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sábado, 3 de agosto de 2024

A Primazia de Pedro (4)

A Primazia de Pedro (Apologistas da Fé Católica)

A Primazia de Pedro

A Primazia de Pedro conforme escrita pelos Pais da Igreja…

  1. Cipriano, Unidade da Igreja Católica 4. J555-556, 251 D.C.

Sobre ele: Ele edifica a Igreja e a ele: Ele dá o comando de alimentar as ovelhas (Jo 21,17); e embora Ele conceda um poder semelhante a todos os Apóstolos, Ele fundou uma única cátedra, e Ele estabeleceu por Sua própria autoridade uma fonte e uma razão intrínseca para aquela unidade.

De fato, os outros também eram o que Pedro era; mas a primazia foi dada a Pedro, e assim se faz claro que só há uma Igreja e uma cátedra. Assim também são todos os pastores, e o rebanho é mostrado como sendo um, alimentado pelos Apóstolos de comum acordo.

Se alguém não mantém fortemente esta unidade de Pedro, pode imaginar que ainda mantém a fé?

Se ele abandona a cátedra de Pedro sobre a qual a Igreja foi erguida, ainda pode estar confiante de que está na Igreja?

Orígenes, Comentários sobre João 5,3 J479a, 226 D.C.

Pedro, sobre o qual é construída a Igreja de Cristo…

  1. Cornélio I, Papa, Carta a Cipriano Epist 49. J546-546a, 252 D.C.

Nós não ignoramos o fato de que há um único DEUS, um único Cristo Senhor o qual confessamos, e um único Espírito Santo; e deve haver um bispo na Igreja Católica.

  1. Cipriano, Carta a Quintas 71,1. J592a, 254 D.C.

Pois Pedro, a quem o Senhor escolheu primeiro e sobre quem Ele construiu Sua Igreja, quando Paulo mais tarde discordou dele acerca da circuncisão, não reivindicou nada para si mesmo insolentemente nem assumiu algo com arrogância, de forma que ele manteve a primazia e que deveria ser obedecido por noviços e por aqueles que chegaram mais recentemente.

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Firmiliano, Bispo, Carta a Cipriano 75,17 J602a, 255 D.C.

A este respeito estou justamente indignado com essa estupidez tão aberta e evidente de Estêvão; que embora ele se glorifique tanto de seu bispado e afirme que é sucessor de Pedro, no qual os fundamentos da Igreja foram postos…

Eusébio, História da Igreja 2:14:6. J651dd, 300 D.C.

No mesmo reino de Claudio, a providência boníssima e cheia de graça que cuida de todas as coisas guiou Pedro, o grande e poderoso dos Apóstolos, que, por causa de sua virtude, foi o representante de todos os outros para Roma.

Aphraates, Tratados 21:13 J693a, 336 D.C.

E Jesus deu as chaves a Simão, e ascendeu e retornou Àquele que lhe enviara.

St. Júlio I, Papa, Carta aos Bispos de Antioquia 22:35. J806a, 337 D.C.

Pois o que recebemos do Apóstolo Pedro, estas coisas lhes exprimo.

Dâmaso, Decreto de Dâmaso 3. J910u,382 D.C.

A primeira sé, portanto, é aquela de Pedro o Apóstolo, aquela da Igreja Católica Romana, que não tem mancha nem defeito ou algo semelhante.

*S. Ambrósio de Milão, Sobre Doze Salmos 40:30+. J1261, 387 D.C.

É ao próprio Pedro que Ele diz: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja (Mt 16,18).” Onde está Pedro, lá está a Igreja. E onde está a Igreja, não existe morte, mas sim vida eterna.

  1. Jerônimo, Carta ao Papa Dâmaso 15:2, J1346,1346a, 374 D.C.

Não sigo a nenhum líder a não ser Cristo e não me junto a ninguém em comunhão a não ser sua santidade, que é a cátedra de Pedro. Sei que esta é a rocha sobre a qual a Igreja foi edificada. Quem quer que coma o Cordeiro fora desta casa é profanador. Quem quer que não esteja na arca de Noé vai perecer quando vier o dilúvio… Eu aceito aquele que se juntou à cátedra de Pedro.

*St. Agostinho, Carta a Generosus 53:1:2. J1418, 400 D.C.

Se a própria ordem de sucessão episcopal é considerada, quanto mais certa, verdadeira e seguramente a contamos vinda do próprio Pedro, a quem, como a um que representa a Igreja inteira, o Senhor disse: “Sobre esta pedra edificarei Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16,18).” Pedro foi seguido por Lino, Lino por Clemente, Clemente por Anacleto, etc…

Veja esta lista completa da linha ininterrupta de Papas.

*Agostinho, Sermões 295:2+. J1526, 391 D.C.

Antes de Seu sofrimento o Senhor Jesus Cristo, conforme sabeis, escolheu Seus discípulos, aos quais Ele chamou Apóstolos. Entre estes Apóstolos em quase toda parte somente Pedro mereceu representar toda a Igreja. Por conta de representar a Igreja inteira, o que só ele podia fazer, mereceu ouvir: “Eu te darei as chaves do Reino dos céus (Mt 16,19).”

  1. Pedro Crisólogo, Carta a Eutyches 25:2. J2178, 449 D.C.

Nós lhe exortamos em todo aspecto, irmão honorável, a prestar atenção obedientemente ao que foi escrito pelo Bentíssimo Papa da Cidade de Roma; pois o Bendito Pedro, que vive e preside em sua própria sé, dá a verdade da fé àqueles que a procuram.

*S. Leão I, Papa, Carta aos Bispos da Província de Viena 10:1. J2178a, julho 445 D.C.

Mas o Senhor desejou que o sacramento deste dom pertencesse a todos os Apóstolos de tal maneira que poderia ser encontrado principalmente no Beatíssimo Pedro, o maior de todos os Apóstolos.

  1. Leão I, Papa, Carta a Anastácio, Bispo de Tessalônica 14:11. J2179a, 446 D.C.

Através deles o cuidado da Igreja Universal convergiria para a única sé de Pedro, e nada deveria estar em conflito com esta cabeça.

  1. Leão I, Papa, Sermões 4:2. J2191, 461 D.C.

Do mundo inteiro somente um, Pedro, é escolhido para presidir sobre o chamado das nações, e sobre todos os outros Apóstolos, e sobre os pais da Igreja.

* Nota: As referências Jxxxx são de: ‘The Faith Of The Early Fathers’ (“A Fé dos Primeiros Pais”), por William A. Jurgens

Se Tiago, e não Pedro, tinha a primazia conforme alguns querem que acreditemos, então por que ele não é mencionado nem uma única vez por um único Pai da Igreja ou escritor antigo como sendo mantenedor deste ofício?

Bob Stanley

Fonte: Veritatis Splendor

A abertura das Portas Santas no Jubileu

Porta Santa na Basílica de São Pedro será aberta em 24 de dezembro de 2024, dando início ao Jubileu Ordinário (Vatican News)

Nesta quinta-feira, o Dicastério para a Evangelização, Seção para as questões fundamentais de evangelização no mundo, divulgou um comunicado concernente à abertura das Portas Santas durante o Jubileu de 2025.

Vatican News

Dada a aproximação do início do Jubileu de 2025, levantou-se recentemente a questão de poder prever a configuração e abertura da Porta Santa nas Igrejas Catedrais, nos Santuários Internacionais e Nacionais, bem como noutros locais de culto particularmente significativos. 

A este respeito, mesmo na mais sensível consideração das motivações de caráter pastoral e devocional que podem ter sugerido tal louvável aspiração, considera-se, no entanto, necessário recordar as precisas indicações estabelecidas pelo Santo Padre na Bula Spes non confundit, de Proclamação do Jubileu 2025, que indica como Porta Santa a da Basílica de São Pedro e das outras três Basílicas Papais, nomeadamente São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo fora-dos-muros (ver n° 6), exceção feita ao desejo expresso pelo Santo Padre de querer pessoalmente abrir uma Porta Santa em uma prisão “para oferecer aos presos um sinal concreto de proximidade” (ver n° 10).

É também sabido que um sinal peculiar e identificador do Ano Jubilar, tal como foi passado desde o primeiro Jubileu do ano de 1300, é a indulgência que «pretende exprimir a plenitude do perdão de Deus que não conhece limites» (cf. n. 23), por meio do Sacramento da Penitência e dos sinais de caridade e de esperança (ver números 7-15).

Portanto, para viver em plenitude este momento de graça, exorta-se a fazer referência aos particulares lugares particulares e às diversas modalidades indicadas pelo Decreto da Penitenciária Apostólica de 13 de maio de 2024.

O que diz o n.6 da Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário do Ano 2025

O Ano Santo de 2025 está em continuidade com os anteriores eventos de graça. No último Jubileu ordinário, atravessou-se o limiar dos dois mil anos do nascimento de Jesus Cristo. Em seguida, no dia 13 de março de 2015, proclamei um Jubileu extraordinário com o objetivo de manifestar e permitir encontrar o «Rosto da misericórdia» de Deus, anúncio central do Evangelho para toda a pessoa e em cada época. Agora chegou o momento dum novo Jubileu, em que se abre novamente de par em par a Porta Santa para oferecer a experiência viva do amor de Deus, que desperta no coração a esperança segura da salvação em Cristo. Ao mesmo tempo, este Ano Santo orientará o caminho rumo a outra data fundamental para todos os cristãos: de facto, em 2033, celebrar-se-ão os dois mil anos da Redenção, realizada por meio da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. Abre-se, assim, diante de nós um percurso marcado por grandes etapas, nas quais a graça de Deus precede e acompanha o povo que caminha zeloso na fé, diligente na caridade e perseverante na esperança (cf. 1 Ts 1, 3).

Sustentado por tão longa tradição e certo de que este Ano Jubilar poderá ser, para toda a Igreja, uma intensa experiência de graça e de esperança, estabeleço que a Porta Santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, seja aberta a 24 de dezembro do corrente ano de 2024, iniciando-se assim o Jubileu Ordinário. No domingo seguinte, 29 de dezembro de 2024, abrirei a Porta Santa da minha catedral de São João de Latrão, que celebrará, no dia 9 de novembro deste ano, 1700 anos da sua dedicação. Posteriormente, no dia 1 de janeiro de 2025, Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, será aberta a Porta Santa da Basílica Papal de Santa Maria Maior. Por fim, no domingo 5 de janeiro de 2025, será aberta a Porta Santa da Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros. Estas últimas três Portas Santas serão fechadas no domingo 28 de dezembro do mesmo ano.

Estabeleço ainda que, no domingo 29 de dezembro de 2024, em todas as catedrais e concatedrais, os Bispos diocesanos celebrem a Santa Missa como abertura solene do Ano Jubilar, segundo o Ritual que será preparado para a ocasião. Quanto à celebração na igreja concatedral, o Bispo poderá ser substituído por um Delegado, propositadamente designado. A peregrinação, desde a igreja escolhida para a concentração até à catedral, seja o sinal do caminho de esperança que, iluminado pela Palavra de Deus, une os crentes. Durante o percurso, leiam-se algumas passagens deste Documento e anuncie-se ao povo a Indulgência Jubilar, que poderá ser obtida segundo as prescrições contidas no mesmo Ritual para a celebração do Jubileu nas Igrejas particulares. Durante o Ano Santo, que terminará nas Igrejas particulares no domingo 28 de dezembro de 2025, zele-se para que o Povo de Deus possa acolher, com plena participação, tanto o anúncio de esperança da graça de Deus, como os sinais que atestam a sua eficácia.

O Jubileu Ordinário terminará com o encerramento da Porta Santa da Basílica Papal de São Pedro, no Vaticano, na solenidade da Epifania do Senhor, dia 6 de janeiro de 2026. Que a luz da esperança cristã chegue a cada pessoa, como mensagem do amor de Deus dirigida a todos. E que a Igreja seja testemunha fiel deste anúncio em todas as partes do mundo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

A oração nos livros sapienciais

Livros sapienciais (Aleteia)

A oração nos livros sapienciais

Dom Antônio de Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA)

O maior número de orações na bíblia encontramos nos livros sapienciais, de modo particular nos Salmos. Todavia, a característica própria dos textos sapienciais, não é de natureza litúrgica, mas existencial. Animado pela fé, o sábio medita sobre o sentido da Vida, o cultivo da necessária hierarquia de valores, a importância da qualidade das relações humanas, e abre-se para contemplação da inteligência e a sabedoria divina presentes nas criaturas vivas e em todo o universo!  

Ao final deste texto, ressaltamos alguns exemplos de oração presentes em alguns livros sapienciais. O conteúdo dessas orações evidenciam a beleza da fé entranhada na existência humana. Isso significa que a experiência da oração é um recurso que brota da Fé que está a serviço da Vida, da saúde e da paz do próprio homem.  

 A Oração e o sentido da Vida  

A abundância da oração na literatura sapiencial nos diz que, quanto mais o ser humano se dedicar à reflexão sobre o sentido da vida e sobre a origem do universo e beleza da sua constituição (cf. Sb 13,2-9; Sl 8), mais se sentirá provocado à oração, sobretudo, para manifestar o seu louvor e ação de graças a Deus. Por outro lado, a oração de súplica e penitencial é, consequência da tomada de consciência da ingratidão (indiferença) humana diante do amor divino. Por isso, muitas vezes, as orações de súplicas por ameaças e penitenciais, estão inseridas no contexto da vulnerabilidade humana, que provoca  sofrimento através de situações como doença, perseguição, injustiça, pecados etc.  

 Deus também silencia  

A oração não é uma corda mágica que, quando puxada, imediatamente Deus atende. Muito mais do que estratégia de consolo imediato que provoca a resolução dos problemas pessoais ou coletivos, a oração é uma experiência de terapia que vem da Esperança, da confiança em Deus, da liberdade de poder contar com alguém todo poderoso, superior ao ser humano!  

A oração é a rejeição do narcisismo, da prepotência, do orgulho humano, da ilusória autossuficiência; na oração o sábio crente confessa sua pequenez, vulnerabilidade e estado de permanente dependência do criador. A oração é uma atitude de reconhecimento da soberania divina. Não encontramos uma lógica do porque algumas orações são atendidas e outras não! Deus também silencia, pois também no diálogo, há espaço para o silêncio! Estamos diante de um mistério e sua resposta está no coração de Deus, aquele que a tudo transcende.  

Para muitos orantes, às vezes, Deus parece surdo, insensível, indiferente ao sofrimento humano, cego diante dos males e dos injustos… “Javé, por que ficas longe, e te escondes no tempo da angústia? A soberba do injusto persegue o infeliz” (Sl 10,1-2).  “Levanta-te, ó juiz da terra, devolve o merecido aos soberbos! Até quando os injustos, ó Javé, até quando os injustos irão triunfar? Eles transbordam em palavras insolentes, todos os malfeitores se gabam. Eles massacram o teu povo, Javé, eles humilham tua herança; matam a viúva e o estrangeiro e assassinam os órfãos” (Sl 94,2-6). “Javé, até quando me esquecerás? Para sempre? Até quando esconderás de mim a tua face? Até quando terei sofrimento dentro de mim, e tristeza no coração, dia e noite? Até quando meu inimigo vai triunfar?” (Sl 13,2). 

“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? Apesar de meus gritos, minha prece não te alcança! De dia eu grito, meu Deus, e não me respondes. Grito de noite, e não fazes caso de mim!” (Sl 22,1-3). “Até quando, Javé, vou pedir socorro, sem que me escutes? Até quando clamarei a ti: «Violência!» sem que tu me tragas a salvação? Por que me fazes ver o crime e contemplar a injustiça? Opressão e violência estão à minha frente; surgem processos e levantam-se rixas. Por isso, a lei perde a força e o direito nunca aparece. O ímpio cerca o justo e o direito aparece distorcido” (Hab 1,1-4). 

“Javé, ouve a minha prece! Dá ouvido aos meus gritos! Não fiques surdo ao meu pranto: porque sou hóspede junto a ti, inquilino como os meus antepassados” (Sl 39,13). “Os meus opressores me insultam quebrando meus ossos perguntando todo dia: «Onde está o seu Deus?» (Sl 42,11). 

 Exemplos de orações  

Fora os Salmos, nos livros sapienciais há alguns ricos exemplos de orações. Vejamos alguns deles.  

– JÓ 42,2-6: na oração pode haver engano por parte do orante.  “Eu reconheço que para ti nada é impossível e que nenhum dos teus planos pode ser impedido. Tu me perguntaste como me atrevi a pôr em dúvida a tua sabedoria, visto que sou tão ignorante. É que falei de coisas que eu não compreendia, coisas que eram maravilhosas demais para mim e que eu não podia entender. Tu me mandaste escutar o que estavas dizendo e responder às tuas perguntas. Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos. Por isso, estou envergonhado de tudo o que disse e me arrependo, sentado aqui no chão, num monte de cinzas.” 

– SABEDORIA 9,1-18: o reconhecimento da nossa pequenez nos estimula a suplicar a sabedoria.  «Deus dos pais e Senhor de misericórdia, tudo criaste com a tua palavra! Com a tua sabedoria formaste o homem para dominar as criaturas que fizeste, para governar o mundo com santidade e justiça, e exercer o julgamento com retidão de alma. Concede-me a sabedoria, que está entronizada ao teu lado, e não me excluas do número de teus filhos. Eu sou teu servo, filho de tua serva, homem fraco e de vida breve, incapaz de compreender a justiça e as leis. Mesmo que alguém fosse o mais perfeito dos homens, se lhe faltasse a sabedoria que provém de ti, ele de nada valeria… Contigo está a sabedoria, que conhece as tuas obras e que estava presente quando criaste o mundo. Ela sabe o que é agradável aos teus olhos e o que é conforme aos teus mandamentos. Manda a sabedoria desde o céu santo e a envia desde o teu trono glorioso, para que ela me acompanhe e participe dos meus trabalhos, e me ensine o que é agradável a ti. Porque ela tudo sabe e tudo compreende. Ela me guiará prudentemente em minhas ações e me protegerá com a glória dela…” 

– ECLESIÁSTICO 23,2-6: oração é também súplica pelas virtudes para a perseverança no bem; Deus é o Sumo Bem, a fonte de todos os dons e virtudes que fortalecem a vontade e a inteligência humana para que busquem a verdade e perseverem no bem.  “Senhor, pai e soberano da minha vida, não me abandones ao capricho deles, e por culpa deles não me deixes cair. Quem irá dar chicotadas em meus pensamentos e disciplinar a minha mente com a sabedoria, para que os meus erros não sejam poupados e as culpas deles não sejam toleradas? Dessa forma os meus erros não se multiplicarão, e os meus pecados não se avolumarão; não cairei diante dos meus adversários, e o meu inimigo não se alegrará às minhas custas. Senhor, pai e Deus da minha vida, não permitas que o meu olhar seja altivo. Afasta de mim os maus desejos. Que a sensualidade e a luxúria não me dominem. Não me entregues ao desejo vergonhoso”. 

– ECLESIÁSTICO 36,1-17: uma súplica coletiva, do povo oprimido; na esperança do auxílio divino está o sinal da bondade de Deus. “Tem compaixão e olha por nós, Senhor Deus do universo. Infunde o teu temor em todas as nações. Levanta a tua mão contra as nações estrangeiras, para que elas vejam o teu poder. Castigando-nos, tu mostraste às nações a tua santidade. Agora, mostra-nos a tua grandeza, castigando as nações. Desse modo elas reconhecerão, como também nós reconhecemos, que não existe um Deus além de ti, Senhor. Renova os sinais e realiza outros prodígios. Glorifica a tua mão e o teu braço direito… Senhor, tem piedade do povo que é chamado com o teu nome. Tem piedade de Israel, que trataste como primogênito. Tem compaixão de Jerusalém, tua cidade santa, e lugar do teu repouso…” 

– ECLESIÁSTICO 51,1-11: o orante é sempre capaz de ação de graças e louvor a Deus por seus benefícios. Na oração somos chamados também a manifestar o nosso reconhecimento de que Deus é o nosso protetor e libertador de todos os males. O socorro dos homens termina, mas Deus é misericórdia infinita! “Eu te agradeço, Senhor Rei, e te louvo, meu Deus Salvador, glorificando o teu nome, porque foste para mim um protetor e socorro, e libertaste meu corpo da perdição, do laço da língua caluniadora e dos lábios que produzem a mentira. Na presença dos meus adversários, tu foste meu apoio e me libertaste, conforme a grandeza da tua misericórdia e do teu Nome, das mordidas daqueles que estavam prestes a me devorar. Tu me livraste das mãos dos que procuravam tirar-me a vida e das numerosas provas que sofri. Tu me livraste do fogo que me rodeava, de um fogo que não acendi, das profundas entranhas do mundo dos mortos, da língua impura, da palavra mentirosa. Uma calúnia de uma língua injusta tinha chegado junto ao rei. Minha alma esteve perto da morte e minha vida chegou junto à porta do mundo dos mortos. Por todos os lados me rodeavam, e não havia quem me ajudasse. Procurei pelo socorro dos homens, mas foi inútil. Então me lembrei da tua misericórdia, Senhor, e das tuas obras feitas desde a eternidade, porque tu libertas os que esperam em ti e os salvas da mão dos inimigos. Fiz subir da terra a minha oração, e pedi para ser libertado da morte… Não me abandones no dia da provação, no tempo do abandono causado pelos orgulhosos. Mas eu vou louvar para sempre o teu Nome e cantar para ti hinos de agradecimento».  

PARA A REFLEXÃO PESSOAL: 

Por que a oração contribui para a renovação do sentido da vida? 

Qual dos exemplos de oração mais lhe chamou a atenção? 

Por que a oração está profundamente vinculada à situação existencial do orante?  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Uma vida na trilha de Pietro

Margherita Guarducci em sua casa na via della Scrofa | 30Giorni

Uma vida na trilha de Pietro

Memória de Margherita Guarducci, a grande estudiosa falecida recentemente, conhecida sobretudo pelas suas pesquisas sobre a localização do túmulo do apóstolo no Vaticano e sobre a identificação dos ossos.

Uma memória da arqueóloga Margherita Guarducci, recentemente falecida, de Lorenzo Bianchi

Com Margherita Guarducci, falecida no dia 2 de setembro aos 97 anos, falece uma estudiosa distinta e singular. Nascida em Florença em 20 de dezembro de 1902, formou-se em Bolonha em 1924 e frequentou a Escola Arqueológica Italiana de Atenas, passando a maior parte desses anos em Creta preparando o corpus de antigas inscrições gregas na ilha. Arqueóloga e, em particular, especialista em epigrafia grega, disciplina que lecionou até 1973 na Universidade La Sapienza de Roma e depois, nos anos seguintes, na Escola Nacional de Arqueologia, fez parte de numerosas academias científicas italianas e estrangeiras, incluindo a Academia Nacional dos Linces e a Pontifícia Academia Romana de Arqueologia. Esta é, em poucas palavras, a sua biografia científica e acadêmica.

O grande público, porém, conheceu-a essencialmente pela investigação sobre a localização do túmulo e a identificação dos ossos de São Pedro sob o altar da Confissão na Basílica do Vaticano, à qual dedicou grande parte - mais de quarenta anos , o último - de sua atividade. Pesquisa que, exposta em numerosos volumes (um dos últimos, O túmulo de São Pedro. Um caso extraordinário , Milão 1989, contém toda a bibliografia anterior), em virtude de uma capacidade de divulgação incomum, também suscitou acaloradas controvérsias, públicas ou “underground”, que ainda dividem os estudiosos.

Mas qualquer pessoa que tenha estudado o que Margherita Guarducci apoiou e publicou pode perceber o absoluto rigor científico do seu método de trabalho e quanto estudo analítico está na base das suas conclusões. Basta, por exemplo, considerar com que cuidado e precisão escreveu a obra em três volumes ( Os grafites sob a Confissão de São Pedro no Vaticano , Cidade do Vaticano 1958) dedicada aos grafites do famoso muro "g" em na necrópole do Vaticano, onde foram encontradas as ossadas que traçou e atribuiu ao corpo de São Pedro, a cuja decifração se dedicou nos anos de 1956 a 1958, e com grande esforço físico, tendo muitas vezes que trabalhar de joelhos , devido à localização da parede.

Foi particularmente estimada pelos seus estudos por Pio XII, o Papa que quis empreender as escavações em busca do túmulo de Pedro e a quem chamou de “o augusto Padroeiro da minha obra”. E também tinha uma ligação muito estreita com Paulo VI, seu confessor quando era secretário de Estado, que incentivou a sua investigação sobre São Pedro.

Tenho, dos poucos encontros que tive com ela e das lembranças das palavras de meu pai Ugo - que antes de ser seu estimado colega de ensino universitário, assistia às suas aulas - a ideia do caráter firme mas gentil de Margherita Guarducci, seu ao mesmo tempo decidido e sorridente, da incrível resistência ao trabalho e da firme crença nas conclusões que tirou dos seus estudos. As mesmas coisas que Enrica Follieri, uma das suas colaboradoras mais próximas, hoje titular da cátedra de Filologia e História Bizantina, me dizia nos últimos dias, recordando também o grande vínculo, tanto humano como científico, com Gaetano De Sanctis, o ilustre historiador que imediatamente após a guerra, agora cega, Margherita Guarducci acompanhou Margherita Guarducci em palestras sobre história grega na Universidade: aulas ministradas citando textos antigos de memória.

Em 1995, após a morte da sua irmã, que a ajudou durante toda a sua vida, teve que deixar a sua casa na via della Scrofa, juntamente com grande parte dos numerosos livros da sua biblioteca, que já não podia ler porque estava quase cego. Ela está sepultada em Grottaferrata, no túmulo onde também repousa o professor Venerando Correnti, o antropólogo que examinou os ossos que Margherita Guarducci reconheceu como sendo de Pedro.

Arquivo 30Dias – 09/1999

Fonte: http://www.30giorni.it/

Flores, coração católico da Indonésia

A Província de Nusa Tenggara Oriental (que inclui Flores e outras ilhas do Leste do arquipélago) tem cerca de 3 milhões de católicos, de um total de 10,5 milhões na Indonésia.  (AFP or licensors)

A população de Flores não sente o seu ser católico como um elemento estranho à vida da Indonésia e à sua história, à sua atual conformação política, social e cultural, que também contou com a contribuição dos cristãos. Os cidadãos católicos sentem-se “totalmente indonésios” e “totalmente católicos”, parte de uma nação em que “a diferença religiosa é percebida como uma vantagem, uma componente ligada a acontecimentos históricos que não constituem uma barreira entre cristãos e muçulmanos.

por Paolo Affatato

Os portugueses no século XVI a haviam batizado de “Ilha das Flores”. Flores – como ainda hoje é chamada na Indonésia – é uma das pérolas das ilhas da Sonda, na parte oriental do arquipélago, incluída na província civil de Nusa Tenggara Oriental.

As florestas incontaminadas, os vales verdejantes onde os arrozais se estendem até ao horizonte, as paisagens deslumbrantes, das colinas ao mar de corais, explicam o porquê de os colonizadores europeus (primeiro os portugueses, depois os holandeses) se encantarem com o território, dando à ilha esse nome floral devido às vivas cores vermelho-alaranjadas da vegetação presente especialmente na parte oriental da ilha. E a população local (na ilha falam-se pelo menos seis línguas, com diferentes tribos, culturas e tradições afins), sobretudo dedicada à agricultura ou à pesca, mostra disponibilidade, acolhida e simplicidade que fazem o visitante sentir-se - hoje como há séculos atrás - imediatamente à vontade.

Nos vilarejos rurais que pontilham o exuberante território da parte oriental das Flores - na área entre a cidade costeira de Labuan Bajo e o centro montanhoso de Ruteng - um elemento chama a atenção: há uma cruz em cada povoado, uma capelinha, uma igreja pequena ou grande, feita de madeira de bambu ou alvenaria não pode faltar. Sinal de uma fé enraizada que caracteriza e torna Flores única em toda a Indonésia.

Diferentemente das outras ilhas indonésias - no país de maioria islâmica mais populoso do mundo - em Flores vive uma população esmagadoramente católica, introduzida desde o início pelos missionários cristãos. A província de Nusa Tenggara Oriental (que inclui Flores e outras ilhas do Leste do arquipélago) conta, segundo dados da Conferência Episcopal Indonésia, com cerca de 3 milhões de católicos (de um total de 10,5 milhões na Indonésia). 

Flores é considerada o “coração católico da nação” e só na parte ocidental da ilha (hoje dividida entre o território da Diocese de Ruteng e o da recém-criada Diocese de Labuan Bajo) os fiéis são 800 mil, em uma população total de um milhão.

Como prova das necessidades pastorais de acompanhamento do povo de Deus, o território da ilha está hoje dividido em cinco dioceses católicas (Labuan Bajo, Ruteng, Ende, Maumere, Larantuka). Em nível religioso, em algumas cidades portuárias como Labuan Bajo, encontram-se segmentos maiores da população muçulmana (até metade da população residente), enquanto no interior a população é quase inteiramente católica, em um contexto rural onde permanecem presentes rituais animistas e crenças tradicionais, como o culto aos ancestrais.

A população na parte ocidental de Flores é identificada como "Manggarai", um segmento social que possui tradições culturais próprias e que acolhe uma série de tribos e subgrupos. A casa tradicional, a "Mbaru niang", caracterizada por uma base circular e por uma cobertura em forma de cone, com até 5 pisos de altura, pode acolher até 8 famílias, incluindo estoques de alimentos e colheita de frutos. Estas casas, que surgem em meio à vegetação e que enriquecem o panorama das cidades, são também pequenas igrejas domésticas.

O elemento da cultura local integrou-se perfeitamente - em um longo e harmonioso processo de interpenetração e inculturação - com a fé católica que hoje representa “o ápice de todos os ritos e práticas tradicionais”, explica à Ag. Fides Pe Lian Angkur, 38 anos, sacerdote diocesano natural de Ruteng. E assim, em cada festa religiosa, as danças, os gestos, os ritos de acolhimento e de solidariedade entre as famílias, as celebrações da vida quotidiana, como o nascimento de um filho, os matrimônios ou os funerais, são impregnadas pelo Evangelho e encontram a síntese perfeita no palavras da Escritura ou em uma devoção especial a Jesus, à Virgem, aos santos.

Em cada povoado ou nos bairros populosos da cidade não falta uma “pequena comunidade de base” (KBG), uma comunidade de 15 a 20 famílias que se reúnem regularmente para a oração, ler o Evangelho e partilhar. São os sinais de uma fé que vive nos pequenos gestos quotidianos e que alimenta a vida quotidiana das pessoas, no tecido social em que se encontram.

“Não há conflito entre a nossa cultura tradicional e a fé: os valores cristãos integraram-se na vida das pessoas, a ‘velha vida’, feita de práticas culturais, foi substituída, com o anúncio de Cristo, por uma vida nova’ onde se encontra o sentido mais profundo de uma história, imbuída de uma espiritualidade cristã que dá sentido profundo a uma peregrinação nesta vida terrena e que a comunidade acolheu com alegria há séculos, transmitindo o tesouro da fé de geração em geração", observa o sacerdote.

Para exemplificar esta dinâmica, basta viajar às áreas rurais, onde a autenticidade de uma fé simples e sem superestruturas emerge com clareza e força: aqui a comunidade católica de Flores encontra um fecundo ponto de referência na Encíclica do Papa Francisco "Laudato si'", encontra acentos e temas caros à vida normalmente imersos em uma natureza próspera e florescente, às vezes verdadeiramente exuberante. E assim, em plena sintonia, na comunidade diocesana de Ruteng, o tema pastoral do ano em curso é o da “ecologia integral”, que reitera a importância da contribuição pessoal e do estilo de vida individual para o “cuidado da casa comum”, dispensador de dons como suculentas mangas e mamões, águas cristalinas, árvores frutíferas, sempre uma preciosa fonte de sustento para os moradores dos vilarejos.

E a Paróquia rural do Sagrado Coração de Jesus, no território de Ruteng, tem uma conformação particular que a torna uma igreja de estilo Laudato si': nas suas paredes perimetrais, as pequenas aberturas ao longo de todas as naves, que funcionam como entradas de ar para o edifício, tornaram-se um espaço natural e privilegiado para a nidificação de pardais. Os pássaros coloridos e cantantes fizeram da igreja a sua morada permanente e as celebrações litúrgicas, ao lado dos coros infantis, são verdadeiramente animadas pelo seu canto melodioso.

“A ecologia integral não é um tema puramente ambientalista”, faz questão de sublinhar padre Martin Chen, sacerdote responsável pelo Centro Pastoral de Ruteng, lugar de reflexão e elaboração, onde se pensa, escolhe e submete à assembleia diocesana temas para vida pastoral. “É um tema com raízes bíblicas, que nasce da Sagrada Escritura e que chega até a Laudato si’. A espiritualidade ecológica toca a mente e o coração de cada crente e leva à ação, à proteção da Criação. A ecologia de que falamos está plena e fortemente ligada à fé: na cultura Manggarai este aspecto, já presente, é enriquecido na consciência de que Deus, a humanidade e a natureza estão intimamente ligados”, observa.

Mas Flores não é apenas natureza: a ilha desempenhou um papel importante na história da Indonésia porque, cerca de uma década antes da declaração de independência (17 de Agosto de 1945), o pai fundador da atual República, Sukarno, foi exilado pelos colonizadores holandeses e passou uma estadia forçada de quatro anos em Flores, em particular em Ende. No parque da reflexão Bung Karno, o futuro primeiro presidente da Indonésia meditava sobre o futuro da nação e, segundo os historiadores, foi precisamente em Flores que Sukarno começou a redigir a "Pancasila", a Carta dos cinco princípios que serão a base da Constituição indonésia, que tinham a função de fundir em uma única filosofia partilhada as diferentes almas dos movimentos independentistas: a nacionalista, a islâmica, a comunista. Em Ende um monumento no parque retrata o pai da pátria sentado em meditação e ainda é possível visitar a residência de Sukarno, que se tornou um museu com fotos e objetos do primeiro presidente que se inspirou na tranquilidade e beleza da ilha.

Hoje, também, mas não só, por causa daquela passagem histórica - que descreve Flores como o "berço de Pancasila" - a população de Flores não sente o seu ser católico como um elemento estranho à vida da Indonésia e à sua história, à sua atual conformação política, social e cultural, que também contou com a contribuição dos cristãos. Os cidadãos católicos sentem-se “totalmente indonésios” e “totalmente católicos”, parte de uma nação em que “a diferença religiosa é percebida como uma vantagem, uma componente ligada a acontecimentos históricos que hoje não constituem uma barreira de forma alguma, com os cidadãos muçulmanos ou de outras religiões”, observa padre Lian Angkur. Isto é claramente visível nas famílias que muitas vezes incluem, sempre com extrema naturalidade, pessoas de fé cristã e muçulmana sem qualquer problema, na aceitação profunda e fisiológica da espiritualidade e da fé pessoal".

Portanto, Flores, 80% católica, não é de forma alguma um corpo estranho no vasto e plural arquipélago indonésio. Percebe-se isso na vida cotidiana, nos hábitos e nas práticas diárias, e também se percebe isso na forma em que toda a população - a partir dos Fóruns inter-religiosos até as relações entre as pessoas comuns - está empenhada em proteger o diálogo de uma vida que perdura há séculos e que cria uma harmonia social religiosa - percebida como algo básico, inerente à vida cotidiana - e que não quer ser perturbada por elementos ou forças externas.

O encontro, o diálogo, a visão partilhada entre as autoridades civis e religiosas, os laços familiares muito importantes, a oração comum, todos fatores que criam um estilo de vida e de relacionamento humano no tecido social, mantem Flores firmemente enraizada no Evangelho e também enraizada na história da cultura específica da Indonésia.

*Agência Fides 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A Primazia de Pedro (3)

A Primazia de Pedro (Apologistas da Fé Católica)

A Primazia de Pedro

* Pedro foi o primeiro “carismático,” tendo julgado com autoridade o primeiro exemplo do dom de línguas como sendo genuíno (At 2,14-21).

* Pedro é o primeiro a pregar arrependimento e batismo Cristão (At 2,38).

* Pedro (presumivelmente) toma a liderança no primeiro batismo em massa registrado (At 2,41).

* Pedro ordenou que os primeiros Cristãos pagãos fossem batizados (At 10,44-48).

* Pedro foi o primeiro missionário itinerante, e o primeiro a exercer o que agora seria chamado de “visita pastoral” (At 9,32-38.43). Paulo pregou em Damasco imediatamente depois de sua conversão (At 9,20), mas não tinha viajado para lá com este propósito (Deus mudou seus planos). Suas viagens missionárias começam em At 13,2.

* Paulo foi a Jerusalém especificamente para ver Pedro por 15 dias no início de seu ministério (Gl 1,18), e fui incumbido por Pedro, Tiago e João (Gl 2,9) de pregar aos pagãos.

* Pedro age, com forte ênfase, como bispo/pastor-chefe da Igreja (1 Pd 5,1), já que exorta a todos os outros bispos, ou “anciãos.”

* Pedro interpreta profecia (2 Pd 1,16-21).

* Pedro corrige aqueles que fazem mau uso dos escritos de Paulo (2 Pd 3,15-16).

* Pedro escreveu sua primeira epístola de Roma, como seu bispo, e como o bispo universal (papa) da Igreja nascente, de acordo com a maioria dos estudiosos. “Babilônia” (1 Pd 5,13) é tida como um código para a Roma pagã.

Esta seção de 50 Versículos do Novo Testamento foi escrita por:

Dave Armstrong – Evangélico convertido ao Catolicismo.

Pedro é a “Pedra” ou apenas uma “pedrinha”?

Protestantes dizem que Pedro não é a “pedra” porque a palavra grega usada para “pedra” neste versículo significa uma pedrinha. Logo de início, é óbvio que existe um problema de tradução. Estudiosos têm determinado que Mateus não foi escrito em grego, mas sim em aramaico, e logo traduzido para o grego, então temos que ir à língua original na qual foi escrito para encontrar o significado verdadeiro deste versículo.

Pedro foi chamado de “Cephas” ou “Kepha(s)” em aramaico, por Cristo em Mateus 16,18, e significa uma pedra enorme ou rocha. Ele disse isso em Cesaréia de Filipe, o local de uma enorme massa rochosa. Veja Mateus 16,13. A palavra aramaica para uma pequena pedra é “evna”. “Kepha”, quando traduzido para a língua grega significa “Petra” (uma grande rocha) ou “Petros” (uma pequena pedra). Entretanto, diferente das palavras aramaicas que não têm gênero, as palavras gregas têm, e “Petra” é feminino. Tradutores do Aramaico para o Grego mudaram a palavra para o gênero masculino ou “Petros” porque não queriam designar um homem com um nome de gênero feminino.

Em Mateus 16,18, é correto dizer que Jesus teria dito: “Você é ‘Kepha’, e sobre esta ‘Kepha’, edificarei Minha Igreja.” Em grego, traduziria para: “Você é ‘Petros’, e sobre esta ‘Petra’, edificarei Minha Igreja.” Foi a tradução da palavra aramaica “Kepha” (Cephas), para a língua grega que causou a confusão entre alguns que acham que Pedro não é chamado “pedra, rocha”, mas apenas uma “pedrinha”.

Mateus 16,13-18João 1,421Coríntios 1,123,229,515,5Gálatas 2,8-9

Acusadores alegam que Pedro não podia ser a rocha porque DEUS o é: 2 Samuel 22,2. Bom, a Escritura não chama apenas Pedro de rocha, mas também chama Abraão de rocha, em Isaías 51,1-2. Mais ainda, quem é a Luz do Mundo? É Jesus Cristo em João 8,12, mas são os Discípulos em Mateus 5,14.

As palavras “Rocha” e “Luz do Mundo” não se limitam a descrever somente a DEUS, mas dependem do contexto e objetivo da mensagem.

O mandato de Pedro:

Aqui estão alguns dos atributos de Jesus Cristo que Ele transmitiu ou compartilhou com Pedro agindo por meio dele…

Jesus é:

Pedro é:

O Bom Pastor: João 10,11-14

Pastor da Igreja: João 21,17

A Porta das Ovelhas: João 10,7

João 20,21-2321,17

A Rocha: 1Coríntios 10,4

Mateus 16,18

O Fundamento: 1Coríntios 3,11

Mateus 16,18Efésios 2,20

O que carrega as chaves: Apocalipse 3,7

Mateus 16,19

Infalível: João 14,6

Lucas 10,1622,28-32

O Receptáculo da Palavra de DEUS: João 5,30

Mateus 16,17At 15,7

Que Tem Autoridade: Mateus 28,18

Mateus 18,15-20At 2,14-4015,7

Um Taumaturgo: Mc 2,2-12

At 3,6-125,15

Capaz de ressuscitar os mortos: João 11,43-44

At 9,36-42

A Cabeça Invisível de Sua Igreja: Ef 5,23-24

A Cabeça Visível da Igreja de Cristo: Mt 16,18

Os Pais da Igreja foram os mais próximos aos Apóstolos e, o que quer que tenhamos, veio a nós através deles.

Para que alguém seja qualificado como um Pai da Igreja, é preciso que cumpra quatro condições.

  1. Tem que ter vivido antes do ano 800. O último Pai do Oriente foi São Damasceno 674-749, e do Ocidente foi o Santo Venerável Beda 672-735.
  2. Tem que ter seguido ensinamentos ortodoxos, fiéis às doutrinas verdadeiras da Igreja.
  3. Santidade: Todos os Pais maiores e a maioria dos menores são Santos canonizados, e viveram vidas virtuosas.
  4. Tinha que ter uma sanção da Igreja, uma aceitação geral.

Bob Stanley

Fonte: Veritatis Splendor

Paulo VI, o diálogo como antídoto ao marketing religioso e às ofensas nas redes sociais

Sessenta anos atrás, a primeira encíclica de Paulo VI, Ecclesiam suam (Vatican News)

Uma reflexão sobre a relevância da primeira encíclica do Papa Montini sessenta anos após a sua publicação.

ANDREA TORNIELLI

O diálogo “não é orgulhoso, não é agressivo, não é ofensivo. Sua autoridade é intrínseca pela verdade que expõe, pela caridade que difunde, pelo exemplo que propõe; não é comando, não é imposição. É pacífico; evita maneiras violentas; é paciente; é generoso”. Assim escreveu Paulo VI em sua primeira encíclica, Ecclesiam suam, publicada em 6 de agosto, sessenta anos atrás. Essas poucas palavras são suficientes para intuir a extraordinária atualidade da carta de Montini, que saiu inteiramente manuscrita de sua caneta pouco mais de um ano após sua eleição como Papa, com o Concílio ainda aberto. O Papa bresciano definiu a missão de Jesus como um “diálogo de salvação”, observando que “ele não obrigou fisicamente ninguém a acolhê-lo; foi um formidável pedido de amor que, se constituiu numa tremenda responsabilidade para aqueles aos quais foi dirigida. Todavia, deixou-os livres para corresponder a ela ou recusá-la”. Uma forma de relação que mostra “um propósito de correção, de estima, de simpatia, de bondade por parte de quem a estabelece; exclui a condenação apriorística, a polêmica ofensiva e habituai, a vaidade da conversa inútil”. Não se pode deixar de notar a distância sideral dessa abordagem em relação àquela que caracteriza muita fofoca digital por parte de quem julga tudo e todos, usa linguagem depreciativa e parece precisar de um “inimigo” para existir.

O diálogo, que para Paulo VI é inerente ao anúncio evangélico, não tem por objetivo a conversão imediata do interlocutor - conversão que, aliás, é sempre obra da graça de Deus, e não da sabedoria dialética do missionário - e pressupõe “o estado de “espírito de quem... sente que não pode mais separar a própria salvação da busca da salvação dos outros”. Em suma, não nos salvamos sozinhos. Também não nos salvamos erguendo cercas ou nos fechando em fortalezas separados do mundo para cuidar dos “puros” e evitar a contaminação. O diálogo é “a união da verdade com a caridade, da inteligência com o amor”. Não é o cancelamento da identidade de quem acredita que para anunciar o Evangelho é necessário conformar-se com o mundo e suas agendas. Não é a exaltação da identidade como separação que faz olhar os “outros” de cima para baixo. «A Igreja deve dialogar com o mundo em que vive. A Igreja torna-se palavra; a Igreja torna-se mensagem; a Igreja torna-se conversa», porque «mesmo antes de convertê-lo, aliás, para convertê-lo, deve aproximar-se do mundo e falar com ele». E o mundo, explica Paulo VI, “não é salvo de fora”.

Mas a primeira encíclica do Papa Montini, desde suas primeiras palavras, contém outras indicações valiosas para os tempos que estamos vivendo. Ecclesiam suam, a Igreja é “sua”, é de seu fundador Jesus Cristo. Ela não é “nossa”, não é construída por nossas mãos, não é fruto de nossa habilidade. A sua eficácia não depende do marketing, de campanhas estudadas, do público ou da capacidade de encher estádios. A Igreja não existe porque é capaz de produzir grandes eventos, fogos de artifício midiáticos e estratégias de influencer.

Ela está no mundo para reluzir, por meio do testemunho cotidiano de muitos “pobres cristãos”, pecadores perdoados, a beleza de um encontro que salva e dá um horizonte de esperança. Está no mundo oferecer a todos a oportunidade de encontrar o olhar de Jesus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Eusébio

Santo Eusébio (A12)
02 de agosto
País: Itália
Santo Eusébio

Eusébio nasceu na ilha da Sardenha, Itália, em 283. Seu pai morreu na perseguição aos cristãos do imperador Diocleciano, depois do que sua mãe o levou para Roma, onde completou seus estudos eclesiásticos. Foi ordenado sacerdote e eleito reitor na cidade, vivendo ali por algum tempo e mudando-se posteriormente para Vercelle (atual Vercelli) no Piemonte. Foi consagrado bispo desta diocese entre 340-345.

Segundo Santo Ambrósio, ele foi o primeiro bispo do Ocidente a unir a vida monástica à clerical, convivendo com o clero numa vida inspirada nos cenobitas orientais, com o estudo dos santos livros, o serviço nas paróquias e trabalhando manualmente para prover a própria subsistência. Esta concepção inspirou as futuras comunidades de cônegos regulares na Igreja.

Em 355 participou, forçado pelo imperador Constâncio, ariano, do Concílio de Milão; previa que os hereges não aceitariam os decretos do Concílio de Nicéia (que condenavam o arianismo) e por isso perseguiriam Santo Atanásio, defensor da verdadeira Fé. De fato, sua participação foi exigida, mas somente depois que um documento contra Santo Atanásio já estivesse redigido, e apenas para obter nele a sua assinatura de concordância. Por se recusar a isto, foi exilado, inicialmente em Citópolis na Síria, onde foi cruelmente tratado pelo bispo ariano Patrófilo. Ali foi preso e isolado de comunicação com os católicos, sofrendo castigos físicos e psicológicos. Os protestos veementes do povo, ao tomar conhecimento do fato, levaram à sua libertação, e ele foi mandado para a Capadócia na Turquia, e de lá para o deserto de Tebaida, no Egito. Ficou ali até 362, quando o novo imperador, Juliano o Apóstata, permitiu que bispos presos retornassem às suas dioceses.

Contudo Eusébio ainda permaneceu no Oriente. Com Santo Atanásio, convocou o Sínodo de 362 em Alexandria, para novamente defender a Fé contra os arianos. Pregou depois em Antioquia e na Ilíria, voltando a Vercelle em 363. Ajudou então Santo Hilário de Poitiers na supressão do arianismo na Igreja Ocidental.

Faleceu em Vercelle em 1 de agosto de 371, e é considerado mártir da Igreja, em função não de morte cruenta, mas dos seus sofrimentos que incluíram exílios e torturas em defesa da verdadeira Fé.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Defender os santos e a santidade também nos santifica. Muitas são as heresias deste mundo, que sempre pressiona e pune os que buscam e vivem a Verdade e a convivência harmoniosa numa comunidade de obediência a Deus. Este mundo é de fato um exílio e um deserto, não nosso lar definitivo, e como Santo Eusébio devemos estar dispostos a não nos apegarmos e cedermos às propostas de uma passageira hospedagem – um hotel com uma ou muitas “estrelas” de qualidade – que inevitavelmente fechará suas portas e dos quais serão encerradas e pagas as contas. Ao contrário, para evitar o calor insuportável de um deserto e exílio definitivo, subamos à Barca de Pedro que é a Igreja Católica e sigamos a Estrela do Mar que é Nossa Senhora, assinando o nome de nossas almas somente no documento da Cruz salvadora do Senhor.

Oração:

Deus de amor e providência, que nos consagrastes para a vida celeste, Concedei-nos pela intercessão de Santo Eusébio resistir como ele aos conciliábulos do erro, de modo a que não permaneçamos ilhados de Vós num martírio infinito e inglório, mas pelo estudo dos santos textos, do serviço de caridade ao próximo e no trabalho de segurar nas nossas almas o alimento Eucarístico da verdadeira Vida, participemos do sínodo permanente a que nos convocais no Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Caio Bonfim diz “Jesus” em libras no pódio das Olimpíadas Paris 2024

Caio Bonfim faz o sinal que significa "Jesus" | Captura de vídeo | ACI Digital

Caio Bonfim, prata na marcha atlética, diz “Jesus” em libras no pódio das Olimpíadas Paris 2024

Por Natalia Zimbrão*

1 de agosto de 2024

O brasileiro Caio Bonfim, de 33 anos, conquistou hoje (1º) a medalha de prata na marcha atlética, nas Olimpíadas de Paris 2024. Ao ser chamado ao pódio, o marchador fez o mesmo gesto feito pela skatista Rayssa Leal no domingo (28), que significa “Jesus” em língua brasileira de sinais (Libras). A iniciativa vai contra as regras do Comitê Olímpico Internacional COI), que proíbe manifestações religiosas nos jogos e, por isso, é passível de punição.

A Carta Olímpica determina em sua regra 50 que “não é permitido nenhum tipo de manifestação política, religiosa ou racial”.

No domingo, ao ser apresentada antes de entrar na pista, Rayssa Leal disse em libras: “Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida”. Em entrevistas depois da competição, ela disse que fez o gesto porque costuma fazer “em todas as competições” e porque é “cristã”.

Hoje, ao ser chamado ao pódio, Caio Bonfim, que é evangélico como Rayssa, fez o sinal com as mãos que significa “Jesus” e apontou para o céu.

Na premiação de hoje, os atletas receberam apenas a mascote das Olimpíadas, porque a entrega das medalhas acontecerá amanhã (2), no Stade de France, palco das principais competições do atletismo.

Sobre o caso Rayssa Leal, o COI disse em comunicado enviado ao jornal  O Estado de São Paulo: “Estivemos em contato com o Comitê Olímpico do Brasil e lembramos a eles das Diretrizes de Expressão do Atleta”. Apesar da notificação, a skatista não foi punida.

Apesar de o COI proibir manifestações religiosas nas Olimpíadas, na cerimônia de abertura dos jogos, na sexta-feira (26), uma cena blasfema reproduziu a Última Ceia com drag queens.

Depois da indignação provocada no mundo inteiro, representantes do comitê organizador disseram que a cena pretendia representar o quadro "O Banquete dos Deuses" do pintor holandês Jan van Bijlert. Mas, os "artistas" que participaram da encenação confirmaram em declarações à imprensa francesa que sua intenção era de fato imitar a pintura de Leonardo Da Vinci da Última Ceia.

“Deus me segurou”, diz Caio Bonfim

Essa foi a quarta participação de Caio Bonfim nas Olimpíadas e sua primeira medalha olímpica. Depois da competição, Caio disse à Cazé TV que sentiu “a mão de Deus” lhe “segurando e falando: ‘Vamos, cara’”.

Antes de se tornar um atleta medalhista olímpico, Caio Bonfim enfrentou alguns desafios desde sua infância. Em uma publicação em suas redes sociais em janeiro, ele disse que nasceu saudável, mas, aos sete meses, teve meningite bacteriana e ficou 15 dias internado. “Para honra e glória de Deus eu não tive nenhuma sequela”, disse. Quando completou um ano, “misteriosamente” suas pernas “começaram a entortar”. O médico disse que era um caso para cirurgia e que “teria que repetir essa cirurgia constantemente”, porque suas “pernas voltariam a entortar”. “Mal sabia ele dos planos de Deus”, disse.

Bonfim fez a cirurgia e ficou um tempo usando gesso nas pernas. “Por fim, retirei o gesso e pude ter uma vida normal, não precisei fazer outras cirurgias, pois contrariando o prognóstico as pernas não entortaram”, contou.

O menino cresceu, jogou futebol e, aos 16 anos, fez seu primeiro teste para a marcha atlética. Aos 18 anos, “com o corpo adulto”, fez nova avaliação médica. “Chegando ao consultório, contamos ao médico que eu havia me tornado um atleta, ele ficou surpreso, riu e brincou: ‘mas eu não te fiz para ser um atleta, fiz pra ser no máximo jogador de dominó’”, lembrou.

Caio recordou que quando o médico viu o resultado dos exames ficou “maravilhado com os resultados. E, surpreso, disse: É, o milagre realmente foi grande, o seu corpo é totalmente adaptado para o seu esporte”.

“Ao longo desses 17 anos de carreira Deus tem me presenteado com várias bênçãos, medalhas em Jogos Panamericanos, medalhas em campeonatos mundiais, finalista em jogos olímpicos. São inúmeras as minhas vitórias no esporte, mas a mais valiosa é poder espalhar o amor e a bondade de Deus por onde eu for”, disse.

*Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/58612/caio-bonfim-prata-na-marcha-atletica-diz-jesus-em-libras-no-podio-das-olimpiadas-paris-2024

A tristeza e a acídia

Desânimo espiritual ou "acídia" (arquidiocesesalvador)

A tristeza e a acídia 

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

A distinção gramatical entre tristeza e acídia é de suma relevância, especialmente no contexto da espiritualidade cristã. Embora ambos os termos possam parecer semelhantes em suas manifestações externas, eles possuem diferenças conceituais significativas que são fundamentais para o entendimento da moralidade e da prática cristã. 

Na Suma Teológica, Pars Prima Secundae, Santo Tomás de Aquino aborda a tristeza no contexto do Tratado das Paixões da Alma (Questões 35 a 39). Ele a define como uma paixão que surge do reconhecimento de um mal presente, que contraria o desejo do bem. Em sua essência, a tristeza é uma reação à perda ou à ausência de um bem percebido. Santo Tomás explora a relação entre dor e tristeza, apontando que a tristeza pode ser vista como uma dor interior, uma aflição da alma que se manifesta quando o mal é experimentado ou percebido. 

Além disso, Aquino diferencia entre a tristeza que é conforme à razão e aquela que é contrária à razão. A tristeza conforme à razão pode surgir do pesar pelos próprios pecados ou do lamento pelas injustiças do mundo, sendo, portanto, uma tristeza “boa” que conduz ao arrependimento e à conversão. Por outro lado, a tristeza contrária à razão é aquela que leva ao desespero e à desesperança, podendo ser considerada um mal, pois afasta a alma de Deus e da prática das virtudes. 

A acídia, segundo Santo Tomás de Aquino, é uma espécie particular de tristeza, distinta por sua natureza e efeitos. Definida como “uma tristeza que leva à apatia”, a acídia é vista como um vício capital que afeta especificamente o desejo de Deus e das coisas divinas. É um tipo de abatimento espiritual que resulta na falta de motivação para realizar atos bons e virtuosos, incluindo a oração e a contemplação (Suma Teológica, Secunda Secundae, Tratado sobre a Caridade, Questão 35). 

A acídia é frequentemente associada à preguiça, mas é mais profunda e complexa. Ela representa uma forma de desespero que mina a energia espiritual, levando à inação e ao abandono das responsabilidades espirituais. É por isso que Aquino classifica a acídia como um pecado capital, pois é a raiz de muitos outros pecados, como a negligência dos deveres religiosos e o afastamento da vida comunitária e eclesial. 

O Papa Francisco, tanto em suas catequeses quanto na Evangelii Gaudium, aborda a tristeza e a acídia em uma perspectiva pastoral, enfatizando a necessidade de discernimento e combate a essas realidades espirituais. Na catequese sobre a tristeza, o Papa Francisco distingue entre uma tristeza saudável, que leva ao arrependimento e à conversão, e uma tristeza perniciosa, que paralisa e impede a ação (Audiência Geral, 07/02/2024). Ele alerta contra a “tristeza do mundo” que leva à morte espiritual e destaca a importância de cultivar a alegria do Evangelho e a esperança cristã (Audiência Geral, 07/02/2024; Evangelii Gaudium, 1-4; 83.275). 

O Papa Francisco descreve a acídia como uma tentação perigosa, muitas vezes disfarçada de preguiça ou apatia. Ele a considera uma forma de falta de cuidado espiritual, que afeta especialmente aqueles que se sentem sobrecarregados pelas exigências da vida moderna. Francisco enfatiza a necessidade de paciência na fé e de perseverança, mesmo diante da aridez espiritual, como um antídoto contra a acídia (Audiência Geral, 14/02/2024). 

Para evitar a “tristeza melosa” que se apodera da alma, é preciso cultivar uma espiritualidade de profunda intimidade e comunhão com Deus (Evangelii Gaudium, 83). A fé cristã oferece os recursos necessários para superar tanto a tristeza quanto a acídia, através do cultivo da esperança cristã e da prática das virtudes. A participação na comunidade eclesial e a vivência dos sacramentos também desempenham um papel fundamental no fortalecimento da fé e na prevenção do desânimo espiritual. A luta contra a tristeza e a acídia é uma batalha contínua, mas essencial para viver uma vida cristã plena e significativa. Em Cristo, podemos encontrar a alegria e a paz que superam todas as formas de tristeza e desânimo, pois ser cristão não é um peso, mas um dom. Encontrar Cristo foi o acontecimento mais importante de nossas vidas (Documento de Aparecida, 23; 32: Evangelii Gaudium, 2-4; 10). 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF