Translate

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Papa: que o "mau cheiro" do nosso pecado não impeça de espalhar o "bom perfume" de Cristo

Audiência Geral de 21 de agosto de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

O "Espírito Santo no Batismo de Jesus" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada na Sala Paulo VI. Ao ser ungido com o Espírito de Deus, Cristo confere a todos os cristãos a tarefa de espalhar o seu "bom perfume" no mundo e não o "mau cheiro" do próprio pecado.

https://youtu.be/H6MheZymg5g

Vatican News

A Sala Paulo VI acolheu milhares de fiéis e peregrinos para a Audiência Geral desta quarta-feira, 21 de agosto. O Papa deu continuidade ao ciclo de catequeses acerca do Espírito e da Esposa, meditando sobre como o Espírito Santo desceu em forma de pomba quando Jesus foi batizado por João, e dali se espalhou pelo Seu Corpo, que é a Igreja.

“Toda a Trindade se reuniu naquele momento nas margens do Jordão!”, comentou Francisco. O batismo de Jesus foi tão importante, que todos os evangelistas falaram sobre ele. E a importância reside no fato de, naquele episódio, Deus Pai ungiu Jesus com o Seu Espírito, isto é, consagrou Jesus como Rei, Profeta e Sacerdote.

Na verdade, Jesus estava repleto de Espírito Santo desde o momento da Encarnação, mas no Batismo recebe a unção com o Espírito para a sua missão. Essa missão o Senhor comunica-a à Igreja, Seu Corpo místico, e assim nos tornamos um povo sacerdotal, profético e régio. A imagem da unção com o Espírito nos remete ao Sacramento da Confirmação, no qual fomos ungidos com o óleo perfumado do Crisma e recebemos o dom do Espírito para a missão, para espalhar pelo mundo o bom odor de Cristo.

"A unção nos perfuma e também uma pessoa que vive com alegria a sua unção perfuma a Igreja, perfuma a comunidade, perfuma a família com este perfume espiritual", acrescentou Francisco. O Papa então fez uma ressalva:

"Sabemos que, infelizmente, por vezes os cristãos não espalham o perfume de Cristo, mas sim o mau cheiro do seu próprio pecado. E jamais nos esqueçamos: o pecado nos afasta de Jesus, o pecado torna o óleo ruim. E o diabo, não esqueçam disto, normalmente o diabo entra pelo bolso. Fiquem atentos."

Isto, porém, não deve distrair-nos do compromisso de realizar, tanto quanto pudermos e cada um no seu ambiente, esta sublime vocação de ser o bom perfume de Cristo no mundo. O perfume de Cristo é libertado do “fruto do Espírito”, que é “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gal 5,22).

"Foi o que disse Paulo e é belo encontrar uma pessoa que tenha essas virtudes. (...) É belo encontrar uma pessoa boa, uma pessoa fiel, uma pessoa mansa, que não seja orgulhosa. Se nos esforçarmos por cultivar este fruto, então, antes que nos apercebamos, alguém sentirá um pouco da fragrância do Espírito de Cristo à nossa volta. Peçamos ao Espírito Santo que nos faça ungidos mais conscientes, ungidos por Ele", concluiu o Pontífice.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Pio X - Papa

São Pio X - Papa (A12)
21 de agosto
País: Itália
São Pio X - Papa

José Melquior Sarto, segundo de 10 filhos, nasceu num vilarejo na região de Riese, Treviso, norte da Itália, no ano de 1835. Sua família era pobre e muito católica. Sua inteligência brilhante ficou evidente desde cedo, e seus pais fizeram um grande esforço para que ele pudesse estudar. Caminhava vários quilômetros por dia para ir e voltar da escola, almoçando apenas um pedaço de pão. Já nessa época dizia querer ser padre.

Seu pai faleceu quando estava prestes a entrar no seminário, e José quis abnegadamente abandonar os estudos para ajudar em casa. Sua mãe, mais abnegadamente ainda, o manteve no seminário, onde também se destacou pela inteligência. Foi ordenado com 23 anos, em 1858. Inicialmente foi vice-vigário em um vilarejo, depois vigário de uma grande paróquia. Pelo seu sucesso pastoral, foi nomeado cônego da catedral de Treviso e diretor espiritual do seminário, e então bispo da diocese italiana de Mântua (1884) e patriarca e cardeal de Veneza (1895). Este trajeto foi relativamente rápido, em função da sua humildade, vida de oração e capacidade intelectual. Em 1903, foi eleito Papa e adotou o nome de Pio X.

Esta nomeação não mudou a sua vida de simplicidade, modéstia e pobreza. Adotou como lema de pontificado "Restaurar as coisas em Cristo", e o colocou na prática cuidando zelosamente das questões internas da Igreja.

Neste sentido sua primeira providência foi acabar com o absurdo “veto leigo” usado por algumas monarquias europeias para interferir nas eleições papais, elaborando uma nova constituição para os conclaves. Mas muitas e importantes foram as suas ações em favor da Igreja e dos fiéis: promoveu a reforma da Cúria Romana e dos seminários, bem como a do Missal e a do Breviário (livro de orações obrigatórias diárias dos sacerdotes); codificou o Direito Canônico, criou o Instituto Bíblico e ordenou a revisão da Vulgata (tradução original da versão bíblica do Grego e Hebraico para o Latim); protegeu a música sacra, dando primazia ao canto gregoriano. Como grande devoto da Eucaristia, e sabendo da sua importância primordial na vida espiritual da Igreja, concedeu que os fiéis pudessem comungar todos os dias, o que era raro, e determinou que as crianças pudessem fazer a Primeira comunhão já aos sete anos (anteriormente, só em idade maior). O Catecismo passou a ser ministrado em todas as paróquias e para todas as idades; para isso elaborou um Catecismo famoso, que leva o seu nome, com a estrutura de perguntas e respostas, de modo a ser simples e acessível também às pessoas mais simples.

Importantíssima foi a sua postura contra as leis anticristãs na França, e contra o Modernismo (movimento anticatólico a partir das filosofias de Kant e Hegel levando ao racionalismo e ao idealismo ateus), particularmente através da Encíclica Pascendi Dominici Gregis (1907), onde deixa claro os erros destas ideias. Na Itália, diminuiu as restrições de participação dos católicos na política.

Promoveu a criação de bibliotecas e incentivou os cientistas. Só no Brasil, criou 22 bispados e sete arcebispados. Fez imensos esforços para evitar a I Guerra Mundial, e muito sofreu por não consegui-lo. Além de tudo isso, Pio X foi um brilhante teólogo, embora se definisse como “um simples pároco do campo", e teve o dom da cura: durante a vida, vários doentes recuperaram a saúde depois de ter contato com ele, o que ele explicava com simplicidade acontecer por causa “do poder das chaves de São Pedro", e não dele pessoalmente. Sua bondade suave e marcante levava a que o chamassem de “padre santo", o que ele corrigia com um sorriso: “Não se diz santo, mas Sarto”, o seu sobrenome.

Para sua família, que não quis favorecer e continuou pobre, somente pediu aos cardeais uma esmola mensal para suas idosas irmãs.

 Ficou conhecido como o Papa da Eucaristia e o Papa das Crianças, falecendo em 20 de agosto de 1914 com 79 anos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A belíssima história de vida de São Pio X começa com o maravilhoso exemplo de amor dos seus pais, e particularmente da sua mãe viúva e pobre, que investiu nas suas capacidades com grande sacrifício. Aceitar dificuldades, voluntariamente e por caridade, para fazer bem ao outro… é quase o mesmo resumo de Cristo sobre os Mandamentos, “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”: “Nestes dois Mandamentos se resume toda a Lei e os Profetas” (Mt 22,40). O exemplo familiar frutificou abundantemente em José Sarto, que como Papa teve especial carinho pelas crianças. Por isso facilitou a elas o que é mais importante nesta vida, a Eucaristia, e o necessário entendimento para recebê-la, através do Catecismo que escreveu, de imenso valor até hoje. O cuidado com a boa evangelização das crianças e do povo simples pelo ensino catequético, que determinou para todas as paróquias e para todas as idades, é fundamental também em todos os tempos, pois obviamente é necessário que os fiéis conheçam a sua Fé para poder praticá-la; e na época de Pio X, como hoje, este conhecimento era pouco e em geral mal ensinado, gerando profundos problemas de continuidade na vida católica dos fiéis. Muitas outras providências Pio X teve para com o bem da Igreja, incluindo a advertência e soluções para problemas que ainda iriam surgir nela e na sociedade no futuro, com o Modernismo ateu. Cujos desdobramentos e consequências, de fato, ainda hoje causam tanto mal. Como resposta aos desafios, trabalhou na Teologia, incentivou a cultura e as ciências, sempre com o exemplo de humildade, modéstia e desapego material. Foi o contraste vivo e evangélico às turbulências que prepararam e deflagaram a I Guerra Mundial.

Oração:

Senhor Deus, cuja Providência sempre nos oferece exemplos e oportunidades de fazer o bem e consertar o mal, concedei-nos por intercessão de São Pio X sermos curados na alma ao contato próximo com a Vossa Igreja, e com a vida centrada na Eucaristia fazermos a nossa parte para restaurar todas as coisas em Cristo. Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 20 de agosto de 2024

O que permanece primordial e substancial na Igreja? (1)

Papa Pio XI | 30Giorni

O que permanece primordial e substancial na Igreja?

Discurso de Pio XI aos bispos italianos que ele convocou ao Vaticano para o décimo aniversário da assinatura do Pacto de Latrão. O discurso nunca foi proferido pelo Papa que faleceu na véspera desse aniversário, em 10 de fevereiro de 1939.

O último discurso, nunca proferido, de Pio XI

Veneráveis ​​irmãos,
dez anos de conciliação - dezessete e agora dezoito anos de pontificado - vinte anos de episcopado - sessenta anos de sacerdócio: aqui estão as grandes vozes que, nos esplendores brancos milagrosos de Lourdes, se uniram em coro para vos convidar consolar e animar o velho pontífice, o velho papa com a sua sempre querida e desejada presença.
Quantas coisas esta sua venerada presença diz, ou dirá em breve, à Igreja e aos fiéis de todo o mundo, quantas coisas ela diz especialmente a nós, e quantas coisas nos sugere e nos convida a dizer-lhe!

Também por falta de tempo devemos escolher os temas e tratá-los com muita sobriedade e tentaremos fazê-lo com a ajuda de Deus e da sua bondade e paciência.

Certamente o tema mais importante, e que precisa de ser tratado com maior peso, é o tema da conciliação, porque é um tema de importância coletiva e universal (podemos muito bem dizer), não apenas para a Itália. E podemos, e devemos, pensando nisso, ouvir o Apóstolo dizer-nos: et grati estote Cl 3, 15).

E amanhã discutiremos este grande tema, depois de o termos louvado e agradecido ao Senhor na majestade da grande Basílica, que sorri tão perto de nós.

Agora queremos consagrar breves (não duvidem), mas importantes reflexões sobre estes grandes números de sacerdócio e episcopado. E não são apenas os nossos pobres números, mas ainda mais os seus que se impõem.

Quantos você tem? Quantos anos de sacerdócio e episcopado pleno você nos apresenta? Quão grande e magnífico é o acúmulo, tesouro verdadeiramente inestimável das graças divinas - graças recebidas e comunicadas a muitas almas - tesouro de correspondência, de santificação, de apostolado, de méritos diante de Deus e dos homens?

Mas a estas e muitas outras reflexões óbvias preferimos recomendar uma que nos parece - também para esta última lição, que a vida sobrevivente nos dá na Congregação, da qual reservamos a prefeitura -, parece-nos, como diziam, o mais prático e com a promessa de frutos mais amplos e preciosos.

Onde está a fonte do sacerdócio e do episcopado? Em seminários.

É claro que a graça de Deus está e opera acima de tudo e de todos: graça de eleição e vocação, graça de santificação e consagração. Mas todas estas graças são distribuídas, cultivadas, aperfeiçoadas, consumidas nos seminários. Destes, e apenas (em regra) destes, surge a esperança e, ousamos dizer, a possibilidade de sacerdotes bons e bem formados, e do sacerdócio o episcopado. O que mais permanece primordial e substancial na Igreja?
As reflexões, que neste momento se tornam necessárias para quem tem responsabilidade nos seminários, são ao mesmo tempo consoladoras e terríveis; especialmente para nós, que a Divina Providência preparava para as responsabilidades de tantos anos de sacerdócio, episcopado e pontificado, com tantos anos de seminário, como poucos - vemos - são concedidos: doze anos em Milão, e depois três anos nesta Roma.

Mas para responder às necessidades do altíssimo tema, e aproveitar o ensinamento mais importante dessa última lição, que dissemos acima, não podemos deixar de lembrar que existem seminários e seminários: seminários diocesanos e seminários interdiocesanos , e precisamente com uma classificação de grande e maior importância.

Não pensem que queremos entrar nos inúmeros detalhes que facilmente se apresentam ao espírito, principalmente aos espíritos vigilantes, experientes e iluminados como o seu. Piedade e estudo, direção espiritual e governo externo, disciplina e higiene, economia e administração, biblioteca e culinária, corpo de governo e ensino e pessoal de serviço, e todas as coisas maiores e menores: sim, mesmo estas, porque são pequenas a vida cotidiana tece coisas, e grandes coisas são raras; e tal é o ensinamento e o exemplo do grande Pai que está nos céus, que governa os mundos, e conhece o passarinho que morre no bosque e o cabelo que cai da nossa cabeça ( Mt 6, 26; Lucas 21, 18) .

Mas estas poucas pobres palavras bastam para tantas coisas importantes, porque a nossa intenção ao pedir a vossa consideração sobre os seminários diocesanos e interdiocesanos foi apenas pedir-vos, como fazemos de todo o coração, que venhais sempre em nosso auxílio para o seu maior bom; em ajuda, seguindo as diretrizes e cuidados da nossa ou melhor, da sua Congregação, inteiramente dedicada aos seminários que lhe pertencem; em ajuda, considerando praticamente como seus, não só os seminários diocesanos, mas também os interdiocesanos, que de fato são e trabalham para todos os seminários que lhes pertencem: em ajuda, também às vezes fazendo grandes e voluntários acordos o sacrifício de alguns súditos à diocese particularmente útil, pensando que é para uma utilidade maior e mais ampla, bem como para uma verdadeira caridade ao Papa; ajudar, seguindo o rigor dos reitores nas admissões e promoções, pensando que têm uma responsabilidade especial e formidável, assistidos por graças e ajudas particulares...

E queremos terminar aqui, apesar de muitas outras coisas que emergem e que gostaríamos de considerar. Queremos terminar com duas memórias pessoais da nossa juventude, porque parecem particularmente instrutivas. A primeira lembrança remonta ao nosso venerável arcebispo que, no seminário infantil, nos deu a primeira comunhão. Homem de consumada experiência e de muita oração, teve como reitor maior dos seminários um homem notável e exemplar em muitos aspectos, mas também bastante anguloso e autoritário, e que foi também nosso reitor. Disse-o o arcebispo – disse-o a um santo sacerdote, nosso tio paterno e quase segundo pai: «Acabo sempre por ter de adoptar os seus julgamentos para admissões e promoções; apenas uma vez acreditei que estava certo; Logo tive que concordar que ele estava certo daquela vez também."

A outra memória recorda-nos a grande e luminosa figura do Cardeal Agostino Riboldi, ex-nosso professor de ciências físicas, depois o muito zeloso Bispo de Pavia e, finalmente, o memorável Cardeal Arcebispo de Ravena. Disseram-lhe um dia: «Com esta generosidade em desistir de súditos, e com estes rigores de recrutamento, em breve teremos paróquias sem párocos»; ele respondeu: “Se não houver Santa Missa, os fiéis serão dispensados ​​de ouvi-la”. Raras são as dioceses que tiveram bispos mais zelosos e mais ricos em frutos pastorais.

E para os seminários que realmente queremos que sejam realizados; mas devemos acrescentar algo que a sua presença sugere e quase exige.
É uma frase apostólica ( Atos 6, 4) que diz que o ministério da palavra – ministerium verbi – é o que mais pertence aos apóstolos e, portanto, a vocês que os sucedem...

Arquivo 30Dias – 07/08 – 2007

Fonte: http://www.30giorni.it/

Quais são os benefícios do abacaxi para a saúde?

Quais são os benefícios do abacaxi para a saúde? — Foto: Reprodução/Pexels

Quais são os benefícios do abacaxi para a saúde? Nutricionista responde dúvida e explica como a fruta ajuda na digestão e age como anti-inflamatório.

Por Gabriella Dias, Receitas

20/08/2024

O abacaxi possui propriedades anti-inflamatórias que auxiliam na recuperação muscular e reduzem inflamações. Além do mais, a fruta é fonte de vitamina C, vitamina B, manganês, fibra, potássio e bromelina - nutrientes que fazem bem. Mas quais são os benefícios do abacaxi para a saúde? A nutricionista Daniela Meira (@dra_daniela_meira_nutri), que produz o quadro de culinária do Mais Você, explica a seguir. Confira!

1) Fortalece o sistema imunológico

O abacaxi é essencial para o sistema imunológico, ajudando a combater infecções e fortalecer o organismo.

2) Atua como anti-inflamatório

Tem propriedades anti-inflamatórias pois contém bromelina, uma enzima com propriedades que pode auxiliar na recuperação muscular e reduzir inflamações.

3) Facilita a digestão

A bromelina também auxilia na digestão de proteínas, facilitando a digestão e prevenindo desconfortos gastrointestinais.

4) Sacia o organismo

O abacaxi é uma fruta com baixo teor calórico e rica em fibras. Por isso, traz a sensação da saciedade e contribui para a manutenção do peso.

5) Hidrata o corpo

É ótima para hidratar o corpo, pois é composta por cerca de 86% de água.

6) Bom para a saúde dos ossos

O alimento mantém a saúde óssea em dia por ser rico em manganês, um mineral essencial para a saúde dos ossos e a prevenção de osteoporose.

7) Evita doenças cardiovasculares

As fibras, potássio e antioxidantes presentes no abacaxi ajudam a manter a saúde do coração, reduzindo os níveis de colesterol e pressão arterial.

Como consumir a fruta

Abacaxi é fonte de vitamina C e vitamina B — Foto: Reprodução/Pexels

A especialista em alimentação destaca que o abacaxi pode ser consumido em qualquer horário do dia: pode ser uma excelente adição ao café da manhã, fornecendo uma dose de vitamina C e fibras para começar o dia. Vale colocar a fruta em smoothies, sucos e saladas de frutas.

Entre as refeições, o abacaxi é uma opção refrescante e de baixa caloria. Ajuda a controlar a fome e mantém a hidratação. Após as refeições, a fruta age como um digestivo por conter bromelina. À noite ele também pode ser opção.

No entanto, a nutricionista alerta: "Pode ser consumido à noite desde que a pessoa não tenha problemas com acidez ou refluxo noturno. O abacaxi é uma fruta ácida que pode irritar a mucosa gástrica e piorar os sintomas de gastrite ou úlceras."

Falando em restrição, pessoas que fazem uso de alguns medicamentos precisam de cuidado ao comer a fruta. "A bromelina presente no abacaxi pode interagir com alguns tipos de anticoagulantes e antibióticos, potencializando ou reduzindo seus efeitos. É importante que essas pessoas consultem um médico antes de consumir a fruta regularmente", explica Daniela Meira.

Fonte: https://receitas.globo.com/blog/alimentacao-e-saude/beneficios-do-abacaxi-para-a-saude.ghtml

Beatificação de quatro mártires: três padres e um irmão mortos em 1964

Da esquerda para a direita os quatro novos beatos: o irmão Vittorio Faccin; e os padres Luigi Carrara, Albert Joubert e Giovanni Didonè | Vatican News

Beatificação de quatro mártires: três padres e um irmão mortos em 1964, por ódio à fé

Por Walter Sánchez Silva*

18 de agosto de 2024

Foram beatificados hoje (18), quatro mártires na República Democrática do Congo: três missionários xaverianos italianos e um padre congolês, assassinados por ódio à fé há 60 anos

Depois da oração do Angelus de hoje, no Vaticano, o papa Francisco recordou a beatificação dos padres missionários xaverianos Luigi Carrara, Giovanni Didoné e do irmão Vittorio Faccin, juntamente com o padre Albert Joubert, mortos no país africano em 28 de novembro de 1964.

"O seu martírio foi a coroação de uma vida dedicada ao Senhor e aos irmãos e irmãs. Que seu exemplo e sua intercessão favoreçam caminhos de reconciliação e paz para o bem do povo congolês. Aplaudamos os novos beatos”, exclamou o papa.

A beatificação dos quatro mártires

O arcebispo de Kinshasa, na República Democrática do Congo cardeal Fridolin Ambongo Besungu, membro do Conselho de Cardeais que assessoram o papa, celebrou a missa de beatificação dos mártires na praça em frente à catedral de São Paulo, em Uvira.

Segundo o Vatican News, a missa foi concelebrada pelo bispo de Uvira, dom Sébastien-Joseph Muyengo, pelo núncio apostólico na República Democrática do Congo, dom Mitja Leskovar, pelo superior geral dos Missionários Xaverianos, padre Fernando Garcia e pelo postulador da causa de beatificação dos mártires, padre Faustino Turco.

“Ao declarar oficialmente uma pessoa beata, como está acontecendo hoje, a Igreja reconhece e confessa que a morte física não venceu e que Deus não abandonou os seus servos”, afirmou o cardeal Ambongo em sua homilia, na qual enfatizou que “os mártires não caem do céu. E também não são seres extraordinários, mas cristãos como você e eu”.

A única diferença, disse, é que viveram a sua fé de uma forma excecional, “mostrando fidelidade a Deus e à sua palavra, em um ambiente por vezes hostil”.

O cardeal observou que os novos mártires viveram no meio da rebelião de 1960. Tiveram a possibilidade de sair do país para se livrar da perseguição, mas os quatro preferiram “dar testemunho da sua fraternidade evangélica, permanecendo junto dos seus fiéis em Fizi e Baraka, até o derramamento de sangue”.

“Estou convencido de que o sangue dos nossos beatos mártires nos trará o dom da paz”, continuou o cardeal, que exortou: “Basta de violência! Basta de barbaridades! Basta de assassinatos e mortes em solo congolês e na sub-região dos Grandes Lagos! A violência e as guerras são fruto da irreflexão”.

Observando que as guerras “são obra do diabo e dos seus acólitos que semeiam a desolação e a morte”, o cardeal pediu o diálogo e a negociação para resolver os atuais conflitos na região.

O martírio dos quatro novos beatos

Em 1960, a República Democrática do Congo tornou-se independente depois de 60 anos da dominação belga. Em 1963, depois da execução do primeiro-ministro, Patrice Lumumba, Pierre Mulele, que havia sido ministro do governo de Lumumba, voltou ao país depois de ter sido doutrinado na China.

Os seus guerrilheiros professavam a religião tradicional de ritos tribais e animistas; e estavam convencidos de que a Igreja Católica e os políticos congoleses pró-ocidentais eram o inimigo, motivo pelo qual saquearam locais de culto e profanaram santuários em vários lugares, além de cometerem crimes terríveis, incentivados por xamãs locais.

Neste clima profundamente anticatólico e antirreligioso, os quatro mártires decidiram ficar para evangelizar os congoleses, enquanto muitos outros abandonaram o país, explica o Vatican News.

Às 14h do dia 28 de novembro de 1964, um jipe militar estacionou em frente à paróquia do Imaculado Coração de Jesus, em Baraka. No carro estava um dos chefes rebeldes, Abedi Masanga, que pediu ao irmão Vittorio Faccin para entrar no jipe. O missionário recusou e foi morto.

Ao ouvir os disparos, o padre Luigi Carrara saiu da igreja e recebeu ordens para entrar no jipe, mas como o irmão Vittorio estava morto, ajoelhou-se e disse a Masanga: “Se queres matar-me, prefiro morrer com o meu irmão”. O líder rebelde matou-o sem hesitar.

Os corpos dos dois missionários foram desmembrados. Masanga dirigiu-se depois a Fizi e, à noite, foi à paróquia dos missionários onde matou os padres Giovanni e Albert.

O irmão Vittorio Faccin tinha 30 anos. Dedicou-se especialmente aos doentes e aos menos favorecidos. O padre Luigi Carrara, de 31 anos, era caracterizado pela sua coragem e pela sua profunda fé e, em Baraka, dedicou-se à educação e ao acompanhamento espiritual.

O padre Giovanni, de 34 anos, “distinguiu-se pelo seu serviço incansável e pelo seu amor aos mais necessitados. Em Fizi, foi um pilar de referência para muitos e também um guia espiritual”, relata o Vatican News.

O padre Albert Joubert trabalhou em várias dioceses e depois decidiu colaborar em Fizi, “sempre pronto a enfrentar as adversidades, a sua principal atividade foi a pastoral escolar”, informou a imprensa do Vaticano.

O Vatican News afirma que esta é a segunda beatificação na República Democrática do Congo, depois da beatificação de 1985 da irmã Marie-Clémentine Anuarite Nengapeta, assassinada em 1º de dezembro de 1964, três dias depois da morte dos quatro novos mártires.

*Walter Sánchez Silva é jornalista na ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, com mais de 15 anos de experiência cobrindo eventos da Igreja na Europa, América e Ásia.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/58851/beatificacao-de-quatro-martires-tres-padres-e-um-irmao-mortos-em-1964-por-odio-a-fe

CATEQUESE: Não deixe para depois

Casal de idosos (Crédito: Cléofas)

Não deixe para depois

 Por Prof. Felipe Aquino

Há uns anos fui pregar um Retiro em Goiânia, num ginásio de esportes com milhares de pessoas; e estava ali um Bispo de Jequié, na Bahia, hoje já emérito, cujo nome não me lembro agora, e que fez uma bela palestra. Nessa palestra ele contou um caso impressionante, para mostrar que não se deve deixar para depois o que se deve fazer agora.

Disse ele que em uma de suas visitas pastorais a várias cidades do interior da Bahia, numa delas celebrou uma Missa à noite, e nela fez uma homilia que foi transmitida pelo alto falante da igreja da pequena cidade. Depois ele foi para a casa vizinha à igreja para se hospedar na casa de um casal.

Quando ele chegou o dono da casa quis conversar com ele e disse-lhe: “Senhor bispo, eu não fui a Missa porque eu não sou casado com minha mulher, apenas vivemos juntos, e o senhor disse que a gente não pode deixar para depois o que deve fazer agora; pois eu e minha mulher conversamos, e queremos nos confessar e queremos que o senhor nos case, agora mesmo”.

O Bispo achou estranho, já era quase dez horas da noite, e quis deixar para o dia seguinte. Mas o dono da casa disse: “Não! O senhor disse que não se pode deixar para depois…” Então, o bispo não teve jeito, confessou os dois e ali mesmo os uniu em matrimônio; e foi dormir.

No meio da noite ele escutou barulho de gente arrastando móveis, se levantou e quis saber que acontecia. Alguém lhe disse: “Sr. Bispo, o dono da casa acabou de morrer!”. E o Bispo nos disse na palestra: “E se eu tivesse deixado para depois?”. O que eu iria dizer para Deus?…

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/nao-deixe-para-depois/

Catequistas orantes e anunciadores da alegria e beleza do Reino

Dia dos catequistas (Catequizar)

Catequistas orantes e anunciadores da alegria e beleza do Reino

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ) 

Dia 21 de agosto celebramos o Dia Nacional do Catequista no Marco do mês das vocações 2024, que nos desafia a ser uma Igreja que se realiza como uma verdadeira sinfonia vocacional. Certamente ser catequista é fruto de um chamado na Igreja e para a Igreja, para tornar-se um servo, educador e profeta da Palavra, anunciando-a com entusiasmo e ardor.  

Fazer a experiência de deixar-se fecundar pelo Verbo Divino, para encantado e apaixonado pela Pessoa do Senhor, testemunhar com a vida e com palavras a mensagem que nos foi dada. Por isso um catequista é um cristão orante que escuta e guarda a Palavra como Maria a Primeira discípula e catequista do Reino.  

Sem esta disponibilidade e abertura total para a Palavra não poderá anuncia-la e faze-la ressoar em todos os ambientes, pessoas e criaturas. Claro que não se trata de uma tarefa pontual e acabada, mas um processo permanente, que inicia um caminho de transformação e amadurecimento na fé em cada cristão. Ministério matricial e comunitário, que se integra sempre num verdadeiro mutirão de fé que acompanha de forma catecumenal aos que foram atraídos e convocados e desejam pertencer ao Corpo de Cristo.  

Temos muitas referências de catequistas que foram exímios anunciadores da Palavra que liberta, cura e restaura, mas apresentamos dois pelo seu perfil emblemático: Santa Clélia Barbieri, jovem canonizada por São Paulo II em 1989, dedicada a catequese entre os pobres e abandonados e fundou uma comunidade religiosa de catequistas leigas com o carisma de viver o Evangelho e levar seus ensinamentos aos pobres e desamparados.  

E nosso Padroeiro São José de Anchieta, pelo dom de línguas, conhecedor profundo dos idiomas indígenas, ajudou no processo de inculturação da fé, e tornou-se um missionário incansável da dignidade da pessoa humana. Nossa profunda gratidão e admiração de tantos catequistas que oferecem suas vidas para que a Palavra de Jesus, seja amada e acolhida. Deus seja louvado! 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Cardeal Bo: Papa dará novo impulso às Igrejas na Ásia, que vivem desafios

O cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon, em Mianmar (Vatican Media)

Em vista da viagem do Papa em setembro à Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor Leste e Cingapura, o presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia oferece uma visão interna do significado da próxima visita: “o Santo Padre poderá tocar a diversidade dinâmica das Igrejas asiáticas e a fé inabalável do seu povo”. O tema do cuidado da criação é importante: “os efeitos da mudança climática são devastadores na Ásia”.

Deborah Castellano Lubov - Vatican News

“Muitas das nossas igrejas estão cheias durante as missas de domingo. Muitos dos asiáticos que emigram para outros países mantêm sua fé viva”. Em uma ampla entrevista à mídia vaticana, o cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon (Mianmar) e presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC), faz um retrato dos fiéis da Ásia e da Oceania que o Papa Francisco encontrará durante a viagem apostólica à Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor Leste e Cingapura. A visita está programada para o período de 2 a 13 de setembro e marca a 45ª viagem apostólica internacional de Jorge Mario Bergoglio, uma das muitas na Ásia durante seu pontificado. O Cardeal Bo fala de uma Igreja vibrante e diversificada que, apesar dos desafios políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, e do fato de que “nem sempre é fácil viver a fé cristã em algumas partes da Ásia”, “continua não apenas viva, mas também dinâmica de diferentes maneiras”.

O Papa Francisco está prestes a fazer sua 45ª viagem apostólica à Ásia e à Oceania. Como o senhor avalia a importância dessa visita?

Muitas pessoas na Ásia só ouvem falar do Papa e o “veem” com a ajuda da mídia digital. Mas para a população em geral, o Papa é uma figura um tanto “distante”. Portanto, a vinda do papa à Ásia não apenas empolga, mas também desperta um zelo e um senso de fé renovados, pois mostra que os povos asiáticos não estão distantes da mente e do coração do Papa. O que é mais encorajador é o fato de o Papa Francisco ter escolhido visitar países menores, pouco conhecidos pelo mundo, como Papua Nova Guiné e Timor Leste, criando assim uma oportunidade para o mundo conhecer as Igrejas dessas terras.

Estamos falando de países muito diferentes: a opulência de Cingapura e a pobreza de Papua Nova Guiné, a Indonésia de maioria muçulmana e a maioria católica da antiga colônia portuguesa do Timor Leste. Como a diversidade dos países asiáticos torna essa visita particularmente significativa? O que é interessante observar?

A singularidade da Ásia está justamente em sua diversidade, em termos de culturas, religiões e tradições. Embora os cristãos sejam uma minoria na maioria dos países asiáticos, com exceção das Filipinas e do Timor Leste, vemos uma fé crescente. As Igrejas na Ásia, embora pequenas, são vibrantes e vivas. O Santo Padre pode experimentar a diversidade dinâmica das Igrejas asiáticas e a fé do seu povo. Seja rico ou pobre, maioria ou minoria, a fé do povo permanece firme apesar da diversidade de desafios em diferentes países.

O que a Igreja universal pode aprender com a Igreja na Ásia?

Três palavras me vêm à mente: paz e harmonia e, em seguida, o que torna a paz e a harmonia uma realidade, ou seja, o diálogo. Apesar dos muitos desafios enfrentados pelas Igrejas na Ásia, nossa meta é buscar a paz e a harmonia. Todos buscam a paz e a harmonia, e é por isso que, diante da opressão política, da pobreza, da devastação climática e de muitas outras situações, a Igreja deve trabalhar com outros para restaurar a paz e a harmonia na vida das pessoas diretamente afetadas. Na Ásia, aprendemos a cooperar, dialogar e respeitar uns aos outros. Mas, acima de tudo, aprendemos a coexistir como irmãos e irmãs, apesar das dificuldades. Acredito que os caminhos da paz e da harmonia por meio do diálogo são o que a Ásia pode oferecer à Igreja universal.

Papa Francisco com o cardeal Bo durante a viagem a Mianmar em 2017 (Vatican Media)

O que pode nos dizer sobre o testemunho da Igreja asiática?

As igrejas na Ásia estão vivas e vibrantes. Basta ver que muitas de nossas igrejas estão cheias durante as missas de domingo. Você perceberá que muitos dos asiáticos que emigram para outros países mantêm sua fé viva. Eles são nossos missionários nessas igrejas antigas. Eles trazem uma esperança e um zelo renovados para esses seus “novos lares”. Também somos testemunhas de muitas igrejas perseguidas na Ásia. Nem sempre é fácil viver a fé cristã em algumas partes do continente. Apesar desses desafios - políticos, econômicos, sociais e culturais - sua fé continua não apenas viva, mas também dinâmica de diferentes maneiras.

O que é necessário para a Igreja na Ásia ou em cada uma dessas quatro Igrejas que o Papa visitará?

É difícil para mim dizer o que cada uma das Igrejas precisa, mas minha oração é que a visita do Santo Padre leve a um zelo renovado pela fé e a uma maior abertura para vivermos em paz e cuidarmos uns dos outros como irmãs e irmãos, cada um cuidando do outro independentemente das diferenças que possamos ter.

Em sua opinião, qual será a importância do tópico de cuidados climáticos e ambientais, já que essa parte do continente está sendo cada vez mais afetada por desastres naturais causados pela crise climática?

Os efeitos da mudança climática estão sendo sentidos de forma devastadora na Ásia. Como a questão do cuidado com o clima está próxima do coração do Santo Padre, tenho certeza de que ele abordará esse tópico. Não podemos mais ser espectadores, mas devemos nos envolver ativamente na promoção do cuidado com o clima para o bem comum de todos. A Igreja na Ásia também deve desempenhar um papel de liderança na promoção dessa mudança na região e no mundo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Bernardo de Claraval, monge cisterciense e doutor da Igreja

© FR LAWRENCE LEW CC
20 de agosto
País: França
São Bernardo de Claraval

Por Dom Orani João Tempesta - publicado em 20/08/23

Cardeal Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ)

Os mosteiros cistercienses produziram grandes místicos. O mais importante deles foi São Bernardo de Claraval

São Bernardo de Claraval, celebrado no dia 20 de agosto, é monge cisterciense e doutor da Igreja. Ele, a justo título, pode ser considerado cofundador da Ordem Cisterciense – depois de São Roberto, Santo Alberico e Santo Estêvão Harding, dado o seu empenho por revitalizá-la num tempo de grande crise de vocações – e também o pai do movimento místico que, com segurança, podemos chamar de Escola Cisterciense de Espiritualidade. Estes pontos, fundamentado em grandes autoridades sobre o nosso santo, dão o escopo deste artigo.

O Papa Bento XVI é quem nos apresenta uma síntese simples, mas também abarcante sobre a vida de São Bernardo nos albores de sua busca religiosa: “Não conhecemos os pormenores dos anos da sua infância; sabemos, contudo, que ele nasceu, em 1090, em Fontaines na França, numa família numerosa e discretamente abastada. Ainda jovem, prodigalizou-se no estudo das chamadas artes liberais – especialmente da gramática, da retórica e da dialética – na escola dos Cônegos da igreja de Saint-Vorles, em Châtillon-sur-Seine e amadureceu lentamente a decisão de entrar na vida religiosa. Por volta dos vinte anos, entrou em Cîteaux, uma fundação monástica nova, mais ativa em relação aos antigos e veneráveis mosteiros de então e, ao mesmo tempo, mais rigorosa na prática dos conselhos evangélicos. Alguns anos mais tarde, em 1115, Bernardo foi enviado por Santo Estêvão Harding, terceiro Abade de Cîteaux, para fundar o mosteiro de Claraval (Clairvaux). Aqui o jovem Abade, que tinha apenas vinte e cinco anos, pôde apurar a própria concepção da vida monástica, e empenhar-se em pô-la em prática. Olhando para a disciplina de outros mosteiros, Bernardo recordou, com decisão, a necessidade de uma vida sóbria e comedida, tanto à mesa como no vestuário e nos edifícios monásticos, recomendando o sustento e a atenção aos pobres. No entanto, a comunidade de Claraval tornava-se cada vez mais numerosa, e multiplicava as suas fundações” (Audiência geral, 21/10/2009, on-line). Para uma leitura rápida, porém escrita com maestria, além das obras citadas neste artigo, o leitor interessado em melhor conhecer nosso santo pode recorrer a Daniel Rops. “Bernardo de Claraval: testemunha do seu tempo perante Deus”, da conceituada Editora Quadrante, de São Paulo.

Gostaríamos também de enfatizar a ideia de que o santo de Claraval pode ser considerado o cofundador da Ordem Cisterciense. Por quê? – Porque certo tempo após o glorioso 1098, quando São Roberto, Santo Alberico, Santo Estêvão Harding e mais 21 companheiros, fundam Cister com a intenção de voltar ao primitivo rigor da Regra de São Bento, o mosteiro começa a sentir a falta de vocações. Por um lado, devido à peste que ceifara a vida de não poucos monges e por outro pela própria falta de candidatos. Deus, no entanto, no abaciado de Santo Estêvão Harding, chamou, em 1113, para a Ordem, o jovem Bernardo, depois mundialmente conhecido como “de Claraval”, com mais 30 amigos. Ocorre, então, um crescimento estupendo da Ordem Cisterciense. 

Eis o que sobre isso pôde escrever Dom Luís Alberto Ruas Santos, O. Cist.: “Houve um momento em que a Europa foi cisterciense: uma rede de mosteiros desta ordem monástica estendia-se por todo o continente, de Portugal à Estônia, da Noruega à Sicília. O século XII marcou o apogeu dos cistercienses, um ramo do grande tronco beneditino, que procurou dar novo vigor aos valores tradicionais do monaquismo, busca de Deus na solidão e no silêncio, no quadro de uma comunidade fraterna, ascetismo liberador das melhores energias espirituais do ser humano, despojamento e simplicidade em todas as coisas, da liturgia e arquitetura ao vestuário e alimentação. Essa era a época da Reforma Gregoriana, em que se buscava uma maior autenticidade evangélica e cristã em todos os aspectos da vida da Igreja, seja nas estruturas hierárquicas, livrando-a de ingerências seculares, seja na própria vida religiosa que era então predominantemente monástica” (Os cistercienses. Documentos primitivos. São Paulo: Musa/Rio de Janeiro: Lumen Christi, 1997, p. 7). Ainda que, infelizmente, esse avanço muito tenha se retraído na Europa, foi possível aos cistercienses chegarem e se estabelecerem no Brasil, no século XX, com a graça de Deus, e aqui levarem avante o carisma da Ordem a serviço da Igreja.

Passamos, agora, a outro ponto. Durante longo tempo, alguns grandes mestres da Espiritualidade e Mística, como Pe. Adolphe Tanquerey e Frei Antonio Royo Marín, por exemplo, inseriram, sem mais, os cistercienses na mesma escola de Espiritualidade dos nossos irmãos beneditinos. Tal inserção é, de si, legítima, uma vez que a Regra de São Bento e a tradição beneditina são suportes de base ou alicerces da vida cisterciense. Somos gratos devedores dos beneditinos em tudo o que nos legaram de suas raízes profundas. No entanto, mais recentemente, começou, sem romper com a base, a se perceber um fato notório, conforme anota Dom Luís Alberto Ruas Santos, O. Cist: “Os mosteiros cistercienses produziram grandes místicos. O mais importante deles foi São Bernardo de Claraval. Há muitos outros nomes, sobretudo no século XII, como Guilherme de Saint-Thierry, Elredo de Rievaulx ou Isaac de Estrela, para citar apenas os mais conhecidos. Todos eles escreveram sobre sua experiência mística pessoal. O florescimento da escola cisterciense é o grande atestado de sucesso da aventura espiritual vivida nos mosteiros da Ordem. Esses autores oferecem em suas obras riquezas espirituais que guardam, ainda hoje, todo o seu valor, não só para os monges, mas para todos os cristãos. Talvez não tenha havido na Igreja uma escola de espiritualidade tão uniforme na temática e com tantos autores como a cisterciense” (Bernardo de Claraval. Vida e obra do último dos padres. Campinas: Ecclesiae, p. 47).

Essa espiritualidade comporta “uma síntese feliz e atraente dos três elementos que predominavam nos movimentos de reforma monástica. Os mosteiros da Ordem ofereciam um alto grau de solidão, seja pelo afastamento da sociedade e da trama de seus relacionamentos, seja pela estrita disciplina de silêncio que neles vigorava, com longas horas dedicadas à lectio – leitura orante e meditada da Palavra de Deus – e à oração privada, e ao mesmo tempo o consolo de uma comunidade fraterna. Por outras palavras, havia na vida cisterciense uma boa dose de eremitismo dentro de um quadro de comunhão fraterna própria ao cenobitismo e ao ideal de vida apostólica. Enfim, os cistercienses quiseram ser pauperes Christi, pobres de Cristo, ou seja, pobres com o Cristo pobre e, com isso, encontraram a terceira tendência do monaquismo reformado do século XI” (idem, p. 44).

Outro monge, desta vez um trapista, arremata este tópico da exposição com estas palavras: “Existe uma ‘espiritualidade cisterciense’ (fé levada à vida com uma forma determinada), distinguível das outras espiritualidades, inclusive monástica. Alguns dos elementos dessa espiritualidade seriam: a importância da experiência pessoal e comunitária, a afetividade, a Regra de São Bento sem acréscimos, a caridade cenobita e contemplativa, a unanimidade, a amizade, a santa Humanidade de Jesus Cristo, a devoção mariana… Não faltam os que opinam que não se pode falar de uma espiritualidade propriamente cisterciense (J. Lecrercq). Mas, existe sim, graças aos cistercienses, e sobretudo a São Bernardo de Claraval, uma ‘teologia da espiritualidade ou da mística’” (Dom Bernardo Olivera, OCSO. Introducción a los Padres e Madres cistercienses de los siglos XII e XIII. Burgos: Fonte & Monte Carmelo, 2020, p. 45). Louvemos, pois, nosso santo por inaugurar, com seu pensamento, suas pregações e escritas e suas ações concretas (que foram muitas!) em favor da Igreja, essa Escola de Espiritualidade tão profícua que tanto bem fez e faz ao Povo de Deus.

Com grande honra, celebramos também São Bernardo como Doutor da Igreja, ou seja, o (a) santo(a) que preenche as três notas necessárias para tal: a) ortodoxia ou retidão da doutrina; b) santidade de vida que tanto os contemporâneos quanto os posteriores reconheçam; c) aprovação da Igreja – não necessariamente de modo explícito – a partir do que ensinou pela palavra oral ou escrita (cf. Pergunte e Responderemos n. 429, p. 87-91). Mais ainda: nosso santo mereceu entre os santos doutores o destacável apelativo de Doutor Melífluo, isto é, aquele que tem palavras doces como mel (cf. Pr 16,24). 

Com efeito, declarado Doutor da Igreja, em 23 de julho de 1830, pelo Papa Pio VIII, no Breve Quod unum, São Bernardo de Claraval mereceu, em 24 de maio de 1953, por ocasião do oitavo centenário de sua morte, estas palavras do Santo Padre Pio XII: “O doutor melífluo, ‘último dos padres, mas certamente não inferior aos primeiros’ (Mabillon, Bernardi Opera, Praef. generalis, n. 23; PL 182, 26), distinguiu-se por tais dotes de mente e de espírito, enriquecidos por Deus com dons celestes, que pareceu dominar totalmente nas múltiplas e turbulentas vicissitudes da sua era, por santidade, sabedoria, suma prudência e conselho na ação. Por isso, não só os romanos pontífices e escritores da Igreja católica, mas também não raramente os próprios hereges lhe tributam grandes louvores. E nosso predecessor de feliz memória Alexandre III, quando o inseriu, com universal júbilo, no catálogo dos santos, assim escreveu com veneração: ‘...Evocamos a santa e venerável vida do mesmo bem-aventurado: pois que ele, amparado por singular prerrogativa da graça, não só resplandeceu em santidade e religião, mas também irradiou, em toda a Igreja de Deus, a luz da sua fé e doutrina. Na verdade, não há ninguém, por assim dizer, em toda a cristandade que ignore o fruto que ele produziu na casa de Deus com sua palavra e exemplo, visto que difundiu as instituições da nossa santa religião até às terras estrangeiras e bárbaras... e fez voltar uma infinita multidão de pecadores... à reta prática da vida espiritual’ (Carta Apost. Contigit olim, 17 de janeiro de 1174). ‘Ele foi com efeito como escreve o Cardeal Barônio – homem verdadeiramente apostólico, autêntico apóstolo enviado por Deus, poderoso em obras e palavras, tornando célebre em toda a parte e em todas as coisas o seu apostolado com os prodígios que o acompanhavam, de maneira que se deve dizer que em nada foi inferior aos grandes apóstolos... ornamento e ao mesmo tempo amparo de toda a Igreja católica’ (Annal. t. XII, An. 1153, p. 385)” (Encíclica Doctor Mellifluus, 1953, n. 1).

Pio XII usa, logo de início, como se vê, uma citação que é bela, porém emblemática. Sim, diz o seguinte: “O doutor melífluo, ‘último dos padres, mas certamente não inferior aos primeiros’”. Como entender isto? – Comecemos por esclarecer que “Padres da Igreja são escritores (não necessariamente presbíteros ou bispos) que, nos primeiros séculos, contribuíram para a exata elaboração e a precisa formulação das verdades da fé em tempos de debates teológicos com escolas heréticas” (Dom Estêvão Bettencourt, OSB. História da Igreja. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2012, p. 16). Pois bem, mas se esses Padres estão nos primeiros séculos da Igreja, como São Bernardo, vivendo no século XII, pode ser considerado um deles? – É o Papa Bento XVI quem nos esclarece desta vez: “Hoje gostaria de falar de São Bernardo de Claraval, chamado ‘o último dos Padres’ da Igreja, porque no século XII, mais uma vez, renovou e tornou presente a grande teologia dos Padres” (Audiência geral, 21/10/2009, on-line). 

Peçamos, pois, que o nosso grande São Bernardo de Claraval, monge dedicado a Deus e, por conseguinte, à Igreja e a cada homens e mulher com quem tomava contato, interceda junto à Trindade Santíssima por todos nós a fim de que saibamos, em pleno século XXI, ouvir, discernir e corresponder ao chamado do Senhor em nossas vidas. 

Fonte: https://pt.aleteia.org/2023/08/20/sao-bernardo-de-claraval-monge-cisterciense-e-doutor-da-igreja

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

A ação evangelizadora em São Gregório de Nazianzo

Ação evengelizadora (Diocese de Marabá)

A ação evangelizadora em São Gregório de Nazianzo

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)

A Igreja nos primeiros séculos, através dos padres, os primeiros escritores cristãos, refletiu o Evangelho de Jesus Cristo e o anunciou aos outros com fé, com esperança e com caridade. A sua ação esteve ligada ao Evangelho e por isso levou uma boa mensagem ao mundo familiar, comunitário e social num meio alheio, muitas vezes à mensagem evangélica, porque o contexto era politeísta, com muitos deuses. A palavra proferida na Igreja e também na objetividade teve um grande valor porque influenciou a vida em geral das pessoas e a concretização do mandamento da lei do Senhor Jesus, no amor a Deus, ao próximo como a si mesmo (cfr. Mc 12,30). A seguir vejamos como a ação evangelizadora em São Gregório de Nazianzo, bispo de Constantinopla, século IV alude a atual ação em nossas comunidades missionárias, nas pastorais, nos movimentos e nos serviços.  

Não condenar a pessoa

São Gregório de Nazianzo afirmou a importância do discernimento para não condenar a pessoa na evangelização, no pastoreio por parte de seus responsáveis, mas ele convidava à uma atitude de conversão pastoral, na demonstração de humildade, pois a sua condenação ou o desprezo levariam a pessoa ao afastamento de Cristo (1). O fato era que a ação evangelizadora impulsiona a pessoa e as comunidades a amar mais a Cristo, a sua palavra do que o seu afastamento. A pastoral leva as pessoas a viver o mandamento do amor do Senhor, sobretudo com as pessoas mais necessitadas.  

A boa semente e o joio

O Bispo teve presente a parábola da boa semente e o joio (cfr. Mt 13,24-30) na qual o semeador semeou o trigo e veio o inimigo para semear no meio dele o joio, a má semente. Algumas pessoas desejariam logo a separação das sementes, mas a ação evangelizadora anda na paciência das coisas porque tirando o joio, como dizia a parábola, arrancar-se-ia também o trigo de modo que só no final haverá a separação pelo próprio Senhor. O importante é que a vida cristã colabore com a boa semente na paz e no amor das pessoas e das comunidades.  

A correção com amor

A correção na evangelização dar-se-á com caridade, com amor, a exemplo do médico que corta a dor da doença de modo que a pessoa perceba a sua própria debilidade (2). A pessoa é chamada a notar bem as suas coisas, antes mesmo de condenar alguém sem o devido motivo na evangelização. Em tempos de sinodalidade como o Papa Francisco deseja de toda a Igreja, é preciso a vivencia da correção fraterna em vista da unidade na diversidade na evangelização.  

O julgamento dado com a mesma medida

São Gregório de Nazianzo disse que a pessoa é imagem de Deus, conforme a Sagrada Escritura diz (cfr. Gn 1,26) de modo que não é possível julgar os outros porque a pessoa também será julgada com a mesma medida que ela julgou as pessoas (cfr. Mt 7, 1-2). Desta forma o rigor humano demais consigo mesmo não serve, disse o bispo para que assim a parte boa não haja dano, mas a pessoa corrija e exorta a si mesmo e aos outros pela caridade (cfr. 2 Tm 4,2) (3).

Discipulado em Cristo

São Gregório percebeu a importância do discipulado em Cristo Jesus pela ação evangelizadora, de modo que a pessoa seja mansa, e cheia de amor para com os outros a exemplo de Jesus que foi humilde de coração e amou os seres humanos até o fim (cfr. Jo 13, 1), que carregou sobre si s nossas debilidades (4). São Gregório seguiu a palavra do Senhor pela correção fraterna na qual a pessoa, quando ofender a outra, é corrigida em particular, depois por duas ou mais testemunhas, e por fim pela comunidade (cfr. Mt 18,15-17). No tempo do bispo, a correção ocorreria pela confissão, humilhação em público, pelo comportamento humilde da penitência pública (5).  

O perfume do óleo

São Gregório teve presente a importância do sacramento da crisma na vida da comunidade. A pessoa que foi ungida pelo crisma espiritual, dada pelo dom do Espírito Santo, comunica para os outros o perfume que a pessoa carrega dentro de si para os outros. A sua doença, segundo o bispo São Gregório é um cheiro repugnante que talvez será superado e eliminado pelo bom perfume da pessoa, o seu testemunho de vida, ligado ao de Jesus (6).  

O corte do mal, não das pessoas 

São Gregório ensinou que a ação evangelizadora leve em conta o corte do mal em si, do egoísmo, da falta de fraternidade, não das pessoas, porque estas são passiveis de conversão. Assim a bondade demonstrada na vida particular e à vida nas comunidades influenciarão a prática do amor, a fim de que a ação evangelizadora dada com alegria e com caridade, ganhe o outro, as comunidades para que não se perca nenhum ser humano aos olhos de Deus, porque são todos membros nas quais Cristo sofreu, morreu e ressuscitou dos mortos (7). 

A ação evangelizadora é a vida da pessoa seguidora de Jesus no seu profundo amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. O Evangelho pregado, meditado e vivido traz frutos se acompanhado pelas ações caritativas. São Gregório de Nazianzo viveu a dimensão da evangelização e ele contribui com fé, com esperança e com caridade no seu tempo e na vida da Igreja e no mundo de hoje.  

_______________

1 Cfr. Gregório di Nazianzo. Discorsos sulla moderazione nel disputare, 29-31. In: La Teologia dei Padri,
Volume IV. Roma: Città Nuova Editrice. 1982, pg. 126.
2 Cfr. Idem, pg. 126.

3 Cfr. Ibidem, pg. 126.
4 Cfr. Ibidem, pg. 126.
5 Cfr. Ibidem, pg. 126.
6 Cfr. Ibidem, pg. 126.
7 Cfr. Ibidem, pg. 126.

Fontes: https://www.cnbb.org.br/   -  https://diocesedemaraba.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF