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sábado, 27 de julho de 2024

São Pantaleão

São Pantaleão (A12)
27 de julho
São Pantaleão
País: Turquia

Pantaleão nasceu em Nicomédia (atual Izmit), Turquia, no século III. Seu pai era gentio, sua mãe cristã, que o educou na Fé católica. Porém deixou-se levar pelo paganismo. Após a morte da mãe, seu pai o encaminhou para o estudo da Retórica, Filosofia e Medicina, tornando-se um médico de prestígio.

Pantaleão conheceu o virtuoso sacerdote Hermolau, que explicou a ele que Cristo é o verdadeiro Senhor da vida e da saúde, incentivando-o a conhecer “a cura que vem do alto”. Aconteceu então a Pantaleão encontrar-se diante de um menino morto pela picada de uma víbora.

Resolveu testar se era verdade o que Hermolau dizia, e disse: “Em nome de Jesus Cristo, levanta-te; e tu, animal peçonhento, sofre o mal que fizeste”. Imediatamente a criança se pôs de pé, e a serpente morreu. Pantaleão converteu-se e foi batizado, passando a atender os doentes em nome de Deus, e a curar gratuitamente aos pobres.

A época era de dura perseguição aos cristãos, promovida pelo imperador romano Diocleciano, e chegou à Nicomédia. A inveja dos médicos pagãos pelas suas curas milagrosas os levou a denunciá-lo às autoridades. Acabou por ser condenado à morte e decapitado em 303, a 27 de julho, entre os 20 e 30 anos de idade.

Parte das relíquias do seu corpo foram guardadas na Sé da cidade do Porto, em Portugal, e porções do seu sangue são conservadas em Istambul (Turquia), Ravello (Itália) e no Real Mosteiro da Encarnação em Madri (Espanha). Neste último, o sangue, em estado sólido durante a maior parte do ano, liquefaz-se próximo à data da sua festa, fato observado pelo público.

 São Pantaleão é padroeiro dos médicos e da cidade do Porto. Na Argentina está o primeiro Santuário a ele dedicado.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Pode um incrédulo intencionalmente realizar milagres? Claro, é só Deus que os realiza, mas sem dúvida Ele tem o poder de usar como instrumento de Sua ação também um incrédulo, pois as más escolhas da legítima liberdade humana não superam a capacidade divina de tirar o Bem de um mal. Mas nestes casos não há intenção participativa da pessoa, somente a graça de Deus que supera o pecado. Portanto, a expectativa de Pantaleão já era de Fé, no sentido de que de fato aceitou como possibilidade real a ressurreição do menino, e deixou livre o caminho para que fluísse a ação de Deus. É esta a atitude que devemos ter ao pedir qualquer coisa ao Senhor. O ouvir da Boa Nova através de Hermolau já criara em Pantaleão a boa disposição de alma; o apostolado nunca é vão. A cura mais milagrosa é a conversão da alma, pois significa ressuscitar da mordida da “antiga serpente”, o diabo (cf. Ap 12,9). A cada Confissão a dureza do pecado se liquefaz, seu veneno transformado em sangue novo de vida na alma. A cada Sacramento, ocorre a mudança da solidez de um barro sem vida na participação humana no vivo Sangue do Cristo Ressuscitado, de onde escorrem as boas obras da Salvação. Mas os Sacramentos só estão disponíveis, encarnados, na casa própria da realeza de Deus, a Igreja, Seu Corpo Místico, estabelecida por exemplo no Real Mosteiro da Encarnação. Na Igreja e com os Sacramentos devemos nos levantar da morte do pecado, e com autoridade denunciar a inveja do Mal que mata a si mesmo, condenando-se ao inferno: “Retira-te satanás, nunca me aconselhes coisas vãs, é mal o que tu ofereces, bebe tu mesmo o teu veneno” (parte final da oração da Medalha de São Bento).

Oração:

Senhor Deus da Vida, por intercessão de São Pantaleão, dignai-Vos solidificar o Sangue de Cristo no nosso coração, para que Ele flua em boas obras no corpo da nossa alma e todos possam por eles ver o milagre da nossa ressurreição ao Céu. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

PAIS DA IGREJA: «Santidade e Sabedoria nos Pais da Igreja

Pais da Igreja (Eclessia)

«Santidade e Sabedoria nos Pais da Igreja

Pe. José Artulino Besen*

Com a liberdade, a Igreja recebeu a oportunidade de se organizar, mas também passou a enfrentar um grande perigo, maior do que a perseguição: o controle por parte do imperador e do estado romano. Essa interferência política será sempre um perigo para a fé, ameaçada por imperadores adulados por bispos cortesãos.

Deste modo, as próprias decisões dos concílios sofrem rupturas de acordo com a vontade imperial. Mas, esta é a grande glória da Igreja nos séculos IV e V: grandes pastores, doutores na fé, santos, defenderão a doutrina sem nenhum medo, garantindo a unidade e a ortodoxia. São conhecidos como Pais (Padres) da Igreja, os Santos Pais.

A autoridade deles é tamanha no seio da Igreja que seus escritos quase são colocados ao lado dos textos da Escritura: conservaram a verdadeira doutrina, foram santos, foram sábios. Dividem-se em Pais latinos e Pais gregos, dependendo da língua utilizada.

Defensores da fé e dos pobres

Formados nas escolas de cultura pagã, colocaram essa sabedoria a serviço do Evangelho. Normalmente eram de famílias cristãs; a maioria, porém, pediu o batismo em idade adulta. Após o exercício de uma profissão profana, formaram-se espiritualmente com os Pais do Deserto, aliando a sabedoria à santidade de vida e à contemplação. Retornando a suas cidades, foram ordenados sacerdotes, sendo depois candidatos naturais ao episcopado, oferecendo à Igreja uma plêiade nunca repetida de grandes bispos.

Como pastores zelosos, seus ensinamentos foram ministrados através da catequese e da pregação. O povo que os escutava também os compreendia. Não eram teólogos profissionais: eram santos teólogos. Vale para eles a máxima da sabedoria cristã oriental: Se sabes rezar, és teólogo; se és teólogo, sabes rezar.

Os teólogos da Corte se apressavam em justificar o imperador de plantão. Já os Santos Pais não aceitavam que nada e ninguém se opusesse à doutrina verdadeira e à unidade da Igreja. Em tempos favoráveis, chamavam o imperador de “santo”: mas bastava que ele se desviasse da reta doutrina para chamá-lo de satanás ou anticristo.

Mesmo possuidores de vasta cultura, jamais se afastaram do povo, vivendo junto à multidão dos pobres e humildes. Na mais pura imitação de Cristo, são pais dos pobres. Seus sermões contra os ricos e as riquezas são tão fortes e claros que ainda hoje causam espanto.

Homens normais em sua santidade e sabedoria

«Os três Capadócios: Basílio de Cesaréia, Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa» | Ecclesia

Sobre o combativo Atanásio, patriarca de Alexandria, Gregório de Nazianzo afirmou “que estudou apenas o necessário para não parecer ignorante”. Era um homem de Igreja, amado pelo seu povo e odiado pelos adversários heréticos ou pelos poderosos. Constantino disse que ele era insolente, orgulhoso, provocador de confusão. Para salvar a unidade da Igreja, não recuava diante de nada.

Atanásio foi vítima de chantagens, calúnias, mas soube sempre responder, conduzindo o povo a seu favor. Sua defesa da fé o fez sofrer 20 anos de exílio em 46 anos de episcopado.

Toda a Igreja tem em grande conta três Pais conhecidos como os Grandes Capadócios, por serem da Capadócia: os dois irmãos, Basílio de Cesaréia e Gregório de Nissa, e Gregório de Nazianzo.

Basílio de Cesaréia, o maior dos Pais do Oriente, esperou muito tempo para pedir o batismo. Em busca do saber, peregrinou de escola em escola, frequentando os mestres de Constantinopla e de Atenas. Fundador da vida monástica oriental, teve imensa preocupação com os pobres. Percebeu a exploração dos humildes: em anos difíceis, os impostos e os dízimos eram cobrados com antecipação, criando verdadeiros escravos.

Suas palavras: “As exigências chegam ao cúmulo da desumanidade. Exploras o desespero, fazes dinheiro com lágrimas, estrangulas quem está nu, esmagas o faminto, foram ditas ao ver um pai vender um filho como escravo para escapar da miséria!”. Um prefeito, que não conseguia convencê-lo, lhe disse: “Até hoje ninguém ousou falar-me com tal liberdade”. Respondeu secamente: “Sem dúvida nunca encontraste um bispo!”

«São Gregório Nazianzeno» | Ecclesia

O pai de Gregório de Nazianzo era um herege. Com a oração da esposa converteu-se e até tornou-se bispo de Nazianzo, gerando Gregório, filho único depois batizado por ele. Gregório era muito sensível, mais propenso à poesia e à contemplação do que à administração. Foi eleito bispo de Sásima, mas se recusava a assumir um posto povoado de estrangeiros e de vagabundos. Diz, porém, que não se recusava a defender as galinhas e os porquinhos.

Gregório diversas vezes fugiu, pois não queria administração. Quando o velho bispo pai morreu, fugiu mais uma vez. Mas, sua fama persistia e acabou levando-o à escolha como patriarca de Constantinopla, onde adquiriu fama como o bispo da Trindade. Nas vezes em que novamente quis fugir, o povo dizia: “Então nos deixarás sem a Trindade?”

Gregório, durante o concílio de Constantinopla (451), não aguentou mais as discussões em que os mais jovens tagarelavam como um bando de papagaios. Preferindo pregar a Trindade a ficar discutindo, fugiu, fixando-se na diocese de seu pai, que administrou por algum tempo, dedicando-se mais à vida literária e contemplativa.

João Crisóstomo

«São João Crisóstomo» | Ecclesia

Nascido em Antioquia, João Crisóstomo (Crisóstomo = boca de ouro) nasceu para ser monge e pregador, e nunca para ser administrador ou político.

Orador nato, conhece todos os recursos para convencer e atrair os ouvintes, especialmente atraindo os humildes, objeto de sua atenção. Denuncia o luxo, a riqueza, a preguiça. A fama de orador fez chegar seu nome à capital do Império e em 397, contra sua vontade, foi praticamente sequestrado e feito patriarca de Constantinopla. Seu primeiro ato foi limpar do luxo o palácio episcopal. Passou a comer sozinho e não aceitava recepções.

João continua sendo monge e, denunciando os abusos da corte e dos bispos, se indispõe com todos, especialmente com a imperatriz Eudóxia que, para provocá-lo, fez erguer uma imagem própria diante da catedral...

Mas continuou a denunciar a imperatriz e na celebração pascal foi detido e exilado em uma pequena aldeia da Armênia, onde morreu em 407, proferindo suas últimas palavras: “Glória a Deus por tudo”. É o mais amado dos Pais orientais, sendo a liturgia ortodoxa denominada “Divina Liturgia de São João Crisóstomo”.

Qual o assunto dos Pais Orientais

A Santíssima Trindade, a Bíblia, Maria e a justiça social. Os Pais do Oriente eram movidos pelo desejo de contemplar a Deus e esclarecer seu grande mistério.

Saídos do deserto, eram monges em meio ao tumulto da cidade dos homens. O amor a Deus fê-los possuir uma imensa compaixão pelos pobres, criando obras para socorrer os famintos e abandonados.

FONTE:

Seleção "HISTÓRIA DA IGREJA"
Publicação no ECCLESIA autorizada pelo autor

* O Autor, Pe. José Artulino Besen é historiador eclesiástico, professor de História da Igreja no Instituto Teológico de Santa Catarina – ITESC desde 1975 e pároco.

 https://www.ecclesia.org.br/

sexta-feira, 26 de julho de 2024

São Joaquim e Santa Ana: exemplo de amor e dedicação

Fred de Noyelle | Deus

Karen Hutch - postado em 26/07/24

Como todo dia 26 de julho, lembramos São Joaquim e Santa Ana, que são exemplo de vida para pais e avós com seu testemunho de fé.

Geralmente conhecemos São Joaquim e Santa Ana como pais de Maria e avós de Jesus. Ao nos aprofundarmos na vida desses santos, podemos aprender mais sobre suas vidas simples, mas surpreendentes. 

Graças à espiritualidade e obediência de ambos, cumpriram a grande missão que tinham, fazendo assim parte da genealogia de Jesus e da história da salvação, pois foram uma peça importante no cumprimento do que diziam as escrituras. 

Mostramos-lhe os ensinamentos que estes grandes santos nos deixam, para lembrá-los com amor e devoção.

Renata Sedmakova | Obturador

1 MODÉSTIA

Apesar de serem um elo importante na história, nunca ocuparam o centro das atenções; antes, decidiram concentrar-se na sua missão de pais e formadores de Maria Santíssima. E María é um exemplo vivo de humildade – por isso a conhecemos como a mais humilde – graças aos seus pais que foram transmissores de valores. 

2 POBREZA

Por pobreza não nos referimos apenas à pobreza material, mas também à pobreza de coração, pois estes santos esposos souberam viver as bem-aventuranças.

A pobreza espiritual em que viviam consistia em sair de si mesmos e deixar que Deus dirigisse o caminho das suas vidas.

3 SANTO CASAMENTO

O casamento deles sempre foi construído sobre o amor, mas também sobre o respeito, a ajuda mútua e a sabedoria, mostrando-se ao serviço não só um do outro, mas também de Deus. 

Este casamento serviu de inspiração para muitos outros casamentos sagrados e também para os casamentos de hoje, dos pais aos avós.

4 IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

Francisco Goya | Wikimedia Commons | Modificado por Aleteia

Para estes esposos santos, a família sempre foi uma prioridade, porque a procuravam em todos os momentos. Monsenhor Marcos Pérez, pertencente à diocese do Equador, explicou em uma de suas mensagens : 

“Conhecemos os dois santos pelo grande fruto que deram à humanidade, a Virgem Maria, dotada de muitas virtudes, sobretudo, a sua dedicação, generosidade e humildade. Por isso, a Igreja tem por eles um carinho especial”.

5 PAPEL EDUCATIVO COMO PAIS E MAIS TARDE COMO AVÓS

O Papa Bento XVI, em 26 de julho de 2009, destacou, através das figuras de São Joaquim e Santa Ana, a importância do papel educativo dos avós, que na família "são depositários e muitas vezes testemunhas dos valores fundamentais que dão vida". 

Foi em sua casa que Maria aprendeu o serviço, a caridade e sobretudo a sua doçura acompanhada de docilidade, graças à educação que os seus pais lhe proporcionaram.

6 TRANSMISSORES DE FÉ

Santo Padre Francisco , em sua mensagem do Angelus , no Rio de Janeiro, expressou o papel desses santos como educadores na fé: “Os santos Joaquim e Ana fazem parte daquela longa cadeia que transmitiu a fé e o amor de Deus no calor da família, também Maria, que acolheu no seu seio o Filho de Deus e o deu ao mundo, deu-os a nós». 

Por isso, não hesite em pedir a intercessão destes santos maravilhosos que constituem um divisor de águas na história da Igreja. Principalmente se você é pai ou avó, confie neles, que saberão orientá-lo no processo.

 Fonte: https://es.aleteia.org/

EDITORIAL: Para honrar verdadeiramente o Corpo de Cristo

Missa de encerramento do Congresso Eucarístico dos Estados Unidos (Vatican News)

O grande Congresso Eucarístico dos Estados Unidos, as palavras de São João Crisóstomo, a defesa de toda a vida.

ANDREA TORNIELLI

No discurso proferido na abertura do Congresso Eucarístico nos Estados Unidos, em Indianápolis, na noite de 17 de julho, o núncio apostólico Christophe Pierre perguntou-se em que consiste o “renascimento eucarístico” e também qual é a prova decisiva para saber se “um despertar eucarístico está sendo experimentado”. O verdadeiro despertar eucarístico, explicou o cardeal, embora seja “sempre acompanhado pela devoção sacramental” e, portanto, pela adoração, pelas procissões, pela catequese, “deve estender-se além das práticas devocionais”. O verdadeiro despertar eucarístico, explicou o cardeal Pierre, significa ver Cristo nos outros, não só na própria família, nos amigos e na própria comunidade, mas também naqueles que sentimos distantes porque pertencem a uma etnia ou têm uma condição social diferente, ou naqueles que desafiam a nossa forma de pensar ou que têm opiniões diferentes das nossas. Estas são palavras particularmente significativas em relação à polarização que caracteriza a sociedade estadunidense e cuja influência a Igreja daquele grande país não está isenta.

As reflexões do Núncio Pierre recordam uma homilia do grande padre da Igreja, São João Crisóstomo, que disse: “Você quer honrar o corpo de Cristo? Não permita que ele seja objeto de desprezo em seus membros, isto é, nos pobres, que não têm roupas para se cobrir. Não o honre aqui na igreja com tecidos de seda, enquanto lá fora você o negligencia quando ele sofre com o frio e a nudez.... Que vantagem Cristo pode ter se a mesa do sacrifício estiver cheia de vasos de ouro, enquanto ele morre de fome na pessoa do pobre?” João Crisóstomo acrescentou: “Pense a mesma coisa de Cristo, quando ele anda errante e peregrino, precisando de um teto. Você se recusa a acolhê-lo no peregrino e, em vez disso, adorna o chão, as paredes, as colunas e os muros do edifício sagrado. Ao enfeitar o ambiente para o culto, não feche o seu coração para o irmão que sofre. Ele é o templo vivo mais precioso do que aquele”.

Outro grande bispo, dom Tonino Bello, observou: "Infelizmente, a opulência vistosa das nossas cidades nos faz ver facilmente o corpo de Cristo na Eucaristia dos nossos altares. Mas nos impede de ver o corpo de Cristo nos tabernáculos incômodos da pobreza, da necessidade, do sofrimento, da solidão. É por isso que as nossas Eucaristias são excêntricas...".

Pensando na situação dos Estados Unidos, é de se esperar que o renascimento eucarístico conduza a uma atenção cada vez maior ao corpo de Cristo nos “tabernáculos incômodos” da miséria e da marginalização. Também é de se esperar que esse renascimento promova uma atenção renovada em favor da vida e da dignidade humana, da vida frágil e indefesa, como a do nascituro, do sem-teto, do migrante. Uma atenção renovada em favor da vida daqueles que são diariamente ameaçados pela violência e pela propagação descontrolada de armas vendidas com uma impressionante facilidade: uma praga que aflige particularmente aquele grande país, cujo combate nunca será feito o suficiente pelos cristãos, ou seja, os seguidores daquele que, no Getsêmani, deteve o impulso defensivo de Pedro, ordenando-lhe que colocasse a espada de volta na bainha para depois recolocar a orelha do servo do Sumo Sacerdote ferido pelo apóstolo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Ana e São Joaquim (pais de Nossa Senhora)

Santa Ana e São Joaquim (A12)
26 de julho
Santa Ana e São Joaquim

As informações sobre os pais da Virgem Maria, São Joaquim e Santa Ana, incluindo seus nomes, não se encontram na Bíblia, mas vêm de referências de textos apócrifos, como o Protoevangelho de Tiago e o Evangelho do Pseudo-Mateus, além da Tradição. Tais fontes indicam que moravam em Jerusalém, eram judeus exemplares e piedosos, e assim esperavam a vinda do Messias.

Ana era filha de Achar e irmã de Esmeria, a mãe de Isabel e avó de São João Batista. Joaquim era um homem piedoso e muito rico, da tribo de Davi. Depois de casados, não tiveram filhos, o que, para a mentalidade judaica, era sinal de falta da bênção de Deus e condição humilhante. Suplicaram então a Deus, com orações, lágrimas e jejuns, a graça de gerarem um filho, mesmo já tendo chegado à velhice. O pedido foi atendido, e à filha deram o nome de Mirian (Maria), que significa “a amada”, “a esperada”, “a desejada”.

Até os três anos de vida, Maria morou com os pais numa casa próxima à piscina de Betesda (ou Betzaeda, Betezatá, Betsata, Betzada), onde Jesus anos depois curou milagrosamente um paralítico (Jo 5,1-9). Os Cruzados construíram no local, no século XII, uma igreja dedicada a Santa Ana, ainda existente. Foi então levada pelos pais ao Templo de Jerusalém, para ser consagrada a seu serviço, em sinal de gratidão.

 Só em 1969 a Igreja definiu um dia único para venerar o casal, 26 de julho. Anteriormente, apenas Santa Ana era festejada, e em datas diferentes no Ocidente e no Oriente. Ela é invocada como padroeira das mães (que pedem um parto feliz, filhos saudáveis e leite suficiente para amamentar) e das viúvas, nos partos difíceis e contra a esterilidade conjugal. Santana ou Sant’Ana é também nome de muitas localidades e adotado igualmente como sobrenome familiar.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Independentemente da exatidão dos dados históricos sobre os pais de Nossa Senhora, que contudo não são necessariamente falsos e condenáveis e podem ser aceitos com razoabilidade, o que unicamente importa é que foram especialmente abençoados por Deus. E seus nomes conhecidos, em Hebraico, exprimem coerentemente as suas pessoas: Ana é “graça”, e Joaquim “Javé prepara” ou “Javé fortalece”. Imensa é a graça, a fortaleza, e o preparo, necessários para alguém ser responsável por Nossa Senhora! E para nós, que A queremos levar no coração por toda a vida, não menores são a graça, o preparo e a fortaleza indispensáveis para viver responsavelmente qualquer devoção e consagração a Ela oferecidas. A vida espiritual não pode ser leviana. Deus nos pedirá contas do modo como tratamos a Sua Mãe. Mesmo para quem não Lhe é devoto, ao menos um santo respeito é exigido, mas sobretudo é o amor filial, íntegro, simples, verdadeiro, que basta na relação com a mais acolhedora das mães. Não gerar vida, diante de Deus, é sim algo humilhante, não em relação à do corpo, mas à da alma… Logo, como Joaquim e Ana roguemos incessantemente a Deus, entre lágrimas sinceras e jejum dos pecados, da indiferença e da acomodação, para sermos solo fecundo. Caso contrário, o tempo inevitavelmente passará, e a velhice de alma, que corresponde a uma paralisia no trato com Deus, nos tornará estéreis na caridade, as boas obras que são o sinal de vida eterna. Somente na intimidade fecunda com o Espírito Santo é que poderemos gerar esta vida. Mas toda vida que nasce precisa crescer, e por isso deve ser consagrada ao Senhor, para que, imersa na piscina de Suas bênçãos, se torne “Mirian”: a vida amada, a vida desejada, isto é, a vida infinita. A união da alma com Deus gera frutos de caridade, que crescem e se transformam na vida celeste que esperamos. É natural que contemos com esta sabedoria nas pessoas mais velhas (embora atualmente o hedonismo e o ateísmo corrompam mesmo muitos dos que mais deveriam estar atentos à inevitabilidade da morte), e sobretudo que a saibam transmitir às novas gerações. É um dos maiores bens que os idosos podem fazer, santificando-se e aos demais, pois a autoridade deste seu apostolado tem profunda repercussão na formação dos jovens e crianças. O seu exemplo de fidelidade aos verdadeiros valores, sob as mais diferentes circunstâncias, através de um longo período de tempo, é em si uma santificação. Por isso os mais idosos, no contexto bíblico, estão associados a referência de respeitosa veneração (cf. 2 Mc 6,23). São Joaquim e Santa Ana são portanto modelo na santidade vivida em idade avançada. A eles devemos rogar, pedindo pelo resgate da valorização dos mais velhos na sociedade atual, que senil e estéril de comunhão com Deus, induz crianças, jovens e adultos a menosprezarem e mesmo promoverem o “desfazer-se” dos anciãos, pelo crime da eutanásia.

Oração:

Deus Pai, que criastes a vida, concedei-nos por intercessão de São Joaquim e Santa Ana a graça de sermos como eles tão familiares a Nossa Senhora que, ignorados em tudo o mais, baste esta referência em nossa vida, para sermos plenamente conhecidos no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 25 de julho de 2024

25 de julho: o dia em que o Concílio de Nicéia foi concluído

Cesare Nebbia, "Concílio de Nicéia" (1560). La scène representa a abertura do concile do Imperador Constantin Ier le Grand. (© Domínio público)

Rachel Molinatti – publicada em 25/07/24

Ele é frequentemente lembrado pela profissão de fé que leva seu nome. De 20 de maio a 25 de julho de 325, o primeiro Concílio de Nicéia reuniu numerosos bispos de diversas Igrejas por iniciativa do imperador Constantino. Aleteia leva você de volta no tempo

A data é 25 de julho de 325. Constantino I reinava sobre o Império Romano há quase vinte anos. Nicéia, importante cidade da Bitínia, foi palco de um encontro sem precedentes.

Localizada onde hoje é a Turquia, esta terra fértil à beira do lago era uma cidade movimentada que negociava com muitos países. Entre 20 de maio e 25 de julho de 325, ocorreu um encontro inédito: o primeiro Concílio Ecumênico, que reuniu a maioria das Igrejas cristãs.

Embora a ausência do Papa fosse lamentável, quase todo o episcopado do império, e mesmo para além das fronteiras de Roma, respondeu ao apelo de Constantino. Segundo Eusébio de Cesaréia, mais de 250 bispos fizeram a viagem. Santo Atanásio chega a mencionar 318 participantes. Entre eles estavam bispos, claro, mas também sacerdotes, diáconos e leigos; em suma, todos os homens de boa vontade: Paphnutius, bispo de Tebaida, Paulo, bispo de Neo-Cesaréia, Spiridion, bispo de Chipre... A diversidade da Igreja estava ali, representada em todo o seu esplendor.

A unidade da Igreja

Naquela época, o Cristianismo era uma religião em crescimento. Se antes os cristãos eram considerados uma raça má, em 313, graças ao Edito de Milão, o imperador pôs fim à sua perseguição.

Conta-se que, enquanto estava em guerra com um rival, viu no céu um sinal luminoso representando Cristo, e a partir daí demonstrou grande simpatia pelos cristãos. Agora ele quer ir mais longe. A tese de um certo Ário encontrou muitos seguidores. Segundo ele, Jesus não é da mesma natureza de Deus, mas está subordinado ao seu criador. Os debates teológicos fascinaram os habitantes do Império; Diz-se até que a teologia era discutida até entre os comerciantes. Constantino temia um cisma que alterasse a unidade do Império. Por isso convocou este encontro inédito, que ecoaria durante séculos. O seu objetivo era estabelecer a unidade da Igreja no Oriente e no Ocidente e resolver o problema do Arianismo.

Durante dois meses, os debates ocorreram normalmente. Escaramuças, abjurações, discussões acaloradas e ameaças sucederam-se ao longo dos dias, e o concílio concluiu com vários contributos importantes, condenando o arianismo e decidindo sobre a questão da data da Páscoa. Diz-se que, face ao trabalho realizado, Constantino ofereceu aos bispos “um banquete cuja magnificência ultrapassava toda a imaginação” e que o concílio se dissolveu em meio à euforia geral.

Fonte: https://es.aleteia.org/

Cantalamessa completa 90 anos, anúncio da Palavra de Deus é sua prioridade de vida

Pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa (Vatican Media)

Pregador da Casa Pontifícia desde 1980, ele é autor de vários livros e é conhecido do público em geral por suas colaborações com vários jornais. Religioso capuchinho, criado cardeal pelo Papa Francisco em 28 de novembro de 2020, optou por não ser ordenado bispo para continuar a usar o hábito franciscano. Ele deixou a docência em 1979 para se dedicar à pregação em tempo integral.

Vatican News

O cardeal Raniero Cantalamessa, frade menor capuchinho pregador da Casa Pontifícia há 44 anos, completou 90 anos esta segunda-feira, 22 de julho. O Papa Francisco quis dar-lhe o barrete vermelho, em 28 de novembro de 2020, ele pediu a dispensa da ordenação episcopal para recebê-lo, convencido de que poderia fazer “muito pouco” como pastor ultra octogenário (ele tinha 86 na época do Consistório que o incluiu no Colégio cardinalício), mas que ainda poderia anunciar a Palavra de Deus, com o hábito franciscano, porque queria morrer com o hábito. O rosto e a voz do padre Raniero são bem conhecidos - como ele é geralmente chamado - também por ter divulgado o Evangelho na TV. Inúmeros artigos escritos para vários jornais e inclusive para o “L'Osservatore Romano”, o primeiro datado de 3 de março de 1976. Inúmeras entrevistas concedidas à mídia vaticana, em cujas redes sociais ele também propôs uma semana de reflexões durante a última Quaresma.

Foto de arquivo: o cardeal Cantalamessa fazendo uma pregação de Quaresma (Vatican Media)

O “chamado do Senhor”

Nascido em Colli del Tronto, na província de Ascoli Piceno, na região italiana das Marcas, ele entrou no seminário em 1946 e contou que “ouviu o chamado do Senhor” aos 13 anos de idade, com tanta clareza que nunca duvidou disso. Foi ordenado sacerdote em 19 de outubro de 1958 e iniciou seu ministério na Basílica da Santa Casa de Loreto. Formou-se em Teologia em Freiburg, na Suíça, e em Literatura Clássica na Universidade Católica do Sagrado Coração, em Milão, norte da Itália, para aprofundar seu estudo do Novo Testamento e dos Padres da Igreja. Na mesma universidade, foi professor de História das Origens Cristãs e diretor do Departamento de Ciências Religiosas. De 1975 a 1981, foi membro da Comissão Teológica Internacional e, por doze anos, da delegação católica para o diálogo com as Igrejas Pentecostais.

Pregador da Palavra em tempo integral

Foi em 1979 que o religioso deixou a docência para se dedicar em tempo integral ao ministério da Palavra. João Paulo II o nomeou pregador da Casa Pontifícia em 1980, e ele continua sendo até hoje, confirmado no cargo por Bento XVI em 2005 e pelo Papa Francisco em 2013. Nessa função, ele oferece uma meditação por semana durante o Advento e a Quaresma para a Cúria Romana, na presença do Papa. Ele também é chamado para falar em muitos países do mundo, muitas vezes por irmãos de outras denominações cristãs. É autor de livros acadêmicos escritos como historiador das Origens Cristãs, sobre a Cristologia dos Padres da Igreja, a Páscoa na Igreja primitiva e outros temas, e publicou vários outros textos sobre espiritualidade, fruto de sua pregação na Casa Pontifícia, que foram traduzidos para cerca de 20 idiomas. Desde 2009, o cardeal Cantalamessa vive no eremitério do Amor Misericordioso em Cittaducale, província de Rieti, região do Lácio, com a comunidade de monjas clarissas capuchinhas.

Foto de arquivo: o cardeal Cantalamessa falando à Cúria Romana (Vatican Media)

Santo Agostinho entre seus autores favoritos

Entre seus autores cristãos mais aprofundados está Santo Agostinho. Em 2019, comentando o tema escolhido para as pregações da Quaresma, “Retorne a si mesmo”, inspirado na experiência do bispo de Hipona, ele explicou à mídia vaticana que, para se colocar “nos passos de Deus”, para se tornar consciente d’Ele, é preciso entrar no próprio coração. “Como Agostinho nos diz, se não voltarmos para dentro de nós mesmos, se não nos retirarmos um pouco da exterioridade, do barulho, não poderemos encontrar o Deus vivo”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A luxúria e seus impactos na sexualidade

O pecado da luxúria (Aleteia)

A LUXÚRIA E SEUS IMPACTOS NA SEXUALIDADE

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN) 

Podemos considerar a luxúria como um desejo intenso e descontrolado por prazer sexual, que leva a pessoa a buscar satisfação de maneira desordenada e irresponsável no sexo, prejudicando seus valores, relacionamentos e bem-estar. Esse vício capital transforma a busca natural pelo prazer sexual em um fim em si mesmo, dominando a razão e a ordem natural da sexualidade, que deveria ser orientada para o amor, a integração pessoal e o fortalecimento do vínculo afetivo e conjugal. A desordem causada pela luxúria instala-se lentamente, corroendo as defesas morais e espirituais da pessoa, e resultando em uma sexualidade desequilibrada e lasciva.  

A luxúria impossibilita a pessoa de viver de modo casto e saudável, afetando não apenas o corpo, mas também o espírito, os pensamentos, a imaginação e as atitudes. A desordem instaurada pela luxúria é lenta e progressiva, corroendo as defesas da pessoa e alimentando sua imaginação com cenas libidinosas, o que desencadeia um desequilíbrio sexual cada vez maior. O vício da luxúria busca o prazer pelo prazer, sem nenhum compromisso com o outro, tornando a pessoa incapaz de estabelecer relações nobres e puras, buscando sempre tirar algum proveito sexual. 

Santo Tomás de Aquino aborda a luxúria na Suma Teológica (Pars Prima Secundae, Tratado sobre a temperança. Questão 153), onde ele analisa a natureza, a moralidade e as consequências desse vício. Segundo Santo Tomás de Aquino, a matéria da luxúria são as concupiscências e os prazeres sexuais. A luxúria se refere ao desejo desenfreado pelos prazeres sexuais que se desviam da ordem racional e do propósito natural da sexualidade, como a procriação e a união conjugal. Assim, entendida, a luxúria é um pecado porque desordena a razão e a vontade, fazendo com que a busca pelo prazer sexual se torne um fim em si mesmo, em vez de ser um meio para o bem do matrimônio. A luxúria, portanto, é um vício capital, pois seu desejo intenso pode levar uma pessoa a cometer muitos outros pecados para satisfazer seus apetites sexuais. Como os vícios capitais têm um fim muito desejável, esse desejo leva a pessoa a cometer diversos pecados para alcançá-lo. Santo Tomás lista várias consequências da luxúria, incluindo a cegueira do espírito, inconsideração, precipitação, inconstância, amor desordenado a si mesmo, ódio a Deus, apego excessivo à vida presente e desespero da vida futura. 

Em sua catequese sobre os vícios e as virtudes, Papa Francisco aborda a luxúria como um vício que envenena as relações humanas, especialmente na esfera da sexualidade. Ele ressalta que a luxúria é uma “voracidade” em relação ao outro, que transforma a pessoa em um objeto de satisfação. Ele enfatiza a necessidade de disciplinar a sexualidade para que ela seja uma expressão de amor verdadeiro e não de posse ou consumo (Audiência Geral, 17/01/2024). 

As formas de luxúria podem variar, incluindo adultério, fornicação, masturbação, estupro, pornografia, orgias, libertinagem e pensamentos impuros. Para combater a luxúria, a Igreja recomenda várias práticas: evitar situações e conteúdos que possam despertar desejos impuros; buscar a graça de Deus através da oração, confissão e Eucaristia; praticar a autodisciplina e a mortificação dos sentidos para fortalecer a vontade contra os impulsos desordenados; cultivar relações baseadas no amor verdadeiro e no respeito mútuo, em vez de relações baseadas na satisfação sexual. 

Para viver a sexualidade de forma ordenada, é necessário romper com as paixões que se instalam pouco a pouco na fantasia e abrir-se à graça de Deus e manter um coração puro, voltado para um amor autêntico e oblativo, bem como relações nobres e saudáveis. A bem-aventurança “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5, 8) destaca a importância de manter um coração puro, que sabe amar verdadeiramente e não permite que nada macule e enfraqueça esse amor. Jesus ensina que o coração é a sede de nossas verdadeiras intenções e que dele procedem as nossas decisões e ações (Mt 15,19).  Portanto, manter o coração puro e alimentar a imaginação com imagens edificantes é essencial para vencer a luxúria e amar de forma integral, estabelecendo relações de amizade autênticas, puras e genuínas. 

Enfim, considerando que a luxúria é um grave desvio da ordem moral e espiritual, é necessário combatê-la com determinação, buscando a ajuda divina para que a pessoa possa viver a verdadeira liberdade e pureza de coração. 

 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Athletica Vaticana, carta aos atletas: as Olimpíadas são um antídoto para os jogos de guerra

Os cinco anéis olímpicos nos Jogos de Paris 2024 (Vatican News)

Às vésperas do grande evento, a Athletica Vaticana escreve a quem vai competir nos Jogos Paris 2024 e nas Paraolimpíadas no final de agosto: vivam e ajudem a viver um momento de paixão mas também de inclusão "no ritmo dos últimos", onde além do "mais rápido, mais alto e mais forte" haja também lugar o valor de estar "juntos".

Vatican News

A Athletica Vaticana, associação poliesportiva oficial da Santa Sé, enviou uma carta intitulada "Jogos da paz", datada de 24 de julho, aos atletas que participam dos Jogos Olímpicos de Paris que começam nesta sexta-feira, 26 de julho, e prosseguem até 11 de agosto.

Segue a íntegra da carta.

Amigo atleta, na sexta-feira, 26 de julho, em Paris, serão abertos os Jogos Olímpicos, que têm de lidar com guerras, tensões e injustiças - mesmo quando os holofotes estão apagados - em escala global. A proposta da trégua olímpica - apoiada várias vezes pelo Papa Francisco, desde o dia 13 de janeiro passado com a “sua” Athletica Vaticana - e a participação da Equipe de Refugiados na competição são precisamente duas propostas de paz que todos nós, a grande família esportiva, relançamos em um momento sombrio para a humanidade.

As Olimpíadas - e, a partir de 28 de agosto, as Paraolimpíadas - são, antes de tudo, histórias de mulheres e homens que hoje não conseguem deter “a terceira guerra mundial em pedaços” (como a chama o Papa Francisco), mas sugerem a possibilidade de uma humanidade mais fraterna, por meio da linguagem do diálogo esportivo, popular e compreensível para todos.

Em Paris, nestes dias, todos tentam incorporar os verdadeiros valores do esporte: paixão, inclusão, fraternidade, espírito de equipe, lealdade, redenção, compromisso e sacrifício. Cada treino, cada desafio superado, cada momento de dificuldade enfrentado com coragem, trouxe cada um para os Jogos Olímpicos, com uma consciência: o esporte não é apenas vitória ou derrota, o esporte é uma jornada pela vida que nunca se faz sozinho. O Papa Francisco nos lembra que o esporte “é uma grande ‘corrida de revezamento’ na ‘maratona da vida’, com o bastão passando de mão em mão, cuidando para que ninguém fique para trás sozinho. Ajustar o próprio ritmo ao ritmo do último” (prefácio do livro “Jogos da Paz. A alma das Olimpíadas e Paraolimpíadas”).

Sim, “no ritmo dos últimos”: o abraço mais fraterno é para todos aqueles que vivem todos os dias - também tentando se agarrar à esperança que o esporte dá - realidades difíceis, entre guerras, pobreza, injustiça, tensões e medo. O Papa Francisco confessa: são precisamente eles que “nos contam histórias de redenção, esperança e inclusão”. Com esse espírito de fraternidade também por meio do esporte, apenas algumas horas antes do início dos Jogos de 2024, a Athletica Vaticana mais uma vez levanta o apelo de Francisco por uma trégua olímpica.

Amigo atleta, em Tóquio, há três anos, o Comitê Olímpico Internacional acrescentou a palavra “Juntos - Communiter” ao famoso lema olímpico “Mais rápido, mais alto, mais forte”: em Paris, portanto, serão Olimpíadas e Paraolimpíadas com o estilo “Juntos”. O Papa Francisco nos escreveu: “Nessa perspectiva, a palavra-chave para o esporte, hoje mais do que nunca, é ‘proximidade’. Esta é a primeira sugestão que, como ‘treinador do coração’, sempre proponho à Athletica Vaticana”. Uma sugestão do nosso excepcional “treinador”, Papa Francisco, que compartilhamos fraternalmente com prazer: proximidade!

Amigo atleta, coragem! Ninguém está sozinho na experiência e no ato do esporte: há sempre uma equipe, uma família, uma comunidade ao seu lado. Em Paris, cada atleta olímpico está prestes a viver o sonho que vem construindo desde a infância: é a grande oportunidade que chega - finalmente - depois de tê-la planejado, preparado e esperado muito tempo por ela. Uma oportunidade que não deve ser desperdiçada, tanto do ponto de vista humano quanto esportivo. Há outra sugestão que o “coach Papa Francisco” sempre propõe: mesmo no nível mais alto, sim, mesmo nas Olimpíadas, faz diferença manter o espírito “amador” de gratuidade, aquele estilo de simplicidade que freia a busca desmedida por dinheiro e sucesso “a todo custo”, sob o risco de sobrecarregar tudo em nome do lucro, fazendo com que as pessoas percam a alegria que as atrai para a paixão esportiva desde a mais tenra idade.

Amigo atleta, com a beleza e a justiça do gesto esportivo de cada um, e sem jamais recorrer a atalhos - uma derrota limpa é sempre melhor do que uma vitória suja -, os Jogos podem ser oportunidades de esperança, nas pequenas e grandes questões de cada um e da humanidade.

Sim, as Olimpíadas e as Paraolimpíadas podem ser estratégias para a paz e antídotos para os jogos de guerra para vencermos, juntos, a medalha da fraternidade.

Com um abraço de amizade esportiva e com gratidão pelas emoções que viveremos!

Fraternalmente,

Athletica Vaticana

*Associação poliesportiva oficial da Santa Sé

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Tiago Maior

São Tiago Maior (A12)
25 de Julho
São Tiago Maior

As informações sobre São Tiago Maior vêm do Novo Testamento. Nasceu em Betsaida da Galileia, em Israel, por volta do ano 5 a.C.. Era filho de Zebedeu e Salomé e irmão mais velho de São João Evangelista, este o mais jovem dos Apóstolos. É sempre citado como um dos três primeiros dos 12 Apóstolos, com Pedro e André.

É chamado de “maior” para não ser confundido com outro dos Apóstolos, também de nome Tiago porém mais novo, e por isso identificado como “menor”, filho de Alfeu e Maria de Cléofas e primo de Jesus. Zebedeu, Tiago e João eram sócios de Pedro e André no trabalho da pesca.

No mesmo dia, Jesus chama Pedro e André, e logo depois Tiago e João, para segui-Lo como “pescadores de homens”, e todos imediatamente largam tudo, até mesmo o pai dos dois últimos, Zebedeu, para ir com o Senhor (Mt 4, 17-22).

Tiago, Pedro e João foram particularmente íntimos de Jesus, pois só os três estavam presentes com Ele em certos momentos importantes, como a ressurreição da filha de Jairo (Lucas 8,51), a cura da sogra de Pedro (Mc 1,29), a Transfiguração no Monte Tabor (Mt 17,1) e a agonia no Horto das Oliveiras (Mt 26,37).

O temperamento exaltado de Tiago e João lhes valeu de Jesus o apelido de boanerges, isto é, “filhos do trovão”, como se evidencia quando ambos perguntam ao Senhor se quer que “mandem”(!) descer fogo do céu para matar os samaritanos que não O acolheram bem (Lc 9,51-56). Um outro traço de que os irmãos eram exagerados (e ainda com mentalidade muito mundana) é o pedido que fazem à própria mãe de interceder a Jesus por eles, para reservar-lhes no Seu reino os principais lugares (Mt 20, 20-28).

Conta a Tradição que depois de Pentecostes Tiago foi evangelizar a Espanha, voltando depois a Jerusalém, onde está registrada a sua morte por decapitação a mando do rei Herodes Agripa (At 12,2), nos inícios das perseguições à Igreja. Foi o primeiro mártir entre os Apóstolos.

Seu corpo teria sido levado para a Espanha. Em 831, segundo a Tradição, o bispo de Iria, cidade espanhola (atualmente Iria Flávia), viu uma estrela iluminando particularmente um campo, e ali foi encontrado um sepulcro com a inscrição: “Aqui jaz Jacobus, filho de Zebedeu e de Salomé”. (Jacobus, ou Jacó, é traduzido por “Tiago”). O local foi batizado de Campus Stellae (“campo da estrela”), nome que originou a cidade de Santiago de Compostela.

Construiu-se lá uma catedral e basílica dedicada a ele, um santuário que é local de peregrinações desde a Idade Média, quando a Igreja concedia indulgência plenária a todos aqueles que fizessem peregrinação ao local com espírito de penitência, arrependimento e conversão. Este benefício espiritual atraiu cada vez mais fiéis ao longo do tempo, com aumento gradativo das rotas de peregrinação, atualmente com cerca de 800 quilômetros.

Normalmente esta devoção é feita a pé, mas também de bicicleta ou outro veículo que exija esforço humano, e hoje há ampla organização e infraestrutura para acolher os peregrinos do mundo todo ao longo das várias vias de acesso.

Na Espanha há três datas anuais comemorativas do santo: 23 de maio, quando da sua aparição na batalha de Clavijo em 844 (contra os muçulmanos invasores da Europa, montando um cavalo branco); 25 de julho, quando do seu martírio; e 30 de dezembro, quando da transladação dos seus restos mortais para a Galícia, região onde fica Compostela. Esta última referência indica que não apenas a Tradição é fonte da sua passagem pela Espanha.

São Tiago Apóstolo, Santiago ou Santiago de Compostela deu nome a muitas cidades e é padroeiro da Espanha, Guatemala, Chile e Nicarágua, dos peregrinos e cavaleiros, bem como dos exércitos espanhol e português (em honra da sua coragem em dar testemunho do Cristo; por isso foi criada a famosa Ordem de Santiago, valorizando honra, lealdade, coragem e fé).

Colaboração: : José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Tiago Maior tinha forte personalidade, como os outros Apóstolos, mas cada qual diferente. Por isso, aliás como também outros Apóstolos e outros santos, seguiu imediatamente a Jesus, quando foi por Ele chamado. Seguir a Jesus é sempre um desafio, e muitos o fazem gradativamente, aos poucos, até se aproximarem Dele o suficiente para poderem acompanhar os Seus passos, e assim será a longa fila que chega no Paraíso; mas Tiago foi um dos que não hesitou, trocando o pai terreno pelo Pai do Céu. Desenredar-se instantaneamente de toda uma vida para seguir uma Palavra ou é uma insensatez ou um ato heroico, mas a ação que exprimia o Verbo de Deus era identificável como sublime, embora misteriosa, e os santos são exatamente os heróis da Fé. Marcante é a especial proximidade, ou especial preferência, de Tiago com Jesus, para que tenha participado de situações mais exclusivas com o Mestre. Certamente, de alguma forma pessoal, isto era importante para a missão de vida que Jesus lhe destinou, mas não deve ser o único motivo. Particularmente a Transfiguração e a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras são únicos e também singularmente intensos, em significado, profundidade espiritual e dramaticidade. Tiago foi o primeiro mártir entre os Apóstolos, o primeiro entre os escolhidos por Jesus para concretamente dar o exemplo de total adesão à Sua Cruz, a seguí-Lo de mais perto na essência da Obra da Salvação; talvez uma singularidade do plano de Deus para si que explique a sua seleta participação naquelas situações. Pois Pedro seria o primeiro Papa, a pedra sobre a qual Jesus construiu a Igreja, e João o evangelista que de modo mais profundo nos apresentou o Cristo, além de ter escrito o Apocalipse – portanto, ambos com outras missões também muito específicas e grandiosas. De certa forma um alento para nós, que participamos da mesma humanidade falha dos Apóstolos, os quais apesar disso alcançaram e nos dão exemplo de privilegiada santidade, é a pergunta quase cômica de Tiago e do irmão a Jesus, oferecendo-se para “mandar” descer um fogo punitivo do Céu. Certamente isto indica um grande amor a Cristo, uma indignação legítima e sentida ao vê-Lo desprezado, mas para além de uma ingenuidade descabida, mostra que ainda não haviam mesmo entendido a proposta de Jesus, e evidencia principalmente o lado da soberba humana, a sua pretensão de domínio. Por que pensaram ter poder para decidir sobre a vida e a morte de outros, e o motivo desta sentença? A quem eles iriam “mandar”? Aos anjos? A Deus Todo Poderoso – que ainda não haviam identificado com Jesus? Verdade é que, antes deste episódio, já haviam vivido a experiência de até expulsar demônios quando enviados em missão por Jesus (cf. Lc 10,17-20), e quiçá, como também nós, convenceram-se de que o faziam, ou qualquer boa obra, por si mesmos… Os boanerges igualmente somos nós, em muitas ocasiões de destempero, enquanto Cristo nos ensina a ser como Ele mansos e humildes de coração (cf. Mt 11,29). Mas certamente nos lábios de Jesus esta expressão não tem conotação de crítica agressiva, sim de admoestação carinhosa, simpática, e verdadeira e bem humorada. Que tenha esta mesma acepção no referente a nós... A ambição e desejo de poder neles aparece no não menos absurdo e quase cômico pedido que fazem à própria mãe, de interceder por eles ao Mestre uma garantia dos lugares mais destacados no Seu reino – que ainda também não haviam entendido ser o celeste – que devemos modificar radicalmente: não a intercessão da mãe humana para um pedido mundano, mas a intercessão da Mãe Celeste por um pedido de absoluta humildade, que é o maior poder junto ao Pai para que estejamos com Ele no Céu. Identifiquemo-nos com São Tiago Maior, transformando como ele nossas faltas e veleidades em santidade, ao seguir perseverantes a Jesus, com nossos erros e acertos. Pois se o fizermos até o fim, partilharemos literalmente da doação da vida por Cristo, e os Céus trovejarão de alegria quando da nossa entrada.

Oração:

Deus Pai, que nos criastes para estarmos Convosco, concedei-nos por intercessão de São Tiago Maior a têmpera de ter verdadeira intimidade com Jesus, acompanhando-O exclusivamente, nos momentos de excelsa transfiguração e nos de pavorosa agonia, para que ao final desta peregrinação terrestre, tendo definitivamente decepado o apego ao corpo de pecado, possamos ser verdadeiramente chamados Filhos de Deus e não Filhos do Trovão. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF