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terça-feira, 16 de julho de 2024

Festa de Nossa Senhora do Carmo, a súplica do Papa pela paz

Francisco diante de uma imagem de Nossa Senhora do Carmo no Chile (Vatican News)

Durante o Angelus do último domingo (14/07), Francisco recordou que nesta terça-feira, 16 de julho, a Igreja celebra Nossa Senhora do Carmo. Também através da rede social X, o Pontífice implorou a intercessão da Virgem Maria pelos "povos oprimidos pelo horror da guerra".

Thulio Fonseca - Vatican News

Através de um post na rede social X, publicado nesta terça-feira, 16 de julho, o Papa Francisco recorda a festa litúrgica de Nossa Senhora do Carmo, mãe da Ordem Carmelita, venerada desde o século XIII. Também no último domingo, o Santo Padre proferiu o apelo de paz e a intercessão da Virgem Maria.

“Que a Bem-Aventurada #VirgemdoMonteCarmelo conceda conforto e #paz a todos os povos oprimidos pelo horror da guerra. Por favor, não nos esqueçamos da martirizada Ucrânia, da Palestina, Israel, Mianmar, e #RezemosJuntos pela paz.”

Em outras ocasiões, no decorrer de seu pontificado, Francisco já indicou aos fiéis a devoção a Nossa Senhora do Carmo. Em 2019, também por meio de um post nas redes sociais, o Papa recordou que na festa de Nossa Senhora do Carmo contemplamos a Mãe que está ao lado da Cruz de Cristo e destacou que "esse é também o lugar da Igreja: perto de Cristo".

Do mesmo modo, em 2020, a mensagem do Pontífice foi direcionada ao bem daqueles que sofrem: "Nossa Senhora do Carmo, nossa mãe, ajuda-nos a ter mãos inocentes e um coração puro, a não pronunciar uma mentira e a não falar em detrimento de outras pessoas. Assim, poderemos subir o monte do Senhor e obter sua bênção, sua justiça, sua salvação.”

Devoção a Nossa Senhora do Carmo

O nome de Nossa Senhora do Carmo está ligado à região do Monte Carmelo. Em hebraico, “Carmo” significa vinha e “elo” significa senhor; portanto, “Vinha do Senhor”. Foi ali, na antiga Palestina, que os profetas Elias e Eliseu se refugiaram, tornando o lugar o cenário de um dos acontecimentos mais importantes do Antigo Testamento, onde se reuniram e construíram uma pequena capela em homenagem a Nossa Senhora. Eis o porquê do nome “Ordem dos Carmelitas”.

Quando os Cruzados chegaram à Terra Santa, no século XII, divulgou-se que encontraram vivendo no Monte Carmelo, uma colônia de eremitas que afirmavam ter o profeta Elias como fundador e patrono, e a Mãe de Deus como a Virgem do Carmelo. O grupo foi aumentando com a adesão de cruzados, que não queriam continuar com a guerra e almejavam a paz e uma existência mais dedicada às orações.

Quadro da Virgem Maria com o Menino Jesus e os santos carmelitas (Vatican News)

Segundo a iconografia popular, Nossa Senhora do Carmo não leva Jesus no colo, mas estende os braços oferecendo o escapulário. A imagem refere-se à aparição de Nossa Senhora em 16 de julho de 1251 ao carmelita São Simão Stock, entregando-lhe um escapulário e revelando-lhe os privilégios ligados ao culto. Os Carmelitas difundiram no povo cristão a devoção à Bem-Aventurada Virgem do Monte Carmelo, indicando-a como modelo de oração, de contemplação e de dedicação a Deus.

O escapulário também auxiliou na difusão desta devoção mariana em todo o mundo, sinal de cuidado materno. Carregando-o sobre o peito, o escapulário nos recorda a misericórdia de Deus para conosco e nos convida a viver segundo a sua Santa Palavra. Para os religiosos, "seguir a Regra do Carmelo é imitar Maria: Mãe, Irmã, Mestra, Defensora, Consoladora, Modelo, Refúgio, Esperança e a Glória dos Carmelitas".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Bartolomeu Fernandes

São Bartolomeu Fernandes (A12)
16 de julho
São Bartolomeu Fernandes

Bartolomeu Fernandes nasceu em Lisboa em 3 de maio de 1514, na região de Verdelha, Mártires, e entrou para a Ordem dos Pregadores ou Dominicana aos 14 anos, quando recebeu o nome de Frei Bartolomeu dos Mártires, em homenagem à Virgem Maria venerada como Nossa Senhora dos Mártires na igreja onde foi batizado.

Fez o noviciado em Lisboa e terminou os estudos de Filosofia e Teologia em 1538, tendo São Tomás de Aquino como referência em seus trabalhos teológicos.

Ele se dedicou a ensinar em diferentes conventos de Lisboa, ficou tão conhecido por sua sabedoria e ensinamentos que a Rainha de Portugal, Catarina, o apresentou para suceder o Arcebispo de Braga e foi confirmado pelo Papa Paulo IV em 27 de janeiro de 1559. Na época, esta Arquidiocese incluía os territórios das dioceses de Braga, Bragança, Vila Real e Viana do Castelo.

Recebeu a ordenação episcopal em 3 de setembro de 1559, na igreja de São Domingos, em Lisboa.

Em sua nova missão como Arcebispo fez mais de 90 visitas pastorais em todas as 1260 paróquias que faziam parte da Arquidiocese de Braga.

Dom Bartolomeu tinha muita preocupação pela falta de formação dos fiéis e dos sacerdotes, por isso, escreveu um catecismo que foi dividido em duas partes: na primeira parte uma exposição do Pai Nosso, da Profissão de Fé, dos Dez Mandamentos, dos Pecados Capitais e dos Sacramentos. A segunda parte tinha práticas de sermões a serem lidos aos fiéis aos domingos e dias de festa. Com este Catecismo, Dom Bartolomeu atingiu as camadas mais simples, difundindo a doutrina Cristã de forma mais fácil e acessível.

Dom Bartolomeu corrigia os hereges de forma fraterna e humana (em segredo) ao invés de mandá-los ao Santo Ofício, com isso poupava o indivíduo de uma pena mais dura e da exposição pública.

Aplicou um verdadeiro programa de reforma pastoral em Braga onde se destacam alguns pontos essenciais: o ensino da doutrina cristã e a obrigatoriedade da homilia.

São Bartolomeu dos Mártires viveu num tempo de crise na Igreja no século XVI. Ele teve uma participação importante no Concílio de Trento defendendo a necessidade de um tempo de renovação, testemunhada por ele com a vivência na própria vida. Participou das reuniões de 1562 e 1563, na qual apresentou 268 petições, síntese dos pedidos de reforma da Igreja.

Para aplicar as normas do Concílio de Trento, convocou um Sínodo Diocesano em 1564 e em 1566 um Sínodo Provincial.

Encontrou resistência nas estruturas eclesiásticas conservadoras de Braga. Mas isso não o impediu de privilegiar a formação dos futuros presbíteros com a fundação de um seminário.

Frei Bartolomeu dos Mártires foi um bispo muito próximo ao povo, preocupado com as questões sociais e comprometido nas obras de caridade. Em 23 de fevereiro de 1582 renunciou ao cargo de Arcebispo por motivos de idade e recolheu-se no convento dominicano da Santa Cruz, na cidade de Viana do Castelo, o qual ajudou a construir em 1561 para favorecer os estudos eclesiásticos e a pregação.

Morreu em 16 de julho de 1590 no Convento de Santa Cruz, onde foram depositados os seus restos mortais. No coração do povo ficou conhecido como “Arcebispo santo, pai dos pobres e dos doentes”, que percorreu toda a região da Arquidiocese de Braga no século XVI. A sandália é o símbolo da sua dedicação ao povo.

Bartolomeu dos Mártires foi beatificado em 2001 por João Paulo II e canonizado em 2019 pelo papa Francisco, sem a atribuição de um milagre.

Conferência Episcopal Portuguesa o declarou “padroeiro dos catequistas”. Ele também é um dos patronos da JMJ Lisboa 2023.

Sua Festa Litúrgica foi movida para o dia 18 de julho, embora seu falecimento tenha ocorrido em 16 de julho.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida de São Bartolomeu dos Mártires mostra a proximidade, ternura e compaixão de um pastor totalmente dedicado ao seu rebanho, preocupado com o essencial que é a vida de fé, de oração e a formação do seu povo. Era um homem de oração e a partir de uma vivência renovada da fé em sua própria vida, era capaz de propor com audácia e ternura uma renovação na fé e na vida da Igreja e das pessoas. Um homem comprometido, corajoso que marcou a Igreja da época e ainda hoje é modelo e grande intercessor. Peçamos a intercessão de São Bartolomeu dos Mártires por todos os Bispos e Padres, para que tenham a mesma proximidade com o povo e coragem de anunciar a Verdade e o Amor a um mundo cada vez mais afastado de Deus.

Oração:

Senhor, que dotastes de grande caridade apostólica São Bartolomeu dos Mártires, protegei sempre a vossa Igreja de modo que, assim como ele foi glorioso na sua solicitude pastoral, também nós sejamos, pela sua intercessão, sempre fervorosos no vosso amor, no compromisso eclesial desde a juventude. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Do Opúsculo Itinerário da mente para Deus, de São Boaventura, bispo

Cristo é a porta e o caminho (Paróquia São Luís - Faro)

Do Opúsculo Itinerário da mente para Deus, de São Boaventura, bispo

(Cap.7,1.2.4.6:Opera omnia,5,312-313)                (Séc. XII)

A sabedoria mística revelada pelo Espírito Santo

Cristo é o caminho e a porta. Cristo é a escada e o veículo, o propiciatório colocado sobre a arca de Deus (cf. Ex 26,34) e o mistério desde sempre escondido (Ef 3,9). Quem olha para este propiciatório, como rosto totalmente voltado para ele, contemplando-o suspenso na cruz, com fé, esperança e caridade, com devoção, admiração e alegria, com veneração, louvor e júbilo, realiza com ele a Páscoa, isto é, a passagem. E assim, por meio do lenho da cruz, atravessa o mar Vermelho, saindo do Egito e entrando no deserto, onde saboreia o maná escondido. Descansa também no túmulo com Cristo, parecendo exteriormente morto, mas experimentando, tanto quanto é possível à sua condição de peregrino, aquilo que foi dito pelo próprio Cristo ao ladrão que o reconhecera: Ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23,43).

Nesta passagem, se for perfeita, é preciso deixar todas as operações intelectuais, e que o ápice de todo o afeto seja transferido e transformado em Deus. Estamos diante de uma realidade mística e profundíssima: ninguém a conhece, a não ser quem a recebe; ninguém a recebe, se não a deseja; nem a deseja, se não for inflamado, até à medula, pelo fogo do Espírito Santo, que Cristo enviou ao mundo. Por isso, o Apóstolo diz que essa sabedoria mística é revelada pelo Espírito Santo (cf. 1Cor 2,13).

Se, portanto, queres saber como isso acontece, interroga a graça, e não a ciência; o desejo, e não a inteligência; o gemido da oração, e não o estudo dos livros; o esposo, e não o professor; Deus, e não o homem; a escuridão, e não a claridade. Não interrogues a luz, mas o fogo que tudo inflama e transfere para Deus, com unções suavíssimas e afetos ardentíssimos. Esse fogo é Deus; a sua fornalha está em Jerusalém. Cristo acendeu-a no calor da sua ardentíssima paixão. Verdadeiramente, só pode suportá-la quem diz: Minha alma prefere ser sufocada, e os meus ossos a morte (cf. Jó 7,15). Quem ama esta morte pode ver a Deus porque, sem dúvida alguma, é verdade: O homem não pode ver-me e viver (Ex 33,20). Morramos, pois, e entremos na escuridão; imponhamos silêncio às preocupações, paixões e fantasias. Com Cristo crucificado, passemos deste mundo para o Pai (cf. Jo 13,1), a fim de podermos dizer com o apóstolo Filipe, quando o Pai se manifestar a nós: Isso nos basta (Jo 14,8); ouvirmos com São Paulo: Basta-te a minha graça (2Cor 12,9); e exultar com Davi, exclamando: Mesmo que o corpo e o coração vão se gastando, Deus é minha parte e minha herança para sempre! (Sl 72,26). Bendito seja Deus para sempre! E que todo o povo diga: Amém! Amém! (cf. Sl 105,48).

 Fonte: https://liturgiadashoras.online/

'Meu pai se matou, e hoje sou padre e especialista em suicídio' (1)

Padre Licio, pároco na Zona Leste de São Paulo, viu no suicídio do pai uma motivação para se especializar no tema/ VITOR SERRANO/BBC NEWS BRASIL

'Meu pai se matou, e hoje sou padre e especialista em suicídio'

*Esse texto é o primeiro da série "Suicídio & Fé" da BBC News Brasil, que abordará nas próximas semanas o tabu religioso com o suicídio, com foco nas religiões com mais adeptos no Brasil. Acompanhe as publicações no nosso site e redes sociais.

O padre Licio Vale, de 66 anos, viveu na pele a marcante e relativamente recente mudança na posição da Igreja Católica Apostólica Romana em relação ao suicídio.

Quando Licio tinha 13 anos, seu pai se matou aos 43, no ano de 1970. Como era a norma naquele momento para suicidas, não foram feitos os rituais funerários que uma pessoa que morria em outras condições podia receber.

"Minha família, apesar de muito católica, não teve direito de celebrar a missa de corpo presente, nem a missa de sétimo dia, nem missa de mês, nem missa de ano", lembra Licio, que comanda a paróquia Sagrada Família, no bairro da Ponte Rasa, em São Paulo (SP).

"Porque a Igreja Católica dizia naquela época que as almas das pessoas que se matavam iam direto para o inferno. [Segundo a doutrina antiga] Quem se mata peca contra o Quinto Mandamento da lei de Deus, que é não matar. Então, na minha família, nós vivemos isso na carne.”

Quando adolescente, a perspectiva do pai "não ter a salvação eterna" era "profundamente angustiante", ele diz.

Essa posição do catolicismo apostólico romano — a religião mais popular do Brasil, com mais de 123 milhões de fiéis (64,6% da população), segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — só mudou após a revisão do Código de Direito Canônico em 1983.

"Hoje, como padre, graças a Deus, nossa doutrina católica evoluiu", diz, garantindo que a rejeição a esses ritos não acontece mais, nem na teoria nem na prática.

A história de padre Lício e as mudanças da doutrina da Igreja Católica sobre suicídio é a primeira da série de reportagens "Suicídio & Fé", que a BBC News Brasil publica nas próximas semanas.

Licio conta que realizou um sonho de infância — anterior à morte do pai — de se tornar padre há 40 anos.

Também é formado em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), especializado em prevenção ao suicídio pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), palestrante e autor de vários livros sobre o tema, como E foram deixados para trás: uma reflexão sobre o fenômeno do suicídio.

No Brasil, o tema ganha cada vez relevância apesar do tabu persistente que o envolve, porque, como mostram estudos recentes, o número de suicídios vem aumentando.

Licio avalia que a Igreja Católica atualizou sua doutrina porque "dialoga com a Ciência".

"Estudos mostram que a grande maioria das pessoas que se mata não tem a intenção de tirar sua vida, portanto não tem a intenção de pecar contra o Quinto Mandamento", diz o padre.

"Porque, para que haja pecado, tem que haver intenção. E quem sabe a intenção? Só Deus."

'Eu me tornei especialista em prevenção ao suicídio por causa da morte do meu pai'

Pe. Lício | VITOR SERRANO/BBC NEWS BRASIL

Licio é filho único e cresceu na capital paulista em "berço católico", nas suas palavras. A avó materna ia à missa todos os dias, e ele a acompanhava.

Enquanto isso, seu pai lutava com a depressão e o alcoolismo. Licio conta que o pai aceitava receber cuidados, mas acredita que, da forma que eram feitos os tratamentos na época, isso pode ter atrapalhado.

"Ele foi internado no hospital psiquiátrico, que nos anos 1960 era uma prisão. Ele tomou eletrochoque, porque os medicamentos antidepressivos vão surgir no Brasil na metade dos anos 1970. Então, ele sofreu muito, inclusive com as internações", lembra.

Atualmente, o chamado eletrochoque foi adaptado e ganhou novo nome, a eletroconvulsoterapia (ECT).

Alguns especialistas e instituições defendem o seu uso para algumas condições de saúde mental, como a depressão grave, e somente com o uso de anestesia e com correntes elétricas mais baixas do que as usadas antigamente.

Mas, segundo o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) não preconiza e nem financia esse tipo tratamento.

Pároco na Sagrada Família, na zona leste de São Paulo (SP), Licio recebe ali pessoas para a prevenção ou posvenção do suicídio/ VITOR SERRANO/BBC NEWS BRASIL

Licio conta que, para lidar com a perda do pai, fez 30 anos de terapia com psicanálise tradicional.

"Estava no início da adolescência, aquela fase em que o filho homem se identifica com a figura do pai. Eu me senti abandonado", conta.

"Foram 30 anos, uma vez por semana, no divã para elaborar o estrago emocional que o suicídio dele provocou na minha vida pessoal."

Além da ajuda da psicanálise, Licio se debruçou sobre o trauma na chamada direção espiritual, um acompanhamento que seminaristas recebem em sua preparação para serem padres — ele começou essa formação em 1978.

"Essa morte hoje ressoa como uma grande graça. Tem um texto da Bíblia em que São Paulo diz: 'Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus'. Eu me tornei especialista em suicídio por causa da morte dele", afirma o padre.

"Graças ao cuidado da minha saúde mental por um lado e ao cuidado da saúde espiritual por outro, pude transformar esta morte em vida. E claro que ele está vivo aqui, dentro de mim."

Em uma segunda-feira nublada de novembro do ano passado, o padre Licio chegou à entrevista com a BBC News Brasil com os minutos contados, depois de uma reunião em outro bairro e antes de rezar sua missa semanal na paróquia Sagrada Família.

VITOR SERRANO/BBC NEWS BRASIL

Na celebração daquele dia, havia mais assentos do que fiéis. Mas o que se via era um grupo unido, que parecia se encontrar ali com frequência e demonstrava uma relação próxima com Licio.

É também ali que o padre dedica três dias na semana para receber pessoas que estejam precisando de ajuda na prevenção de suicídio ou no acolhimento após terem perdido alguém que se matou, a chamada posvenção.

Na verdade, nesses encontros, Licio diz que aciona mais o "lado especialista" do que o "lado padre".

Ele conta que sacerdotes de vários bairros de São Paulo encaminham pessoas — não necessariamente católicas — para lá.

Após cerca de três encontros, caso veja necessidade, Licio recomenda auxílio com psicólogos ou psiquiatras.

"A grande maioria não é ali do bairro", diz o padre, que estima encontrar de cinco a sete pessoas por semana nessa situação.

"Muita gente procura os padres para conversar mesmo não sendo católicos. Estão desesperadas, estão em ideação suicida e procuram um padre. E aí os padres normalmente encaminham para mim."

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*Caso seja ou conheça alguém que apresente sinais de alerta relacionados ao suicídio, ou caso você tenha perdido uma pessoa querida para o suicídio, confira alguns locais para pedir ajuda:

- O Centro de Valorização da Vida (CVV), por meio do telefone 188, oferece atendimento gratuito 24h por dia; há também a opção de conversa por chat, e-mail e busca por postos de atendimento ao redor do Brasil;

- Para jovens de 13 a 24 anos, a Unicef oferece também o chat Pode Falar;

- Em casos de emergência, outra recomendação de especialistas é ligar para os Bombeiros (telefone 193) ou para a Polícia Militar (telefone 190);

- Outra opção é ligar para o SAMU, pelo telefone 192;

- Na rede pública local, é possível buscar ajuda também nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24h;

- Confira também o Mapa da Saúde Mental, que ajuda a encontrar atendimento em saúde mental gratuito em todo o Brasil.

- Para aqueles que perderam alguém para o suicídio, a Associação Brasileira dos Sobreviventes Enlutados por Suicídio (Abrases) oferece assistência e grupos de apoio.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/ceq4xl2ppqqo

A Igreja no mundo de hoje

Ser Igreja hoje (PJMP)

A IGREJA NO MUNDO DE HOJE

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Cadernos do Concílio – Volume 25 

Hoje nos debruçaremos no volume vinte e cinco dos Cadernos do Concílio Ecumênico Vaticano II em preparação ao jubileu do próximo ano. A cada vinte e cinco anos a Igreja celebra o jubileu ordinário. Nesse próximo ano comemoraremos também os sessenta anos de encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II, por isso, ao longo desse ano estamos revendo, mesmo que de maneira resumida, os principais documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II, através dessa Coleção Cadernos do Concílio.  

Muitas pessoas não viveram na época do Concílio Ecumênico Vaticano II, por isso, é necessário tornar esses documentos atuais e mesmo quem viveu à época é bom revisitá-los. É necessário ainda viver tudo aquilo que foi discutido ao longo do Concílio Ecumênico Vaticano II por isso é importante revisitar os documentos, e entender a importância dele para a Igreja.  

Esse ano jubilar será um ano de muitas graças e que a Igreja colherá muitos frutos. Somos felizes por participar da Igreja de Cristo, por ser membros desse corpo que é a Igreja e que tem Cristo como cabeça. Temos que viver aqui na terra o Reino de Deus e aquilo que Jesus tanto pregou, o amor ao próximo.  

Voltando ao tema que é proposto para esse volume vinte e cinco da Coleção Cadernos do Concílio: “A Igreja no mundo de hoje”, que foi escrito por Monsenhor Cesare Pagazzi, secretário do Dicastério da Cultura e Educação. Todos os volumes dessa coleção foram preparados pelo Dicastério para a Evangelização. Inclusive é uma maneira da Igreja fazer-se presente no mundo, ou seja, chegando as mãos de todos os fiéis através dos documentos.  

A Igreja mais do que nunca precisa estar inserida na sociedade no mundo de hoje, e como que a Igreja se fará presente? Através dos Bispos, sacerdotes e diáconos que ministram os sacramentos e através dos leigos que são chamados a serem sal na terra e luz no mundo.  

Com o passar do tempo a Igreja precisou se adaptar e acompanhar o crescimento e o desenvolvimento do mundo, principalmente no que diz respeito a tecnologia. Hoje em dia é possível evangelizar por meio do rádio, televisão e redes sociais. Antigamente a única maneira do padre ou da paróquia conversar com seus fiéis era por meio de carta ou telegrama, hoje é possível a paróquia ou o padre conversar com os fiéis através de mensagens nas redes sociais. É claro, que se for algo mais urgente o fiel tem que ir pessoalmente até a paróquia.  

Nos dias de hoje é possível transmitir a missa através das redes sociais, ou Youtube, é claro que essas transmissões não devem nos acomodar, elas são voltadas mais para os idosos e doentes que tem dificuldade de ir à Igreja. Os demais podem assistir, mas não deixar de ir à Igreja fisicamente.  

Todos os fiéis quando batizados são chamados a ser sacerdotes, profetas e reis, e ainda, sal na terra e luz no mundo. Ou seja, a partir do batismo passamos a pertencer a Cristo e à Igreja, nos tornamos membros dessa Igreja onde Cristo é a cabeça e nós somos os membros. Cada batizado é chamado a anunciar Jesus Cristo aos outros e se tornar discípulo e missionário do Senhor, anunciando a alegria que é pertencer a essa Igreja.  

Ao realizar esse trabalho evangelizador e ao chamar novos membros para que se incorporem a Igreja é uma forma de tornar a Igreja presente no mundo. A nossa missão tem que ser diária, todos os dias devemos falar de Deus para quem conhecemos e a missão de cada batizado deve ser permanente. A Igreja deve estar sempre de portas abertas, acolhendo a todos que chegam, oferecendo os sacramentos e sobretudo tendo Santa Missa diária. Para a Igreja poder conversar com os fiéis e estar presente no mundo é preciso estar sempre aberta e oferecer os sacramentos aos fiéis.  

O Papa Francisco insiste que a Igreja deve ser em “saída”, ou seja, não ficar apenas dentro dos templos ou na sacristia esperando os fiéis chegarem, mas deve ir ao encontro dos fiéis, essa é uma forma da Igreja se fazer presente no mundo. É necessário testemunharmos Jesus Cristo nos dias de hoje. É preciso que o padre esteja ciente dos idosos, doentes, e de todos aqueles que precisam de alguma necessidade em torno de seu território paroquial, para que ele possa ser um sinal do Cristo Bom Pastor para essas pessoas e a Igreja esteja presente no mundo.  

Desde o início da Igreja primitiva quando Jesus envia os discípulos em missão, Ele lhes dá o poder do Espírito Santo para que fossem por todo o mundo anunciar o Evangelho. Por isso, o termo “católico” significa universal, ou seja, justamente aquilo que estamos tratando aqui, a Igreja presente no mundo. Do mesmo modo que Jesus enviou os discípulos, Ele nos envia também hoje.  

O próprio Concílio Ecumênico Vaticano II é uma forma da Igreja dialogar com o mundo e de se atualizar. A Igreja precisava de certa maneira se renovar e se aproximar dos fiéis.  Por isso, a partir do Concílio e com todas as mudanças que ele proporcionou a Igreja entrou num processo de renovação e tendo consciência de sua missão “ad gentes”, ou seja, a missão da Igreja é permanente.  

Convido a tomarem em mãos esse volume vinte e cinco da Coleção Cadernos do Concílio, e ainda a lerem o Decreto “ad gentes” promulgado pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. Tenhamos a certeza de que somos discípulos e missionários do Senhor e temos que ser uma Igreja em saída, a pedido do Papa Francisco.  

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa aos religiosos: a beleza e a simplicidade refletem o rosto de Deus

Francisco recebeu no Vaticano membros de seis congregações religiosas (Vatican Media)

Na manhã desta segunda-feira (15/07), o Papa Francisco fez uma pausa em seu período de repouso para receber no Vaticano membros de seis congregações religiosas. Em seu discurso, destacou a importância das novas vocações, da beleza e simplicidade na vida consagrada, e encorajou as congregações a continuarem suas missões com fé e generosidade.

Thulio Fonseca - Vatican News

O Papa fez uma pausa em seu período de repouso e, na manhã desta segunda-feira (15/07), recebeu no Vaticano membros de seis congregações religiosas que nestes dias realizam seus capítulos gerais. No início de seu discurso, ao agradecer pela oportunidade do encontro, Francisco mencionou o nome de cada uma das congregações presentes: Ordem dos Mínimos, Clérigos Regulares Menores, Clérigos de San Viatore, Missionárias de Santo Antônio Maria Claret, Irmãs Reparadoras do Coração de Jesus e Irmãs Agostinianas do Divino Amor.

Em um tom informal e acolhedor, o Pontífice saudou os participantes e questionou: "Eu farei uma pergunta antes de começar. Quantos noviços ou noviças vocês têm?" Ao ouvir as respostas, o Papa destacou a importância das novas vocações para a vida religiosa e completou: "Eu gosto de fazer essa pergunta porque isso significa o futuro de cada congregação".

O caminho espiritual dos religiosos

Francisco enfatizou a diversidade e a riqueza das congregações presentes, cujas origens vão do século XVI ao século XX: "Na sua variedade, vocês são uma imagem viva do mistério da Igreja, onde: 'a cada um é dada uma manifestação particular do Espírito Santo para o bem comum de todos' (1 Cor 12,7), para que no mundo brilhe em toda a sua luz a beleza de Cristo."

O Papa também trouxe a definição dos Padres da Igreja sobre o caminho espiritual dos religiosos: "Não é por acaso que os Padres da Igreja definiam o caminho espiritual dos consagrados e das consagradas como 'filocalia', ou seja, amor pela beleza divina, o qual é a irradiação da bondade divina", e alertou: "nesse caminho não há espaço para as lutas internas e para os interesses que não são os do amor."

A beleza presente no Evangelho

O Santo Padre refletiu em seu discurso sobre dois aspectos importantes da vida religiosa: a beleza e a simplicidade. Sobre a beleza, Francisco sublinhou que as histórias de cada congregação, em circunstâncias, tempos e lugares diferentes, são histórias de beleza, porque nelas transparece a graça do rosto de Deus, transcritas nos Evangelhos, “quando Jesus se recolhe em oração, no seu coração cheio de compaixão pelos irmãos, nos seus olhos acesos de zelo quando denuncia injustiças e abusos, nos seus pés calejados, marcados pelas longas caminhadas com que alcançou também as periferias mais carentes e marginalizadas de sua terra”.

O legado dos fundadores

Em seguida, o Papa destacou a importância de continuar o legado dos fundadores das congregações: 

"As suas fundadoras e os seus fundadores, sob o impulso do Espírito Santo, souberam captar os traços dessa beleza, e corresponder a ela de diversos modos, conforme as necessidades de suas épocas, escrevendo páginas maravilhosas de caridade concreta, de coragem, de criatividade e de profecia, dedicando-se ao cuidado dos fracos, dos doentes, dos idosos e das crianças, na formação dos jovens, no anúncio missionário e no compromisso social; páginas que hoje são confiadas a vocês, para que continuem a obra por eles iniciada". 

O convite, então, em seus trabalhos capitulares, é "recolher o seu testemunho", e a continuar como eles a procurar e semear a beleza de Cristo na concretude da história, colocando-se antes de tudo à escuta do Amor que os animou, e deixando-se interrogar pelas modalidades com que corresponderam: "pelo que escolheram e pelo que renunciaram, talvez com sofrimento, para serem para os seus contemporâneos espelho límpido do rosto de Deus".

A simplicidade na vida consagrada

Ao falar sobre a simplicidade, o Pontífice recordou que este passo só é possível quando a escolha é pelo essencial e pela renúncia ao supérfluo, deixando-se forjar dia após dia pela simplicidade do amor de Deus que resplandece no Evangelho:

"Peçam ao Senhor para serem simples, pessoalmente e também simples nas dinâmicas sinodais do caminho comum, despojando-se de tudo o que não serve ou que pode dificultar a escuta e a concórdia em seus processos de discernimento; despojando-se de cálculos, de ambições – mas a ambição, por favor, é uma praga na vida consagrada; cuidado com isso: é uma praga –, invejas – é feia a inveja na vida comunitária –, pretensões, rigidez e qualquer outra tentação feia de autorreferencialismo. Vocês saberão, assim, ler juntos, com sabedoria, o presente, para captar nele os 'sinais dos tempos' e tomar as melhores decisões para o futuro."

A missão confiada por Deus

O Papa concluiu com um agradecimento e um incentivo para a missão das congregações: "Como religiosas e religiosos vocês abraçam a pobreza justamente para esvaziar-se de tudo o que não é amor de Cristo e para deixar-se encher pela sua beleza, até fazê-la transbordar no mundo, em qualquer lugar que o Senhor os enviar e em direção a qualquer irmão ou irmã que Ele puser no seu caminho, especialmente através da obediência. E esta é uma grande missão! O Pai confia a vocês, membros frágeis do corpo de seu Filho, justamente para que através do seu 'sim' humilde apareça o poder da sua ternura, que vai além de qualquer possibilidade, e que permeia a história de cada uma das suas comunidades". 

Francisco fez ainda um convite aos religiosos:

"Não deixem a oração, uma oração do coração; não deixem os momentos diante do tabernáculo falando com o Senhor, falando ao Senhor e deixando que o Senhor fale a nós. Mas a oração do coração, não a dos papagaios, não, não. Aquela que vem do coração e que nos faz seguir em frente no caminho do Senhor."

Rezar pelas novas vocações

Por fim, assim como fez na introdução do encontro, Francisco sublinhou a importância de rezar pelas vocações: 

"Queridas irmãs, queridos irmãos, agradeço pelo grande bem que fazem na Igreja, em tantas partes do mundo, e encorajo-os a continuar a sua obra com fé e generosidade! Rezem pelas vocações. É necessário que vocês tenham sucessores que levem adiante o carisma. Rezem, rezem. E tenham cuidado na formação: que seja uma boa formação."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF