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sábado, 17 de agosto de 2024

Semana da Família

Semana da Família (Portal: O Defensor)

Semana da Família

Dom Jailton Oliveira Lino
Bispo de Teixeira de Freitas-Caravelas (BA)

Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo, 

Nesta semana, celebramos com grande júbilo a Semana da Família, um momento especial em que voltamos nosso olhar para o núcleo mais sagrado de nossa sociedade: a família. A Igreja Católica, desde os seus primórdios, sempre defendeu e promoveu a família como uma instituição divina, um projeto de Deus para a humanidade. É no seio familiar que o amor de Deus se manifesta de maneira singular, criando um espaço propício para a vivência das virtudes cristãs e para o florescimento da santidade. 

A Vocação Familiar 

A vocação familiar é, antes de tudo, um chamado de Deus. Ser pai, ser mãe, ser filho ou filha são missões sublimes confiadas por Deus àqueles que Ele ama. A Sagrada Escritura nos ensina que “por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne” (Gênesis 2,24). Este versículo é um lembrete do propósito divino para a união entre o homem e a mulher: constituir uma família onde o amor, o respeito e a dignidade sejam cultivados. 

Os pais, como primeiros educadores na fé, têm a missão de guiar seus filhos no caminho do Senhor. É no ambiente familiar que os valores cristãos são transmitidos de geração em geração. Como nos ensina o livro de Provérbios, “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22,6). A família é, portanto, a primeira escola da fé, onde se aprende a amar a Deus e ao próximo. 

A Importância da Unidade Familiar 

A unidade da família é fundamental para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Em um mundo onde tantas vezes somos tentados a buscar o individualismo e o egoísmo, a família nos lembra que somos chamados a viver em comunhão. O apóstolo Paulo nos exorta a “suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outro. Como o Senhor vos perdoou, assim também vós deveis perdoar” (Colossenses 3,13). No coração da família, aprendemos a virtude do perdão, a prática do amor mútuo e a construção da paz. 

Quando a família permanece unida, buscando a Deus em todas as suas atividades, ela se torna um verdadeiro santuário doméstico. O Catecismo da Igreja Católica nos recorda que “a família cristã é uma comunhão de pessoas, sinal e imagem da comunhão do Pai e do Filho no Espírito Santo” (CIC, 2205). É, portanto, no amor familiar, que mais intensamente experimentamos a presença de Deus em nosso meio. 

A Família como Igreja Doméstica 

A Igreja Católica ensina que a família é uma “Igreja Doméstica”, um lugar privilegiado onde a fé é vivida e transmitida. É na intimidade do lar que os pais devem, com seus exemplos e palavras, ser testemunhas do Evangelho para seus filhos. Como nos lembra a Carta aos Efésios: “Vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na instrução do Senhor” (Efésios 6,4). Este ensinamento ressalta a responsabilidade dos pais em serem modelos de fé e amor para seus filhos. 

Amados irmãos e irmãs, neste tempo em que celebramos a Semana da Família, somos convidados a renovar nosso compromisso com Deus e com nossos familiares. Que nossas casas sejam verdadeiros lares de oração, onde a Palavra de Deus é ouvida, meditada e vivida. Que possamos, unidos como famílias cristãs, ser testemunhas vivas do amor de Deus no mundo, levando Sua luz e Sua paz a todos os corações. 

Que a Sagrada Família de Nazaré, modelo de todas as famílias, interceda por nós e nos ajude a construir lares cheios de fé, esperança e amor. 

Com minhas bênçãos, 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Missionários testemunham o Evangelho em Papua Nova Guiné

Uma das escolas administradas pelos Missionários do Sagrado Coração de Jesus | Vatican News

No país da Oceania que se prepara para receber o Papa Francisco em setembro, os missionários do Sagrado Coração de Jesus oferecem serviços educacionais e de saúde às comunidades, mesmo as mais remotas: "trabalhamos não apenas para os católicos, mas para toda a população. Não temos apoio e muitas vezes não recebemos fundos, acontece que as pessoas morrem de doenças tratáveis". "Rezamos para que a vinda do Papa traga esperança e alguma forma de mudança".

Claudia Torres - Vatican News

Em Papua Nova Guiné, que o Papa Francisco irá visitar de 6 a 9 de setembro, a Igreja Católica desempenhou e continua desempenhando um papel fundamental nos setores da educação e saúde, que enfrentam inúmeros desafios devido à falta de apoio do governo. Padre Sylvester Warwakai, superior provincial dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus da Província de Papua Nova Guiné, conversou com a mídia do Vaticano antes da viagem apostólica do Pontífice.

Ensino e assistência

Os missionários trabalham atualmente em 7 dioceses, realizando atividades paroquiais, de ensino e assistência. A maioria das paróquias em que trabalham tem uma escola anexa porque, enfatiza o Pe. Warwakai, as escolas são fundamentais para o desenvolvimento da fé católica.

Desde que Papua Nova Guiné se tornou independente em 1975, foi estabelecido um novo acordo entre o governo e a Igreja Católica, com a criação da Agência para a Educação Católica e dos Serviços Católicos de Saúde, em colaboração com os Departamentos de Educação e Saúde. Os missionários não têm estruturas, mas trabalham em cooperação com as dioceses e dentro da estrutura existente.

Missionários comprometidos no país em atividades de ensino | Vatican News

O trabalho nas áreas rurais mais remotas

O Pe. Warwakai explica que o trabalho da Igreja é particularmente importante nas áreas rurais de difícil acesso e que carecem de serviços governamentais. "Não trabalhamos na região montanhosa de Papua Nova Guiné, mas temos missões na maioria das áreas rurais do país. Atualmente, duas de nossas paróquias nas regiões montanhosas das dioceses de Bereina e Kerema são a de São João Vianney, Tapini e aquela do Sagrado Coração Bema". Os missionários têm escolas, tanto primárias quanto secundárias, e instalações de saúde: "eles se reportam à Secretaria de Educação Católica e aos Serviços de Saúde Católica de ambas as dioceses, mas são administrados por nossos sacerdotes e irmãos. Devido à deterioração das condições das estradas, o único meio de transporte para chegar às duas paróquias nas montanhas é o avião".

Falta de fundos e de apoio

O religioso lamenta o fato de que, nas últimas duas décadas, "os serviços de saúde e o sistema educacional falharam em muitos aspectos porque há muito pouco apoio do governo em termos de subsídios para as instituições administradas pela Igreja, especialmente para a saúde e a educação. Às vezes, esses subsídios não chegam a tempo e as escolas fecham".

Quanto às instalações de saúde, o Pe. Warwakai explica que às vezes elas não recebem os fundos governamentais necessários para comprar medicamentos, o que resulta em "pessoas morrendo de doenças tratáveis". Muitas vezes, acrescenta ele, essas instalações são forçadas a reduzir as atividades e "só lidam com alguns casos de grande risco para a vida, como mães dando à luz ou alguém morrendo de malária".

As religiosas trabalhando com os moradores locais | Vatican News

Adversidade, desafios e testemunho do Evangelho

O missionário expressa preocupação com o fato de que o problema de recursos e apoio financeiro limitados está começando nas cidades e em outras áreas rurais. Para combater essa falta de apoio, os Missionários do Sagrado Coração de Jesus realizam o ministério "não apenas para os católicos, mas também para a população em geral". O setor de saúde, em particular, é uma das principais áreas em que a Igreja continua a ser uma "testemunha dos valores do Evangelho", apesar de "todas as adversidades e desafios" que o país enfrenta.

O apoio da Igreja local

Warwakai expressa gratidão pelo apoio recebido da Conferência dos Bispos Católicos de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão e das várias congregações religiosas e missionários do país. Grande parte da ajuda que os Missionários do Sagrado Coração recebem, diz ele, vem do exterior, incluindo agências na Austrália e na Europa: "nós nos contentamos com o que temos, mesmo que não seja suficiente".

A expectativa pela chegada do Papa Francisco

Falando sobre a próxima viagem do Papa Francisco à Ásia e à Oceania, que incluirá uma parada em Port Moresby, a capital de Papua Nova Guiné - com outra passagem pela cidade de Vanimo em 8 de setembro -, o Pe. Warwakai diz que a presença do Pontífice "dará um sentido de pertencimento, esperança e otimismo" aos missionários que realizam o ministério nas comunidades papuanas, bem como em outras dioceses e instituições fora da capital.

O religioso explica que as paróquias da Arquidiocese de Port Moresby estão se preparando para a viagem do Papa com retiros espirituais e de oração. "Estamos orgulhosos, estamos realmente felizes", reitera ele, lembrando que a última vez que um Pontífice pôs os pés em Papua Nova Guiné foi em 1995, quando São João Paulo II compareceu à beatificação de Peter To Rot. Agora, com a viagem de Francisco, a geração mais jovem terá a oportunidade de vivenciar a proximidade com um Papa. Isso "nos dá energia e a confiança de que não fomos esquecidos", diz o Padre Warwakai. "Estamos felizes, há um sentido de comunhão entre todos e estamos rezando para que a vinda do Papa traga esperança." E, também, "alguma forma de mudança para nossos líderes".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Jacinto

São Jacinto (A12)
17 de agosto
País: Polônia
São Jacinto

São Jacinto nasceu na Silésia, atual Polônia, em 1183, era sobrinho do bispo da Cracóvia. É conhecido como o apóstolo da Polônia e da Rússia.

Ele recebeu uma educação cristã, aprendendo desde cedo a viver a caridade e as virtudes. Com essa educação, sua vocação religiosa foi se concretizando.

Estudou direito e teologia em Cracóvia, Praga e Bolonha e foi ordenado sacerdote e depois cônego da catedral de Cracóvia. Em Roma, conheceu São Domingos de Gusmão e entrou na Ordem dos Pregadores. Um ano depois foi enviado por Domingos para evangelizar a Polônia, onde fundou duas casas, e pregou por todo o Oriente. Trabalhou para a união das Igrejas do Oriente e do Ocidente chegando até Kiev, Ucrânia, onde desenvolveu uma missão evangelizadora levando a Ordem dos Dominicanos para aquela região.

São Jacinto fundou Mosteiros Dominicanos na Ucrânia, na sua Polônia, e foi um incansável pregador da palavra de Cristo. Por onde ele passava, multidões se convertiam, segundo Alban Butler, 120 mil pagãos e infiéis foram batizados por ele. Fez muitos milagres em vida e, em Cracóvia, um jovem voltou a viver após a sua intercessão.

Butler conta em seu livro “Vida dos Santos”, que quando os tártaros saquearam a cidade de Kiev, São Jacinto estava lá e só soube depois que rezou a Missa. Ainda com as vestes litúrgicas, pegou o cibório e foi para fora da igreja. Ao passar por uma imagem de Maria, uma voz lhe disse: “Jacinto, meu filho, por que me abandonas? Leva-me contigo e não me deixes na companhia de meus inimigos”. A imagem era muito pesada, mas quando Jacinto a pegou, estava muito leve, então, ele saiu carregando o cibório e a imagem de Nossa Senhora e caminhou sobre as águas do rio Dnieper sem molhar os pés.

São Jacinto foi um grande pregador da Eucaristia e da Adoração do Santíssimo Sacramento, morreu em 1257 e ficou conhecido como padroeiro da Lituânia como nomeou o Papa Inocêncio XI, ele foi canonizado em 1594 pelo Papa Clemente VIII.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Jacinto é conhecido pelo amor à Eucaristia e por arriscar a própria vida para não permitir que fosse profanada. Os muitos milagres e feitos extraordinários brotam do seu amor a Jesus na Eucaristia, reconhecendo-o como o Senhor da sua vida. Desse amor, dessa devoção brotam a evangelização e a pregação. Que a fé vivida e compartilhada de São Jacinto seja um exemplo para cada um de nós, para que a partir do nosso encontro com o Senhor possamos pregar com zelo o Evangelho a todos.

Oração:

Oh Senhor, que todos os anos nos alegrais com a festa do vosso santo confessor Jacinto, concedei-nos que, enquanto celebramos a sua festa, imitemos também as suas ações. Por Cristo, Nosso Senhor, amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Unção significa participar do poder de Deus

lzf | Obturador

Unção significa participar do poder de Deus

Mónica Muñoz - publicado em 08/08/24

Deus dá o necessário para ser salvo a quem O busca com o coração, e na Confirmação é dada a unção que injeta a força necessária para alcançá-lo.

O significado de unção, tal como a encontramos nas Sagradas Escrituras, refere-se a “ungir” algum líquido, quase sempre óleo consagrado, para fazer a pessoa participar do poder de Deus.

Porém, além de um simples gesto, a unção significa pertencer a Deus, porque consagrar-se a Ele determina dedicar a vida para alcançar algo mais sublime, e não há nada maior do que a vida eterna com o Criador.

A unção na Bíblia

Mas o significado deste gesto sublime é esclarecido pelo Catecismo da Igreja Católica:

A  unção , no simbolismo bíblico e antigo, tem numerosos significados: o óleo é sinal de abundância (cf.  Dt  11,14, etc.) e de alegria (cf.  Sl  23,5; 104,15); purifica (unção antes e depois do banho) e dá agilidade (unção de atletas e lutadores); É sinal de cura, pois suaviza feridas e feridas (cf.  Is  1, 6;  Lc  10, 34) e o ungido irradia beleza, santidade e força.

CEC 1293 )

Seja cristão, seja ungido

Sébastien Desarmaux/Godong

O Catecismo lembra-nos também que a unção com óleo perfumado que se faz durante a Confirmação significa dom do Espírito Santo e também “ilustra o nome “cristão” que significa “ungido” e que tem a sua origem no nome de Cristo, quando aquele “Deus ungido com o Espírito Santo” ( Atos  10:38 ). ( CEC 1289 ).

A força de Deus

Além da consagração e da pertença a Cristo, que é tudo, ser ungido implica receber a força necessária para o combate, como expressou São Paulo:

Por fim, seja forte no Senhor com a força do seu poder. Revesti-vos da armadura de Deus, para poderdes resistir às ciladas do diabo ( Ef 6, 10-11 ).

Naturalmente, o cristão – o ungido – recebe a força do Espírito Santo para combater diariamente as tentações e para dar testemunho da sua vida, unida à de Cristo, com as suas palavras e o seu exemplo.

Da mesma forma, lembremo-nos de que cada sacramento tem uma graça especial e que Jesus os deixou para nos facilitar o caminho da salvação. Vamos aproveitá-los.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/08/08/uncion-significa-participar-de-la-fuerza-de-dios

Nossa Senhora Medianeira é coroada Rainha do Povo Gaúcho em Santa Maria

Dom Leomar Bruston abençoa e coroa o quadro de Nossa Senhora Medianeira no santuário Basílica da Medianeira, em Santa Maria (RS) | Instagram/CNBB Sul 3

Nossa Senhora Medianeira é coroada Rainha do Povo Gaúcho em Santa Maria

Por Monasa Narjara*

16 de agosto de 2024

Nossa Senhora Medianeira foi coroada ontem (15) Rainha do Povo Gaúcho em uma missa no santuário Basílica da Medianeira, em Santa Maria (RS). O título foi concedido pela Santa Sé em 31 de maio.

O arcebispo de Santa Maria, dom Leomar Bruston foi o autor dessa iniciativa em honra a Nossa Senhora Medianeira. Na época da resposta da Santa Sé, dom Leomar disse que “o Decreto de Consagração do Estado do Rio Grande do Sul à Virgem Maria, Medianeira de Todas as Graças” veio em um tempo propício “de provação” no qual o Rio Grande do Sul sofria com as catástrofes das fortes “chuvas que se abateu” sobre o Sul do Brasil.

Em sua homilia, dom Leomar disse que “Maria é uma estrela, uma luz que faz reerguer o Rio Grande do Sul”.

Citando santa Teresinha do Menino Jesus, dom Leomar disse: “Sabe-se bem que a Santíssima Virgem é a Rainha do Céu e da Terra, porém é mais mãe do que rainha”.

Depois da homilia, dom Leomar leu o decreto da Santa Sé, fez uma oração, aspergiu água benta sob a coroa e em seguida foi em procissão até o ícone de Nossa Senhora Medianeira para coroá-la.

*Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/58843/nossa-senhora-medianeira-e-coroada-rainha-do-povo-gaucho-em-santa-maria

2001 – Segunda Semana Brasileira de Catequese – (2ª SBC)

Crédito: CNBB

2001 – Segunda Semana Brasileira de Catequese – (2ª SBC)

Segunda Semana Brasileira de Catequese, realizada de 08 a 12 de Outubro de 2001, na Vila Kostka, no bairro Itaici, em Indaiatuba-SP, foi um grande acontecimento que mobilizou o Brasil em torno da Catequese com adultos

A CNBB publicou, em 2002, pela Ed. Paulus, um precioso livro, na Coleção Estudos, com o nº 84, intitulado “Segunda Semana Brasileira de Catequese: com adultos catequese adulta. É uma espécie de Atas da 2a.SBC. O livro traz: Histórico. Abertura. Conteúdos. Propostas e compromissos. Documentos”.

São três partes: a primeira e segunda, são dedicadas à preparação e abertura daquela Semana. A terceira parte é mais significativa, pois recolhe propriamente todo conteúdo da 2a.SBC. São 28 artigos de diversas dimensões, abordando os mais variados temas, divididos em cinco blocos:

Bloco I: Catequese com adultos no contexto atual, com os artigos: 1. A pesquisa sobre catequese com adultos; 2. O contexto socioeconômico e cultural: desafios do mundo atual para a catequese com adultos; 3. Desenvolvimento religioso e catequese com adultos: contextualização psicológica; 4. Condicionamentos e manipulações: desafios morais.

Bloco II: Catequese com adultos num mundo pluralista, com os artigos: 5. O diálogo inter-religioso como desafio para uma catequese com adultos; 6. Diálogo na diversidade religiosa, cultural e humana.

Bloco III: Catequese com adultos e o contexto eclesial, com os artigos: 7. Uma Igreja adulta com cristãos adultos; 8. Modelos de catequese com adultos; 9. Memória do catecumenato na história; 10. Vale a pena os catequistas conhecerem o catecumenato.

Bloco IV: Catequese com adultos, situações e temas específicos, com os temas: 11. Adultos afastados, seus motivos e o acolhimento na Igreja; 12. “Com adultos, catequese adulta”, espiritualidade adulta; 13. Jesus, o formador de adultos; 14. Catequese com adultos e iniciação cristã; 15. A liturgia e a catequese com adultos; 16. Como lidar com as múltiplas sedes dos adultos: elementos metodológicos; 17. Catequistas para uma catequese adulta; 18. Catequese com adultos e performance comunicativa; 19. Adultos na fé, adultos na esperança; 20. A Bíblia na catequese com adultos; 21. O método da leitura orante da Bíblia; 22. A missão do leigo(a) no mundo moderno; 23. Catequese com adultos e a família;

Bloco V: Catequese com adultos: rumo à missão, com os temas: 24. Atos dos apóstolos, atos dos/as catequistas (artigo do Pe. Wolfgang Gruen, sdb); 25. Propostas de ação e compromissos da 2a.SBC: em nível nacional e regional; 26. Carta aos catequistas; 27. Manifesto pela paz; 28. Solidariedade com a Igreja da Amazônia.

O intuito da 2ª Semana Brasileira foi o de promover a partilha das experiências em curso nas várias Dioceses e avaliar as novas metodologias e os frutos obtidos; quis deixar claro de que insistir nos adultos não diminui, em nada, o zelo pela educação da fé das crianças, dos adolescentes e jovens. Como diz o Documento da CNBB 26 Catequese Renovada, Orientações e Conteúdo, ao nº 130:

Os adultos, num processo de aprofundamento e vivência da fé em comunidade, criarão, sem dúvida, fundamentais condições para a educação da fé das crianças e jovens, na família, na escola, nos Meios de Comunicação Social e na própria comunidade eclesial.

A CNBB, ao chamar a atenção sobre a Catequese com Adultos, desejou cumprir, em relação a eles, uma de suas tarefas fundamentais, conforme o lema da 2ª.SBC, isto é, ajudá-los a "Crescer rumo à maturidade em Cristo" (Ef 4,13). A sociedade precisa, com urgência, de cristãos profetas, apóstolos, evangelizadores, construtores de uma sociedade justa e solidária. É fundamental que os adultos deem testemunho de sua fé e dos valores evangélicos e consigam ser, na sociedade hodierna, "sal, luz e fermento" (cf Mt 5, 13-26; Mt 13,33).

Dom Luciano Mendes de Almeida, com seu conhecido zelo apostólico dentro do contexto do mundo contemporâneo, escrevia em sua coluna na Folha de São Paulo, no dia 29 de setembro de 2001, pouco antes da 2ª.SBC:

Para os cristãos adultos cumprirem a sua missão é preciso que saibam quais são os novos desafios de hoje. Temos presenciado enormes mudanças, que exigem resposta no nível de nossa fé. A intensa mobilidade humana, colocando em contato e em confronto culturas diversas, requer um lento aprendizado de como conviver no pluralismo de ideias e de crenças e de como preparar-se, assim, para exercer com fruto o diálogo ecumênico e inter-religioso.

Nossa época tem características que questionam a fé: a emergência da subjetividade, a busca do sagrado, o sincretismo religioso, a relativização dos princípios morais - incluindo a crise no modo de assumir a vida conjugal e familiar e a atuação política -, os efeitos negativos do processo de globalização, da pesquisa científica e as graves questões na área da bioética.

Como atuar de modo coerente com a própria fé cristã? A 2ª Semana de Catequese insiste na importância de um itinerário de iniciação e de formação permanente que permita uma opção de fé consciente manifestada em atitudes evangélicas na vida pessoal, na Igreja e na sociedade. Isso supõe um processo de conversão e de aprofundamento constante da mensagem de Cristo.

Diante dos atentados terroristas, da tristeza e da complexidade que causam em todos nós, percebemos a urgência de novos rumos para a humanidade, repelindo, com firmeza, os caminhos da violência e as agressões à vida. Nesta hora de aflição e de discernimento, os cristãos amadurecidos na fé são chamados a dar testemunho dos valores evangélicos indispensáveis para o advento da paz”.

A preparação e realização da 2ª.SBC trabalharam a necessidade de o adulto ser sujeito ativo corresponsável no processo de amadurecimento da sua fé, de seus irmãs e irmãs na fé, e na busca de soluções para os desafios hodiernos, no horizonte da esperança cristã. São os adultos que tudo decidem na sociedade e na Igreja e, é deles que depende a animação de comunidades eclesiais vivas, à luz do ardor das comunidades cristãs primitivas, conforme São Lucas as apresenta nos Atos dos Apóstolo", especialmente nos capítulos 2 e 4.

Já se passaram 18 anos da 2ª.SBC. Surgem algumas inquietações: a) “Como vai, no Brasil de 2018-2019, a “Catequese com Adultos”, mas efetivamente “com adultos, Catequese adulta?”; b) em que o nosso Diretório Nacional de Catequese, de 2006 e o Documento de Aparecida, de 2007 e o impulso dado à Catequese a serviço da Iniciação à Vida Cristã, nos têm mobilizado para a renovação da Catequese com Adultos? c) Ainda priorizamos a preparação para receber sacramentos ou já estamos priorizamos o “formar discípulos missionários de Jesus Cristo”, comprometido com Jesus Cristo, com a Comunidade eclesial e engajado na missão da Igreja, sendo que deste processo formativo os sacramentos fazem parte, mas não são ponto de chegada e de despedida?

Ir. Israel José Nery

5.11.2018

Fonte: https://www.catequesedobrasil.org.br/

São Tarcísio e o ministério dos coroinhas

São Tarcísio (Diocese de Blumenau)

São Tarcísio e o ministério dos coroinhas 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

Celebramos no dia 15 de agosto a memória litúrgica de São Tarcísio, patrono de todos os coroinhas, acólitos e cerimoniários. O mês de agosto é um mês muito especial para a Igreja em que recordamos diversos santos e vocações. No primeiro domingo do mês recordamos a vocação ao ministério ordenado e o dia do padre, no segundo domingo a vocação ao matrimônio e o início da Semana Nacional da Família, na terceira semana a vocação a vida consagrada e religiosa e, por fim, a vocação ao ministério e serviço laical e o dia nacional dos catequistas.  

Recordamos ainda no dia 10 de agosto a vocação diaconal, com a celebração do dia de São Lourenço e no dia 15 de agosto recordamos a vocação de coroinhas, acólitos e cerimoniários e a memória litúrgica de São Tarcísio. Louvemos e agradeçamos a Deus o serviço dos coroinhas, cerimoniários e acólitos em nossas paróquias. É muito bonito chegar nas diversas paróquias e ver os meninos e meninas auxiliando no serviço do altar.  

O serviço de coroinhas, acólitos e cerimoniários é tão salutar que muitos padres ou religiosas tiveram o seu despertar vocacional a partir do serviço no altar. Ao estarem mais próximos do altar, ao verem o sacerdote celebrar a missa, e ao entenderem melhor o mistério que está sendo celebrado aumenta o desejo de servir ao Senhor de outra maneira.  

Por isso se na sua paróquia ainda não tem a pastoral dos coroinhas, acólitos e cerimoniários converse com seu pároco para que imediatamente instaure essa pastoral. Algum catequista, ou liturgista, pode dar a formação de preparação para eles, e depois de um tempo de formação e ensaio escolher uma missa dominical para a investidura dos novos coroinhas. Pode até começar com poucos, mas um vai falando para o outro e logo esse número aumentará, e quem sabe muitas vocações possam surgir a parir desse serviço pastoral.  

A vocação para ser coroinha surge no seio da família, por isso, é importante a família ir à missa com os seus filhos desde pequenos, pois vão tomando gosto e se interessando pela celebração da missa e por tudo que a envolve. A criança querendo ser coroinha os pais devem incentivar para que seja, pois é um ministério muito bonito dentro da Igreja.  

E ainda, os coroinhas e servidores do altar de hoje, podem despertar para outras vocações dentro da Igreja que não necessariamente o ministério ordenado ou consagrado, podem por exemplo ser bons pais de família e atuarem como catequistas, coordenadores de grupo de jovens, ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, e ainda ministério de música. Enfim, tudo começa pela pastoral dos coroinhas, o amor pela Igreja começa a partir dessa pastoral.  

São Tarcísio é o patrono de todos os coroinhas, cerimoniários e acólitos, tanto que em diversas paróquias o grupo de coroinhas recebe o título de São Tarcísio, por ter o santo como padroeiro. E ainda, em algumas paróquias os novos coroinhas são investidos no dia dele, ou próximo da data. Os coroinhas, cerimoniários e acólitos devem guardar a fé e ter amor pela Igreja do mesmo modo que São Tarcísio. Devem cuidar para seguir retamente no caminho de Deus, cuidar de suas vestimentas e ter um comportamento adequado na Igreja e fora dela.  

 O coroinha, cerimoniário e acólito deve ter fé, acreditar em Deus, em Nossa Senhora e claro, em Jesus Eucarístico. Deve acreditar que pelo poder da fé tudo se transforma, e que está ali atendendo o chamando feito por Jesus. O coroinha também não deve se achar melhor do que os outros que não são, deve servir ao seu ministério de forma gratuita e com alegria.  

São Tarcísio foi um mártir da Igreja dos primeiros séculos da era cristã, como já foi dito, ele morreu defendendo a fé em Cristo e na Igreja, do mesmo modo que muitos mártires dos primeiros séculos da era cristã. Ele foi vítima de perseguição do império romano mediada pelo imperador Valeriano.  

Tarcísio residia em Roma na Itália, a Igreja de Roma contava com cinquenta sacerdotes, sete diáconos, e mais ou menos cinquenta mil fiéis no centro da cidade imperial. Ele era um dos integrantes dessa Igreja localizada em Roma, quase toda dizimada por causa da fúria do imperador.   

Tarcísio era acólito do Papa Sisto II, ou seja, era coroinha na Igreja, servindo ao altar, e acompanhando o Santo Padre nas celebrações Eucarísticas. Durante o período das perseguições aos cristãos, eles eram presos, processados e condenados a morrer pelo martírio. Na prisão eles desejavam receber nem que fosse pela última vez a Eucaristia. Mas, isso era impossível, pois os guardas não deixavam ninguém passar. Em uma das tentativas, dois diáconos reconhecidos como cristãos: Felicíssimo e Agapito foram sacrificados. O Papa Sisto II desejava levar a comunhão a mais um grupo de mártires que esperavam a execução, mas não sabia como.  

Tarcísio toma a iniciativa e pede ao Santo Padre a permissão para que ele possa tentar, pois não entregaria as hóstias a nenhum pagão. Ele tinha doze anos de idade, o Papa sensibilizado com o pedido de Tarcísio concede a permissão para que ele fosse, colocou as hóstias em uma caixinha de prata e as abençoou. Mas, Tarcísio não conseguiu chegar a cadeia, foi identificado como cristão, e como se recusou a entregar o que portava, foi abatido e apedrejado até morrer. Depois de morto, foi revistado e nada acharam do sacramento de Cristo. Seu corpo foi recolhido por um soldado, simpatizante dos cristãos, que o levou as catacumbas, onde foi sepultado.  

Tarcísio foi, primeiramente, sepultado junto com o papa Stefano nas catacumbas de Calisto, em Roma. No ano 767, o papa Paulo I determinou que seu corpo fosse transferido para o Vaticano, para a Basílica de São Silvestre, e colocado ao lado dos outros mártires. Mas em 1596 seu corpo foi transferido e colocado definitivamente embaixo do altar principal daquela mesma Basílica. 

Celebremos com alegria a memória litúrgica de São Tarcísio e rezemos por todos os coroinhas, cerimoniários e acólitos, e por todos os servidores do altar. Que essas crianças e jovens tenham no coração o mesmo amor e respeito que São Tarcísio tinha pelas coisas de Deus. Que a Virgem da Assunção ilumine todos os servidores do altar, nesse dia também dedicado a ela.  

São Tarcísio, rogai por nós.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

V Encontro da Igreja da Amazônia começa na segunda-feira

Iniciativa para analisar o que foi feito a luz da "Querida Amazonia" e de outros documentos do Papa  (Renan Dantas)

Bispos, cardeais e lideranças pastorais participam do encontro que será sediado em Manaus, no Amazonas, de 19 a 22 de agosto. Ao final da iniciativa deverá ser publicada uma carta ao povo de Deus da Amazônia.

Vatican News

“A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança.” Esse é o tema do V Encontro da Igreja da Amazônia que acontece de 19 a 22 de agosto, em Manaus (AM). Organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia (CEA) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) E Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil), o encontro deve reunir cerca de 60 bispos da Amazônia Legal e dois cardeais, bem como, religiosos e leigos representantes das pastorais e organismos que atuam na Igreja da Amazônia e lideranças indígenas.

Segundo dom Gilberto Pastana, arcebispo de São Luiz, no Maranhão, e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, “o objetivo é dar continuidade às conclusões do encontro de 2022, em Santarém, ou seja, todo o projeto que foi elaborado. A ideia é ver os avanços, as dificuldades e os desafios”. Dom Gilberto pontou ainda que, “nesse encontro, nós nos debruçaremos em tudo aquilo que foi feito e a luz, sobretudo, da Querida Amazonia, e a luz desses últimos documentos do Papa, vermos quais são os desafios emergentes e o que que nós esperamos da atuação como Igreja da Amazônia”, concluiu.

Irmã Maria Irene Lopes, assessora da Comissão da Amazônia e secretária executiva da Repam-Brasil, ressalta que “para esse encontro foi feito um levantamento com todos os regionais da Amazônia. A partir desses dados será feita uma socialização, principalmente, a partir do documento de Santarém e do Sínodo da Amazônia, observando também alguns desdobramentos desses dois encontros”. Ela reforçou ainda que “estarão presentes membros da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) com a sua presidência para compartilhar com toda a Igreja da Amazônia brasileira os caminhos que estão sendo traçados. Também será tratado sobre o tema do rito amazônico e outros temas que são importantes para a igreja”. Além das temáticas ressaltadas, será feita uma análise de conjuntura eclesial com participação de leigos e bispos.

Uma celebração da caminhada da Igreja, no dia 19 de agosto, marca a abertura do V Encontro da Igreja da Amazônia, seguida de sessão solene aberta ao público e com a presença de representantes do governo federal. Nos demais dias, a programação será restrita aos bispos e convidados. Ao final do encontro uma carta ao povo de Deus da Amazônia deve ser publicada.

Colaboração: Comissão Episcopal Especial para a Amazônia

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

1986 – Primeira Semana Brasileira de Catequese (1ª SBC)

CNBB

1986 – Primeira Semana Brasileira de Catequese (1ª SBC) 

1.O evento. A Primeira Semana Brasileira de Catequese, realizada na Vila Kostka, bairro Itaici, em Indaiatuba-SP, de 12 a 18 de outubro de 1986, foi um acontecimento significativo na história da Catequese no Brasil. O antigo salão da Vila Kostka estava apinhado com 450 participantes, comprometidas com a dinamização da renovação da catequese em todas dioceses do Brasil. A preparação do evento envolveu os catequistas de base, a partir do estudo de oito teses com seus vários instrumentos de trabalho, o que favoreceu o interesse de toda a Igreja e foi fundamental para o êxito do grande evento em Itaici.

A 1ª SBC 1986, situa-se como um momento forte, até mesmo culminativo, de um intenso processo de divulgação, estudo e operacionalização do Documento da CNBB, n. 26: “Catequese Renovada, Orientações e Conteúdo” (1983), no Brasil, sob liderança dos três membros do Setor Linha 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): Dom Albano Cavallin, Frei Bernardo Cansi, OFMCap.  Irmão Israel José Nery fsc.

2.O Documento Catequese Renovada. Por sua vez o Documento 26 da CNBB, havia sido fruto de todo um esforço de síntese da caminhada da Catequese desde o Concílio Vaticano II (1962-1965), principalmente sob o impulso de seus documentos eixos, tais como, Lumen Gentium (a renovação da Igreja), Gaudium et Spes (a Renovação da Igreja em sua missão no mundo), Dei Verbum (a importância prioritária da Palavra de Deus), Sacrossanctum Sacramentum (a renovação da Liturgia) e também do Decreto Ad Gentes (sobre a ação missionária da Igreja).

Do pós-concilio são fundamentais para a renovação da Catequese: o Diretório Catequético Geral (DCG), de 1971, o Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (1972), o Sínodo sobre a Evangelização (1974), com a Exortação Apostólica de Paulo VI Evangelii Nuntiandi (1875); o Sínodo A Catequese no Mundo Atual (1977), com sua Exortação Apostólica Catechesi Tradendae, (1979) do papa João Paulo II,  o Sínodo sobre a Família (1980) e a Exortação Apostólica, Familiaris Consortio (1981), também do Papa João Paulo II. É importante ainda relembrar a insistência da renovação da Catequese nos discursos do Papa, em sua primeira visita apostólica ao Brasil, em 1980.[1]

Mas o Documento Catequese Renovada, é devedor, e de modo muito forte, do Documento “A Igreja na atual transformação da América Latina”, emanado da Segunda Assembleia do Episcopado Latino-americano, em Medellín, em agosto de 1968, especialmente do seu capitulo 8. Não se deve, porém, esquecer a importância da força do espírito renovador da Igreja em nosso Continente, que foi reforçada pela Teologia da Libertação, pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), pela inovadora leitura da Bíblia pelo povo a partir da realidade sofrida em que vive; mas, também, pela liderança de bispos, teólogos e pastoralistas, grupos da Vida Consagrada Religiosa que, profeticamente, vivendo a experiência do êxodo e do intento de enculturação, faziam acontecer na prática a renovação solicitada pelo Concilio, por Medellín (1968) e por Puebla (1979), cujo Documento “A evangelização no presente e no futuro da América Latina”, recém chegara às dioceses.

3.Ingredientes do Paradigma Catequese RenovadaO Documento “Catequese Renovada” (CR) constituiu um divisor de águas na história da Catequese no Brasil. Suas propostas em termos metodológicos e de compreensão do conteúdo da catequese, trouxeram frescor e abriram novos horizontes. Primeiramente a centralidade em Cristo e não apenas na tradicional preparação aos Sacramentos da Eucaristia e da Crisma. “Cristo deve aparecer como a chave, o centro e o fim do homem, bem como de toda a história humana” (CR 96). Jesus e seu projeto de vida são o centro da proposta catequética. Mantida a fidelidade essencial a Jesus e a seu projeto, tudo se encaixa na coerência do conjunto dos conteúdos da fé e da prática cristã.

Mas há novidades, por exemplo, como expressões referentes a “encontro” (em vez de aula), “interação entre fé e vida”, “Bíblia — livro da catequese por excelência”, que criaram impacto e suscitaram cursos e encontros formativos. O fato de CR ter assumido um princípio de Medellín 1968 na compreensão dos conteúdos da catequese, isto é, que “as situações históricas e as aspirações autenticamente humanas são parte indispensável do conteúdo da catequese”, trouxe reações adversas, mas ao mesmo tempo, suscitou interesse e mudanças significativas.

Outro ingrediente fundamental do paradigma da CR é a importância da Comunidade eclesial, considerada em si mesma como catequizadora, desde que inspirada na Comunidade primitiva segundo Atos dos Apóstolos e nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). E como a catequese acontece numa cultura maior, mediatizada por uma comunidade, ao viver os valores do evangelho, ela se torna conteúdo da catequese. Algo que cativou o interesse dos catequistas pelo Documento CR foi a valorização da pessoa do catequista, seu carisma, suas aspirações, seu toque pessoal indispensável, sua espiritualidade, sua formação inicial e permanente. E, também, a valorização da pessoa do catequizando como sujeito participativo, responsável por sua fé, seu seguimento de Jesus, seu compromisso com a Igreja e com o Reino de Deus.

4.Desdobramentos da 1ª Semana Brasileira de Catequese. O tema central da 1ª SBC foi: "Fé e Vida em Comunidade:  Renovação da Igreja, Transformação da Sociedade". Além de uma Carta aos Catequistas sobre a importância da 1ª SBC no contexto da Igreja no Brasil, levou-se em conta o começo da redemocratização do Brasil com o fim da Ditadura Militar (1964-1985), chamando a atenção para uma Carta ao Presidente da República sobre a Constituinte Brasileira que, naquele momento, se discutia. Os conteúdos da 1ª SBC foi publicado, com seu Documento Final, na coleção Estudos da CNBB, com o nº 55.

Terminado o grande evento em Itaici, Indaiatuba-SP, a nova equipe do Setor 3 da CNBB, formada por Dom Albano Cavallin, Bernardo Cansi, e Therezinha Motta Lima Cruz (que me substituiu devido à minha eleição para Provincial Lassalista em São Paulo-SP), cuidou da impulsionar alguns desdobramentos da 1ª SBC, plasmados em dois livros: Textos e Manuais de Catequese (1987, Estudos da CNBB, nº 53) e Formação de Catequistas (1990,  Estudos da CNBB, 59). Sobre este Estudo, o Padre Lima assim escreveu:

 Os e as Catequistas de todo o Brasil foram premiados no Dia do Catequista de 1990 com este texto produzido também pelo GRECAT e que faz parte da coleção Estudos da CNBB (nº 59) como o anterior. O livro teve uma grande receptividade por parte dos catequistas. Juntamente com Catequese Renovada Textos e Manuais de Catequese forma a trilogia da catequese no Brasil da década de 80. De fato, nestes três textos estão codificados o pensamento e as orientações da Igreja no Brasil sobre a catequese em permanente renovação. 

O GRECAT, em 1988, encarregou-me das apostilas para fazer o esboço de documento, e após dois anos de trabalho, com muitas consultas às bases (principalmente aos coordenadores regionais e diocesanos de catequese) e após cinco redações, ele foi definitivamente aprovado em 1990. Lamentavelmente na última hora escapou um erro no título da obra, erro minúsculo, mas que revela uma mentalidade: em vez de Formação de Catequistas, foi publicado como Formação dos Catequistas.

O texto aborda praticamente todos os problemas da formação de catequistas: o estudo do ministério da catequese e a pluralidade da vocação do catequista, a necessidade e os pressupostos teológicos da formação, o lugar próprio desta formação (sobretudo o grupo de catequistas, a comunidade, e a escola formal de catequista em seus vários níveis). Aprofunda as metas da formação, colocando em primeiro lugar o crescimento humano e cristão do catequista, e depois o conhecimento da mensagem e as questões metodológicas. Um capítulo inteiro é dedicado aos fundamentos teológico-pastorais da formação: a questão eclesiológica (catequistas para uma Igreja servidora) e a tríplice fidelidade: à pessoa humana, a Cristo e à Igreja; uma quarta é acrescentada: a atenção à realidade sociocultural.

Finalmente o texto termina com um longo capítulo dedicado às dimensões e conteúdos da formação do catequista. É o capítulo central, bastante sintético mas vigoroso pelos temas que aborda: formação pessoal e comunitária, espiritual, bíblica, teológico-doutrinal, litúrgica, psicossocial, ético-moral, metodológica; os dois últimos assuntos são dedicados ao processo de avaliação e ao papel da coordenação e à formação do coordenador 

Em seguida os novos assessores, Inês Broshuis e Pe. Juventino Kestering (1991-1995), prosseguiram nos desdobramentos da 1º SBC, promovendo um levantamento da realidade do Sacramento da Confirmação no Brasil, resultando no texto: Orientações para a Catequese de Crisma (1991, Estudos CNBB  61).  O Sacramento da Crisma ou Confirmação, do ponto de vista teológico-histórico, é bastante complicado, por causa da confusão e identificação, nas origens, deste sacramento com o Batismo. Este assunto é tratado no segundo capítulo. A parte mais especificamente catequética, é o terceiro capítulo: orientações para uma ação pedagógico-pastoral, onde os principais problemas relacionados com esta catequese crismal são abordados: papel da comunidade, a questão do método, conteúdo, espiritualidade, aspectos celebrativos, padrinhos, agentes da catequese, a continuidade do processo crismal e crisma de adultos. O documento termina com a Constituição apostólica sobre o sacramento da confirmação de Paulo VI (1971).

Em 1994 a Coleção Estudos da CNBB lançou o livro Catequese para um mundo em mudança (1994, Estudos CNBB, 73). Na história da Catequese renovada no Brasil este Estudo, mesmo que incompleto, é de grande importância e o expressa bem o Padre Luiz Alves de Lima, em uma apresentação do texto:

Como fruto de dois encontros nacionais de catequese (1992 e 1994) e da reflexão do GRECAT (Grupo de Reflexão sobre Catequese) foi publicado este documento, também na coleção Estudos da CNBB, com o  nº 73. Já desde o fim da década de 80 vinha emergindo com muita força em toda Igreja, e particularmente na América Latina e Brasil, o tema da inculturação.

Dentro da inculturação da fé a catequese possui um papel muito importante; ora, os documentos anteriores não tinham tratado suficientemente tal problema. D. Albano Cavallin vinha insistindo sobre a necessidade de escrever um  5º capítulo do documento “Catequese Renovada...”. De fato, este nosso Diretório Catequético possui quatro partes (e não capítulos!) e faltaria algo mais que seria a inculturação da fé pela catequese. Tanto assim é que durante muito tempo só se falou no tal do 5º capítulo. Nos V e VI encontros nacionais de 1992 e 1994, ambos em Brasília, este foi o assunto principal, enfocando de um modo especial o tema da inculturação da catequese na cidade, ou seja, a catequese urbana.

Assim, este Estudo, que recebeu o sugestivo nome de Catequese para um mundo em mudança (Paulus, 1995) trata de um modo especial: a questão urbana, a questão ética, e mais genericamente, a questão da modernidade ou pós-modernidade.

O texto se compõe de duas partes. A primeira, e menor, é a principal: aí estão algumas conclusões, não muito sistematizadas sobre estes temas do "novo" na catequese, na sociedade e na Igreja, com algumas poucas e genéricas pistas para uma catequese que precisa se inculturar. A segunda parte, mais comprida, e que recebe o nome de Anexos, recolhe a contribuição das pessoas que assessoraram o encontro de 1994; na maior parte das vezes são resumos das palestras. Também aqui são uma série de temas justapostos e não sistematizados (O conceito de cultura, as releituras do novo dentro da própria Bíblia, desafios diante da mudança, a diáspora, o exíliocomunicação e testemunho, ecumenismo e pluralismo religioso na nossa cultura, alteridade). Enfim, a impressão é que estamos diante de uma colcha de retalhos a respeito de um tema que em si mesmo é difícil e complexo, e por isso mesmo, ainda um tanto imaturo e desafiador para a reflexão catequética: a questão permanece em aberto! 

No pós 1986 (1ª Semana Brasileira de Catequese), a CNBB, em 1998, publicou um texto que podemos considerar como último Estudo antes da 2² SBC o de número 78: O hoje de Deus em nosso chão (1998). Eis uma apresentação elaborada pelo Padre Luiz Alves de Lima:

São reflexões ainda em torno do tema da inculturação da catequese  nos nossos dias. O Estudo tem quatro partes. As I, II e III recolhem os conteúdos apresentados pelos assessores no VII Encontro Nacional de Catequese (Belo Horizonte de 18 a 21 de setembro de 1997). Na IV parte são apontadas algumas pistas de ação.

Como diz o título do texto, que também foi o lema do Encontro Nacional, o tema central é a busca do mistério de Deus e seu anúncio no mundo de hoje. “Interpretar o hoje do nosso chão, o chão da nossa história, o contexto atual tão complexo, onde o Espírito sopra como quer, não é tarefa fácil, e isto fez do VII Encontro Nacional um lugar privilegiado de participação, de busca e de esperança.

Recolher toda essa riqueza exigiria uma publicação bem mais volumosa do que o presente Estudo: cada texto do documento apresenta um enfoque particular sobre catequese inculturada” (Introdução, pp. 5-6). Os temas são os seguintes:

 “Análise da realidade catequética” (Pe. Luiz Alves de Lima, sdb), “Referenciais antropológicos da catequese hoje”(Pe. Joaquim Mol); “Aspectos culturais do hoje de Deus em nosso chão” (Therezinha M. Lima da Cruz); “Referenciais teológicos para a catequese hoje”(Ir. Israel José Nery, fsc); “Elementos de metodologia catequética (Pe. Juventino Kestering); “Espiritualidade do catequista” (Ir. Mary Donzellini); “Busca do Sagrado” (Ir. I. J. Nery); “Catequese afetiva” (Pe. J. Kestering); “Leitura bíblica na catequese – profeta Jonas” (Pe. Wolfgang Gruen, sdb); “Comunicação na catequese” (Ir. Maria Inês Carniato, fsp); “Bases para uma atitude de diálogo” (T. M. Lima Cruz).

As pistas de ação são: 1. Elementos comuns que devem ser considerados em toda catequese; 2. Propostas que devem ser encaminhadas; 3. Atividades a serem incentivadas pela Dimensão Bíblico-Catequética Nacional. 

A partir de 1999, os responsáveis nacionais da Catequese, a partir do que havia sido detectado nos últimos anos decidiram, após diversas consultas, pela celebração da Segunda Semana Brasileira de Catequese (2ª SBC), em outubro de 2001. A temática “Com adultos, catequese adulta”, se impunha, face a fragilidade dos católicos adultos em uma sociedade cada vez mais plural, também em termos de religião e de novas “igrejas pentecostais”, de forte organização comercial e midiática, agressivas à Igreja Católica e apelativas em termos de conversão, expulsão do demônio, curas e progresso material de seus adeptos. O nosso próximo texto será sobre esta 2ª Semana de Catequese.

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Irmão Israel José Nery fsc (Irmão Nery fsc) é de Machado-MG. Formado em Ciências Religiosas pela Universidade Lateranense, em Roma, com especialização em Catequética e Teologia da Vida Religiosas Consagrada. Membro do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs, fundado em 1680, por São João Batista de La Salle, padroeiro celeste dos educadores e das educadoras. Foi Assessor Nacional, na CNBB, para Catequese (1983-1987) e Educação (1996-2000). Integrou a Diretoria da Confederação de Religiosos da América Latina (CLAR), nos anos 1988 a 1991 e, neste período, Provincial Lassalistas no Brasil e, mais tarde no Chile (2012-2014). É conferencista e escritor.  Reside em São Paulo-SP.

[1] JOÃO PAULO II – Discurso do Papa João Paulo II aos Bispos do Brasil, Fortaleza, 10/07/1980, item 5:  a catequese é uma urgência. Só posso admirar os pastores zelosos que em suas Igrejas procuram responder concretamente a essa urgência fazendo da catequese uma verdadeira prioridade.

Fonte: https://www.catequesedobrasil.org.br/

No lugar da Assunção de Maria, onde rezam cristãos e muçulmanos

As Igrejas que seguem o Calendário Juliano celebram a Dormição da Mãe de Deus em 28 de agosto.  (©Pavle - stock.adobe.com)

Proclamado por Pio XII em 1º de novembro de 1950, o dogma da Assunção tem a sua origem na Sagrada Escritura. E em Jerusalém, ainda hoje, é possível ver e “tocar” alguns elementos que há quase setenta e cinco anos levaram à publicação da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus.

por Fábio Beretta

Para os cristãos a data de 15 de agosto não é um dia de festa como os outros. Celebra-se, de fato, a Assunção de Maria ao Céu, um dos quatro dogmas marianos da Igreja Católica. Proclamado por Pio XII em 1º de novembro de 1950, o dogma da Assunção tem a sua origem na Sagrada Escritura. E em Jerusalém, ainda hoje, é possível ver e “tocar” alguns elementos que há quase setenta e cinco anos levaram à publicação da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus.

Na Cidade Santa, como recorda padre Claudio Bottini, professor emérito ainda em atividade na Faculdade de Ciências Bíblicas e Arqueológicas do Studium Biblicum Franciscanum da Terra Santa, “a festa da Assunção é celebrada em duas datas distintas: os cristãos pertencentes a a Igreja Latina, a de Roma, celebra o aniversário no dia 15 de agosto segundo o calendário habitual. Depois há os ortodoxos, mas também os armênios, os coptas, os sírios que celebram a Assunção em um dia diferente, segundo o Calendário Juliano”.

Para todos os cristãos da Terra Santa, sublinha o frade, a da Assunção é “a celebração mais sentida após a da Páscoa. Nestes dias os fiéis expressam o seu fervor e a sua fé com liturgias e procissões”. Esta grande participação é devida, em parte, “ao clima de verão que favorece um grande número de participantes. Mas – continua padre Bottini – em Jerusalém, essas grandes procissões, que chamam a atenção de todos, só são vistas para os ritos da Semana Santa e da Assunção”.

Estes atos de devoção popular se desenvolvem pelas ruas que ligam dois pontos da cidade, ou melhor, duas igrejas: a da Dormitio Virginis, no Monte Sião, onde a comunidade cristã acredita que Nossa Senhora “adormeceu no sono da morte”; e a do “túmulo de Maria”, construída na zona do cemitério do Vale do Cedron, onde segundo a tradição judaica terá lugar o Juízo Final.

“As escavações realizadas nos anos 70 – conta o frade – confirmam a descrição contida na narrativas da tradição e em alguns escritos populares que remontam ao século II d.C.”. Estas escavações iniciaram após uma enchente que alagou completamente a igreja construída no local onde, segundo a tradição, estava o túmulo vazio de Nossa Senhora, perto do Getsêmani. Os danos provocados ​​pela natureza obrigaram os greco-ortodoxos e armênio-ortodoxos, custódios do santuário, a desmontar todas as superestruturas que escondiam o túmulo de Maria e a realizar trabalhos de restauração.

“Graças ao ecumenismo feito de pequenos e silenciosos gestos – explica o professor –, os ortodoxos convidaram o padre Bellarmino Bagatti, decano dos arqueólogos franciscanos na Terra Santa, para visitar e estudar o túmulo e o conjunto sepulcral e arquitetônico que o rodeia. Mas Bagatti não se limitou a examinar o monumento. Ele o 'releu' cuidadosamente à luz da literatura antiga sobre a morte e sepultamento de Nossa Senhora".

O Novo Testamento fala de Maria pela última vez depois da Ascensão de Jesus, apresentando-a rodeada pelos Apóstolos e pela comunidade cristã primitiva (cf. Act 1, 14). “Nenhum texto canônico – destaca Bottini – nos diz como Maria passou seus últimos anos e como deixou a terra. Vários escritos intitulados Ciclo sobre a Dormição de Nossa Senhora, muito difundidos no mundo cristão, transmitem toda uma série de informações que, quando submetidas ao escrutínio da crítica histórica e teológica, revelam-se da maior importância”.

Esses textos seriam “todos relacionados a um documento original, a um protótipo judaico-cristão elaborado por volta do século II no contexto da Igreja Mãe de Jerusalém, para a comemoração litúrgica anual junto ao túmulo da Virgem. Na redação da Dormição atribuída ao Apóstolo evangelista João, conhecido como o Teólogo, lê-se: «...os apóstolos transportaram a liteira e depositaram o seu santo e precioso corpo en um túmulo novo no Getsêmani».

Em outro texto preservado em siríaco, há indicações topográficas ainda mais precisas: «Esta manhã peguem a Senhora Maria e saiam de Jerusalém pela via que conduz à cabeceira do vale além do Monte das Oliveiras, onde existem três grutas: uma grande externa, depois outra dentro e uma pequena câmara interna com um banco elevado de argila na parte oriental. Vão e coloquem a Bem-Aventurada sobre aquele banco e coloquem-na lá e sirvam-na até que eu diga o contrário."

Ao verificar os fatos, o padre Bagatti “demonstrou que a concordância entre documento e monumento não poderia ser maior. Com efeito, o túmulo de Maria no Getsêmani – sublinha o professor – está localizado em uma área de cemitério em uso no século I. Corresponde muito bem quer ao tipo de túmulos utilizados na Palestina naquela época como aos dados topográficos indicados nas diferentes narrativas da Dormição da Virgem, especialmente no que diz respeito à nova câmara mortuária e à sua posição em relação às outras. O fato de encontrar-se junto ao Horto das Oliveiras e à Gruta onde Jesus costumava passar a noite (cf. Jo 18, 2), sugere que o anônimo discípulo proprietário do local também acolheu ali a sepultura de Maria. O túmulo, guardado e venerado pelos judeus-cristãos até finais do século IV, altura em que passou para as mãos dos gentios cristãos, foi isolado dos restantes e encerrado em uma igreja”.

Hoje, das várias igrejas construídas no local ao longo dos séculos, «só resta a cripta que, através de uma grande escadaria de quarenta e oito degraus, conduz ao túmulo por um desnível de cerca de quinze metros em relação à estrada . A edícula que contém a câmara funerária com o banco rochoso ainda visível é pouco iluminada pela luz que filtra do exterior e pelas lamparinas a óleo. No seu interior respira-se o ambiente típico das igrejas orientais, caracterizadas pelo forte perfume de incenso, pelas numerosas imagens e pelas muitas velas e lamparinas a óleo”.

“Quem visita esses lugares sente algo especial dentro de si. Ao acompanharem homens de cultura ou jornalistas a estes lugares, eles próprios percebem, mesmo que não sejam crentes, que estão diante de algo sério. Não se pode falar de conversões verdadeiras, mas todos ficam admirados”, revela Bottini.

Mas como os católicos vivem a festa de 15 de agosto? “Primeiro celebram a Missa na Basílica do Getsêmani, mais conhecida como Basílica das Nações (a estrutura moderna celebra este ano cem anos de sua consagração). Depois, em procissão, dirige-se à igreja do túmulo, se desce à cripta e reza-se com cantos e hinos”. Aos olhos mais atentos não passa desapercebido que na cripta onde está preservado o túmulo vazio existe um nicho: “Usavam-no e o usam os muçulmanos – explica o professor –. Anteriormente, muitos grupos religiosos islâmicos visitavam o túmulo, agora fazem-no em privado. Também para eles Maria é uma figura importante e o nicho está orientado para Meca.”

Também os cristãos das Igrejas Orientais vivem a festa neste lugar: “Por oito dias, os cristãos orientais descem todos os dias à cripta, levando crianças, idosos e pessoas com deficiência. O túmulo é decorado com ervas aromáticas, como o basílico, e rezam diante do ícone da Dormitio que normalmente se encontra na Basílica do Santo Sepulcro. O ícone é levado solenemente em procissão até o túmulo e recolocado em seu lugar. E é como uma grande festa."

Uma festa que este ano, devido à guerra que continua a dilacerar a Terra Santa, “será em dimensão menor. Mas como no passado, a celebração acontecerá”, conclui padre Bottini. “Já vi tantas crises neste país. Tudo acontece em escala reduzida, mas não desaparece. Celebraremos a festa da Assunção como celebramos a Páscoa. São momentos trágicos, mas conseguimos rezar com maior intensidade. Nestas celebrações com maior recolhimento, como sempre fazemos, rezaremos pelo retorno dos peregrinos e sobretudo pelas soluções de paz. Não só em nossa casa, mas também para o mundo. E faremos isso duas vezes, dada a dupla data dos Calendários Juliano e Gregoriano. Os homens são capazes de coisas atrozes, mas aqui há muitas pessoas de boa vontade que continuam a acreditar, a esperar e a rezar por um mundo melhor. É uma semente de esperança que certamente crescerá”.

*Agência Fides

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF