom que Deus lhe tinha preparado.

A tradição situa posteriormente São Tomé Apóstolo, evangelizando na Pérsia e na Índia, onde poderia ter morrido no ano 72.

A festa de São Tomé Apóstolo é celebrada no dia 3 de julho.

Fonte: https://es.aleteia.org/

A inveja: o vício capital que corrompe a alma

Por que sentimos inveja? (Findação Nazaré)

A INVEJA: O VÍCIO CAPITAL QUE CORROMPE A ALMA

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

A inveja é um vício capital que gera outros vícios e é altamente destrutiva, pois corrompe a alma e destrói as relações humanas. A inveja inclui várias causas, como o desejo desordenado de autoexaltação e a incapacidade de reconhecer a bondade e os dons de Deus nos outros. 

Segundo o Papa Francisco, a inveja é uma tristeza pelo bem alheio que demonstra a falta de interesse do invejoso pela felicidade dos outros, uma vez que ele está centrado exclusivamente no próprio bem-estar (Amoris Laetitia, n. 95). A inveja, conforme compreende o Santo Padre, está ligada a uma falsa ideia de Deus e à recusa de aceitar a lógica divina do amor e da generosidade. As consequências da inveja são severas. Ela destrói as relações humanas, envenena o sentimento de fraternidade e pode levar ao ódio e até mesmo à violência, como ilustrado pela história de Caim e Abel (Papa Francisco, Audiência Geral, 28/02/2024). O remédio para curar a inveja é o amor e a humildade, pois, como afirma o Papa Francisco, o amor não é invejoso, mas aprecia os sucessos alheios e não os vê como uma ameaça (Amoris Laetitia, n. 95-96). O Papa também aconselha a proteger o coração contra o “verme do ciúme” através da prática da caridade e da empatia (Homilia na Casa Santa Marta, 24/01/2020). 

São Tomás de Aquino compreende a inveja como um vício capital, uma tristeza pelo bem alheio, que o invejoso sente como um mal para si mesmo. Ele considera a inveja como um reflexo da desordem na busca pelo bem, onde o sucesso alheio é visto pelo invejoso como uma diminuição do seu próprio valor. A inveja gera um ciclo de negatividade e leva o invejoso a cometer outras ações contra a ordem moral para prejudicar o próximo, incluindo murmuração, detração, ódio, exultação pela desgraça alheia e aflição pela prosperidade do outro. São Tomás sugere, para combater a inveja, a prática das virtudes opostas, como a caridade e a generosidade, e nos incentiva a reconhecer a bondade de Deus em todos e a nos alegrar com o bem dos outros (De Malo). 

Segundo Hugo de São Victor, a inveja segue a soberba, uma vez que aquele que ama exclusivamente o próprio bem sente-se atormentado pelo bem alheio. Ele relaciona a inveja com a segunda petição do Pai Nosso (“Venha a nós o vosso Reino”), o segundo dom do Espírito Santo (Piedade), a segunda virtude capital (Mansidão) e a segunda bem-aventurança (Posse da Terra). Para Hugo de São Victor, a inveja impede o homem de reconhecer a bondade de Deus nos outros, levando à tristeza e ao afastamento da comunidade (Os Cinco Setenários). 

Através dos ensinamentos do Papa Francisco, de Tomás de Aquino e de Hugo de São Victor, compreendemos que a cura para a inveja está no amor, na humildade e na prática das virtudes opostas. A luta contra a inveja é uma batalha contínua, mas essencial para nossa saúde espiritual e a harmonia com Deus e com o outro. 

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF