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sexta-feira, 5 de julho de 2024

No túmulo de Paulo, as origens do cristianismo romano

Junto do túmulo de Paulo, rumo ao Jubileu (Vatican Media)

Uma laje romana com a inscrição “Paulo apostolo mart”; uma área de sepultamento de uma grande comunidade cristã; pesquisas científicas recentes indicam um homem vivido entre os séculos I e II; os restos mortais encontrados dentro de um sarcófago de mármore bruto. Estes são os dados materiais que atestam a presença do Apóstolo dos Gentios sob o altar da Basílica de São Paulo fora-dos-muros. Um local rico em fé, história e mistério.

https://youtu.be/6F2awGyyl3g

Paolo Ondarza – Città del Vaticano

Início dos anos 2000. Surge um interesse renovado em torno da figura de Paulo de Tarso. Sensacionais descobertas trazem à luz o mais antigo retrato do Apóstolo dos Gentios nas Catacumbas Romanas de Santa Tecla, sucessivamente um sarcófago de mármore bruto sob o altar papal da Basílica que remonta ao autor das treze epístolas do Novo Testamento.

Nave central da Basílica São Paulo fora-dos-muros (Vatican Media)

Reconhecimento científico

A confirmação foi dada com profunda emoção no dia 29 de junho de 2009, durante as Primeiras Vésperas de encerramento do Ano Paulino, por Bento XVI. Naquela ocasião, o então Pontífice comunicou os resultados da detalhada análise científica realizada no túmulo, dois mil anos depois do nascimento de Paulo: uma sonda especial introduzida no sarcófago revelou traços de um precioso tecido de linho de cor púrpura, laminado com ouro puro, de uma pano azul com filamentos de linho, grãos de incenso vermelho e de substâncias proteicas e calcárias. Também foram identificados pequenos fragmentos ósseos, submetidos a testes de carbono 14 realizados por especialistas, que desconhecem a sua origem, mas remontam a uma pessoa que viveu entre os séculos I e II. “Isto parece confirmar a tradição unânime e indiscutível de que estes são os restos mortais do apóstolo Paulo”, comentou Bento XVI.

Uma reprodução da laje acima da tumba (Vatican Media)

Um túmulo nunca aberto

Quinze anos depois desse anúncio, fomos ao túmulo acompanhados pelo padre Lodovico Torrisi, mestre de noviços da Abadia de São Paulo fora-dos-muros, dirigida desde o século VIII por monges beneditinos. “O túmulo nunca foi aberto - explica ele - porque as vibrações para retirar a tampa, o contato com a luz e o oxigênio poderiam destruir, desintegrar, o que restava do corpo de Paulo”.

O sarcófago de São Paulo (Vatican Media)

Aos pés do altar, sob o maravilhoso tabernáculo criado em 1285 pelo famoso escultor Arnolfo di Cambio, são visíveis as pedras do sarcófago trazidas à luz em 2006 pelos pesquisadores. Uma pequena chama arde continuamente, dia e noite, para indicar a sacralidade do local. Ao lado, é claramente visível uma urna de bronze e vidro contendo a corrente da prisão romana do Apóstolo, presente na basílica desde o século IV e levada em procissão para o interior da Sala a cada 29 de junho, Solenidade dos Santos Pedro e Paulo.

A chama paulina colocada nas proximidades do túmulo e das correntes do apóstolo Paulo (Vatican Media)

Através de uma grade é possível ver, abaixo do nível do pavimento, uma laje de mármore composta por duas peças, medindo 2,12 x 1,27 metros. Nela se destaca a inscrição PAULO APOSTOLO MART e possui três orifícios: um redondo e dois quadrados. Remonta aos séculos IV-V e testemunha o culto que passou a existir no local desde as suas origens, antes ainda da construção de uma igreja. Os orifícios tinham a função de obter relíquias de contato, ou seja, tiras de tecido que eram inseridas até tocarem o túmulo.

A laje de mármore com a inscrição PAULO APOSTOLO MART (Vatican Media)

Martírio fora dos muros

“A decapitação de São Paulo - continua o padre Lodovico Torrisi - ocorreu muito perto do local da sepultura. A cerca de quatro quilômetros da Basílica, nas Acque Salvie, onde hoje está a Abazia delle Tre Fontane (Abadia das Três Fontes). Paulo foi conduzido até este local após ser retirado do Cárcere Marmetino, onde foi mantido prisioneiro. Os historiadores ainda não entenderam por que o martírio ocorreu ali." Foi decapitado fora das Muralhas Aurelianas, em um local caracterizado pelo ar insalubre, perto da Via Ostiense entre 65 e 67, sob o imperador Nero.

A Abadia delle Tre Fontane (Três Fontes) (Vatican Media)

As Três Fontes

Ao cair no chão, a cabeça saltou três vezes e, segundo a tradição, três fontes surgiram milagrosamente nesses três pontos: a primeira quente, a segunda morna, a terceira fria. No caminho que acompanha lateralmente a abadia trapista, foi reconstruído em tempos bastante recentes um pavimento semelhante aos da Roma Antiga, para recordar o caminho percorrido pelo Santo antes da sua execução.

Uma inscrição em mármore na fachada da Igreja de San Paolo al Martirio, construída no século V e renovada em 1599 pelo arquiteto Giacomo Della Porta, e parte do complexo da abadia, diz: “S. Pauli Apostoli martyrii locus ubi tres fontis mirabiliter eruperunt”. No interior do templo são claramente visíveis três edículas construídas sobre cada uma das fontes, alinhadas à mesma distância, mas em níveis diferentes. Desde 1950, na sequência da urbanização e da consequente poluição do aquífero, o fluxo de água foi interrompido, com o fim de sua distribuição aos fiéis.

A igreja do martírio de São Paulo nas Três Fontes (Vatican Media)

A espada

Tendo sido preso pelos judeus, Paulo chegou a Roma no ano 61 para ser julgado como cidadão romano. Nascido judeu com o nome de Saulo, gozava da cidadania romana como todos os habitantes de Tarso, sua cidade de origem, na Cilícia, ao sul da atual Turquia. Tendo se mudado para Jerusalém, tornou-se um homem de confiança do Sinédrio e mais tarde um feroz perseguidor dos cristãos. No caminho para Damasco, em 36, ocorreu sua conversão.

A conversão de Paulo no afresco da Capela Paulina, obra de Michelangelo (Vatican Media)

“São Paulo – observa padre Ludovico – é representado com a espada para indicar como defendeu a Palavra de Deus. Por defender o Evangelho morreu então por uma espada, em uma morte atroz, como um valente lutador”.

A coluna do martírio em Tre Fontane (Vatican Media)

As cabeças de Pedro e Paulo

“Diz-se que depois da decapitação uma matrona romana cristã cuidou do corpo, colocou-o num sarcófago e foi sepultado na Via Ostiense”, acrescenta o padre Torrisi. Segundo narrativas que chegaram até nós, esta mulher chamava-se Lucina: a três quilômetros das Acque Salvie era proprietária de uma sepultura dentro de um cemitério pagão que tinha cerca de 5 mil túmulos. Escavações confirmaram a existência desta necrópole com nichos funerários e sepulturas para os pobres e escravos libertos. A cabeça de Paulo foi encontrada em um segundo momento e está preservada acima do tabernáculo da Basílica de São João de Latrão junto com a de Pedro, sepultado nas Grutas do Vaticano. Segundo o Martirológio Romano, os dois foram mortos no mesmo dia.

Uma das edículas construída em Tre Fontane (Vatican Media)

Os seus restos mortais também estão ligados porque durante as perseguições ambos estiveram abrigados nas Catacumbas de São Sebastião, como documentado por alguns grafites e ex-voto encontrados no sítio arqueológico da Via Appia. Posteriormente, os restos mortais dos dois santos padroeiros de Roma foram levados de volta aos seus cemitérios originais.

Às origens da Igreja de Roma

O local da sepultura de Paulo tornou-se imediatamente um destino de peregrinação para os fiéis que aqui vinham rezar e em homenagem ao Santo construíram uma cella memoriae. Desde os primeiros anos, numerosos batizados decidiram ser sepultados nas redondezas e a necrópole pagã foi gradualmente transformada em cristã.

O claustro da Abadia de São Paulo fora-dos-muros (Vatican Media)

“Muitos escolheram por colocar o próprio túmulo perto daquele do Apóstolo”, recorda o abade beneditino, mostrando-nos as numerosas epígrafes em latim, grego e hebraico afixadas nas paredes do claustro da Abadia de São Paulo fora-dos-muros, concebido e decorado por Pietro Vassalletto.

O lapidário no claustro de São Paulo fora-dos-muros (Vatican Media)

“Durante os diversos trabalhos de reconstrução, escavação ou reforço das fundações, foram encontrados muitos artefatos arqueológicos, túmulos pagãos e cristãos. Provavelmente eram pessoas de certa posição social. O cristianismo romano nasceu precisamente nesta área." Entre os artefatos mais valiosos encontrados nesta zona em 1838 destaca-se o Sarcófago Dogmático, do século IV, hoje conservado nos Museus Vaticanos.

Sarcófago dogmático, mármore branco, 325-250, encontrado em 1838 nas fundações do baldaquino de S.P aolo fora-dos-muros.; na Basílica até 1854. © Museus do Vaticano (Vatican Media)

As três Basílicas

Sancionada a liberdade de culto em 313 DC. com o Edito de Milão, o imperador Constantino quis honrar dignamente a memória do Apóstolo dos Gentios, monumentalizando o local da sua primeira sepultura com uma Basílica em 324, cuja base ainda hoje é visível aos pés do altar papal. O corpo do Santo foi primeiro fechado em um caixão de cobre. O templo, inicialmente não muito grande, foi posteriormente ampliado pelos imperadores Teodósio, Arcádio e Valentiniano II, tornando-se assim uma basílica de grandes dimensões, com cinco naves conhecida como "Teodósia" ou "dos três imperadores".

Tabernáculo de Arnolfo di Cambio (Vatican Media)

As obras-primas que sobreviveram ao incêndio

Entre os séculos XII e XIII, ali trabalharam grandes personalidades artísticas como Pietro Cavallini, cujos afrescos infelizmente foram perdidos, e Arnolfo di Cambio, autor do cibório que sobreviveu, juntamente com o valioso candelabro para o Círio Pascal de Vassalletto, ao devastador incêndio que em julho de 1823, em uma única noite, destruiu a Basílica Teodósia.

Detalhe do candelabro para o Círio Pascal (Vatican Media)

O incêndio e a reconstrução

As causas do incêndio são desconhecidas, alguns atribuem-no a uma tocha que talvez tenha sido deixada por descuido pelos operários que trabalhavam na reparação do telhado. No dia seguinte à catástrofe, os romanos foram em massa ver o que restava da igreja. O cenário era desolador e comovente. Testemunha excepcional, o escritor francês Stendhal descreveu-o como “um dos maiores espetáculos” já vistos: “Tive uma impressão de beleza severa, tão triste quanto a música de Mozart. Os dolorosos e terríveis vestígios do desastre ainda estavam vivos; a igreja ainda estava cheia de vigas fumegantes, meio queimadas; os fustes das colunas, fendidos em todo o seu comprimento, ameaçavam cair a qualquer momento.”

Em 25 de janeiro de 1825, com a Encíclica “Ad plurimas”, Leão XII lançou um apelo aos fiéis para a reconstrução do templo: será reconstruído de forma idêntica, reaproveitando as peças salvas do incêndio para preservar a tradição cristã do origens e, consagrada por Pio IX em 10 de dezembro de 1854. Em São Paulo fora-dos-muros ganhou corpo naqueles anos o mais impressionante canteiro de obras da Igreja de Roma do século XIX. A Basílica que resultou deste trabalho é exatamente aquela que se apresenta aos nossos olhos hoje.

São Paulo e os fiéis de todos os lugares

Não só os católicos, mas o mundo inteiro respondeu em massa ao apelo de Leão XII: blocos de malaquite e lápis-lazúli foram doados pelo czar Nicolau I, tal como colunas e janelas de alabastro muito fino vieram do rei Fouad I do Egito. Paulo de Tarso foi assim confirmou naquela ocasião como ponto de referência universal para crentes e gentios.

Evocativos da coralidade das pessoas reunidas em torno deste gigante do cristianismo são os painéis de mármore nas paredes da ábside onde estão gravados os nomes dos numerosos cardeais e bispos presentes no dia da consagração. Estavam em Roma para a proclamação do Dogma da Imaculada Conceição. Celebraram juntamente com o Sucessor de Pedro, simbolicamente sob o olhar de todos os Papas da história retratados em mosaicos nos grandes medalhões que decoram as naves da Sala.

A capa do L'Osservatore Romano do dia em que João XXIII comunicou aos cardeais a sua intenção de convocar o Concílio Vaticano II (Vatican Media)

O apóstolo da unidade cristã

Como se sabe, o apostolado de Paulo estendeu-se dos judeus a todos os povos: na Arábia, na Ásia Menor, Macedônia, Chipre e Grécia, fundou numerosas comunidades cristãs. Emblemática das andanças do Apóstolo dos Gentios é a relíquia do cajado utilizado durante as suas viagens, conservada no Museu da Basílica Romana.

A relíquia do cajado de São Paulo (Vatican Media)

“Paulo é venerado pela população mundial, tanto cristã como não-cristã - observa padre Lodovico Torrisi. Ele é uma figura fundamental para a unidade dos cristãos”.

Celebrações e eventos ecumênicos são realizados na Basílica. Episódios e objetos particularmente significativos deste ponto de vista estão ligados a este lugar. Ali, no apartamento do Abade, no dia 25 de Janeiro de 1959, João XXIII anunciou aos cardeais a sua intenção de convocar o Concílio Ecumênico Vaticano II.

As correntes do Apóstolo na Basílica de São Paulo fora-dos-muros (Vatican Media)

Além disso, em 2006 Bento XVI realizou o desejo de São João Paulo II de doar dois elos das correntes do Apóstolo dos Gentios ao Patriarca de Atenas Christodoulos.

A Porta Santa da Basílica de São Paulo fora-dos-muros (Vatican Media)

São Paulo e o Jubileu

Finalmente, no caminho para a plena comunhão entre os cristãos, um lugar de destaque é ocupado pela Porta Santa da Basílica de São Paulo, que será aberta no dia 5 de janeiro:

Detalhe da Porta Santa (Vatican Media)

“Tem um valor muito importante. Foi construída em Constantinopla e doada em 1070. Originalmente foi colocada na entrada principal. O fogo danificou-a, reduzindo o seu tamanho. Foi assim transferida para uma entrada lateral. Em vista do Jubileu – conclui padre Ludovico – esperamos que fiéis, peregrinos e turistas de todo o mundo vivam aqui uma bela experiência de profunda conversão e fé, de união e de encontro com o Senhor por meio do testemunho do Apóstolo Paulo”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Antônio Maria Zacarias

Santo Antônio Maria Zacarias (A12)
05 de julho
Santo Antônio Maria Zacarias

Antônio Maria nasceu em 1502 em Cremona, Itália, na nobre família Zaccaria. Seu pai faleceu quando tinha dois anos, e sua mãe recusou outros casamentos para se dedicar totalmente a ele. Desde pequeno era muito inteligente, e caridoso, sendo comum voltar do colégio sem seu manto de lã, que dera a algum mendigo.

Com 18 anos, decidiu deixar tudo o que seria sua herança com a própria mãe (que por toda a vida aceitou a solidão de modo a não atrapalhar a vocação do filho), indo estudar Filosofia em Pávia, e posteriormente Medicina em Pádua, onde se doutorou. Durante este tempo levou vida austera, simples e humilde, afastando-se das turbulências comuns à vida universitária. Já formado e tendo abandonado as roupas luxuosas, trocadas por vestes simples, dedicou-se a tratar principalmente dos mais necessitados, curando as doenças físicas mas também oferecendo conforto e esperança com a palavra de Deus. Por fim, em 1528, decidiu tornar-se sacerdote, mudando-se para Milão.

Fundou nesta cidade, com o auxílio de Tiago Morigia e Bartolomeu Ferrari, a Congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo, cujos membros ficaram conhecidos como “barnabitas”, porque a primeira Casa da Ordem foi construída ao lado da igreja de São Barnabé. Posteriormente, fundou a Congregação Feminina das Angélicas de São Paulo, auxiliado pela condessa de Guastalla, Ludovica Torelli, e o Grupo de Casais para os leigos.

A ideia destas fundações era a verdadeira reforma dos religiosos e leigos, naquele momento em grande decadência moral, em oposição à mal denominada “Reforma” protestante do herético Lutero (este não fez qualquer reforma no Catolicismo, pois uma reforma mantém as bases e corrige os erros; Lutero simplesmente criou outra religião, na medida em que pretendeu mudar ou eliminar, não reformar, os próprios fundamentos do Catolicismo, como a Eucaristia e demais Sacramentos, o entendimento da Bíblia, a noção de santidade, etc.).

Antônio foi assim um dos líderes da chamada (também inadequadamente) Contrarreforma, que uniu vários santos da Igreja no preparo do famosíssimo Concílio de Trento (1545-1563), fundamental para o esclarecimento dos erros dos protestantes e da afirmação das verdades da Doutrina e da Liturgia Católica. Outra dificuldade da época combatida por Antônio foi a ideia de incompatibilidade entre Fé e ciência, atualmente também em voga e de novo refutada pela Igreja (por exemplo na Encíclica de São João Paulo II Fides e Ratio, “Fé e Razão”: tanto a Fé quanto a Razão, e por consequência a Ciência que dela se desenvolve, vêm de Deus, e não podem por isso estar em oposição, pois Deus não age contra Si mesmo).

Foi um grande promotor da devoção eucarística, e por isso instituiu as hoje muito conhecidas 40 horas de Adoração ao Santíssimo Sacramento como eficaz exercício espiritual. Propunha-se igualmente a tocar os sinos da igreja diariamente às 15h00, em homenagem e recordação ao momento da morte de Jesus na Sua Paixão.

Em 1539, contraiu uma epidemia numa das suas numerosas missões de pregação e oração, e sendo médico, soube que não resistiria a ela. Voltou então para a casa materna, onde nascera, para aí nascer para a vida definitiva no Paraíso. Faleceu com menos de 37 anos nos braços da sua mãe terrena, despertando nos braços da Mãe do Céu.

 Santo Antônio Maria Zaccaria é considerado o pioneiro da Pastoral Familiar na Igreja Católica.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

O resumo de toda a obra de Santo Antônio Maria Zaccaria é a reforma, verdadeira reforma, que corrige sem mudar a essência, do comportamento do clero e dos leigos, reaproximando-os dos legítimos preceitos cristãos. Nada mais atual. No seu caso, ele o fez pelo exemplo de vida, pelo ensino da sã Doutrina e pelo esclarecimento dos erros. Para nós, nada mais atual… Ele teve boa fé e razão de protestar contra as heresias, nós vemos hoje a heresia de se protestar sem razão contra a fé boa. É hora de tocarmos os sinos das nossas consciências e nos braços de Nossa Senhora acordarmos para os seus avisos em Fátima, 1917. Se o luteranismo deu início a uma inaudita fragmentação dos cristãos, em grupos cada vez mais numerosos e com cada vez menos seguidores ao longo do tempo, as ideias materialistas e ateístas das quais a Virgem Maria nos preveniu na Cova da Iria estão com mais seguidores em menos grupos cada vez mais unificados, e tais propostas, massificas na cultura em geral, exigem dos católicos o movimento de concílio de forças espirituais na santidade, para que seja sim reformada a realidade para a Verdade de Deus. Como bom médico, do corpo e da alma, Santo Antônio sabia identificar doenças e buscar a cura. A patologia mundana universal precisa, ontem, hoje e sempre, do divino Cura, em proporção católica. Busquemo-Lo com confiança, na certeza do Seu poder e bondade, pois “Eu venci o mundo” (Jo 16,33). E vamos encontrá-Lo na Adoração, meio eficaz daquela boa reforma individual e social, a medicação espiritual de quarentena (40, o número bíblico indicativo de preparação – 40 anos no deserto antes da chegada à Terra Prometida, 40 dias de oração antes da manifestação pública de Jesus…) em face da enfermidade materialista. Disse Santo Antônio Maria que “É próprio dos grandes corações dispor-se ao serviço dos outros e, sem recompensa, combater não em vista do pagamento”. Não apenas ele se pôs a serviço; sua mãe, em grande união de alma e coração com ele, aceitou uma vida de solidão para não atrapalhar sua vocação, o que foi para ela uma proposta de vida também santificante. “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a Mim não é digno de Mim; e quem não toma a sua cruz e vem após Mim não é digno de Mim” (Mt 10,37). O peso desta cruz materna foi a densidade de um ambiente vazio. Porém rico de amor ao próximo, e por isso pleno de Deus. Apoiar os caminhos que o Senhor indica aos demais, mesmo que com ônus pessoal, é grande obra de caridade.

Oração:

Senhor Deus, que apascentas o Vosso rebanho com plena solicitude, concedei-nos por intercessão de Santo Antônio Maria Zaccaria realizar a sua proposta para a pastoral familiar, levando o Bom Pastor ao núcleo das sociedades: as famílias constituídas como Vos as criastes, de modo a reformar todo o orbe para vossa Adoração infinita num único povo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 4 de julho de 2024

O que acontece com o cérebro quando rezamos (1)

Vários estudos analisaram o que acontece dentro do cérebro quando rezamos (GETTY IMAGES)

O que acontece com o cérebro quando rezamos

28 junho 2024

Atribui-se ao famoso escritor britânico C.S. Lewis, criador do universo literário de Nárnia, uma frase que descreve muito bem o que rezar significa para muitas pessoas.

"Rezo porque não posso evitar, rezo porque estou desconsolado, rezo porque a necessidade de fazer isso flui de mim o tempo todo, acordado ou dormindo. (Rezar) Não muda Deus. Me muda", disse o autor certa vez.

Hilary, ouvinte do programa de ciência da BBC Crowdscience, sente algo semelhante quando reza sentada no tronco de uma árvore ou fazendo uma caminhada: "Quando rezo, sinto uma conexão com Deus. Mas a oração tem muitas variações. Pode acontecer na calma de um momento e pode ser sem palavras, e há vezes em que pode ser uma oração em grupo na igreja."

Mas ultimamente, quando se senta para rezar, uma pergunta vem à cabeça: "Como rezar afeta o cérebro e o bem-estar mental?"

A equipe do BBC Crowdscience consultou especialistas para tentar entender o que acontece no cérebro das pessoas que rezam e saber se esse mecanismo está necessariamente relacionado a crenças religiosas, ou se talvez possa estar presente naqueles que meditam ou levam uma vida criativa.

Quando entramos em oração, o lobo frontal é ativado. Mas na oração profunda, a atividade do lobo frontal diminui novamente (GETTY IMAGES)

O cérebro

O neurocientista Andrew Newberg, diretor de pesquisa do Instituto Marcus de Medicina Integrativa da Universidade Thomas Jefferson, nos Estados Unidos, dedica-se a estudar os efeitos da oração e de outras práticas religiosas no bem-estar mental de seus pacientes.

Por meio de ressonâncias magnéticas, sua equipe conseguiu ver as áreas do cérebro que são ativadas no momento em que uma pessoa está rezando.

"Uma maneira comum de rezar é quando uma pessoa repete uma oração específica várias vezes como parte de sua prática. E quando você faz uma ação como essa, uma das áreas do cérebro que é ativada é o lobo frontal", explicou o especialista à BBC.

Isso não surpreende, já que o lobo frontal tende a se ativar quando nos concentramos profundamente em uma atividade. O que surpreende Newberg é o que acontece quando as pessoas entram no que sentem como "oração profunda".

"Quando a pessoa sente que a oração está quase tomando conta dela, por assim dizer, a atividade do lobo frontal realmente diminui. Isso ocorre quando o indivíduo relata sentir que não são eles que estão gerando a experiência, mas que é uma experiência externa que está se passando com ele", disse o pesquisador.

A oração profunda, descobriu Newberg, também gera uma redução na atividade no lobo parietal, na parte mais traseira do cérebro. Essa área recebe informações sensoriais do corpo e cria uma representação visual dele.

Newberg diz que uma redução na atividade do lobo parietal poderia explicar os sentimentos de transcendência reportados por quem reza profundamente: "À medida que a atividade nessa área diminui, perdemos o senso do eu individual e temos esse senso de unidade, de conexão".

Uma questão de fé?

Para muitas pessoas, rezar faz com que elas se sintam parte de algo além de si mesmos, uma sensação que é comum a quem medita

Para Hillary, a explicação de Newberg faz sentido, e a relaciona com o que sente quando reza: "Suponho que o sentimento de perder o senso de eu individual tenha a ver com essa conexão que sinto com Deus quando estou em oração contemplativa".

Mas rezar é uma experiência imensamente pessoal: se para Hillary ela pode acontecer sentada em um tronco de árvore ou em uma caminhada na natureza, para outros, pode ser em um diálogo em voz alta com Deus, no silêncio absoluto ou mesmo no canto.

Práticas semelhantes à oração, mas sem qualquer fundamento religioso, poderiam produzir os mesmos efeitos sentidos por aqueles com crenças profundas?

Para Tessa Watt, especialista em práticas de meditação e mindfulness que já trabalhou com centenas de clientes, esse estado pode ser alcançado concentrando a atenção no presente e nas sensações que experimentamos.

"Acredito que tanto o ato de rezar quanto o mindfulness ajudam a tranquilizar uma pessoa, para que ela tenha mais tempo para si mesma e também ative o sistema nervoso parassimpático", explica Watt.

O sistema nervoso é composto por dois sistemas autonômicos distintos que controlam a maioria das respostas automáticas do corpo.

Por um lado, o sistema simpático regula as chamadas respostas de "luta ou fuga", aquelas que exigem que o corpo reaja rapidamente a uma ameaça. Por outro lado, as tarefas relacionadas ao "descanso e digestão" ficam a cargo do sistema parassimpático.

"Isso significa que, ao praticar mindfulness, você aprende a acalmar sua resposta de luta ou fuga, tornando-se mais eficiente no controle de suas emoções", diz Watt.

Esta é uma adaptação do programa Crowdscience da BBC, apresentado por Caroline Steel e produzido por Jo Glanville. O episódio original pode ser ouvido aqui.

Fonte: https://www.bbc.com/

CATEQUESE: Símbolos Litúrgicos ligados à Natureza

Símbolos litúrgicos (Cléofas)

Símbolos Litúrgicos ligados à Natureza

 POR PROF. FELIPE AQUINO

A Água: A água simboliza a vida (remete-nos sobretudo ao nosso batismo, onde renascemos para uma vida nova). Pode simbolizar também a morte (enquanto por ela morremos para o pecado). Nesse sentido, ela é mãe e sepulcro, de acordo com os Santos Padres. (Ver a referência litúrgica do nº 67, em que se fala da água, nos ritos do Batismo, do Lavabo e do “asperges”).

O Fogo: O fogo ora queima, ora aquece, ora brilha, ora purifica. Está presente na liturgia da Vigília Pascal do Sábado Santo e nas incensações, como as brasas nos turíbulos. O fogo pode multiplicar-se indefinidamente. Daí, sua forte expressão simbólica. É símbolo sobretudo da ação do Espírito Santo (Cf. Eclo 48,1; Lc 3,16; 12,49; At 2,3; 1Ts 5,19), e do próprio Deus, como fogo devorador (Cf. Ex 24,17; Is 33,14; Hb 12,29).

A Luz: A luz brilha, em oposição às trevas, e mesmo no plano natural é necessária à vida, como a luz do sol. Ela mostra o caminho ao peregrino errante. A luz produz harmonia e projeta a paz. Como o fogo, pode multiplicar-se indefinidamente. Uma pequenina chama pode estender-se a um número infinito de chamas e destruir, assim, a mais espessa nuvem de trevas. É o símbolo mais expressivo do Cristo Vivo, como no Círio Pascal. A luz e, pois, a expressão mais viva da ressurreição.

O Pão e o Vinho: Símbolos do alimento humano. Trigo moído e uva espremida, sinais do sacrifício da natureza, em favor dos homens. Elementos tomados por Cristo para significarem o seu próprio sacrifício redentor.

O Incenso: Como se falou no número 33, com sua especificidade aromática. Sua fumaça simboliza, pois, a oração dos santos, que sobe a Deus, ora como louvor, ora como súplica (Cf. Sl 140(141)2; Ap 8,4).

O Óleo: Temos na liturgia os óleos dos Catecúmenos, do Crisma e dos Enfermos, usados liturgicamente nos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos. Nos três sacramentos, trata-se do gesto litúrgico da unção. Aqui vemos que o objeto – no caso, o óleo – além de ele próprio ser um símbolo, faz nascer uma ação, isto é, o gesto simbólico de ungir. Tal também acontece com a água: ela supõe e cria o banho lustral, de purificação, como nos ritos do Batismo e do “lavabo” (abluções), e do “asperges”, este em sentido duplo: na missa, como rito penitencial, e na Vigília do Sábado Santo, como memória pascal de nosso Batismo. A esses gestos litúrgicos e tantos outros, podemos chamar de “símbolos rituais”. A unção com o óleo atravessa toda a história do Antigo Testamento, na consagração de reis, profetas e sacerdotes, e culmina no Novo Testamento, com a unção misteriosa de Cristo, o verdadeiro Ungido de Deus (Cf. Is 61,1; Lc 4,18). A palavra Cristo significa, pois, ungido. No caso, o Ungido, por excelência.

As Cinzas: As cinzas, principalmente na celebração da Quarta-Feira de Cinzas, são para nós sinal de penitência, de humildade e de reconhecimento de nossa natureza mortal. Mas estas mesmas cinzas estão intimamente ligadas ao Mistério Pascal. Não nos esqueçamos de que elas são fruto das palmas do Domingo de Ramos do ano anterior, geralmente queimadas na Quaresma, para o rito quaresmal das cinzas.

 Fonte: https://cleofas.com.br/

Superar o antropocentrismo na ecologia

Do antropocentrismo ao mundo ecocêntrico (EcoDebate)

SUPERAR O ANTROPOCENTRISMO NA ECOLOGIA

Dom Leomar Antônio Brustolin
Bispo de Santa Maria (RS)

O antropocentrismo gerou uma civilização sedenta de poder e ambiciosa em dominar tudo, especialmente a natureza. A crise não surgiu apenas por meio  das tecnologias que possibilitaram a exploração da natureza . Ela se baseia muito mais na ambição que pessoas têm por poder e prepotência. A atitude possessiva e destruidora do ambiente não pode ser compreendida sem a centralidade do ser humano como dominador e articulador da crise.  

Se tudo está interligado numa grande rede de relações, a crise ética deve ser considerada uma das consequências mais nefastas da prepotência antropocêntrica das últimas décadas.  

Jamais a humanidade pode isentar-se de relações com o ambiente natural, até porque é também participante da natureza. O ser humano não se coloca apenas diante da natureza como um sujeito de conhecimento e de atividade, mas se coloca como sujeito de uma história junto à natureza. O ser humano tem natureza e é natureza. Ele toma consciência não apenas do poder que ele dispõe sobre a natureza, mas também da solidariedade em relação à natureza à qual está coligado.   

A ação humana, suas decisões e seu estilo de vida afetam profundamente a vida no planeta. A ética nasce da responsabilidade diante do outro. Acolhendo ou rejeitando o semelhante, definem-se as relações de cooperação ou de dominação. Decorre, então, a necessidade estabelecer critérios que permitam cuidar da vida.  

O equilíbrio entre biocentrismo e antropocentrismo implica em alinhar justiça social com justiça ecológica. O equilíbrio nessa relação é de fundamental importância. Não basta querer defender uma justiça ambiental se em contrapartida se relega às pessoas apenas uma nefasta injustiça. A destruição do cosmos provoca também feridas sociais insanáveis. Ou melhor, a degradação ambiental é parte de uma tragédia complexa, de uma crise cultural. 

Percebe-se como a história apresenta uma bela fachada de progresso, de um futuro promissor através da evolução da Ciência e da técnica, mas esconde o lado apocalíptico, escuro e mortal das massas “sobrantes” do planeta e da crise ecológica que ameaça a vida humana na Terra.  

Há uma ambiguidade fundamental na atual fase do mundo. Enquanto uma minoria do planeta já vive no futuro da informática, do mundo virtual, do conforto e da facilidade que a tecnologia pode oferecer, a grande maioria da população global, vive no passado, sem direito à saúde, educação, alimentação e moradia.   Se esse  sistema e esse estilo  de vida perdurarem,  não será possível pensar o futuro da espécie humana .  Onde há cobiça, há também instrumentalização. A Terra instrumentalizada  possibilita a  manipulação dos seres humanos e a negação da justiça através de um jogo de poder e dominação.  

Nem toda forma de ação humana é verdadeiramente uma humanização da história. Existe também uma história de trevas, onde o domínio técnico-científico, marcado pelo materialismo e guiado pelo jogo do poder e do mercado, deturpa e afeta a imagem de ser humano, alienada nas estruturas do mal.  

A fé cristã professa que o universo está destino a participar da própria história íntima de Deus. Aqui, então, vale o princípio: nada se perde, tudo se transforma e mais, tudo será transfigurado em Deus.  

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Telescópio VATT do Vaticano torna-se totalmente automatizado

Imagem do universo a partir do James Webb Space Telescope (JWST)

Uma importante atualização para o Telescópio Avançado Vaticano (VATT) no Arizona. A introdução de um novo sistema de controle automatizado denominado “Don” permitirá ao Observatório do Vaticano operar com precisão e autonomia sem precedentes. Lançado graças a uma doação generosa e concluído no tempo previsto, o projeto abre novas oportunidades para a comunidade científica global.

Vatican News

Um importante avanço na pesquisa científica para o Observatório Astronômico Vaticano (também conhecido como Specola Vaticana): o Telescópio Avançado Vaticano (VATT) localizado no Monte Graham, no Arizona, conhecido por sua excelente óptica e localização privilegiada, foi recentemente equipado com um avançado sistema de controle automatizado denominado "Don", em homenagem a Donald M. Alstadt (1921-2007), ex-presidente e CEO da Lord Corporation.

O sistema, desenvolvido pela ProjectSoft HK, empresa de engenharia com sede na República Tcheca, foi instalado em 3 de junho de 2024. A conclusão da instalação deu início a uma fase de testes e formação que envolve a comunidade da Specola Vaticana e o pessoal da Universidade do Arizona, como informado em um comunicado.

Inovação Tecnológica: o Sistema “Don”

O sistema "Don" é baseado em controladores lógicos programáveis ​​Beckhoff e outras tecnologias avançadas, como os codificadores Renishaw e conversores EMLO. Esta sofisticada automação permite que o telescópio opere com extraordinária precisão de apontamento, até 3 segundos de arco, aproximadamente a dimensão de uma bola de gude colocada em um grande estádio esportivo.

Graças ao “Don”, o VATT é capaz de rastrear objetos celestes por 20 minutos com uma precisão impecável, sem a necessidade de guia manual. “É realmente emocionante”, declara o padre Paul Gabor, vice-diretor do Observatório do Vaticano no Arizona.

Specola Vaticana em Castel Gandolfo (Vatican News)

Rumo à Robotização Completa

Além de facilitar as operações diárias do telescópio, o sistema "Don" abre novas possibilidades para o futuro: oferecerá diferentes modos de operação, desde o "modo tradicional" para facilitar o uso no local, para o "modo remoto" que permitirá aos astrônomos controlar o VATT no Arizona a partir do Observatório do Vaticano em Castel Gandolfo, Itália.

A modalidade mais sofisticada, a “modalidade planejada”, permitirá ao “Don” executar sequências de instruções, programadas por um astrônomo, sem necessidade de monitorização humana direta, levando o VATT a funcionar em total autonomia.

Colaboração internacional

“Don” foi possível graças a uma doação da Fundação de Caridade Thomas Lord e uma doação da Sra. Judith Alstadt, esposa de Donald M. Alstadt. O projeto representa a trigésima instalação para um telescópio da ProjectSoft HK, na vanguarda da automação industrial.

Instalar o sistema no prazo foi um desafio. Graças ao bom planeamento da Gary Gray, responsável pela estrutura VATT, foi possível superar, por exemplo, as inesperadas tempestades de neve no final de março e início de abril.

Um futuro promissor para a observação astronômica

A fase de testes está avançando a todo vapor. O futuro robótico do VATT, agora no seu 30º ano de funcionamento, é promissor e projeta o Observatório do Vaticano em direção a um futuro brilhante na pesquisa astronômica.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Isabel de Portugal

Santa Isabel de Portugal (A12)
04 de julho
Santa Isabel de Portugal

Isabel foi a terceira filha do rei de Aragão (Espanha), Pedro III, nascida em 1271. Foi criada pelo avô, Tiago (ou, Jaime) I, “O Conquistador”, convertido ao cristianismo e levando uma vida voltada para a fé, que a formou santamente. Sua tia-avó foi Santa Isabel da Hungria, e, como ela, era devota de São Francisco de Assis, empenhada em ajudar os pobres e necessitados.

Com apenas 12 anos foi pedida em casamento por três príncipes, e seu pai escolheu Dom Diniz, herdeiro do trono de Portugal. Já demonstrava então uma personalidade forte, mas doce, e foi reconhecida como uma das mais belas rainhas de Portugal e Espanha, além de muito inteligente e culta. Soube igualmente ser ótima diplomata. Era sobretudo uma mulher de oração e com a vida centrada na Eucaristia.

Teve dois filhos, Constância, futura rainha de Castela (Espanha) e Afonso (IV), futuro rei de Portugal. O esposo lhe era notoriamente infiel, trazendo-lhe grande pesar e humilhação; apesar disso, manteve-se serena e fiel ao seu matrimônio, criando inclusive, com toda a caridade, os filhos ilegítimos do rei.

Exerceu sozinha uma maravilhosa atividade pacificadora entre as cortes portuguesa e espanhola da época, onde as brigas pelo poder se multiplicavam; começou, logo no início do casamento, pela conciliação entre o esposo e o seu irmão que lhe disputava a coroa. Também teve que lidar com o comportamento belicoso do filho. Foi caluniada por um cortesão que a desejava mas não foi correspondido, e sofreu muito até que a sua inocência fosse incontestavelmente provada.

Mas a sua piedade e vida de oração a tudo venceram. Por sua atividade espiritual, acabou por conquistar paz e benefício para o reino, e o reconhecimento de todos. Diariamente assistia à Missa; recitava o Ofício Divino desde os oito anos, acrescentando depois a recitação diária dos Salmos Penitenciais, bem como outras devoções à Virgem Maria e aos santos.

Particularmente destacada era a sua devoção à Nossa Senhora da Conceição, que patrocinou e propagou, de modo que, por meio de Isabel foi celebrada pela primeira vez a Sua festa, em 8 de dezembro de 1320; também Isabel a escolheu como padroeira da nação portuguesa – o que influenciou de forma direta, posteriormente, também a Sua devoção e patronato no Brasil (Nossa Senhora da Conceição Aparecida).

Foi rainha e nobre, igualmente e de modo mais importante, na caridade com os pobres. Protegeu todo tipo de necessitados, principalmente com suas posses e no cuidado dos doentes. Tratava pessoalmente dos leprosos mais repugnantes, medicando suas chagas e lavando suas roupas. E não poucos eram os doentes que saíam de sua presença inteiramente curados. Encaminhava para uma vida digna os órfãos e viúvas; providenciava digna sepultura e mandava celebrar Missas em sufrágio das almas dos abandonados. Quando ela saía no paço real, uma multidão de desvalidos lhe pedia ajuda, e todos eram generosamente atendidos.

Em 1314 refundou o Mosteiro de Santa Clara de Coimbra. Com suas posses sustentava asilos e creches, hospitais para velhos e doentes. Em 1321 fundou em Santarém o Hospital de Nossa Senhora dos Inocentes, que acolhia crianças abandonadas pelos pais. E em 1324, ficando doente seu esposo, o infiel rei Diniz, cuidou também dele, até sua morte no ano seguinte.

Viúva, Isabel abdicou dos seus títulos de nobreza, doou sua fortuna para obras de caridade, depositou sua coroa no altar de São Tiago de Compostela e recebeu o hábito da Ordem Terceira Franciscana no Mosteiro das Clarissas, em Coimbra. Dedicou-se a uma vida de oração, piedade, pobreza, mortificação e cuidado dos pobres e doentes. Em 1336, enferma, saiu do mosteiro para, mais uma vez, encontrar-se com o filho Afonso e conciliar disputas familiares. Faleceu no mesmo ano, em Estremoz, distrito de Évora, Portugal, a quatro de julho, sendo sepultada no seu mosteiro em Coimbra.

Seu corpo permaneceu incorrupto, exalando um bálsamo perfumado, e inúmeros milagres foram obtidos junto a ele. Por isso seus descendentes intercediam pelo aceleramento do processo de canonização; mas, já no século XVII, o então Papa Urbano VIII, por prudência, havia estabelecido que ele mesmo jamais haveria de canonizar alguém, de modo a que o tempo e estudos pormenorizados pudessem garantir a verdade em tais processos.

Apenas por educação e cortesia, aceitou uma imagem de Isabel, enquanto os fiéis rezavam incessantemente a Deus pela canonização. Mas, ficando gravemente doente, e lembrando-se do que se falava das curas intermediadas por Isabel, encomendou-se a ela. No dia seguinte, acordou curado. Tornou-se assim seu devoto e a canonizou (em 1625), sendo esta a única canonização do seu pontificado de 21 anos.

 Santa Isabel é padroeira de Portugal e reconhecida como “rainha santa da concórdia e da paz”.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santa Isabel de Portugal, esposa, rainha, mãe, religiosa, serva; cultivou ao longo da vida a oração, conciliação, perdão, caridade, devoção. Por isso foi esposa da oração, rainha da conciliação, mãe do perdão, devota da religiosidade e serva da caridade. Em qualquer papel que se exerça nesta vida, é preciso como ela ter o alimento da Eucaristia, e conceber Nossa Senhora como Aquela que nos aparece para conduzir na inocência do corpo e da alma. Assim seguiremos o seu exemplo de sustentar com o que temos o patrocínio das boas obras, propagar a cura dos males, que é o Cristo, e fundar um edifício sólido de espiritualidade onde possamos nos recolher definitivamente em Deus.

Oração:

Deus Rei do Universo, cuja Majestade enobrece os Vossos filhos e as nações, concedei-nos por intercessão de Santa Isabel de Portugal, como Vós realeza que serve, seguir em espírito este mesmo exemplo, depositando nesta vida uma coroa de obras de caridade diante do Vosso altar, para, como imagem benéfica aos irmãos, mantermos a alma incorrupta, exalando o bonus odor Christi que desejais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF