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domingo, 28 de julho de 2024

Papa: saber reconhecer e usufruir todos os dias os milagres da graça de Deus

Angelus 28 de julho de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

Reconhecer e usufruir todos os dias os «milagres» da graça de Deus.

https://youtu.be/DMCMZZEc1pg

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

"Oferecer, dar graças e partilhar", três gestos realizados pelos protagonistas da multiplicação dos pães e dos peixes - narrada no Evangelho de João (cf. Jo 6, 1-15), e que Jesus voltará a repetir na Última Ceia.

O maior milagre

Dirigindo-se as milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, sob uma temperatura de 36°C, Francisco explicou o significado de cada um dos três gestos, a começar por "oferecer", que "é o gesto com o qual reconhecemos ter algo de bom para dar e dizemos o nosso “sim”, mesmo que o que temos seja pouco em relação às necessidades":

Isto é sublinhado, na Missa, quando o sacerdote oferece sobre o altar o pão e o vinho, e cada um oferece a si mesmo, a própria vida. É um gesto que pode parecer pouca coisa, se pensarmos nas imensas necessidades da humanidade, precisamente como os cinco pães e os dois peixes diante de uma multidão de milhares de pessoas; mas Deus faz disso a matéria para o milagre, o maior milagre que existe: aquele em que Ele mesmo, Ele mesmo, se torna presente entre nós, para a salvação do mundo.

Oferecer nosso pequeno amor ao Senhor, que o recebe

E o primeiro gesto, leva à compreensão do segundo, dar graças, que significa dizer ao Senhor com humildade, mas também com alegria:

Tudo o que tenho é dom teu Senhor, e para te agradecer só posso devolver-te o que por primeiro me deste, junto com teu Filho Jesus Cristo, acrescentando a isso o que posso, cada um de nós pode acrescentar alguma coisa. O que posso dar ao Senhor? O que o pequeno pode dar ao Senhor? Dar...dizer ao Senhor: "Te amo". Mas nós, pobrezinhos, o nosso amor é tão pequeno, mas dá-lo ao Senhor, o Senhor o recebe.

Viver cada gesto de amor como dom de graça

Por fim, o terceiro gesto, partilhar. "Na Missa - explicou o Santo Padre - é a Comunhão, quando juntos nos aproximamos do altar para receber o Corpo e o Sangue de Cristo: fruto do dom de todos, transformado pelo Senhor em alimento para todos":

É um momento belíssimo, o da Comunhão, que nos ensina a viver cada gesto de amor como um dom de graça, tanto para quem a dá como para quem a recebe.

Então, o convite do Papa para nos perguntarmos:

Acredito realmente, pela graça de Deus, de ter algo único para dar aos meus irmãos, ou sinto-me anonimamente “um entre tantos”? Sou protagonista de um bem a ser doado? Sou agradecido ao Senhor pelos dons com os quais Ele continuamente manifesta a mim o seu amor? Vivo a partilha com os outros como um momento de encontro e de enriquecimento recíproco?

Reconhecer os milagres de cada dia

Que Virgem Maria - disse ao concluir - nos ajude a viver com fé cada Celebração Eucarística e a reconhecer e usufruir todos os dias os «milagres» da graça de Deus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Inocêncio I

Santo Inocêncio I (A12)
28 de julho
País: Itália
Santo Inocêncio I

Inocêncio nasceu na Itália e é o 40º Papa da Igreja Católica. Governou a Igreja por dezesseis anos, de 401 a 417.

Ele é lembrado como um homem muito enérgico e ativo, grande defensor da doutrina dos apóstolos, da disciplina eclesiástica, da unidade da Igreja e da paz do mundo.

Segundo o Liber Pontificalis, ele nasceu em Albano numa data desconhecida e cresceu entre o clero romano e no serviço à Igreja Católica.

Na época de seu pontificado, Roma estava cercada pelos bárbaros godos que eram liderados por Alarico, e só não tinha sido invadida graças às intervenções do papa junto a Alarico.

O papa tentou mediar a negociação entre o imperador Honório e o invasor bárbaro, mas não conseguiu e a cidade foi saqueada. Foram três dias de roubo, devastação e destruição. Os bárbaros respeitaram apenas as igrejas, por causa dos anos de contato e mediação com o Papa Inocêncio I. Mesmo assim, a invasão foi tão terrível que seria comentada e lamentada depois, por Santo Agostinho e São Jerônimo.

Inocêncio enfrentou muitas dificuldades, mas conseguiu manter a disciplina e tomou decisões litúrgicas vigentes até hoje. Elas se encontram nas correspondências deixadas pelo papa Inocêncio I. Com essas cartas se formou o primeiro núcleo das coleções canônicas, que faz parte do magistério ordinário dos pontífices, alvo de estudos ainda nos nossos dias.

Também foi ele que estabeleceu a uniformidade que as várias Igrejas devem ter com a doutrina apostólica romana. Sua influência política obteve do imperador Honório a proibição das lutas de gladiadores. Durante o seu pontificado difundia-se a heresia pelagiana, condenada no ano 416 pelos concílios regionais de Melevi e de Cartago, convocados por iniciativa de Santo Agostinho e com aprovação do Papa Inocêncio I, que formalmente sentenciou Pelágio e seu discípulo Celestio.

Ele também é conhecido por defender São João Crisóstomo, Bispo de Constantinopla, da perseguição do Patriarca de Alexandria, Teófilo.

O Papa Inocêncio I morreu em 28 de julho de 417, foi enterrado numa basílica sobre as catacumbas de Ponciano e venerado como um santo.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida de Santo Inocêncio foi uma constante luta pela paz e pela pregação da Palavra de Deus. Suas ações na Igreja e no mundo político sempre tiveram como objetivo a luta pela dignidade humana. Que a vida de Santo Inocêncio inspire-nos ações de respeito e solidariedade com as pessoas.

Oração:

Deus eterno e todo poderoso quiseste que Santo Inocêncio I governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 27 de julho de 2024

Dar mais sem ser heróis (1)

Foto/Crédito: Opus Dei

Dar mais sem ser heróis

Ser santos é “dar o melhor de si” e, ao mesmo tempo, perceber “que no final é sempre Deus quem faz tudo”. Texto sobre a santidade que Deus nos pede.

23/01/2019

O episódio da pesca milagrosa narrado por são Lucas pode nos ajudar a descobrir o que o Senhor pede a cada um de nós. Uma petição que se resume em uma palavra exigente e muitas vezes incompreensível: santidade.

Reparemos na vida de Jesus, que, no momento em que esta passagem do Evangelho é narrada, é considerado um mestre famoso, procurado, ouvido e seguido por muitas pessoas. Jesus vê dois barcos às margens do lago de Genesaré. “Ele viu dois barcos à beira do lago; os pescadores tinham descido e lavavam as redes. Subiu num dos barcos, o de Simão, e pediu que se afastasse um pouco da terra. Então se sentou e, do barco, ensinava as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: ‘Avança mais para o fundo, e ali lançai vossas redes para a pesca’. Simão respondeu: ‘Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, pela tua palavra, lançarei as redes’ ” (Lc 5,2-5).

O SENHOR CHAMA OS PESCADORES JUSTAMENTE NO MOMENTO EM QUE FRACASSARAM.

Como sabemos, a história continua com uma pesca abundante, mas é importante observar que Jesus sobe no barco dos pescadores e os chama, pergunta-lhes, encoraja-os a fazer algo maior do que já estavam fazendo. Ao considerar esta história, poderíamos pensar: “Sim, eu deveria fazer mais, mas já é suficiente tentar sobreviver...”. Uma reação normal, mas errada. O Senhor não diz: “Você não fez nem a metade do que tinha que fazer, agora tem que fazer mais...”. Jesus sobe no barco porque Ele quer saber como estamos dentro do nosso barco: isso é a vocação. É um chamado para darmos o melhor de nós mesmos. Curiosamente, nessa cena, a chamada é feita quando os pescadores lavam suas redes depois de terem trabalhado a noite toda sem sucesso. Isto é, o Senhor chama os pescadores justamente no momento em que fracassaram.

O Cardeal Ratzinger, em um artigo publicado no Observatório Romano no dia da canonização de São Josemaria, em 6 de outubro de 2002, ressaltou que existe uma ideia errada sobre o que é a santidade: “Conhecendo um pouco da história dos santos, sabendo que nos processos de canonização se procura a virtude 'heroica', podemos ter, quase inevitavelmente, um conceito equivocado da santidade porque tendemos a pensar: ‘isto não é para mim’; ‘eu não me sinto capaz de praticar virtudes heroicas’; ‘é um ideal alto demais para mim’. Neste caso, a santidade estaria reservada para alguns grandes cujas imagens vemos nos altares e que são muito diferentes de nós, comuns pecadores. Esta seria uma ideia totalmente equivocada da santidade, uma concepção errônea que foi corrigida – e isto me parece um ponto central – precisamente por Josemaria Escrivá”.

O esforço atlético pela perfeição

No entanto, sabemos que a santidade normal e cotidiana não é exclusiva de São Josemaria: há muitos outros testemunhos de santidade alcançável – “a santidade da porta ao lado”, como o Papa Francisco a chamou na Gaudete et exsultate. Com efeito, há uma concepção muito perigosa do que é santidade: a santidade concebida como um esforço atlético para fazer tudo com a máxima perfeição. Esta não é a experiência dos santos, nem é a experiência dos apóstolos. A chamada deles não se explica porque eles eram bons ou porque eles estavam dando o melhor de si. O santo não é aquele que faz tudo bem, mas aquele que deixa a vontade de Deus agir em sua vida. Por quê? Porque confia nEle.

O SANTO NÃO É AQUELE QUE FAZ TUDO BEM, MAS AQUELE QUE DEIXA A VONTADE DE DEUS AGIR EM SUA VIDA

Portanto, o erro deve ser corrigido primeiro no nível terminológico, porque se fala de santidade na vida cotidiana, de santificação do trabalho, de uma chamada à santidade dirigida a todos... Mas “as palavras são importantes”, e se as palavras não são compreendidas, temos um problema. Nós não podemos presumir que atribuímos o verdadeiro significado a termos como bem-aventurado, manso, santidade, pecado, reconciliação, eucaristia... Em concreto, a “santificação” pode ser erroneamente entendida como uma espécie de perfeição ética ou mesmo estética, característica de uma pessoa infalível (“porque eu aprendi e não erro mais”).

O Senhor não sobe ao nosso barco por termos passado a noite triunfando e pescando com sucesso. Na verdade, às vezes ele chega nos momentos de fracasso: “trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, pela tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5, 5). E Pedro lança as redes novamente, algo que vai totalmente contra a sua experiência, porque o pescador sabe que a pesca deve ser feita de noite. Mas mesmo sabendo isso, confia mais em Deus do que em sua própria experiência. Este é o grande ato de confiança de Pedro, graças ao qual “... pegaram tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Fizeram sinal aos companheiros do outro barco, para que viessem ajudá-los. Eles vieram e encheram os dois barcos a ponto de quase afundarem” (Mt 5,6-7).

Se confiarmos em Deus, acontecem coisas inesperadas. Santificar o trabalho, santificar-se na vida diária, não significa que Deus nos recompensa porque fazemos tudo certo e nunca cometemos erros. Embora não pensemos assim, no fundo, quando cometemos um ato mau, por orgulho, inveja ou ciúmes, muitas vezes vem à nossa cabeça: “Agora Deus vai me castigar porque fiz algo de errado”.

SE CONFIARMOS EM DEUS, ACONTECEM COISAS INESPERADAS

Esta concepção da santidade não está apoiada no evangelho e não é cristã. Da mesma forma, a santificação da vida familiar não significa que a ordem sempre reinará em casa. Uma mãe ou pai com filhos pequenos ou adolescentes podem ter a tentação de pensar: “Se eu santificasse minha vida cotidiana, meus filhos sempre estariam bem arrumados, com as mãos limpas, dentes brancos como nas propagandas de pasta de dentes...”. Não! Santificação não é uma perfeição externa da vida cotidiana, nem da vida social ou familiar.

Significa, isso sim, tentar receber as dificuldades com bom humor, mesmo quando a bagunça parece prevalecer. Significa sorrir, mesmo que tudo no dia corra mal ou o vivamos num ambiente caótico e claramente imperfeito.

Por: Carlo de Marchi

Tradução: Mônica Diez

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Uma humanidade que não é uma fachada (1)

João Paulo I e Paulo VI (ACI Digital)

Uma humanidade que não é uma fachada

O cardeal Aloisio Lorscheider, arcebispo de Aparecida, Brasil, fala: «Luciani certamente teria tido em mente a predileção da Igreja pelos pobres. Durante muitos anos guardou a carta com a qual o seu pai socialista lhe deu consentimento para entrar no seminário: “Espero que quando te tornares sacerdote estejas ao lado dos pobres e dos trabalhadores porque Cristo esteve ao lado deles”»

Entrevista com o Cardeal Aloisio Lorscheider por Stefania Falasca

Dos 111 cardeais reunidos na Capela Sistina naquele conclave de agosto de 1978 que levou à eleição do Papa Luciani, o cardeal brasileiro Aloisio Lorscheider era o mais jovem. Conhecia de perto o patriarca de Veneza e estava ligado a ele por uma amizade sincera. Assim que foi eleito papa, João Paulo I revelou que havia reservado o voto no conclave justamente para ele, tamanha a estima que tinha pelo então presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano.

Dom Aloísio Lorscheider (ACI Digital)

Dom Aloísio, representante de uma Igreja que está na linha da frente na defesa dos pobres, é uma testemunha excepcional das expectativas e esperanças que levaram o patriarca de Veneza ao trono de Pedro.

Pela primeira vez o cardeal brasileiro concorda em falar extensivamente sobre suas memórias pessoais daqueles momentos importantes e sobre sua amizade com Albino Luciani.

Nós o encontramos em sua casa em Aparecida, cidade onde fica o maior e mais venerado santuário mariano do Brasil, do qual hoje é arcebispo. 

Eminência, no dia 6 de agosto, há vinte anos, no palácio papal de Castel Gandolfo, faleceu o Papa Paulo VI. O que você lembra do último período do Pontífice? Quando foi a última vez que você se encontrou com ele? ALOISIO LORSCHEIDER: A última vez que vi Paulo VI foi no final do seu pontificado, durante uma visita ao Vaticano dos presidentes de algumas conferências episcopais. Naquela ocasião lembro que Paulo VI se aproximou e me abraçou, depois disse: “Vocês, bispos brasileiros, são aqueles que hoje lavam os pés dos pobres”. Disse-o com aquele tom particular que tinha a sua voz, uma voz rouca, quase trêmula, e depois acrescentou lentamente: “Como eu gostaria de lavar os pés dos pobres...”. Jamais esquecerei aquele momento e a voz de Paulo VI ao pronunciar estas palavras. Também fiquei impressionado com a atenção e o extremo realismo de Paulo VI. Um realismo no seu julgamento do mundo e da Igreja, que sofreu até ao fim e que marcou o seu pontificado a partir dos anos imediatamente seguintes ao Concílio Vaticano II.

Na opinião de muitos, o patriarca de Veneza Albino Luciani era o sucessor desejado por Paulo VI. Isso é o mesmo para você também?
LORSCHEIDER: Paulo VI tinha um profundo respeito por Albino Luciani: nomeou-o patriarca de Veneza, uma sede muito importante, e em nome de Paulo VI Luciani escreveu intervenções sobre a Concordata e sobre a defesa da vida. Depois houve aquele episódio “profético” em Veneza em 1972, poucos meses antes de Luciani ser nomeado cardeal. Diante de uma imensa multidão que enchia a Praça de São Marcos, Paulo VI tirou a estola pontifícia dos ombros e colocou-a sobre o patriarca, dizendo-lhe: “Você merece esta estola” e o pobre Luciani ficou todo vermelho. Acredito que o patriarca de Veneza não só foi o sucessor esperado por Paulo VI, mas foi aquele que, entre outros, melhor seguiu e segue as orientações fundamentais do seu magistério.

Num livro que reúne as confidências do Papa Luciani ao Cardeal Villot, está escrito que um dos desejos urgentes do novo Papa era encontrar em breve «o presidente do Celam, o Cardeal Aloisio Lorscheider, que conheço há anos e a quem Eu dei meu voto no conclave." Então vocês se conheciam bem? Quando você o conheceu?
LORSCHEIDER: Não me lembro exatamente das primeiras vezes que tive a oportunidade de encontrar Luciani, talvez durante algum sínodo em Roma, mas conhecia alguns de seus escritos e o respeitava por eles. Meu primo Ivo Lorscheiter, bispo de Santa Maria, no sul do Brasil, o conhecia pessoalmente há algum tempo e estava ligado a ele por uma profunda amizade. Luciani o amava muito e tinha muito respeito por ele. Acredito que o Cardeal Luciani, se é verdade que votou em mim no conclave, também o fez pensando nele. Em novembro de 1975, por ocasião do centenário da imigração italiana na região de Santa Maria, Dom Ivo convidou o patriarca de Veneza a visitar as comunidades venezianas de sua diocese. Foi nessa ocasião que tive a oportunidade de conhecê-lo de perto.

O que você lembra da viagem do cardeal Luciani ao Brasil? LORSCHEIDER: Na diocese de Santa Maria, Luciani ficou quatro dias parado. Nesse período descansou pouco: visitou institutos, igrejas, religiosos, subúrbios pobres, parando entre comunidades de origem italiana. Onde quer que chegasse, fazia um breve discurso sem nunca se repetir e muitos choravam ao ouvir o patriarca de sua terra falar, principalmente quando ele lhes falava no dialeto veneziano. Celebrou a festa de Nossa Senhora de Todas as Graças, particularmente venerada naquela zona, proferindo uma bela homilia em português. Ele então recebeu um título honorário da Universidade Federal por seu famoso Ilustríssimo e nessa ocasião fez um discurso sobre a virtude da prudência. Ao final dessa visita fizemos juntos a viagem de volta ao Rio de Janeiro. Luciani era naquela época também vice-presidente da Conferência Episcopal Italiana. Durante a viagem tivemos uma troca cordial e franca de ideias sobre as funções que deve ter uma conferência episcopal.

Que impressão você teve da pessoa dele então?
LORSCHEIDER: De um homem afável e de uma bonomia também temperada com um toque de humor. Homem de grande zelo apostólico, com um amor discreto pelos pobres, espirituoso no pensamento e firme na doutrina.

Todas as reconstruções sublinham o papel decisivo dos cardeais brasileiros na escolha de Luciani no conclave de agosto de 78. Na verdade, o historiador Gabriele De Rosa escreveu que a candidatura de Luciani já vinha sendo cultivada e preparada há algum tempo pelos latino-americanos. Isto é verdade?
LORSCHEIDER: Até onde eu sei, não houve preparação. Pessoalmente tinha uma certa sintonia com o cardeal Arns, mas dos outros três cardeais brasileiros, por exemplo, não saberia dizer se conheciam Luciani de perto. Albino Luciani não era muito conhecido pela Conferência Episcopal Brasileira. Seu nome nem sequer aparecia nas listas de possíveis candidatos que circulavam na imprensa, tanto que, lembro-me, pouco antes da abertura do conclave, um jornalista veio até mim apresentando-me uma lista de nomes. Ao lê-lo, observei que faltava o nome do patriarca de Veneza. Naquele momento eu disse assim... de uma forma completamente inocente. E ele me agradeceu porque realmente não tinha pensado nesse nome.

No entanto, poucos dias antes do conclave, ela deu uma entrevista na qual traçou o perfil de quem deveria ter sido o novo papa. Naquela entrevista ele disse textualmente: «O novo papa deve ser antes de tudo um bom pai espiritual, um bom pastor, como foi Jesus, que exerce o seu ministério com paciência e disponibilidade para o diálogo... deve ser sensível aos problemas sociais ...deve respeitar e encorajar a colegialidade dos bispos... não deve tentar impor soluções cristãs aos não-cristãos...". Todos leram isso como um kit de identidade de Luciani... LORSCHEIDER: Essas características nada mais expressavam do que as orientações daquele colégio de cardeais. O ponto fundamental era que queriam um papa que fosse antes de tudo um bom pastor. Pensamos então num italiano, não da Cúria. O nome de Albino Luciani surgiu durante o conclave.

Arquivo 30Dias, retirado da edição nº. 07/08 - 1998

Fonte: http://www.30giorni.it/

Bispos franceses deploram “cenas de zombaria do cristianismo” na abertura dos JO

Torre Eiffel durante abertura dos Jogos Olímpicos  (AFP or licensors)

Em um comunicado de imprensa publicado no dia seguinte à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, que teve lugar no Sena, na sexta-feira, 26 de julho, a Conferência dos Bispos de França saudou os “momentos maravilhosos de beleza, de alegria, ricos de emoções”, ao mesmo tempo em que dirigiram o seu pensamento “aos cristãos de todos os continentes que foram feridos pelo excesso e pela provocação de certas cenas”.

Jean-Benoît Harel – Cidade do Vaticano

Foi uma cerimônia de todos os superlativos. Uma inédita primeira cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos no rio Sena, com desfile de delegações desportivas em 85 barcos, inúmeras quadros artísticos e performances de artistas de todo o mundo como a estadunidense Lady Gaga ou a canadense Céline Dion.

“A cerimônia de abertura (…) de ontem à noite ofereceu ao mundo inteiro momentos maravilhosos de beleza, de alegria, ricos de emoções e universalmente elogiados”, reconheceu a Conferência dos Bispos de França. No entanto, a cerimônia “incluiu cenas de escárnio e zombaria do cristianismo, que deploramos profundamente”, dizem os bispos.

No centro das críticas nas redes sociais, uma reprodução do quadro “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci por cerca de dez travestis.

Solidariedade de outras religiões

Após a cerimônia, transmitida em mundovisão, muitos líderes de outras confissões religiosas expressaram a sua solidariedade para com a Igreja Católica francesa, informa o comunicado de imprensa.

“Pensamos em todos os cristãos de todos os continentes que foram feridos pelo excesso e pela provocação de certas cenas”, asseguraram os bispos franceses. “Desejamos que eles compreendam que a celebração olímpica vai muito além dos preconceitos ideológicos de alguns artistas”, continuou a conferência episcopal francesa no comunicado.

A exclusão de certos crentes

O secretário-geral da CEF, padre Hugues de Woillemont, destacou na rede social X a contradição entre "a inclusão demonstrada e a exclusão efetiva de certos fiéis, não é necessário ferir as consciências para promover a fraternidade e a sororidade”.

Dom François Touvet, presidente do Conselho de Comunicação da CEF, bispo coadjutor da Diocese de Fréjus-Toulon, “associou-se fortemente” a este comunicado de imprensa da Igreja na França. Em uma postagem nas redes sociais, declarou “protestar, como muitos, contra este insulto escandaloso e grave feito aos cristãos de todo o mundo, sem esquecer os outros excessos do espetáculo”.

Diante de pedidos de explicações, Michael Aloísio, porta-voz do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Paris 2024, reagiu neste sábado, 27 de julho, na Franceinfo: “Assumimos que ultrapassamos a linha”.

Unidade humana e fraternidade

A CEF concluiu o seu comunicado recordando que o desporto “é uma atividade maravilhosa que encanta profundamente os corações dos atletas e dos espectadores”, e que as Olimpíadas são um “movimento ao serviço desta realidade de unidade e fraternidade humana”.

Foi com um tom de esperança, unanimemente apreciado pelos espectadores, que a cerimônia de abertura terminou, com um dos pontos altos da noite: quando Céline Dion concluiu o Hino ao Amor de Edith Piaf no primeiro andar da Torre Eiffel, deixando as últimas palavras da canção ressoarem na noite parisiense: “Deus reúne aqueles que se amam”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Pantaleão

São Pantaleão (A12)
27 de julho
São Pantaleão
País: Turquia

Pantaleão nasceu em Nicomédia (atual Izmit), Turquia, no século III. Seu pai era gentio, sua mãe cristã, que o educou na Fé católica. Porém deixou-se levar pelo paganismo. Após a morte da mãe, seu pai o encaminhou para o estudo da Retórica, Filosofia e Medicina, tornando-se um médico de prestígio.

Pantaleão conheceu o virtuoso sacerdote Hermolau, que explicou a ele que Cristo é o verdadeiro Senhor da vida e da saúde, incentivando-o a conhecer “a cura que vem do alto”. Aconteceu então a Pantaleão encontrar-se diante de um menino morto pela picada de uma víbora.

Resolveu testar se era verdade o que Hermolau dizia, e disse: “Em nome de Jesus Cristo, levanta-te; e tu, animal peçonhento, sofre o mal que fizeste”. Imediatamente a criança se pôs de pé, e a serpente morreu. Pantaleão converteu-se e foi batizado, passando a atender os doentes em nome de Deus, e a curar gratuitamente aos pobres.

A época era de dura perseguição aos cristãos, promovida pelo imperador romano Diocleciano, e chegou à Nicomédia. A inveja dos médicos pagãos pelas suas curas milagrosas os levou a denunciá-lo às autoridades. Acabou por ser condenado à morte e decapitado em 303, a 27 de julho, entre os 20 e 30 anos de idade.

Parte das relíquias do seu corpo foram guardadas na Sé da cidade do Porto, em Portugal, e porções do seu sangue são conservadas em Istambul (Turquia), Ravello (Itália) e no Real Mosteiro da Encarnação em Madri (Espanha). Neste último, o sangue, em estado sólido durante a maior parte do ano, liquefaz-se próximo à data da sua festa, fato observado pelo público.

 São Pantaleão é padroeiro dos médicos e da cidade do Porto. Na Argentina está o primeiro Santuário a ele dedicado.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Pode um incrédulo intencionalmente realizar milagres? Claro, é só Deus que os realiza, mas sem dúvida Ele tem o poder de usar como instrumento de Sua ação também um incrédulo, pois as más escolhas da legítima liberdade humana não superam a capacidade divina de tirar o Bem de um mal. Mas nestes casos não há intenção participativa da pessoa, somente a graça de Deus que supera o pecado. Portanto, a expectativa de Pantaleão já era de Fé, no sentido de que de fato aceitou como possibilidade real a ressurreição do menino, e deixou livre o caminho para que fluísse a ação de Deus. É esta a atitude que devemos ter ao pedir qualquer coisa ao Senhor. O ouvir da Boa Nova através de Hermolau já criara em Pantaleão a boa disposição de alma; o apostolado nunca é vão. A cura mais milagrosa é a conversão da alma, pois significa ressuscitar da mordida da “antiga serpente”, o diabo (cf. Ap 12,9). A cada Confissão a dureza do pecado se liquefaz, seu veneno transformado em sangue novo de vida na alma. A cada Sacramento, ocorre a mudança da solidez de um barro sem vida na participação humana no vivo Sangue do Cristo Ressuscitado, de onde escorrem as boas obras da Salvação. Mas os Sacramentos só estão disponíveis, encarnados, na casa própria da realeza de Deus, a Igreja, Seu Corpo Místico, estabelecida por exemplo no Real Mosteiro da Encarnação. Na Igreja e com os Sacramentos devemos nos levantar da morte do pecado, e com autoridade denunciar a inveja do Mal que mata a si mesmo, condenando-se ao inferno: “Retira-te satanás, nunca me aconselhes coisas vãs, é mal o que tu ofereces, bebe tu mesmo o teu veneno” (parte final da oração da Medalha de São Bento).

Oração:

Senhor Deus da Vida, por intercessão de São Pantaleão, dignai-Vos solidificar o Sangue de Cristo no nosso coração, para que Ele flua em boas obras no corpo da nossa alma e todos possam por eles ver o milagre da nossa ressurreição ao Céu. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

PAIS DA IGREJA: «Santidade e Sabedoria nos Pais da Igreja

Pais da Igreja (Eclessia)

«Santidade e Sabedoria nos Pais da Igreja

Pe. José Artulino Besen*

Com a liberdade, a Igreja recebeu a oportunidade de se organizar, mas também passou a enfrentar um grande perigo, maior do que a perseguição: o controle por parte do imperador e do estado romano. Essa interferência política será sempre um perigo para a fé, ameaçada por imperadores adulados por bispos cortesãos.

Deste modo, as próprias decisões dos concílios sofrem rupturas de acordo com a vontade imperial. Mas, esta é a grande glória da Igreja nos séculos IV e V: grandes pastores, doutores na fé, santos, defenderão a doutrina sem nenhum medo, garantindo a unidade e a ortodoxia. São conhecidos como Pais (Padres) da Igreja, os Santos Pais.

A autoridade deles é tamanha no seio da Igreja que seus escritos quase são colocados ao lado dos textos da Escritura: conservaram a verdadeira doutrina, foram santos, foram sábios. Dividem-se em Pais latinos e Pais gregos, dependendo da língua utilizada.

Defensores da fé e dos pobres

Formados nas escolas de cultura pagã, colocaram essa sabedoria a serviço do Evangelho. Normalmente eram de famílias cristãs; a maioria, porém, pediu o batismo em idade adulta. Após o exercício de uma profissão profana, formaram-se espiritualmente com os Pais do Deserto, aliando a sabedoria à santidade de vida e à contemplação. Retornando a suas cidades, foram ordenados sacerdotes, sendo depois candidatos naturais ao episcopado, oferecendo à Igreja uma plêiade nunca repetida de grandes bispos.

Como pastores zelosos, seus ensinamentos foram ministrados através da catequese e da pregação. O povo que os escutava também os compreendia. Não eram teólogos profissionais: eram santos teólogos. Vale para eles a máxima da sabedoria cristã oriental: Se sabes rezar, és teólogo; se és teólogo, sabes rezar.

Os teólogos da Corte se apressavam em justificar o imperador de plantão. Já os Santos Pais não aceitavam que nada e ninguém se opusesse à doutrina verdadeira e à unidade da Igreja. Em tempos favoráveis, chamavam o imperador de “santo”: mas bastava que ele se desviasse da reta doutrina para chamá-lo de satanás ou anticristo.

Mesmo possuidores de vasta cultura, jamais se afastaram do povo, vivendo junto à multidão dos pobres e humildes. Na mais pura imitação de Cristo, são pais dos pobres. Seus sermões contra os ricos e as riquezas são tão fortes e claros que ainda hoje causam espanto.

Homens normais em sua santidade e sabedoria

«Os três Capadócios: Basílio de Cesaréia, Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa» | Ecclesia

Sobre o combativo Atanásio, patriarca de Alexandria, Gregório de Nazianzo afirmou “que estudou apenas o necessário para não parecer ignorante”. Era um homem de Igreja, amado pelo seu povo e odiado pelos adversários heréticos ou pelos poderosos. Constantino disse que ele era insolente, orgulhoso, provocador de confusão. Para salvar a unidade da Igreja, não recuava diante de nada.

Atanásio foi vítima de chantagens, calúnias, mas soube sempre responder, conduzindo o povo a seu favor. Sua defesa da fé o fez sofrer 20 anos de exílio em 46 anos de episcopado.

Toda a Igreja tem em grande conta três Pais conhecidos como os Grandes Capadócios, por serem da Capadócia: os dois irmãos, Basílio de Cesaréia e Gregório de Nissa, e Gregório de Nazianzo.

Basílio de Cesaréia, o maior dos Pais do Oriente, esperou muito tempo para pedir o batismo. Em busca do saber, peregrinou de escola em escola, frequentando os mestres de Constantinopla e de Atenas. Fundador da vida monástica oriental, teve imensa preocupação com os pobres. Percebeu a exploração dos humildes: em anos difíceis, os impostos e os dízimos eram cobrados com antecipação, criando verdadeiros escravos.

Suas palavras: “As exigências chegam ao cúmulo da desumanidade. Exploras o desespero, fazes dinheiro com lágrimas, estrangulas quem está nu, esmagas o faminto, foram ditas ao ver um pai vender um filho como escravo para escapar da miséria!”. Um prefeito, que não conseguia convencê-lo, lhe disse: “Até hoje ninguém ousou falar-me com tal liberdade”. Respondeu secamente: “Sem dúvida nunca encontraste um bispo!”

«São Gregório Nazianzeno» | Ecclesia

O pai de Gregório de Nazianzo era um herege. Com a oração da esposa converteu-se e até tornou-se bispo de Nazianzo, gerando Gregório, filho único depois batizado por ele. Gregório era muito sensível, mais propenso à poesia e à contemplação do que à administração. Foi eleito bispo de Sásima, mas se recusava a assumir um posto povoado de estrangeiros e de vagabundos. Diz, porém, que não se recusava a defender as galinhas e os porquinhos.

Gregório diversas vezes fugiu, pois não queria administração. Quando o velho bispo pai morreu, fugiu mais uma vez. Mas, sua fama persistia e acabou levando-o à escolha como patriarca de Constantinopla, onde adquiriu fama como o bispo da Trindade. Nas vezes em que novamente quis fugir, o povo dizia: “Então nos deixarás sem a Trindade?”

Gregório, durante o concílio de Constantinopla (451), não aguentou mais as discussões em que os mais jovens tagarelavam como um bando de papagaios. Preferindo pregar a Trindade a ficar discutindo, fugiu, fixando-se na diocese de seu pai, que administrou por algum tempo, dedicando-se mais à vida literária e contemplativa.

João Crisóstomo

«São João Crisóstomo» | Ecclesia

Nascido em Antioquia, João Crisóstomo (Crisóstomo = boca de ouro) nasceu para ser monge e pregador, e nunca para ser administrador ou político.

Orador nato, conhece todos os recursos para convencer e atrair os ouvintes, especialmente atraindo os humildes, objeto de sua atenção. Denuncia o luxo, a riqueza, a preguiça. A fama de orador fez chegar seu nome à capital do Império e em 397, contra sua vontade, foi praticamente sequestrado e feito patriarca de Constantinopla. Seu primeiro ato foi limpar do luxo o palácio episcopal. Passou a comer sozinho e não aceitava recepções.

João continua sendo monge e, denunciando os abusos da corte e dos bispos, se indispõe com todos, especialmente com a imperatriz Eudóxia que, para provocá-lo, fez erguer uma imagem própria diante da catedral...

Mas continuou a denunciar a imperatriz e na celebração pascal foi detido e exilado em uma pequena aldeia da Armênia, onde morreu em 407, proferindo suas últimas palavras: “Glória a Deus por tudo”. É o mais amado dos Pais orientais, sendo a liturgia ortodoxa denominada “Divina Liturgia de São João Crisóstomo”.

Qual o assunto dos Pais Orientais

A Santíssima Trindade, a Bíblia, Maria e a justiça social. Os Pais do Oriente eram movidos pelo desejo de contemplar a Deus e esclarecer seu grande mistério.

Saídos do deserto, eram monges em meio ao tumulto da cidade dos homens. O amor a Deus fê-los possuir uma imensa compaixão pelos pobres, criando obras para socorrer os famintos e abandonados.

FONTE:

Seleção "HISTÓRIA DA IGREJA"
Publicação no ECCLESIA autorizada pelo autor

* O Autor, Pe. José Artulino Besen é historiador eclesiástico, professor de História da Igreja no Instituto Teológico de Santa Catarina – ITESC desde 1975 e pároco.

 https://www.ecclesia.org.br/

sexta-feira, 26 de julho de 2024

São Joaquim e Santa Ana: exemplo de amor e dedicação

Fred de Noyelle | Deus

Karen Hutch - postado em 26/07/24

Como todo dia 26 de julho, lembramos São Joaquim e Santa Ana, que são exemplo de vida para pais e avós com seu testemunho de fé.

Geralmente conhecemos São Joaquim e Santa Ana como pais de Maria e avós de Jesus. Ao nos aprofundarmos na vida desses santos, podemos aprender mais sobre suas vidas simples, mas surpreendentes. 

Graças à espiritualidade e obediência de ambos, cumpriram a grande missão que tinham, fazendo assim parte da genealogia de Jesus e da história da salvação, pois foram uma peça importante no cumprimento do que diziam as escrituras. 

Mostramos-lhe os ensinamentos que estes grandes santos nos deixam, para lembrá-los com amor e devoção.

Renata Sedmakova | Obturador

1 MODÉSTIA

Apesar de serem um elo importante na história, nunca ocuparam o centro das atenções; antes, decidiram concentrar-se na sua missão de pais e formadores de Maria Santíssima. E María é um exemplo vivo de humildade – por isso a conhecemos como a mais humilde – graças aos seus pais que foram transmissores de valores. 

2 POBREZA

Por pobreza não nos referimos apenas à pobreza material, mas também à pobreza de coração, pois estes santos esposos souberam viver as bem-aventuranças.

A pobreza espiritual em que viviam consistia em sair de si mesmos e deixar que Deus dirigisse o caminho das suas vidas.

3 SANTO CASAMENTO

O casamento deles sempre foi construído sobre o amor, mas também sobre o respeito, a ajuda mútua e a sabedoria, mostrando-se ao serviço não só um do outro, mas também de Deus. 

Este casamento serviu de inspiração para muitos outros casamentos sagrados e também para os casamentos de hoje, dos pais aos avós.

4 IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

Francisco Goya | Wikimedia Commons | Modificado por Aleteia

Para estes esposos santos, a família sempre foi uma prioridade, porque a procuravam em todos os momentos. Monsenhor Marcos Pérez, pertencente à diocese do Equador, explicou em uma de suas mensagens : 

“Conhecemos os dois santos pelo grande fruto que deram à humanidade, a Virgem Maria, dotada de muitas virtudes, sobretudo, a sua dedicação, generosidade e humildade. Por isso, a Igreja tem por eles um carinho especial”.

5 PAPEL EDUCATIVO COMO PAIS E MAIS TARDE COMO AVÓS

O Papa Bento XVI, em 26 de julho de 2009, destacou, através das figuras de São Joaquim e Santa Ana, a importância do papel educativo dos avós, que na família "são depositários e muitas vezes testemunhas dos valores fundamentais que dão vida". 

Foi em sua casa que Maria aprendeu o serviço, a caridade e sobretudo a sua doçura acompanhada de docilidade, graças à educação que os seus pais lhe proporcionaram.

6 TRANSMISSORES DE FÉ

Santo Padre Francisco , em sua mensagem do Angelus , no Rio de Janeiro, expressou o papel desses santos como educadores na fé: “Os santos Joaquim e Ana fazem parte daquela longa cadeia que transmitiu a fé e o amor de Deus no calor da família, também Maria, que acolheu no seu seio o Filho de Deus e o deu ao mundo, deu-os a nós». 

Por isso, não hesite em pedir a intercessão destes santos maravilhosos que constituem um divisor de águas na história da Igreja. Principalmente se você é pai ou avó, confie neles, que saberão orientá-lo no processo.

 Fonte: https://es.aleteia.org/

EDITORIAL: Para honrar verdadeiramente o Corpo de Cristo

Missa de encerramento do Congresso Eucarístico dos Estados Unidos (Vatican News)

O grande Congresso Eucarístico dos Estados Unidos, as palavras de São João Crisóstomo, a defesa de toda a vida.

ANDREA TORNIELLI

No discurso proferido na abertura do Congresso Eucarístico nos Estados Unidos, em Indianápolis, na noite de 17 de julho, o núncio apostólico Christophe Pierre perguntou-se em que consiste o “renascimento eucarístico” e também qual é a prova decisiva para saber se “um despertar eucarístico está sendo experimentado”. O verdadeiro despertar eucarístico, explicou o cardeal, embora seja “sempre acompanhado pela devoção sacramental” e, portanto, pela adoração, pelas procissões, pela catequese, “deve estender-se além das práticas devocionais”. O verdadeiro despertar eucarístico, explicou o cardeal Pierre, significa ver Cristo nos outros, não só na própria família, nos amigos e na própria comunidade, mas também naqueles que sentimos distantes porque pertencem a uma etnia ou têm uma condição social diferente, ou naqueles que desafiam a nossa forma de pensar ou que têm opiniões diferentes das nossas. Estas são palavras particularmente significativas em relação à polarização que caracteriza a sociedade estadunidense e cuja influência a Igreja daquele grande país não está isenta.

As reflexões do Núncio Pierre recordam uma homilia do grande padre da Igreja, São João Crisóstomo, que disse: “Você quer honrar o corpo de Cristo? Não permita que ele seja objeto de desprezo em seus membros, isto é, nos pobres, que não têm roupas para se cobrir. Não o honre aqui na igreja com tecidos de seda, enquanto lá fora você o negligencia quando ele sofre com o frio e a nudez.... Que vantagem Cristo pode ter se a mesa do sacrifício estiver cheia de vasos de ouro, enquanto ele morre de fome na pessoa do pobre?” João Crisóstomo acrescentou: “Pense a mesma coisa de Cristo, quando ele anda errante e peregrino, precisando de um teto. Você se recusa a acolhê-lo no peregrino e, em vez disso, adorna o chão, as paredes, as colunas e os muros do edifício sagrado. Ao enfeitar o ambiente para o culto, não feche o seu coração para o irmão que sofre. Ele é o templo vivo mais precioso do que aquele”.

Outro grande bispo, dom Tonino Bello, observou: "Infelizmente, a opulência vistosa das nossas cidades nos faz ver facilmente o corpo de Cristo na Eucaristia dos nossos altares. Mas nos impede de ver o corpo de Cristo nos tabernáculos incômodos da pobreza, da necessidade, do sofrimento, da solidão. É por isso que as nossas Eucaristias são excêntricas...".

Pensando na situação dos Estados Unidos, é de se esperar que o renascimento eucarístico conduza a uma atenção cada vez maior ao corpo de Cristo nos “tabernáculos incômodos” da miséria e da marginalização. Também é de se esperar que esse renascimento promova uma atenção renovada em favor da vida e da dignidade humana, da vida frágil e indefesa, como a do nascituro, do sem-teto, do migrante. Uma atenção renovada em favor da vida daqueles que são diariamente ameaçados pela violência e pela propagação descontrolada de armas vendidas com uma impressionante facilidade: uma praga que aflige particularmente aquele grande país, cujo combate nunca será feito o suficiente pelos cristãos, ou seja, os seguidores daquele que, no Getsêmani, deteve o impulso defensivo de Pedro, ordenando-lhe que colocasse a espada de volta na bainha para depois recolocar a orelha do servo do Sumo Sacerdote ferido pelo apóstolo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Ana e São Joaquim (pais de Nossa Senhora)

Santa Ana e São Joaquim (A12)
26 de julho
Santa Ana e São Joaquim

As informações sobre os pais da Virgem Maria, São Joaquim e Santa Ana, incluindo seus nomes, não se encontram na Bíblia, mas vêm de referências de textos apócrifos, como o Protoevangelho de Tiago e o Evangelho do Pseudo-Mateus, além da Tradição. Tais fontes indicam que moravam em Jerusalém, eram judeus exemplares e piedosos, e assim esperavam a vinda do Messias.

Ana era filha de Achar e irmã de Esmeria, a mãe de Isabel e avó de São João Batista. Joaquim era um homem piedoso e muito rico, da tribo de Davi. Depois de casados, não tiveram filhos, o que, para a mentalidade judaica, era sinal de falta da bênção de Deus e condição humilhante. Suplicaram então a Deus, com orações, lágrimas e jejuns, a graça de gerarem um filho, mesmo já tendo chegado à velhice. O pedido foi atendido, e à filha deram o nome de Mirian (Maria), que significa “a amada”, “a esperada”, “a desejada”.

Até os três anos de vida, Maria morou com os pais numa casa próxima à piscina de Betesda (ou Betzaeda, Betezatá, Betsata, Betzada), onde Jesus anos depois curou milagrosamente um paralítico (Jo 5,1-9). Os Cruzados construíram no local, no século XII, uma igreja dedicada a Santa Ana, ainda existente. Foi então levada pelos pais ao Templo de Jerusalém, para ser consagrada a seu serviço, em sinal de gratidão.

 Só em 1969 a Igreja definiu um dia único para venerar o casal, 26 de julho. Anteriormente, apenas Santa Ana era festejada, e em datas diferentes no Ocidente e no Oriente. Ela é invocada como padroeira das mães (que pedem um parto feliz, filhos saudáveis e leite suficiente para amamentar) e das viúvas, nos partos difíceis e contra a esterilidade conjugal. Santana ou Sant’Ana é também nome de muitas localidades e adotado igualmente como sobrenome familiar.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Independentemente da exatidão dos dados históricos sobre os pais de Nossa Senhora, que contudo não são necessariamente falsos e condenáveis e podem ser aceitos com razoabilidade, o que unicamente importa é que foram especialmente abençoados por Deus. E seus nomes conhecidos, em Hebraico, exprimem coerentemente as suas pessoas: Ana é “graça”, e Joaquim “Javé prepara” ou “Javé fortalece”. Imensa é a graça, a fortaleza, e o preparo, necessários para alguém ser responsável por Nossa Senhora! E para nós, que A queremos levar no coração por toda a vida, não menores são a graça, o preparo e a fortaleza indispensáveis para viver responsavelmente qualquer devoção e consagração a Ela oferecidas. A vida espiritual não pode ser leviana. Deus nos pedirá contas do modo como tratamos a Sua Mãe. Mesmo para quem não Lhe é devoto, ao menos um santo respeito é exigido, mas sobretudo é o amor filial, íntegro, simples, verdadeiro, que basta na relação com a mais acolhedora das mães. Não gerar vida, diante de Deus, é sim algo humilhante, não em relação à do corpo, mas à da alma… Logo, como Joaquim e Ana roguemos incessantemente a Deus, entre lágrimas sinceras e jejum dos pecados, da indiferença e da acomodação, para sermos solo fecundo. Caso contrário, o tempo inevitavelmente passará, e a velhice de alma, que corresponde a uma paralisia no trato com Deus, nos tornará estéreis na caridade, as boas obras que são o sinal de vida eterna. Somente na intimidade fecunda com o Espírito Santo é que poderemos gerar esta vida. Mas toda vida que nasce precisa crescer, e por isso deve ser consagrada ao Senhor, para que, imersa na piscina de Suas bênçãos, se torne “Mirian”: a vida amada, a vida desejada, isto é, a vida infinita. A união da alma com Deus gera frutos de caridade, que crescem e se transformam na vida celeste que esperamos. É natural que contemos com esta sabedoria nas pessoas mais velhas (embora atualmente o hedonismo e o ateísmo corrompam mesmo muitos dos que mais deveriam estar atentos à inevitabilidade da morte), e sobretudo que a saibam transmitir às novas gerações. É um dos maiores bens que os idosos podem fazer, santificando-se e aos demais, pois a autoridade deste seu apostolado tem profunda repercussão na formação dos jovens e crianças. O seu exemplo de fidelidade aos verdadeiros valores, sob as mais diferentes circunstâncias, através de um longo período de tempo, é em si uma santificação. Por isso os mais idosos, no contexto bíblico, estão associados a referência de respeitosa veneração (cf. 2 Mc 6,23). São Joaquim e Santa Ana são portanto modelo na santidade vivida em idade avançada. A eles devemos rogar, pedindo pelo resgate da valorização dos mais velhos na sociedade atual, que senil e estéril de comunhão com Deus, induz crianças, jovens e adultos a menosprezarem e mesmo promoverem o “desfazer-se” dos anciãos, pelo crime da eutanásia.

Oração:

Deus Pai, que criastes a vida, concedei-nos por intercessão de São Joaquim e Santa Ana a graça de sermos como eles tão familiares a Nossa Senhora que, ignorados em tudo o mais, baste esta referência em nossa vida, para sermos plenamente conhecidos no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF