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sexta-feira, 2 de agosto de 2024

A Primazia de Pedro (3)

A Primazia de Pedro (Apologistas da Fé Católica)

A Primazia de Pedro

* Pedro foi o primeiro “carismático,” tendo julgado com autoridade o primeiro exemplo do dom de línguas como sendo genuíno (At 2,14-21).

* Pedro é o primeiro a pregar arrependimento e batismo Cristão (At 2,38).

* Pedro (presumivelmente) toma a liderança no primeiro batismo em massa registrado (At 2,41).

* Pedro ordenou que os primeiros Cristãos pagãos fossem batizados (At 10,44-48).

* Pedro foi o primeiro missionário itinerante, e o primeiro a exercer o que agora seria chamado de “visita pastoral” (At 9,32-38.43). Paulo pregou em Damasco imediatamente depois de sua conversão (At 9,20), mas não tinha viajado para lá com este propósito (Deus mudou seus planos). Suas viagens missionárias começam em At 13,2.

* Paulo foi a Jerusalém especificamente para ver Pedro por 15 dias no início de seu ministério (Gl 1,18), e fui incumbido por Pedro, Tiago e João (Gl 2,9) de pregar aos pagãos.

* Pedro age, com forte ênfase, como bispo/pastor-chefe da Igreja (1 Pd 5,1), já que exorta a todos os outros bispos, ou “anciãos.”

* Pedro interpreta profecia (2 Pd 1,16-21).

* Pedro corrige aqueles que fazem mau uso dos escritos de Paulo (2 Pd 3,15-16).

* Pedro escreveu sua primeira epístola de Roma, como seu bispo, e como o bispo universal (papa) da Igreja nascente, de acordo com a maioria dos estudiosos. “Babilônia” (1 Pd 5,13) é tida como um código para a Roma pagã.

Esta seção de 50 Versículos do Novo Testamento foi escrita por:

Dave Armstrong – Evangélico convertido ao Catolicismo.

Pedro é a “Pedra” ou apenas uma “pedrinha”?

Protestantes dizem que Pedro não é a “pedra” porque a palavra grega usada para “pedra” neste versículo significa uma pedrinha. Logo de início, é óbvio que existe um problema de tradução. Estudiosos têm determinado que Mateus não foi escrito em grego, mas sim em aramaico, e logo traduzido para o grego, então temos que ir à língua original na qual foi escrito para encontrar o significado verdadeiro deste versículo.

Pedro foi chamado de “Cephas” ou “Kepha(s)” em aramaico, por Cristo em Mateus 16,18, e significa uma pedra enorme ou rocha. Ele disse isso em Cesaréia de Filipe, o local de uma enorme massa rochosa. Veja Mateus 16,13. A palavra aramaica para uma pequena pedra é “evna”. “Kepha”, quando traduzido para a língua grega significa “Petra” (uma grande rocha) ou “Petros” (uma pequena pedra). Entretanto, diferente das palavras aramaicas que não têm gênero, as palavras gregas têm, e “Petra” é feminino. Tradutores do Aramaico para o Grego mudaram a palavra para o gênero masculino ou “Petros” porque não queriam designar um homem com um nome de gênero feminino.

Em Mateus 16,18, é correto dizer que Jesus teria dito: “Você é ‘Kepha’, e sobre esta ‘Kepha’, edificarei Minha Igreja.” Em grego, traduziria para: “Você é ‘Petros’, e sobre esta ‘Petra’, edificarei Minha Igreja.” Foi a tradução da palavra aramaica “Kepha” (Cephas), para a língua grega que causou a confusão entre alguns que acham que Pedro não é chamado “pedra, rocha”, mas apenas uma “pedrinha”.

Mateus 16,13-18João 1,421Coríntios 1,123,229,515,5Gálatas 2,8-9

Acusadores alegam que Pedro não podia ser a rocha porque DEUS o é: 2 Samuel 22,2. Bom, a Escritura não chama apenas Pedro de rocha, mas também chama Abraão de rocha, em Isaías 51,1-2. Mais ainda, quem é a Luz do Mundo? É Jesus Cristo em João 8,12, mas são os Discípulos em Mateus 5,14.

As palavras “Rocha” e “Luz do Mundo” não se limitam a descrever somente a DEUS, mas dependem do contexto e objetivo da mensagem.

O mandato de Pedro:

Aqui estão alguns dos atributos de Jesus Cristo que Ele transmitiu ou compartilhou com Pedro agindo por meio dele…

Jesus é:

Pedro é:

O Bom Pastor: João 10,11-14

Pastor da Igreja: João 21,17

A Porta das Ovelhas: João 10,7

João 20,21-2321,17

A Rocha: 1Coríntios 10,4

Mateus 16,18

O Fundamento: 1Coríntios 3,11

Mateus 16,18Efésios 2,20

O que carrega as chaves: Apocalipse 3,7

Mateus 16,19

Infalível: João 14,6

Lucas 10,1622,28-32

O Receptáculo da Palavra de DEUS: João 5,30

Mateus 16,17At 15,7

Que Tem Autoridade: Mateus 28,18

Mateus 18,15-20At 2,14-4015,7

Um Taumaturgo: Mc 2,2-12

At 3,6-125,15

Capaz de ressuscitar os mortos: João 11,43-44

At 9,36-42

A Cabeça Invisível de Sua Igreja: Ef 5,23-24

A Cabeça Visível da Igreja de Cristo: Mt 16,18

Os Pais da Igreja foram os mais próximos aos Apóstolos e, o que quer que tenhamos, veio a nós através deles.

Para que alguém seja qualificado como um Pai da Igreja, é preciso que cumpra quatro condições.

  1. Tem que ter vivido antes do ano 800. O último Pai do Oriente foi São Damasceno 674-749, e do Ocidente foi o Santo Venerável Beda 672-735.
  2. Tem que ter seguido ensinamentos ortodoxos, fiéis às doutrinas verdadeiras da Igreja.
  3. Santidade: Todos os Pais maiores e a maioria dos menores são Santos canonizados, e viveram vidas virtuosas.
  4. Tinha que ter uma sanção da Igreja, uma aceitação geral.

Bob Stanley

Fonte: Veritatis Splendor

Paulo VI, o diálogo como antídoto ao marketing religioso e às ofensas nas redes sociais

Sessenta anos atrás, a primeira encíclica de Paulo VI, Ecclesiam suam (Vatican News)

Uma reflexão sobre a relevância da primeira encíclica do Papa Montini sessenta anos após a sua publicação.

ANDREA TORNIELLI

O diálogo “não é orgulhoso, não é agressivo, não é ofensivo. Sua autoridade é intrínseca pela verdade que expõe, pela caridade que difunde, pelo exemplo que propõe; não é comando, não é imposição. É pacífico; evita maneiras violentas; é paciente; é generoso”. Assim escreveu Paulo VI em sua primeira encíclica, Ecclesiam suam, publicada em 6 de agosto, sessenta anos atrás. Essas poucas palavras são suficientes para intuir a extraordinária atualidade da carta de Montini, que saiu inteiramente manuscrita de sua caneta pouco mais de um ano após sua eleição como Papa, com o Concílio ainda aberto. O Papa bresciano definiu a missão de Jesus como um “diálogo de salvação”, observando que “ele não obrigou fisicamente ninguém a acolhê-lo; foi um formidável pedido de amor que, se constituiu numa tremenda responsabilidade para aqueles aos quais foi dirigida. Todavia, deixou-os livres para corresponder a ela ou recusá-la”. Uma forma de relação que mostra “um propósito de correção, de estima, de simpatia, de bondade por parte de quem a estabelece; exclui a condenação apriorística, a polêmica ofensiva e habituai, a vaidade da conversa inútil”. Não se pode deixar de notar a distância sideral dessa abordagem em relação àquela que caracteriza muita fofoca digital por parte de quem julga tudo e todos, usa linguagem depreciativa e parece precisar de um “inimigo” para existir.

O diálogo, que para Paulo VI é inerente ao anúncio evangélico, não tem por objetivo a conversão imediata do interlocutor - conversão que, aliás, é sempre obra da graça de Deus, e não da sabedoria dialética do missionário - e pressupõe “o estado de “espírito de quem... sente que não pode mais separar a própria salvação da busca da salvação dos outros”. Em suma, não nos salvamos sozinhos. Também não nos salvamos erguendo cercas ou nos fechando em fortalezas separados do mundo para cuidar dos “puros” e evitar a contaminação. O diálogo é “a união da verdade com a caridade, da inteligência com o amor”. Não é o cancelamento da identidade de quem acredita que para anunciar o Evangelho é necessário conformar-se com o mundo e suas agendas. Não é a exaltação da identidade como separação que faz olhar os “outros” de cima para baixo. «A Igreja deve dialogar com o mundo em que vive. A Igreja torna-se palavra; a Igreja torna-se mensagem; a Igreja torna-se conversa», porque «mesmo antes de convertê-lo, aliás, para convertê-lo, deve aproximar-se do mundo e falar com ele». E o mundo, explica Paulo VI, “não é salvo de fora”.

Mas a primeira encíclica do Papa Montini, desde suas primeiras palavras, contém outras indicações valiosas para os tempos que estamos vivendo. Ecclesiam suam, a Igreja é “sua”, é de seu fundador Jesus Cristo. Ela não é “nossa”, não é construída por nossas mãos, não é fruto de nossa habilidade. A sua eficácia não depende do marketing, de campanhas estudadas, do público ou da capacidade de encher estádios. A Igreja não existe porque é capaz de produzir grandes eventos, fogos de artifício midiáticos e estratégias de influencer.

Ela está no mundo para reluzir, por meio do testemunho cotidiano de muitos “pobres cristãos”, pecadores perdoados, a beleza de um encontro que salva e dá um horizonte de esperança. Está no mundo oferecer a todos a oportunidade de encontrar o olhar de Jesus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Eusébio

Santo Eusébio (A12)
02 de agosto
País: Itália
Santo Eusébio

Eusébio nasceu na ilha da Sardenha, Itália, em 283. Seu pai morreu na perseguição aos cristãos do imperador Diocleciano, depois do que sua mãe o levou para Roma, onde completou seus estudos eclesiásticos. Foi ordenado sacerdote e eleito reitor na cidade, vivendo ali por algum tempo e mudando-se posteriormente para Vercelle (atual Vercelli) no Piemonte. Foi consagrado bispo desta diocese entre 340-345.

Segundo Santo Ambrósio, ele foi o primeiro bispo do Ocidente a unir a vida monástica à clerical, convivendo com o clero numa vida inspirada nos cenobitas orientais, com o estudo dos santos livros, o serviço nas paróquias e trabalhando manualmente para prover a própria subsistência. Esta concepção inspirou as futuras comunidades de cônegos regulares na Igreja.

Em 355 participou, forçado pelo imperador Constâncio, ariano, do Concílio de Milão; previa que os hereges não aceitariam os decretos do Concílio de Nicéia (que condenavam o arianismo) e por isso perseguiriam Santo Atanásio, defensor da verdadeira Fé. De fato, sua participação foi exigida, mas somente depois que um documento contra Santo Atanásio já estivesse redigido, e apenas para obter nele a sua assinatura de concordância. Por se recusar a isto, foi exilado, inicialmente em Citópolis na Síria, onde foi cruelmente tratado pelo bispo ariano Patrófilo. Ali foi preso e isolado de comunicação com os católicos, sofrendo castigos físicos e psicológicos. Os protestos veementes do povo, ao tomar conhecimento do fato, levaram à sua libertação, e ele foi mandado para a Capadócia na Turquia, e de lá para o deserto de Tebaida, no Egito. Ficou ali até 362, quando o novo imperador, Juliano o Apóstata, permitiu que bispos presos retornassem às suas dioceses.

Contudo Eusébio ainda permaneceu no Oriente. Com Santo Atanásio, convocou o Sínodo de 362 em Alexandria, para novamente defender a Fé contra os arianos. Pregou depois em Antioquia e na Ilíria, voltando a Vercelle em 363. Ajudou então Santo Hilário de Poitiers na supressão do arianismo na Igreja Ocidental.

Faleceu em Vercelle em 1 de agosto de 371, e é considerado mártir da Igreja, em função não de morte cruenta, mas dos seus sofrimentos que incluíram exílios e torturas em defesa da verdadeira Fé.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Defender os santos e a santidade também nos santifica. Muitas são as heresias deste mundo, que sempre pressiona e pune os que buscam e vivem a Verdade e a convivência harmoniosa numa comunidade de obediência a Deus. Este mundo é de fato um exílio e um deserto, não nosso lar definitivo, e como Santo Eusébio devemos estar dispostos a não nos apegarmos e cedermos às propostas de uma passageira hospedagem – um hotel com uma ou muitas “estrelas” de qualidade – que inevitavelmente fechará suas portas e dos quais serão encerradas e pagas as contas. Ao contrário, para evitar o calor insuportável de um deserto e exílio definitivo, subamos à Barca de Pedro que é a Igreja Católica e sigamos a Estrela do Mar que é Nossa Senhora, assinando o nome de nossas almas somente no documento da Cruz salvadora do Senhor.

Oração:

Deus de amor e providência, que nos consagrastes para a vida celeste, Concedei-nos pela intercessão de Santo Eusébio resistir como ele aos conciliábulos do erro, de modo a que não permaneçamos ilhados de Vós num martírio infinito e inglório, mas pelo estudo dos santos textos, do serviço de caridade ao próximo e no trabalho de segurar nas nossas almas o alimento Eucarístico da verdadeira Vida, participemos do sínodo permanente a que nos convocais no Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Caio Bonfim diz “Jesus” em libras no pódio das Olimpíadas Paris 2024

Caio Bonfim faz o sinal que significa "Jesus" | Captura de vídeo | ACI Digital

Caio Bonfim, prata na marcha atlética, diz “Jesus” em libras no pódio das Olimpíadas Paris 2024

Por Natalia Zimbrão*

1 de agosto de 2024

O brasileiro Caio Bonfim, de 33 anos, conquistou hoje (1º) a medalha de prata na marcha atlética, nas Olimpíadas de Paris 2024. Ao ser chamado ao pódio, o marchador fez o mesmo gesto feito pela skatista Rayssa Leal no domingo (28), que significa “Jesus” em língua brasileira de sinais (Libras). A iniciativa vai contra as regras do Comitê Olímpico Internacional COI), que proíbe manifestações religiosas nos jogos e, por isso, é passível de punição.

A Carta Olímpica determina em sua regra 50 que “não é permitido nenhum tipo de manifestação política, religiosa ou racial”.

No domingo, ao ser apresentada antes de entrar na pista, Rayssa Leal disse em libras: “Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida”. Em entrevistas depois da competição, ela disse que fez o gesto porque costuma fazer “em todas as competições” e porque é “cristã”.

Hoje, ao ser chamado ao pódio, Caio Bonfim, que é evangélico como Rayssa, fez o sinal com as mãos que significa “Jesus” e apontou para o céu.

Na premiação de hoje, os atletas receberam apenas a mascote das Olimpíadas, porque a entrega das medalhas acontecerá amanhã (2), no Stade de France, palco das principais competições do atletismo.

Sobre o caso Rayssa Leal, o COI disse em comunicado enviado ao jornal  O Estado de São Paulo: “Estivemos em contato com o Comitê Olímpico do Brasil e lembramos a eles das Diretrizes de Expressão do Atleta”. Apesar da notificação, a skatista não foi punida.

Apesar de o COI proibir manifestações religiosas nas Olimpíadas, na cerimônia de abertura dos jogos, na sexta-feira (26), uma cena blasfema reproduziu a Última Ceia com drag queens.

Depois da indignação provocada no mundo inteiro, representantes do comitê organizador disseram que a cena pretendia representar o quadro "O Banquete dos Deuses" do pintor holandês Jan van Bijlert. Mas, os "artistas" que participaram da encenação confirmaram em declarações à imprensa francesa que sua intenção era de fato imitar a pintura de Leonardo Da Vinci da Última Ceia.

“Deus me segurou”, diz Caio Bonfim

Essa foi a quarta participação de Caio Bonfim nas Olimpíadas e sua primeira medalha olímpica. Depois da competição, Caio disse à Cazé TV que sentiu “a mão de Deus” lhe “segurando e falando: ‘Vamos, cara’”.

Antes de se tornar um atleta medalhista olímpico, Caio Bonfim enfrentou alguns desafios desde sua infância. Em uma publicação em suas redes sociais em janeiro, ele disse que nasceu saudável, mas, aos sete meses, teve meningite bacteriana e ficou 15 dias internado. “Para honra e glória de Deus eu não tive nenhuma sequela”, disse. Quando completou um ano, “misteriosamente” suas pernas “começaram a entortar”. O médico disse que era um caso para cirurgia e que “teria que repetir essa cirurgia constantemente”, porque suas “pernas voltariam a entortar”. “Mal sabia ele dos planos de Deus”, disse.

Bonfim fez a cirurgia e ficou um tempo usando gesso nas pernas. “Por fim, retirei o gesso e pude ter uma vida normal, não precisei fazer outras cirurgias, pois contrariando o prognóstico as pernas não entortaram”, contou.

O menino cresceu, jogou futebol e, aos 16 anos, fez seu primeiro teste para a marcha atlética. Aos 18 anos, “com o corpo adulto”, fez nova avaliação médica. “Chegando ao consultório, contamos ao médico que eu havia me tornado um atleta, ele ficou surpreso, riu e brincou: ‘mas eu não te fiz para ser um atleta, fiz pra ser no máximo jogador de dominó’”, lembrou.

Caio recordou que quando o médico viu o resultado dos exames ficou “maravilhado com os resultados. E, surpreso, disse: É, o milagre realmente foi grande, o seu corpo é totalmente adaptado para o seu esporte”.

“Ao longo desses 17 anos de carreira Deus tem me presenteado com várias bênçãos, medalhas em Jogos Panamericanos, medalhas em campeonatos mundiais, finalista em jogos olímpicos. São inúmeras as minhas vitórias no esporte, mas a mais valiosa é poder espalhar o amor e a bondade de Deus por onde eu for”, disse.

*Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/58612/caio-bonfim-prata-na-marcha-atletica-diz-jesus-em-libras-no-podio-das-olimpiadas-paris-2024

A tristeza e a acídia

Desânimo espiritual ou "acídia" (arquidiocesesalvador)

A tristeza e a acídia 

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

A distinção gramatical entre tristeza e acídia é de suma relevância, especialmente no contexto da espiritualidade cristã. Embora ambos os termos possam parecer semelhantes em suas manifestações externas, eles possuem diferenças conceituais significativas que são fundamentais para o entendimento da moralidade e da prática cristã. 

Na Suma Teológica, Pars Prima Secundae, Santo Tomás de Aquino aborda a tristeza no contexto do Tratado das Paixões da Alma (Questões 35 a 39). Ele a define como uma paixão que surge do reconhecimento de um mal presente, que contraria o desejo do bem. Em sua essência, a tristeza é uma reação à perda ou à ausência de um bem percebido. Santo Tomás explora a relação entre dor e tristeza, apontando que a tristeza pode ser vista como uma dor interior, uma aflição da alma que se manifesta quando o mal é experimentado ou percebido. 

Além disso, Aquino diferencia entre a tristeza que é conforme à razão e aquela que é contrária à razão. A tristeza conforme à razão pode surgir do pesar pelos próprios pecados ou do lamento pelas injustiças do mundo, sendo, portanto, uma tristeza “boa” que conduz ao arrependimento e à conversão. Por outro lado, a tristeza contrária à razão é aquela que leva ao desespero e à desesperança, podendo ser considerada um mal, pois afasta a alma de Deus e da prática das virtudes. 

A acídia, segundo Santo Tomás de Aquino, é uma espécie particular de tristeza, distinta por sua natureza e efeitos. Definida como “uma tristeza que leva à apatia”, a acídia é vista como um vício capital que afeta especificamente o desejo de Deus e das coisas divinas. É um tipo de abatimento espiritual que resulta na falta de motivação para realizar atos bons e virtuosos, incluindo a oração e a contemplação (Suma Teológica, Secunda Secundae, Tratado sobre a Caridade, Questão 35). 

A acídia é frequentemente associada à preguiça, mas é mais profunda e complexa. Ela representa uma forma de desespero que mina a energia espiritual, levando à inação e ao abandono das responsabilidades espirituais. É por isso que Aquino classifica a acídia como um pecado capital, pois é a raiz de muitos outros pecados, como a negligência dos deveres religiosos e o afastamento da vida comunitária e eclesial. 

O Papa Francisco, tanto em suas catequeses quanto na Evangelii Gaudium, aborda a tristeza e a acídia em uma perspectiva pastoral, enfatizando a necessidade de discernimento e combate a essas realidades espirituais. Na catequese sobre a tristeza, o Papa Francisco distingue entre uma tristeza saudável, que leva ao arrependimento e à conversão, e uma tristeza perniciosa, que paralisa e impede a ação (Audiência Geral, 07/02/2024). Ele alerta contra a “tristeza do mundo” que leva à morte espiritual e destaca a importância de cultivar a alegria do Evangelho e a esperança cristã (Audiência Geral, 07/02/2024; Evangelii Gaudium, 1-4; 83.275). 

O Papa Francisco descreve a acídia como uma tentação perigosa, muitas vezes disfarçada de preguiça ou apatia. Ele a considera uma forma de falta de cuidado espiritual, que afeta especialmente aqueles que se sentem sobrecarregados pelas exigências da vida moderna. Francisco enfatiza a necessidade de paciência na fé e de perseverança, mesmo diante da aridez espiritual, como um antídoto contra a acídia (Audiência Geral, 14/02/2024). 

Para evitar a “tristeza melosa” que se apodera da alma, é preciso cultivar uma espiritualidade de profunda intimidade e comunhão com Deus (Evangelii Gaudium, 83). A fé cristã oferece os recursos necessários para superar tanto a tristeza quanto a acídia, através do cultivo da esperança cristã e da prática das virtudes. A participação na comunidade eclesial e a vivência dos sacramentos também desempenham um papel fundamental no fortalecimento da fé e na prevenção do desânimo espiritual. A luta contra a tristeza e a acídia é uma batalha contínua, mas essencial para viver uma vida cristã plena e significativa. Em Cristo, podemos encontrar a alegria e a paz que superam todas as formas de tristeza e desânimo, pois ser cristão não é um peso, mas um dom. Encontrar Cristo foi o acontecimento mais importante de nossas vidas (Documento de Aparecida, 23; 32: Evangelii Gaudium, 2-4; 10). 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A Primazia de Pedro (2)

A Primazia de Pedro (Apologistas da Fé Católica)

A Primazia de Pedro

Os nomes de Pedro, que incluem Simão e Cefas, são mencionados mais vezes no Novo Testamento que os de qualquer outro Apóstolo.

“Muito se sabe sobre Pedro. Pedro é mencionado 195 vezes, o resto dos Apóstolos somente 130 vezes. O mais próximo a Pedro mencionado em termos de frequência é João, do qual há 29 referências.”

Arcebispo Fulton J. Sheen, “Life of Christ” (“Vida de Cristo”), página 106.

O nome Tiago é mencionado num total de 38 vezes e deste número havia 2 pessoas: Tiago Maior e Tiago Menor. Então se dizem que Tiago Menor tinha a primazia, por que ele é mencionado tão poucas vezes comparado com Pedro?

Toda vez que os nomes dos Apóstolos são listados, exceto por Gl 2,9, seu nome aparece primeiro. Em Mt 10,2 é até dito que Pedro é o primeiro: “Eis os nomes dos doze Apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro,…”. Veja também Mc 3,16, Lc 6,13-14, e At 1,13.

O nome de Pedro aparece primeiro também quando 3 ou 4 dos Apóstolos são listados: Mt 17,1, Mc 5,37, Mc 9,2, Mc 13,3, Mc 14,33, Lc 5,8-10, Lc 8,51, Lc 9,28.

Quanto a Gl 2,9, era costume então, como é até hoje, nomear o Bispo da Diocese primeiro. Se o Papa visitava uma Diocese, o Bispo seria nomeado antes dele, conforme o protocolo adequado. Em Gl 2, Pedro estava visitando Jerusalém, conforme indicam os versículos 1-8.

Nunca deixa de me espantar o fato de que aqueles que negam a Primazia de Pedro, invariavelmente apontam para este único versículo onde Pedro é nomeado em segundo lugar e ignoram completamente os muitos versículos que listam o seu nome primeiro. Se Tiago tivesse a primazia conforme alguns gostariam que acreditássemos, então por que ele só é mencionado em primeiro lugar num único versículo?

Através da história da nossa salvação, DEUS tem sempre providenciado uma ‘Figura Paterna‘ para guiar Seu povo. Alguns exemplos são: Noé, Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Davi, Salomão e Pedro e a sucessão de Papas.

50 versículos do Novo Testamento que mostram a “primazia” de São Pedro….

* Mateus 16,18: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” A “pedra” (em grego: “petra”) mencionada aqui é o próprio São Pedro, não a sua fé ou Jesus Cristo. Cristo aparece aqui não como o fundamento, mas como o arquiteto que “constrói”. A Igreja é erguida, não sobre confissões, mas sobre confessores – homens viventes (veja Pe 2,5). Hoje, o consenso esmagador da grande maioria dos estudiosos e comentadores é a favor do que a Igreja tradicionalmente entendeu. Aqui São Pedro é mencionado como a pedra-fundamental da Igreja, fazendo dele cabeça e superior da família de Deus – quer dizer, a semente da doutrina do papado. Mais ainda, “Pedra” incorpora uma metáfora aplicada a ele por Cristo num sentido análogo ao do Messias sofredor e desprezado (veja 1Pe 2,4-8Mt 21,42). Sem uma fundação sólida a casa cai. São Pedro é a fundação, mas não o fundador da Igreja; administrador, mas não o Senhor da Igreja. O Bom Pastor (Jo 10,11) nos dá também outros pastores (Ef 4,11).

* Mateus 16,19: “Eu te darei as chaves do Reino dos céus.” O “poder” das chaves tem a ver com a autoridade em assuntos de disciplina e administração eclesiástica com relação aos requisitos da fé, como em Isaías 22,22 (veja Is 9,6; Jó 12,14; Ap 3,7). De seu poder flui o uso de censuras, excomunhão, absolvição, disciplina batismal, a imposição de penalidades e poderes legislativos. No Antigo Testamento, um administrador, ou primeiro ministro, é um homem que está “encarregado de uma casa” (Gn 41,40; Gn 43,19; 44,4; 1 Rs 4,6; 16,9; 18,3; 2 Rs 10,5; 15,5; 18,18; Is 22,15, Is 20-21).

* Mateus 16,19: “Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” “Ligar” e “desligar” eram termos técnicos rabínicos que significavam “proibir” e “permitir” com referência à interpretação da lei e, secundariamente, “condenar”, “colocar sobre banimento”, ou “exonerar.” Dessa forma é dada a São Pedro e aos papas a autoridade de determinar as regras para doutrina e vida pela virtude da revelação e da orientação do Espírito (veja Jo 16,13), assim como demandar obediência por parte da Igreja. “Ligar e desligar” representam os poderes legislativo e judiciário do papado e dos bispos (Mt 18,17-18Jo 20,23). São Pedro, entretanto, é o único apóstolo que recebe esses poderes pelo nome e no singular, dando-lhe assim a primazia.

* O nome de Pedro aparece primeiro em todas as listas de Apóstolos (veja Mt 10,2Mc 3,16Lc 6,14At 1,13). Mateus até o chama “o primeiro” (10,2). (Judas Iscariotes é invariavelmente mencionado por último.)

* Pedro é quase sem exceção nomeado primeiro sempre que aparece mais alguém. Num exemplo do contrário, Gálatas 2,9, onde ele é listado depois de Tiago e antes de João, ele é claramente superior no contexto inteiro (veja, por exemplo, Gal 1:18-192:7-8). Tomado em contexto, Paulo está em Jerusalém (2,1), a Sé de Tiago. O protocolo até hoje é que o Bispo da diocese seja mencionado primeiro antes de qualquer visitante ser mencionado, mesmo que seja o Papa. São Paulo estava meramente seguindo o protocolo adequado no versículo 2,9.

* Somente Pedro entre os apóstolos recebe um nome novo, “Pedra”, conferido solenemente (Jo 1,42; Mt 16,18).

* Cristo pede a Pedro três vezes para alimentar Suas ovelhas, é reconhecido por Jesus como o pastor-chefe depois dele mesmo (Jo 21,15-17), singularmente pelo nome, e sobre a Igreja universal, mesmo que outros tenham um papel similar, embora subordinado (At 20,281 Pd 5,2).

* Somente Pedro entre os apóstolos é mencionado pelo nome como tendo sido objeto de oração por parte de Jesus Cristo para que sua “fé não falhasse” (Lc 22,32).

* Somente Pedro entre os apóstolos é exortado por Jesus a “fortalecer seus irmãos” (Lc 22,32).

* Pedro é o primeiro a confessar a divindade de Cristo (Mt 16,16).

* Somente a Pedro é dito que recebeu conhecimento divino por uma revelação especial (Mt 16,17).

* Pedro é reconhecido pelos Judeus (At 4,1-13) como líder e representante da Cristandade.

* Pedro é reconhecido da mesma forma pelas pessoas comuns (At 2,37-41; 5,15).

* Jesus Cristo associou unicamente Pedro a ele próprio no milagre do dinheiro do tributo (Mt 17,24-27).

* Cristo prega do barco de Pedro, e se segue a pesca milagrosa (Lc 5,1-11) talvez uma metáfora para o papa como um “pescador de homens” (Mt 4,19).

* Pedro foi o primeiro apóstolo a ir e entrar no túmulo vazio (Lc 24,12; Jo 20,6).

* Pedro é apontado por um anjo como o líder e representante dos apóstolos (Mc 16,7).

* Pedro lidera os apóstolos na pesca (Jo 21,2-3.11). A barca de Pedro tem sido considerada pelos Católicos como uma figura da Igreja, com Pedro no leme.

* Somente Pedro se atira ao mar para vir até Jesus (Jo 21:7).

* As palavras de Pedro são as primeiras registradas e as mais importantes na Sala Superior antes de Pentecostes (At 1,15-22).

* Pedro toma a liderança ao pedir um substituto para Judas (At 1,22).

* Pedro é a primeira pessoa a falar (e o único a ser registrado) depois de Pentecostes, então ele foi o primeiro Cristão a “pregar o Evangelho” na era da Igreja (At 2,14-36).

* Pedro faz o primeiro milagre da Era da Igreja, curando um homem aleijado (At 3,6-12).

* Pedro pronuncia o primeiro anátema (Ananias e Safira) confirmado enfaticamente por Deus (At 5,2-11).

* A sombra de Pedro faz milagres (At 5,15).

* Pedro é a primeira pessoa depois de Cristo a ressuscitar os mortos (At 9,40).

* Um anjo diz a Cornélio para procurar Pedro e receber instrução sobre o Cristianismo (At 10,1- 6).

* Pedro é o primeiro a receber os pagãos, depois de uma revelação de Deus (At 10,9-48).

* Pedro instrui os outros apóstolos sobre a catolicidade (universalidade) da Igreja (At 11,5-17).

* Pedro é o objeto da primeira intervenção divina em nome de um indivíduo na Era da Igreja (um anjo o liberta da prisão – At 12,1-17).

* A Igreja inteira (ênfase fortíssima) reza por Pedro “sem cessar” quando ele é preso (At 12,5).

* Pedro preside e abre o primeiro concílio do Cristianismo, e determina princípios que depois são aceitos por este (At 15,7-11).

* Paulo diferencia as aparições pós-ressurreição do Senhor a Pedro das aparições aos outros apóstolos

(1 Cr 15,4-5).

* Fala-se de Pedro frequentemente como distinto entre os apóstolos (Mc 1,36; Lc 9,28.32; At 2,37; 5,29;

1 Cr 9,5).

* Pedro é frequentemente o representante dos outros apóstolos, especialmente em momentos climáticos

(Mc 8,29; Mt 18,21; Lc 9,5; 12,41; Jo 6,67).

* O nome de Pedro é sempre o primeiro a ser listado no “círculo interno” dos discípulos

(Pedro, Tiago e João – Mt 17,1; 26,37.40; Mc 5,37; 14,37).

* Pedro é frequentemente a figura central em relação a Jesus em cenas dramáticas do Evangelho, como por exemplo andar sobre as águas (Mt 14,28-32, Lc 5,1, Mc 10,28, Mt 17,24).

* Pedro é o primeiro a reconhecer e a rejeitar heresia em Simão o Mago (At 8,14-24).

* O nome de Pedro é mencionado com mais frequência do que o de todos os outros discípulos juntos: 191 vezes (162 como Pedro ou Simão Pedro, 23 como Simão e 6 como Cefas).

João é o seguinte em termos de frequência com apenas 48 aparições, e Pedro está presente em 50 por centro do tempo no qual encontramos João na Bíblia. O Arcebispo Fulton Sheen calculou que todos os outros discípulos juntos foram mencionados 130 vezes. Se isto é correto, Pedro é citado em 60% do tempo no qual outro discípulo é citado.

* A proclamação de Pedro em Pentecostes (At 2,14-41) contém uma interpretação da Escritura totalmente autoritária, uma decisão doutrinal e um decreto disciplinador com relação aos membros da “Casa de Israel” – um exemplo de “ligar e desligar”.

Bob Stanley

Fonte: Veritatis Splendor

As novas formas de escravidão no relatório de Save the Children

As novas formas de escravidão no relatório de Save the Children (Vatican News)

São 50 milhões as pessoas vítimas das novas formas de escravidão, das quais 12 milhões são menores de idade. Esses são os números surpreendentes denunciados pela organização não governamental por ocasião do Dia Internacional contra o Tráfico de Seres Humanos, celebrado no dia 30 de julho. Raffaela Milano, diretora de pesquisa e treinamento da Save the Children: 'A escravidão moderna é o resultado de crises mundiais, nossa tarefa é restaurar a confiança nessas crianças'.

Emilio Sortino – Vatican News

Para marcar o Dia Internacional contra o Tráfico de Pessoas, celebrado no último dia 30 de julho, Save the Children publicou seu relatório anual intitulado "Pequenos Escravos Invisíveis", agora em sua 14ª edição. O dossiê deste ano abre as portas para um fenômeno que é tão grande quanto desconhecido: as formas contemporâneas de escravidão. Do trabalho forçado à exploração sexual, do envolvimento em atividades ilícitas aos casamentos forçados: há mais de 50 milhões de pessoas envolvidas nesse fenômeno dramático, 12 milhões das quais são crianças, como Raffaela Milano, diretora de pesquisa e treinamento da organização não governamental, enfatiza à Rádio Vaticano-Vatican News: "estamos falando de crianças, meninas e adolescentes envolvidos em formas de exploração que são tão diversas quanto brutais e que, em muitos casos, se sobrepõem umas às outras, destruindo a vida desses jovens em várias frentes".

Uma tendência crescente

Os números desse fenômeno aumentam a cada ano, destacando um aspecto preocupante do mesmo. "A partir das análises realizadas nos últimos anos, vimos como certos fatores contribuíram para reforçar essas formas de abuso", continua Milan, "como a emergência da Covid, crises humanitárias, crises climáticas e, acima de tudo, conflitos regionais ou nacionais. Nas áreas de conflito, de fato, as circunstâncias produzem um aumento da pobreza e situações de vulnerabilidade familiar e pessoal, que se traduzem em exploração". Para reverter a situação, explica Milan, "é necessário focar na questão do investimento dos países na elaboração de políticas de combate à escravidão, que são cada vez mais fortes em nível internacional e nacional".

Tráfico de pessoas e o papel da migração

O relatório enfatiza a forte ligação entre os fluxos migratórios, a falta de canais seguros de migração e o tráfico de pessoas. "A dificuldade de acesso a canais seguros e legais de migração inevitavelmente alimenta o tráfico, já que o migrante é forçado a passar por estresse psicológico e físico grave e também é exposto ao risco de várias formas de exploração nos países de trânsito e de chegada. Isso também pode ser visto na Europa", ressalta Milan, "onde menores desacompanhados correm o risco de acabar nas mãos de traficantes inescrupulosos devido à ausência de canais rápidos de reunificação familiar".

Save the Children e a importância da confiança

Save The Children atua em todo o mundo nessas emergências, colaborando com organizações internacionais e nacionais para proteger as figuras mais frágeis, como crianças, adolescentes ou mulheres com filhos, quando chegam às áreas de fronteira terrestre ou marítima. Como explica Raffaella Milano, "o primeiro período de recepção é crucial: é necessário identificar imediatamente as vítimas do tráfico para fazer com que os meninos e as meninas entendam que podem recuperar a confiança em si mesmos e nos outros; porque todos eles passaram por uma espécie de traição por parte das pessoas em quem depositaram suas esperanças; enganados e arrastados para situações dramáticas. Devemos, então, infundir neles a força para que possam olhar para o futuro com serenidade."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A primazia do sucessor de Pedro no mistério da Igreja (2)

A primazia do sucessor de Pedro (iCatólica)

A primazia do sucessor de Pedro no mistério da Igreja

Considerações sobre o recente Documento da Congregação para a Doutrina da Fé.

do Cardeal Vincenzo Fagiolo

Do Vaticano II a João Paulo II 

O magistério pontifício mais recente desenvolveu-se sobretudo com o ensinamento do Vaticano I e do Vaticano II. A primeira, depois de ter indicado a finalidade do primado no prólogo, dedica o corpo do texto a expor o conteúdo ou alcance do poder inerente, iure divino , ao próprio primado. O Vaticano II não se deteve no conteúdo do primado, para não repetir o que o Vaticano I já havia apoiado, do qual reafirmou toda a doutrina. Continuando na linha do Concílio anterior, o Vaticano II completou o seu ensinamento, tratando principalmente do tema da finalidade. E fê-lo com particular atenção ao mistério da Igreja como Corpus Ecclesiarum (cf. Lumen gentium n. 23). O Vaticano II baseou as suas considerações communiono princípio teológico da Igreja communio era tão sentido, acreditado e desejado já nos primeiros séculos da Igreja que dele surgiu a respectiva instituição jurídica. Segundo o qual aqueles que não estavam na communio fidei ou na communio sacramentorum ou na communio disciplinae não eram considerados e considerados membros plenos da Igreja . Este último, certamente não da mesma entidade teológica dos dois primeiros, foi, no entanto, considerado necessário, também porque protegia os primeiros e era um guia para vivê-los. Sempre à luz deste instituto, também nos é fácil compreender as considerações acima mencionadas da Congregação Romana, especialmente quando nos lembra que “o bispo de Roma pertence ao seu colégio [de bispos] e eles são seus irmãos no ministério" ( Doc . n. 5. Ver Ut unum sint n). 

Como antigamente, ainda hoje é possível conceber e avaliar, mesmo concretamente, o exercício do poder. Com o princípio da comunhão não é difícil compreender como cada parte do corpo, composta por diferentes membros com diferentes funções, está ligada à cabeça. Expressando este conceito, São Leão Magno explicou que «entre todos os membros privilegiados do corpo místico, os dois apóstolos Pedro e Paulo tiveram uma função verdadeiramente especial da parte de Deus. São quase dois olhos daquela cabeça que é Cristo” ( Sermo 82, 1, 6-7). E com o discurso ( Sermo 4, 1-2) no aniversário da sua eleição, recordou que “todo o corpo da Igreja reconhece que o caráter sagrado da dignidade pontifícia é único”. E assim é porque, acrescentou, não devemos parar «de considerar o nosso pobre, mas antes a glória do bem-aventurado Pedro apóstolo [...], aquele que se encontrou próximo da própria fonte dos carismas e foi preenchido por ele e como se estivesse submerso. É por isso que muitas prerrogativas eram exclusivas da sua pessoa e, por outro lado, nada foi transmitido aos seus sucessores que já não estivesse nele.” O problema, porém, surge do inverso desta última frase, que em si é dogmaticamente fundamentada e sustentada pela fé: “Nada foi transmitido aos seus sucessores que não fosse encontrado nele”. Mas perguntemo-nos: há algo nos sucessores que não existia em Pedro? Com esta pergunta entramos na segunda parte do Documento da Congregação para a Doutrina da Fé sobre “o exercício do primado e suas modalidades” (nn. 7-15).

Dada a clara fonte bíblica ou, mais especificamente, o mandato divino (cf. Mt 16, 18 ; Lc 22, 32; Jo 21, 15-17), é dogmaticamente certo que Cristo quis que «o colégio apostólico fosse perfeitamente um, com restrições duplas e muito rigorosas. O primeiro é o interno da fé e da caridade que foi derramado nos corações através do Espírito Santo (cf. Rm 5, 5). O outro é o externo do governo de um sobre todos. A Pedro, de facto, foi confiada a primazia sobre os outros apóstolos como princípio perpétuo e fundamento visível da unidade (ver Pio XI, Ecclesiam Dei , em AAS 15, 1923, 573 ss.).

O problema emerge em todo o seu valor teológico e jurídico, pastoral e ecumênico, quando o elemento que o liga ao mistério salvífico de Cristo e à missão específica da Igreja não é visto no exercício do primado ou do governo do Papa. A partir desta ligação, é imediata e claramente evidente que a Igreja, mesmo - ou antes de tudo - no seu cume, não é um poder que possa seguir os parâmetros do poder civil (a distinção que muitas vezes ecoa nos textos patrísticos é clássica: Sacerdotium distinto de Imperium Imperatoribus palatia Sacerdotibus Ecclesiae ) e que o primado «não é um cargo de coordenação ou de presidência, nem pode ser reduzido a um primado de honra , nem pode ser concebido como uma monarquia política» ( Doc . n. 7). Contudo, o conhecimento dos limites que circunscrevem a potestas sacra em geral e a pontifícia em particular não é tão imediato. Os limites que o primado não pode certamente ultrapassar são aqueles "que procedem da lei divina e da inviolável constituição divina da Igreja contida na Revelação" ( Doc . n. 7). 

A Congregação para a Doutrina da Fé no contexto das potestas petrinas indica quais funções do bispo de Roma são antes de tudo «uma responsabilidade específica e particular na missão evangelizadora» (ver LG n. 23; CIC cân. 782 § 1), que representa e é um ofício magisterial supremo e universal em toda a Igreja (ver Concílio Vaticano I, Pastor aeternus c. 4) e que também implica, em certos casos, a prerrogativa da infalibilidade (ver LG n. 25 749 § 1º do CCEO ; Juntamente com a função magisterial do primado, a missão do sucessor de Pedro «compreende a faculdade de implementar os atos de governo eclesiástico necessários ou convenientes para promover e defender a unidade da fé e da comunhão» ( Doc . n. 10). 

Este poder de jurisdição, em referência ao seu exercício , é definido como “ordinário, supremo, pleno, imediato e universal na Igreja, poder que [o papa] pode sempre exercer livremente” ( CIC cân. 331). Se esta definição não causa dificuldades, surge o problema de determinar quais , quando e se os atos governamentais são necessários ou convenientes para toda ou apenas uma parte da Igreja. Estes atos foram muito diferentes na vida bimilenária da Igreja: o que no início não se enquadrava, pelo menos de facto, no âmbito do exercício primacial, hoje é a norma: hoje o sumo pontífice nomeia os bispos , durante séculos ele não o fez diretamente ; hoje, para uma parte da Igreja, ele os nomeia e para outra parte, confirma aqueles que foram legitimamente eleitos (cf. CIC cân. 377 § 1). 

documento em questão exemplifica, indicando “por exemplo” (entre os atos do governo primacial “necessários ou convenientes para promover e defender a unidade da fé”): “Dar o mandato para a ordenação de novos bispos; [...] emitir leis para toda a Igreja, estabelecer estruturas pastorais ao serviço das diversas Igrejas particulares, dar força vinculativa às decisões dos Concílios particulares, aprovar institutos religiosos supradiocesanos, etc.» (Nº 10). A lista poderia continuar com todas as normas do Código de Direito Canônico que estabelecem reservas à Santa Sé. Mas se fizermos uma comparação não apenas com as intervenções, e os métodos das mesmas, que os pontífices dos primeiros séculos (poderíamos até estender para além do século V) experimentaram como governo petrino, necessário ou conveniente para o bem da Igreja, mas também com os dos papas da época dos Decretais ( Decretalium Collectiones de Gregório IX ou o Liber sextus Decretalium de Bonifácio VIII ou as Constitutiones extravagantes de Clemente V), veríamos quão variados e diferenciados são os critérios de "necessidade ou conveniência" "As intervenções pontifícias foram. As diferenciações, porém, também devem ser interpretadas à luz da realidade histórica da Igreja que, peregrina com as suas instituições na época atual, carrega a figura fugaz deste mundo (cf. LG n. 48). Também por esta razão – lemos no Documento – o carácter imutável do primado do sucessor de Pedro exprimiu-se historicamente através de métodos de exercício adequados às circunstâncias de uma Igreja peregrina neste mundo em mudança (cf. n. 12). E a própria Igreja arrependeu-se quando percebeu que a figura deste mundo a tinha obscurecido de tal forma que a induziu a atos exteriores ou não necessários ou convenientes à sua missão. Contudo, do ponto de vista doutrinal, tanto teológico como jurídico, o critério que o Documento agora nos recorda não é apenas válido, mas também único; o resto está na sabedoria e na prudência de quem detém o poder e deve exercê-lo, de acordo com a natureza e os propósitos do mandato divino. E se é certo que prima sedes a nemine iudicatur , é igualmente certo não fazer com que “um poder absoluto” do papa derive deste princípio; de fato, ouvir a voz da Igreja (e hoje tornou-se uma prática, também legalmente consolidada; ver por exemplo os cânones 342-348 sobre o Sínodo dos Bispos) é um sinal do valor da unidade, uma consequência do corpo episcopal e o sensus confia em mim de todo o povo de Deus Todas aquelas instâncias que tendem a vincular legalmente o sucessor de Pedro no exercício do seu ministério não entram nem podem entrar nesta linha. 

Seguiríamos o caminho livre da constituição divina da Igreja, que se reduziria a uma societas puramente humana se este caminho fosse seguido até o fim. Para evitar cair em tais perigos, é fundamental o discernimento sobre a congruência entre a natureza do ministério petrino e os possíveis métodos do seu exercício. Discernimento a realizar na Igreja, isto é, sob a assistência do Espírito Santo, com a vitalidade da Eucaristia operando na Igreja, como centro e raiz da comunhão eclesial, no diálogo fraterno do Romano Pontífice com os demais bispos. De acordo com as necessidades concretas da Igreja, será então o Papa (ou o Papa com o Concílio Ecuménico), como sucessor de Pedro, quem deverá pronunciar com autoridade o julgamento definitivo, em benefício da Igreja universal (ver Doc.) .

Esta referência ao sobrenatural é parte integrante do primado e do seu exercício. É por isso que o atual movimento ecuménico - que o Concílio Vaticano II e o consequente magistério papal quiseram e planearam - nasceu e desenvolve-se sob a ação do Espírito Santo, com o convite contínuo e urgente a ouvir "o que o Espírito Santo diz às Igrejas". " ( Ap 1, 7). A oração que o Papa – e com ele hoje a Igreja “dividida” – dirige ao Pai através do seu Filho Jesus, é que os cristãos não resistam ao Espírito Santo que os estimula a recompor a unidade visível dos cristãos.

Arquivo 30Dias – 11/1998

Fonte: http://www.30giorni.it/

Papa: rezemos para que os líderes políticos estejam ao serviço de seu povo

Pelos líderes políticos (Vatican News)

A intenção de oração do Papa Francisco para agosto é pelos líderes políticos. Nesse sentido, O Vídeo do Papa deste mês acompanha o desejo de Francisco no qual pede aos políticos para que “estejam ao serviço de seu povo”.

https://youtu.be/ZPfCiplPqCA

Vatican News

Pelos líderes políticos é a intenção de oração do Papa Francisco para o mês de agosto. Na mensagem de vídeo divulgada nesta terça-feira (30/07), o Santo Padre diz que "atualmente a política não tem boa fama: corrupção, escândalos, está distante do dia a dia das pessoas". "Mas, podemos avançar em direção à fraternidade universal sem uma boa política? Não", responde o Papa.

As primeiras palavras do Pontífice, na mensagem de vídeo que introduz sua intenção de oração para o mês de agosto, parecem dizer o que pensam muitos de nós: que a política é um negócio sujo nas mãos de quem só pensa em enriquecer-se ou alcançar o poder. Os que se dedicam à política, aos olhos das pessoas comuns, devem ser vistos com receio: certamente terão algum interesse pessoal que esconder.

A política é uma das formas mais altas da caridade

No entanto, na medida em que passam os segundos, no vídeo, fica claro que o Papa Francisco está dizendo outra coisa. Ele está nos lembrando que sempre é possível outro tipo de política:

Como disse Paulo VI, a política é uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum. Falo da POLÍTICA com maiúsculas, não da politicagem. Falo da política que escuta a realidade, que está a serviço dos pobres, não da que está escondida em grandes edifícios com longos corredores. Falo da política que se preocupa com os desempregados e sabe muito bem como pode ser triste um domingo quando a segunda-feira é um dia a mais sem poder ir trabalhar. Se a vemos assim, a política é muito mais nobre do que aparenta.

As imagens que acompanham suas palavras querem contar exatamente isto, alternando situações de vida em dois contextos diversos: um, no qual as pessoas sobrevivem por conta própria (uma mulher refugiada, um adulto desempregado, crianças sem água, uma pessoa em situação de rua), e outro em que, ao contrário, encontraram uma resposta - às vezes de modo emergencial, às vezes permanente - aos seus problemas. O mundo sem boa política e o mundo com boa política.

Que os líderes políticos estejam ao serviço de seu povo

Agradeçamos aos muitos políticos que desempenham sua tarefa com vontade de servir, não de poder, todos seus esforços pelo bem comum. Rezemos para que os líderes políticos estejam ao serviço de seu povo, trabalhando pelo desenvolvimento humano integral, trabalhando pelo bem comum, cuidando dos que perderam seu emprego e dando prioridade aos mais pobres.

Os cristãos, especialmente os leigos, são chamados a participar da vida política, para poder construir uma sociedade mais justa e solidária. “Um indivíduo pode ajudar a uma pessoa necessitada, porém quando se une a outros para gerar processos sociais de fraternidade e de justiça para todos, entra no campo da mais ampla caridade, a caridade política”, reflete o Papa Francisco sobre este tema na encíclica Fratelli Tutti.

Quando um político não deixa espaço para o diálogo, a cooperação e o compromisso com a dignidade das pessoas – chaves que o Papa destaca na Fratelli Tutti, não se alcança o desenvolvimento integral da sociedade. Problemas como a fome e a pobreza, as guerras ou as crises ambientais, para citar alguns, são agravados por uma liderança política egoísta e ávida de poder. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Afonso Maria de Ligório

Santo Afonso Maria de Ligório (A12)
01 de agosto
País: Itália
Santo Afonso Maria de Ligório

Afonso Maria Antônio João Francisco Cosme Damião Miguel Ângelo Gaspar de Ligório nasceu em 1696, na aldeia de Marianella, cidade de Nápoles, Itália. Destes 11 nomes, Afonso era uma homenagem ao avô e ao trisavô; Antônio, João, Francisco e Gaspar homenageavam outros antepassados paternos; Cosme e Damião e Miguel Ângelo em função dos santos celebrados na proximidade de seu nascimento; e Maria por causa de Nossa Senhora, no sábado (dia tradicional da Santíssima Virgem) do seu batismo, dois dias após o seu nascimento.

Primogênito de família cristã, rica, nobre e numerosa, teve do pai o empenho na sua formação acadêmica e científica – ciências humanas, línguas clássicas e modernas, pintura, música – e da mãe a educação na Fé. Quando ainda criança, o futuro São Francisco Jerônimo, ao abençoá-lo, profetizou: “Este menino viverá muito, muito; não morrerá antes dos 90 anos; será bispo e fará grandes coisas por Jesus Cristo”.

Participou desde pequeno de confrarias, grupos pastorais voltados para o crescimento espiritual. Aos 12 anos inicia a faculdade de direito, doutorando-se aos 17 em Direito Civil e Canônico. Neste mesmo dia, 21 de janeiro de 1713, fez o voto público de defender a verdade da Imaculada da Conceição de Maria: ““Eu, Afonso Maria de Ligório, humilde servo de Maria Sempre Virgem, Mãe de Deus, prostrado aos pés da Divina Majestade (…) proclamo firmemente com a boca que Vós (...) fostes objeto por parte do Todo Poderoso Deus, de um privilégio absolutamente único: Vós fostes inteiramente preservada da mancha do Pecado Original, desde o primeiro instante de Vossa concepção, ou seja, a partir do momento da união do Vosso corpo com a Vossa alma (…)”.

Trabalhou como advogado no Fórum de Nápoles, onde atendia a todos, mas dava preferência àqueles que não tinham como pagar. Em dez anos, desenvolveu uma carreira brilhante, sem perder uma única causa. Porém num caso de grande repercussão social, por motivo de um juiz corrupto sob influência política, foi injustiçado e perdeu a causa, o que o levou, desiludido, a abandonar a advocacia: "Ó mundo falaz, agora eu te conheço! Adeus tribunais!"

Decidiu-se então pela vida religiosa, apesar da inicial oposição do pai, que contudo, ao ver a alegria com que ele renunciou à herança e aos títulos de nobreza, aceitou sua vontade. Estudou Teologia e foi ordenado em 1726, aos 30 anos de idade. Dedicou-se à pregação e à orientação dos fiéis, especialmente no confessionário, e ao cuidado dos mais necessitados. Fundou as “Capelas da Tarde”, centros dirigidos por leigos para a oração, proclamação da Palavra de Deus, atividades sociais, educação e vida comunitária.

Por volta de 1729, num período de necessário descanso, viaja para Scala, uma região montanhosa, aonde conhece a realidade da pobreza material e espiritual da população do interior. Conheceu também a futura beata irmã Maria Celeste Crostarosa, ajudando-a na fundação de uma nova congregação de irmãs contemplativas, a Ordem do Santíssimo Redentor, em 1731. E ela mesma lhe diz que o “Senhor queria que ele deixasse Nápoles e viesse para Scala para fundar a congregação dos homens para a evangelização”.

De fato, ele se muda para lá, e sob a inspiração divina (a Virgem Santíssima lhe apareceu muitas vezes, orientando-o), fundou em 1732 a Congregação do Santíssimo Redentor, ou dos Padres Redentoristas, destinada, exclusivamente, à pregação aos pobres, às regiões de população abandonada, sob a forma de missões e retiros. Passou a viajar por quase toda a região sul da Itália pregando a Palavra de Deus e a devoção a Maria e escrevendo sobre temas ascéticos e teológicos. As casas da Congregação foram construídas em locais que permitissem o fácil acesso do povo, bem como o dos padres à população.

Seus primeiros congregados, em desacordo, o abondaram, mas posteriormente outras vocações surgiram, incluindo por exemplo São Geraldo e o Beato Sarnelli.

Três são as particularidades da atividade de Santo Afonso. Em primeiro lugar, a sua devoção à Imaculada Conceição, que desde o século IV era refletido e rezado: 140 anos antes da proclamação deste Dogma Mariano pela Igreja (em 1854), ele o defendeu e divulgou, inclusive através do voto pessoal citado acima. Também a sua produção literária, destacando-se suas contribuições para a Teologia Moral.

São 123 obras traduzidas em pelo menos 72 línguas, e acessíveis à população em geral, formando na piedade não apenas as pessoas já cultas. Seus livros mais conhecidos são “Tratado sobre a Oração”, “A Prática de Amar a Jesus Cristo”, “As Glórias de Maria”, “Visitas ao Santíssimo Sacramento” e “Teologia Moral”. Por fim, músico e pintor, usou destas formas de arte na evangelização com enorme sucesso. Compôs músicas ainda tradicionais na Itália, como “Dueto da Paixão” e Tu Scendi dalle Stelle – “Tu Desces das Estrelas”, esta uma canção natalina, e numerosos hinos.

Afonso foi ordenado bispo de Santa Ágata dos Godos em 1762, aos 66 anos, por obediência, já que se entendia demasiado idoso e doente para o cargo. Mas por 13 anos dedicou-se à renovação dos sacerdotes e do seminário, das paróquias e do povo. Dizia que o dinheiro da diocese era para os pobres, sendo o bispo um administrador; chegou a dar auxílios mensais para moças, de modo a que não se prostituíssem por causa da pobreza. Numa situação de falta de alimentos, empenhou os bens da diocese para comprá-los e distribuí-los à população. Já como bispo, renovou sua consagração à Imaculada Conceição: “Minha Imaculada Senhora (…) juro defender este grande privilégio de Vossa Imaculada Conceição, e juro dar, se for preciso, a minha vida também”.

Em 1775, sofrendo muito com artrite degenerativa deformante, já paralítico e quase cego, teve a permissão de deixar o bispado, e foi residir no convento redentorista de Nocera dei Pagani em Salerno, onde ainda completou sua obra literária. Faleceu ali em 1 de agosto de 1787, com 91 anos.

Nesta época, já eram 72 as “Capelas da Tarde” por ele fundadas, com mais de 10 mil participantes ativos. E atualmente são mais de 5.500 redentoristas. Santo, historiador, apologeta, pregador, poeta e grande músico, foi proclamado Doutor (Zelosíssimo) da Igreja e Patrono dos Confessores e dos Teólogos de Teologia Moral.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

“Afonso” significa “apto para a nobreza” e “pronto para a luta”. Certamente Santo Afonso Maria de Ligório vivenciou a nobreza da alma e lutou o “bom combate” (cf. 2Tm 4,7-8), mas todos nós somos “aptos” e “prontos” para fazer o mesmo, pelas graças de Deus e pelo Batismo e demais Sacramentos. É da natureza humana, feita à imagem e semelhança de Deus, a prontidão para assumirmos a nossa nobreza espiritual e assim estarmos aptos para a luta pela santidade. Devemos porém desejar e escolher o que já temos na nossa própria constituição pessoal. Para isso, muitas vezes será preciso tirarmos um “período de necessário descanso” das agitações do mundo, buscando no silêncio, na oração e sobretudo junto a Nossa Senhora a compreensão do que Deus deseja que seja a nossa obra, a nossa “fundação” dentro da ordem que ele estabeleceu. Que não sejamos como os congregados, os chamados pelo Senhor – e estes somos todos nós – que, “em desacordo, O abondaram”, o que é sempre negarmos também a nós mesmos, ao que verdadeiramente somos e para Quem (não “o quê”) existimos. Como bispo, Santo Afonso tinha evidente a noção correta de que o clero está a serviço dos homens, seguindo o exemplo e o carisma que o próprio Cristo lhes deu: “Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Eu vos dei um exemplo, para que vós também façais como Eu fiz” (Jo 13, 14-15). Em contrapartida, assim como ao Cristo, devemos amar aqueles que o Pai nos deu como o Seu Filho, mestres e servidores na mesma pessoa, cumprindo assim a nossa parte de lhes lavarmos também os pés. Atualmente, em dias de crise, rezemos e façamos penitência para que todos os consagrados, em especial os ministros dos Sacramentos e autoridades eclesiásticas, usem da verdadeira arte da evangelização, na fidelidade a Jesus, para levar a redenção, a salvação, como verdadeiros redentoristas, aos mais necessitados, nós os pecadores.

Oração:

Senhor Deus, que nos destes o Vosso Primogênito da rica, nobre e numerosa família cristã que fundastes, concedei-nos pela intercessão de Santo Afonso Maria de Ligório advogar, como ele, pelos Vossos interesses, e não para a corrupção do mundo que leva a perder a causa da nossa existência, de modo a que possamos igualmente cantar com ele as glórias Vossas e de Maria no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF