A IGREJA NO MUNDO DE HOJE
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Cadernos do Concílio – Volume 25
Hoje nos debruçaremos no volume vinte e cinco
dos Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II em preparação ao jubileu do
próximo ano. A cada vinte e cinco anos a Igreja celebra o jubileu ordinário.
Nesse próximo ano comemoraremos também os sessenta anos de encerramento do
Concílio Ecumênico Vaticano II, por isso, ao longo desse ano estamos revendo,
mesmo que de maneira resumida, os principais documentos do Concílio Ecumênico
Vaticano II, através dessa Coleção Cadernos do Concílio.
Muitas pessoas não viveram na época do
Concílio Ecumênico Vaticano II, por isso, é necessário tornar esses documentos
atuais e mesmo quem viveu à época é bom revisitá-los. É necessário ainda viver
tudo aquilo que foi discutido ao longo do Concílio Ecumênico Vaticano II por
isso é importante revisitar os documentos, e entender a importância dele para a
Igreja.
Esse ano jubilar será um ano de muitas graças
e que a Igreja colherá muitos frutos. Somos felizes por participar da Igreja de
Cristo, por ser membros desse corpo que é a Igreja e que tem Cristo como
cabeça. Temos que viver aqui na terra o Reino de Deus e aquilo que Jesus tanto
pregou, o amor ao próximo.
Voltando ao tema que é proposto para esse
volume vinte e cinco da Coleção Cadernos do Concílio: “A Igreja no
mundo de hoje”, que foi escrito por Monsenhor Cesare Pagazzi, secretário do
Dicastério da Cultura e Educação. Todos os volumes dessa coleção foram
preparados pelo Dicastério para a Evangelização. Inclusive é uma maneira da
Igreja fazer-se presente no mundo, ou seja, chegando as mãos de todos os fiéis
através dos documentos.
A Igreja mais do que nunca precisa estar
inserida na sociedade no mundo de hoje, e como que a Igreja se fará presente?
Através dos Bispos, sacerdotes e diáconos que ministram os sacramentos e
através dos leigos que são chamados a serem sal na terra e luz no
mundo.
Com o passar do tempo a Igreja precisou se
adaptar e acompanhar o crescimento e o desenvolvimento do mundo, principalmente
no que diz respeito a tecnologia. Hoje em dia é possível evangelizar por meio
do rádio, televisão e redes sociais. Antigamente a única maneira do padre ou da
paróquia conversar com seus fiéis era por meio de carta ou telegrama, hoje é
possível a paróquia ou o padre conversar com os fiéis através de mensagens nas
redes sociais. É claro, que se for algo mais urgente o fiel tem que ir pessoalmente
até a paróquia.
Nos dias de hoje é possível transmitir a missa
através das redes sociais, ou Youtube, é claro que essas transmissões não devem
nos acomodar, elas são voltadas mais para os idosos e doentes que tem
dificuldade de ir à Igreja. Os demais podem assistir, mas não deixar de ir à
Igreja fisicamente.
Todos os fiéis quando batizados são chamados a
ser sacerdotes, profetas e reis, e ainda, sal na terra e luz no mundo. Ou seja,
a partir do batismo passamos a pertencer a Cristo e à Igreja, nos tornamos
membros dessa Igreja onde Cristo é a cabeça e nós somos os membros. Cada
batizado é chamado a anunciar Jesus Cristo aos outros e se tornar discípulo e
missionário do Senhor, anunciando a alegria que é pertencer a essa
Igreja.
Ao realizar esse trabalho evangelizador e ao
chamar novos membros para que se incorporem a Igreja é uma forma de tornar a
Igreja presente no mundo. A nossa missão tem que ser diária, todos os dias
devemos falar de Deus para quem conhecemos e a missão de cada batizado deve ser
permanente. A Igreja deve estar sempre de portas abertas, acolhendo a todos que
chegam, oferecendo os sacramentos e sobretudo tendo Santa Missa diária. Para a
Igreja poder conversar com os fiéis e estar presente no mundo é preciso estar
sempre aberta e oferecer os sacramentos aos fiéis.
O Papa Francisco insiste que a Igreja deve ser
em “saída”, ou seja, não ficar apenas dentro dos templos ou na sacristia
esperando os fiéis chegarem, mas deve ir ao encontro dos fiéis, essa é uma
forma da Igreja se fazer presente no mundo. É necessário testemunharmos Jesus
Cristo nos dias de hoje. É preciso que o padre esteja ciente dos idosos,
doentes, e de todos aqueles que precisam de alguma necessidade em torno de seu
território paroquial, para que ele possa ser um sinal do Cristo Bom Pastor para
essas pessoas e a Igreja esteja presente no mundo.
Desde o início da Igreja primitiva quando
Jesus envia os discípulos em missão, Ele lhes dá o poder do Espírito Santo para
que fossem por todo o mundo anunciar o Evangelho. Por isso, o termo “católico”
significa universal, ou seja, justamente aquilo que estamos tratando aqui, a
Igreja presente no mundo. Do mesmo modo que Jesus enviou os discípulos, Ele nos
envia também hoje.
O próprio Concílio Ecumênico Vaticano II é uma
forma da Igreja dialogar com o mundo e de se atualizar. A Igreja precisava de
certa maneira se renovar e se aproximar dos fiéis. Por isso, a partir do
Concílio e com todas as mudanças que ele proporcionou a Igreja entrou num
processo de renovação e tendo consciência de sua missão “ad gentes”, ou
seja, a missão da Igreja é permanente.
Convido a tomarem em mãos esse volume vinte e
cinco da Coleção Cadernos do Concílio, e ainda a lerem o Decreto “ad gentes”
promulgado pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. Tenhamos a certeza de que somos
discípulos e missionários do Senhor e temos que ser uma Igreja em saída, a
pedido do Papa Francisco.
Fonte: https://www.cnbb.org.br/