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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

1986 – Primeira Semana Brasileira de Catequese (1ª SBC)

CNBB

1986 – Primeira Semana Brasileira de Catequese (1ª SBC) 

1.O evento. A Primeira Semana Brasileira de Catequese, realizada na Vila Kostka, bairro Itaici, em Indaiatuba-SP, de 12 a 18 de outubro de 1986, foi um acontecimento significativo na história da Catequese no Brasil. O antigo salão da Vila Kostka estava apinhado com 450 participantes, comprometidas com a dinamização da renovação da catequese em todas dioceses do Brasil. A preparação do evento envolveu os catequistas de base, a partir do estudo de oito teses com seus vários instrumentos de trabalho, o que favoreceu o interesse de toda a Igreja e foi fundamental para o êxito do grande evento em Itaici.

A 1ª SBC 1986, situa-se como um momento forte, até mesmo culminativo, de um intenso processo de divulgação, estudo e operacionalização do Documento da CNBB, n. 26: “Catequese Renovada, Orientações e Conteúdo” (1983), no Brasil, sob liderança dos três membros do Setor Linha 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): Dom Albano Cavallin, Frei Bernardo Cansi, OFMCap.  Irmão Israel José Nery fsc.

2.O Documento Catequese Renovada. Por sua vez o Documento 26 da CNBB, havia sido fruto de todo um esforço de síntese da caminhada da Catequese desde o Concílio Vaticano II (1962-1965), principalmente sob o impulso de seus documentos eixos, tais como, Lumen Gentium (a renovação da Igreja), Gaudium et Spes (a Renovação da Igreja em sua missão no mundo), Dei Verbum (a importância prioritária da Palavra de Deus), Sacrossanctum Sacramentum (a renovação da Liturgia) e também do Decreto Ad Gentes (sobre a ação missionária da Igreja).

Do pós-concilio são fundamentais para a renovação da Catequese: o Diretório Catequético Geral (DCG), de 1971, o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (1972), o Sínodo sobre a Evangelização (1974), com a Exortação Apostólica de Paulo VI Evangelii Nuntiandi (1875); o Sínodo A Catequese no Mundo Atual (1977), com sua Exortação Apostólica Catechesi Tradendae, (1979) do papa João Paulo II,  o Sínodo sobre a Família (1980) e a Exortação Apostólica, Familiaris Consortio (1981), também do Papa João Paulo II. É importante ainda relembrar a insistência da renovação da Catequese nos discursos do Papa, em sua primeira visita apostólica ao Brasil, em 1980.[1]

Mas o Documento Catequese Renovada, é devedor, e de modo muito forte, do Documento “A Igreja na atual transformação da América Latina”, emanado da Segunda Assembleia do Episcopado Latino-americano, em Medellín, em agosto de 1968, especialmente do seu capitulo 8. Não se deve, porém, esquecer a importância da força do espírito renovador da Igreja em nosso Continente, que foi reforçada pela Teologia da Libertação, pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), pela inovadora leitura da Bíblia pelo povo a partir da realidade sofrida em que vive; mas, também, pela liderança de bispos, teólogos e pastoralistas, grupos da Vida Consagrada Religiosa que, profeticamente, vivendo a experiência do êxodo e do intento de enculturação, faziam acontecer na prática a renovação solicitada pelo Concilio, por Medellín (1968) e por Puebla (1979), cujo Documento “A evangelização no presente e no futuro da América Latina”, recém chegara às dioceses.

3.Ingredientes do Paradigma Catequese RenovadaO Documento “Catequese Renovada” (CR) constituiu um divisor de águas na história da Catequese no Brasil. Suas propostas em termos metodológicos e de compreensão do conteúdo da catequese, trouxeram frescor e abriram novos horizontes. Primeiramente a centralidade em Cristo e não apenas na tradicional preparação aos Sacramentos da Eucaristia e da Crisma. “Cristo deve aparecer como a chave, o centro e o fim do homem, bem como de toda a história humana” (CR 96). Jesus e seu projeto de vida são o centro da proposta catequética. Mantida a fidelidade essencial a Jesus e a seu projeto, tudo se encaixa na coerência do conjunto dos conteúdos da fé e da prática cristã.

Mas há novidades, por exemplo, como expressões referentes a “encontro” (em vez de aula), “interação entre fé e vida”, “Bíblia — livro da catequese por excelência”, que criaram impacto e suscitaram cursos e encontros formativos. O fato de CR ter assumido um princípio de Medellín 1968 na compreensão dos conteúdos da catequese, isto é, que “as situações históricas e as aspirações autenticamente humanas são parte indispensável do conteúdo da catequese”, trouxe reações adversas, mas ao mesmo tempo, suscitou interesse e mudanças significativas.

Outro ingrediente fundamental do paradigma da CR é a importância da Comunidade eclesial, considerada em si mesma como catequizadora, desde que inspirada na Comunidade primitiva segundo Atos dos Apóstolos e nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). E como a catequese acontece numa cultura maior, mediatizada por uma comunidade, ao viver os valores do evangelho, ela se torna conteúdo da catequese. Algo que cativou o interesse dos catequistas pelo Documento CR foi a valorização da pessoa do catequista, seu carisma, suas aspirações, seu toque pessoal indispensável, sua espiritualidade, sua formação inicial e permanente. E, também, a valorização da pessoa do catequizando como sujeito participativo, responsável por sua fé, seu seguimento de Jesus, seu compromisso com a Igreja e com o Reino de Deus.

4.Desdobramentos da 1ª Semana Brasileira de Catequese. O tema central da 1ª SBC foi: "Fé e Vida em Comunidade:  Renovação da Igreja, Transformação da Sociedade". Além de uma Carta aos Catequistas sobre a importância da 1ª SBC no contexto da Igreja no Brasil, levou-se em conta o começo da redemocratização do Brasil com o fim da Ditadura Militar (1964-1985), chamando a atenção para uma Carta ao Presidente da República sobre a Constituinte Brasileira que, naquele momento, se discutia. Os conteúdos da 1ª SBC foi publicado, com seu Documento Final, na coleção Estudos da CNBB, com o nº 55.

Terminado o grande evento em Itaici, Indaiatuba-SP, a nova equipe do Setor 3 da CNBB, formada por Dom Albano Cavallin, Bernardo Cansi, e Therezinha Motta Lima Cruz (que me substituiu devido à minha eleição para Provincial Lassalista em São Paulo-SP), cuidou da impulsionar alguns desdobramentos da 1ª SBC, plasmados em dois livros: Textos e Manuais de Catequese (1987, Estudos da CNBB, nº 53) e Formação de Catequistas (1990,  Estudos da CNBB, 59). Sobre este Estudo, o Padre Lima assim escreveu:

 Os e as Catequistas de todo o Brasil foram premiados no Dia do Catequista de 1990 com este texto produzido também pelo GRECAT e que faz parte da coleção Estudos da CNBB (nº 59) como o anterior. O livro teve uma grande receptividade por parte dos catequistas. Juntamente com Catequese Renovada Textos e Manuais de Catequese forma a trilogia da catequese no Brasil da década de 80. De fato, nestes três textos estão codificados o pensamento e as orientações da Igreja no Brasil sobre a catequese em permanente renovação. 

O GRECAT, em 1988, encarregou-me das apostilas para fazer o esboço de documento, e após dois anos de trabalho, com muitas consultas às bases (principalmente aos coordenadores regionais e diocesanos de catequese) e após cinco redações, ele foi definitivamente aprovado em 1990. Lamentavelmente na última hora escapou um erro no título da obra, erro minúsculo, mas que revela uma mentalidade: em vez de Formação de Catequistas, foi publicado como Formação dos Catequistas.

O texto aborda praticamente todos os problemas da formação de catequistas: o estudo do ministério da catequese e a pluralidade da vocação do catequista, a necessidade e os pressupostos teológicos da formação, o lugar próprio desta formação (sobretudo o grupo de catequistas, a comunidade, e a escola formal de catequista em seus vários níveis). Aprofunda as metas da formação, colocando em primeiro lugar o crescimento humano e cristão do catequista, e depois o conhecimento da mensagem e as questões metodológicas. Um capítulo inteiro é dedicado aos fundamentos teológico-pastorais da formação: a questão eclesiológica (catequistas para uma Igreja servidora) e a tríplice fidelidade: à pessoa humana, a Cristo e à Igreja; uma quarta é acrescentada: a atenção à realidade sociocultural.

Finalmente o texto termina com um longo capítulo dedicado às dimensões e conteúdos da formação do catequista. É o capítulo central, bastante sintético mas vigoroso pelos temas que aborda: formação pessoal e comunitária, espiritual, bíblica, teológico-doutrinal, litúrgica, psicossocial, ético-moral, metodológica; os dois últimos assuntos são dedicados ao processo de avaliação e ao papel da coordenação e à formação do coordenador 

Em seguida os novos assessores, Inês Broshuis e Pe. Juventino Kestering (1991-1995), prosseguiram nos desdobramentos da 1º SBC, promovendo um levantamento da realidade do Sacramento da Confirmação no Brasil, resultando no texto: Orientações para a Catequese de Crisma (1991, Estudos CNBB  61).  O Sacramento da Crisma ou Confirmação, do ponto de vista teológico-histórico, é bastante complicado, por causa da confusão e identificação, nas origens, deste sacramento com o Batismo. Este assunto é tratado no segundo capítulo. A parte mais especificamente catequética, é o terceiro capítulo: orientações para uma ação pedagógico-pastoral, onde os principais problemas relacionados com esta catequese crismal são abordados: papel da comunidade, a questão do método, conteúdo, espiritualidade, aspectos celebrativos, padrinhos, agentes da catequese, a continuidade do processo crismal e crisma de adultos. O documento termina com a Constituição apostólica sobre o sacramento da confirmação de Paulo VI (1971).

Em 1994 a Coleção Estudos da CNBB lançou o livro Catequese para um mundo em mudança (1994, Estudos CNBB, 73). Na história da Catequese renovada no Brasil este Estudo, mesmo que incompleto, é de grande importância e o expressa bem o Padre Luiz Alves de Lima, em uma apresentação do texto:

Como fruto de dois encontros nacionais de catequese (1992 e 1994) e da reflexão do GRECAT (Grupo de Reflexão sobre Catequese) foi publicado este documento, também na coleção Estudos da CNBB, com o  nº 73. Já desde o fim da década de 80 vinha emergindo com muita força em toda Igreja, e particularmente na América Latina e Brasil, o tema da inculturação.

Dentro da inculturação da fé a catequese possui um papel muito importante; ora, os documentos anteriores não tinham tratado suficientemente tal problema. D. Albano Cavallin vinha insistindo sobre a necessidade de escrever um  5º capítulo do documento “Catequese Renovada...”. De fato, este nosso Diretório Catequético possui quatro partes (e não capítulos!) e faltaria algo mais que seria a inculturação da fé pela catequese. Tanto assim é que durante muito tempo só se falou no tal do 5º capítulo. Nos V e VI encontros nacionais de 1992 e 1994, ambos em Brasília, este foi o assunto principal, enfocando de um modo especial o tema da inculturação da catequese na cidade, ou seja, a catequese urbana.

Assim, este Estudo, que recebeu o sugestivo nome de Catequese para um mundo em mudança (Paulus, 1995) trata de um modo especial: a questão urbana, a questão ética, e mais genericamente, a questão da modernidade ou pós-modernidade.

O texto se compõe de duas partes. A primeira, e menor, é a principal: aí estão algumas conclusões, não muito sistematizadas sobre estes temas do "novo" na catequese, na sociedade e na Igreja, com algumas poucas e genéricas pistas para uma catequese que precisa se inculturar. A segunda parte, mais comprida, e que recebe o nome de Anexos, recolhe a contribuição das pessoas que assessoraram o encontro de 1994; na maior parte das vezes são resumos das palestras. Também aqui são uma série de temas justapostos e não sistematizados (O conceito de cultura, as releituras do novo dentro da própria Bíblia, desafios diante da mudança, a diáspora, o exíliocomunicação e testemunho, ecumenismo e pluralismo religioso na nossa cultura, alteridade). Enfim, a impressão é que estamos diante de uma colcha de retalhos a respeito de um tema que em si mesmo é difícil e complexo, e por isso mesmo, ainda um tanto imaturo e desafiador para a reflexão catequética: a questão permanece em aberto! 

No pós 1986 (1ª Semana Brasileira de Catequese), a CNBB, em 1998, publicou um texto que podemos considerar como último Estudo antes da 2² SBC o de número 78: O hoje de Deus em nosso chão (1998). Eis uma apresentação elaborada pelo Padre Luiz Alves de Lima:

São reflexões ainda em torno do tema da inculturação da catequese  nos nossos dias. O Estudo tem quatro partes. As I, II e III recolhem os conteúdos apresentados pelos assessores no VII Encontro Nacional de Catequese (Belo Horizonte de 18 a 21 de setembro de 1997). Na IV parte são apontadas algumas pistas de ação.

Como diz o título do texto, que também foi o lema do Encontro Nacional, o tema central é a busca do mistério de Deus e seu anúncio no mundo de hoje. “Interpretar o hoje do nosso chão, o chão da nossa história, o contexto atual tão complexo, onde o Espírito sopra como quer, não é tarefa fácil, e isto fez do VII Encontro Nacional um lugar privilegiado de participação, de busca e de esperança.

Recolher toda essa riqueza exigiria uma publicação bem mais volumosa do que o presente Estudo: cada texto do documento apresenta um enfoque particular sobre catequese inculturada” (Introdução, pp. 5-6). Os temas são os seguintes:

 “Análise da realidade catequética” (Pe. Luiz Alves de Lima, sdb), “Referenciais antropológicos da catequese hoje”(Pe. Joaquim Mol); “Aspectos culturais do hoje de Deus em nosso chão” (Therezinha M. Lima da Cruz); “Referenciais teológicos para a catequese hoje”(Ir. Israel José Nery, fsc); “Elementos de metodologia catequética (Pe. Juventino Kestering); “Espiritualidade do catequista” (Ir. Mary Donzellini); “Busca do Sagrado” (Ir. I. J. Nery); “Catequese afetiva” (Pe. J. Kestering); “Leitura bíblica na catequese – profeta Jonas” (Pe. Wolfgang Gruen, sdb); “Comunicação na catequese” (Ir. Maria Inês Carniato, fsp); “Bases para uma atitude de diálogo” (T. M. Lima Cruz).

As pistas de ação são: 1. Elementos comuns que devem ser considerados em toda catequese; 2. Propostas que devem ser encaminhadas; 3. Atividades a serem incentivadas pela Dimensão Bíblico-Catequética Nacional. 

A partir de 1999, os responsáveis nacionais da Catequese, a partir do que havia sido detectado nos últimos anos decidiram, após diversas consultas, pela celebração da Segunda Semana Brasileira de Catequese (2ª SBC), em outubro de 2001. A temática “Com adultos, catequese adulta”, se impunha, face a fragilidade dos católicos adultos em uma sociedade cada vez mais plural, também em termos de religião e de novas “igrejas pentecostais”, de forte organização comercial e midiática, agressivas à Igreja Católica e apelativas em termos de conversão, expulsão do demônio, curas e progresso material de seus adeptos. O nosso próximo texto será sobre esta 2ª Semana de Catequese.

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Irmão Israel José Nery fsc (Irmão Nery fsc) é de Machado-MG. Formado em Ciências Religiosas pela Universidade Lateranense, em Roma, com especialização em Catequética e Teologia da Vida Religiosas Consagrada. Membro do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs, fundado em 1680, por São João Batista de La Salle, padroeiro celeste dos educadores e das educadoras. Foi Assessor Nacional, na CNBB, para Catequese (1983-1987) e Educação (1996-2000). Integrou a Diretoria da Confederação de Religiosos da América Latina (CLAR), nos anos 1988 a 1991 e, neste período, Provincial Lassalistas no Brasil e, mais tarde no Chile (2012-2014). É conferencista e escritor.  Reside em São Paulo-SP.

[1] JOÃO PAULO II – Discurso do Papa João Paulo II aos Bispos do Brasil, Fortaleza, 10/07/1980, item 5:  a catequese é uma urgência. Só posso admirar os pastores zelosos que em suas Igrejas procuram responder concretamente a essa urgência fazendo da catequese uma verdadeira prioridade.

Fonte: https://www.catequesedobrasil.org.br/

No lugar da Assunção de Maria, onde rezam cristãos e muçulmanos

As Igrejas que seguem o Calendário Juliano celebram a Dormição da Mãe de Deus em 28 de agosto.  (©Pavle - stock.adobe.com)

Proclamado por Pio XII em 1º de novembro de 1950, o dogma da Assunção tem a sua origem na Sagrada Escritura. E em Jerusalém, ainda hoje, é possível ver e “tocar” alguns elementos que há quase setenta e cinco anos levaram à publicação da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus.

por Fábio Beretta

Para os cristãos a data de 15 de agosto não é um dia de festa como os outros. Celebra-se, de fato, a Assunção de Maria ao Céu, um dos quatro dogmas marianos da Igreja Católica. Proclamado por Pio XII em 1º de novembro de 1950, o dogma da Assunção tem a sua origem na Sagrada Escritura. E em Jerusalém, ainda hoje, é possível ver e “tocar” alguns elementos que há quase setenta e cinco anos levaram à publicação da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus.

Na Cidade Santa, como recorda padre Claudio Bottini, professor emérito ainda em atividade na Faculdade de Ciências Bíblicas e Arqueológicas do Studium Biblicum Franciscanum da Terra Santa, “a festa da Assunção é celebrada em duas datas distintas: os cristãos pertencentes a a Igreja Latina, a de Roma, celebra o aniversário no dia 15 de agosto segundo o calendário habitual. Depois há os ortodoxos, mas também os armênios, os coptas, os sírios que celebram a Assunção em um dia diferente, segundo o Calendário Juliano”.

Para todos os cristãos da Terra Santa, sublinha o frade, a da Assunção é “a celebração mais sentida após a da Páscoa. Nestes dias os fiéis expressam o seu fervor e a sua fé com liturgias e procissões”. Esta grande participação é devida, em parte, “ao clima de verão que favorece um grande número de participantes. Mas – continua padre Bottini – em Jerusalém, essas grandes procissões, que chamam a atenção de todos, só são vistas para os ritos da Semana Santa e da Assunção”.

Estes atos de devoção popular se desenvolvem pelas ruas que ligam dois pontos da cidade, ou melhor, duas igrejas: a da Dormitio Virginis, no Monte Sião, onde a comunidade cristã acredita que Nossa Senhora “adormeceu no sono da morte”; e a do “túmulo de Maria”, construída na zona do cemitério do Vale do Cedron, onde segundo a tradição judaica terá lugar o Juízo Final.

“As escavações realizadas nos anos 70 – conta o frade – confirmam a descrição contida na narrativas da tradição e em alguns escritos populares que remontam ao século II d.C.”. Estas escavações iniciaram após uma enchente que alagou completamente a igreja construída no local onde, segundo a tradição, estava o túmulo vazio de Nossa Senhora, perto do Getsêmani. Os danos provocados ​​pela natureza obrigaram os greco-ortodoxos e armênio-ortodoxos, custódios do santuário, a desmontar todas as superestruturas que escondiam o túmulo de Maria e a realizar trabalhos de restauração.

“Graças ao ecumenismo feito de pequenos e silenciosos gestos – explica o professor –, os ortodoxos convidaram o padre Bellarmino Bagatti, decano dos arqueólogos franciscanos na Terra Santa, para visitar e estudar o túmulo e o conjunto sepulcral e arquitetônico que o rodeia. Mas Bagatti não se limitou a examinar o monumento. Ele o 'releu' cuidadosamente à luz da literatura antiga sobre a morte e sepultamento de Nossa Senhora".

O Novo Testamento fala de Maria pela última vez depois da Ascensão de Jesus, apresentando-a rodeada pelos Apóstolos e pela comunidade cristã primitiva (cf. Act 1, 14). “Nenhum texto canônico – destaca Bottini – nos diz como Maria passou seus últimos anos e como deixou a terra. Vários escritos intitulados Ciclo sobre a Dormição de Nossa Senhora, muito difundidos no mundo cristão, transmitem toda uma série de informações que, quando submetidas ao escrutínio da crítica histórica e teológica, revelam-se da maior importância”.

Esses textos seriam “todos relacionados a um documento original, a um protótipo judaico-cristão elaborado por volta do século II no contexto da Igreja Mãe de Jerusalém, para a comemoração litúrgica anual junto ao túmulo da Virgem. Na redação da Dormição atribuída ao Apóstolo evangelista João, conhecido como o Teólogo, lê-se: «...os apóstolos transportaram a liteira e depositaram o seu santo e precioso corpo en um túmulo novo no Getsêmani».

Em outro texto preservado em siríaco, há indicações topográficas ainda mais precisas: «Esta manhã peguem a Senhora Maria e saiam de Jerusalém pela via que conduz à cabeceira do vale além do Monte das Oliveiras, onde existem três grutas: uma grande externa, depois outra dentro e uma pequena câmara interna com um banco elevado de argila na parte oriental. Vão e coloquem a Bem-Aventurada sobre aquele banco e coloquem-na lá e sirvam-na até que eu diga o contrário."

Ao verificar os fatos, o padre Bagatti “demonstrou que a concordância entre documento e monumento não poderia ser maior. Com efeito, o túmulo de Maria no Getsêmani – sublinha o professor – está localizado em uma área de cemitério em uso no século I. Corresponde muito bem quer ao tipo de túmulos utilizados na Palestina naquela época como aos dados topográficos indicados nas diferentes narrativas da Dormição da Virgem, especialmente no que diz respeito à nova câmara mortuária e à sua posição em relação às outras. O fato de encontrar-se junto ao Horto das Oliveiras e à Gruta onde Jesus costumava passar a noite (cf. Jo 18, 2), sugere que o anônimo discípulo proprietário do local também acolheu ali a sepultura de Maria. O túmulo, guardado e venerado pelos judeus-cristãos até finais do século IV, altura em que passou para as mãos dos gentios cristãos, foi isolado dos restantes e encerrado em uma igreja”.

Hoje, das várias igrejas construídas no local ao longo dos séculos, «só resta a cripta que, através de uma grande escadaria de quarenta e oito degraus, conduz ao túmulo por um desnível de cerca de quinze metros em relação à estrada . A edícula que contém a câmara funerária com o banco rochoso ainda visível é pouco iluminada pela luz que filtra do exterior e pelas lamparinas a óleo. No seu interior respira-se o ambiente típico das igrejas orientais, caracterizadas pelo forte perfume de incenso, pelas numerosas imagens e pelas muitas velas e lamparinas a óleo”.

“Quem visita esses lugares sente algo especial dentro de si. Ao acompanharem homens de cultura ou jornalistas a estes lugares, eles próprios percebem, mesmo que não sejam crentes, que estão diante de algo sério. Não se pode falar de conversões verdadeiras, mas todos ficam admirados”, revela Bottini.

Mas como os católicos vivem a festa de 15 de agosto? “Primeiro celebram a Missa na Basílica do Getsêmani, mais conhecida como Basílica das Nações (a estrutura moderna celebra este ano cem anos de sua consagração). Depois, em procissão, dirige-se à igreja do túmulo, se desce à cripta e reza-se com cantos e hinos”. Aos olhos mais atentos não passa desapercebido que na cripta onde está preservado o túmulo vazio existe um nicho: “Usavam-no e o usam os muçulmanos – explica o professor –. Anteriormente, muitos grupos religiosos islâmicos visitavam o túmulo, agora fazem-no em privado. Também para eles Maria é uma figura importante e o nicho está orientado para Meca.”

Também os cristãos das Igrejas Orientais vivem a festa neste lugar: “Por oito dias, os cristãos orientais descem todos os dias à cripta, levando crianças, idosos e pessoas com deficiência. O túmulo é decorado com ervas aromáticas, como o basílico, e rezam diante do ícone da Dormitio que normalmente se encontra na Basílica do Santo Sepulcro. O ícone é levado solenemente em procissão até o túmulo e recolocado em seu lugar. E é como uma grande festa."

Uma festa que este ano, devido à guerra que continua a dilacerar a Terra Santa, “será em dimensão menor. Mas como no passado, a celebração acontecerá”, conclui padre Bottini. “Já vi tantas crises neste país. Tudo acontece em escala reduzida, mas não desaparece. Celebraremos a festa da Assunção como celebramos a Páscoa. São momentos trágicos, mas conseguimos rezar com maior intensidade. Nestas celebrações com maior recolhimento, como sempre fazemos, rezaremos pelo retorno dos peregrinos e sobretudo pelas soluções de paz. Não só em nossa casa, mas também para o mundo. E faremos isso duas vezes, dada a dupla data dos Calendários Juliano e Gregoriano. Os homens são capazes de coisas atrozes, mas aqui há muitas pessoas de boa vontade que continuam a acreditar, a esperar e a rezar por um mundo melhor. É uma semente de esperança que certamente crescerá”.

*Agência Fides

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Comer vendo TV realmente faz mal? (2)

Estudos indicam que as crianças podem comer mais alimentos ultraprocessados enquanto assistem à TV, porque são considerados mais convenientes | Crédito, Alamy

Comer vendo TV realmente faz mal?

Por Jessica Brown

BBC Future

10 de agosto de 2024

O outro lado da distração

A relação entre assistir à televisão e comer é complexa, mesmo quando tratamos dos efeitos da distração, isoladamente. Pesquisas também indicam que a distração pode nos levar a comer menos – ou deixar de comer, segundo van Meer.

A pesquisadora conta, por exemplo, que algumas escolas primárias na Holanda decidiram reduzir a jornada escolar e fazer com que os estudantes almocem durante as aulas.

O ensino durante o almoço costuma ser mais passivo, segundo van Meer. Os professores leem para os estudantes ou apresentam vídeos educativos.

Mas ela destaca que muitos pais estão observando seus filhos voltarem para casa no final do dia com suas lancheiras cheias de comida, o que sugere que eles estavam distraídos demais para comer.

O mesmo efeito foi encontrado em pesquisas com adultos.

Em um estudo, os participantes assistiram a dois episódios da popular série de TV americana Friends. Um dos grupos assistiu ao mesmo episódio duas vezes e o outro assistiu a dois episódios diferentes. E, durante o segundo episódio, os dois grupos receberam lanches diferentes.

Os pesquisadores concluíram que as pessoas que assistiram ao mesmo episódio duas vezes comeram 211 calorias a mais do que o grupo que assistiu a dois episódios diferentes. Isso pode ter ocorrido porque eles estavam menos distraídos, segundo o professor de ciências da psicologia Dick Stevenson, da Universidade Macquarie em Sydney, na Austrália.

Em outras palavras, se o programa de TV a que estivermos assistindo for suficientemente cativante, podemos nos esquecer de comer o alimento que está à nossa frente. Mas, quando a TV nos aborrece, podemos comer mais.

Em outro pequeno estudo, um grupo de participantes assistiu a uma palestra "maçante" sobre arte na TV. Um segundo grupo assistiu a uma série "envolvente" e um terceiro não viu televisão. Eles receberam lanches de baixa caloria (uvas) e com alto teor de calorias (chocolate).

Os pesquisadores concluíram que a palestra maçante incentivou os participantes a comerem mais, enquanto o programa envolvente os levou a comer menos, em comparação com o grupo controle, que não tinha acesso à televisão. Em outras palavras, quanto mais tédio entre os participantes, mais eles comiam.

Mas o interessante é que a principal mudança de consumo foi verificada no número de uvas. A quantidade de chocolate permaneceu mais ou menos sem alteração.

Afinal, devemos evitar comer em frente à TV?

Existem diversas teorias sobre os motivos que nos levam a comer mais quando estamos em frente à televisão. Mas as pesquisas confiáveis nesta área enfrentam diversas dificuldades.

Os pesquisadores costumam confiar nos diários alimentares das pessoas e acompanhar seus hábitos de assistir à televisão. Mas elas, muitas vezes, reduzem o consumo de alimentos não saudáveis nos seus relatórios, segundo Fernanda Rauber.

Pelo menos no estudo de Monique Alblas, os participantes que forneceram seus dados registravam todas as atividades do seu dia a dia, ou seja, eles não registravam apenas as refeições ou o uso da TV, especificamente.

Assistir a um programa tedioso pode nos levar a comer mais do que quando vemos uma série de TV cativante | Crédito,Getty Images

Os pesquisadores também estudam as pessoas comendo e assistindo à TV em ambientes de laboratório. Mas a natureza da televisão faz com que, em casa, fiquemos normalmente relaxados e pode ser difícil tentar recriar este ambiente no laboratório.

"Os métodos de observação direta podem introduzir viés de mudança comportamental, com os participantes alterando seus hábitos de alimentação ao saberem que estão sendo observados", afirma Rauber.

Alblas defende que é preciso ter mais pesquisas em ambientes reais, pois os nossos hábitos alimentares – e seus fatores de influência – são muito complexos.

"Nós conhecemos algumas das formas de influência da TV sobre a nossa alimentação, mas existem muitos processos e coisas que não sabemos e precisam ser mais bem compreendidas", afirma ela.

A influência da TV sobre a alimentação depende de muitos fatores, incluindo o tipo de conteúdo a que estamos assistindo, segundo Dick Stevenson.

Ele pode alterar o nosso humor, mas também nos influencia de forma inconsciente. Se um personagem estiver comendo na tela, por exemplo, podemos também ser levados a comer junto com eles.

O ritmo do programa também pode fazer diferença. Um estudo indicou que filmes de ação podem nos induzir a comer mais do que programas de entrevistas.

E, naturalmente, o sabor dos alimentos que temos em mãos também é importante, bem como a nossa impulsividade pessoal em relação à comida.

A própria distração também é algo complexo. Assistir à TV pode não causar tanta distração quanto outras atividades que realizamos enquanto comemos – e que também podem nos levar a comer mais.

Uma análise de estudos concluiu, por exemplo, que existem poucas evidências que indiquem que nós comemos mais quando assistimos à TV em comparação com outras atividades, como ler, jogar videogame ou comer com os amigos. E as pesquisas também indicam que os nossos hábitos alimentares são complicados e quase impossíveis de entender completamente.

O certo é que existe muito mais no jantar em frente à TV do que o simples consumo de alimentos processados com alto teor de sal e gordura.

Por isso, se você estiver se sentando à mesa em busca de uma opção mais saudável, talvez seja melhor analisar se realmente vale a pena ter nas mãos aquele controle remoto.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c2dgpznl42do

Jesus Cristo e a experiência da oração

Profunda Vida de Oração (Diocese de Valadares)

Jesus Cristo e a experiência da oração

Dom Antônio de Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA) 

Na leitura dos evangelhos constatamos o fato de que Jesus não só falava da oração, mas também dela fazia experiência e a recomendava. Sua oração acontecia em várias circunstâncias, ambientes, a sós ou com seus discípulos. Considerando as diversas passagens em que se fala da oração de Jesus, não encontramos um padrão definido, nem o conteúdo das orações de Jesus, em alguns casos sim! Mas na maioria das vezes, simplesmente se fala da experiência da oração. As diversas referências à oração de Jesus são profundamente significativas para nós. 

 Mistério de Amor e comunhão 

Para Jesus a oração expressava a sua relação afetiva com Deus Pai. Na base da oração de Jesus está o mistério do Amor e da comunhão recíproca entre o Filho e o Pai e vice-versa. Por isso Jesus declarou: “Eu não posso fazer nada por mim mesmo…  não procuro fazer a minha vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.» (Jo 5,30-31.37). Jesus declara que foi enviado pelo Pai e vivia por Ele (cf. Jo 6,57). Seus momentos de oração era tempo reavivamento da consciência de estar acompanhado e em íntima relação com Deus Pai que o enviou ao mundo: “não estou sozinho, mas o Pai que me enviou está comigo” (Jo 8,16); “mas o Pai que permanece em mim, ele é que realiza suas obras. Acreditem em mim: eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14,10-11). 

Para Jesus Cristo a oração não tem uma função utilitária, mas sobretudo, é manifestação da consciência do seu vínculo filial e afetivo com Deus Pai. A oração de Jesus está vinculada à sua identidade! Na verdade, mais do que fazer orações, Jesus vivia permanentemente em estado de comunhão. Jesus de Nazaré, por sua manifestação de relação contínua com Deus Pai e diálogo permanente com ele, foi um homem orante!  

 Oração e missão 

Jesus era consciente de ser Filho, Missionário, Servo, Bom Pastor. Portanto, a sua oração estava em função da sua fidelidade de filho obediente, missionário generoso, servo fiel e bom pastor. Por isso afirmou: “O Pai me consagrou e me enviou ao mundo” (Jo 10,36); “Eu sou o bom pastor… assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou a vida pelas ovelhas” (Jo 10,14.15); “o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.» (Mt 20,28); “eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim para fazer a vontade daquele que me enviou” (Jo 6,38). 

A experiência da oração aparece desde o início da sua vida pública. Mas na sua adolescência já havia manifestado uma consciência extraordinária, quando procurado por Maria e José, respondeu à sua mãe: «Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?» (Lc 2,49). Esse zelo pela casa do seu Pai, significava o cuidado para com a oração, que tinha no templo o espaço comunitário privilegiado. Quando adulto Jesus vai reagir com indignação vendo o templo transformado em mercado (cf. Lc 19,46).  

No batismo temos a declaração de Deus Pai revelando-lhe seu amor predileto e recomendando aos seus ouvintes que o acolham e o escutem. Assim descreve o evangelista São Lucas:  “Jesus, depois de batizado, estava rezando. Então o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba. E do céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho amado! Em ti encontro o meu agrado.» (Lc 3,21-22).  Sua vida pública começa com a oração com a convicção de ser o Filho e missionário Amado de Deus Pai e impulsionado pelo Espírito Santo (cf. Lc 4,1-4). 

O evangelista Marcos nos apresenta Jesus, imediatamente após o seu batismo, imerso numa intensa vida Missionária: acolhendo as pessoas, ensinando, expulsando demônios, curando doentes, andando por todas as vilas, pregando o Reino de Deus, mas reserva tempo para a oração rejeitando dessa forma um messianismo exibicionista e populista. “De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto” (Mc 1,35). No contexto missionário, tantas vezes pressionado pelas necessidades do povo, Jesus prioriza a experiência da oração, sendo para ele busca de repouso, serenidade, equilíbrio, concentração, manutenção de sua identidade. Após a multiplicação dos pães e dos peixes, logo após despedir as multidões, Jesus foi para o outro lado do mar e subiu um monte para rezar (cf. Mt 14,22-23; Mc 6,46).  

Após a pesca milagrosa e diversas curas, o evangelista Lucas afirma que a “fama de Jesus espalhava-se cada vez mais, e numerosas multidões se reuniam para ouvi-lo e serem curadas de suas doenças. Mas Jesus se retirava para lugares desertos, a fim de rezar” (Lc 5,15-16). A oração é antídoto contra o veneno da vaidade e da autossuficiência. Essa é uma tentação! Por isso Jesus alertou seus discípulos dizendo: “Vigiem e rezem, para não caírem na tentação” (Mt 26,41). 

 Momentos excepcionais de oração 

Consciente de ser filho, missionário do Pai, e estando sempre em profunda comunhão com Ele, percebemos, a partir dos textos dos evangelhos, que Jesus sempre entrava em oração antes de acontecimentos importantes e extraordinários. Vejamos alguns exemplos. Jesus rezou: 

  • Antes de iniciar a sua vida pública (cf. Lc 3,21) e louva o Pai por sua missão de servir os mais pobres (cf. Lc 10,21-23);  
  • Antes da escolha dos doze apóstolos (cf. Mc 3,13-16); 
  • Antes da multiplicação dos pães e dos peixes (cf. Mc 6,41);  
  • Antes da Ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11,41-43); 
  • Antes da sua transfiguração (cf. Lc 9,28-29); 
  • Antes de ser preso e iniciar o caminho do calvário (cf. Lc 22,44). 

 Advertências sobre a oração 

  • A oração não deve ser ostensiva, orgulhosa, prepotente, vaidosa, mas recheada de espírito de humildade, discreta, íntima (cf. Mt 6,5-8; 23,14 Lc 18,11); 
  • A oração não é para nós uma experiência natural, mas é fruto de aprendizagem, por isso Jesus ensina seus discípulos a rezar (cf. Lc 11,1-4);  
  • Na oração do Pai Nosso Jesus nos ensina que na oração devemos nos concentrar na identidade de Deus para louvá-lo, reconhecer nossas fragilidades e renovar o compromisso de perdão e da fraternidade (cf. Mt 6,9ss); 
  • Na parábola do juiz insensível Jesus nos apresenta a necessidade da perseverança na oração, sem nunca desistir (cf. Lc 18,1); 
  • A oração deve ser a nossa resposta ao nossos inimigos, que nos perseguem e caluniam (cf. Lc 6,28); 
  • Jesus incentiva seus discípulos a confiarem na bondade de Deus, pois através da oração receberão o que necessitam (cf. Mt 7,7-8; 21,22); 
  • No episódio da visita à casa de Marta e Maria, Jesus chama a atenção de Marta porque estava ocupada com muitos afazeres deixando de dar a devida atenção ao visitante amigo, ao contrário, Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra; Jesus elogiou a atitude de Maria dizendo: “uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada.» (Lc 10,38-42). 
  • A experiência da oração contribui para nossa transfiguração, ou seja, a superação das crises, do desânimo e da frustração (cf. Lc 9,29); 
  • A qualidade da oração não depende da quantidade de palavras e nem do tempo empregado (cf. Mt 6,5-13; Lc 5,33);  
  • Jesus reza por Pedro para que não esmoreça na fé diante das investidas de Satanás (cf. Lc 22,32) e alertou os discípulos: «Rezem para não caírem na tentação.» (Lc   22,40); e declarou que o jejum e a oração expulsam demônios (cf. Mt 17,21); 
  • Jesus ao refletir sobre o drama da cruz pede o conforto de Deus Pai: “Agora estou muito perturbado. E o que vou dizer? Pai, livra-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim.  Pai, manifesta a glória do teu nome!» (Jo 12,27-28); 
  • Jesus alertou seus discípulos sobre a necessidade da oração ser sinal de compromisso de boas obras, da prática da vontade de Deus (cf. Mt 7,21); 
  • Na parábola do rico insensível e o pobre Lázaro Jesus nos ensina que, após a morte, a oração é inútil para quem nesta vida foi egoísta (cf. Lc 16,24-28). 
  • Jesus orou estando crucificado em pleno sofrimento: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lc 23,34); “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15,34); “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.” (Lc 23,46); 

PARA A REFLEXÃO PESSOAL: 

Qual é a relação entre a oração e a identidade de Jesus? 

Qual aspecto da oração de Jesus mais lhe chamou a atenção? 

O que a parábola do rico insensível e o pobre Lázaro nos ensina sobre o sentido da vida e a oração? 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: Maria nos precede no caminho rumo à união definitiva com o Senhor

Angelus de 15 de agosto de 2024 com Papa Framcisco (Vatican News)

Nesta quinta-feira, 15 de agosto, dia em que a Igreja celebra a Solenidade da Assunção da Virgem Maria, celebrada no Brasil no próximo domingo (18/08), o Papa Francisco refletiu durante a oração mariana do Angelus sobre a visita de Nossa Senhora à sua prima Isabel. Segundo o Pontífice, essa é "uma metáfora de toda a sua vida, pois, a partir desse momento, Maria estaria sempre em caminho, seguindo Jesus como discípula do Reino".

https://youtu.be/p2Wy04gT91w

Thulio Fonseca - Vatican News

“Hoje celebramos a Solenidade da Assunção da Virgem Maria e contemplamos a jovem de Nazaré que, assim que recebeu o anúncio do Anjo, partiu em visita à sua prima Isabel.”

Como destacou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus nesta quinta-feira, 15 de agosto, a Igreja celebra o mistério da Assunção ao Céu da Mãe de Jesus, uma festa litúrgica que, no Brasil, será comemorada no próximo domingo, 18/08.

Maria está sempre a caminho

Ao refletir sobre o Evangelho da liturgia proposto para esta Solenidade (Lc 1,39-56), o Pontífice destacou a expressão “partiu”. Segundo Francisco, isso significa que Maria não considerou um privilégio a notícia que recebeu do Anjo, mas, ao contrário, saiu de casa e se pôs a caminho com a pressa de quem deseja anunciar essa alegria aos outros e com a preocupação de se colocar ao serviço de sua prima.

“Essa primeira viagem, na realidade, é uma metáfora de toda a sua vida, pois, a partir desse momento, Maria estaria sempre em caminho, seguindo Jesus como discípula do Reino. E, ao final, sua peregrinação terrena se encerra com a Assunção ao Céu, onde, junto a seu Filho, goza para sempre da alegria da vida eterna.”

“Irmãos e irmãs, não devemos imaginar Maria como uma ‘estátua imóvel de cera’; nela podemos ver uma ‘irmã... com as sandálias gastas... e com tanto cansaço nas veias’, pelo fato de ter caminhado seguindo o Senhor e ao encontro dos irmãos, concluindo então a sua viagem na glória do Céu. Assim, a Virgem Santa é aquela que nos precede no caminho, lembrando a todos nós que também a nossa vida é uma viagem contínua rumo ao horizonte do encontro definitivo."

"Rezemos à Nossa Senhora para que nos ajude a seguir nesta jornada rumo ao encontro com o Senhor", concluiu o Papa Francisco. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Assunção de Nossa Senhora e São Tarcísio

Assunção de Nossa Senhora (A12)
15 de agosto
Países: Israel e Itália
Assunção de Nossa Senhora e São Tarcísio

A Virgem Maria está associada plenamente à Paixão de Jesus Cristo, Seu Filho, e por isso também Ela passou pela morte corporal, para ressuscitar como Ele. Contudo, como Mãe de Deus, teve o privilégio de não ter o corpo maltratado ou corrompido. Entende-se que após Sua morte Ela foi imediatamente elevada ao Céu, sem qualquer dano físico. De fato, até o século VII a igreja comemorava a Sua entrada no Céu como a festa da “Dormição” de Nossa Senhora, uma referência à suavidade do Seu falecimento, oficializada no Oriente por edito do imperador bizantino Maurício; neste mesmo século, em 687, passou a ser comemorada também no Ocidente pelo Papa Sérgio I, de origem oriental.

No século VIII o nome mais explícito de “assunção” passou a ser adotado. “Assunção” e não “ascensão”, porque Ela, ao contrário de Jesus, não subiu ao Paraíso por Seu próprio poder, mas sim pelo poder de Deus. O Dogma da Assunção de Maria foi proclamado em 1950 pelo Papa Pio XII, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus: “A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.

Supõe-se que Nossa Senhora estivesse com idade entre 50 e 60 anos quando faleceu, muito provavelmente antes da dispersão dos Apóstolos e da perseguição promovida por Herodes Agripa no ano 42 ou 44. Uma antiga tradição indica como local a mesma casa da Última Ceia e da descida das línguas de fogo do Espírito Santo sobre os Apóstolos (cf. Mt 26,17-19 e At 2,1-4), e que os anjos Gabriel e Miguel a levaram ao Céu. São Bernardo e São Francisco de Sales sugerem que Maria morreu de amor, pelo desejo de estar diretamente com Jesus; que este tenha sido um dos motivos é mais que provável, mas o certo é que Deus A levou apenas quando a Sua missão nesta Terra foi completada – após a Ascensão do Senhor, Nossa Senhora ainda muito teve que auxiliar os Apóstolos e a Igreja Católica que nascia como instituição.

Esta Igreja crescia sob cruéis perseguições, como anunciara o Cristo (“Se o mundo vos odeia, lembrai-vos que Me odiou antes. (…) Lembrai-vos do que Eu vos disse: o servidor não é maior do que o seu mestre. Se a Mim Me perseguiram, também a vós perseguirão”, cf. Jo 15,18.20). Em 257 ocorreu a nona perseguição do Império Romano aos cristãos, sob o imperador Valeriano, e neste “século dos mártires”, sob o pontificado de Sisto II, mártir, também martirizado foi São Lourenço, seu diácono e muitos outros.

A Igreja de Roma contava então com 50 sacerdotes, sete diáconos e cerca de 50 mil fiéis, quase todos dizimados por ódio à Fé. Os fiéis presos desejavam a Comunhão antes de morrer, mas o acesso a eles era praticamente impossível e extremamente perigoso. Nesta circunstância Tarcísio, um jovem de 12 anos acólito do Papa Sisto II, ofereceu-se para tentar levar a Sagrada Eucaristia aos que esperavam a execução, alegando que a sua juventude não despertaria suspeitas. O Papa o admoestou, mas, confiando no seu valor, entregou-lhe um recipiente com Hóstias Consagradas para os encarcerados.

Durante o trajeto, alguns rapazes o interromperam por qualquer pretexto, e notando que ele procurava continuar, quiseram saber por que e em seguida o que ele levava na mão. Tarcísio não respondeu e logo eles se tornaram violentos, tentado abrir-lhe a mão à força, e começando a lhe bater e apedrejar. Contudo ele segurava as Hóstias com tal firmeza que não foi possível tomá-las, mesmo quando caiu ao chão. Há duas versões dos acontecimentos seguintes. Uma diz que Tarcísio morreu ali e nada foi encontrado com ele, pois seu corpo havia se tornado um com a Eucaristia, uma única hóstia imaculada, oferecida a Deus; outra diz que Tarcísio foi socorrido por um oficial ou soldado romano, cristão, chamado Quadrato, a quem entregou as Hóstias antes de morrer. O certo é que seu corpo foi recolhido por um militar romano, ocultamente cristão, e sepultado nas catacumbas.

O Papa Dâmaso I (366-384) mandou colocar no seu túmulo a data da sua morte, 15 de agosto de 257, e a seguinte inscrição: “Enquanto um criminoso grupo de fanáticos se atirava sobre Tarcísio que levava a Eucaristia, o jovem preferiu perder a vida, antes que deixar aos raivosos o Corpo de Cristo".

 São Tarcísio é o Padroeiro dos Coroinhas ou Acólitos, isto é, dos que servem no altar ajudando o sacerdote durante a Missa.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A glorificação imediata da alma e do corpo de Nossa Senhora, na Assunção, é a recompensa pelas Suas virtudes e participação direta e única na corredenção da Humanidade, por meio dos Seus sofrimentos semelhantes aos do Cristo: a mais perfeita participação na missão de Jesus merece a mais perfeita participação na Sua glória divina. Assim, a honra e o poder (de intercessão) de Maria Virgem no Céu só é menor que os da Trindade. Seu título de Mãe de Jesus A torna igualmente Rainha do Céu e Mãe da Igreja (que é o Corpo Místico do Seu Filho), portanto, igualmente, de todos nós, irmãos de Cristo e membros do Seu Corpo. Como Mãe de Jesus, é igualmente a única Medianeira de todas as graças, porque da mesma forma que Cristo veio a nós por Ela, também só por Ela, por Sua humanidade igual à nossa, somos irmãos de Jesus Encarnado. Não podemos ter acesso a Cristo a não ser por meio da Mãe que no-Lo dá. Nesta mesma identificação de criatura, de humanidade com Maria, a nossa possível ressurreição ao Céu fica Nela garantida: Assunta, Ela conduziu à plenitude a expectativa humana da vitória definitiva sobre a morte e o mal. A Sua honra transborda para todo o gênero humano, e por isso a Igreja – nós – nos alegramos, tanto por Ela quanto pelo que Ela obteve para nós. A corredenção de Maria na nossa Salvação não terminou com a Sua Assunção, mas continua por Suas orações e intercessão, de modo eminente e eficaz porque o Filho não pode negar à Sua Mãe o que poderia nos negar se Lhe pedíssemos diretamente: por amor e obediência filial, atende às nossas súplicas por Ela purificadas e tornadas dignas de serem atendidas. O servidor não é maior do que o seu mestre… Maria, São Tarcísio, e nós, temos passagem obrigatória pela morte física (a menos que Deus determine de outra forma por exceção). O fundamental é que, como Maria e Tarcísio, estejamos unidos a Cristo neste momento: em comunhão com Ele. A união de Nossa Senhora com Jesus é única e não pode ser repetida, está num grau de perfeição inalcançável a qualquer outra criatura, anjo ou ser humano. Mas podemos ser santos num grau heroico como São Tarcísio, se esta for a vontade de Deus para nós e se correspondermos a esta Sua graça. No caso de São Tarcísio, a comunhão foi espiritual e física, pois estava literalmente abraçado ao Senhor na hora da morte... A consciência de que portava o Corpo de Cristo, vivo, e não um pão qualquer, como parte da sua decisão de correr o risco e responsabilidade que isto implicava, deixa claro que a maturidade espiritual do acólito de 12 anos no amor pelo Sagrado era de idade muito mais avançada do que os seus poucos anos no físico. Ele realmente entendeu que conservar no coração a graça de Deus vale mais do que conservar todos os bens criados, inclusive a própria vida, e que no seu caso não apenas a graça do Senhor, mas Ele mesmo!, estava nos seus braços. Por isso não hesitou em sofrer o martírio, que São Tomás explica ser, “por natureza, o mais perfeito dos atos humanos, como sinal do mais alto grau de amor” (Suma Teológica II-II, 124, 3 c.). Se oferecer a própria vida por outra pessoa, como fez por exemplo São Maximiliano Maria Kolbe, já é martírio que chama mais a atenção do que a morte por si mesmo, o que pensar de quem oferece a vida pela integridade do próprio Cristo vivo, presente diretamente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade? Ao menos somos cuidadosos e respeitosos com as Hóstias Consagradas que estão nos sacrários das igrejas, e que comungamos? Realmente nos preocupamos em não deixar cair nem uma mínima das suas partículas, já que em cada uma delas está plenamente Jesus? Se não temos as mãos ungidas como os sacerdotes, e nem lavadas ritualmente como as deles, por que pretendemos ter a dignidade de receber o Senhor em mãos que até, talvez, tenham segurado pouco antes moedas e cédulas sujas (pelo manuseio constante e pouco higiênico por inúmeras pessoas) no Ofertório? Seríamos capazes de morrer para evitar a profanação de uma única migalha da Hóstia Consagrada? Sabemos que ela é o Cristo, vivo… Cremos realmente que é melhor morrer a cometer um único pecado mortal que seja? Se pais de Tarcísio, diríamos a ele o mesmo que a mãe dos Santos Macabeus? (“Meu filho, não temas este carrasco, mas sê digno de teus irmãos e aceita a morte, para que no dia da misericórdia eu te encontre no meio deles”, 2Mc 7,29). Porque os pais católicos têm que saber que a vida sobrenatural dos filhos, recebida no Batismo, é o que de mais precioso possuem, e que verdadeiramente mais vale que eles morram e vão para o Céu do que cometam um único pecado mortal. Não nascemos para este mundo, e tampouco devemos criar nossos filhos para ele. Os exemplos dos santos são admiráveis, mas não basta isso, é preciso imitar ao menos as virtudes que os fizeram agir. Se ainda não chegamos a essa disposição de entrega – talvez do próprio filho, como Deus Pai nos entregou Jesus –, convençamo-nos ao menos da necessidade de pedir a graça de querê-lo. “Porque Teu amor vale mais do que a vida” (Sl 62,4).

Oração:

Nossa Senhora, Mãe querida, que estais junto a Deus e sois o nosso único caminho para Jesus, obtende-nos Dele a graça de, como São Tarcísio, dar a vida a Seu serviço, pelo martírio se da vontade do Pai, ou pela fidelidade heróica ao Senhor nos afazeres do dia a dia. São Tarcísio, rogai por nós. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Comer vendo TV realmente faz mal? (1)

Jantar em frente à TV, consumindo alimentos industrializados, é um hábito antigo entre as famílias | Crédito: Getty Images

Comer vendo TV realmente faz mal?

Por Jessica Brown

BBC Future

10 de agosto de 2024

Quando o assunto é saúde, jantar em frente à TV não traz uma imagem positiva.

Essa ideia surgiu nos Estados Unidos, no início do século 20. Ela evoca imagens de refeições com alimentos processados, cheios de sal e aditivos, em pratos equilibrados no colo das pessoas sentadas no sofá.

E se você escolher um tipo diferente de refeição para comer enquanto assiste à sua série de TV favorita?

Você pode imaginar que comer um prato colorido, repleto de legumes e grãos integrais, é um hábito saudável. Mas será que o simples ato de comer em frente à TV elimina as escolhas positivas?

Pois existem evidências indicando que sim.

Estudos sugerem que comer habitualmente assistindo à TV não faz bem para nós, não importa o que estivermos comendo. E aqui estão os motivos.

Distração e memória

Os cientistas sabem há muito tempo que nosso ambiente como um todo desempenha papel fundamental na nossa alimentação. E muitas pesquisas indicam a relação entre assistir à TV e maior risco de obesidade, principalmente devido ao menor nível de exercício decorrente desse comportamento sedentário.

Mas assistir à TV também pode afetar o quanto comemos. A distração é uma das principais teorias para explicar por que podemos comer mais quando vemos televisão ao mesmo tempo, segundo a professora de ciências da comunicação Monique Alblas, da Universidade de Amsterdã, na Holanda.

Isso pode ocorrer porque, quando estamos absorvidos por um roteiro fascinante, prestamos menos atenção no que comemos. Com isso, nós não percebemos os sinais do corpo que nos dizem que estamos satisfeitos, o que pode nos levar a comer demais.

Existem também pesquisas que indicam que nós não nos lembramos do que comemos em frente à TV e temos dificuldade para estimar com precisão a quantidade de alimentos que ingerimos. Isso pode nos levar a comer de novo mais tarde.

O ambiente à nossa volta influencia muito a nossa alimentação – e assistir à TV durante as refeições pode ser uma distração poderosa | Crédito: Alamy

Alblas concluiu que as pessoas passam mais tempo comendo quando assistem à TV durante as refeições.

Ela utilizou dados já existentes, coletados pelo Instituto Holandês de Pesquisas Sociais. O organismo pediu às pessoas que mantivessem um diário de tudo o que elas faziam ao longo de uma semana, incluindo comer e assistir à TV. As pessoas registraram até o tipo de programas que estavam acompanhando.

Enquanto analisava os dados, Alblas percebeu que as pessoas passavam mais tempo comendo quando assistiam à TV ao mesmo tempo.

Ela também descobriu que o tempo total que os participantes do estudo passaram comendo era maior nos dias em que eles comiam assistindo à TV ao mesmo tempo, em comparação com os dias em que eles se alimentavam sem ver TV simultaneamente. Para Alblas, esta conclusão sugere que eles não percebiam o quanto estavam comendo, pois estavam distraídos.

Estas conclusões em si não demonstram que as pessoas necessariamente comeram mais, ou quais alimentos específicos elas comeram. O único registro foi o tempo passado comendo.

Como os resultados foram relatados pelos próprios participantes, é claro que, se eles se perdessem em um programa particularmente bom, talvez não se lembrassem ao certo de quanto tempo haviam passado comendo.

Mas Alblas afirma que existem pesquisas que demonstram que o tempo passado comendo está correlacionado à ingestão de maior quantidade de calorias.

"E pesquisas de laboratório demonstram que comer distraído leva ao aumento do consumo de alimentos, de forma que todas as evidências combinadas indicam que a distração desempenha papel importante quando comemos em frente à TV", afirma ela.

Outro motivo que pode nos levar a comer mais quando assistimos à TV é que a refeição pode não ter o mesmo sabor para nós do que quando prestamos mais atenção ao que estamos comendo.

Isso ocorre porque podemos não ficar tão satisfeitos com a comida quando estamos distraídos, segundo a pesquisadora de ciência de dados Floor van Meer, do instituto Pesquisa de Segurança Alimentar de Wageningen, na Holanda.

Van Meer pesquisou a distração enquanto nos alimentamos, no Departamento de Psicologia Social, Organizacional e Econômica da Universidade de Leiden, também na Holanda. Ela é neurocientista e realizou diversos estudos sobre a atividade do cérebro humano quando comemos distraídos.

Em um dos estudos, ela solicitou aos participantes que memorizassem um número curto ou longo enquanto comiam. E os que tentaram memorizar números mais longos relataram que o sabor do alimento era menos doce.

Van Meer também percebeu que havia menos atividade nas partes do cérebro associadas à percepção do sabor.

Estudos indicam que comer distraído em frente à TV pode nos levar a consumir mais alimentos do que o necessário | Crédito,Getty Images

"Se você não provar o alimento da mesma forma, poderá não ficar tão satisfeito e terá maior probabilidade de fazer um lanche logo em seguida", segundo ela.

Mas van Meer também aponta o outro lado da moeda: para ela, a TV pode ser uma boa forma de fazer as crianças comerem legumes e verduras, caso elas não gostem do sabor dos alimentos.

Ela explica que existe uma teoria que diz que os seres humanos estão sempre tentando atingir um "objetivo hedônico". Ou seja, nós esperamos atingir certo nível de prazer durante qualquer dia ou atividade específica. E, se não conseguirmos, iremos buscar esse prazer em outro lugar.

Por isso, se um programa de TV não atender às expectativas, você poderá comer mais para compensar.

O nosso estado emocional também desempenha papel importante no nosso comportamento alimentar.

Existem pesquisas que indicam que podemos escolher menos alimentos "hedônicos", como chocolate ou pipoca na manteiga, se assistirmos a um programa que nos faça felizes, em comparação com algo que nos deixe tristes.

O que comemos em frente à TV?

As pesquisas indicam que a exposição a anúncios de comida também pode fazer as pessoas comerem mais, em geral.

Mas o que mais preocupa os pesquisadores é a associação entre a publicidade de comida e o consumo de alimentos ultraprocessados, que já foram relacionados à obesidade e outras doenças, incluindo doenças cardíacas.

"As evidências indicam que mesmo a exposição rápida à publicidade de comida pode tornar as crianças mais propensas a consumir os alimentos anunciados – e a repetição da exposição reforça essa preferência", afirma a pesquisadora Fernanda Rauber, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde Pública da USP.

Ela concluiu que as crianças têm mais propensão a consumir alimentos ultraprocessados em relação aos minimamente processados, quando assistem à televisão. Isso ocorre, em parte, porque os alimentos ultraprocessados costumam ser considerados mais convenientes para consumo em frente à TV, segundo ela.

Mas a maior exposição aos anúncios deste tipo de alimento também foi relacionada ao aumento do consumo. E os efeitos parecem ser amplificados no caso de crianças que já são obesas, talvez porque elas sejam mais sensíveis à publicidade de alimentos.

As refeições em família costumam ser associadas ao consumo de mais frutas, legumes e verduras. Mas Rauber também concluiu que as crianças comem mais alimentos ultraprocessados quando assistem à TV com a família.

"Neste cenário, os eventuais benefícios das refeições em família observados em outras pesquisas são ofuscados pelos impactos negativos da televisão ligada durante as refeições", afirma Rauber.

"Isso destaca a complexa interconexão entre os hábitos alimentares e as influências do ambiente e reforça a necessidade de mais pesquisas para entendermos essa dinâmica de forma abrangente."

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c2dgpznl42do

Cardeal Scherer: Os 70 anos da Catedral da Sé

Catedral de São Paulo (Vatican News)

A Catedral de São Paulo é um dos maiores templos católicos do mundo. Situada no centro antigo, ela é uma das referências da cidade e nela são celebrados os principais atos religiosos da Igreja em São Paulo.

Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo Metropolitano de São Paulo

A Catedral Metropolitana de São Paulo, conhecida popularmente como Catedral da Sé, vai comemorar o 70.º aniversário de sua inauguração no próximo dia 5 de setembro. Ela, de fato, é a segunda catedral da Arquidiocese de São Paulo. A “antiga Sé”, em estilo barroco colonial, estava localizada na mesma Praça da Sé, perto de onde se ergueu a atual. Ela era pequena para as dimensões de São Paulo e foi demolida em 1912, quando se iniciou a construção da atual catedral.

Até 1908, a Diocese de São Paulo abrangia todo o Estado de São Paulo; naquele ano, ela foi elevada à arquidiocese, ao mesmo tempo em que o papa São Pio X criava outras cinco dioceses no Estado. O primeiro arcebispo de São Paulo, dom Duarte Leopoldo e Silva, homem dinâmico e de grande visão de futuro, quis edificar para a nova arquidiocese uma catedral que fizesse jus ao crescimento exponencial da cidade no início do século 20.

Cardeal Scherer na Catedral da Sé | Vatican News

Assim, ele encomendou um projeto a arquitetos italianos e alemães, em estilo neogótico e de dimensões grandiosas. As obras iniciaram em 1912 e a previsão era inaugurar a nova Sé em 1922, como parte das comemorações do primeiro centenário da Independência do Brasil, proclamada em São Paulo. No entanto, com a deflagração da 1.ª Guerra Mundial e a grave crise econômica que a acompanhou, as obras foram interrompidas quando as grandes pilastras de sustentação apenas estavam uns poucos metros acima do chão. Contudo, conseguiu-se levar adiante a construção da cripta, que fica num nível inferior, debaixo do altar. Ela foi inaugurada em 1919.

Catedral de São Paulo | Vatican News

Entre as duas grandes guerras, houve a grave depressão financeira e econômica, que não permitiu retomar as obras de edificação da catedral. Em seguida, sobreveio a 2.ª Guerra Mundial e, até 1945, a construção avançou bem pouco. Enquanto isso, já havia falecido dom Duarte, sem ter podido ver a inauguração do templo sonhado por ele. E também havia falecido o seu sucessor, dom José Gaspar de Affonseca e Silva, morto tragicamente num acidente aéreo no Rio de Janeiro. O terceiro arcebispo, o cardeal Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, retomou a construção em 1945, mobilizando a sociedade e o clero paulistanos para concluir a obra. A nova meta era inaugurar a catedral no quarto centenário de fundação da cidade de São Paulo.

Assim, em 5 de setembro de 1954, foi solenemente inaugurada e dedicada a Deus a nova Catedral Nossa Senhora da Assunção, com a presença de numerosas e representativas autoridades da Igreja e da sociedade. O papa Pio XII presenteou a catedral com os grandes mosaicos de Sant’Ana com Nossa Senhora Menina e do apóstolo São Paulo, que se encontram nas capelas laterais à esquerda e à direita da nave, perto das portas laterais. Pouco tempo depois, a catedral foi dotada de seu grande órgão de tubos, que serviu à música sacra e também para concertos em momentos culturais especiais. Atualmente, esse órgão encontra-se em processo de restauro e a proposta é devolvê-lo à sua plena função para os eventos religiosos e também culturais.

Interior da Catedral de São Paulo | Vatican News

A Catedral de São Paulo é um dos maiores templos católicos do mundo. Situada no centro antigo, ela é uma das referências da cidade e nela são celebrados os principais atos religiosos da Igreja em São Paulo. Foi visitada pelos papas São João Paulo II e Bento XVI, além de numerosas personalidades da vida pública. Junto com a praça, que leva o seu nome, a Catedral da Sé também foi referência para momentos cívicos importantes, como as manifestações em favor da dignidade da pessoa e dos direitos humanos e pela redemocratização do Brasil, nos anos 1970 e 1980. No seu interior, há numerosas obras de arte, e seus vitrais, fabricados em Florença, são de grande valor e beleza. O batistério, à direita de quem entra pela porta principal, é ornado de finas obras de arte, bem como a capela do Santíssimo Sacramento, que possui belos e variados mármores e esculturas. A cripta é um espaço arquitetônico à parte, em estilo gótico, muito harmonioso, onde se encontram, entre túmulos de vários bispos e arcebispos de São Paulo, os restos mortais do índio Tibiriçá, do padre Antônio Feijó e do padre Bartolomeu de Gusmão, um dos predecessores da aviação. Ali repousam também dois grandes arcebispos falecidos em anos recentes: os cardeais Paulo Evaristo Arns e Cláudio Hummes.

Catedral de São Paulo | Vatican News

A catedral metropolitana está localizada a poucos passos do Pateo do Collegio, onde São Paulo teve início em 1554, com a missão jesuítica que contou, entre outros, com o padre Manoel da Nóbrega e São José de Anchieta. Entre as casinhas dos indígenas e dos poucos portugueses, erguia-se a primeira capela da cidade. Consta que o terreno onde está situada a atual Catedral da Sé foi doado aos missionários pelo cacique Tibiriçá. A vida da atual metrópole teve início mediante o encontro de povos, raças, culturas e religiões. Esse mesmo encontro e interação marcaram também o seu desenvolvimento. A catedral é testemunha desse encontro. Oxalá siga sendo assim também para o futuro de nossa cidade.

Publicado originalmente no jornal O ESTADO DE S.PAULO em 10 de agosto de 2024

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Algo grande e que seja amor (11): Frutos da fidelidade (2)

O Farol (Crédito: Opus Dei)

Algo grande e que seja amor (11): Frutos da fidelidade

A certeza de saber-nos sempre com Deus é uma fonte viva de esperança, da qual brotam mananciais de alegria e paz, que fecundam as nossas vidas e as vidas das pessoas que convivem conosco.

20/08/2019

Uma eficácia que não podemos imaginar

Hoje tornou-se indispensável cultivar e divulgar a própria imagem e o perfil pessoal perante os outros, para estar presentes e ter impacto nas várias áreas das redes sociais e profissionais. No entanto, se perdermos de vista o fato de que vivemos em Deus, que Ele “está junto de nós continuamente”[11], esse interesse pode levar a uma obsessão mais ou menos sutil de nos sentirmos aceitos, reconhecidos, seguidos e até mesmo admirados. Há então uma necessidade constante de verificar o valor e a transcendência de tudo o que fazemos ou dizemos.

Esse desejo de ser reconhecidos e comprovar o nosso valor, no fundo responde, mesmo que de um modo tosco, a uma verdade profunda. É que de fato, valemos muito. Tanto, que Deus quis dar a sua vida por cada um. No entanto, com muita facilidade, começamos a exigir, mesmo de maneira muito sutil, o amor e o reconhecimento que só podemos acolher. Talvez seja por isso que o Senhor quis salientar no Sermão da Montanha: “Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu” (Mt 6,1). E, ainda de forma mais radical: “que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita” (Mt 6,3).

Este risco de exigir Amor em vez de acolhê-lo perderá força em nós se agirmos com a convicção de que Deus contempla a nossa vida com um carinho minucioso – porque o amor está nos detalhes. “Se queres ter espectadores das coisas que fazes, aí os tens: os anjos, os arcanjos e até o próprio Deus do Universo”[12]. Experimenta-se então na alma a autoestima de quem se sabe sempre bem acompanhado e não precisa de estímulos externos especiais para confiar na eficácia da sua oração e da sua vida. E isso, tanto se ela é conhecida por muitos, como se passasse ignorada pela grande maioria. Será suficiente para nós termos em mente o olhar de Deus e sentir as palavras de Jesus dirigidas a cada um de nós: “e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á” (Mt 6,4).

Podemos aprender muito, neste sentido, dos anos ocultos de Jesus em Nazaré. Lá, Ele passou a maior parte da sua vida na terra. Sob o olhar atento do seu Pai do Céu, da Virgem Maria e de São José, o Filho de Deus já estava realizando, em silêncio e com infinita eficácia, a Redenção da humanidade. Poucos o viam, mas lá, em uma modesta oficina de artesão, em uma pequena aldeia na Galiléia, Deus mudava para sempre a história dos homens. Nós também podemos ter essa fecundidade da vida de Jesus, se O deixarmos transparecer em nós, se O deixarmos amar em nossa vida, com essa simplicidade.

Deus continua a mudar o mundo, ficando oculto em cada Sacrário, nas profundezas do nosso coração. É por isso que a nossa vida de entrega, em união com Deus e com os outros, adquire, pela Comunhão dos Santos, uma eficácia que não podemos imaginar nem medir. “Não sabes se progrediste, nem quanto... – De que te serviria esse cálculo?... – O importante é que perseveres, que o teu coração arda em fogo, que vejas mais luz e mais horizonte...: que te afadigues pelas nossas intenções, que as pressintas – mesmo que não as conheças -, e que por todas rezes”[13].

Deus é o de sempre

São Paulo incentivava os cristãos a serem fiéis, a não se preocuparem em ir contra a maioria e trabalhar com os olhos no Senhor: “Por consequência, meus amados irmãos, sede firmes e inabaláveis, aplicando-vos cada vez mais à obra do Senhor. Sabeis que o vosso trabalho no Senhor não é em vão” (1 Cor 15,58). São Josemaria repetia de diferentes maneiras a mesma exortação do apóstolo: “Se fordes fiéis, podereis chamar-vos vencedores. Na vossa vida, não conhecereis derrotas. Não existem fracassos, quando se trabalha com retidão de intenção e querendo cumprir a vontade de Deus. Com êxito ou sem ele, teremos triunfado, porque teremos feito o trabalho por Amor”[14].

Saber-se acompanhando sempre por Deus aumenta nossa simplicidade e confiança em que Ele tudo pode

Em qualquer caminho vocacional, após um tempo de entrega, podemos vir a sentir a tentação do desânimo. Talvez pensemos que não fomos muito generosos até este momento, ou que a nossa fidelidade dá poucos frutos e que temos pouco sucesso apostólico. Nesses casos é bom lembrar o que Deus nos assegurou: “Não trabalharão mais em vão” (Is 65,23). São Josemaria o expressava assim: “Ser santo implica ser eficaz, mesmo que o santo não toque nem veja a eficácia”[15]. Deus às vezes permite que os seus fiéis sofram provações e dificuldades em seu trabalho, para fazer a sua alma mais bela, o seu coração mais terno. Quando, apesar da nossa vontade de agradar a Deus, ficamos desanimados ou cansados, não deixemos de trabalhar com sentido de mistério: tendo presente que a nossa eficácia, muitas vezes, “é invisível, incontrolável, não pode ser contabilizada. A pessoa sabe com certeza que a sua vida dará frutos, mas sem pretender conhecer como, onde ou quando. (…) Continuemos para diante, empenhemo-nos totalmente, mas deixemos que seja Ele a tornar fecundos, como melhor Lhe parecer, os nossos esforços”[16].

O Senhor pede que trabalhemos com abandono e com confiança nas suas forças e não nas nossas, na sua visão das coisas e não na nossa limitada percepção. “Quando te abandonares de verdade no Senhor, aprenderás a contentar-te com o que vier, e a não perder a serenidade, se as tarefas – apesar de teres posto todo o teu empenho e utilizado os meios oportunos – não correm a teu gosto... Porque terão ‘corrido’ como convém a Deus que corram”[17]. A consciência de que Deus pode tudo e de que Ele vê todo o bem que fazemos e o guarda com carinho, por menor e escondido que possa parecer, nos ajudará “a estar seguros e otimistas nos momentos duros que podem surgir na história do mundo ou na nossa existência pessoal. Deus é o mesmo de sempre: onipotente, sapientíssimo, misericordioso, e, em todo o momento, sabe tirar, do mal, o bem; das derrotas, grandes vitórias para os que confiam n’Ele”[18].

Unidos a Deus, nós vivemos no meio do mundo como seus filhos, e vamos nos convertendo em semeadores de paz e alegria para todos os que vivem ao nosso redor. Essa é a obra paciente e artesanal que Deus realiza em nossos corações. Deixemos que ilumine todos os nossos pensamentos e que inspire todas as nossas ações. É o que fez nossa Mãe, a Virgem Maria, feliz ao ver as grandes coisas que o Senhor fez em sua vida. Possamos nós também saber dizer todos os dias, como Ela: Fiat! Faça-se em mim segundo a Tua palavra (Lc 1,38).

Pablo Edo

Tradução: Mônica Diez


[11] São Josemaria, Caminho, n. 267.

[12] São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 19.2 (PG 57, 275).

[13] São Josemaria, Forja, n. 605.

[14] São Josemaria, A sós com Deus, n. 314 (AGP, Biblioteca, P10).

[15] Forja, n. 920.

[16] Francisco, Ex. Ap. Evangelii gaudium (24/11/2013), n. 279.

[17] São Josemaría, Sulco, n. 860.

[18] D. Javier, Carta pastoral, 4/11/2015.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/algo-grande-e-que-seja-amor-frutos-da-fidelidade/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF