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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Santa Teresa Benedita da Cruz

Santa Teresa Benedita da Cruz (A12)
08 de agosto
País: Alemanha
Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)

Edith Theresa Hedwing Stein, nasceu em 12 de outubro de 1891 em Breslávia na Alemanha. Pertencia a uma família judia onde sua mãe uma mulher forte e de muita fé, educou os onze filhos num clima de respeito e liberdade responsável.

No ano de 1911 Edith entrou para a Universidade de Breslávia, onde estudou alemão e história. Era uma aluna brilhante sempre buscava a verdade e procurava respostas para às questões relativas à sua crença o que acabou a levando a ser tornar ateia.

Motivada por um impulso interior pelo sentido da vida, formou-se em filosofia, tornando-se Doutora. Encontrou na Fenomenologia do filósofo Husserl, do qual foi assistente na Universidade de Freiburg, que a levou a aprofundar o tema da empatia, mas também encontrou na leitura da vida de Santa Teresa de Ávila, o sentido da vida que tanto procurava, converteu-se ao cristianismo.

Foi batizada em 1922, recebendo o nome de Teresa e mudando completamente o seu modo de viver. A partir daí, Teresa dedicava-se ao aprofundamento da doutrina cristã, ao ensinamento, ao apostolado e publicações de estudos científicos, numa intensa vida interior nutrida pela palavra de Deus e a oração.

Em 1933 decidiu então se dedicar a Deus, entrando para a Congregação das Carmelitas Descalças e adotando o nome de Teresa Benedita da Cruz, exprimindo assim, também com este nome, o ardente amor a Jesus Crucificado e especial devoção a Santa Teresa de Ávila. Manifestou regularmente o voto de pobreza, obediência e castidade e, para realizar a sua consagração, caminhou com Deus na via da santidade.

Quando na Alemanha o Nazismo intensificou a perseguição contra os judeus, os superiores da Beata enviaram-na, por precaução, para o Carmelo de Echt, na Holanda. Os Bispos holandeses protestaram energicamente com uma Carta pastoral, e Hitler, por vingança, incluiu no programa de extermínio também os judeus que se converteram a fé católica.

No dia 02 de gosto, oficiais nazistas levaram Edith e sua irmã Rosa do Carmelo. Neste dia, outros duzentos e quarenta e dois judeus católicos foram deportados para os campos de concentração em Auschwitz. Comovida pela compaixão para com os seus irmãos judeus, não hesitou em oferecer-se a Deus como vítima, para suplicar a paz e a salvação para o seu povo, para a Igreja e para o mundo

No dia 09 de agosto de 1942, Edith Stein juntamente com sua irmã e centenas de homens, mulheres e crianças foram mortas na câmara de gás e tiveram seus corpos queimados.

Os pensamentos e a fé de Edith Stein estão reunidos em suas obras, sobretudo, em "Ser finito e Ser eterno". Trata-se de uma síntese de filosofia e misticismo, da qual emerge o sentido do homem, a sua singularidade e unicidade em relação ao Criador.

Foi beatificada no dia 1 de maio de 1987, pelo Papa João Paulo II e canonizada em 11 de Outubro de 1998 pelo mesmo Papa, recebendo o nome de Santa Teresa Benedita da Cruz. Foi ainda em 1999, proclamada co-padroeira da Europa.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

O Papa João Paulo II no dia da beatificação de Edith Stein falou: “Beata Edith Stein representa a síntese dramática das feridas do nosso século. E, ao mesmo tempo, proclama a esperança de que é a cruz de Jesus Salvador que ilumina a história”. Além disso, a vida de Edith nos mostra uma mulher que buscou no seu interior um sentido para a vida reconhecendo assim o valor da vida cristã, como uma resposta para o mundo. Edith foi reconhecida pela sua inteligência, sua determinação, sua calma, seu autocontrole, seu consolo e compaixão.

Oração:

Senhor, Deus de nossos pais, Tu conduziste a Santa Teresa Benedita à plenitude da ciência da Cruz ao momento de seu martírio. Enche-nos com o mesmo conhecimento; e, por sua intercessão, permite-nos sempre seguir em busca de ti, que és a suprema Verdade, e permanecer fiéis até a morte à aliança de amor ratificada pelo sangue de teu Filho pela salvação de todos os homens e mulheres. Te pedimos por nosso Senhor, Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

ORIENTE CRISTÃO: O rosário e a oração de Jesus (1)

Tomás Spidlík beija a mão do Papa depois de receber o chapéu de cardeal durante o consistório de 21 de outubro de 2003 | 30Giorni

ORIENTE CRISTÃO. Entrevista com o Cardeal Tomás Spidlík

O rosário e a oração de Jesus

«No Oriente a grande renovação ocorreu entre os séculos XIX e XX com a chamada “oração de Jesus”: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador!”. É uma oração semelhante à do rosário latino. E quando falo do rosário, sempre digo que precisamos aprender a recitá-lo assim como a oração de Jesus é recitada no Oriente”. Encontro com um dos maiores especialistas na espiritualidade do Oriente cristão.

por Pierluca Azzaro

Tomás Spidlík foi professor de gerações de estudantes em muitas universidades, incluindo a Gregoriana e o Pontifício Instituto Oriental, onde lecionou por mais de quarenta anos. Nascido em 1919 em Boskovice, Morávia, vive e trabalha desde 1991 no Centro Ezio Aletti, casa da Companhia de Jesus onde se estuda a tradição do Oriente cristão na sua relação com o mundo contemporâneo e onde a convivência entre ortodoxos e Os católicos são promovidos do rito latino e oriental. A obra do padre jesuíta Spidlík, criado cardeal no último consistório, é o resultado de anos e anos de diligente pesquisa e reflexão, combinadas com uma grande sensibilidade artística para a cultura contemporânea. O Padre Spidlík propagou amplamente estes dons, introduzindo, como pioneiro, a espiritualidade e a teologia oriental.

Eminência, é unanimemente reconhecido como um dos maiores especialistas da teologia e da espiritualidade do Oriente cristão, cujos traços essenciais vê na beleza da liturgia - considerada um excelente método apostólico para a conversão dos corações - e depois na própria noção de coração que se expressa na oração dos simples. Neste sentido, gostas muitas vezes de recordar Serafim de Sarov, talvez o maior místico russo do século XIX, cuja canonização, em 1903, ocorreu na presença de uma multidão imensa…

TomÁs Spidlík: O maior… é melhor não dar prémios. Quem é maior diante de Deus? Pode ser a mãe que criou cinco filhos. O certo é que Serafim de Sarov era um homem simples e, por exemplo, gostava de repetir incessantemente uma simples oração: “Meu Deus, tem piedade de mim, pecador”; e aos que cada vez mais vinham pedir-lhe conselhos, ele, já idoso e com um sorriso “incompreensivelmente radiante” - como lemos nas suas biografias -, depois de os ter recebido com uma saudação pascal - “Bom dia, minha alegria! Cristo ressuscitou!" –, recomendou as práticas mais simples: oração, contrição, comunhão frequente, temor de Deus, perdão das ofensas, obras de misericórdia. Mas sobre este tema há outra coisa que gostaria de dizer, que diz respeito ao meu cardinalato...

Por favor, Eminência...

Spidlík: Respondi ao Papa com muita sinceridade. Quanto à minha pessoa, eu disse a ele, você não vê por que deveria receber este título, porque não posso mais liderar a Igreja. Por isso pedi dispensa de ser ordenado bispo. Mas, por outro lado, agradeci muito sinceramente por esta, digamos, aprovação por parte da Igreja universal da espiritualidade que estou propagando. E da mesma forma fui aceito no Oriente também. Quantas coisas recebo deles, quantas vezes me dizem que esta espiritualidade faz parte da espiritualidade da Igreja universal.

Eminência, pode-se dizer então que um dos motivos dominantes do seu ensinamento durante muitos anos é precisamente a esperança de que a espiritualidade ocidental redescubra a espiritualidade oriental?

SpidlÍk: No Ocidente, a mentalidade técnica levou ao racionalismo e, como reação, apareceu o oposto: a espiritualidade irracional. No final, o Papa teve de escrever uma encíclica sobre o uso saudável da razão. A espiritualidade do coração deve ser um remédio, um remédio contra aquele racionalismo que leva ao irracionalismo. Tive que brigar muito pela noção do coração, pela oração do coração. A princípio, entre estes homens racionais, essa noção encontrou alguma dificuldade. Mas agora é aceito, e em breve a tradução do francês de um dos meus livros sobre a oração do coração será publicada pela Editora Vaticano. Agradeço, portanto, verdadeiramente à Igreja este sinal que nos deu, deixando claro que o trabalho que realizamos é útil. E relativamente a este trabalho, no contexto da espiritualidade do coração, sublinho muitas vezes o valor da arte.

Você quer dizer arte de ícone?

SpidlÍk: A arte que se manifesta em ícones, imagens sagradas e liturgia. Quando a doutrina da fé é ensinada apenas com conceitos racionais, evidentemente o mistério é sempre muito limitado. Em vez disso, o símbolo deixa toda a riqueza de significados. O símbolo não deve ser entendido como um atributo decorativo. A palavra símbolo deve ser entendida literalmente, como um sinal visível e imediatamente perceptível da realidade que indica. Por isso Jesus sempre falou por parábolas, por símbolos; e a liturgia oriental está cheia de símbolos, é um ícone vivo. Uma vez, em São Petersburgo, tivemos uma exposição de pinturas do Padre Marko Ivan Rupnik [diretor do centro, ed. ] e de um artista russo; e falei no Museu Nacional e disse: “Vivemos no tempo da imagem e as pessoas não sabem ler imagens que expressam coisas espirituais”. Devemos aprender com os ícones, não imitá-los servilmente, mas ser inspirados por eles para fazer algo muito semelhante. Ora, respirar com dois pulmões não significa discutir o que é melhor, se o ocidental ou o oriental, mas saber tirar o que em certos aspectos é melhor no Oriente ou no Ocidente. E sobretudo digo: agora os novos povos que se convertem, os africanos, os asiáticos e assim por diante, não se perguntam o que é a teologia italiana ou alemã, mas o que é a teologia europeia; em mil anos, que coisas positivas trouxe a Europa? Ainda não fizemos esta síntese. Devemos, portanto, resumir a espiritualidade europeia, ou seja, os melhores valores que a Europa deve proporcionar. Porque cada nação e cada cultura traz algo de novo à Igreja, à revelação que progride.

Arquivo 30Dias 11/2003

Fonte: http://www.30giorni.it/

NAZARENO: A prisão (o beijo de Judas, a espada de Pedro) - (53)

Nazareno (Vatican News)

Cap. 53 - A prisão (o beijo de Judas, a espada de Pedro)

Os soldados se aproximam e entram no Getsêmani. Jesus chama os seus discípulos e, em voz alta, diz: "Basta! A hora chegou! Eis que o Filho do Homem está sendo entregue às mãos dos pecadores. Levantai-vos! Vamos! Eis que o meu traidor está chegando”. Judas os conduz.

Judas aproxima-se do Mestre e o beija chamando-o “Rabi”. É o sinal combinado. Jesus respondeu-lhe: “Amigo, para que estás aqui?". Tinha vindo para traí-lo, e acabara de ouvir ser chamado de "amigo". Imediatamente, os guardas do templo cercam o Nazareno.

Pedro reage impetuosamente, como sempre. Desembainha uma pequena espada do alforje e ataca um homem alto e robusto. É Malco, o servo do Sumo Sacerdote. Ele o golpeia com um estalo, decepando sua orelha direita. O homem cai no chão segurando a cabeça e tentando estancar o fluxo de sangue com a mão. Jesus grita para Pedro parar: então Jesus se aproxima de Malco, que continua a soluçar de dor. Recolhe a sua orelha cortada e a recoloca, curando a ferida. O servo do sumo sacerdote permanece ajoelhado no chão, paralisado. Os guardas o abordam e amarram suas mãos nas costas com uma corda forte. Puseram uma corrente em seu pescoço e o levaram para fora do Jardim das Oliveiras. Então todos os discípulos, abandonando-o fugiram.

Caminham em um ritmo acelerado, empurrando o prisioneiro e zombando dele. De tempos em tempos, eles lhe dão alguns golpes. Jesus sofre inerme, em silêncio.

Nesse meio tempo Pedro e João retornaram e seguiram o pequeno séquito de guardas a uma distância segura. Eles os veem entrar na cidade e irem em direção ao palácio dos sumos sacerdotes, que naquela noite estava iluminado por tochas em todo seu redor. O Nazareno foi conduzido primeiro à Ananias, chamado "Anás", sogro de Caifás. O Sumo Sacerdote interrogou Jesus e se compreende que querem condená-lo a todo custo.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/08/08/12/138195782_F138195782.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Domingos de Gusmão

São Domingos de Gusmão (A12)
08 de agosto
País: Espanha
São Domingos de Gusmão

Domingos nasceu na pequena vila de Caleruega, região da Velha Castela, hoje Espanha, em 1170. Seu nome foi em homenagem a São Domingos de Silos, a quem sua mãe Joana d’Aza fez uma novena durante a gravidez, no sétimo dia da qual este apareceu a ela dizendo que seu filho viria a ser santo. A família de Domingos era nobre, rica e muito católica: sua mãe Joana, e seu irmão Manes, foram beatificados, e seu outro irmão, Antônio, faleceu em odor de santidade.

Dos seis aos 13 anos estudou com um tio, padre e reitor de uma igreja em Gumyel (Gumiel de Izán, município na província de Burgos, comunidade autônoma de Castela e Leão), onde aprendeu as primeiras letras e as funções de coroinha e acólito. Em seguida foi para Valência, estudando Filosofia, Retórica e Teologia na sua universidade. Praticava a piedade, incluindo severas penitências, e a caridade para com os pobres e doentes, viúvas e órfãos, as únicas pessoas que visitava. Em certa ocasião de grande fome, vendeu seus pergaminhos (caros, e que na época eram a opção escrita anterior aos livros impressos) para poder alimentá-los. De outra vez, ofereceu-se como resgate para outro jovem que fora capturado pelos mouros. Dedicava-se também à pregação: assim converteu-se um colega, Conrado, mais tarde monge cisterciense e cardeal.

Aos 24 anos foi ordenado sacerdote pelo bispo de Osma, e como cônego pregou em diversas províncias espanholas, obtendo a conversão de Reiniers, um conhecido herege, que posteriormente foi frade dominicano. O rei Afonso VII acabou por convidar Domingos a missões diplomáticas, função que exerceu igualmente para a Santa Sé.

A desastrosa heresia dos cátaros ou albigenses, desta época, particularmente na região do Languedoc no sul da França, que pregava a dualidade de um Deus bom e outro mau, a reencarnação e uma suposta casta de “escolhidos” com uma “pureza superior”, necessitava de uma resposta, e o Papa Inocêncio III envio o bispo Diego de Aceber e Domingos a esta região. Tiveram o auxílio de 12 abades cistercienses, mas não durante muito tempo; por fim, Domingos ficou sozinho, numa missão dificílima e perigosa, já que os cátaros causaram muitas devastações e perseguições. A constatação da inconstância dos auxiliares levou Domingos a amadurecer a ideia de fundar uma Ordem religiosa dedicada à pregação.

A difícil tarefa de Domingos teve sucesso, e segundo a tradição Nossa Senhora lhe teria aparecido e indicado a recitação dos Salmos como forma de vencer a batalha espiritual; daí teria surgido o Rosário, isto é, a recitação das 150 Ave-Marias relacionadas aos momentos da vida de Jesus, em substituição aos Salmos, na época de difícil acesso aos católicos leigos (seja pela falta de manuscritos como também porque poucos na população europeia da época sabiam ler).

Assim, em 1216 Domingos fundou a Ordem dos Pregadores (Ordem de São Domingos ou Ordem Dominicana), até hoje conhecidos como “Guardiões do Santo Rosário”. Domingos foi seu primeiro superior, no convento inicial em Toulouse, e seu irmão Manes juntou-se à congregação. Os principais carismas da Ordem são o espírito de oração, a competência científica e a pregação muito bem fundamentada nas Sagradas Escrituras.

Em 1217 surgiu o primeiro mosteiro da Ordem Segunda para as mulheres. Neste mesmo ano o fundador determinou que as casas da Ordem fossem construídas nas principais cidades universitárias da Europa, a começar por Bolonha e Paris, para atrair a juventude acadêmica. Ele mesmo se fixou em Bolonha, e em Roma conheceu e tornou-se amigo de São Francisco de Assis. Em 1220 e 1221 presidiu aos dois primeiros Capítulos Gerais. A Ordem cresceu por toda a França, e na Itália, Espanha, Alemanha e Inglaterra; ele chegou a enviar pessoalmente emissários para a Irlanda, Noruega, Palestina e Ásia.

São Domingos faleceu em 8 de agosto de 1221, aos 51 anos. É o Padroeiro Perpétuo e Defensor de Bolonha, Itália.

 Muitos santos ilustram a Ordem dos Pregadores: São Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Santa Catarina de Sena, São Vicente Ferrer, o Papa São Pio V. O conhecimento científico, unido à Fé e à Piedade, toma o seu verdadeiro sentido, e este conjunto harmonioso é sabedoria para enfrentar heresias e desvios doutrinários.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Os males de todos os tempos são sempre combatidos com base na oração, no estudo (formação), na evangelização e na vida de caridade. As questões específicas de cada tempo também têm suas necessidades atendidas especificamente – por exemplo, a necessidade da fundação de alguma Ordem religiosa com determinado carisma – e a trajetória de Domingos de Gusmão está perfeitamente dentro deste contexto. Mas uma espetacular singularidade relativa a ele é a oração do Rosário. A partir da recitação dos Salmos, houve uma evolução histórica com as adaptações necessárias para o formato atual, com a recitação dos Pai-Nossos e Ave-Marias associados aos Mistérios da vida do Senhor. Esta fórmula, de extrema simplicidade e eficácia espiritual, é hoje a melhor oração popular, enriquecida com promessas de Nossa Senhora e por Ela explicitamente pedida e recomendada em mais de uma ocasião como arma real contra as ameaças às almas e à Igreja. De fato, Ela reiterou as promessas feitas a São Domingos de Gusmão quando revelou ao beato Alano de Rupe (dominicano, 1428-1475) que seriam necessários volumes imensos para registrar todos os milagres obtidos por meio do Terço (até o século XX, o Rosário era rezado em três grupos de Mistérios, Gozosos, Dolorosos e Gloriosos, sendo então acrescentados por São João Paulo II os Luminosos; de modo que, a rigor, se os rezamos separadamente, estamos nos referindo a “Quartos”, à quarta parte). O nome Rosário, do Latim Rosarius, é relativo às rosas com que popularmente se coroavam a Santíssima Virgem ao final da recitação dos 150 Salmos. Em 1917, Maria, nas aparições em Fátima, Portugal, explicitou que diante dos desafios modernos a recitação diária do Rosário – completo – era o meio mais eficaz para evitar o Mal e obter as curas, conversões e paz necessárias à Igreja e ao mundo. Talvez que Seu pedido esteja sendo negligenciado… não é fácil rezar o Rosário completo todos os dias, mas também não é impossível, e se a exigência, isto é, o sacrifício para fazê-lo é maior, também maiores serão os méritos para cada fiel e maiores as graças alcançadas: para seguir a Deus, nada é muito fácil, mas tudo vale a pena, pois é preciso “tomar a cruz de cada dia” (cf. Lc 9,23), mas “… o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve” (Mt 11,30). Também atual é a preocupação de São Domingos com a formação espiritual para a área acadêmica, pois é nos centros de estudo que são formados os líderes da sociedade, ou pelo menos dos seus pensadores e teóricos. E ideias que não esteja de acordo com a Doutrina levam inevitavelmente ao materialismo, mundanismo, apostasia, tibieza da fé. Inúmeros são os testemunhos dos que perderam a Fé católica ao entrar na universidade, ou já antes, nos colégios… a Educação é evidentemente um alvo prioritário dos inimigos de Deus, e não pode ser negligenciada pelos fiéis e pela Igreja. E por isso é obrigação cuidar dela dentro da família, em primeiro lugar, e nas paróquias, antes mesmo da idade escolar das crianças. Os pais e catequistas que se acomodam ou são indiferentes, ou ainda que não se preparam como é devido para estas suas missões, têm responsabilidade direta no futuro das almas dos que estão sob seus cuidados; e mais ainda os sacerdotes e religiosos, cuja formação dos fiéis na Verdade é parte essencial da sua vocação, e dos quais o Senhor há de cobrar com rigor o zelo do ensino.

Oração:

Deus Pai de sabedoria, que continuamente nos ensina o que necessitamos para a nossa salvação, concedei-nos pela intercessão de São Domingos de Gusmão o seu mesmo espírito de oração, conhecimento sólido e apostolado consciente, e particularmente a devoção e prática diária do Santo Rosário, para que, obedecendo aos pedidos e esclarecimentos de Nossa Senhora, realizemos a nossa parte necessária para o bem e salvação das almas, o amor à Igreja e a paz no mundo tão atacado pelos inimigos da Fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora do Rosário. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Semana Nacional da Família 2024

Semana Nacional da Família 2024

Semana Nacional da Família 2024: “Família e Amizade” 

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

Entre os dias 11 e 17 de agosto de 2024, a Igreja no Brasil celebra a Semana Nacional da Família, uma ocasião especial para refletir, fortalecer e renovar os laços familiares à luz da fé cristã. O tema deste ano, “Família e Amizade”, e o lema “Amizade, uma forma de vida com sabor do Evangelho”, estão em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2024, que convida todos os fiéis a viver a fraternidade de maneira concreta e autêntica. 

A família é o núcleo fundamental da sociedade, onde os valores e princípios são transmitidos de geração em geração. É no seio da família que aprendemos o significado do amor, do respeito, da solidariedade e da fé. No entanto, em um mundo cada vez mais globalizado e digitalizado, as relações familiares e de amizade muitas vezes são desafiadas por uma série de fatores, como a falta de tempo, o estresse cotidiano e a influência das redes sociais. 

O tema “Família e Amizade” nos chama a atenção para a importância de cultivar relações saudáveis e genuínas dentro e fora do ambiente familiar. A amizade, vista como uma forma de vida com sabor do Evangelho, é um convite a viver o mandamento do amor de maneira concreta, partilhando, apoiando e caminhando juntos na fé e na vida. 

O lema “Amizade, uma forma de vida com sabor do Evangelho” nos lembra das palavras de Jesus: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (João 15,13). A verdadeira amizade, conforme ensinada por Cristo, é caracterizada pelo amor abnegado, pela confiança mútua, pelo apoio nos momentos difíceis e pela alegria compartilhada nas conquistas. 

Nesta Semana Nacional da Família, somos convidados a refletir sobre como podemos viver a amizade de acordo com os ensinamentos de Jesus. Isso inclui sermos mais presentes na vida de nossos familiares e amigos, dedicando tempo de qualidade a eles, escutando com atenção, oferecendo apoio e encorajamento, e sendo testemunhas do amor de Cristo em nossas relações diárias. 

Durante a Semana Nacional da Família, paróquias e comunidades em todo o Brasil promoverão uma série de atividades para envolver as famílias e incentivar a vivência do tema proposto. Algumas dessas atividades incluem: 

Missas e Celebrações Eucarísticas: Enfatizando a importância da família e da amizade à luz do Evangelho. 

Palestras e Encontros: Com temas relacionados à construção de relações familiares e de amizade saudáveis e cristãs. 

Dinâmicas e Oficinas: Para fortalecer os laços entre pais e filhos, irmãos e amigos. 

Momentos de Oração e Adoração: Pedindo a Deus a graça de viver o amor e a amizade verdadeira. 

Ações de Caridade e Solidariedade: Encorajando as famílias a praticarem obras de misericórdia juntos. 

A Semana Nacional da Família 2024 é uma oportunidade preciosa para redescobrirmos o valor da família e da amizade em nossas vidas. Ao viver o lema “Amizade, uma forma de vida com sabor do Evangelho”, somos chamados a ser testemunhas do amor de Cristo, cultivando relações autênticas e duradouras que refletem a bondade e a misericórdia de Deus. 

Que possamos aproveitar este tempo de graça para renovar nossos compromissos familiares e de amizade, e que, inspirados pelo Evangelho, possamos construir uma sociedade mais justa, amorosa e fraterna. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Menos de 5% dos cardeais eleitores foram nomeados por João Paulo II

MÍDIA VATICANO/AFP
Na Basílica Saint Pierre de Rome, consistório de 27 de agosto de 2022.

 I.Media - publicado em 06/08/24

Com o 80º aniversário do cardeal tanzaniano Policarpo Pengo, em 5 de agosto, o Colégio dos Cardeais perde automaticamente um eleitor em caso de conclave. A saída do prelado africano elevado à púrpura em 1998 por João Paulo II eleva para 6 o número de cardeais nomeados pelo pontífice polaco que ainda têm idade para votar, ou seja, menos de 5% do colégio. O Papa Francisco, por sua vez, criou quase três quartos dos cardeais com direito de voto em caso de conclave.

Agora existem apenas seis cardeais eleitores – entre eles cinco europeus – escolhidos por João Paulo II para fazer parte do Sacro Colégio. Se um conclave fosse realizado amanhã, o Cardeal Schönborn (Áustria), o Cardeal Puljić (Bósnia-Herzegovina), o Cardeal Turkson (Gana), o Cardeal Bozanić (Croácia), o Cardeal Barbarin (França) e o Cardeal Erdö (Hungria) seriam os únicos cardeais da era de João Paulo II que podiam votar num novo Papa. Naturalmente, seriam também os únicos a beneficiar da experiência de dois conclaves, uma vez que cada um participou na eleição de Bento XVI em 2005 e depois na de Francisco em 2013.

Desde a decisão do Papa Paulo VI em 1970, o colégio dos cardeais eleitores evoluiu não só com base na morte dos seus membros, mas sobretudo com base na sua idade. O Papa, “após longa e madura reflexão”, decidiu “para o bem maior da Igreja” retirar o direito de voto aos cardeais com mais de 80 anos. Em 1975, estabeleceu também um limite teórico de 120 cardeais eleitores, limite muitas vezes ultrapassado, mas que, no entanto, serve de referência.

Hoje, dos 235 cardeais do Sacro Colégio, 111 não podem mais votar porque têm mais de 80 anos*. Criticada na época, especialmente pelos cardeais mais velhos, a regra de Paulo VI obrigava os seus sucessores a renovar periodicamente o Colégio, cuja composição fica ao seu exclusivo critério.

A regra dos 80 anos reforçou a representação excessiva de cardeais nomeados por João Paulo II durante o conclave de 2005. Em pouco mais de 26 anos de pontificado, o polaco criou 113 dos 115 cardeais que depositaram um voto nas urnas. Entre os dois únicos cardeais eleitores nomeados por Paulo VI estava um certo cardeal Joseph Ratzinger.

No conclave de 2013, os cardeais eleitores criados por Bento XVI durante os seus oito anos de pontificado representavam 3/5 do colégio. Hoje, mais de 1/5 dos eleitores foram nomeados pelo pontífice alemão. Este limite de idade significa também que 42% dos atuais cardeais deixarão de ser eleitores dentro de 5 anos, uma vez que 53 dos 124 cardeais têm entre 75 e 80 anos.

Dois “pesos pesados” escolhidos por João Paulo II

Entre os seis “veteranos” do colégio eleitoral nomeados por João Paulo II, dois se destacam como “pesos pesados”: o Cardeal Arcebispo de Viena Christoph Schönborn e o Cardeal Arcebispo de Budapeste Peter Erdö. Este último, de 72 anos, é por vezes apresentado pelos meios de comunicação como um “ pabile ”, ou seja, um bispo que tem todos os votos para receber o voto dos seus pares e tornar-se Papa.

Considerado uma das principais encarnações do conservadorismo esclarecido no Colégio Cardinalício, este húngaro, preocupado com a unidade da Igreja e a defesa da liberdade religiosa, foi o mais jovem cardeal a participar no conclave académico e intelectual de 2005 – como Bento XVI. -, este administrador tem sido leal a Francisco desde o início do seu pontificado, apesar das diferenças nas prioridades e no estilo pastoral. Prova da estima que o Papa tem por ele, é o único cardeal não italiano que recebeu duas vezes o Papa Francisco na sua diocese, em 2021 e 2023.

Outra figura altamente respeitada na Igreja Católica, o Cardeal Christoph Schönborn atua como ponte entre os pontificados de João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Em 2005, participou no conclave que viu o seu “amigo” Joseph Ratzinger ascender ao trono de Pedro. Em 2023, confessou ter escrito uma nota ao cardeal alemão encorajando-o a aceitar o cargo caso os cardeais o elegessem.

Em 2013, votou no cardeal Bergoglio. Emergiu então como um dos grandes defensores das reformas levadas a cabo pelo pontífice argentino, desempenhando um papel activo durante os sínodos sobre a Família (2014-2015) para encontrar um compromisso sobre a controversa questão de conceder ou não a comunhão aos certos divorciados e casados ​​novamente.

Como sinal da confiança que o Papa Francisco deposita nele, ele continua a liderar a arquidiocese de Viena, apesar da sua saúde debilitada e de ter ultrapassado em muito a idade teórica de reforma dos bispos, fixada em 75 anos. Se um conclave fosse realizado antes do seu 80º aniversário, em Janeiro próximo, Christoph Schönborn desempenharia, sem dúvida, um papel fundamental nos debates sob os frescos da Capela Sistina.

Cardeal Turkson, menos centro das atenções a partir de 2022

Dos outros quatro cardeais criados por João Paulo II que ainda podem votar, apenas o cardeal Peter Turkson não se aposentou. O nome do prelado ganense circulou durante o conclave de 2013, mas especialmente entre as casas de apostas, já que só obteve dois votos na primeira votação, segundo o vaticanista Gerard O'Connell.

Criado cardeal por João Paulo II em 2003, foi eleito por Bento XVI presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz em Roma em 2009. Com Francisco, foi um dos arquitetos da encíclica Laudato Si ' sobre ecologia integral. O Papa argentino confiou-lhe as rédeas de um dos maiores dicastérios da Cúria Romana, o do Serviço para o Desenvolvimento Humano Integral.

Mas em abril de 2022, num momento em que este dicastério atravessava turbulências internas ligadas à delicada fusão das entidades do Vaticano, o Papa argentino nomeou o Chanceler Ganense das Pontifícias Academias de Ciências e Ciências Sociais. Embora seja um cargo de prestígio, não tem a mesma dimensão estratégica no governo da Igreja Católica.

Três cardeais se aposentaram, mas ainda com direito de voto

O cardeal Philippe Barbarin, também criado cardeal no consistório de 2003, o último de João Paulo II, teve a sua renúncia à arquidiocese de Lyon aceite pelo Papa Francisco em 2020, aos 69 anos.

Pouco antes, ele havia sido absolvido pela justiça francesa num julgamento em que foi acusado de não denunciar as atividades pedófilas do ex-padre Bernard Preynat, e já havia se aposentado da sua diocese. Aos 73 anos, aquele que continua a ser uma das figuras mais importantes da Igreja na França nos últimos 25 anos, agora vive na diocese de Rennes, onde é capelão da Casa Mãe das Irmãzinhas dos Pobres.

Depois de mais de 30 anos de serviço à frente da comunidade católica de Vrhbosna – antigo nome de Sarajevo -, o cardeal Vinko Puljić entregou o cargo de arcebispo em 2022. Eleito cardeal pelo Papa polonês no consistório de 1994, o bósnio é o membro mais antigo do colégio eleitoral.

Finalmente, o cardeal croata Josip Bozanić, 75 anos, aposentou-se no ano passado por motivos de saúde. Nascido na República Socialista da Iugoslávia, foi nomeado arcebispo de Zagreb em 1997, diocese onde serviu por quase 26 anos.

*Por decisão do Papa Francisco, o Cardeal Becciu, 76 anos, perderá o direito de voto em 2020.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/08/06/menos-del-5-de-los-cardenales-electores-fueron-nombrados-por-juan-pablo-ii

A experiência da oração nos profetas

Profata Isaías (Crédito: IHU)

A experiência da oração nos profetas

Dom Antônio Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA) 

Na Sagrada Escritura é muito forte a experiência de Deus na vida dos profetas; eles estão continuamente em diálogo com Deus, ouvindo, interpretando seus oráculos e transmitindo-os ao povo. Mas essa atenção à voz de Deus não é passiva e nem neutraliza a humanidade deles. Os profetas sentem angústias, sofrem, vivem fortes tensões, passam por momentos de crises, questionam a Deus diante do mistério do mal, sentem-se frágeis, impotentes e por isso, também silenciam, oram, retiram-se, dialogam com Deus! Falar da oração nos profetas bíblicos é um desafio por causa da diversidade dos sujeitos, da variedade dos contextos históricos e da abundância literária deles; tudo isso não nos permite pretender uma reflexão exaustiva. Por isso, consideremos apenas alguns aspectos.  

 Oração, vocação e missão  

Nos profetas há uma íntima relação entre oração, consciência vocacional e missão. No profeta Isaías a primeira referência sobre a oração está relacionada ao seu chamado vocacional. É através da oração que o profeta descobre sua vocação e responde com generosidade (cf. Is 6,8). A apresentação da missão assusta o profeta, mas através da oração sente-se consolado e responde: «Eu te agradeço, Javé, porque estavas irado contra mim, mas a tua ira se acalmou e me consolaste. Sim, Deus é a minha salvação! Eu confio e nada tenho a temer… “ (Is 6,9). 

A relação entre oração, vocação e missão aparece também com muita clareza nos cânticos do servo sofredor (cf. Is 42,1-4; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-15). A intimidade com Deus gera uma profunda consciência mística que o sustenta e o mantém resiliente. A experiência do drama da missão é ocasião para renovação da fidelidade e do reconhecimento do chamado de Deus, assim declara Jeremias num contexto de sofrimento missionário: “Tu me seduziste, Javé, e eu me deixei seduzir. Foste mais forte do que eu e venceste” (Jr 20,7). É após uma angustiante experiência de oração, que o profeta Jonas redimensiona sua resposta ao chamado de Deus e assume sua missão (cf. Jn 2;3,1-4). A dimensão teológica da vocação e da missão é aprofundada através da experiência da oração. 

No drama da missão, o profeta reconhece a fonte da sua esperança: “Javé, tem piedade de nós, pois esperamos em ti! Sê nosso braço pela manhã e nossa salvação no perigo” (Is 26,2). Na oração o profeta reconhece sua pequenez e fragilidade, não é superior aos outros. “Javé, tu és o nosso pai; nós somos o barro, e tu és o nosso oleiro; todos nós somos obra de tuas mãos… Vê! Todos nós somos o teu povo” (Is 64,7-8).
Essa mesma consciência de carência também é evidenciada na oração do profeta Jeremias: “Javé, eu sei que o homem não é dono do próprio caminho; que não pertence ao homem que caminha dirigir seus próprios passos. Javé, corrige-me…” (Jr 10,23-24).  A oração é experiência educativa!  

Em oração Jeremias se questiona sobre o avanço do mal: “Por que o caminho dos ímpios prospera e os traidores vivem todos em paz? (…) crescem e produzem frutos. Tu estás (…) longe do coração deles. Mas tu, Javé, me conheces e me vês, e sabes que o meu coração está contigo” (Jr 12,2-3). Esse mesmo drama também é vivido pelo profeta Habacuque quando em oração se questiona: “Até quando, Javé, vou pedir socorro, sem que me escutes? Até quando clamarei a ti: «Violência!» sem que tu me tragas a salvação? Por que me fazes ver o crime e contemplar a injustiça? (…) O ímpio cerca o justo, e o direito aparece distorcido” (Hab 1,2-4). 

A oração é também tempo para apresentar a Deus o propósito de mudança pessoal renovando a confiança e esperança, mesmo que persista o mistério do mal: “Ainda que a figueira não brote e não haja fruto na parreira; ainda que a oliveira negue seu fruto e o campo não produza colheita; ainda que as ovelhas desapareçam do curral e não haja gado nos estábulos eu me alegrarei em Javé e exultarei em Deus, meu salvador. Meu Senhor Javé é a minha força, ele me dá pés de gazela e me faz caminhar pelas alturas” (Hab 3,17-19). 

 Sensibilidade social na Oração 

A oração dos profetas é marcada pela sensibilidade social. Aquilo que o povo vive repercute profundamente sobre os sentimentos do profeta e condiciona o conteúdo da sua oração. Profundamente entristecido diante dos males sofrido por seu povo, o profeta Jeremias lamenta em oração: “transformaram minha propriedade querida num deserto desolado; dela fizeram um lugar devastado, e a deixaram em estado deplorável; está desolada diante de mim: o país inteiro foi devastado, ninguém se preocupa com isso (…), e não há paz para ninguém” (Jr 12,10-12). “Tu bem sabes! Javé, lembra-te de mim, ajuda-me e vinga-me de meus perseguidores. Por tua paciência não me deixes perecer! Olha como suporto insultos por tua causa” (Jr 15,15).  

Na oração do profeta está o presente o contexto histórico em que ele e o povo vivem, seus males e esperanças, por isso, tudo o que toca a vida do povo também é objeto da sua oração: a injustiça, a escravidão, a fome, a violência, a tortura, a humilhação, a falta de perspectivas, as doenças, a exploração, a idolatria, a corrupção, a indiferença etc. Os males são motivos de múltiplas súplicas! Jeremias sentindo a dureza da missão profética em meio a tantos males do povo (cf. Jr 2-7) tende a entrar em depressão e verbaliza: “O sofrimento me acabrunha e meu coração desfalece, pois ouço de longe os gritos da capital do meu povo: «Será que Javé não está mais em Sião? (…). Eu também fiquei ferido por causa do ferimento da capital do meu povo; fiquei deprimido, e a solidão me agarrou” (Jr 8,18.21). E sentiu a necessidade de um retiro: “Quem poderia dar-me no deserto um abrigo de viajantes? Então eu deixaria o meu povo e iria para longe deles, pois todos eles são adúlteros, um bando de traidores” (Jr 9,1).  

Está na oração também as reações dos perseguidores à missão do profeta, por isso,  Jeremias apresenta Deus as intenções maldosas e perversas dos seus perseguidores; mas sem medo deles, renova a confiança no seu defensor (cf. Jr 15,18-23; Jr 20,14-20). A experiência de oração não é simplesmente espaço para desabafo e súplica, mas também oportunidade de conforto e alívio que vem da escuta da palavra de Deus: “Quando recebi as tuas palavras, eu as devorava. A tua palavra era festa e alegria para o meu coração, porque eu levava o teu nome, ó Javé, Deus dos exércitos” (Jr 15,16). 

Oração, memória e pedido de perdão 

No livro das Lamentações e nas páginas do profeta Baruc, contemporâneo do profeta Jeremias, vemos que a oração tem uma profunda relação com a memória do passado seja para a gratidão como para o pedido de perdão. Na oração deve estar presente a nossa história: “Ai de nós, porque pecamos! Lembra-te, Javé, do que aconteceu; olha bem, para ver a vergonha que passamos! Nossa herança passou para estrangeiros, nossas casas são agora de gente estranha. Agora somos todos órfãos, pois perdemos nosso pai; nossas mães ficaram viúvas. Temos que comprar a água que bebemos e pagar a lenha que usamos” (Lm 5,1-4).  

Em sua oração o profeta Baruc faz da memória do passado, um veemente pedido de perdão. “Nós pecamos, não guardamos respeito, praticamos a injustiça, ó Senhor, nosso Deus, contra todos os teus mandamentos; afasta de nós a tua ira, pois nos tornamos um pequeno resto entre as nações por onde nos espalhaste.  Ouve, Senhor, a nossa prece e a nossa súplica, libertando-nos por causa da tua honra. Faz com que ganhemos o favor daqueles que nos exilaram, a fim de que a terra fique sabendo que tu és o Senhor nosso Deus, pois o teu nome foi invocado sobre Israel e seus descendentes” (Br 2,12-15; cf. Br 2,16-35). 

Também o profeta Daniel contemplando as desgraças do povo confessa dizendo: «Ah! Senhor, Deus imenso e terrível, cumpridor da aliança e do amor para com os que te amam e observam os teus mandamentos! Pecamos, praticamos crimes e impiedades, fomos rebeldes e nos desviamos dos teus mandamentos e das tuas sentenças. Não quisemos escutar os profetas, teus servos, que em teu nome falavam aos nossos reis e autoridades, aos nossos pais e a todos os cidadãos” (Dn 9,4-6).  

Com o profeta Daniel nos deparamos com uma atitude de inabalável fé em Deus, como o Senhor que dirige a história, por isso, apesar dos sofrimentos e do fracasso das perspectivas humanas, «que o nome do Senhor seja louvado, desde agora e para sempre, pois a ele pertencem a sabedoria e o poder, Ele modifica os tempos e estações, depõe e entroniza os reis, dá sabedoria aos sábios e ciência aos inteligentes” (Dn 2,19-21). Ele é o único Deus que merece louvor para sempre por seu ser e por todas as suas obras (cf. Dn 3,24-90).  

PARA A REFLEXÃO PESSOAL: 

Os profetas não são meros relatores de Deus, mas sentem a necessidade da oração. Por quê? 

O que a sensibilidade social da oração dos profetas nos ensina?  

Por que a memória do passado é importante na oração? 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

CATEQUESE DO PAPA: sem o Espírito Santo a Igreja não pode ir em frente

Papa Francisco - Audiência Geral desta quarta-feira, 07 de agosto (Vatiacan Media)

Francisco retomou hoje, 7 de agosto, as Audiências Gerais de quarta-feira. Na catequese, o Papa continuou a reflexão sobre a presença do Espírito, começando pelo ato da Criação e passando ao Novo Testamento. "O Espírito Santo é protagonista na Encarnação do Verbo: Maria torna-se Mãe de Cristo e é figura da Igreja". Diante das dificuldades, o Papa convidou a sempre repetir: "Nada é impossível para Deus".

Thulio Fonseca – Vatican News

O Papa Francisco, nesta manhã, 07 de agosto, retomou as tradicionais Audiências Gerais, suspensas desde 26 de junho devido à habitual pausa de verão. Com milhares de fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI, o Santo Padre deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre "O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança", passando da leitura da Criação à do Novo Testamento.

“O tema de hoje é o Espírito Santo na Encarnação do Verbo”, introduziu o Pontífice, dedicando sua reflexão à Maria, esposa do Espírito e figura da Igreja, que do Espírito recebe a força para anunciar a Palavra de Deus após tê-la acolhido.

Maria concebeu pela ação do Espírito Santo

Francisco parte do dado fundamental da fé, estabelecido pela Igreja no Concílio Ecumênico de Constantinopla do ano 381 que definiu a divindade do Espírito Santo, este artigo entrou na fórmula do “Credo”, recitado em cada Missa: o Filho de Deus “se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem”, e completou:

“É, portanto, um fato ecumênico de fé, porque todos os cristãos professam juntos esse mesmo Símbolo de fé. A piedade católica, desde tempos imemoriais, hauriu dela uma das suas orações diárias, o Angelus.”

Audiência Geral desta quarta-feira, 07 de agosto (Vatiacan Media)

Maria, esposa do Espírito Santo 

Trata-se do artigo de fé, prosseguiu o Pontífice, "que permite falar de Maria como a Esposa por excelência, que é figura da Igreja". A Lumen gentium, observa o Papa, retoma esse paralelismo entre Maria que gera o Filho "envolvida pelo Espírito Santo" e a Igreja:

“A Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção da palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus.”

Anunciar Cristo e a sua salvação 

O Papa sublinha que, assim como a Virgem primeiro acolheu em si Jesus para depois dá-lo à luz, também a Igreja primeiro deve acolher a Palavra de Deus "para depois dá-la à luz com a vida e a pregação". Como Maria, que perguntou ao anjo que lhe anunciava a maternidade "como é possível isso?", recebendo a resposta "o Espírito Santo descerá sobre ti", assim "também à Igreja, diante de tarefas superiores às suas forças, surge espontaneamente a mesma pergunta":

“Como é possível anunciar Jesus Cristo e a sua salvação a um mundo que parece procurar apenas o bem-estar neste mundo? A resposta ainda é a mesma de então: ‘Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas’ (At 1,8). Sem o Espírito Santo, a Igreja não pode ir em frente, a Igreja não cresce, a Igreja não pode pregar."

Papa Francisco saúda os fiéis durante a Audiência Geral (Vatican Media)

"Para Deus nada é impossível"

“E não apenas a Igreja, mas cada batizado, cada um de nós”, enfatizou o Papa, às vezes se pergunta "como posso enfrentar esta situação?". Ajuda, nestes casos, recordar e repetir para si mesmo o que o anjo disse à Virgem antes de a deixar: “Para Deus, nada é impossível”, e conclui:

“Irmãos e irmãs, retomemos então também nós, sempre, o nosso caminho com esta reconfortante certeza no coração: "Nada é impossível para Deus". E se nós acreditarmos nisso, faremos milagres. Nada é impossível para Deus.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Caetano de Thiene

São Caetano de Thiene (A12)
07 de agosto
País: Itália
São Caetano de Thiene

Caetano nasceu no ano de 1480 em Vicência, cidade da então República de Veneza, na Itália. Era um dos três filhos do Conde de Tiene, um católico exemplar. Foi consagrado a Nossa Senhora logo após o batismo, e cresceu num ambiente nobre e profundamente religioso.

Estudou Direito e Teologia na Universidade de Pádua, onde ficou conhecido pela modéstia e temperança, evitando as companhias libertinas. Doutorou-se com 24 anos, e entre 1504-1505 recebeu a tonsura eclesiástica, mas não o sacerdócio, por se achar indigno; neste ínterim, fundou uma igreja dedicada a Santa Maria Madalena (existente até hoje) numa propriedade da família em Rampazzo.

Em 1506, em Roma, trabalhou como secretário particular do Papa Júlio II, sendo também protonotário (título para um oficial, não bispo, hierarquicamente superior da Cúria Romana, responsável pela elaboração de documentos). Como redator de cartas apostólicas, fez contato e conviveu com cardeais famosos. O povo o apelidara de “padre santo”.

Contudo a situação de Roma, incluindo a de boa parte do clero, em pleno período do “esplendor” renascentista, era de imoralidade e falta de santidade – “(…) tornou-se uma Babilônia”, nas palavras de Caetano. Os interesses estavam na política, na frivolidade, nos prazeres, no fausto, na corrupção, enfim, no profano, o que mereceu as críticas de Lutero (e que este usou como pretexto para, ao invés de buscar a santidade como São Caetano, propor a heresia protestante). Ao contrário, Caetano decidiu buscar a reforma de vida e costumes dentro da Igreja, mas sem dividi-la: diante das críticas, Caetano dizia: “A primeira coisa que se deve fazer para reformar a Igreja é reformar-se a si mesmo”.

Assim, junto com alguns outros, organizou uma irmandade, ainda leiga, para fomentar a vida cristã em si mesmos e na sociedade, chamada Companhia ou Oratório do Amor Divino. A proposta era “combater a influência paganizante do Renascimento” e “reacender o fogo do amor de Deus nos corações, e impedir que a heresia, a libertinagem, o amor aos prazeres e a paixão dos interesses não o banissem”, a partir do estudo e vivência prática das Escrituras. São Caetano entregou-se inteiramente ao Oratório, e o seu exemplo de vida santa começou a evidenciar aos próprios católicos como era possível – e necessário – levar uma vida nos moldes do Evangelho.

Durante uma estadia em Vicêncio, por ocasião da morte de sua mãe, Caetano ingressou também no Oratório de São Jerônimo, cujos fins eram os mesmos da Confraria do Amor Divino.

Após muito tempo de reflexão, em 1516, Caetano decidiu ordenar-se sacerdote, aos 36 anos. Seu amor e respeito pela Santa Missa o levaram a se preparar durante três meses para celebrá-la pela primeira vez, na basílica de Santa Maria Maior. A partir de então, celebrava o Santo Sacrifício diariamente, o que não era feito pela maior parte do clero na época. São Caetano estabeleceu a bênção com o Santíssimo Sacramento e promoveu a Comunhão frequente: “Não estarei satisfeito até que veja os cristãos se aproximarem do banquete celestial com simplicidade de crianças famintas e alegres, e não cheios de medo e falsa vergonha”.

No Natal de 1517, rezando junto à relíquia do Presépio venerada na basílica de Santa Maria Maior, Nossa Senhora, acompanhada de São José e São Jerônimo, apareceu-lhe com o Menino Jesus recém-nascido nos braços e O colocou nos braços de Caetano, fato que se repetiu nas festas da Circuncisão e da Epifania, como ele mesmo escreve numa carta de 1528. Por isso São Caetano é sempre representado com o Menino Jesus nos braços.

Em 1520 Caetano foi para Veneza, onde colaborou na fundação do Hospital dos Incuráveis. Voltando para Roma, fundou em 1524 a Ordem dos Clérigos Regulares (Teatinos), junto com companheiros do Oratório, Bonifácio Colli, Paulo Consiglieri e João Pedro Carafa, bispo de Chiete (e depois Papa Paulo IV). A ideia era uma continuação dos objetivos do próprio Oratório, mas agora também no âmbito clerical, isto é, a reforma do clero para combater os efeitos paganizantes do renascentismo: com modelo nos Apóstolos, renovar a vida espiritual e a pregação da Doutrina, pois “(…) o nó do problema estava no clero, contagiado em grandes setores pela cobiça, a frivolidade e a imoralidade do Renascimento”. Essa foi a primeira ordem religiosa da Reforma Católica em resposta à crise religiosa da Europa no século XVI.

Os Teatinos deveriam ter tal confiança na Divina Providência, que não poderiam nem mesmo pedir esmolas, mas esperar que elas fossem dadas espontaneamente. O papa Clemente VII aprovou a congregação, e imediatamente Caetano renunciou a todos os seus bens para dedicar-se única e exclusivamente à vida comum. O mesmo ocorreu com o bispo Carafa, o primeiro superior geral, que abdicou também da sua vida e privilégios episcopais. Em pouco tempo, o número de congregados aumentou significativamente.

Os Teatinos não são monges, pois têm vida ativa e não contemplativa, mas obedecem a uma regra de vida comum como os religiosos, e renunciam a todos os seus bens terrenos, devendo viver de seu trabalho apostólico e de ofertas espontâneas dadas pelos fiéis (nunca de rendas fixas ou mendicância). Os alimentos recebidos e não consumidos no mesmo dia eram doados aos pobres, pois Deus supriria o necessário para o dia seguinte. Repartindo todos os seus bens entre os mais pobres, muitas vezes ficavam sem ter comida. Certa ocasião São Caetano, batendo na porta do Sacrário, disse confiante ao Senhor: “Jesus amado, lembro-Te que hoje não temos nada para comer”. Logo após, alguns homens, que não quiseram dizer de onde vinham, chegaram com mantimentos.

Em 1527 o Condestável de Bourbon, com um exército de 30 mil soldados composto por luteranos e assalariados sem princípios, saqueou a cidade de Roma. Caetano foi preso e torturado, mas sobreviveu. Os Teatinos, depois de muitos sofrimentos, tiveram que ir para Veneza, onde, além de obras de misericórdia, efetuaram a reforma do Missal e do Breviário romanos que o Papa lhes havia encomendado. São Caetano promoveu com extraordinário zelo a magnificência do culto litúrgico, a santidade e o decoro dos templos.

Ele nunca deixou de combater a heresia protestante, que se infiltrava também entre a aristocracia e intelectualidade de Nápoles, aonde esteve: denunciou ao Santo Ofício três pregadores que se tornaram luteranos; fundou ou reformou vários mosteiros locais; e estabeleceu para os operários dessa cidade um Monte de Piedade, que se tornou o atual Banco de Nápoles. Enfim, por onde esteve Caetano pregou e viveu a máxima evangélica que se tornou o lema da sua Ordem: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo mais vos será dado por acréscimo” (Mt 6,33).

Em 1547 o vice-rei de Nápoles, D. Pedro de Toledo, decidiu estabelecer ali o Tribunal da Inquisição nos moldes do espanhol. Isto gerou uma revolta da nobreza e do povo e consequente guerra civil. Caetano inutilmente buscou a conciliação, e desgostoso com as ofensas a Deus nos tumultos populares e a rejeição ao Concílio de Trento (1545-1563), adoeceu. Os médicos aconselharam que colocasse um colchão sobre as tábuas onde dormia, mas ele respondeu: “Meu salvador morreu na cruz; deixe-me pois morrer também sobre um madeiro”. Faleceu em 7 de agosto de 1547. Sua bula de canonização diz que neste mesmo dia cessaram todas as revoltas populares, segundo se crê por sua intercessão.

Por causa disso São Caetano é conhecido como pacificador dos tumultos populares, bem como “caçador das almas” pelo seu zelo evangélico, e também invocado como Pai de Providência, por sua eficaz intercessão aos dons da Providência Divina. Foi verdadeiro Apóstolo da autêntica Reforma Católica.

 No Brasil, São Caetano de Tiene já foi muito popular, com várias cidades, igrejas, capelas e ruas nomeadas em sua honra por todo o território nacional.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A busca da santidade e o combate aos enganos do mundo são o trabalho normal e permanente dos católicos, individualmente e como Igreja. Assim será até o final dos tempos, mas sem dúvida há momentos melhores e piores neste combate, ao longo da História. Neste processo, há também, em termos gerais, uma proporção entre a gravidade dos erros e o entendimento e conhecimento de Jesus e da Sua Doutrina; porém, de forma absoluta, a gravidade do pecado é cada vez maior, na medida mesma em que o ensinamento do Senhor fica cada vez mais claro. As desculpas de ignorância e dificuldade de comunicação para divulgar a Boa Nova tornam-se cada vez menos consistentes; e portanto as medidas para desfigurar a mensagem de Cristo ou tentar suprimi-la ficam cada vez mais maliciosas, com mais culpa. De fato, se os cismas e heresias como as de Lutero e outros prejudicaram imensamente as almas, ao propor uma “nova igreja” externa ao Corpo Místico de Jesus, a tendência atual é ainda pior, a de apresentar pelo mesmo nome de Católica uma Igreja “nova” criada pelo homem à sua própria imagem e semelhança, deturpando com inteligência infernal o sentido das Sagradas Escrituras, da Tradição e do Magistério, e buscando um pretenso “paraíso terrestre” de cunho material. O caso mais grave é o da chamada “teologia da libertação”, impregnada da ideologia política marxista e ateia. É o grande desafio da verdadeira Fé nos nossos tempos, tão grave que Nossa Senhora pessoalmente a denunciou em Fátima, Portugal, em 1917, com toda a clareza. O exemplo de São Caetano também é muito claro. Ele dizia que "Cristo espera e ninguém se mexe", e por isso demonstrou na prática que a reforma da sociedade deve ser iniciada em cada indivíduo, particularmente, e não a partir de “reformadores não-reformados”, lobos em pele de cordeiro denunciados por Jesus (cf. Mt 7,15-20). Por isso dedicou-se a uma vida santa, centrada no amor a Deus, através da oração e estudo, cujos frutos se manifestaram por exemplo no seu cuidado com a Eucaristia, a Santa Missa, a Liturgia: comunhão frequente, Missa diária, zelo imenso pelo culto litúrgico, respeito e decoro nas e das igrejas. Realidades bem diferentes dos frutos com ênfase no político, no profano, no sincretismo ofensivo a Deus, que O tenta rebaixar à paridade com falsos deuses, por “respeito humano”. Infelizmente, também hoje, como disse São Caetano, “o nó do problema está no clero”, muito infiltrado de erros. Mas sem dúvida a reforma dos fiéis deve começar pela reforma do clero: se Cristo não fosse santo, como o seriam os Apóstolos? Se os Apóstolos não fossem santos, como o seriam os discípulos? O exemplo de santidade, na ordem natural, tem que vir de cima para baixo; as exceções são a resposta de Deus, pelo menos em parte, aos erros e mediocridade humanos. Estas duras realidades não implicam – jamais! – no julgamento da alma alheia, e na acusação indiscriminada do clero, cujo tem o direito, por vontade do próprio Cristo, de ser honrado, respeitado e obedecido, e foco do amor e incessantes orações dos fiéis. A necessidade está em ter sempre na alma, de forma absolutamente sincera e honesta, e com o maior conhecimento de causa possível com a ajuda da graça de Deus, a orientação de São Pedro: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5,29). O exemplo virtuoso de São Caetano é justamente a humildade de observar muito bem antes de reprovar o mal alheio (e portanto suas reprovações tiveram todo o crédito). A consequência prática desta sua diretiva foi a confiança total em Deus, inclusive para a subsistência, e seu conselho numa carta: “esqueça-se completamente de si e busque no próximo somente a face de Jesus Crucificado”. Este caminho, de estar a braços com o Menino Jesus, só o percorremos com Maria, do colo de Quem recebemos o Salvador...

Oração:

Senhor Deus, eternamente providente e caridoso, que querei antes a conversão que a morte do pecador, concedei-nos pela intercessão e exemplo de São Caetano de Tiene a honesta busca pela Verdade, que sois Vós mesmo, sem nunca desanimar na reforma das nossas próprias almas, em e com Maria “buscando em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, de modo a que tudo o mais nos seja dado por acréscimo”. E especialmente, tende misericórdia da Vossa Igreja, sobretudo o clero, atualmente tão atacados pela malícia do demônio, para que Vos seja fiel, pelo bem de todas as almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 6 de agosto de 2024

De chefe de grupo criminoso e assassino a seguidor de Jesus: ele conta seu testemunho aos jovens

Torsten Hartung, Um Assassino Condenado Que Passou Anos Na Prisão E Depois Se Converteu À Fé Católica Foto: Porta Luz

Aos 18 anos teve seu primeiro contato com um presídio e não seria o único. Mas as coisas ficaram ainda piores. Torsten tornou-se o chefe de um grupo criminoso. Com eles ele planejou um assassinato e o executou.

01 DE AGOSTO DE 2024 ZENIT EDITORIAL DEPOIMENTOS

(ZENIT News –  Porta Luz  / Kremsmünster, 01.08.2024).- Desde 1992, cerca de 400 jovens de toda a Áustria e de outros países reúnem-se todos os anos em Kremsmünster para passar uma semana em comunhão com outros jovens e com Deus. Eles são recebidos pela grande tenda branca como ponto de referência do encontro, pela igreja próxima e pelo amplo terreno, que oferece espaço para correr uma bola na hora do almoço ou para trocar ideias sobre Deus e o mundo, sentados no verdejante grama. .

O coração do encontro é a Adoração Eucarística. O encontro com o Deus vivo e o fortalecimento de um relacionamento pessoal com Deus brotam de um programa onde os testemunhos são muito importantes. E este ano houve um que marcou todos os jovens presentes...

Sua mãe queria cometer suicídio na frente dele quando ele tinha sete anos e queria culpá-lo. "É tudo culpa sua"... "Você foi um acidente"... "Nós não te amamos"... "Você é um inútil." Isso se soma ao fato de seu pai bater nele repetidas vezes. Então ele se fez notar na escola.

Estamos falando de Torsten Hartung, um assassino condenado que passou anos na prisão e depois se converteu à fé católica. Mas vamos voltar à sua infância...

Aos onze anos percebeu que a violência e a força chamavam a atenção, e seus colegas perceberam isso. Alguns anos depois, aos 15 anos, Torsten também se voltou contra o pai e o ameaçou. «Ele queria me bater. "Meu pai ficou com medo de mim e me expulsou."

Aos 18 anos teve seu primeiro contato com um presídio e não seria o único. Mas as coisas ficaram ainda piores. Torsten tornou-se o chefe de um grupo criminoso. Com eles ele planejou um assassinato e o executou. Ele foi preso por isso e toda a sua organização criminosa foi destruída. Eles o colocaram em isolamento onde ele teve muitas reflexões sobre sua vida.

Torsten sofreu muito na prisão. Eu ainda não conhecia Deus. Eu me perguntei: quem sou eu? Por que sou agressivo? Só depois de cinco anos ele conseguiu “responder às perguntas sobre quem ele era. Na história da minha vida, nunca conheci uma pessoa mais malvada do que eu.

Há alguns anos, no dia 15 de maio, ele rezou pela primeira vez: “Deus, não sei se você existe. Mas se você existe, me ajude, não quero mais essa vida. E ele começou a contar a Deus a história de sua vida. Mas então ele ouviu a voz de Deus muito claramente. Essa voz estava cheia de amor e misericórdia. «Naquele momento, a minha visão do mundo ruiu. Eu estava começando a pensar de uma maneira completamente nova. Deus existe. Ele estava lá! Todo o meu corpo tremeu de espanto com sua sabedoria onipotente. "A realidade divina irrompeu em minha vida."

Na verdade, Torsten começaria a mudar radicalmente. Algumas semanas depois, a voz de Deus foi ouvida novamente, dizendo-lhe para “abrir a Bíblia”. Ele abriu na Primeira Carta de João, capítulo primeiro, versículo 9... “Ali diz: “Se reconhecermos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. “Joguei o livro num canto, fiquei com medo, tive a impressão de que o livro estava falando comigo”.

Torsten ligou para seu advogado e começou a fazer uma confissão de vida. O juiz apenas o condenou a 15 anos, convencido da sua transformação. Ele passou um total de 22 anos na prisão.

"Deus tem um plano para todos"

Mais tarde descobriu os santos da Igreja, consagrou-se à Virgem no dia 8 de dezembro e iniciou a sua formação frequentando a aula de catecumenato na prisão com um padre católico. “Sou um homem louco por Deus”, diz ele, porque na sede de crescer na fé quis saber e perguntou ao sacerdote quem eram Teresa de Ávila, Catarina de Sena, etc. Ele leu vários livros sobre santos. Após a sua libertação, fundou uma "Casa da Misericórdia" em Froburg (Suíça), onde cuida de menores delinquentes.

Durante uma sessão de perguntas e respostas com os jovens, Torsten explicou por que se tornou católico. Ele diz que pediu a Deus e recebeu a resposta: “Estude a história da Igreja!” …Eu não tinha ideia sobre dogmas, então vi que todos eles estão centrados em Cristo. É por isso que decidi pela Igreja Católica.”

No seu testemunho aos jovens, Torsten criticou o caminho sinodal na Alemanha e comentou: “Há muitos ensinamentos falsos aqui na Alemanha, é por isso que o chamamos de caminho suicida. Fala-se também da María 2.0, que é uma porcaria, como se ela precisasse de uma atualização. Concluiu agradecendo a Deus porque após sua libertação conheceu sua esposa em uma viagem missionária pela Coreia do Sul, e também desenvolveu um relacionamento intenso com Medjugorje.

Artigo originalmente publicado pela Porta Luz.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF