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terça-feira, 23 de julho de 2024

Unidade na fé, pluralismo de culturas (1)

O Arcebispo de Nova York Timothy Dolan com trabalhadores no canteiro de obras da nova linha de metrô [© Associated Press/LaPresse]

Unidade na fé, pluralismo de culturas

Encontro com Timothy Michael Dolan, novo arcebispo metropolitano de Nova York

Entrevista com o Arcebispo Timothy Michael Dolan por Giovanni Cubeddu

No dia em que o presidente Obama chegou à Casa Branca, centenas de milhares de pessoas esperavam por ele lá. A maioria deles eram pessoas pobres e pareciam olhar para o presidente com verdadeira esperança.
TIMOTHY MICHAEL DOLAN: Sim, com certeza. É verdade, há um grande sentimento de esperança na eleição de Obama e nos seus primeiros meses como presidente. Por mais que discordemos das políticas do Presidente Obama – e eu seria um dos que discordam – não podemos negar que ele fala eloquentemente sobre esperança, e que muitos dos seus sonhos e grandes perspectivas são verdadeiros estímulos encorajadores e inspiradores para o futuro. Estados Unidos, e também muito consolador. Ele realmente parece muito sincero em querer servir de ponte, em aproximar as pessoas: isso não podemos negar-lhe. Eu diria que é quase impossível imaginarmos a alegria e o orgulho dos afro-americanos pela eleição do primeiro presidente afro-americano. É tão bom ver como eles estão orgulhosos, e com razão, de ver um deles na Casa Branca. É um pouco como para nós, católicos, em 1960, quando um de nós, um católico americano-irlandês, se tornou presidente, John Fitzgerald Kennedy. Eu era um menino, tinha dez anos e ainda me lembro da hilaridade, do orgulho, da alegria. Hoje, quando olho para trás, vejo várias escolhas políticas de Kennedy com as quais me sinto desconfortável, mas continuo orgulhoso dele e ainda muito grato pela esperança, motivação e inspiração que nos deu. E isto continua a ser absolutamente verdade, mesmo em relação ao Presidente Obama.

Obama parece credível para ela.
DOLAN: Quando fui nomeado arcebispo de Nova York, ele me ligou e senti que ele estava sendo muito sincero. Não foi para responder a uma estratégia política que me disse: «Só quero dar-te os meus parabéns, rezo por ti e peço-te que faças o mesmo por mim», acrescentando: «Sei o quão maravilhosa é a Igreja Católica na arquidiocese de Nova Iorque, como certamente acontece nos Estados Unidos da América. Eu realmente preciso de você e oro por sua liderança." Eu sei que ele quis dizer essas coisas. E considero também prometer os progressos que fez ao falar das relações com o Islão, de certas aberturas práticas para a paz no Médio Oriente, do seu desejo de obter uma rede de assistência social justa e extensa, das tentativas de reajustar a economia. Você pode não concordar com o “quê” de suas ações, mas ainda pode admirar “como” ele está se comportando, não posso negar isso a ele. Isso nos deu uma sensação de esperança.

E quanto a Nova York?
DOLAN: Há muitas pessoas pobres aqui, muitos afro-americanos e muitos imigrantes, e o presidente deu-lhes entusiasmo e expectativa, porque estas pessoas muitas vezes se sentem à margem, e ter alguém que partilha seu mesmo passado Afro-americano e que agora ocupa o cargo mais importante, dá-lhes uma certa sensação de inclusão, o que agrada especialmente a quem vive em Nova Iorque. E então Nova York é tradicionalmente território do Partido Democrata, então eles ficariam felizes de qualquer maneira...

Dito tudo isso, porém...?
DOLAN: Devo ter a honestidade de dizer que uma das coisas que deteriora e diminui este sentimento de esperança é a posição do presidente sobre as questões da vida, que para nós, católicos, são de primordial importância. Encontro-me rezando muito para que os sonhos maravilhosos do presidente de cuidar dos pobres, de defender os mais indefesos e alcançar o resultado de uma sociedade justa, honesta e equitativa, incluam também a vida, que nos Estados Unidos é a mais frágil de todas, o da criança no ventre da mãe. Até que isso aconteça, muitos, muitos católicos terão receio de dar apoio ao presidente.

Como arcebispo, você tem agora uma responsabilidade mais pesada. Como é a Igreja de Nova York por dentro?
DOLAN: Pergunta interessante, visto que, como você sabe, morei em Roma durante muitos anos... Acho Nova York tão semelhante a Roma pela sua catolicidade e universalidade, pela sua capacidade de abraçar tudo. Este é um primeiro recurso. A Arquidiocese de Nova Iorque, onde tenho a honra de servir como pároco, é um maravilhoso mosaico da universalidade da Igreja. Indo todos os dias à Catedral de São Patrício vejo filipinos, chineses, africanos, latinos, haitianos, pessoas de origem alemã, irlandesa e italiana. Encontro-me diariamente com líderes judeus. Todos os dias vejo pessoas de todas as partes do globo e lembro-me da colunata de Bernini, que se inclina para abraçar o mundo, como faz a arquidiocese de Nova Iorque. Todos os domingos na arquidiocese há missas em 33 idiomas – 33 idiomas! Não é grande a universalidade da Igreja?

O segundo recurso?
DOLAN: Surpreende-me o quanto todos se sentem em casa em Nova York. Poderíamos pensar que devido à presença de tantos imigrantes de diferentes países, vivemos como se estivéssemos num lugar de passagem... mas aqui as pessoas se sentem em casa e o fazem com orgulho. Você pode ver que as pessoas estão ligadas aos vizinhos e ao pároco, ele vai te contar sobre as novas paróquias, onde vai à missa e onde estudou. Eles têm orgulho de Nova York, adotaram-na como seu lar porque na América, como sabemos, somos todos estrangeiros além dos índios nativos americanos, porque todos viemos de partes diferentes. E Nova York costumava ser a primeira parada da América. Na homilia da Missa da minha chegada disse que a Estátua da Liberdade – a mulher que saúda as pessoas e as faz sentir-se em casa – é do ponto de vista terreno o que a Igreja é sobrenaturalmente. Foi a Igreja Católica que acolheu quem desembarcou, arranjou-lhes um emprego, educou os seus filhos, ensinou-os a compreender o inglês e a criar raízes. Isto é o que a Arquidiocese de Nova York tem feito há duzentos anos e queremos continuar a fazer com que as pessoas se sintam em casa enquanto preparamos para elas um lar celestial, um lar eterno. Há também um terceiro aspecto a salientar: dispomos de uma infraestrutura “bem oleada”.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Santa Brígida

Santa Brígida (A12)
23 de julho
Santa Brígida

Brígida nasceu no ano de 1303 em Finsta, Suécia, de pais muito nobres e piedosos, com parentesco na família real. Com 18 anos de idade, Brígida se casou com o nobre Ulf Gudmarsson, governador de um importante distrito do Reino e também um cristão fervoroso. Brígida e Ulf tiveram quatro filhos e quatro filhas, uma delas Santa Catarina da Suécia. O casal, especialmente Brígida, cuidava esmeradamente da educação moral, formal e religiosa dos filhos.

Guiada por um erudito religioso, estudou a Bíblia, a ponto de ser apreciada por sua pedagogia, e por isso, a chamado do rei, Magnus, acompanhou sua jovem esposa Bianca de Namur (Bélgica), para que a formasse na cultura sueca.

Junto com seu marido adotou a Regra das Terciárias Franciscanas e fundou um pequeno hospital. Quando um dos filhos morreu, fizeram uma peregrinação até o Santuário de Santiago de Compostela, na Espanha. Na volta, em 1341, Ulf adoeceu gravemente; recuperou-se, e logo depois foi viver num mosteiro, de acordo com o plano que fizeram de viver em continência. Ele faleceu em 1344.

Viúva, Brígida despojou-se dos seus bens e se fez monja cisterciense em Alvastra. Ali começaram as revelações divinas, que a acompanharam durante o resto da sua vida. Essas foram ditadas por Brígida a seus secretários-confessores, que as traduziram do sueco para o italiano em uma edição de oito livros, intitulados Revelationes (Revelações), com um suplemento, Revelationes Extravagantes (Revelações Suplementares).

Tais obras, de conteúdo e estilo muito variado, ainda hoje são consultadas por teólogos, historiadores e fiéis. “Não há dúvida que a Igreja, ao reconhecer a santidade de Brígida, mesmo sem se pronunciar sobre cada uma das revelações, acolheu a autenticidade do conjunto da sua experiência interior” – São João Paulo II.

Mas o ponto central da sua experiência de Fé foram a Paixão de Cristo e a Virgem Maria. Testemunhas disso foram o “Rosário Brigidino” e as orações, ligadas às graças particulares prometidas por Jesus a ela, para quem os praticasse.

Em 1349, Brígida deixou para sempre a Suécia e foi em peregrinação a Roma acompanhada pela filha Catarina. Queria participar do Jubileu de 1350, mas principalmente conseguir do Papa a aprovação da Regra de uma Ordem Religiosa que chegou a fundar, a Ordem do Santo Salvador, composta por monges e monjas sob a autoridade da abadessa e da regra de vida de Santo Agostinho (na Idade Média, existiam fundações monásticas com um ramo masculino e um ramo feminino, mas com a prática da mesma regra monástica, que previa a direção da abadessa).

Decidiu estabelecer-se na Cidade Eterna, em uma casa na Praça Farnese, que ainda hoje é sede da Cúria Geral das Brigidinas. Nesta residência, recebeu a maior parte das suas revelações, mas também em diferentes igrejas de Roma.

Ela, que era nobre, vivia na pobreza, a ponto de pedir esmolas nas portas das igrejas. Apoiada por Catarina, Brígida dedicou-se a uma vida de caridade, intenso apostolado e oração pela moralização dos costumes resultante da degradação generalizada da cidade. Neste período, por divisões dentro da Igreja, os Papas moravam em Avignon, na França, e Brígida dirigiu-se severamente a eles, a fim de que voltassem à sé romana de Pedro; em 1367, o Papa Urbano V chegou a voltar, porém só por breve tempo.

Finalmente Gregório XI estabeleceu-se, definitivamente, em Roma, mas alguns anos depois da morte de Brígida. Outra linha de ação de Brígida era a paz na Europa, intercedendo para que terminasse a Guerra dos Cem Anos entre a França e a Inglaterra.

De Roma, peregrinou a diversos santuários italianos, em particular Assis, pois tinha grande devoção a São Francisco. Em 1371 foi à Terra Santa, seu maior desejo, já com quase 70 anos, em companhia de um grupo dos seus filhos espirituais.

Santa Brígida faleceu em Roma, a 23 de julho de 1373. No ano seguinte, seus filhos Birger e Catarina a transladaram à Suécia, para o mosteiro de Vadstena, sede da Ordem religiosa por ela fundada e agora dirigida por Santa Catarina, e que teve uma notável expansão.

 Santa Brígida é a padroeira da Suécia, e co-padroeira da Europa com São Bento, São Cirilo, São Metódio, Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

Orientada pela Igreja e iniciando em família, Santa Brígida desenvolveu uma eficaz pedagogia de apostolado. Então foi evangelizar a corte. Assim sempre deveria ser, o santo ensinando ao rei, isto é, a Igreja ensinando os valores que os governos devem seguir, e levar a eles, se não a conhecem, a cultura pátria, da Pátria Celeste. Infelizmente, as similaridades da época conturbada em que viveu a santa com os nossos conturbados tempos, de crises secularistas e materialistas na Igreja e no mundo, também no mundo católico, não incluem este aspecto educacional, tão necessário, mas também não impossível. Santa Brígida é mais uma das almas canonizadas que tinham por especial devoção a Virgem Maria e a Paixão de Cristo, incluindo naturalmente a Eucaristia. Nunca será demais enfatizar este caminho de santificação para o povo de Deus, de maior excelência e eficácia que vários outros (obviamente não desprezíveis, pois Deus oferece muitos caminhos). Mas como só por Maria se chega a Cristo, e a Comunhão é o cerne da vida católica, é mais do que justifica e desejável que tenham destaque as devoções a elas, e como prova estão os muitos santos que as praticaram, além da recomendação explícita da Igreja. A pureza e a castidade são também marcas típicas da santidade, e por isso, ainda que legitimamente casados, Brígida e Ulf livremente escolheram a continência como amadurecimento da vida em comum. Grande lição para o atual mundo hedonista e erotizado, e sério alerta para os católicos nas suas decisões. Da mesma forma, do luxo legítimo para a pobreza, que chegou em casos à mendicância, foi livre a escolha de Brígida, como fruto de coerência no processo de elevação espiritual. Porém muito mais importante do que estas duas decisões, que dependem claramente de missão e vocação individual, foi a vivência da caridade, manifesta ao longo de toda a sua vida, em qualquer condição social e estado de vida. A caridade, esta sim é fundamental para se chegar à santidade, ao Céu. Brígida foi agraciada com revelações místicas, mas igualmente não depende disso a santidade. A oração e o apostolado, formas essenciais da caridade, são possíveis a qualquer católico.

Oração:

Senhor Deus, que nos proporcionais inúmeros e acessíveis caminhos para chegar a Vós, concedei-nos por intercessão de Santa Brígida a graça de obter de Vós um período de paz, da Vossa paz, para o mundo, fortalecendo o Papa para que esteja sempre em santidade, que é o seu lugar próprio, e que como ela combatamos com a oração e o exemplo para a moralização dos costumes no nosso tempo, de modo a que a última viagem desta nossa peregrinação terrena seja para Terra Santa celestial. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Os Padres da Igreja, pastores e defensores da fé

© P. DELISS/GODONG

Patrícia Navas - publicado em 22/01/13 - atualizado em 22/07/24

Os Padres da Igreja foram grandes cristãos, pastores e defensores da fé que, com os seus ensinamentos, contribuíram para a construção da Igreja primitiva.

Os Padres da Igreja foram grandes pastores e defensores da fé, cristãos exemplares dos primeiros oito séculos depois de Cristo, distinguidos pelos seus ensinamentos coerentes com as suas vidas e que contribuíram para a construção da Igreja nas suas estruturas primordiais.

1 OS PADRES DA IGREJA: VERDADEIROS PASTORES

Foi um grupo grande e diversificado de verdadeiros pastores que guiaram fielmente os cristãos dos primeiros séculos com a força da sua palavra e da sua vida de fé, conduzindo muitas vezes a uma morte heroica.

Papas como Clemente Romano (que, segundo o testemunho de Santo Irineu, conheceu e tratou os apóstolos Pedro e Paulo), teólogos como o Doutor da Igreja João Damasceno, monges eremitas como o posterior arcebispo Basílio, o Grande, místicos como como Agostinho de Hipona, mártires como Justino e muitos outros homens cuja doutrina ortodoxa e vida santa foram reconhecidas pela Igreja.

Santos que irradiaram Cristo e nos encorajaram a segui-lo, e continuam a fazê-lo hoje.

“São justamente chamados de santos os Padres da Igreja que, com a força da fé, com a profundidade e a riqueza dos seus ensinamentos, a geraram e formaram no decorrer dos primeiros séculos”, escreve São João Paulo II na carta apostólica Patres. ecclesiae publicada em 1980 por ocasião do XVI centenário da morte de São Basílio.

2 SUA IMPORTANTE CONTRIBUIÇÃO

Eles foram para o desenvolvimento da Igreja o que os apóstolos foram para o seu nascimento. Eles moldaram as instituições da Igreja, a sua doutrina, a sua liturgia, a sua oração, a sua espiritualidade.

Estabeleceram o “ Cânone Completo dos Livros Sagrados ”, compuseram as profissões básicas de fé, especificaram o depósito da fé nos confrontos com as heresias e a cultura da época, dando assim origem à teologia, e lançaram os fundamentos da disciplina canônica. e criou as primeiras formas da liturgia.

Segundo o Papa polaco, “eles são verdadeiramente “Padres” da Igreja, porque a Igreja, através do Evangelho, recebeu deles a vida. E são também os seus construtores, porque por eles – sobre o único fundamento lançado pelos Apóstolos, isto é, sobre Cristo – a Igreja de Deus foi construída nas suas estruturas primordiais”.

Nos elementos de consenso entre eles, são reconhecidos como intérpretes muito fiéis da doutrina que Jesus Cristo pregou.

3 COMO ELES SÃO CLASSIFICADOS

Crédito: Aleteia

Geralmente, eles são agrupados, de acordo com sua origem entre Padres Latinos e Padres Gregos, e de acordo com a época em que viveram, em três grandes grupos: aqueles que viveram entre as primeiras comunidades cristãs até o século 313, a geração seguinte até o meados do século V e aqueles que viveram mais tarde até o século VIII.

Aqueles que pertencem à primeira e segunda geração da Igreja, depois dos apóstolos, são chamados de Padres Apostólicos e mostram como começa o caminho da Igreja na história.

Os Padres apologistas gregos e os professores da Escola de Alexandria também viveram nesta primeira fase. Entre outros, podemos citar Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Justino Mártir, Irineu de Lyon, Tertuliano, Cipriano de Cartago, Clemente de Alexandria e Orígenes.

A segunda fase ocorre entre o Concílio de Nicéia (ano 325) e o de Calcedônia (ano 451). É considerado o século de ouro dos Padres da Igreja.

4 DEFENSORES DA FÉ

No século IV, com a chegada da paz à Igreja dentro do Império Romano, o número de cristãos cresceu muito, mas as discrepâncias internas e as heresias ganharam força.

Em resposta a eles, muitos Padres da Igreja fizeram valiosas defesas da fé cristã e esclareceram os dogmas trinitários e cristológicos.

O segundo grupo inclui, entre outros, Agostinho de Hipona, Hipólito, Gregório, o Maravilhas, Júlio Africano, Dionísio, o Grande, Atanásio, Teodoreto da Síria, João Crisóstomo, Gregório de Nissa e Jerônimo.

Algumas de suas obras tornaram-se textos de referência não só para os cristãos de qualquer época, mas também para a história da filosofia e da literatura.

Finalmente, os últimos Padres do terceiro grupo vivenciam o colapso político da metade ocidental do Império Romano e a emergência do Islão.

Alguns escritores aplicam a doutrina dos grandes Padres anteriores a novas realidades, como a entrada de povos de origem germânica no que hoje é a Europa.

Neste grupo estão, entre outros, Gregório Magno, Fulgêncio, Máximo de Turim, Boécio, Cassiodoro, Vicente de Lérins, Martinho de Braga, Ildefonso de Toledo e Isidoro de Sevilha no Ocidente, e Pseudo-Dionísio o Areopagita, Romano o Cantor, Máximo, o Confessor, Severo de Antioquia, André de Creta, Germano de Constantinopla, Mesrop, Tiago de Sarug e João Damasceno no Oriente.

Hoje, a Igreja continua a viver com a vida recebida daqueles Padres e continua a construir-se sobre as estruturas por eles formadas. Hoje ainda é fundamental conhecer suas vidas e obras.

Eles foram e sempre serão os Padres da Igreja; Eles têm algo especial, irrepetível e perenemente válido que continua vivo.

Irineu de Lyon ensinou no século II: “ para ver claramente hoje, devemos questionar a Tradição que vem dos apóstolos ”.

Fonte: https://es.aleteia.org/

Bispos do Brasil participam de convivência e peregrinação na Terra Santa

Bispos do Brasil participam de convivência e peregrinação na Terra Santa | 
Fotos: Caminho Neocatecumenal no Brasil/ Assessoria de Comunicação
C. N. Brasil
20 de junho de 2024

De 11 a 18 de junho de 2024, vinte bispos do Brasil estiveram na Terra Santa, em Israel, para uma convivência e peregrinação organizada pelo Caminho Neocatecumenal. Dentro do contexto das celebrações dos 50 anos da presença do Caminho Neocatecumenal no Brasil, este encontro teve como objetivo aprofundar o conhecimento dos bispos sobre este carisma: um Itinerário de Iniciação Cristã pós-batismal, sendo um dos frutos do Concílio Vaticano II.

Os cardeais Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, juntamente com o Núncio Apostólico Giambattista Diquattro, expressaram seu apoio e encorajaram a participação dos bispos.

A convivência foi conduzida pela Equipe de Catequistas responsável pelo Caminho Neocatecumenal do Brasil, composta por Pe. José Folqué, Raúl Viana e Tonha Cendán. A visita aos lugares santos na região da Galileia e na cidade de Jerusalém, num contexto de oração, proporcionou momentos de fortalecimento espiritual, gerando uma profunda comunhão entre os participantes, que expressaram grande alegria por tudo o que estavam vivendo.

Os bispos foram hospedados no Centro Internacional Domus Galilaeae, localizado perto do topo do Monte das Bem-Aventuranças. Este local aprofunda o estudo do Sermão da Montanha (Cf. Mt 5-7), fundamental para a iniciação cristã proposta pelo Caminho Neocatecumenal. A convivência ajudou os bispos no discernimento do seu governo pastoral, reforçando a importância do Caminho como uma das modalidades de iniciação cristã pós-batismal realizadas nas paróquias.

Bispos do Brasil participam de convivência e peregrinação na Terra Santa | 
Fotos: Caminho Neocatecumenal no Brasil/ Assessoria de Comunicação
Bispos do Brasil participam de convivência e peregrinação na Terra Santa | 
Fotos: Caminho Neocatecumenal no Brasil/ Assessoria de Comunicação
Bispos do Brasil participam de convivência e peregrinação na Terra Santa | 
Fotos: Caminho Neocatecumenal no Brasil/ Assessoria de Comunicação
Bispos do Brasil participam de convivência e peregrinação na Terra Santa | 
Fotos: Caminho Neocatecumenal no Brasil/ Assessoria de Comunicação

Fotos: Caminho Neocatecumenal no Brasil/ Assessoria de Comunicação

Caminho Neocatecumenal no Brasil
Assessoria de Comunicação

Fonte: https://cn.org.br/portal

Multidão participa da procissão eucarística nas ruas de Indianápolis nos EUA

A procissão eucarística de sábado, 20 de julfo, pelas ruas de Indianápolis | Crédito: Jeffrey Bruno.

Por Jonah McKeown*

21 de julho de 2024

Milhares de pessoas lotaram as ruas de Indianápolis no sábado (20), para participar de uma enorme procissão eucarística de 1,6 km do Indiana Convention Center até o Indiana War Memorial, levando o Avivamento Eucarístico Nacional às ruas, na maior demonstração pública de devoção e unidade no evento de cinco dias de duração.

Católicos, jovens e idosos, viram Jesus passar e juntaram-se à procissão por onde passava. Padres, bispos, seminaristas, religiosos e religiosas e muitas famílias com seus filhos fizeram o percurso, bem como um grande grupo de crianças que acabavam de fazer a primeira comunhão.

A eucaristia nas ruas de Indianápolis. Crédito: Jonah McKeown/CNA.

A eucaristia, colocada num ostensório dourado abençoado pelo papa, foi transportada em cima de um trailer especial, acompanhada pelo bispo de Crookston, Minnesota, dom Andrew Cozzens, e pelo arcebispo de Indianápolis, dom Charles Thompson.

As pessoas que lotavam as ruas ajoelharam-se enquanto a eucaristia passava e alguns hinos espontâneos eram cantados durante a procissão. 

Freiras participam da procissão eucarística em Indianápolis. Crédito: Jeffrey Bruno.

Este foi o momento mais intenso do quarto dia do Congresso Eucarístico Nacional, um acontecimento histórico, o primeiro do tipo a ser celebrado nos EUA desde a Segunda Guerra Mundial.

Participantes da procissão eucarística ajoelhados diante do Santíssimo Sacramento no Indiana War Memorial. Crédito: Jonah McKeown.

Estima-se que 50 mil pessoas chegaram a Indianápolis desde quarta-feira para assistir a liturgias, palestras, adoração eucarística e comunhão com outros católicos.

Fruto do projeto plurianual dos bispos católicos dos EUA sobre o Avivamento Eucarístico, o Congresso visa consolidar os católicos na sua fé e no seu amor pela eucaristia, em preparação para um ano especial de missão em todo o país.

Jovens ajoelhados na procissão eucarística em Indianápolis. Crédito: Jeffrey Bruno.

Quando a custódia chegou ao Indiana War Memoria, dom Cozzens, que liderou o Avivamento Eucarístico, orou diante de Cristo. Os participantes que acompanharam a procissão inundaram, de joelhos, a grande esplanada verde em frente ao monumento.

“Agradecemos-Te as muitas graças que derramaste sobre nós. Jesus, derramai-as por toda a nossa terra, por todo o nosso mundo. Jesus, nós sabemos que a procissão que fizemos hoje é um símbolo, um sinal da nossa peregrinação terrena, e ela ainda não terminou", disse o prelado”, disse dom Cozzens. 

Dom Cozzens com o Santíssimo Sacramento diante do Indiana War Memorial. Crédito: Jeffrey Bruno.

“E esta procissão, talvez a maior do nosso país em décadas, ainda é muito pequena. Há milhões de pessoas nas nossas próprias cidades, nas nossas dioceses que ainda não Te conhecem”, rezou dom Cozzens.

“Tantos não Te conhecem. Tantos não ouviram falar do Teu amor. Sabemos que queres que todos os povos, todas as nações, se juntem a esta procissão. Sabemos que queres que todos eles Te sigam. E Jesus, nós caminharemos com eles. Jesus, trá-los até nós. Queremos caminhar com eles até ti, Jesus".

A multidão de fiéis diante do Indiana War Memorial. Crédito: Jeffrey Bruno.

O Congresso termina hoje, 21 de julho, com uma missa celebrada pelo cardeal Luis Antonio Tagle, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização da Santa Sé, nomeado pelo papa Francisco como seu enviado especial para este evento.

*Jonah McKeown é jornalista e produtor de podcasts de Catholic News Agency. Tem um mestrado na Escola de Jornalismo da Universidade de Missouri e trabalhou como escritor, produtor radial e camarógrafo.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Padre Cícero, admirado por Lampião e banido pela Igreja, agora pode virar santo (3)

Padre Cícero, em foto do início do século 20, de autoria desconhecida | CRÉDITO,DOMÍNIO PÚBLICO/ WIKICOMMONS

Padre Cícero, admirado por Lampião e banido pela Igreja, agora pode virar santo

  • Author, Edison Veiga
  • Role,De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil

19 julho 2024

Devoção

Os destinos da beata Maria de Araújo e de Padre Cícero seguiram rumos bem diferentes no decorrer do século 20.

Personagem principal dos milagres que acabaram sendo testemunhados e defendidos pelo sacerdote, ela sofreu um processo de apagamento.

“Houve um deslocamento da crença da beata para o padre”, explica Nobre. “É sabido que as primeiras romarias, feitas a partir de 1889, tinham como destino a casa de Maria de Araújo.”

Entretanto, com a repressão do bispo frente a essa devoção popular e a condenação da beata ao isolamento, Padre Cícero acabou herdando os holofotes.

“Minha hipótese é que, para não sufocar o movimento das romarias, ele as transferiu para a Igreja de Nossa Senhora das Dores, padroeira do povoado. E, a partir do envolvimento dele na política, ele vai ganhando mais fama e se consolidando”, diz a historiadora.

“As romarias acabam completamente deslocadas para a figura do Padre Cícero, provocando o esquecimento total da beata Maria de Araújo”, afirma.

Quando Maria de Araújo morreu, em 1914, um movimento de devotos começou a visitar seu túmulo. “Mas até isso acabou sendo destruído pelo cônego, consolidando o apagamento social e memorialístico da beata”, afirma Nobre.

A fama de Padre Cícero, por outro lado, só aumentou. Após sua morte, em 1934, ele acabou sendo praticamente canonizado pela fé popular.

Se o movimento em si nunca teve a chancela oficial da Igreja, é verdade que ela acabou o abraçando pastoralmente.

Padre Gondim escreve que esses acontecimentos “serviram para fomentar as peregrinações à Juazeiro do Norte”, permitindo “alavancar a vida do pequeno povoado, pois muitos vinham mesmo para residir e estar perto do padrinho querido”.

Nas altas esferas do Vaticano, a reabilitação de fato do outrora banido sacerdote só ocorreria de fato no século 21. Em seu livro, o jornalista e escritor Lira Neto detalha esses bastidores da fé.

Conforme apurou o jornalista, em 2001 o então cardeal Joseph Ratzinger (1927-2022), que mais tarde seria o papa Bento 16, redigiu uma carta “enviada em caráter reservado à Nunciatura Apostólica do Brasil”.

Na época, Ratzinger comandava a Congregação para a Doutrina da Fé, organização herdeira do Tribunal da Inquisição. Tinha, portanto, o papel de ser o guardião da ortodoxia da Igreja. Além disso, era visto como homem de confiança do então papa João Paulo 2º (1920-2005).

Nunciatura Apostólica é uma espécie de embaixada do Vaticano, instalada nos países com os quais a Igreja mantém relações. A missiva do alto prelado tinha como assunto o espinhoso caso de Padre Cícero — nas palavras de Lira Neto, “um delicado tema”.

Mais especificamente, Ratzinger tratava da “pertinência de uma possível reabilitação canônica” do sacerdote brasileiro.

“Alguém que levou para o túmulo o estigma de ter sido um proscrito da Igreja. Um clérigo julgado e condenado como insubmisso, contra o qual os inquisidores da época decretaram a pena de excomunhão. Um reverendo maldito, que a despeito disso continua a arrebanhar milhões de peregrinos e devotos, incansáveis perpetuadores de sua memória”, define o escritor.

Lira Neto comenta que, certamente, o que mais motivava Ratzinger em seu empenho era o conhecimento de que o santo popular brasileiro atraía uma multidão anual de cerca de 2,5 milhões de pessoas — nada desprezível em tempos de perda constante de fiéis pelo mundo.

Em sua análise, negar a devoção ao religioso nordestino significaria “negar o acolhimento pastoral a toda uma preciosa legião de devotos”.

“Em Juazeiro, a multidão compacta paga promessas, acende velas, renova a fé, faz novos pedidos e invoca a proteção de seu guia espiritual”, diz ele, acrescentando que é “difícil encontrar uma casa no sertão nordestino na qual não exista uma imagem de padre Cícero”.

“Retratado sempre com o cajado, o chapéu e a batina, ele parece onipresente entre os sertanejos”, afirma o escritor.

O próprio Lira Neto enfatiza que é certo que Ratzinger e a sua congregação tinham conhecimento das “graves acusações históricas que recaem sobre o homem Cícero Romão Batista”. “Elas não são poucas. Quando reunidas, constituem notórios obstáculos à ideia de anistiar, post mortem, as penas que foram impostas ao padre, em vida, pelo Tribunal do Santo Ofício”, ressalta.

“A primeira incriminação que incide sobre Cícero é a de ter sido ele um mistificador, um aproveitador das crenças do povo mais simples, um semeador de fanatismos. Homem de ideias religiosas pouco ortodoxas, leitor de autores místicos, dado a ver almas do outro mundo e defensor de milagres não endossados pelo Vaticano, Cícero estaria mais próximo da superstição do que da fé, disseram dele os muitos adversários que colecionou no meio do próprio clero”, detalha Lira Neto, em seu livro.

“Decorre daí outra incriminação, ainda mais incisiva: a de que nas vezes em que fora repreendido por seus superiores eclesiásticos agira como um rebelde e caíra em desobediência”, afirma ainda. Para o biógrafo, outro entrave seria suam “discutida relação” com “jagunços e cangaceiros”.

Lira Neto comenta, entretanto, que “não são poucos os que definem a eterna tempestade de acusações” contra o padre “como frutos de inverdades históricas, interpretações distorcidas e preconceitos elitistas”.

Alguns meses depois da carta de Ratzinger chegar ao Brasil, um novo bispo assumiu a diocese de Crato, o italiano Fernando Panico. Não foi coincidência. Panico se tornou um grande defensor da causa do Padre Cícero. E, já em sua primeira missa como bispo daquela diocese enfatizou que iria encorajar novos estudos sobre a trajetória do controverso sacerdote.

Um discurso completamente diferente daquele do seu antecessor, Newton Holanda Gurgel (1923-2017), que costumava dizer que “Padre Cícero chegou a Juazeiro missionário, tornou-se visionário e acabou milionário”.

Naquele mesmo ano de 2001, o bispo Panico foi até Roma e teve uma audiência privada com o então cardeal Ratzinger. Conforme apurou Lira Neto, escutou do futuro papa “as palavras que provavelmente já esperava ouvir”.

“O cardeal não só o estimula a levar adiante os novos estudos sobre a polêmica trajetória de Cícero, como também dá instruções detalhadas a respeito da forma de conduzir o processo, de acordo com os rituais e procedimentos da Congregação”, escreve.

Ratzinger também sugeriu uma nova postura da diocese cearense: a partir de então, era importante incentivar a acolher as romarias a Juazeiro.

Em carta aos seus diocesanos, no retorno ao Brasil, Panico declarou que “mais do que nunca é necessário reconhecer as romarias de Juazeiro do Norte como uma profunda experiência de Deus e legítima experiência de fé”.

Uma nova comissão de estudos foi formada, reunindo especialistas em antropologia, história, filosofia, teologia, psicologia e sociologia. Foram cinco anos de pesquisa para um novo julgamento acerca da idoneidade do religioso.

O catatau produzido por esse time foi entregue ao Vaticano em 30 de maio de 2006. Ratzinger já era o papa Bento 16. No total, segundo Lira Neto, foram 11 “grossos volumes encadernados em capa vermelha e identificados com letras gravadas em dourado”, com “cópias de documentos religiosos e seculares, incluindo a vasta correspondência trocada entre os protagonistas da história tumultuosa” do padre brasileiro.

Além disso, a Santa Sé recebeu 150 mil assinaturas de populares pedindo a reabilitação de Padre Cícero e um abaixo-assinado de 253 bispos favoráveis à causa.

Na carta que acompanhou esse material, o bispo Fernando Panico afirmou que estava suplicando ao papa pela reabilitação canônica do personagem, “libertando-o de qualquer sombra e resquício das acusações por ele sofridas”.

De lá para cá, o processo avançou — foi adiante pelas mãos do sucessor de Bento 16, papa Francisco, um notório defensor do acolhimento a manifestações populares de fé.

“Sua reconciliação com a Igreja foi tardia”, diz Alves. “Foi somente em 2015 que a Igreja reconheceu a importância pastoral de Padre Cícero e retirou a suspensão que pesava sobre ele, possibilitando, desse modo, a abertura de seu processo de beatificação.”

O hagiólogo Lira explica que, para abrir uma causa de beatificação e de canonização, é preciso antes de um atestado de “nihil obstat” — ou seja, “nada obsta” — da Santa Sé.

A partir dessa reabilitação de 2015, esse passo pode ser tomado. Em 2022, o atual bispo de Crato, Magnus Henrique Lopes, apresentou ao papa Francisco um pedido de abertura do processo de beatificação. “A resposta foi tornada pública em 20 de agosto de 2022, por meio do anúncio do ‘nihil obstat’ datado de 24 de junho, para dar início à causa”, afirma Lira.

“Como estudioso, posso afirmar que a Igreja sinaliza para um estudo aprofundado da vida e das virtudes que teria o Padre Cícero”, comenta ele. “Não vejo como uma revisão de posicionamento, mas como uma abertura para a continuidade de um estudo sério sobre aquele cristão que testemunhou Jesus em sua vida.”

Alves ressalta que as perspectivas de que Padre Cícero se torne um santo oficialmente pela Igreja “vão depender de vários fatores, incluindo a condução e conclusão bem-sucedida do processo de beatificação e a confirmação de milagres atribuídos à sua intercessão”.

“A reabilitação de sua imagem pela Igreja e a abertura do processo de beatificação são passos importantes, mas o caminho para a canonização pode ser longo e complexo”, avalia. “A devoção popular e a pressão da comunidade de fiéis certamente desempenham um papel, mas a decisão final cabe ao Vaticano, que deve avaliar todos os aspectos de sua vida e os milagres atribuídos a ele com rigor e cautela.”

O antropólogo Nascimento Junior acredita que as chances dessa santificação são “enormes”. “Penso que será uma questão de tempo. Os novos homens da Igreja Católica parecem estar muito interessados”, diz.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c25lvk9rz1lo

O Domingo como um dom – antes de um preceito

"Comunidade e comunitário exprimem a dimensão popular da liturgia e a sua pertença ao povo de Deus, que resplandecem, exprimem-se e florescem na Eucaristia dominical”.   (AFP or licensors)

"Acolher um dom implica uma reconsideração profunda do preceito, que, por séculos, caracterizou a participação na sinaxe dominical e que hoje, à luz da sensibilidade contemporânea, deve ser proposto e compreendido não tanto como obrigação de santificar um dia, mas justamente como ocasião para redescobrir o valor do Dies Domini, o seu significado teológico e as suas potencialidades pastorais”. Todo o povo de Deus é destinatário desse Dom maravilhoso que Deus ofereceu."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

“Por que ir à Missa aos domingos?”, era a pergunta que o Papa Francisco nos convidava a fazer, na Audiência Geral de 13 de dezembro de 2017, no contexto do ciclo de catequeses sobre a Missa.

“Não é suficiente responder que é um preceito da Igreja – afirmou. Isto ajuda a preservar o seu valor, mas sozinho não basta. Nós, cristãos, temos necessidade de participar na Missa dominical, porque só com a graça de Jesus, com a sua presença viva em nós e entre nós, podemos pôr em prática o seu mandamento, e assim ser suas testemunhas credíveis.”

De fato, “a celebração dominical da Eucaristia está no centro da vida da Igreja. Nós, cristãos, vamos à Missa aos domingos para encontrar o Senhor Ressuscitado, ou melhor, para nos deixarmos encontrar por Ele, ouvir a sua palavra, alimentar-nos à sua mesa e assim tornar-nos Igreja, isto é, seu Corpo místico vivo no mundo.”

Depois de “Os santos venerados na perspectiva de Cristo, centro da fé”, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje a reflexão “O Domingo como um dom – antes de um preceito”:

"O volume 12 da Coleção "Cadernos do Concílio" trata do Domingo, tema presente na Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, e é de autoria do Pe. Giuseppe Midili, diretor do Escritório Litúrgico da Diocese de Roma e professor de liturgia pastoral no Pontifício Ateneu e Colégio Santo Anselmo, em Roma. Atendendo ao pedido do Papa Francisco, o Dicastério para a Evangelização tomou a iniciativa de elaborar subsídios ágeis e eficazes em preparação para o Jubileu de 2025. Assim nasceu a Coleção "Cadernos do Concílio", que reúne 34 volumes produzidos por teólogos, estudiosos da Sagrada Escritura e jornalistas que procuram redescobrir as quatro grandes Constituições do Concílio Vaticano II.

Na introdução do subsídio de número 12 – Cadernos do Concílio - o autor diz assim: “a ligação entre o domingo e a Eucaristia – que a Lumen Gentium não trata, remetendo a Sacrosanctum Concilium – é reiterada no número 42 da Constituição litúrgica, na qual, com linguagem daquela época, diz-se que o sentido da comunidade paroquial floresce sobretudo na celebração comunitária da missa dominical. Comunidade e comunitário - adjetivo derivado etimologicamente - exprimem a dimensão popular da liturgia e a sua pertença ao povo de Deus, que resplandecem, exprimem-se e florescem na Eucaristia dominical”.

Giuseppe Midili, padre diretor do Gabinete Litúrgico da Diocese de Roma, comenta no caderno que o próprio Papa Francisco, no número 65 da carta Apostólica Desiderio Desideravi, que diz: “No decurso do tempo feito novo pela Páscoa, em cada oito dias a Igreja celebra no domingo o acontecimento da salvação. O domingo, antes de ser um preceito, é um dom que Deus faz ao seu povo (por esse motivo a Igreja o guarda como um preceito). A celebração dominical oferece à comunidade cristã a possibilidade de ser formada pela Eucaristia. De domingo em domingo, a Palavra do Ressuscitado ilumina a nossa existência, querendo realizar em nós aquilo para que foi mandada (cf. Is 55, 10-11). De domingo em domingo, a comunhão no Corpo e no Sangue de Cristo quer fazer também da nossa vida um sacrifício agradável ao Pai, na comunhão fraterna que se faz partilha, acolhimento e serviço. De domingo em domingo, a força do Pão partido nos sustenta no anúncio do Evangelho no qual se manifesta a autenticidade da nossa celebração”.

O Papa Francisco diz com clareza que o domingo, antes de ser um preceito, é um dom que Deus faz ao seu povo e, por esse motivo, a Igreja o guarda como um preceito, justamente, porque, antes de tudo é um dom maravilhoso para a Igreja, o batizado, o filho de Deus. Giuseppe, na página 9 da introdução, comenta esta afirmativa do Papa Francisco da Eucaristia e do Domingo ser um dom dizendo assim: “apresentar o domingo como dom reenvia a celebração eucarística na qual Cristo se oferece, isso é, quando cumpre a doação de si ao Pai e associa esse ato de amor à humanidade inteira, tornando atual a prática de culto que constitui a característica da Igreja. Acolher um dom implica uma reconsideração profunda do preceito, que, por séculos, caracterizou a participação na sinaxe dominical e que hoje, à luz da sensibilidade contemporânea, deve ser proposto e compreendido não tanto como obrigação de santificar um dia, mas justamente como ocasião para redescobrir o valor do Dies Domini, o seu significado teológico e as suas potencialidades pastorais”. Todo o povo de Deus é destinatário desse Dom maravilhoso que Deus ofereceu.

Em relação ao domingo, onde o povo se reúne para celebrar a ressurreição do Senhor, o autor italiano nesse caderno do Concilio também recupera um texto do Papa João Paulo II, na Carta Apostólica Tertio Millennio Adveniente que trata sobre a preparação para o Jubileu do Ano 2000, datada de 10 de novembro de 1994. Dizia assim São João Paulo II, nessa Carta Apostólica na preparativa do novo milênio: “O significado do rito é claro: põe em evidência que Cristo é o Senhor do tempo; é o seu princípio e o seu cumprimento; cada ano, cada dia e cada momento ficam abraçados pela sua Encarnação e Ressurreição, reencontrando-se assim na «plenitude do tempo». Por isso, também a Igreja vive e celebra a liturgia no espaço do ano. O ano solar fica assim permeado pelo ano litúrgico, que, em certo sentido, reproduz todo o mistério da Encarnação e da Redenção, começando do primeiro domingo do Advento para terminar na solenidade de Cristo Rei, Senhor do universo e da história. Cada domingo recorda o dia da ressurreição do Senhor”."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Maria Madalena

Santa Maria Madalena (A12)
22 de julho
Santa Maria Madalena

origem desta Maria é Magdala, pois o apelido “Madalena” significa “aquela que veio de Magdala”, que por sua vez significa “torre”. Esta cidade, às margens do Lago de Genesaré, perto de Cafarnaum na Terra Santa, de fato tem indícios arqueológicos do que parece ter sido um farol.

No tempo de Jesus era localidade importante, com indústrias de barcos e peixes em conserva, e tintureiros e pescadores possuíam lá bairros específicos. Certa qualidade de excelente lã era ali muito vendida.

De Maria Madalena sabe-se com certeza apenas que foi curada por Jesus de possessão demoníaca, seguindo depois o Senhor e O auxiliando com suas posses (Lc 8,2). Deve ter sido abastada – Magdala era um centro próspero –, não só por esta indicação, mas também porque providenciou os unguentos aromáticos para o corpo de Cristo (Mc 16,1), e estes eram muito caros.

Mas sua heroica fidelidade a Jesus é destacada no relato da Sua Paixão: está junto à Cruz no Calvário, com Nossa Senhora e outras duas mães (Mt 27, 56), enquanto os demais Apóstolos tinham fugido; permaneceu atenta durante Seu sepultamento (Mc 15,40.47), para verificar como poderia depois encontrar e cuidar do Seu corpo; comprou o que era preciso para isso (Mc 16,1) e depois do sábado foi lá com esta intenção, e diligentemente, porque bem cedo (Mt 28,1).

Em seguida, avisou imediatamente a Pedro e João sobre o sumiço do corpo (Jo 20,2). Voltou ao sepulcro e chorava pelo acontecido (Jo 20,11), e ali estando teve a recompensa de saber da Ressurreição, pelo próprio Jesus (Jo 20,12-16). Por fim recebeu Dele a missão de avisar aos Apóstolos (Jo 20,17-18). A Tradição atesta que Maria Madalena foi uma grande anunciadora do Evangelho, depois de Pentecostes.

 É padroeira dos pecadores arrependidos, dos convertidos, das mulheres, das pessoas ridicularizadas por sua piedade e dos fabricantes de perfumes.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Maria Madalena, com frequência associada sem qualquer comprovação à mulher acusada de adultério (Jo 8,3-11) e à pecadora que lhe perfumou os pés (Lc 7,36-38), foi a primeira testemunha ocular da Ressurreição de Jesus mencionada na Bíblia; há base teológica para crer que Ele tenha Se mostrado primeiro à Virgem Maria, mas isto não está registrado em nenhum texto. Excetuando-se Nossa Senhora, então, por que este privilégio a Maria Madalena, e não, por exemplo, a São Pedro? De fato, foi ela quem avisou aos Apóstolos que Cristo ressuscitara, e por isso foi chamada por São Tomás de Aquino de Apóstola dos Apóstolos. O que ela fez de tão particular para ser a primeira a ver a glória celeste de Jesus? Ora, depois de ter sido curada por Ele, tudo o que é mencionado de Maria Madalena é exemplar. Antes desta cura, era atormentada por sete demônios, agindo de acordo com a vontade deles. A palavra inspirada dos Evangelhos faz questão de indicar que eram sete. Este número, na Bíblia, é usado como sinal de “perfeição, plenitude”, em geral no bom sentido. Mas aqui pode ser entendido como uma referência de posse total ao demônio, isto é, a nossa condição antes do Batismo. Só depois de batizados é que podemos, como ela, seguir Jesus e servi-Lo com os nossos bens, ou seja, as nossas riquezas individuais, os dons, que Deus nos dá. Maria Madalena representa a todos nós, todos os batizados, a quem Deus quer igualmente Se manifestar. Não a alguém privilegiadamente (Nossa Senhora, evidentemente, tem outra condição e não se enquadra neste contexto), mas a toda a Humanidade, que é chamada por Ele à vida celeste – e por isso a necessidade absoluta do nosso apostolado, que ela igualmente exemplificou e sem o qual não seremos salvos. Depois de ter sido buscada por Deus, pois é Ele sempre que nos procura primeiro como ensina a Doutrina, Maria Madalena passou então a unicamente seguir a Cristo – é só o que se registra da sua vida – e O acompanhou até a Sua morte, estando aos pés da Cruz. Continuou atenta a aonde Ele foi, para vê-Lo, isto é, estar com Ele, com a intenção de continuar a servi-Lo com os aromas. Que no futuro se possa também registrar de nós que nesta vida unicamente seguimos a Cristo, buscando-O atentamente mesmo quando ocultado, não morto!, para lhe oferecer no Seu Corpo Místico o perfume das nossas obras! Santa Maria Madalena de fato nos representa, como exemplo do que devemos ser. E de como devemos agir: buscar Jesus, para vê-Lo e servi-Lo. Mas não apenas individualmente, pois no exemplo bíblico de Maria Madalena ela está acompanhada em diferentes passagens, especialmente por Nossa Senhora. Como Igreja, e indispensavelmente com a Virgem Maria, é que servimos Jesus. Este serviço inclui, como já mencionado, anunciá-Lo. Mesmo que não acreditem. Mesmo que debochem. Santa Maria Madalena é padroeira das pessoas ridicularizadas pela sua piedade, um patronato até certo ponto surpreendente, porque, sendo a primeira evangelizadora da vitória de Cristo sobre a morte, recebeu como imediata reação dos apóstolos a incredulidade, e por um motivo que sugere alguma ironia: “Mas eles achavam que essas palavras eram delírio e não acreditaram” (Lc 24,11-12). Muitos católicos fervorosos conhecem bem a pressão de ambientes que desfazem de tudo referente à Igreja, através de zombaria mais ou menos educada e/ou agressiva. Mas ela anunciou e manteve o anúncio; e Pedro e João, apesar da reação inicial, logo correram ao sepulcro. Só Deus sabe as consequências da evangelização nas almas, e nunca podemos deixar de fazê-lo por respeitos humanos ou desânimo. A evangelização tem que ser fiel à Verdade – naturalmente. No encontro de Jesus com Maria Madalena, fora do sepulcro, Ele lhe disse: "Noli Me tangere", “não Me retenhas” (cf. Jo 20,17), porque devia subir ao Pai. Anunciamos o Cristo vivo, fora do sepulcro, que leva nossa humanidade redimida para o Céu: não podemos deturpar esta mensagem, apresentando quaisquer outras interpretações particulares que queiramos forjar sectariamente e egoisticamente, hereticamente. Não é o ser humano que “segura” Deus nas suas mãos, para literalmente manuseá-Lo como quiser, mas é Deus que tem o universo nas mãos, incluindo o cosmo imensurável de cada alma. Enfim, Maria Madalena é a figura e o exemplo dos batizados, o que pode ser resumido em: buscar e servir a Cristo, com Nossa Senhora. Por isso é a ela que Jesus glorificado aparece em primeiro lugar, e que seu nome está entre os primeiros na Ladainha de Todos os Santos.

Oração:

Deus Pai, que nos procurastes primeiro, pelo dom da existência, da vida e da Salvação, concedei-nos por intercessão de Santa Maria Madalena viver exatamente o seu exemplo de Batismo, fiel e amorosamente buscando Jesus para vê-Lo, servi-Lo e anunciá-Lo, abrigados na Torre de Davi que é Nossa Senhora, e, deixando enterrados no passado os pecados, alcançarmos o farol da luz divina no Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 21 de julho de 2024

Reflexão para o XVI Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo  (@ BAV Vat. lat. 39, f. 67v)

Que nada em nossa vida fique sem ser passado pelo filtro da fé, da caridade e que nossa presença seja propiciadora da amizade das pessoas entre si e com Deus.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A primeira leitura nos mostra a repreensão que Deus, através do Profeta Jeremias, fez aos últimos reis de Israel daquele tempo, Joaquim e Sedecias, por não terem cuidado do povo que então foi levado, como escravo, para a Babilônia.

Como sempre, desde o Gênesis, Deus não se deixa derrotar pelas más ações humanas e o amor vence. Imediatamente após a chamada e atenção e ao aviso do castigo, o Senhor anuncia a vinda de pastores de verdade, que zelem pelo rebanho e vai mais além, o Senhor vai suscitar um rei dentre os descendentes de Davi. Esse rei “fará valer a justiça e a retidão na terra”.

Isso aconteceu com a vinda de Jesus Cristo, não trazendo de volta o esplendor de Salomão, mas a transformação dos corações.    Aí está o diferencial dos novos pastores, não dando primazia àquilo que poderá corromper os humanos e que passa, mas àquilo que os tornará filhos de Deus e irmãos de todos, àquilo que é eterno.

Também nós deveríamos, em um exame de consciência, verificar se não traímos a confiança em nós depositada por Deus, pela família, pelos amigos e até por nós mesmos, quando fomos infiéis aos nossos propósitos.

Para sabermos que estamos no bom caminho, se a autoridade, seja ela qual for, tem aprovação divina ou não, deveremos examinar o que é feito em favor da justiça e do direito, se a liderança é usada para servir, mesmo perdendo privilégios.

No Evangelho, São Marcos nos dá uma grande lição: a necessidade de terminarmos um trabalho, fazermos sua avaliação à luz de Deus. É isso que significa os discípulos voltarem realizados de suas atividades pastorais e relatarem para Jesus o que havia acontecido. É necessário que o agente pastoral, que o leigo cristão, não sucumba no ativismo, mas o que fizer seja fruto da oração, que tenha escutado Deus. Não basta uma simples reflexão humana, é preciso rezar, dialogar com o Senhor e ouvir o que nos diz, em nossa mente e em nosso coração, de nossas atividades. Também é importante sentir, na oração, a comunidade, a família.

Após o exame com Jesus e um breve descanso, os discípulos voltam ao trabalho. É assim nossa vida?

A segunda leitura nos traz São Paulo falando aos Efésios, dizendo que de dois povos, Jesus fez um só, “estabelecendo a paz”. Não existe mais judeus e pagãos.

O bom pastor busca e leva à unidade. Ele reconcilia os homens entre si e com Deus. E isso deve ser buscado sempre, mesmo com sacrifícios, pois Jesus a realizou em sua cruz. Nela ele destruiu a inimizade.

Que nada em nossa vida fique sem ser passado pelo filtro da fé, da caridade e que nossa presença seja propiciadora da amizade das pessoas entre si e com Deus. Sejamos bons pastores, conduzamos a ovelhas a nós confiadas ao prado da alegria, da justiça e da caridade. Que elas se sintam realizadas!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Acolha o Senhor que te procura

Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro (cancaonova)

ACOLHA O SENHOR QUE TE PROCURA 

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Na vida todos nós temos compromissos, projetos, amigos e sonhos que gostaríamos de ver realizados. Mas a vida também é feita de um dia após o outro, e é nessa pequena fração do dia, que se renova a cada manhã, que a vida vai acontecendo com todas as conquistas, dissabores e glórias. Mas nenhuma vida será completa sem a presença dos outros, porque é no encontro com os outros, que nós aprendemos a valorizar o que temos de bom e a corrigir aquilo que nos prejudica no relacionamento com Deus e com os irmãos. 

Como cristãos, devemos renovar a nossa adesão ao Evangelho, no seguimento do Mestre, a cada manhã, a cada momento, como os primeiros discípulos às margens do mar da Galileia. Precisamos compreender, a cada dia, que seguir o Mestre é descobrir ou encontrar nos outros a imagem do amor de Deus, tendo presente que, se na vida não buscarmos o Deus de Jesus Cristo, será impossível anunciarmos um Deus misericordioso e fiel a todas as pessoas que encontrarmos.  

Viver o discipulado é ser um peregrino que está sempre em busca da estrada que leva ao encontro do Mestre. E quando o encontra, não deixa de caminhar com ele, porque sabe que Ele é o caminho, a verdade e a vida que conduz ao Pai. Por isso, é importante esse começar a cada dia, contando com a graça de Deus. Quando fecho o meu coração, numa vida de autossuficiência, como cristão perfeito, que não precisa mais ouvir a palavra de Deus nem participar dos sacramentos ou da vida da comunidade, é um sinal de que não sou mais discípulo, e preciso colocar-me novamente a caminho, para encontrar e acolher Jesus como Senhor da minha vida. 

No tempo e na história, o Senhor Jesus continua visitando a humanidade, passando pelos nossos caminhos, visitando cada pessoa, pedindo hospitalidade no seu coração, na sua vida, na sua família. Talvez você ande tão ocupado, com tantos afazeres, que não tenha tempo para acolher o Senhor, para escutar o que Ele tem a dizer, no silêncio do seu coração, ou não tenha tempo para falar com Ele.  

O Senhor Jesus se faz presente na vida de cada um de nós, mas é preciso que tenhamos a capacidade de discernir esse momento e de reconhecer a sua presença. Ele passa pela nossa vida e bate com insistência à porta do nosso coração pedindo hospitalidade, mas, talvez com o passar do tempo, as tantas ocupações do mundo acabaram apagando do nosso coração a sensibilidade de discernir a voz do Senhor, que pede para ser acolhido. Quando é acolhido, o Senhor enche de vida nova o nosso ser, e a sua luz ilumina o nosso caminho no silêncio, assim como a terra silenciosa acolhe a semente, dá força, nutre e dá estabilidade interior às plantas.

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF