Translate

terça-feira, 9 de julho de 2024

Santa Scorese: um farol de fé para os dias hoje

Santa Scorese (Crédito: Revista Cidade Nova)

Santa Scorese: um farol de fé para os dias hoje

TESTEMUNHO No breve relato a seguir, apresentamos um perfil da jovem italiana cujo processo de canonização está em curso. Ao sofrer o martírio, ela escolheu doar a própria vida por amor a Deus.

por Jônia Quédma   publicado em 08/07/2024,

ELA era uma jovem que se chamava Santa. Italiana, Santa Scorese nasceu em 6 de fevereiro de 1968 em Bari, na região da Puglia, sul da Itália. Teve uma vida breve, interrompida de forma violenta. E por que sua história merece ser contada? Porque o que a define é como viveu e se tornou referência para jovens da atualidade. No âmbito da Igreja Católica, ela foi declarada serva de Deus, o primeiro passo no caminho para a canonização.

Desde a adolescência, a jovem italiana demonstrou uma forte vocação para a fé católica, envolvendo-se em diversas atividades da igreja local. As preferências dela eram típicas de pessoas da sua geração: ela gostava de música, de leitura, de estudos, dos encontros com os amigos e, sobretudo, era encantada pela possibilidade de amar concretamente quem estivesse por perto.

A vida de Santa mudou quando ela passou a ser assediada por um stalker (perseguidor em inglês), que havia se tornado obcecado por ela. Apesar das repetidas denúncias feitas por Santa e sua família às autoridades, as leis na época não eram adequadas para lidar com casos de perseguição e assédio, deixando-a vulnerável. 

Nas perseguições, o assediador queria obrigá-la a romper com suas crenças, com o que ela jamais concordou. Com medo, Santa se viu obrigada a estar sempre acompanhada por alguém de sua confiança. Ela temia pela própria vida, perdeu a sua liberdade de ir e vir, mas não cedeu. Naqueles momentos de muito sofrimento, escolheu confiar na Virgem Maria e em Jesus Abandonado, colocando-os como centro da própria existência. Nessa escolha, ela não vacilou, mas foi “até o fim, até dar tudo” de si para ser fiel à sua escolha. Quem a inspirou nessa decisão foi Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, ao propor aos jovens do Brasil, em 1991, essa postura radical como medida de amor ao próximo.

Em 16 de março de 1991, Santa Scorese tinha ido ajudar uma família e depois foi à paróquia encontrar-se com os seus companheiros da Ação Católica. À noite, em um descuido, seu perseguidor a abordou e a esfaqueou várias vezes. Antes de morrer, Santa perdoou o assediador. A morte dela comoveu o país e o mundo. Hoje, é lembrada com destaque tanto pelo seu legado espiritual quanto pelo social. Memoriais e eventos em sua homenagem já se tornaram comuns, e sua história continua a inspirar muitos fiéis e ativistas. 

AMOR E COERÊNCIA

Ainda adolescente, Scorese conheceu o Movimento dos Focolares e passou a atuar com muito empenho a vivência do Evangelho. Maria Regina Maurantonio, que ainda mora em Bari, conviveu com Santa na juventude. Ela conta sobre a simplicidade e a profundidade da amiga:

“Santa Scorese era uma jovem como muitas outras; [...] ela era certamente brilhante e muito intuitiva, em especial na relação com as pessoas, já que era capaz de entender o estado de espírito delas. Descobri como era extraordinária depois de sua morte. De seu diário transparece um relacionamento muito intenso com Deus, o Pai, com Jesus, que ela sentia ser seu irmão e aquele que estava sempre perto dela, porque o havia descoberto em seu abandono na cruz e, portanto, por trás de cada dor ou fracasso”.

Maurantonio conta que elas se conheceram em 1985, depois do Genfest internacional de Roma (festival juvenil do Movimento dos Focolares). Santa tinha dezessete anos e elas participaram da banda que foi criada para reunir jovens e compartilhar o carisma de Chiara Lubich: “Que todos sejam um”. Ela conta:

“Santa começou, com outros jovens do Movimento dos Focolares, a ir com frequência a uma casa de repouso para visitar os idosos solitários e a outras instituições para crianças órfãs nos municípios vizinhos. Esse chamado ao amor a tornou disponível para os outros, solidária com seus amigos, pronta para ajudar aqueles que via em dificuldade, para encorajar e aconselhar aqueles que passavam por momentos difíceis. Assim, Santa tornou-se um ponto de referência para muitos. Depois de alguns anos, começou a perseguição. E mesmo na condição de “perseguida”, ela não desistiu do trabalho voluntário, da assistência, da caridade cristã, bem como de seu compromisso com a universidade. Essa foi Santa: uma jovem de postura decidida que, embora ainda estivesse procurando como responder ao chamado de Deus, foi tão fiel que disse, depois de receber o último bilhete ameaçador: ‘Aconteça o que acontecer comigo, eu escolhi Deus’. Esse nos parece ser o seu testamento”.

De fato, o diário diz muito da profundidade espiritual que, entre lutas interiores, se desenvolveu. Na página dedicada ao dia 17 de novembro de 1987, ela escreveu: “Descobri uma coisa: que Deus é realmente a única certeza inabalável da vida de cada um de nós. Sinto que agora, muito embora dentro de mim haja uma grande agitação, a sua presença doa tranquilidade e confiança. Confiança no fato de que eu não estou sozinha, de que Ele me ama, apesar de tudo, apesar dos meus limites, e sinto também a necessidade de escolhê-lo novamente a cada dia como a coisa mais importante para mim, pela qual vale a pena lutar, sofrer e morrer”.

A reputação de santidade não parou de se espalhar, o que levou à abertura da causa de beatificação de Santa Scorese em 1998. O processo envolve uma investigação detalhada da vida, das virtudes e dos escritos da jovem de Bari e a coleta de testemunhos que evidenciam sua santidade e o impacto espiritual que ela teve na comunidade. Na 2ª Fase do Genfest 2024, em Aparecida, Santa terá um espaço especial, entre outros jovens que foram inspirados e se motivaram a viver pela fraternidade no mundo.

Matéria originalmente publicada pela Revista Cidade Nova, edição de julho 2024.

 Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

ARTES/CULTURA: O que causou a queda do Império Romano?

O Coliseu (Foto Internet/Reprodução)

Por Vivian de Souza Campos

Via nexperts

O que causou a queda do Império Romano?

06/07/2024

A queda do Império Romano é um dos eventos mais significativos da história ocidental, marcando o fim de uma era e o início de uma nova fase na Europa. Embora muitos apontem 476 d.C. como a data definitiva do colapso, o declínio de Roma foi um processo gradual influenciado por diversos fatores internos e externos.

Crescimento e início da queda

A morte de Marco Aurélio e a ascensão de Cômodo marcaram o início da queda do Império Romano. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Roma começou como uma pequena vila na Itália central em 753 a.C. e, ao longo dos séculos, transformou-se em uma poderosa república. Por meio de conquistas militares, como as Guerras Púnicas contra Cartago e as campanhas de Júlio César na Gália, Roma expandiu suas fronteiras, dominando grande parte da Europa, Norte da África e partes do Oriente Médio. O período conhecido como "Pax Romana", que durou até o final do reinado de Marco Aurélio, foi marcado por relativa paz e prosperidade, com avanços significativos em engenharia, arte e legislação.

Após a morte de Marco Aurélio em 180 d.C., o Império Romano entrou em um período de crescente instabilidade e crise, começando com o governo corrupto e despótico de Cômodo (180-192 d.C.), seguido pelo tumultuado Ano dos Cinco Imperadores em 193 d.C. Sétimo Severo, que ascendeu durante essa confusão, trouxe temporária estabilidade por meio da Dinastia Severa (193-235 d.C.), mas a era foi marcada por lutas internas e pressões externas.

A Crise do Século III (235-284 d.C.) agravou a situação com uma rápida sucessão de imperadores, guerra civil, invasões bárbaras e uma profunda crise econômica, exacerbada por inflação descontrolada e colapso do comércio, resultando na necessidade urgente das reformas de Diocleciano para salvar o império.

Divisão do Império e seus efeitos

A divisão realizada por Diocleciano contribuiu para o enfraquecimento do Império Romano. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Para enfrentar os desafios administrativos e militares crescentes, Diocleciano dividiu o Império Romano em Ocidente e Oriente em 285 d.C. Contudo, enquanto o Oriente, com sua capital em Constantinopla, florescia como um centro comercial e cultural, o Ocidente enfrentava pressões cada vez maiores de invasões bárbaras e dificuldades econômicas crescentes. Essa divisão contribuiu significativamente para o enfraquecimento gradual do império ao longo dos séculos seguintes.

A ascensão do cristianismo como religião oficial sob Constantino no início do século IV trouxe mudanças culturais profundas que se entrelaçaram com esses desenvolvimentos. Enquanto o cristianismo ganhava aceitação, as invasões bárbaras se intensificavam, destacando a vulnerabilidade militar do império.

A Batalha de Adrianópolis em 378 d.C., onde os visigodos derrotaram o exército romano, foi um ponto de virada significativo. As invasões subsequentes, como o saque de Roma por Alarico em 410 d.C. e a deposição do último imperador romano do Ocidente por Odoacro em 476 d.C., assinalaram o colapso final do Império Romano, encerrando um período de influência cultural e política duradoura na Europa.

 Fonte: https://www.megacurioso.com.br/

E o amanhã?

Aquecimento global (Crédito: SBMT)

E O AMANHÃ?

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)

A tragédia que se abateu recentemente sobre o Rio Grande do Sul, produzindo destruição e mortes requer reflexão e coragem para possíveis decisões a fim de promover o necessário respeito e cuidado para com o meio ambiente. Eventos meteorológicos com chuvas intensas, prolongadas e em grande volume, ou períodos de seca prolongados e calor intenso sempre aconteceram; são fenômenos naturais! No entanto, a frequência maior de tais eventos suscita particular atenção, pois são expressão de uma doença silenciosa que afeta a todos! O aquecimento global não é uma ideologia! São visíveis os sinais de um desequilíbrio ambiental!

O desenvolvimento tecnológico e as alterações climáticas, com suas consequências para todos, são certamente um dos principais desafios que a sociedade e a comunidade global terão de enfrentar com objetividade, coragem e determinação. O impacto das mudanças climáticas prejudicará cada vez mais a vida de muitos. As consequências atingirão os âmbitos da saúde, emprego, acesso a recursos, habitação, migrações forçadas, entre outros.

Os recursos naturais necessários para os avanços da tecnologia não são ilimitados. Provavelmente pela primeira vez na história do gênero humano, os seres humanos estão, na prática, sendo postos diante da tarefa de assumir a responsabilidade solidária pelos efeitos de suas ações em um parâmetro que envolve todo o planeta. Trata-se de uma crise. E “a ideia (pode-se dizer o modo de proceder!) que criou a crise não será a mesma que nos tirará dela; temos que mudar” (A. Einstein).

A cultura atual, marcada por enormes avanços tecnológicos, exalta a democracia e a liberdade, sem, no entanto, considerar a necessidade de discernimento e responsabilidade. Ora, Cultura é liberdade que respeita e cultiva paridade e fraternidade. “Democracia é resolver ‘juntos’ os problemas de todos” (Papa Francisco). Liberdade é filha do conhecimento, proporcionado pela razão; é colocar-se a serviço uns dos outros!

A razão moderna que tudo determina, deve reconhecer seus limites, caso contrário não pode se considerar inteligente. A implementação de programas de adaptação para reduzir os efeitos da alteração climática em curso, exigirá estadistas, nobreza política, espírito autenticamente democrático, humildade, coragem, liberdade, discernimento e responsabilidade.

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Sínodo, Instrumentum Laboris: uma Igreja em missão com o compromisso de todos

Sínodo dos Bispos (Vatican Media)

Foi publicado o texto-base que orientará os trabalhos da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária, programada de 2 a 27 de outubro. O documento está em continuidade com todo o processo sinodal iniciado em 2021 e apresenta propostas para uma Igreja cada vez mais "sinodal em missão", mais próxima do povo e na qual todos os batizados participam de sua vida. Entre os pontos de reflexão estão a valorização da mulher e a necessidade de transparência e prestação de contas.

Isabella Piro – Vatican News

Como ser Igreja sinodal missionária? Esta é a pergunta básica da qual parte o Instrumentum laboris (IL) da próxima sessão do Sínodo dos Bispos, programada de 2 a 27 de outubro, a segunda da XVI Assembleia Geral Ordinária, depois da de 2023. O IL - publicado esta terça-feira, 9 de julho, e apresentado na Sala de Imprensa da Santa Sé - não oferece nenhuma "resposta pré-fabricada", mas sim "indicações e propostas" sobre como a Igreja, como um todo, pode responder "à necessidade de ser 'sinodal em missão'", ou seja, uma Igreja mais próxima das pessoas, menos burocrática, que seja casa e família de Deus, na qual todos os batizados sejam corresponsáveis e participem de sua vida na distinção de seus diferentes ministérios e papéis.

As cinco partes do documento

O documento está estruturado em cinco seções: introdução, fundamentos e três partes centrais. A introdução relembra o caminho percorrido até agora e destaca as metas já alcançadas, como o uso generalizado da metodologia sinodal da Conversação do Espírito. Seguem-se os fundamentos (n. 1-18), que se concentram na compreensão da sinodalidade, vista como um caminho de conversão e de reforma. Em um mundo marcado por divisões e conflitos, enfatiza-se, a Igreja é chamada a ser sinal de unidade, instrumento de reconciliação e de escuta para todos, especialmente para os pobres, os marginalizados e as minorias afastadas do poder.

Valorização das mulheres na Igreja

Os Fundamentos também dão amplo espaço (n.13-18) à reflexão sobre o papel das mulheres em todas as áreas da vida da Igreja, destacando "a necessidade de dar um reconhecimento mais pleno" aos seus carismas e vocação. "Deus escolheu certas mulheres para serem as primeiras testemunhas e anunciadoras da ressurreição", lembra o IL; elas, portanto, "em virtude do Batismo, estão em uma condição de plena igualdade, recebem a mesma efusão de dons do Espírito e são chamadas ao serviço da missão de Cristo".

Participação e responsabilidade

Em algumas culturas, de acordo com o IL, "a presença do machismo permanece forte"; por essa razão, a segunda sessão sinodal pede "uma participação mais ampla das mulheres nos processos de discernimento eclesial e em todas as fases dos processos de tomada de decisão", juntamente com "um acesso mais amplo a posições de responsabilidade nas dioceses e instituições eclesiásticas", bem como em seminários, institutos, faculdades de teologia e "no papel de juíza em processos canônicos". As sugestões também dizem respeito às mulheres consagradas, para as quais se espera "maior reconhecimento e apoio mais decisivo" para sua vida e seus carismas, juntamente com "seu emprego em posições de responsabilidade".

Reflexão teológica sobre o diaconato feminino continua

Quanto à admissão de mulheres ao ministério diaconal, o IL relata que ela é solicitada por "algumas Igrejas locais", enquanto outras "reiteram sua oposição" (n. 17). O assunto, ressalta-se, "não será objeto dos trabalhos" em outubro próximo e, portanto, é bom que "a reflexão teológica continue". Em todo caso, a reflexão sobre o papel da mulher "evidencia o desejo de um fortalecimento de todos os ministérios exercidos pelos leigos", para os quais se pede que "adequadamente formados, possam contribuir também para a pregação da Palavra de Deus, inclusive durante a celebração da Eucaristia" (n. 18).

Parte I - Relações com Deus, entre irmãos e entre as Igrejas

Após a introdução e os fundamentos, o IL se detém nas relações (n. 22-50) que permitem que a Igreja seja sinodal na missão, ou seja, as relações com Deus Pai, entre irmãos e irmãs e entre as Igrejas. Os carismas, ministérios e ministérios ordenados são, portanto, essenciais em um mundo e para um mundo que, em meio a tantas contradições, está em busca de justiça, paz e esperança. Das Igrejas locais, emerge também a voz dos jovens que clamam por uma Igreja não de estruturas, nem de burocracia, mas fundada em relações que suscitam e vivem em dinâmicas e caminhos. Nessa perspectiva, a Assembleia de outubro poderá analisar a proposta de dar vida a novos ministérios, como o da "escuta e do acompanhamento".

Parte II - Percursos formativos e discernimento comunitário

Essas relações devem, então, ser desenvolvidas de maneira cristã ao longo de percursos (n. 51-79) de formação e de "discernimento comunitário", o que permite que as Igrejas tomem decisões apropriadas, articulando a responsabilidade e a participação de todos. "O entrelaçamento de gerações é uma escola de sinodalidade", afirma o IL. "Todos, os fracos e os fortes, as crianças, os jovens e os idosos, têm muito a receber e muito a dar" (n. 55).

A importância da prestação de contas

Mas entre os percursos a serem seguidos também estão os que permitem que aqueles com responsabilidades eclesiais sejam transparentemente responsáveis por suas ações para o bem e a missão da Igreja. "Uma Igreja sinodal precisa de uma cultura e prática de transparência e prestação de contas (accountability) - diz o IL - que são indispensáveis para promover a confiança mútua necessária para caminhar juntos e exercer a corresponsabilidade pela missão comum" (n. 73). O documento de trabalho enfatiza que hoje "a demanda por transparência e prestação de contas na e pela Igreja surgiu como resultado da perda de credibilidade devido a escândalos financeiros e, sobretudo, abusos sexuais e outros abusos contra menores e pessoas vulneráveis. A falta de transparência e prestação de contas, de fato, alimenta o clericalismo" (nº 75).

São necessárias estruturas de avaliação

A prestação de contas e a transparência, insiste o IL, também afetam "os planos pastorais, os métodos de evangelização e as maneiras pelas quais a Igreja respeita a dignidade da pessoa humana, por exemplo, no que diz respeito às condições de trabalho em suas instituições" (n. 76). Daí, o pedido de "estruturas necessárias e formas de avaliação do modo como são exercidas as responsabilidades ministeriais de todos os tipos" (n. 77). A Igreja deve garantir, explica o IL, a publicação de um relatório anual sobre a gestão dos bens e dos recursos e sobre o desempenho da missão, inclusive "em matéria de salvaguarda (proteção dos menores e das pessoas vulneráveis)" (n. 79).

Parte III - Os lugares do diálogo ecumênico e inter-religioso

O IL analisa, em seguida, os lugares (n. 80-108) onde as relações e os percursos tomam forma. Lugares que devem ser entendidos como contextos concretos, caracterizados por culturas e dinamismos da condição humana. Convidando a superar uma visão estática das experiências eclesiais, o documento de trabalho reconhece a sua pluralidade, que permite à Igreja - una e universal - viver em uma circularidade dinâmica "nos lugares e a partir dos lugares". E é nesse horizonte que se inserem os grandes temas do diálogo ecumênico, inter-religioso e com as culturas. Nesse contexto, insere-se também a busca de formas de exercício do ministério petrino abertas à "nova situação" do caminho ecumênico (n. 102 e 107).

Peregrinos da esperança

Em seguida, o Instrumentum laboris conclui-se com um convite para prosseguir o caminho como "peregrinos da esperança", também na perspectiva do Jubileu de 2025 (nº 112).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus

Santa Paulina (A12)
09 de julho
Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus

Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus nasceu na província de Trento, na Itália, em 16 de dezembro de 1865, mas com apenas dez anos foi para o Brasil onde morou durante toda a vida e fundou a congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. É considerada a primeira santa brasileira e reconhecida como padroeira da imigração italiana em Nova Trento (SC).

Amábile Lúcia Visintainer, seu nome de batismo, foi a segunda filha de Napoleão e Ana, de quem aprendeu a viver uma vida de fé e devoção.

Em 1875 emigrou para a cidade de Nova Trento, em Santa Catarina, no sul do Brasil. Dois anos depois, a sua mãe morreu e ela ajudou a cuidar da família até o pai se casar de novo.

Aos doze anos, ela recebeu a Primeira Comunhão junto com Virgínia Rosa Nicoldi que era a sua melhor amiga. Elas tinham muito amor por Jesus, rezavam juntas e participavam com muito fervor da vida pastoral e social da paróquia de Nova Trento.

Durante toda a adolescência as duas davam catequese para crianças, cuidavam dos doentes, idosos, se dedicavam com alegria e fervor a todo o tipo de trabalho na Igreja.

Em 1890, quando tinha 25 anos, Amábile e sua amiga Virgínia, acolhem uma mulher com câncer terminal chamada Angela Viviani, em um casebre doado por um barão, onde elas já costumavam acolher pessoas doentes. Este gesto marcou o início da fundação da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, cuja data de fundação é 12 de julho de 1890. Nesta época, Teresa Anna Maule, uma entusiasta dos ideiais cristãos, se juntou a elas na congregação.

A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição é considerada a primeira congregação religiosa fundada no Brasil. Amábile passou a se chamar Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus e foi nomeada Superiora, passando a ser chamada de Madre Paulina.

nova congregação atraiu muitas vocações, se dedicavam à oração, às obras de caridade e tinham uma pequena indústria de seda para enfrentar as dificuldades econômicas da época.

Madre Paulina foi convidada para fundar uma comunidade em São Paulo em 1903, mesmo ano em que foi eleita superiora vitalícia da comunidade. Deixou Nova Trento e foi para o bairro Ipiranga, para cuidar dos ex-escravos idosos e crianças órfãs, depois da abolição da escravidão que aconteceu em 13 de maio de 1888.

O arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, depôs a Madre Paulina do cargo de Superiora Geral em 1909 e a enviou para trabalhar com os doentes e idosos em Bragança Paulista. Ela foi proibida de exercer cargos na sua congregação.

Durante essa provação, ela se dedicou ainda mais à oração, ao trabalho e sofrimento, oferecidos para que a Congregação das Irmãzinhas pudesse continuar adiante e que Jesus fosse “conhecido, amado e adorado por todos e todo o mundo”.

Ela voltou a morar na Casa Mãe da Congregação em 1918, onde ficou até a morte dedicada a uma vida de oração e ajuda às irmãs doentes.

Em 1938, aos 73 anos, ela ficou doente com diabetes, teve que amputar o braço direito e ficou cega.

Madre Paulina morreu em 9 de julho de 1942, aos 76 anos. Foi beatificada pelo papa João Paulo II durante a sua visita ao Brasil em 18 de outubro de 1991 e canonizada na Praça de São Pedro em 19 de maio de 2002, quando passou a ser chamada de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus.

Fontes consultadas para a redação do texto:

https://santuariosantapaulina.org.br/oracao-santa-paulina/

https://www.a12.com/reze-no-santuario/santo-do-dia?saint_id=167&day=9&month=7

https://www.vatican.va/news_services/liturgy/2002/documents/ns_lit_doc_20020519_paulina_po.html

Reflexão:

Santa Paulina partilhou o pão com os pobres e necessitados, visitou doentes, órfãos, abandonados, dedicou a própria vida a amar os últimos e a fazer com que Jesus fosse conhecido, amado e adorado por todas as pessoas do mundo. Que ela interceda, para que o Senhor desperte em nós essa intensa caridade, que abra os nossos corações para que possamos acolher aqueles que mais precisam e que renove o nosso ardor missionário e apostólico para anunciar o Senhor para os mais próximos, nossa família, amigos, colegas de trabalho, que não tenhamos medo nem vergonha de anunciar o nome do Senhor.

Oração:

Ó Santa Paulina, que puseste toda a confiança no Pai e em Jesus e que, inspirada por Maria, decidiste ajudar o povo sofrido, nós te confiamos a Igreja que tanto amas, nossas vidas, nossas famílias, a Vida Consagrada e todo o povo de Deus. (Pedir a graça desejada) Santa Paulina, intercede por nós, junto a Jesus, a fim de que tenhamos a coragem de lutar sempre, na conquista de um mundo mais humano, justo e fraterno. Amém. Pai-Nosso – Ave Maria – Glória V. Santa Paulina. R. Rogai por nós!


Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 8 de julho de 2024

CATEQUESE: Dez ensinamentos dos santos doutores da Igreja sobre a Igreja

Foto - Crédito | Cléofas

Dez ensinamentos dos santos doutores da Igreja sobre a Igreja

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Nada melhor do que aprender sobre a Igreja com estes grandes mestres…

1. “A Igreja recebeu as chaves do Reino dos Céus para que se opere nela a remissão dos pecados pelo sangue de Cristo e pela ação do Espírito Santo. É nesta Igreja que a alma revive, ela que estava morta pelos pecados. Quem não crer que a Igreja lhe perdoa os pecados, a esse não lhe serão perdoados os pecados”. (Santo Agostinho)

2. “Se na Igreja não existisse a remissão dos pecados, não existiria nenhuma esperança, nenhuma perspectiva de uma vida eterna é de uma libertação eterna. Rendamos graças a Deus que deu à sua Igreja um tal dom”. (Santo Agostinho)

3. “Fazei-vos corpo de Cristo se quereis viver do Espírito de Cristo. Somente o Corpo de Cristo vive de seu Espírito”. (Santo Agostinho)

4. “Em tudo me sujeito ao que professa a Santa Igreja Católica Romana, em cuja fé vivo, afirmo viver e prometo viver e morrer”. (Santa Teresa)

5. “À Igreja quero submeter para sempre meus escritos, minhas ações, minhas palavras, minha vontade e meus pensamentos”. (São Francisco Sales)

6. “Não podemos, caríssimos, de modo algum duvidar de que toda a observância cristã procede de instruções divinas e de que tudo o que a Igreja recebeu como costume de devoção provém da tradição apostólica e do ensinamento do Espírito Santo”. (São Leão Magno)

7. “Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros… Assim é preciso crer que existe uma comunhão de bens na Igreja”. (São Tomás)

8. “O bem de Cristo é comunicado a todos os membros, e essa comunicação se faz através dos sacramentos da Igreja”. (São Tomás)

9. “A Igreja é o navio que navega bem neste mundo ao sopro do Espírito Santo com as velas da Cruz do Senhor plenamente desfraldadas”. (Santo Ambrósio)

10. “Foi sempre privilégio da Igreja vencer quando é ferida, progredir quando é abandonada, crescer em ciência, quando é atacada”. (São Bento)

 Fonte: https://cleofas.com.br/

EDITORIAL: O Papa em Trieste, Ruffini: pés no chão, mas grandes ideais

Papa Francisco durante sua visita pastoral a Trieste, Itália (Vatican Media)

Em um editorial para o L'Osservatore Romano, o Prefeito do Dicastério para a Comunicação se detém sobre as passagens mais importantes do discurso de Francisco neste domingo (07/07), no encerramento das Semanas Sociais dos católicos na Itália.

Paolo Ruffini

Há uma pergunta dirigida a todos, e não apenas aos chamados políticos de profissão, no discurso do Papa Francisco neste domingo em Trieste.

O que é política para nós?

E, ligada a ela, há outra, na verdade, há duas: o que é democracia? E qual é o papel de cada um, e, portanto, também dos cristãos, dos católicos, na crise das democracias?

Essas não são perguntas escolares. Na verdade, são o oposto.

De fato, elas nos pedem para sair daquele excesso de abstração em que muitas vezes nos refugiamos quando reduzimos a política a um jogo de poder, a uma aritmética ou a uma topografia, à ocupação de posições de comando; e quando transformamos a democracia em um manual frio das regras que regem esse jogo que muitos de nós - erroneamente - consideramos ser de outra pessoa.

A verdade é que, ao fingirmos ser meros espectadores, em vez de atores (possíveis protagonistas de um progresso em direção ao bem comum), assistindo de camarote, acabamos agindo como Pôncio Pilatos; e o fato de lavarmos as mãos acaba agravando tanto a crise da política quanto a da democracia e, com elas, o nosso destino.

A resposta do Papa Francisco é diferente; é concreta. E, na hora da crise, ele não fala em esquemas abstratos, mas nos desafia a um exame de consciência, tanto pessoal quanto coletivo. Como indivíduos e como povo.

Que jogo estamos jogando?

Se a política e a democracia não dizem respeito apenas a alguns (os outros: os que votam, os que governam, os que se opõem, os que militam, os que saem às ruas); se elas afetam cada um de nós, nossas vidas, nossas escolhas, e não apenas no momento da votação, se tudo está interconectado; que jogo estamos jogando?

As perguntas do Papa são dirigidas a nós; e elas nos trazem de volta com os pés no chão. Elas são concretas. Como a caridade da qual a política - como Francisco repete citando seus predecessores - é a forma mais elevada. Fazem romper os esquemas construídos de polarizações. Adotam um paradigma que somente a miopia de nosso tempo não considera político. O paradigma do amor, que exige participação, que inclui tudo, "que não se contenta em tratar os efeitos, mas procura abordar as causas.  E é uma forma de caridade que permite que a política esteja à altura de suas responsabilidades e de sair das polarizações".

Que lugar a caridade, o amor ao próximo, ocupa em nosso raciocínio político?

A caridade - como enfatiza o Papa - é concreta. É inclusiva.

Ela nos conhece nome por nome. Ela nos chama pelo nome para assumirmos uma responsabilidade pessoal no caminho rumo a um desenvolvimento mais humano.

Ela nos envolve na construção de uma alternativa à atrofia moral da dinâmica do desperdício.

É o único antídoto verdadeiro para o câncer que corrói a política e as democracias, que se alimenta do ódio e da indiferença.

Cabe a cada um de nós não reduzir a política, da qual todos nós precisamos, a uma soma de números, de porcentagens. A uma "caixa vazia" a ser ocupada.

Cabe a cada um de nós restituir-lhe a esperança, a profecia de um futuro a ser construído juntos, todos juntos; a beleza de compartilhar projetos e histórias na construção do bem comum.

Política - disse-nos o Papa - é "participação". É "um cuidar do todo". É "pensar-se como povo e não como eu ou meu clã, minha família, meus amigos". Não é populismo. Não, é outra coisa".

A participação é responsável; o populismo, ao invés, anula a responsabilidade, que é individual, na indistinção da massa.

Pensar grande, arregaçar as mangas para fazer grandes coisas, juntos. Essa é a tarefa dos católicos na política.

Com os pés no chão, mas com grandes ideais.

Idealistas com um grande senso da realidade e do limite; conscientes de que podem mudar a realidade. Passo a passo. Em um caminho que sempre continua. Sem mudar o caminho - como dizia padre Primo Mazzolari - em um ponto de chegada e de posse.

"Uma fé autêntica", escreve o Papa Francisco na Evangelii gaudium, "implica sempre um profundo desejo de mudar o mundo, de transmitir valores, de deixar algo melhor depois de nossa passagem pela terra".

Padre Primo Mazzolari traduzia tudo isso convidando-nos a olhar para o alto: não para a direita, nem para a esquerda, nem para o centro, mas para o alto. Começando por ser homens novos em vez de aventureiros do novo. Homens e mulheres capazes de assumir e honrar livremente um compromisso em vez de agir como Pôncio Pilatos. Que não ficam à margem da luta pela justiça. Que não transformam a paixão em rancor, a justiça em um ajuste de contas sumário; que não renegam o fim com os meios; que não se rendam à cultura da hipérbole, que não pregam soluções mágicas; que não renunciam à regra da caridade na política. Homens e mulheres que não se iludem com a possibilidade de construir o paraíso na terra, que não trocam a política com o desafio de um momento de quem vence e quem perde, mas que a vivam como um caminho para o qual todos nós somos chamados. Um chamado para sempre fazer melhor.

As palavras de Aldo Moro, quando era um jovem professor universitário, vêm à mente como um parâmetro para nosso exame de consciência: 'provavelmente, apesar de tudo, a evolução histórica, da qual teremos sido os determinantes, não satisfará nossas ideais exigências; a esplêndida promessa, que parece estar contida na força e na beleza intrínsecas desses ideais, não será cumprida. Isso significa que os homens sempre terão de permanecer perante do direito e do Estado em uma posição de mais ou menos agudo pessimismo.

E sua dor nunca será totalmente confortada. Mas essa insatisfação, essa dor, é a mesma insatisfação do homem diante da sua vida, que muitas vezes é mais angusta e mesquinha do que sua ideal beleza pareceria legitimamente levar alguém a esperar. É a dor do homem que continuamente acha tudo menor do que gostaria, cuja vida é tão diferente do ideal acalentado em seu sonho.

É uma dor que não cede, a não ser um pouco, quando confessada a almas que entendem ou que cantaram na arte, ou quando a força de uma fé ou a beleza da natureza dissolvem essa ansiedade e restauram a paz. Talvez o destino do homem não seja realizar plenamente a justiça, mas ter fome e sede perpétuas de justiça. Mas esse é sempre um grande destino".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF