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quarta-feira, 7 de agosto de 2024

CATEQUESE DO PAPA: sem o Espírito Santo a Igreja não pode ir em frente

Papa Francisco - Audiência Geral desta quarta-feira, 07 de agosto (Vatiacan Media)

Francisco retomou hoje, 7 de agosto, as Audiências Gerais de quarta-feira. Na catequese, o Papa continuou a reflexão sobre a presença do Espírito, começando pelo ato da Criação e passando ao Novo Testamento. "O Espírito Santo é protagonista na Encarnação do Verbo: Maria torna-se Mãe de Cristo e é figura da Igreja". Diante das dificuldades, o Papa convidou a sempre repetir: "Nada é impossível para Deus".

Thulio Fonseca – Vatican News

O Papa Francisco, nesta manhã, 07 de agosto, retomou as tradicionais Audiências Gerais, suspensas desde 26 de junho devido à habitual pausa de verão. Com milhares de fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI, o Santo Padre deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre "O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança", passando da leitura da Criação à do Novo Testamento.

“O tema de hoje é o Espírito Santo na Encarnação do Verbo”, introduziu o Pontífice, dedicando sua reflexão à Maria, esposa do Espírito e figura da Igreja, que do Espírito recebe a força para anunciar a Palavra de Deus após tê-la acolhido.

Maria concebeu pela ação do Espírito Santo

Francisco parte do dado fundamental da fé, estabelecido pela Igreja no Concílio Ecumênico de Constantinopla do ano 381 que definiu a divindade do Espírito Santo, este artigo entrou na fórmula do “Credo”, recitado em cada Missa: o Filho de Deus “se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem”, e completou:

“É, portanto, um fato ecumênico de fé, porque todos os cristãos professam juntos esse mesmo Símbolo de fé. A piedade católica, desde tempos imemoriais, hauriu dela uma das suas orações diárias, o Angelus.”

Audiência Geral desta quarta-feira, 07 de agosto (Vatiacan Media)

Maria, esposa do Espírito Santo 

Trata-se do artigo de fé, prosseguiu o Pontífice, "que permite falar de Maria como a Esposa por excelência, que é figura da Igreja". A Lumen gentium, observa o Papa, retoma esse paralelismo entre Maria que gera o Filho "envolvida pelo Espírito Santo" e a Igreja:

“A Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção da palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus.”

Anunciar Cristo e a sua salvação 

O Papa sublinha que, assim como a Virgem primeiro acolheu em si Jesus para depois dá-lo à luz, também a Igreja primeiro deve acolher a Palavra de Deus "para depois dá-la à luz com a vida e a pregação". Como Maria, que perguntou ao anjo que lhe anunciava a maternidade "como é possível isso?", recebendo a resposta "o Espírito Santo descerá sobre ti", assim "também à Igreja, diante de tarefas superiores às suas forças, surge espontaneamente a mesma pergunta":

“Como é possível anunciar Jesus Cristo e a sua salvação a um mundo que parece procurar apenas o bem-estar neste mundo? A resposta ainda é a mesma de então: ‘Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas’ (At 1,8). Sem o Espírito Santo, a Igreja não pode ir em frente, a Igreja não cresce, a Igreja não pode pregar."

Papa Francisco saúda os fiéis durante a Audiência Geral (Vatican Media)

"Para Deus nada é impossível"

“E não apenas a Igreja, mas cada batizado, cada um de nós”, enfatizou o Papa, às vezes se pergunta "como posso enfrentar esta situação?". Ajuda, nestes casos, recordar e repetir para si mesmo o que o anjo disse à Virgem antes de a deixar: “Para Deus, nada é impossível”, e conclui:

“Irmãos e irmãs, retomemos então também nós, sempre, o nosso caminho com esta reconfortante certeza no coração: "Nada é impossível para Deus". E se nós acreditarmos nisso, faremos milagres. Nada é impossível para Deus.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Caetano de Thiene

São Caetano de Thiene (A12)
07 de agosto
País: Itália
São Caetano de Thiene

Caetano nasceu no ano de 1480 em Vicência, cidade da então República de Veneza, na Itália. Era um dos três filhos do Conde de Tiene, um católico exemplar. Foi consagrado a Nossa Senhora logo após o batismo, e cresceu num ambiente nobre e profundamente religioso.

Estudou Direito e Teologia na Universidade de Pádua, onde ficou conhecido pela modéstia e temperança, evitando as companhias libertinas. Doutorou-se com 24 anos, e entre 1504-1505 recebeu a tonsura eclesiástica, mas não o sacerdócio, por se achar indigno; neste ínterim, fundou uma igreja dedicada a Santa Maria Madalena (existente até hoje) numa propriedade da família em Rampazzo.

Em 1506, em Roma, trabalhou como secretário particular do Papa Júlio II, sendo também protonotário (título para um oficial, não bispo, hierarquicamente superior da Cúria Romana, responsável pela elaboração de documentos). Como redator de cartas apostólicas, fez contato e conviveu com cardeais famosos. O povo o apelidara de “padre santo”.

Contudo a situação de Roma, incluindo a de boa parte do clero, em pleno período do “esplendor” renascentista, era de imoralidade e falta de santidade – “(…) tornou-se uma Babilônia”, nas palavras de Caetano. Os interesses estavam na política, na frivolidade, nos prazeres, no fausto, na corrupção, enfim, no profano, o que mereceu as críticas de Lutero (e que este usou como pretexto para, ao invés de buscar a santidade como São Caetano, propor a heresia protestante). Ao contrário, Caetano decidiu buscar a reforma de vida e costumes dentro da Igreja, mas sem dividi-la: diante das críticas, Caetano dizia: “A primeira coisa que se deve fazer para reformar a Igreja é reformar-se a si mesmo”.

Assim, junto com alguns outros, organizou uma irmandade, ainda leiga, para fomentar a vida cristã em si mesmos e na sociedade, chamada Companhia ou Oratório do Amor Divino. A proposta era “combater a influência paganizante do Renascimento” e “reacender o fogo do amor de Deus nos corações, e impedir que a heresia, a libertinagem, o amor aos prazeres e a paixão dos interesses não o banissem”, a partir do estudo e vivência prática das Escrituras. São Caetano entregou-se inteiramente ao Oratório, e o seu exemplo de vida santa começou a evidenciar aos próprios católicos como era possível – e necessário – levar uma vida nos moldes do Evangelho.

Durante uma estadia em Vicêncio, por ocasião da morte de sua mãe, Caetano ingressou também no Oratório de São Jerônimo, cujos fins eram os mesmos da Confraria do Amor Divino.

Após muito tempo de reflexão, em 1516, Caetano decidiu ordenar-se sacerdote, aos 36 anos. Seu amor e respeito pela Santa Missa o levaram a se preparar durante três meses para celebrá-la pela primeira vez, na basílica de Santa Maria Maior. A partir de então, celebrava o Santo Sacrifício diariamente, o que não era feito pela maior parte do clero na época. São Caetano estabeleceu a bênção com o Santíssimo Sacramento e promoveu a Comunhão frequente: “Não estarei satisfeito até que veja os cristãos se aproximarem do banquete celestial com simplicidade de crianças famintas e alegres, e não cheios de medo e falsa vergonha”.

No Natal de 1517, rezando junto à relíquia do Presépio venerada na basílica de Santa Maria Maior, Nossa Senhora, acompanhada de São José e São Jerônimo, apareceu-lhe com o Menino Jesus recém-nascido nos braços e O colocou nos braços de Caetano, fato que se repetiu nas festas da Circuncisão e da Epifania, como ele mesmo escreve numa carta de 1528. Por isso São Caetano é sempre representado com o Menino Jesus nos braços.

Em 1520 Caetano foi para Veneza, onde colaborou na fundação do Hospital dos Incuráveis. Voltando para Roma, fundou em 1524 a Ordem dos Clérigos Regulares (Teatinos), junto com companheiros do Oratório, Bonifácio Colli, Paulo Consiglieri e João Pedro Carafa, bispo de Chiete (e depois Papa Paulo IV). A ideia era uma continuação dos objetivos do próprio Oratório, mas agora também no âmbito clerical, isto é, a reforma do clero para combater os efeitos paganizantes do renascentismo: com modelo nos Apóstolos, renovar a vida espiritual e a pregação da Doutrina, pois “(…) o nó do problema estava no clero, contagiado em grandes setores pela cobiça, a frivolidade e a imoralidade do Renascimento”. Essa foi a primeira ordem religiosa da Reforma Católica em resposta à crise religiosa da Europa no século XVI.

Os Teatinos deveriam ter tal confiança na Divina Providência, que não poderiam nem mesmo pedir esmolas, mas esperar que elas fossem dadas espontaneamente. O papa Clemente VII aprovou a congregação, e imediatamente Caetano renunciou a todos os seus bens para dedicar-se única e exclusivamente à vida comum. O mesmo ocorreu com o bispo Carafa, o primeiro superior geral, que abdicou também da sua vida e privilégios episcopais. Em pouco tempo, o número de congregados aumentou significativamente.

Os Teatinos não são monges, pois têm vida ativa e não contemplativa, mas obedecem a uma regra de vida comum como os religiosos, e renunciam a todos os seus bens terrenos, devendo viver de seu trabalho apostólico e de ofertas espontâneas dadas pelos fiéis (nunca de rendas fixas ou mendicância). Os alimentos recebidos e não consumidos no mesmo dia eram doados aos pobres, pois Deus supriria o necessário para o dia seguinte. Repartindo todos os seus bens entre os mais pobres, muitas vezes ficavam sem ter comida. Certa ocasião São Caetano, batendo na porta do Sacrário, disse confiante ao Senhor: “Jesus amado, lembro-Te que hoje não temos nada para comer”. Logo após, alguns homens, que não quiseram dizer de onde vinham, chegaram com mantimentos.

Em 1527 o Condestável de Bourbon, com um exército de 30 mil soldados composto por luteranos e assalariados sem princípios, saqueou a cidade de Roma. Caetano foi preso e torturado, mas sobreviveu. Os Teatinos, depois de muitos sofrimentos, tiveram que ir para Veneza, onde, além de obras de misericórdia, efetuaram a reforma do Missal e do Breviário romanos que o Papa lhes havia encomendado. São Caetano promoveu com extraordinário zelo a magnificência do culto litúrgico, a santidade e o decoro dos templos.

Ele nunca deixou de combater a heresia protestante, que se infiltrava também entre a aristocracia e intelectualidade de Nápoles, aonde esteve: denunciou ao Santo Ofício três pregadores que se tornaram luteranos; fundou ou reformou vários mosteiros locais; e estabeleceu para os operários dessa cidade um Monte de Piedade, que se tornou o atual Banco de Nápoles. Enfim, por onde esteve Caetano pregou e viveu a máxima evangélica que se tornou o lema da sua Ordem: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo mais vos será dado por acréscimo” (Mt 6,33).

Em 1547 o vice-rei de Nápoles, D. Pedro de Toledo, decidiu estabelecer ali o Tribunal da Inquisição nos moldes do espanhol. Isto gerou uma revolta da nobreza e do povo e consequente guerra civil. Caetano inutilmente buscou a conciliação, e desgostoso com as ofensas a Deus nos tumultos populares e a rejeição ao Concílio de Trento (1545-1563), adoeceu. Os médicos aconselharam que colocasse um colchão sobre as tábuas onde dormia, mas ele respondeu: “Meu salvador morreu na cruz; deixe-me pois morrer também sobre um madeiro”. Faleceu em 7 de agosto de 1547. Sua bula de canonização diz que neste mesmo dia cessaram todas as revoltas populares, segundo se crê por sua intercessão.

Por causa disso São Caetano é conhecido como pacificador dos tumultos populares, bem como “caçador das almas” pelo seu zelo evangélico, e também invocado como Pai de Providência, por sua eficaz intercessão aos dons da Providência Divina. Foi verdadeiro Apóstolo da autêntica Reforma Católica.

 No Brasil, São Caetano de Tiene já foi muito popular, com várias cidades, igrejas, capelas e ruas nomeadas em sua honra por todo o território nacional.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A busca da santidade e o combate aos enganos do mundo são o trabalho normal e permanente dos católicos, individualmente e como Igreja. Assim será até o final dos tempos, mas sem dúvida há momentos melhores e piores neste combate, ao longo da História. Neste processo, há também, em termos gerais, uma proporção entre a gravidade dos erros e o entendimento e conhecimento de Jesus e da Sua Doutrina; porém, de forma absoluta, a gravidade do pecado é cada vez maior, na medida mesma em que o ensinamento do Senhor fica cada vez mais claro. As desculpas de ignorância e dificuldade de comunicação para divulgar a Boa Nova tornam-se cada vez menos consistentes; e portanto as medidas para desfigurar a mensagem de Cristo ou tentar suprimi-la ficam cada vez mais maliciosas, com mais culpa. De fato, se os cismas e heresias como as de Lutero e outros prejudicaram imensamente as almas, ao propor uma “nova igreja” externa ao Corpo Místico de Jesus, a tendência atual é ainda pior, a de apresentar pelo mesmo nome de Católica uma Igreja “nova” criada pelo homem à sua própria imagem e semelhança, deturpando com inteligência infernal o sentido das Sagradas Escrituras, da Tradição e do Magistério, e buscando um pretenso “paraíso terrestre” de cunho material. O caso mais grave é o da chamada “teologia da libertação”, impregnada da ideologia política marxista e ateia. É o grande desafio da verdadeira Fé nos nossos tempos, tão grave que Nossa Senhora pessoalmente a denunciou em Fátima, Portugal, em 1917, com toda a clareza. O exemplo de São Caetano também é muito claro. Ele dizia que "Cristo espera e ninguém se mexe", e por isso demonstrou na prática que a reforma da sociedade deve ser iniciada em cada indivíduo, particularmente, e não a partir de “reformadores não-reformados”, lobos em pele de cordeiro denunciados por Jesus (cf. Mt 7,15-20). Por isso dedicou-se a uma vida santa, centrada no amor a Deus, através da oração e estudo, cujos frutos se manifestaram por exemplo no seu cuidado com a Eucaristia, a Santa Missa, a Liturgia: comunhão frequente, Missa diária, zelo imenso pelo culto litúrgico, respeito e decoro nas e das igrejas. Realidades bem diferentes dos frutos com ênfase no político, no profano, no sincretismo ofensivo a Deus, que O tenta rebaixar à paridade com falsos deuses, por “respeito humano”. Infelizmente, também hoje, como disse São Caetano, “o nó do problema está no clero”, muito infiltrado de erros. Mas sem dúvida a reforma dos fiéis deve começar pela reforma do clero: se Cristo não fosse santo, como o seriam os Apóstolos? Se os Apóstolos não fossem santos, como o seriam os discípulos? O exemplo de santidade, na ordem natural, tem que vir de cima para baixo; as exceções são a resposta de Deus, pelo menos em parte, aos erros e mediocridade humanos. Estas duras realidades não implicam – jamais! – no julgamento da alma alheia, e na acusação indiscriminada do clero, cujo tem o direito, por vontade do próprio Cristo, de ser honrado, respeitado e obedecido, e foco do amor e incessantes orações dos fiéis. A necessidade está em ter sempre na alma, de forma absolutamente sincera e honesta, e com o maior conhecimento de causa possível com a ajuda da graça de Deus, a orientação de São Pedro: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5,29). O exemplo virtuoso de São Caetano é justamente a humildade de observar muito bem antes de reprovar o mal alheio (e portanto suas reprovações tiveram todo o crédito). A consequência prática desta sua diretiva foi a confiança total em Deus, inclusive para a subsistência, e seu conselho numa carta: “esqueça-se completamente de si e busque no próximo somente a face de Jesus Crucificado”. Este caminho, de estar a braços com o Menino Jesus, só o percorremos com Maria, do colo de Quem recebemos o Salvador...

Oração:

Senhor Deus, eternamente providente e caridoso, que querei antes a conversão que a morte do pecador, concedei-nos pela intercessão e exemplo de São Caetano de Tiene a honesta busca pela Verdade, que sois Vós mesmo, sem nunca desanimar na reforma das nossas próprias almas, em e com Maria “buscando em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, de modo a que tudo o mais nos seja dado por acréscimo”. E especialmente, tende misericórdia da Vossa Igreja, sobretudo o clero, atualmente tão atacados pela malícia do demônio, para que Vos seja fiel, pelo bem de todas as almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 6 de agosto de 2024

De chefe de grupo criminoso e assassino a seguidor de Jesus: ele conta seu testemunho aos jovens

Torsten Hartung, Um Assassino Condenado Que Passou Anos Na Prisão E Depois Se Converteu À Fé Católica Foto: Porta Luz

Aos 18 anos teve seu primeiro contato com um presídio e não seria o único. Mas as coisas ficaram ainda piores. Torsten tornou-se o chefe de um grupo criminoso. Com eles ele planejou um assassinato e o executou.

01 DE AGOSTO DE 2024 ZENIT EDITORIAL DEPOIMENTOS

(ZENIT News –  Porta Luz  / Kremsmünster, 01.08.2024).- Desde 1992, cerca de 400 jovens de toda a Áustria e de outros países reúnem-se todos os anos em Kremsmünster para passar uma semana em comunhão com outros jovens e com Deus. Eles são recebidos pela grande tenda branca como ponto de referência do encontro, pela igreja próxima e pelo amplo terreno, que oferece espaço para correr uma bola na hora do almoço ou para trocar ideias sobre Deus e o mundo, sentados no verdejante grama. .

O coração do encontro é a Adoração Eucarística. O encontro com o Deus vivo e o fortalecimento de um relacionamento pessoal com Deus brotam de um programa onde os testemunhos são muito importantes. E este ano houve um que marcou todos os jovens presentes...

Sua mãe queria cometer suicídio na frente dele quando ele tinha sete anos e queria culpá-lo. "É tudo culpa sua"... "Você foi um acidente"... "Nós não te amamos"... "Você é um inútil." Isso se soma ao fato de seu pai bater nele repetidas vezes. Então ele se fez notar na escola.

Estamos falando de Torsten Hartung, um assassino condenado que passou anos na prisão e depois se converteu à fé católica. Mas vamos voltar à sua infância...

Aos onze anos percebeu que a violência e a força chamavam a atenção, e seus colegas perceberam isso. Alguns anos depois, aos 15 anos, Torsten também se voltou contra o pai e o ameaçou. «Ele queria me bater. "Meu pai ficou com medo de mim e me expulsou."

Aos 18 anos teve seu primeiro contato com um presídio e não seria o único. Mas as coisas ficaram ainda piores. Torsten tornou-se o chefe de um grupo criminoso. Com eles ele planejou um assassinato e o executou. Ele foi preso por isso e toda a sua organização criminosa foi destruída. Eles o colocaram em isolamento onde ele teve muitas reflexões sobre sua vida.

Torsten sofreu muito na prisão. Eu ainda não conhecia Deus. Eu me perguntei: quem sou eu? Por que sou agressivo? Só depois de cinco anos ele conseguiu “responder às perguntas sobre quem ele era. Na história da minha vida, nunca conheci uma pessoa mais malvada do que eu.

Há alguns anos, no dia 15 de maio, ele rezou pela primeira vez: “Deus, não sei se você existe. Mas se você existe, me ajude, não quero mais essa vida. E ele começou a contar a Deus a história de sua vida. Mas então ele ouviu a voz de Deus muito claramente. Essa voz estava cheia de amor e misericórdia. «Naquele momento, a minha visão do mundo ruiu. Eu estava começando a pensar de uma maneira completamente nova. Deus existe. Ele estava lá! Todo o meu corpo tremeu de espanto com sua sabedoria onipotente. "A realidade divina irrompeu em minha vida."

Na verdade, Torsten começaria a mudar radicalmente. Algumas semanas depois, a voz de Deus foi ouvida novamente, dizendo-lhe para “abrir a Bíblia”. Ele abriu na Primeira Carta de João, capítulo primeiro, versículo 9... “Ali diz: “Se reconhecermos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. “Joguei o livro num canto, fiquei com medo, tive a impressão de que o livro estava falando comigo”.

Torsten ligou para seu advogado e começou a fazer uma confissão de vida. O juiz apenas o condenou a 15 anos, convencido da sua transformação. Ele passou um total de 22 anos na prisão.

"Deus tem um plano para todos"

Mais tarde descobriu os santos da Igreja, consagrou-se à Virgem no dia 8 de dezembro e iniciou a sua formação frequentando a aula de catecumenato na prisão com um padre católico. “Sou um homem louco por Deus”, diz ele, porque na sede de crescer na fé quis saber e perguntou ao sacerdote quem eram Teresa de Ávila, Catarina de Sena, etc. Ele leu vários livros sobre santos. Após a sua libertação, fundou uma "Casa da Misericórdia" em Froburg (Suíça), onde cuida de menores delinquentes.

Durante uma sessão de perguntas e respostas com os jovens, Torsten explicou por que se tornou católico. Ele diz que pediu a Deus e recebeu a resposta: “Estude a história da Igreja!” …Eu não tinha ideia sobre dogmas, então vi que todos eles estão centrados em Cristo. É por isso que decidi pela Igreja Católica.”

No seu testemunho aos jovens, Torsten criticou o caminho sinodal na Alemanha e comentou: “Há muitos ensinamentos falsos aqui na Alemanha, é por isso que o chamamos de caminho suicida. Fala-se também da María 2.0, que é uma porcaria, como se ela precisasse de uma atualização. Concluiu agradecendo a Deus porque após sua libertação conheceu sua esposa em uma viagem missionária pela Coreia do Sul, e também desenvolveu um relacionamento intenso com Medjugorje.

Artigo originalmente publicado pela Porta Luz.

“Senhor, é bom ficarmos aqui.”(Mt 17,4)

Senhor é bom ficarmos aqui (Mt 17,4) (Movimento di Focolari)

“Senhor, é bom ficarmos aqui.”(Mt 17,4) | Palavra de Vida – Agosto de 2024

Organizado por Silvano Malini com a comissão da Palavra de Vida   publicado às 09:50 de 30/07/2024, modificado às 09:52 de 30/07/2024

JESUS está a caminho de Jerusalém com seus discípulos. Diante do seu anúncio de que lá Ele haveria de sofrer, morrer e ressuscitar, Pedro se rebela, expressando a consternação e a incompreensão de todos. Então o Mestre o convida a segui-lo e, juntamente com Tiago e João, sobe “a um lugar retirado, numa alta montanha”. Ali se mostra aos três em uma luz nova e extraordinária: seu rosto “brilhou como o sol” e Moisés e o profeta Elias falavam com Ele. O próprio Pai fez ouvir a sua voz desde uma nuvem luminosa e convidou-os a escutar Jesus, seu Filho amado. Frente a essa experiência surpreendente, Pedro bem que gostaria de não mais ir embora e exclama:

“Senhor, é bom ficarmos aqui.”

Jesus tinha convidado seus amigos mais próximos a viver uma experiência inesquecível, para que eles a conservassem sempre dentro de si.

Talvez também nós tenhamos experimentado, com maravilha e emoção, a presença e a ação de Deus na nossa vida, em momentos de alegria, paz e luz, nos quais tínhamos o desejo de que eles jamais passassem. São momentos que vivenciamos muitas vezes com outras pessoas, ou graças a elas. Com efeito, o amor mútuo atrai a presença de Deus porque, como Jesus prometeu, “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estou no meio deles (1)”. Às vezes, nesses momentos de intimidade com Jesus entre nós, Ele nos faz ver a nossa própria realidade e nos faz ler os acontecimentos por meio do seu olhar.

Essas experiências nos são proporcionadas a fim de termos forças para enfrentar as dificuldades, as provações e as labutas que encontramos na caminhada, tendo no coração a certeza de que fomos olhados por Deus, que nos chamou para fazermos parte da História da Salvação.

De fato, depois de terem descido da montanha, os discípulos vão juntos para Jerusalém, onde encontram uma multidão cheia de esperança, mas também enfrentam armadilhas, controvérsias, aversão e sofrimentos. Ali “serão dispersos e enviados aos confins da terra para testemunhar a nossa última morada, o Reino” (2) de Deus.

Eles poderão começar a construir já aqui na terra a sua casa entre os homens, porque estiveram “em casa” com Jesus na montanha.

“Senhor, é bom ficarmos aqui.”

“Levantai-vos, não tenhais medo (3)” é o convite de Jesus no fim dessa experiência extraordinária. Ele o dirige também a nós. Como seus discípulos e amigos, podemos enfrentar com coragem o que está por vir.

Foi o que aconteceu também com Chiara Lubich. Passou um período de férias tão rico de luz, a ponto de ser definido “o Paraíso de 1949”, pela presença sensível de Deus na pequena comunidade com a qual transcorreu momentos de descanso e por uma extraordinária contemplação dos mistérios da fé. Depois dessa experiência, também ela não sentia vontade de voltar à vida do dia a dia. Mas voltou, com renovado ardor, porque compreendeu que, precisamente por causa daquela experiência de iluminação, devia “descer da montanha” e pôr-se a trabalhar como instrumento de Jesus na realização do seu Reino, levando o seu amor e a sua luz justamente lá onde faltavam, enfrentando inclusive labutas e sofrimentos.

“Senhor, é bom ficarmos aqui.”

Então, quando sentimos falta da luz, podemos trazer ao coração e à mente aqueles momentos em que o Senhor nos iluminou. E se ainda não tivermos feito a experiência da sua proximidade, vamos procurar fazê-la. Teremos de fazer o esforço de “subir a montanha” para encontrá-lo nos nossos próximos, para adorá-lo nas nossas igrejas e para contemplá-lo também na beleza da natureza.

Porque, à nossa disposição, Ele está sempre: basta caminhar com Ele e, silenciando, passar a escutá-lo humildemente, como fizeram Pedro, João e Tiago (4).

1) Mt 18,20.

2) RADCLIFFE, Timothy, OP, segunda meditação para os participantes da assembleia geral do Sínodo dos Bispos, Sacrofano, 1/10/2023.

3) Mt 17,7.

4) Cf. Mt 17, 6.

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

CRISTANDADE: As palavras de espanto (2)

A cura do cego de nascença, Duccio di Buoninsegna, National Gallery, Londres. | 30Giorni

As palavras de espanto

O Evangelho de Marcos parece não ter uma cristologia “robusta e bem definida”. Monsenhor Settimio Cipriani mostra, ao contrário, que ela se expressa através de perguntas e termos que expressam espanto, mais numerosos aqui do que em todos os outros Sinópticos.

por Lorenzo Cappelletti

As palavras da ocorrência do espanto

A aula passa assim a investigar, a nível exegético, que palavras e que estruturas narrativas expressam essa surpresa, no rosto de Jesus Cristo, que «de alguma forma nos leva ao reconhecimento, ou pelo menos que se suspeite, que em Jesus Deus está verdadeiramente presente e ativo” (p. 7).

A primeira avaliação é estatística: o Evangelho mais antigo e mais curto é o que mais permanece no espanto: «No Evangelho de Marcos há 34 ocorrências de verbos, substantivos ou adjetivos, mais do que em qualquer outro evangelista, que expressam admiração, espanto ou mesmo [...] espanto, medo de Jesus" (p. 8).

«O espanto irrompe logo no início do Evangelho» (p. 9), quando Jesus entrou num sábado na sinagoga de Cafarnaum, ensina com autoridade e cura um endemoninhado, comandando o espírito imundo, que o havia reconhecido como “o santo de Deus", permanecer calado ( Mc 1,21-28). «Todos ficaram maravilhados (•yambÄyhsan)» ( Mc 1,27). Aoristo passivo fraco de um dos «dois verbos que mais explicitamente expressam espanto, especialmente sagrado, a ponto de criar uma sensação de perplexidade ou medo, [e que] são “exclusivos” de Marcos: yambeîsyai (3 vezes) e •kyambeîsyai (4 vezes) » (pág. 8). No segundo, o acréscimo da preposição •k determina uma intensificação do sentido expresso pelo verbo simples.

Esses verbos exclusivos de Marcos (yambeîsyai e •kyambeîsyai) podem expressar tanto admiração alegre quanto medo, ambos juntos. O mesmo se aplica a outros verbos e substantivos, entre os quais Cipriani analisa aqueles que são usados ​​por Marcos com mais frequência do que nos outros Sinópticos. Mas Cipriani imediatamente aponta que os substantivos são “menos usados” (p. 8) do que os verbos (o yámbow, por exemplo, que se encontra diversas vezes em Lucas, não se encontra em Marcos), sugerindo que o espanto no Evangelho de Marcos é não é antes de mais nada um estado que a psiquiatria moderna possa suspeitar de catatonia, mas um acontecimento. Tanto que “o pré-requisito para essa sensação é a impressão de algo acontecendo repentinamente diante dos meus olhos” (p. 9). Se a palavra espanto é tão detestada por alguns, se outros a desconfiam tanto, é porque a repetição literal da palavra graça entre eles é inversamente proporcional à ênfase na sua ocorrência, na “operação da graça”, para diga Péguy.

Outro verbo característico neste sentido é •kplÄssomai. «Embora não seja exclusivo dele, Marcos  usa-o 5 vezes, em comparação com 4 em Mateus e 3 em Lucas. Usado exclusivamente na voz passiva, também intensificado pela preposição •k, significa algo como "ficar impressionado, ficar fora de si, ficar surpreso" com algo que se vê ou ouve" (p. 16). É o verbo que regressa, em particular, quando nos deparamos com o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum e Nazaré (cf. Mc 1,22 e 6,2); depois da cura do surdo-mudo ( Mc 7, 37); depois das palavras de Jesus ao jovem rico ( Mc 10,26) e no momento da expulsão dos vendedores do templo de Jerusalém ( Mc 11,18).

«Há outro verbo, com substantivo relacionado, que é característico de Marcos, e também expressa principalmente espanto, surpresa, admiração; às vezes, uma sensação de desconforto e talvez até de preocupação e medo. Este é o verbo •jísthmi, recorrente em Marcos 4 vezes, em Lucas apenas 2 vezes, em Mateus apenas 1 vez; e do substantivo ¥kstasiw, ocorrendo duas vezes em Marcos, apenas uma vez em Lucas. O verbo •jísthmi no Novo Testamento significa “ficar ou permanecer atônito, quase fora de si de espanto”” (pp.17-18). É o verbo que ocorre diante da cura do paralítico cujos pecados Jesus perdoa ( Mc 2,12) e, reforçado pelo substantivo correspondente, diante da ressurreição da filha de Jairo ( Mc 5,42); novamente, quando Jesus aparece à noite sobre as águas do lago ( Mc 6,51); e, num sentido negativo, quando os que estão na sua própria casa se perguntam se Jesus não está louco ( Mc.3.21); finalmente, com o substantivo ¥kstasiw, Marcos descreve o sentimento das mulheres diante do túmulo vazio e as palavras do anjo ( Mc 16,8): «É claro que aqui ¥kstasiw, como fica claro em todo o contexto , [... ] expressa uma sensação de medo, de susto, mas também de surpresa: surpresa que atormenta sua cabeça, porque é algo novo, inesperado, inesperado que se apresenta diante de você. Uma perturbação momentânea, que também pode explodir em imensa alegria” (p. 19).

Perguntas sobre Jesus e perguntas de Jesus

O espanto, por outro lado, não é apenas assinalado pelo uso destas palavras, mas, como dizíamos, por toda a estrutura narrativa do Evangelho de Marcos, feita de perguntas contínuas, até ao supremo um dos sumo sacerdotes: “Tu és o Cristo, o bendito Filho de Deus?” ( Marcos 14,61). Porém, não são apenas as perguntas sobre Jesus que expressam e suscitam surpresa diante dele, um lugar notável neste sentido no Evangelho de Marcos vai para as perguntas de Jesus. Na verdade, as perguntas de Jesus repropõem a pergunta sobre. ele: «São ferramentas e métodos eficazes para abrir raios de luz e permitir-nos compreender algo mais profundo sobre a identidade de Jesus. São capazes, pela sua natureza, de suscitar dúvidas, de suscitar novas questões, de pôr em causa o que já aconteceu. adquirido ou de despertar curiosidade sobre sua pessoa” (p. 25).
«Fazer um quadro sinóptico das perguntas de Jesus mostra que em Marcos, o mais curto dos Evangelhos sinópticos, há 61 perguntas de Jesus, dirigidas quer aos discípulos, quer aos seus adversários, quer a outras pessoas, contra um total de 40 perguntas em Mateus e 25 em Lucas" (p. 24).

Perguntamo-nos se uma investigação (do mesmo tipo daquela sobre as questões de Jesus , que constituiu o objeto específico de estudos muito recentes retomados por Cipriani em sua lição) realizada sobre o próprio espanto humano de Jesus diante da fé de alguns, a descrença de outros, ou simplesmente em relação aos pobres e às crianças, não daria resultados igualmente interessantes na comparação entre o Evangelho de Marcos e os outros Sinópticos. Talvez já tenha sido feito e possa ser relatado ao leigo! Com esta pergunta saudamos e agradecemos a Monsenhor Cipriani.

Arquivo 30Dias – 09/2001

Fonte: http://www.30giorni.it/

Neste 6 de agosto, ACN promove o Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos

Coliseu iluminado de vermelho recorda perseguição aos cristãos.  (AFP or licensors)

A edição deste ano marca os 10 anos da invasão do norte do Iraque pelos terroristas do grupo Estado Islâmico, expulsando cerca de 100 mil cristãos de suas casas, que tiveram de fugir a pé, somente com as roupas do corpo, sem água ou comida. Fato que deu origem ao Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos, realizado anualmente em agosto, desde 2015.

A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, sigla em inglês), realiza no dia 6 de agosto a 10ª edição do Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos. Esta é uma edição emblemática, pois foi há 10 anos, na noite de 6 de agosto de 2014, que mais de 100 mil cristãos foram expulsos do norte do Iraque pelo grupo terrorista Estado Islâmico. Eles fugiram a pé, no meio da noite, só com a roupa do corpo. A única bagagem era o medo.

Na época, a ACN ofereceu toda a ajuda para que esses cristãos fossem acolhidos material e espiritualmente. O Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos teve início em 2015, após um ano da invasão e, desde então, ocorre anualmente em agosto, em referência à noite de 6 de agosto de 2014.

Durante a conferência organizada pela ACN em memória dos 10 anos da invasão, Dom Nizar Semaan, Arcebispo Católico Siríaco de Adiabene, no norte do Iraque, reforçou o fato: "palavras não podem descrever o que experimentamos há 10 anos, o grupo Estado Islâmico tentou nos erradicar, mas falhou. As pessoas aqui são como oliveiras. Você pode cortá-las, queimá-las, mas depois de 10 ou 20 anos elas continuarão a dar frutos. Eles tentaram de tudo, mas nós permanecemos, e como Igreja fazemos de tudo para dar um sinal de esperança".

Vídeo da Campanha do Dia de Oração:

https://youtu.be/LWJvzxHj63Y

O Frei Rogério Lima, Assistente Eclesiástico da ACN Brasil, reforça: “Todos os dias na ACN, graças aos nossos benfeitores, socorremos os cristãos que sofrem miséria ou perseguição em mais de 130 países, incluindo o Brasil. No Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos queremos mostrar também o poder que a oração tem para aqueles que sofrem na pele a discriminação e a perseguição por serem cristãos. Semanalmente recebemos notícias de ataques a igrejas, de sequestros, tortura e assassinato de padres, religiosas e cristãos leigos. Além da ajuda concreta, precisamos da oração de cada um. Como Paulo nos pediu na carta aos Tessalonicenses: ‘Orai meus irmãos e irmãs, sem cessar.’”, diz.

A iniciativa da ACN no Brasil conta com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), convidando todas as paróquias e comunidades cristãs do país a participarem. Rezar é demonstrar importância ao tema e dar a visibilidade necessária para uma posição contrária à perseguição de quem, ainda hoje, paga um alto preço por acreditar em Jesus.

O Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos já inicia no final de semana do dia 3 e 4 de agosto. Em São Paulo, na Missa na Catedral da Sé do dia 4 de agosto, às 11h, o Diácono Bruno Redígolo representará a ACN Brasil. No dia 06 de agosto, o Frei Rogério irá celebrar na capela da ACN, às 15 horas, com transmissão ao vivo pelo Youtube da ACN Brasil.

  • Link do site da ACN com mais informações: 

https://www.acn.org.br/dia-de-oracao-pelos-cristaos-perseguidos/

Perseguição aos Cristãos persiste no mundo

A perseguição ainda continua e se alastra cada vez mais. A liberdade religiosa é violada de forma grave em 61 nações. Pessoas são assassinadas e sequestradas por causa da fé em 40 países. 62% da população mundial vive em locais com violações graves ou gravíssimas da liberdade religiosa.

No último Natal, há apenas 8 meses, comunidades cristãs foram brutalmente atacadas na Nigéria, causando mais de 300 mortes. Em 2023, 132 padres católicos e religiosos foram presos, sequestrados ou assassinados. Em vários países da África, Ásia e Oriente Médio igrejas são atacadas e incendiadas, cristãos são discriminados, presos, sequestrados, torturados, apedrejados ou mortos, por serem cristãos.

Sobre a ACN - Ajuda à Igreja que Sofre

A ACN (Ajuda à Igreja que Sofre) é uma Fundação Pontifícia que apoia, por meio de informação, oração e ação, os fiéis onde quer que sejam perseguidos, oprimidos ou enfrentem necessidade. Fundada no Natal de 1947, a ACN foi elevada à condição de Fundação Pontifícia da Igreja em 2011. Todos os anos, a instituição atende cerca de 5.000 pedidos de ajuda pastoral da Igreja em mais de 130 países. Os projetos apoiados incluem: formação de seminaristas, impressão de Bíblias e literatura religiosa - incluindo a Bíblia da Criança da ACN com mais de 51 milhões de exemplares impressos em mais de 190 línguas -, apoio a padres e religiosos em missões e situações críticas; construção e reconstrução de igrejas e demais instalações eclesiais; meios de transporte para evangelização; programas religiosos de comunicação; ajuda a refugiados e vítimas de conflitos.

*Marcio Martins - Ajuda à Igreja que Sofre

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Hormisdas, Papa

São Hormisdas (A12)
06 de agosto
País: Itália
São Hormisdas, Papa

São Hormisdas nasceu em Frosinone, no ano de 475 na Campânia de Roma. Era diácono em Roma, viúvo e tinha um filho.

Com a morte do Papa Símaco em julho de 514, Hormisdas foi eleito Papa.

Durante o seu pontificado, teve de enfrentar a grave situação em que estava envolvida a Igreja de sua época, o cisma laurenciano, herdado de seu antecessor e provocado pelo antipapa Lourenço (498-515).

Após a retratação dos seguidores de Lourenço, reintegrou-os em sua função e cuidou, em seguida, da conciliação do cisma mais grave, o acaciano, criado por Acácio, patriarca de Constantinopla (484), que separava a Igreja do Oriente de Roma cujos seguidores aceitavam os concílios de Nicéia e de Constantinopla, mas se negavam a aceitar o de Calcedônia.

A São Hormisdas pertence a honra de ter acabado com o cisma mediante a confissão de fé que leva seu nome: "A Fórmula do Hormisdas". Este documento, chamado ainda pelo Concílio Vaticano I, é uma das provas mais contundentes da autoridade que se atribuía ao Papa nos seis primeiros séculos. Sabemos que São Hormisdas foi um homem inteligente, hábil e amante da paz. Em seus últimos anos teve o consolo de ver cessar na África a perseguição dos vândalos.

Outro fato interessante é que durante o seu pontificado São Bento fundou a ordem dos beneditinos.

O santo Papa Hormisdas morreu em 6 de Agosto de 523 e foi sepultado na Basílica de São Pedro.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida de São Hormisdas foi pautada em apaziguar as discórdias buscando a paz entre os homens. Como um bom promotor da paz, conseguiu que fossem respeitados os direitos da Igreja. Ele também trabalhou pela unidade da Igreja Católica. Que o exemplo de São Hormisdas nos ajude, neste momento em que a Igreja vive tantas divisões e polarizações, a ser instrumentos de unidade e de paz entre todos os fiéis.

Oração:

Senhor, concede sempre aos Papas: fortaleza nas dificuldades, suficiente luz nas incertezas, conforto nas horas de solidão. Amém. São Hormisdas, rogai por nós!

Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Basílica de Santa Maria Maior em Roma: o “milagre da neve” será dedicado ao Papa

O Papa, no final do ano passado, em oração diante da imagem da Salus Popoli Romani | Vatican News

Em 5 de agosto do ano de 358, em pleno verão italiano, nevou no centro de Roma. Segundo a tradição, a Virgem Maria teria aparecido em sonho ao Papa Libério pedindo para erguer uma basílica no local onde encontraria a neve. O idealizador do projeto de evocação do milagre de Nossa Senhora das Neves na Basílica de Santa Maria Maior vai dedicar o evento deste ano ao “coração generoso de Papa Francisco”.

Andressa Collet – Vatican News

Será dedicada ao “coração generoso de Papa Francisco” a edição deste ano, a de número 38, da evocação do milagre de Nossa Senhora das Neves na Basílica de Santa Maria Maior, uma das quatro basílicas papais de Roma. O idealizador e arquiteto Cesare Esposito, segundo a agência de notícias Adnkronos, chegou a enviar uma carta ao Pontífice convidando-o para seguir o evento que acontece nesta quinta-feira (5), às 21h no horário italiano, para testemunhar a evocação da Virgem, “para que se torne um símbolo de esperança e de amor para todos os fiéis e para a cidade".

O "milagre da neve" diante da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma | Vatican News

Na carta dirigida ao Papa Francisco, o arquiteto italiano recorda as muitas dificuldades que teve que enfrentar na vida desde que criou o projeto da “primeira nevasca em 1983”. Além disso, lembra como "o aniversário de 5 de agosto se tornou um evento importante para os fiéis, tanto que em 1987 o Papa João Paulo II participou da cerimônia fazendo um discurso sobre o prodígio da neve diante de milhares de fiéis presentes".

Para o evento, desde a déc. 80, a praça se transforma num teatro de luzes para comemorar aquele 5 de agosto de 358, quando, segundo a tradição, a Virgem Maria teria aparecido num sonho ao Papa Libério pedindo para erguer uma basílica onde encontraria neve fresca no dia seguinte. Na manhã seguinte, o bairro do Esquilino acordou com neve – em pleno verão italiano – e Libério traçou o perímetro do local para construir a primeira basílica do Ocidente dedicada a Nossa Senhora das Neves.

O Papa e a Virgem Maria

No ano passado, o Papa Francisco chegou a visitar a basílica durante a tarde, onde se deteve em oração diante da imagem da Salus Popoli Romani, que o Pontífice venera particularmente e à qual confia sempre as suas viagens apostólicas, prestando homenagem antes da sua partida e depois do seu retorno. Em 5 de agosto de 2018, ao concluir o Angelus, o Papa pediu que a Virgem Maria “nos sustente em nosso caminho de fé e nos ajude a nos abandonarmos com alegria ao plano de Deus para as nossas vidas".

Festa da Dedicação da Basílica

Pela parte da manhã de hoje, de Solenidade da Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior em Roma, o ápice da festa com uma celebração eucarística. Na hora do canto do Glória, no interior da Basílica, uma tradicional chuva de flores recorda o “milagre da neve” em pleno verão do ano de 358. Durante a tarde, a recitação do Santo Rosário, seguida pelas Solenes Segundas Vésperas, com uma nova chuva de flores durante o Magnificat. Ao final do dia, a missa de encerramento da festa, para, à noite, diante da basílica, recordar “o milagre da neve” com o projeto idealizado pelo arquiteto italiano.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A apresentação do menino Jesus no Templo em Santo Ambrósio de Milão

Apresentação do menino Jesus no Templo (CNBB- Região Norte 2)

A apresentação do menino Jesus no Templo em Santo Ambrósio de Milão.

02 de agosto de 2024   .   

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

Santo Ambrósio, bispo de Milão, no século IV fez comentários importantes em
relação ao evangelho de São Lucas, onde ele teve presente a apresentação do menino Jesus no Templo de Jerusalém. Maria e José, os pais adotivos de Jesus levaram-no ao templo para ser ofertado ao Senhor (cfr. Lc 2,21). Jesus foi a oferta verdadeira, sublime que dá sentido a todas as ofertas realizadas pelo ser humano. Pela sua vida, morte de cruz e ressurreição, Ele nos ensinou a oferecer tudo o que somos para nos tornar também oferendas agradáveis a Deus e à humanidade.

Simeão, o justo, piedoso, o ancião.

Em Jerusalém havia um homem justo, piedoso, esperava a consolação de Israel e o Espírito Santo lhe havia revelado que não morreria sem ver o Ungido do Senhor (cf. Lc 2, 25-26). Para Santo Ambrósio a geração do Senhor recebeu um testemunho muito importante não apenas dos anjos, dos profetas, dos pastores e dos pais, mas também da parte dos anciãos e dos justos que esperaram a vinda do Salvador (1) .

Toda a idade falou do Senhor.

Para Santo Ambrósio toda a idade anterior falou da vinda do Messias. Os
prodígios que sucederam, foram fundamentais para sustentar a fé; a Virgem gerou, uma estéril deu à luz, um mudo falou: Isabel profetizou, os magos adoraram, o útero fechado exultou, a viúva confessou, o justo esperou. Foram muitas as coisas em vista da vinda do Salvador. O justo, o Simeão que não procurava a graça para si, mas para o povo de Israel à humanidade, na medida em que ele próprio almejava a libertação dos vínculos
da fragilidade corpórea, esperava com alegria e com amor, ver o Prometido, o Messias.
Ele se tornou bem-aventurado porque viu o Salvador( 2) .

Ele o tomou em seus braços (cfr. Lc 2,28).

São Lucas disse que Simeão tomou o menino Jesus em seus braços e disse:
“Agora, deixa ir o teu servo em paz”(cf. Lc 2,29), possui um significado importante porque na verdade a expressão “ver tudo”, era de fato o Salvador esperado, o Messias anunciado, mesmo porque ele o tomou em seus braços, sendo não somente esta grande graça neste mundo, a alegria plena em sua vida de ser humano, mas também viu o desejo de desprendimento das coisas da realidade para começar a estar para sempre com Cristo, aludindo, pelo bem realizado, a recompensa da vida eterna (3) .

A despedida.

O desejo do ancião Simeão, segundo Santo Ambrósio, também era um pedido ao Senhor da história para a despedida. Movido pelo Espírito, ele veio à Jerusalém, veio ao templo, esperar o Cristo do Senhor, receber nas mãos o Verbo de Deus, e o abraçou como uma pessoa que manifestou fé e amor a Cristo e a seu povo. Será então Simeão
despedido para quem viu a vida, não veja a morte (4) .

A profecia dada aos justos.

O bispo de Milão falou de uma profecia dada aos justos através do ancião
Simeão que esperava a vinda do Salvador ao mundo. Uma generosa graça espalhou-se sobre todas as pessoas, realizada pela geração do Senhor, que se a profecia foi negada aos incrédulos, no entanto ela não a foi negada para as pessoas justas( 5) . Simeão era considerado uma pessoa justa, profundamente ligada ao Senhor da história. O fato colocou também o ancião Simeão como profeta de modo que ele profetizou ter visto o Senhor e ter vindo o Salvador Jesus para a ruína e o soerguimento de muitas pessoas em
Israel (cfr. Lc 2,34), para discernir os merecimentos de justos, de iníquos e assim perceber o Messias como enviado do Pai, como Juiz verdadeiro, justo a dar a devida recompensa para os fiéis nos suplícios ou prêmios conforme a qualidade das ações realizadas sobretudo para a vida dos irmãos e das irmãs (6) .

A espada traspassada em Maria.

Ao dirigir-se para a mãe do Filho de Deus, Simeão profetizou que uma espada
traspassará a sua alma (cfr. Lc 2,35). Na verdade, Maria teve uma morte natural, de modo que foi na alma que esta espada transpassaria a sua vida. Para Santo Ambrósio a afirmação de Simeão para Maria mostrou que a palavra dirigida a ela, não era em absoluto ignorante do mistério celeste, porque como diz a Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante que toda espada bem afiada, atingindo também até as divisões da alma e do espírito, das juntas e das medulas, perscrutando os pensamentos do coração e os segredos das mentes (cfr. Hb 4,12). Maria sofreria o mistério da dor e da
paixão, morte de seu Filho, Jesus.

O profetismo se realizou em Simeão e depois em Ana.

O ancião Simeão profetizou sobre o menino Jesus em vista da salvação que ele como Salvador trouxe à humanidade pecadora: Ele também profetizou sobre Maria e também Ana, que tinha oitenta e quatro anos, viúva, indicando a sua idade um número importante, sagrado, mas ela era tão respaldada pelos anos de viuvez e pelos costumes que considerou digna de anunciar que viera o Redentor de toda a humanidade (cfr. Lc 2,36-38) (7) .

A apresentação do menino Jesus revelou a divindade e a humanidade de Jesus porque ele foi acolhido pelo ancião Simeão, a sua profecia, a sua alegria imensa de ver o Messias e também por Ana, que louvou ao Senhor ao perceber a vinda de Jesus no Templo. Nós somos chamados a oferecer a nossa vida ao Senhor para que tudo se torne vida e salvação como o foi a vida de Jesus para nós e para a humanidade.

______________

Notas:

1 Cfr. Santo Ambrósio. Comentário ao Evangelho de São Lucas. Tradução: Luciano Rouanet Bastos. São
Paulo: Paulus, 2022, pg. 119.
2 Cfr. Idem, pg. 119.
3 Cfr. Ibidem, pg. 119.

4 Cfr. Ibidem, págs. 119-120.
5 Cfr. Ibidem, pg. 120.
6 Cfr. Ibidem, pg. 120.
7 Cfr. Ibidem, págs. 120-121.

Fonte: https://diocesedemaraba.com.br/

O Papa: a literatura educa o coração e a mente e abre à escuta dos outros

Papa Francisco  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Francisco dirige uma carta aos candidatos ao sacerdócio, mas também aos agentes pastorais e a todos os cristãos, para sublinhar o "valor da leitura de romances e poemas no caminho do amadurecimento pessoal", porque os livros abrem novos espaços interiores, enriquecem, ajudam a enfrentar a vida e a compreender os outros.

Tiziana Campisi – Vatican News

Um bom livro abre a mente, estimula o coração, treina para a vida. Palavra do Papa Francisco, que pegou caneta e papel para fazer com que os futuros sacerdotes, mas também "todos os agentes pastorais" e "qualquer cristão" entendam o "valor da leitura de romances e poemas no caminho do amadurecimento pessoal". Com a "Carta sobre o papel da literatura na educação", escrita em 17 de julho e publicada neste dia 4 de agosto, o Pontífice pretende "despertar o amor pela leitura" e, sobretudo, "propor uma mudança radical de ritmo" na preparação dos candidatos ao sacerdócio, de modo que se dê mais espaço à leitura de obras literárias. Como a literatura pode "educar o coração e a mente do pastor" para "um exercício livre e humilde da própria racionalidade" e para o "reconhecimento frutífero do pluralismo das línguas humanas", ela pode ampliar a sensibilidade humana e levar a "uma grande abertura espiritual". Além disso, a tarefa dos fiéis, e dos sacerdotes em particular, é "tocar o coração dos seres humanos contemporâneos para que eles possam se comover e se abrir diante da proclamação do Senhor Jesus", e em tudo isso "a contribuição que a literatura e a poesia podem oferecer é de valor inigualável".

Os efeitos benéficos da leitura

No texto, Francisco enfatiza primeiramente os efeitos benéficos de um bom livro que, "muitas vezes no tédio das férias, no calor e na solidão de alguns bairros desertos", pode ser "um oásis que nos distancia de outras escolhas que não são boas para nós" e que, em "momentos de cansaço, raiva, decepção, fracasso e quando nem mesmo na oração conseguimos encontrar a quietude da alma", pode nos ajudar a superar momentos difíceis e "ter um pouco mais de serenidade". Porque talvez "essa leitura abra novos espaços interiores" que nos ajudem a não nos fecharmos "naquelas poucas ideias obsessivas", que depois "nos prendem de maneira inexorável". As pessoas costumavam se dedicar à leitura com mais frequência "antes da onipresença da mídia, das redes sociais, dos telefones celulares e de outros dispositivos", observa o Papa, que ressalta que, em um produto audiovisual, embora "mais completo", "a margem e o tempo para 'enriquecer' a narrativa ou interpretá-la são geralmente reduzidos", enquanto a leitura de um livro "o leitor é muito mais ativo". Uma obra literária é "um texto vivo e sempre fértil". Acontece, de fato, que "ao ler, o leitor é enriquecido com o que recebe do autor", e isso "permite que ele faça florescer a riqueza de sua própria pessoa".

Dedicar tempo à literatura nos seminários

Embora seja positivo que "em alguns seminários se ultrapasse a obsessão dos ecrãs - e pelas fake news venenosas, superficiais e violentas - e se dedique momentos à literatura", à leitura, a falar sobre "livros, novos ou antigos, que continuam a nos dizer muitas coisas", reconhece Francisco, em geral, "no caminho de formação daqueles que estão a caminho do ministério ordenado" não há um espaço adequado para a literatura, considerada "uma expressão menor da cultura que não pertence ao caminho de preparação e, portanto, à experiência pastoral concreta dos futuros sacerdotes". "Tal abordagem não é boa", diz o Papa, levando a "uma forma de grave empobrecimento intelectual e espiritual dos futuros sacerdotes", que assim não têm "acesso privilegiado, precisamente através da literatura, ao coração da cultura humana e, mais especificamente, ao coração do ser humano". Porque, na prática, a literatura tem a ver "com o que cada um de nós deseja da vida" e "entra em uma relação íntima com nossa existência concreta, com as suas tensões essenciais, com os seus desejos e os seus  significados".

Livros como companheiros de viagem

Relembrando os anos em que lecionou em uma escola jesuíta em Santa Fé, entre 1964 e 1965, o Papa conta que, como professor de Literatura, os alunos deveriam estudar El Cid, enquanto eles "pediam para ler García Lorca". "Por isso, decidi: em casa estudariam El Cid, e, durante as aulas, abordaria os autores de que os jovens mais gostavam", recorda Francisco, acrescentando que eles preferiam "obras literárias contemporâneas"; porém, à medida que fossem lendo o que os atraía no momento, iriam adquirindo em geral o gosto pela literatura, pela poesia, e depois passariam a outros autores, porque "no fim, o coração busca mais, e cada um encontra seu próprio caminho na literatura". A esse respeito, o Papa confessa que ama "os artistas trágicos, porque todos nós poderíamos sentir suas obras como nossas, como uma expressão de nossos próprios dramas". O Pontífice adverte que não se deve "ler algo por obrigação", pelo contrário, deve-se selecionar as próprias leituras "com abertura, surpresa, flexibilidade".

Fazer encontrar Jesus feito carne

Hoje, para "responder adequadamente à sede de Deus de muitas pessoas, para que não busquem saciá-la com propostas alienantes ou com um Jesus Cristo sem carne", os crentes e os sacerdotes, ao anunciar o Evangelho, devem se comprometer para que "todos possam se encontrar com um Jesus Cristo feito carne, feito humano, feito história". Nunca se deve perder de vista "a 'carne' de Jesus Cristo", recomenda o Pontífice, "aquela carne feita de paixões, emoções, sentimentos, histórias concretas, mãos que tocam e curam, olhares que libertam e encorajam, de hospitalidade, de perdão, de indignação, de coragem, de intrepidez: em uma palavra, de amor". Por essa razão, enfatiza Francisco, "uma assídua frequência à literatura pode tornar os futuros sacerdotes e todos os agentes pastorais ainda mais sensíveis à plena humanidade" de Cristo, "na qual se derrama toda a sua divindade".

O hábito da leitura tem resultados positivos

Na carta, o Papa também enuncia as consequências positivas que, segundo os estudiosos, decorrem do "hábito de ler", que ajuda a "adquirir um vocabulário mais amplo", "a desenvolver vários aspectos" da própria inteligência, "também estimula a imaginação e a criatividade", "permite que as pessoas aprendam a exprimir as suas narrativas de uma forma mais rica", "melhora também a capacidade de concentração, reduz os níveis de deficit cognitivo, e acalma o stress e a ansiedade". Em termos concretos, a leitura "prepara-nos para compreender e, assim, enfrentar as várias situações que podem surgir na vida", continua Franciso, "ao ler, mergulhamos nas personagens, nas preocupações, nos dramas, nos perigos, nos medos de pessoas que acabaram por ultrapassar os desafios da vida". E com Borges podemos chegar ao ponto de definir literatura como "ouvir a voz de alguém".

Reduzir, contemplar, escutar

A literatura serve, “em suma, a fazer eficazmente a experiência da vida”. E se a nossa visão ordinária do mundo é como que “reduzida” e limitada pela pressão que os objetivos operacionais e imediatos do nosso agir exercem sobre nós “e também o serviço – cultual, pastoral, caritativo – pode tornar-se” somente algo a fazer, o risco passa a ser o cair na busca duma “eficiência que banaliza o discernimento, empobrece a sensibilidade e reduz a complexidade”.

Assim, em "nossa vida cotidiana", devemos aprender “a distanciarmo-nos do imediato, a reduzir a velocidade, a contemplar e a escutar. Isto pode acontecer quando, de modo desinteressado, uma pessoa se detém para ler um livro.

É necessário “recuperar formas hospitaleiras e não estratégicas de relacionamento: ocorre distância, lentidão, liberdade para uma abordagem da realidade, em palavras simples, a literatura nos permite "treinar nosso olhar para buscar e explorar a verdade das pessoas e das situações", "nos ajuda a dizer nossa presença no mundo". Além disso, insiste o Papa, "lendo um texto literário" vemos através dos olhos dos outros, desenvolvemos "o poder empático da imaginação", "descobrimos que o que sentimos não é só nosso, é universal, e, por isso, até a pessoa mais abandonada não se sente só”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF