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domingo, 7 de julho de 2024

São Vilibaldo

São Vilibaldo (A12)
07 de julho
São Vilibaldo

Vilibaldo (Guilhebaldo; Wilibaldo) nasceu em 700, na cidade de Wessel, Inglaterra, da família real de Kent. Sua mãe, Winna, teria sido irmã de São Bonifácio (de nome original Vinfrido, Wynfrith ou Winfrid); e seu pai, o rei Ricardo I da Saxônia, bem como seus irmãos Vilibaldo e Valburga, foram igualmente canonizados.

Gravemente doente aos três anos de idade, foi desenganado pelos médicos. Os pais então o levaram a uma cruz erguida em praça pública, prometendo consagrá-lo a Deus em caso de cura, que aconteceu. Por isso foi levado para a abadia beneditina de Waldheim com seis anos, aos cuidados do abade Eghald, onde completou os estudos.

Decidiu tornar-se também monge, mas antes de completar os votos perpétuos saiu do mosteiro em 720, para acompanhar o pai e o irmão Vunibaldo numa peregrinação a Jerusalém, começando por Roma. Em 722 o pai faleceu na cidade de Luca, na Itália, antes de chegarem a Roma, onde Vunibaldo decidiu ficar. Vilibaldo seguiu para a Palestina com outros senhores ingleses.

O grupo foi preso pelos mouros em Edessa, na ilha de Chipre, acusados de espionagem. A intercessão de um espanhol bem relacionado com o emir garantiu a sua liberdade. Chegando à Terra Santa, ainda dominada pelos árabes mas com liberdade de movimentação, por cinco visitaram os locais onde Jesus esteve. Várias vezes Vilibaldo correu perigo de prisão, mas seus modos pacíficos e afáveis acalmava os árabes, que o deixavam livre. Assim ele pôde também confortar os cristãos que ali viviam sob o jugo dos mouros.

Em 729 os peregrinos voltaram a Roma, e o Papa Gregório II o enviou para o mosteiro beneditino de Monte Cassino, reconstruído do saque dos invasores lombardos (por volta de 570) e necessitado de monges. Ali começou a trabalhar como simples porteiro, cargo que São Bento recomendava ser dado a um “prudente ancião”, até chegar a abade. Então Vilibaldo recebeu o livro original das Regras de São Bento que havia sido preservado em Roma, e por dez anos formou uma nova comunidade no mesmo espírito da Regra do fundador, restaurando o vigor deste famosíssimo mosteiro.

Acompanhando a Roma um sacerdote espanhol em 740, Vilibaldo encontrou seu tio, São Bonifácio, o qual pediu ao Papa, agora Gregório III, que dispensasse o sobrinho de Monte Cassino para acompanhá-lo na missão de evangelizar a Germânia (Alemanha). Só então Vilibaldo recebeu as ordens sacerdotais (os monges não precisam necessariamente ser presbíteros). Mais tarde São Bonifácio o sagrou bispo de Eichestadt, onde Vilibaldo construiu uma catedral e um mosteiro da Ordem Beneditina.

Por orientação do tio, também passou a controlar os outros mosteiros, garantindo a sua correta espiritualidade. Em seguida, dedicou-se a visitar a imensa área da sua diocese, aos poucos evangelizando o povo como missionário itinerante, obtendo inúmeras conversões.

São Vilibaldo faleceu em 7 de julho de 787 ,no mosteiro que fundara em Eichestadt, já com fama de santidade.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Vilibaldo nos dá o exemplo de santidade em atividades por assim dizer tanto dinâmicas quanto estáticas. Foi peregrino e missionário, mas também restaurador de um mosteiro, e mosteiro beneditino, cuja Ordem exige um voto de estabilidade, isto é, o monge deve permanecer no mesmo mosteiro por toda a vida. A base comum do sucesso em tão díspares funções é a oração, através da qual a alma permanece tranquila e repousada em Deus, quaisquer que sejam as circunstâncias. Enquanto em viagens, Vilibaldo atuou com ação em oração; no mosteiro, a oração é sempre a principal ação. De comportamento pacífico e afável, que de modo algum implicam em apatia ou falta de firmeza, cumpriu o que lhe foi pedido, e exemplarmente, de forma serena e sólida. Todas estas qualidades apontam para uma admirável constância de espírito, capaz de se adaptar às diferentes circunstâncias da vida, sem nunca se desviar do essencial. É a expressão da permanência em Cristo, que torna a alma forte. Uma força que vem de se estar na Verdade. Que também a nós ninguém possa acusar de ficar presos numa ilha de falsidade durante a jornada desta vida.

Oração:

Deus de amor imutável e eterno, concedei-nos pelo exemplo e intercessão de São Vilibaldo a disponibilidade de permanecermos imperturbáveis no Vosso serviço aonde quer que nos chameis, restaurando o que for necessário à vida da alma, de modo a podermos participar da família dos Vossos santos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 6 de julho de 2024

Sobre a ira e autocontrole

Autocontrole (Crédito: Vida Simples)

SOBRE A IRA E AUTOCONTROLE

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

Segundo a doutrina cristã, a ira é um dos sete pecados capitais. Ela é pecaminosa quando, sob seu efeito, não controlamos as emoções irracionais e agimos de forma desordenada perante situações que poderíamos administrá-las com equilíbrio e moderação. Quem age possuído pela ira perde sua condição de sujeito, sofre uma espécie de transtorno de personalidade e, em estado de surto, comete absurdos e causa danos irreversíveis ao outro.  

Diante de situações extremamente desagradáveis, a espiritualidade cristã nos convoca a imitar Deus, que “é misericordioso e clemente, lento para a ira, paciente e generoso em seu amor” (Sl 102, 8). Quem age movido pela ira, excede-se, comete violência e, geralmente, agride e fere as pessoas mais próximas de sua convivência humana.  

Aristóteles, na “Ética a Nicômaco”, nos ensina que “é fácil irar-se. Todos são capazes disso, mas não é absolutamente fácil, e, sobretudo, nem todos são capazes de irar-se com a pessoa certa, na medida certa, no modo certo, no momento certo e por uma causa justa.” 

De acordo com o Papa Francisco, a ira é um vício destrutivo que afeta profundamente as relações humanas. Ele afirma que a ira é facilmente identificável através das mudanças físicas e comportamentais, como agressividade, respiração ofegante e um olhar sombrio. A ira muitas vezes nasce de uma injustiça percebida e pode ser descarregada de forma desproporcional contra aqueles que não são os culpados reais. O Papa também enfatiza que a ira destrói a capacidade de aceitar o outro em sua singularidade, levando ao ressentimento e à perda de lucidez (PP. FRANCISCO. “Audiência Geral”, 31/01/2024). 

As causas da ira podem variar, incluindo frustrações, injustiças e situações que desafiam o ego. A ira pode levar a consequências devastadoras, como perda de controle, violência e até homicídio. Na perspectiva cristã, a ira é vista como um sentimento que contamina o coração e deve ser controlada para evitar que leve a ações irracionais e destrutivas. 

Santo Tomás de Aquino, na “Suma Teológica” (Secunda Secundae. Tratado sobre a Temperança. Questão 158: Da Iracúndia), explora a natureza da ira e discute se ela é sempre pecaminosa. Ele conclui que a ira pode ser justificada em certas circunstâncias, por exemplo, quando dirigida contra uma verdadeira injustiça. A ira justa é proporcional e dirigida de maneira apropriada. No entanto, ela se torna pecaminosa quando é direcionada incorretamente, quando excede os limites da razão e da justiça, levando a comportamentos descontrolados e violentos.  

A ira pode ser lícita quando é motivada por uma justa indignação contra o mal. Por isso, Santo Tomás considera que nem toda ira é considerada pecado mortal. A gravidade do pecado da ira depende da intensidade e das consequências das ações que ela provoca. Uma ira moderada e justificada pode não ser mortal, enquanto uma ira descontrolada que leva à violência extrema pode ser. Santo Tomás argumenta que, embora a ira seja um pecado sério, não é necessariamente o mais grave. A gravidade do pecado é avaliada com base nas suas consequências e na intenção por trás dele. 

Tomás de Aquino concorda com Aristóteles em grande parte, afirmando que a ira pode ser classificada de acordo com a sua origem e a sua manifestação. Ele reconhece a complexidade da ira e a necessidade de uma análise detalhada para entender suas diferentes formas. A ira é definitivamente contada entre os vícios capitais, pois é uma das paixões que mais facilmente leva a outros pecados, como a violência e o ódio.  

Santo Tomás identifica seis filhas da ira: rixa, entumescência de coração, contumélia, vociferação, indignação e blasfêmia. Estas são manifestações específicas da ira que levam a outros comportamentos pecaminosos. A ausência completa de ira, em situações em que ela seria justa, pode também ser um vício, indicando uma falta de zelo pela justiça, por isso o equilíbrio é fundamental. 

A ira é uma emoção complexa que pode ser justificada em certas circunstâncias, mas frequentemente leva a comportamentos pecaminosos e destrutivos. Tanto a doutrina cristã quanto as filosofias antigas enfatizam a importância do autocontrole e da paciência para lidar com a ira de maneira adequada. Controlar a ira é essencial para manter a paz interior e evitar ações que possam causar danos irreparáveis a si mesmo e aos outros. 

Em determinados contextos, é preciso agir com vigor e não com ira. Agir com vigor é um modo de restabelecer o equilíbrio da justiça, impedindo que o mal prevaleça. É necessário controlar a ira para agir com racionalidade e firmeza onde for necessário, mas jamais com ódio, rancor ou vingança. Quando alguém está prestes a agir movido pela vingança, é melhor interromper a ação, pois a vingança contamina a intenção do agente. Mesmo que a causa a ser defendida seja justa, a vingança a corrompe e potencializa o mal, tornando-o ainda mais letal.

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

“A perseguição religiosa está mudando", diz novo direitor da Ajuda à Igreja que Sofre Itália

Imagem de um dos últimos relatórios da ACS | Vatican News

O novo diretor da Seção Italiana da Fundação de direito pontifício Ajuda à Igreja que Sofre, Massimiliano Tubani, analisa a evolução da perseguição religiosa que se regista em mais de 60 países do mundo. “Formas de discriminação mais insidiosas devem ser indicadas aos nossos benfeitores para intervir de forma mais direcionada”.

Marco Guerra – Cidade do Vaticano

Massimiliano Tubani foi nomeado diretor da ACN Italia, a seção italiana da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, depois de ali ter adquirido oito anos de experiência, mais recentemente na função de coordenador. Tubani sucede a Alessandro Monteduro, diretor da  ACN Italia de 2015 a maio de 2024.

Os desafios da ACN

São muitos os desafios para esta organização, fundada em 1947, que apoia os fiéis cristãos onde quer que sejam perseguidos, oprimidos ou necessitados e que defende o direito à liberdade religiosa para todas as minorias.

Além de se empenhar também em nível jurídico e financiar projetos concretos de apoio e reconstrução de comunidades cristãs que sofreram perseguições, a Ajuda à Igreja que Sofre publica periodicamente um relatório sobre a liberdade religiosa no mundo que, em 2023, teve a sua XVI edição.

De acordo com os últimos dados contidos no relatório, são registadas formas de perseguição ou discriminação com base religiosa em mais de 60 países em todo o mundo e na maior parte destes Estados a situação em 2022 piorou em comparação com o ano anterior. Estima-se que um total de 325 milhões de cristãos sejam perseguidos.

Tubani: mudança na forma de perseguição

Entrevistado pela Rádio Vaticana – Vatican News, Tubani também destacou a existência de mudanças na perseguição religiosa: “Há alguns anos, vivíamos a fase crucial do ataque do Estado Islâmico contra as minorias religiosas, portanto a perseguição ficava muito evidente. Hoje a perseguição é mais insidiosa, devemos ser capazes de apontá-la aos benfeitores que nos apoiam e intervir de forma mais direcionada”. Entre as ações positivas empreendidas pela ACN (sigla em inglês), deve certamente ser mencionado o que foi feito em termos de reconstrução dos vilarejos cristãos da Planície de Nínive, no Iraque.

Tubani recorda ainda a situação na Nigéria, Burkina Faso, Mali e Níger, onde as comunidades continuam a ser atacadas por grupos extremistas islâmicos.

Perseguição com “luvas brancas”

O diretor da AIS Italia também se concentra nas perseguições e restrições implementadas por governos e Estados. Na América Latina, por exemplo, é preocupante a situação na Nicarágua, onde dom Rolando Alvarez foi libertado da prisão em janeiro passado, mas “três dioceses permanecem guiadas por bispos forçados ao exílio”.

A situação na Ásia não é menos complicada: no Paquistão a lei da blasfêmia continua a causar vítimas inocentes e na Índia a violência contra as minorias religiosas está aumentando, apesar de a Constituição garantir a liberdade religiosa.

Por fim, Tubani fala daquela perseguição definida pelo Papa Francisco como “com luvas brancas e que ocorre no Ocidente”: nos países democráticos o “relativismo absoluto” ameaça a presença do ativismo católico na sociedade pública, “uma perseguição cultural que não se apresenta com a violência, mas que é muito insidiosa e enfraquece as comunidades cristãs".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Maria Goretti

Santa Maria Goretti (A12)
06 de julho
Santa Maria Goretti

Maria nasceu em 1890 na cidade italiana de Corinaldo, numa pobre, numerosa e muito piedosa família camponesa. Sendo a mais velha dos sete irmãos, cuidava dos menores enquanto os pais estavam trabalhando no campo. Aos nove anos perdeu o pai, acometido de malária, e assim as dificuldades financeiras familiares aumentaram, obrigando a que mudassem várias vezes até um povoado chamado Ferrieri, onde passaram a viver junto com o viúvo João Serenelli e seus dois jovens filhos, Gaspar e Alessandro.

Mesmo tendo apenas 11 anos, Maria era muito bonita e despertou o interesse desequilibrado de Alessandro, nove anos mais velho. Ela passou a assediá-la, sendo sempre recusado. Por fim, em 5 de julho de 1902, ele tentou estuprá-la.

Maria defendeu-se e começou a rezar, dizendo-lhe que o seu desejo era pecaminoso. Alessandro, colérico, deu-lhe então 14 facadas e fugiu. Seu pai João chegou a tempo de levá-la para o hospital, onde foi operada sem anestesia, mas a gravidade dos ferimentos não permitiu a cura. Maria faleceu no dia seguinte, olhando para um quadro da Santíssima Virgem.

Antes, porém, perdoou seu assassino, dizendo: “Lá no céu, rogarei para que ele se arrependa… Quero que ele esteja junto comigo na glória eterna”. Alessandro foi preso e condenado a 30 anos de trabalhos forçados, sendo solto depois de 27, por bom comportamento. Na prisão havia recebido a visita do bispo local, a quem manifestou seu arrependimento e pediu orações. Libertado, procurou a mãe de Maria, implorando-lhe o perdão; “Se minha filha, em seu leito de morte te perdoou, eu também te dou meu perdão”, foi a resposta. Alessandro tornou-se frade num mosteiro da Ordem Menor dos capuchinhos, onde trabalhou como porteiro e jardineiro, vivendo sincera conversão até a morte.

Em 1950, por ocasião da canonização de Maria Goretti, uma das mais jovens santas da Igreja, estavam na praça de São Pedro em Roma mais de 500 mil pessoas, incluindo sua mãe, então com 84 anos, quatro dos seus irmãos e o agora frade Alessandro Serenelli.

 Por sua pureza, o Papa Pio XII a declarou padroeira das virgens cristãs, da castidade, da juventude, bem como da pureza de coração e do perdão.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A pureza do corpo necessariamente tem que ser precedida pela pureza da alma. Aos 11 anos, Santa Maria Goretti já tinha a maturidade espiritual de uma longeva santidade. E se a beleza física lhe era precoce, ainda mais cedo se lhe embelezou a da alma. Os episódios da sua vida de tempo tão pequeno são imensos na proporção da eternidade: perdão não apenas dela mas da mãe e da família, e arrependimento sincero e salvífico do assassino. “Onde grande foi o pecado, imensa foi a graça” (Rm 5,20). Atualmente talvez poucos compreendam a grandeza e importância de literalmente lutar até morte pela preservação da pureza, da inocência e da castidade. No mundo imoral, amoral e hedonista de hoje, quando se procura perverter cada vez mais cedo a sexualidade, pode parecer impensável o valor destas virtudes. Contudo a luxúria é o pecado que mais leva ao inferno, como advertiu Nossa Senhora em Fátima (não por ser o mais grave, que é a soberba, mas por ser o mais praticado. Mas obviamente ambos estão muito facilmente associados). De resto, a própria noção de pecado continua sendo desvirtuada, esquecida e minimizada. Porém… Há no ser humano um sentido moral intrínseco, da própria natureza humana, a Lei Natural que deriva da condição humana de ser imagem e semelhança de Deus. E neste contexto existe um pudor espontâneo, que ao perceber a malícia de determinados atos leva a uma reação virtuosa. Não apenas na perspectiva sexual: por exemplo, costuma haver um constrangimento instintivo, para quem não está já corrompido, de se apossar de bens alheios. É esta Lei Natural que precisa ser trabalhada e completada, na educação moral e religiosa, ao longo da formação das crianças e jovens. A Igreja é especial guardiã das virtudes, e cabe aos católicos, particularmente das atuais deturpações culturais e midiáticas, gritar com todas as forças, como Maria Goretti: “Não, não, Deus não quer; é pecado!”. E, claro, viver as virtudes e ensiná-las. Em situação semelhante à de Santa Maria Goretti, foi beatificada recentemente a brasileira Isabel Cristina Mrad Campos, de 20 anos, morta com 15 facadas em 1982 na cidade de Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais, por resistir a uma tentativa de estupro. Que ela, junto a Maria Goretti, interceda pela pureza e santidade heróica da juventude, no Brasil e no mundo.

Oração:

Deus e Senhor nosso, que pelo exemplo da Sagrada Família exaltastes a virgindade, concedei-nos por intercessão de Santa Maria Goretti a sua mesma firmeza contra as violências ao corpo e à alma, o auxílio da sua proteção, sobretudo das crianças e dos jovens, e o esclarecimento das consciências sobre a gravidade de desdenhar das virtudes, de modo a que possamos sair da prisão do pecado e, puros como exigis, podermos viver os prazeres celestes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 5 de julho de 2024

Por que tantos asiáticos estão abandonando suas religiões?

Budistas oram em cerimônia na Coreia do Sul (GETTY IMAGES) |BBC

Por que tantos asiáticos estão abandonando suas religiões?

  • Author,Lebo Diseko
  • Role,Correspondente de religião global do BBC World Service
  • Twitter,@lebo_diseko
  • 2 julho 2024

Joon (nome fictício) foi criado em um lar cristão na Coreia do Sul. Mas, como muitas pessoas em seu país natal, suas crenças religiosas são agora muito diferentes de quando ele era criança.

Ele se identifica hoje como agnóstico.

"Não sei o que há por aí. Deus pode existir, ou talvez não seja exatamente Deus — algo sobrenatural", diz ele, por telefone, de Seul.

Os pais de Joon ainda são cristãos convictos, e ele acredita que sentiriam uma "tristeza profunda" se soubessem que ele não era mais cristão.

Ele não quer chatear os pais, então pediu para usar um nome diferente.

A experiência de Joon reflete as conclusões de um novo estudo do think tank americano Pew Research Center, que mostra que os países do Leste Asiático apresentam uma das taxas mais elevadas tanto de pessoas que abandonam quanto de pessoas que trocam de religião no mundo.

Mais de 10 mil pessoas foram entrevistadas sobre suas crenças, e muitas disseram que agora possuem uma identidade religiosa diferente daquela na qual foram criadas.

Países do Leste Asiático apresentam uma das taxas mais elevadas de pessoas que abandonam e que trocam de religião, segundo pesquisa (na foto, Seul) (GETTY IMAGES) |BBC

Hong Kong e a Coreia do Sul estão no topo da lista, com 53% dos entrevistados em cada país afirmando que mudaram sua identidade religiosa, incluindo abandonar completamente a religião.

Em Taiwan, 42% das pessoas mudaram de crença religiosa; e no Japão, 32%.

Para efeito de comparação, um levantamento de 2017 na Europa não encontrou nenhum país onde a taxa de mudança excedesse 40%.

Nos EUA, dados coletados em 2023 revelaram que apenas 28% dos adultos já não se identificam com a fé em que foram criados.

No Brasil, a taxa usada para comparação fica um pouco acima de 10%.

Para Joon, a mudança de perspectiva coincidiu com o momento em que saiu de casa e foi exposto a novas ideias.

Enquanto crescia, sua família "acordava todas as manhãs por volta das 6h, e todos liam e compartilhavam versículos bíblicos".

Todas as manhãs "era como um pequeno culto de devoção", relembra.

Ele saiu de casa aos 19 anos e começou a frequentar uma das maiores igrejas de Seul — uma megaigreja com milhares de membros.

Ela adotava uma interpretação muito literal da Bíblia, rejeitando, por exemplo, a teoria da evolução. Isso era incompatível com a teoria científica que Joon havia aprendido. Sua visão de mundo também mudou de outras maneiras.

"Acho que o Cristianismo tem uma noção muito clara de preto no branco, certo ou errado. Mas depois de observar a sociedade e conhecer pessoas de diferentes origens, comecei a pensar que o mundo consiste em mais zonas cinzentas."

Joon diz que cerca de metade dos seus amigos já não acredita na fé na qual foram criados, especialmente aqueles que foram criados como cristãos.

E não é só o cristianismo que está perdendo adeptos ao seu redor: 20% das pessoas que foram criadas como budistas já abandonaram a religião. Em Hong Kong e no Japão, esse percentual é de 17%.

Crianças monges sul-coreanas participando de evento no Templo Jogye em Seul (GETTY IMAGES) |BBC

Há pessoas na região que optam por adotar uma nova fé. Na Coreia do Sul, por exemplo, 12% dos cristãos eram recém-chegados à religião, enquanto os novos devotos do budismo representavam 5%.

Em Hong Kong, os novos adeptos do cristianismo e do budismo somavam 9% e 4%, respectivamente.

No entanto, o maior grupo entre aqueles que mudam sua identidade religiosa é formado por aqueles que não se identificam com nenhuma, e este número é mais alto nos países do Leste Asiático do que em outras partes do mundo.

No total, 37% das pessoas em Hong Kong e 35% das pessoas na Coreia do Sul disseram que esta era sua experiência, em comparação com 30% na Noruega ou 20% nos EUA.

Mas apesar do que parece ser uma crescente secularização, um grande número de pessoas em toda a região afirma que ainda participa de rituais e práticas espirituais.

Em todos os países pesquisados, mais da metade das pessoas sem religião disseram ter participado de rituais para homenagear seus antepassados ​​nos últimos 12 meses.

E a maioria das pessoas entrevistadas em toda a região afirma acreditar em deuses ou seres invisíveis.

Nada disso surpreende Se-Woong Koo, especialista em estudos religiosos em Seul.

Em conversa com a BBC, ele diz que a capacidade de adotar partes de diferentes religiões está em sintonia com a história da região.

"Historicamente falando, no Leste Asiático havia menos foco no que se poderia chamar de identidade religiosa exclusiva. Se você fosse taoísta, isso não significava que não pudesse ser budista ao mesmo tempo ou confucionista. Estas fronteiras eram muito menos claramente demarcadas do que no Ocidente."

O catolicismo está perdendo fiéis em países asiáticos (GETTY IMAGES) |BBC

Só no século 19, após o aumento do contato e das interações com o Ocidente, que o conceito de religião que temos hoje foi levado para o Leste Asiático.

E ser capaz de adotar múltiplas identidades e tradições foi algo que nunca desapareceu na região, explica Koo.

Ele também viu isso de perto. O especialista afirma que sua mãe mudou de religião em diversas ocasiões.

"No fim de semana passado, ela se registrou como membro de uma Igreja Católica na nossa região. E eu tinha certeza de que ela iria para lá no domingo."

Mas então ela disse a ele que, na verdade, estava "indo para uma sessão de oração e cura" em uma igreja evangélica local.

Koo perguntou: "O que aconteceu com a Igreja Católica, mãe?"

E ela respondeu que, naquele momento, precisava "mais de cura do que qualquer outra coisa".

Sua mãe "queria ir para a Igreja Católica porque ela costumava ser católica. Mas de alguma forma, quando se trata de receber um tipo específico de intervenção física que ela acredita precisar, ela recorre a outra tradição".

 Fonte: https://www.bbc.com/portuguese

NAZARENO: "Estive com fome, preso, nu..." (Aquilo pelo qual seremos julgados) (48)

Nazareno (Vatican News)

Cap. 48 - "Estive com fome, preso, nu..." (Aquilo pelo qual seremos julgados)

Na noite daquela terça-feira, 4 de abril, Pedro, Tiago, João e André, depois de terem jantado, não tinham vontade de dormir. Eles o alcançam. Conta-lhes a parábola das virgens prudentes, que, ao contrário das insensatas, tinham estocado óleo para as lâmpadas e estavam vigiando enquanto esperavam o noivo que as levaria para o casamento.

Vigiai, portanto, porque não sabeis nem o dia nem a hora.

Nem o dia nem a hora...

Contou outra parábola, para nos lembrar mais uma vez que os dons recebidos devem ser colocados na prática, "negociados", frutificados.

Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. E serão reunidas em sua presença todas as nações e ele separará os homens uns dos outros... Então dirá o rei aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e vieste ver-me’. Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando é que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso e te servimos?’ Ao que lhes responderá o rei: ‘Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes’. Em seguida, dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer. Tive sede e não me destes de beber. Fui forasteiro e não me recolhestes. Estive nu e não me vestistes, doente e preso e não me visitastes’. Então também eles responderão: ‘Senhor, quando é que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso e não te servimos?’. E ele responderá com estas palavras: ‘Em verdade vos digo: todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer’. E irão estes para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”.

Os quatro apóstolos olham uns para os outros em silêncio enquanto Jesus ergue o olhar para o céu por alguns instantes. Eles haviam entendido o significado do mandamento do amor. Pedro diz sussurrando: "Então seremos julgados por isso? Será essa a porta para entrar em seu reino?". Jesus olha nos olhos do apóstolo: “Sim, Pedro... tudo o que fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”.

O frio tornava-se intenso, e do fogo que haviam acendido restavam apenas brasas. Jesus se levanta e, olhando para os seus amigos, diz: "Sabeis que daqui a dois dias será a Páscoa, e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado”.

Enquanto isso, em Jerusalém, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo congregaram-se no pátio do Sumo Sacerdote, que se chamava Caifás, e decidiram juntos que prenderiam a Jesus por um ardil e o matariam.

A decisão foi tomada. Jesus de Nazaré deve ser condenado à morte....

 https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/07/04/15/138106840_F138106840.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O que acontece com o cérebro quando rezamos (2)

Alguns especialistas dizem que o relacionamento com nossos cuidadores pode ter um efeito sobre como vemos outros relacionamentos, incluindo aquela que temos (ou não) com um deus (GETTY IMAGES)

O que acontece com o cérebro quando rezamos

28 junho 2024

Relação com Deus

Para algumas pessoas que crescem em ambientes fortemente religiosos, o relacionamento com um deus pode refletir nas relações emocionais com pessoas do entorno, disse à BBC o pesquisador Blake Victor Kent, sociólogo do Westmont College, na Califórnia.

"A oração pode ser benéfica, mas você tem que levar em conta diferentes fatores, especialmente como você se conecta com Deus emocionalmente."

Blake era pastor e hoje estuda o impacto que a religião tem na vida das pessoas.

"Se você vem de um ambiente onde há dificuldade em confiar nos outros, rezar com certeza será mais difícil para você."

Para entender o que ele diz sobre Blake, devemos falar sobre a teoria do apego, da psicologia: é a ideia de que a relação que os seres humanos têm com seus cuidadores primários define o tipo de relacionamento que eles terão no futuro.

A teoria diz que se você teve um cuidador presente e confiável quando criança, com certeza formará laços adultos "seguros". Se teve um cuidador inconsistente, como Blake, será difícil estabelecer relações de confiança quando adulto – a confiança é fundamental para o desenvolvimento da fé. Isso pode tornar muito difícil para alguns gerar um relacionamento íntimo com Deus e, se vivem em um ambiente muito religioso, podem se sentir culpados por não serem capazes de desenvolvê-lo.

"Para mim", diz Blake, "rezar parece vazio, arriscado, incerto".

Blake se define como uma pessoa ansiosa que sofreu muito durante sua carreira como pastor porque sentia que havia algo que ele não fazia bem quando rezava.

"E acho que o mesmo acontece com muitas pessoas em congregações religiosas, o que as faz sentir que estão fazendo algo errado ou que Deus está chateado com elas", quando rezam e veem que não obtêm os mesmos resultados que todos ao seu redor.

Embora ter uma relação de insegurança com Deus possa ser prejudicial, Blake diz que entender de onde essa insegurança vem pode ajudar. Além disso, os vínculos podem ser modificados por meio da psicoterapia, algo que pode ser positivo para a saúde mental de maneira geral.

Atividades criativas

Alguns especialistas dizem que o relacionamento com nossos cuidadores pode ter um efeito sobre como vemos outros relacionamentos, incluindo aquela que temos (ou não) com um deus (GETTY IMAGES)

Segundo o neurocientista Andrew Newberg, sua pesquisa revela que há outros tipos de momentos em que as imagens do cérebro são notavelmente semelhantes às da oração profunda em ressonâncias magnéticas.

"Houve estudos muito interessantes de músicos muito bem treinados que, quando começam a improvisar, diminuem a atividade de seus lobos frontais, e é quase como se a música chegasse até eles da mesma forma que certas pessoas sentem que Deus vem até elas", disse ele.

"A criatividade pode ser uma prática profundamente espiritual para muitas pessoas, tenham elas uma vida religiosa ou não. E acho que as duas coisas estão relacionadas, porque o cérebro não tem uma área designada apenas para religião."

Newberg explica que os centros emocionais de nossos cérebros são estimulados por meio de experiências transcendentais, seja falando com Deus ou ouvindo a Nona Sinfonia de Beethoven.

"E, claro, com práticas religiosas e espirituais está mais do que provado que funcionam, se considerarmos a enorme quantidade de tempo que têm sido usadas por humanos e como elas persistem para além de mudanças políticas ou tradições culturais."

Depois de ouvir os especialistas, Hillary disse à BBC que consegue entender melhor suas experiências e como elas se relacionam umas com as outras.

"Consigo reconhecer que tenho uma experiência parecida, mas diferente, através de todas essas atividades. Quando eu rezo, tenho uma conexão com Deus. Mas quando eu canto e tenho uma sensação semelhante, é uma conexão com a música."

"Posso dizer que tanto quando falo com Deus, quanto quando canto com o coral, sinto como algo espiritual."

Esta é uma adaptação do programa Crowdscience da BBC, apresentado por Caroline Steel e produzido por Jo Glanville. O episódio original pode ser ouvido aqui.

Fonte: https://www.bbc.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF