Translate

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

CRISTANDADE: Os sacramentos de Jesus e das crianças

Bento XVI dá a comunhão a uma criança na Basílica de San Lorenzo Fuori le Mura, Roma
[© Osservatore Romano] | 30Giorni

Os sacramentos de Jesus e das crianças

O prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, no L'Osservatore Romano de domingo, 8 de agosto, afirma que hoje é ainda mais necessário antecipar a idade da primeira comunhão.

do Cardeal Antonio Cañizares Llovera

Há cem anos, com o decreto Quam singulari , Pio Esta disposição implicou uma mudança muito importante na prática pastoral e na concepção habitual da época, que por diversas razões atrasou este acontecimento tão fundamental para o homem.

Com este decreto Pio a vida de todos os batizados, inclusive das crianças. Ao mesmo tempo, sublinhou e lembrou a todos o amor e a predileção de Jesus pelas crianças, pois ele, além de se tornar criança, manifestou o seu amor por elas com gestos e palavras, a ponto de dizer: «Se vocês não se tornarem como filhos, não entrareis no reino dos céus”; «Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais: de facto o reino de Deus pertence aos que são como elas». Eles são sempre amigos muito especiais do Senhor.

Com a mesma predileção, o mesmo olhar amoroso e a mesma atenção e solicitude especial, a Igreja olha, acompanha, cuida e preocupa-se com as crianças. Por isso, como mãe amorosa, espera que os seus pequenos filhos, os primeiros no reino dos céus, participem em breve, com a devida disposição, do melhor e maior presente que Jesus nos deixou na sua memória: o seu corpo e a sua sangue, o pão da vida. Graças à sagrada comunhão, o próprio Jesus, Filho único de Deus, entra na vida de quem o recebe e nele passa a residir.

Não há amor maior, nem presente maior. Este é um presente de amor que vale mais do que qualquer outra coisa na vida de qualquer homem. Estar com o Senhor; que o Senhor esteja em nós, dentro de nós; que nos alimenta e nos sacia; pega-nos pela mão e guia-nos; que ele nos reanima e que permaneçamos fiéis na comunhão e na amizade com ele: é sem dúvida a coisa maior, mais gratificante, mais alegre que pode acontecer. Como, então, as crianças podem adiar este encontro com Jesus, visto que são os seus melhores amigos, aqueles que são amados de modo especial por Deus Pai, objeto do cuidado especial da Igreja, a santa mãe?

A primeira comunhão dos filhos é como o início de um caminho junto com Jesus, em comunhão com Ele: o início de uma amizade destinada a durar e a fortalecer-se com Ele por toda a vida; o início de um caminho, porque com Jesus, unidos sem separar, caminhamos bem e a vida torna-se boa e alegre; com ele dentro de nós sem dúvida poderemos ser pessoas melhores. A sua presença entre nós e conosco é luz, vida e pão de caminho. O encontro com Jesus é a força que necessitamos para viver com alegria e esperança.

Não podemos, atrasando a primeira comunhão, privar as crianças - a alma e o espírito das crianças - desta graça, obra e presença de Jesus, deste encontro de amizade com Ele, desta participação singular do próprio Jesus e deste alimento do céu na para amadurecer e assim alcançar a plenitude. Todos, principalmente as crianças, precisam do pão que desceu do céu, porque a alma também deve ser nutrida, e as nossas conquistas, a ciência, as técnicas não bastam, por mais importantes que sejam. Precisamos que Cristo cresça e amadureça em nossas vidas.

Isto é ainda mais importante nos momentos que vivemos e é especialmente importante para as crianças, cuja grandeza, pureza, simplicidade, “santidade”, atitude para com Deus e amor que as constituem são, infelizmente, frequentemente manipuladas e destruídas. As crianças vivem imersas em mil dificuldades, rodeadas por um ambiente difícil que não as encoraja a ser o que Deus quer delas; e muitas vítimas de crises familiares. Neste clima, o encontro, a amizade, a união com Jesus, a sua presença e a sua força são ainda mais necessários para eles. São, sem dúvida, graças à sua alma imaculada e aberta, os que estão mais dispostos a este encontro.

O centenário do decreto Quam singulari é uma ocasião providencial para recordar e insistir em fazer a primeira comunhão quando as crianças atingem a idade de usar a razão, que hoje parece até ter sido antecipada. A prática cada vez mais introduzida de aumentar a idade da primeira comunhão não é, portanto, recomendável. Pelo contrário, é ainda mais necessário antecipá-lo. Diante do que acontece com as crianças e de um ambiente tão adverso em que não devemos privá-las do dom de Deus: pode ser, é a garantia do seu crescimento como filhos de Deus, gerado pelos sacramentos da iniciação cristã no ventre da santa mãe Igreja. A graça do dom de Deus é mais poderosa do que as nossas obras, os nossos planos e programas.

Quando Pio Hoje devemos acompanhar esta mesma antecipação do tempo com uma nova e vigorosa pastoral de iniciação cristã. As linhas traçadas pelo Catecismo da Igreja Católica, pelo diretório geral da catequese e pelo diretório das missas infantis são um guia essencial nesta nova ou renovada pastoral de iniciação cristã tão fundamental para o futuro da Igreja, mãe que, com a ajuda da graça do Espírito gera e amadurece os seus filhos através dos sacramentos da iniciação, da catequese e de toda a ação pastoral que a acompanha.

Por isso, não fechemos os ouvidos às palavras de Jesus: “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais”. Ele quer estar neles e com eles, porque «o reino de Deus pertence aos filhos e aos que são como eles».

Arquivo 30Dias - 08/09 - 2010

Fonte: http://www.30giorni.it/

Santa Rosa de Lima

Santa Rosa de Lima (Guadium Press)
23 de agosto
País: Peru
Santa Rosa de Lima

Deus não suscitou para salvar a América um grande pregador, mas sim uma mulher dotada de uma missão de caráter universal: Santa Rosa de Lima.

Redação (22/08/2022 19:01, Gaudium Press) Quem conhece a frase: “Cristo é a minha força, a Oração é meu baluarte, a Fé é meu escudo” tem a tendência de julgar que ela seja o dito de um cavaleiro medieval, o lema de um cruzado cheio de religiosidade ou ainda o testemunho de um guerreiro destemido e temente a Deus.

E não há nenhum descabimento nesse julgamento. Porque esta afirmação fogosa faz parte de uma das orações preferidas por uma pessoa que, na realidade, foi uma lutadora na presença do Altíssimo, uma conquistadora de almas para Deus, uma batalhadora mística “tomada pelo íntimo ardor causado pela proximidade de Jesus Cristo”.

– Então, quem fez esta proclamação tão destemida?

Uma donzela! Donzela frágil, persistente, sofredora, obediente, pura. Uma jovem que, desde pequena, teve grande pendor para a oração, a meditação e o serviço junto aos mais necessitados. Uma jovem que, ainda menina, viu seu nome mudado por causa de sua grande beleza, fragilidade e meiguice. E quem foi ela?

Isabel, que se tornou Rosa de Santa Maria…

Santa Rosa de Lima (Guadium Press)

Seu nome de batismo era Isabel Mariana de Jesus Paredes Flores y Oliva….

Ela era descendente de conquistadores espanhóis, foi a terceira dos onze filhos do próspero casal Gaspar de Flores, um espanhol que prestava serviço ao Vice-Rei do Peru como arcabuzeiro, e de Maria de Oliva, uma distinta senhora que vivia em Lima.

Isabel nasceu na Vila de Quives, na cidade de Lima, capital do Peru, no dia 30 de abril do ano de 1586. Na casa de seus pais vivia uma índia que se chamava Mariana. Como criada, ela ajudava Dona Maria de Oliva nos serviços domésticos e era muito prestativa. Num dia em que toda a família estava reunida, Mariana dirigiu-se a Isabel exclamando: “Você é bonita como uma rosa!

A família inteira ouviu a afirmação e todos concordaram com a fiel índia. Dai surgiu o apelido de “Rosa”. A extraordinária beleza de Isabel motivou a mudança de seu nome. Sua mãe mesma, ao ver aquele rosto rosado e belo, começou a chamar a filha de “Rosa”. De Isabel ela passou a ser chamada de Rosa. E um dia a menina mesma mostrou como gostaria de ser chamada: Rosa de Santa Maria. Bem mais tarde ainda, Isabel Mariana de Jesus Paredes Flores y Oliva tornou-se conhecida no mundo todo pelo título que a Santa Igreja lhe deu: Rosa de Lima, ou melhor, Santa Rosa de Lima!

“Dedique a mim todo seu amor…”

Desde pequena Rosa teve grande tendência para a oração e a meditação. Procurava ver na beleza das coisas criadas os reflexos da sabedoria, da bondade de Deus. E bem cedo ela deu mostras de ser uma alma predestinada: tornou-se grande devota de Nossa Senhora. A cada instante recorria à proteção certa da Santa Virgem Mãe de Deus.

Rosa, cresceu tendo o piedoso costume de rezar diante de uma imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus em seus braços. Certo dia, estando absorta em suas orações, a jovenzinha ouviu uma voz que vinha da pequena imagem de Jesus:

– “Rosa, dedique a mim todo o seu amor…”

Ela não duvidou: aquele apelo vinha de Deus. Ouvindo-o, ela tomou a decisão de dedicar inteiramente a Nosso Senhor um amor excludente. Só a Ele ela dedicaria seu amor, seu amor seria somente de Jesus. E assim foi até fim de seus dias.

Sua grande beleza, aliada à boa formação recebida e à fama de ser a moça mais virtuosa e prendada da cidade, levou jovens entre os mais ricos e distintos cavaleiros de Lima e arredores a se interessarem por ela e dela se aproximarem com o desejo legítimo e sincero de constituir uma família. Ela, porém, já havia se comprometido com o Esposo das Virgens. Levava isso muito a sério e encontrava sua felicidade nesse comprometimento. Por isso ela costumava dizer que “o prazer e a felicidade que o mundo pode me oferecer são simplesmente uma sombra em comparação com o que sinto”.

A fim de evitar qualquer volta atrás em sua decisão de dedicar a Jesus todo seu amor, para que não fosse causa de tentação para rapazes que a vissem e também para que ela mesma não fosse alvo de tentações que a levassem a esquecer o pedido de Nosso Senhor, Rosa tomou uma decisão radical: cortou seus longos e bem tratados cabelos e passou a cobrir seu belo rosto com um véu.

Pobre e sem revolta

A família de Rosa tinha bons recursos econômicos. Apesar disso, o pai necessitava trabalhar, inclusive prestando serviços ao Vice-Rei, a fim de manter sua posição econômica e social.

Devido ao insucesso ocorrido numa empresa de mineração em que Gaspar de Flores estava empenhado, sua situação financeira comprometeu-se a tal ponto que a família ficou pobre, chegando à beira da miséria. Por isso, Rosa cresceu na pobreza e, ainda na adolescência, teve que trabalhar duramente para ajudar a família.

Ela trabalhou como doméstica e, além disso, durante o dia, trabalhava no campo como lavradora e até altas horas da noite costurava, bordava, fazia rendas e brocardos para assim poder ajudar no sustento da casa.

Rosa nunca deixava de fazer suas orações por causa dos trabalhos que tinha que exercer. Ainda encontrava tempo para visitar frequentemente os pobres e enfermos. Rosa nunca deixava de fazer suas orações por causa dos trabalhos que tinha que exercer. Ainda encontrava tempo para visitar frequentemente os pobres e enfermos.

É por isso mesmo que dela se afirma ser alegre e ter sabido executar a harpa de forma graciosa e ainda cantar belas canções com uma voz doce e melodiosa.

Milagres, sofrimentos e espírito missionário

Santa Rosa de Lima (Guadium Press)

Aqueles que com ela conviveram ou escreveram sua biografia afirmam que, ainda em vida, era grande intercessora junto a Deus e por sua mediação foram atribuídos acontecimentos e fatos prodigiosos. Entre aqueles que atestam sua poderosa intercessão ainda em vida, encontramos Frei Juan de Lorenzana que, além de ter convivido com Rosa, foi confessor da Santa. Ela tinha dons e carismas especiais, afirma.

A ela são atribuídos milagres de curas, de conversões, de propiciações de chuvas e amenizações do clima. Todos eles são unanimes em admitir que suas orações foram que impediram que Lima fosse invadida por piratas holandeses em 1615.

Apesar de ter sido agraciada com experiencias místicas incomuns e com o dom dos milagres, nunca lhe faltou as dificuldades na vida. Em toda sua vida, a cruz foi sua companheira inseparável. Ela aproveitou-se de sua vida crucificada para, de certo modo, compartilhar com os sofrimentos do Divino Salvador. Eram sofrimentos provindos, muitas vezes de incompreensões gratuitas e perseguições descabidas, sem falar de sofrimentos físicos, das agudas dores causadas por uma prolongada doença que a acompanhou até o final de seus dias.

Seus sofrimentos pareciam inexplicáveis. E ela tentava mostrar seus sentimentos e não sabia como: “Posso explicá-los só com o silêncio” e admitia: “eu não acreditava que uma criatura pudesse ser acometida de tão grandes sofrimentos”. Finalmente, as atitudes que tomava demonstravam que, por amor a Deus, ela tinha uma aceitação plena de tudo que lhe era oferecido pela Providencia Divina: -“Meu Deus, podes aumentar os sofrimentos, contanto que aumentes meu amor por ti”, dizia ela, enquanto rezava.

Rosa era particularmente devota de Nossa Senhora e pedia insistentemente à Santa Mãe de Deus pelo crescimento da Igreja, sobretudo entre os indígenas americanos. Era tão grande seu amor apostólico pelos índios que em certa ocasião afirmou que, se não fosse mulher, seria um missionário entre esses seres que também foram redimidos pelo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como missionário, ela acreditava poder dedicar-se inteiramente à salvação de todos eles, poderia fazer por eles ainda mais do que já fazia.

Uma borboleta nas cores branca e preta

Tendo idade para casar-se, ela preferiu fazer voto particular de castidade. Isso, depois de lutar contra o desejo contrário de seus pais. Quis então, para satisfazer um desejo de sua alma, ingressar no convento de uma ordem religiosa para viver uma vida consagrada a Deus. Escolheu, então, a ordem em que gostaria de entrar. No dia de sua admissão, estando rezando diante de uma imagem de Nossa Senhora, sentiu que não conseguia levantar-se de onde estava, nem mesmo com a ajuda de seus irmãos. Nesse instante Rosa percebeu que aquilo só poderia tratar-se de um aviso dos céus: que ela não se dirigisse para aquele convento que estava prestes a ingressar.

Foi, então, que ela fez uma prece a Nossa Senhora na qual submetia-se inteiramente à vontade divina. Ela iria para onde fosse da vontade de Deus. Isto foi suficiente para que a paralisia desaparecesse por completo e, imediatamente, ela recuperasse os movimentos, levantando-se e caminhando sem precisar do auxilia dos irmãos. A partir deste dia, Rosa, que se espelhava em Santa Catarina de Sena como modelo de vida a ser seguido, passou a pedir diariamente que, por intercessão da Santa, Nosso Senhor lhe indicasse em que ordem religiosa deveria ingressar.

Todos os dias, enquanto rezava, ela percebeu que, assim que iniciava suas orações, aparecia uma pequena borboleta que tinha as cores branca e preta. Sem perturbar o recolhimento e a compenetração de Rosa, o pequeno animal voava de um lado para o outro, enquanto ela estivesse em oração.

Para Rosa, isso era outro sinal de Deus. E foi suficiente para a jovem entender onde serviria melhor a Deus e aos irmãos: ela deveria ingressar na Ordem Terceira da Congregação de São Domingos, cujas vestimentas eram nas cores preto e o branco. As cores da pequena borboleta que a visitava diariamente eram as mesmas do hábito de Santa Catarina de Sena, a santa pela qual tinha tanta devoção e a quem deseja tanto imitar. Em 1606, aos vinte anos, ingressou na Ordem Terceira Dominicana.

Pediu licença para emitir os votos religiosos em casa e não no convento. Sendo aceito seu pedido, ela fez os votos, passando, então, a pertencer oficialmente à Ordem de São Domingos. E ela escolheu também seu nome de religiosa que passou a ser oficialmente Rosa: Rosa de Santa Maria.

No jardim e quintal da casa de seus pais, edificou um eremitério. Construiu para si uma pequena e estreita cela e passou a levar uma vida religiosa de austeridade, de mortificação e de abandono à vontade de Deus. Praticava a penitencia e castigava seu corpo com jejuns constantes consumindo o mínimo necessário de alimentos para sua sobrevivência. Quase não bebia água. Sua cama era um tábua coberta com um saco de estopa.

Na simplicidade de vida de leiga que levava, foi modelo de vida de penitencia, de pureza ilibada, de oração perseverante e do contínuo serviço espiritual e material aos irmãos. Portava cilícios dolorosos e conta-se que utilizava muitas vezes um aro de prata semelhante a uma coroa de espinhos. Numa época em que isso não era comum, Rosa comungava diariamente. Ela conseguiu eliminar de sua vida todo orgulho, amor próprio e vaidade, tendo sido cumpridas nela as palavras de Cristo: “Quem se humilha será exaltado”. Meditava com frequência e ao olhar para o crucifixo dizia:

– “Senhor, Vossa cruz é muito mais cruel que a minha”.

Dentro da vida austera, pobre e alegre que levava, seu coração voava. E em seus voos contemplativos ela admirava a beleza das coisas criadas à imagem e semelhança do Criador e a Ele prestava louvor, honra e glória. Um verso de sua autoria e que ela costumava repetir em forma de oração mostra como era sua alma e em que cogitações vivia:

– Meu querido Senhor, quanto é bom ver nas flores, e no verde sombrio da copada oliveira, toda vossa beleza. Como é doce saber que abençoar-me quereis, e meu coração de alegrias encher!

De fato, dentro e sua vida simples e de abandono à vontade de Deus, alcançou um alto grau de vida contemplativa e de experiência mística. Compreendeu em profundidade o mistério da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Suas orações e penitências conseguiram converter muitos pecadores. Rosa de Santa Maria foi extremamente bondosa e caridosa para com todos, especialmente para com os índios e negros, aos quais prestava os serviços mais humildes em caso de doença. Frequentemente visitava os enfermos e os pobres.

Núpcias eternas e canonização

Todos os anos, na festa de São Bartolomeu, Rosa passava o dia inteiro em oração. Quando lhe perguntavam por que aquela data a deixava tão contemplativa, mais orante e mais posta nas mãos de Deus, ela dava uma resposta que seus ouvintes não chegavam a compreender bem:

– “É porque este é o dia das minhas núpcias eternas”, dizia.

A cada 24 de agosto o fato se repetia. E os que a cercavam continuavam sem entender. Isso aconteceu até o ano de 1617. Rosa vinha suportando uma grave enfermidade que insistia em não abandoná-la. No dia de São Bartolomeu desse ano, ela morreu. Tinha apenas 31 anos. Como ela havia anunciado, aconteceu o que ela já previra: o dia 24 e agosto seria o dia de seu encontro eterno com Deus, seria o dia de suas “núpcias eternas” com Nosso Senhor Jesus Cristo! Suas últimas palavras foram:

– Jesus está comigo!

O Peru inteiro chorou sua morte. Seu sepultamento foi apoteótico. Seu túmulo, os locais onde viveu e trabalhou pela Igreja bem cedo tornaram-se locais de peregrinações. Muitos milagres começaram a acontecer. A beatificação de Rosa de Santa Maria deu-se no ano de 1667, logo no primeiro ano do pontificado do Papa Clemente IX.

A concretização de sua canonização demorou um pouco mais para acontecer. O Papa Clemente X relutava em elevá-la à glória dos altares. Mas o Papa convenceu-se de que deveria canonizá-la depois que presenciou uma milagrosa chuva de pétalas de rosas que caiu sobre ele e que todos atribuíram à ação da Beata Rosa de Santa Maria.

Clemente X a canonizou em 12 de abril de 1671. Rosa, a menina que um dia foi crismada por São Turíbio de Mongrovejo, passou a ser conhecida no mundo católico como Santa Rosa de Lima. Era a primeira mulher da América a receber essa honra tão excelsa. Santa Rosa de Lima é a padroeira da América Latina e das Filipinas.


Fontes:
– (*) Joseph, Card. Ratzinger
– www.santarosadelima-rj.com.br/historia.htm (Acessado em 18/8/2011)
– www.santarosadelima-rj.com.br/historia.htm (Acessado em 18/8/2011)
– http://storico.radiovaticana.org/bra/storico/2010-08/417273_santa_rosa_de_lima_padroeira_da_america_latina.html
(Acessado em 18/8/2011)

Fonte: https://gaudiumpress.org/content/97447-santa-rosa-de-lima/

Conheça os benefícios do melão

Os benefícios do melão (comparepplanosaude)

Conheça os benefícios do melão

Saiba quais são as maiores qualidades da fruta típica do verão e veja como ela influencia na sua saúde e na prevenção de doenças

Com certeza você já ouviu falar da importância em acrescentar frutas, legumes e verduras em sua alimentação diária, especialmente para quem deseja reduzir medidas e/ou ter uma qualidade de vida melhor, mas talvez você ainda não conheça os benefícios do melão, uma fruta muito nutritiva, típica do verão e extremamente hidratante!

Parte inferior do formulário

Conheça outros benefícios do melão 

Os benefícios do melão podem ser aproveitados por qualquer pessoa, porém, a fruta é ideal para mulheres que buscam vantagens estéticas decorrentes de uma boa alimentação diária. Por conta da grande quantidade de vitamina A e C, o melão contribui para a saúde da pele, pois estimula a produção de colágeno, além de favorecer a saúde dos cabelos, combatendo a oleosidade e fortalecendo as madeixas.

Mas, afinal, comer melão emagrece? Essa é uma dúvida muito comum sobre os benefícios do melão, especialmente entre as mulheres. A resposta para essa pergunta é sim, o melão ajuda no emagrecimentos, entenda o motivo: a fruta possui é uma ótima fonte de bons carboidratos e fibras, o que ajuda a aumentar a saciedade, além de ser rica em água e ajudar a combater o inchaço e consequentemente dar aquela impressão de perda de peso.

Mas os benefícios do melão não param por aí! Outro fator positivo do alimento é que a fruta ajuda a melhorar o funcionamento do intestino, por isso é muito indicada para quem sofre de prisão de ventre. Ademais, o melão é uma fruta de fácil digestão, evitando aquela sensação de estufamento após as refeições.

Benefícios do melão para mulheres que sofrem de menopausa

O melão também é uma fruta capaz de amenizar os efeitos da menopausa e isso ocorre por causa de alguns nutrientes presentes em sua composição, como o fósforo, magnésio e algumas vitaminas. Juntas essas substâncias ajudam na saúde da mulher e previnem contra a osteoporose, combatem a flacidez da pele e diminuem a ansiedade.

Dica de alimentação: para obter o melhor aproveitamento dos benefícios do melão, é recomendado para mulheres que sofrem com os sintomas da menopausa, consumir o melão regularmente e adicionar em sua dieta o chá de casca de amora, que também é um poderoso remédio natural para combater os sintomas do problema.

Para mulheres que ainda não chegaram na fase da menopausa, acrescentar o melão ao cardápio pode ajudar a regular a menstruação, pois o alimento é capaz de melhorar a circulação sanguínea. Outro período muito oportuno para aproveitar os benefícios do melão é durante o período pré-menstrual, pois a fruta também possui propriedades de calmante natural, o que ajuda a combater as mudanças de humor na TPM.

Benefícios do melão para aumentar a imunidade baixa

É claro que com tantos nutrientes e vitaminas a fruta também iria contribuir para aumentar a nossa imunidade, não é mesmo? Mas na verdade é muito mais do que isso, o melão possui uma boa quantidade de bioflavonóides, que são excelentes fontes de antioxidantes e anti-inflamatórios.

A fruta ainda contém ferro, que é um importante nutriente contra a anemia, e por isso o melão é muito recomendado para a alimentação infantil, pois ajuda no crescimento saudável e no desenvolvimento dos bebês. Além disso, grande quantidade de vitamina C também faz parte dos benefícios do melão, e por isso a fruta ajuda o nosso sistema imunológico a combater doenças comuns com a gripe e o resfriado.

Agora que você já conhece todos os benefícios do melão, não deixe de acrescentar o alimento em sua dieta e testar todas as receitas recomendadas neste post. Gostou deste conteúdo sobre os benefícios do melão? Então compartilhe com todos os seus amigos e familiares nas suas redes sociais. Continue acompanhando o Blog da Compare Seguros e mantenha-se sempre bem informado(a)!

É fato que alguns alimentos são verdadeiros parceiros para pessoas que sofrem de inchaço corporal, sobrepeso ou diabetes, e contribuir para a melhora desses problemas de saúde é um dos benefícios do melão. Muitos nutricionistas recomendam a fruta para pacientes com diabetes especialmente por causa do baixo teor de frutose, que é o açúcar natural da fruta.

Assim como a melancia, o melão também é uma fruta com grande teor de água, sendo assim uma excelente opção contra a desidratação em dias muito quentes. A fruta ainda é um excelente fonte de bons carboidratos e muito indicada para o pré e pós treino na academia, além de possuir pouquíssimas calorias.

Outro benefício do melão está diretamente ligado ao seu valor nutritivo, pois a fruta contém uma grande quantidade de vitaminas A, B e C, que são muito importantes para a elasticidade da pele e no combate do envelhecimento precoce. Contudo, a fruta também possui outros nutrientes importantes, como os flavonoides, que são poderosos antioxidantes e atuam diretamente na prevenção de doenças cardiovasculares. 

Confira a seguir algumas dicas bem simples para que você consiga acrescentar a fruta na sua alimentação diária, e assim aproveitar de maneira completa todos os benefícios do melão. Veja também como o consumo da fruto pode influenciar na sua saúde!

Dicas para acrescentar o melão ao seu cardápio 

É comum que após conhecer os benefícios do melão ou de qualquer outra fruta as pessoas busquem se alimentar melhor a cada dia, porém, algumas pessoas se esquecem que para obter bons resultados é necessário manter uma alimentação equilibrada. Por exemplo, se alguém mantém uma dieta muito gordurosa e só come frutas uma vez por semana, é provável que essa pessoa não consiga aproveitar completamente os benefícios do melão.

Por isso é tão importante manter uma dieta balanceada, com mais alimentos nutritivos e saudáveis, e menos alimentos gordurosos e ultraprocessados. Então você se pergunta: “isso significa que não posso mais comer fast foods ou doces?” Mas não é bem assim. Muitos nutricionistas afirmam que é possível comer de tudo e mesmo assim ser uma pessoa muito saudável.

Entretanto, “comer de tudo” querer equilíbrio. Comer doces ou fast foods de vez em quando não irá prejudicar a sua saúde, mas caso isso se torne um hábito frequente, é possível que possam ocorrer diversos problemas de saúde decorrentes de uma má alimentação, como pressão alta, diabetes ou obesidade. 

Agora que você já sabe por qual motivo é importante manter uma boa alimentação e incluir frutas, legumes e verduras no seu cardápio (em especial o melão), separamos 5 dicas bem simples para te ajudar a montar um cardápio mais balanceado e com total aproveitamento dos benefícios do melão, confira:

  • 1º Dica: Comer a fruta in natura é uma das melhores maneiras para aproveitar os benefícios do melão, pois assim nenhuma vitamina ou nutriente se perde. Dois bons horários para consumir a fruta é no café da manhã ou no lanche da tarde;
  • 2º Dica: Para deixar o seu suco de melão com muito mais sabor invista em ingredientes refrescantes, como o limão e a hortelã. Receita: coloque no liquidificador 1 fatia de melão, o suco de 1 limão, 2 folhas de hortelã e mais ¹/² xícara de água, bata todos os ingredientes e adoce se achar necessário;
  • 3ª Dica: Outra maneira de aproveitar os benefícios do melão é fazendo uma vitamina bem nutritiva com banana e aveia. Receita: coloque no liquidificador 1 fatia de melão, 1 banana picada, 500 ml de água ou leite, 1 colher de mel, 2 colheres de aveia. Bata todos os ingredientes e depois sua vitamina estará pronta;
  • 4ª Dica: Talvez você não saiba, mas é possível aproveitar os benefícios do melão até mesmo por meio das sementes da fruta. Uma opção vegana e super nutritiva é fazer a receita de leite de semente de melão, veja como é bem simples: coloque no liquidificador 1 xícara de semente de melão e 2 xícaras de água, bata todos os ingredientes e em seguida utilize uma peneira fina ou um coador de pano. Armazene o leite de semente de melão em um recipiente de vidro e deixe na geladeira;
  • 5ª Dica: Os benefícios do melão também podem estar presentes na hora do almoço, você sabia? Uma receita bem refrescante para dias quentes é a salada de melão, você irá precisar de: 1 fatia de melão maduro (cortar em cubos), mussarela de búfala e folhas de hortelã de acordo com a sua preferência. Para temperar a salada utilize azeite de oliva extra virgem, pimenta do reino, suco de 1 limão e sal a gosto.

Fonte: https://compareplanodesaude.com.br/blog-saude/dicas-de-saude/beneficios-do-melao/

Os dez mandamentos

Os dez mandamentos (A12)

Os dez mandamentos

Dom Pedro Cipollini
Bispo de Santo André (SP)

A maioria de nós já ouviu falar nos dez mandamentos da Lei de Deus ou Decálogo. A Bíblia tem um nome para estes mandamentos; “As Dez Palavras de Javé”(cf. 34,28;Dt 4,13 e 10,4) ou  tábuas da Lei. Estes mandamentos formam a base da aliança de Deus com o Povo reunido no monte Sinai. O número dez não tem sentido ou valor simbólico, mas sim pedagógico, pois permite decorar estes mandamentos contando-os pelos dedos das mãos. Nos Evangelhos Jesus se refere a estes mandamentos e os apóstolos os indicam como obrigatórios na nova ordem da salvação trazida por Jesus Cristo ( cf. Mt 19,17,Mc 10, 19; Lc 18,20; Rm 13,9, etc.). 

O decálogo tem valor universal como síntese dos valores religiosos e morais. Mas hoje na sociedade que vivemos, eles estão esquecidos. Vale a pena recordar quais são estes dez mandamentos da lei de Deus: 1. Amar a Deus sobre todas as coisas. 2. Não tomar seu santo nome em vão. 3.Descansar nos domingos e festas. 4.Honrar pai e mãe. 5. Não matar. 6. Não cometer adultério. 7.Não roubar. 8.Não levantar falso testemunho. 9. Não desejar a mulher do próximo. 10. Não cobiçar as coisas alheias.  

Estes mandamentos são entregues a Moisés por um Deus que se apresenta como libertador. Ele tirou o povo da escravidão do Egito. Se o povo não quiser voltar a ser escravo, deve observar estes mandamentos. Eles são expressão da vontade do próprio Deus. Mais do que preceitos éticos e morais, estes mandamentos indicam a pertença ao povo de Deus. Quando o indivíduo observa-os, ele está dentro do povo de Deus, ao não observá-los ele se coloca fora, rompe com a aliança, com a comunhão com Deus e com a comunidade de pertença. 

Mas o que significam estes mandamentos em nossa época onde predomina o relativismo, que pretende ser o homem não só capaz de pensar a verdade, mas fazer sua própria verdade ou seja, cada um é lei para si mesmo e para os outros. Então para que o Decálogo? Para nos fazer recuperar a inocência original, na qual fomos criados por Deus e que perdemos pelo pecado. Pecado que é construir uma sociedade com base no egoísmo e não no amor, o qual o ser humano intui ser a lei maior que rege o universo, como escreve o poeta Dante na sua “Divina Comédia”: “Amor que move o sol e as estrelas”. 

No fundo do coração de cada ser humano está escrita a lei natural, a lei do amor, a consciência do bem e do mal, consciência perdida pela desagregação interna da pessoa. Porém ao entregar o Decálogo a Moisés, Deus confirma a lei natural inscrita na consciência de cada ser humano, por mais que ele tente negar que a vida plena está em fazer o bem e evitar o mal. No fundo de sua consciência o homem descobre uma lei que ele não se impôs, mas que vem de fora, é a voz da consciência, a voz de Deus. 

Os dez mandamentos não são um jugo para maltratar o homem, mas caminho de crescimento e libertação, eles possibilitam uma vida mais humana, digna e honrada: “Minha lei será a vossa alegria e delícia”(Ez 36,24). O que seria a humanidade sem leis justas que mostram e facilitam o caminho da liberdade para todos? Os dez mandamentos são os marcos que indicam ao homem o caminho para a verdade, liberdade e felicidade. 

Aos poucos eles estão sendo relegados ao passado e esquecidos.  Portanto é bom lembrar o que escreveu G. K. Chesterton: “As civilizações no seu apogeu declinam, porque esquecem as coisas evidentes”.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Cardeal Ignazio Suharyo explica como é seguir Jesus no país da "Pancasilla"

Vitral com Nossa Senhora de Fátima na Igreja de São Barnabé em Tangerang, Indonésia.  (ANSA)

Segundo dados da Conferência Episcopal Indonésia, existem cerca de 10,5 milhões de católicos nas 34 províncias indonésias, em um total de mais de 275 milhões de habitantes, de maioria muçulmana. Em entrevista à Agência Fides, o arcebispo de Jacarta fala da presença católica no Arquipélago desde os primórdios e como esta teve participação até mesmo na independência do país em 1947.

por Paolo Affatato

Ao entrar no complexo da Catedral de Jacarta, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, um display com a imagem do Papa Francisco faz a contagem regressiva e informa aos fiéis quantos dias faltam para sua chegada à capital indonésia. O mesmo cronômetro é encontrado na igreja, onde os fiéis param para rezar diante da estátua da Pietà ou diante da Virgem com rosto indonésio. Do outro lado da rua avista-se a grande mesquita Istiq'lal, e também ali, onde se realizará um encontro inter-religioso com o Papa, os preparativos são intensos.

No clima de expectativa pela visita do Papa Francisco, o cardeal Ignatius Suharyo Hardjoatmodjo, arcebispo de Jacarta desde 2010, fala em uma entrevista à Agência Fides (publicada em duas partes) sobre os motivos da peregrinação papal e as esperanças que suscitam no país de maioria islâmica mais populoso do mundo.

Cardeal Suharyo, o senhor poderia traçar-nos um perfil da Igreja Católica na Indonésia?

A Indonésia é um país muito grande e a situação varia muito, de ilha para ilha, em todos os níveis: geografia física, contexto social, cultural e religioso, nível de desenvolvimento e educação. Esta grande diversidade é certamente uma riqueza, mas objetivamente representa também um problema, ou seja, um desafio a ser enfrentado para a unidade da nação. Em linha de máxima, os católicos na Indonésia vivem em harmonia com o resto da nação, com os diferentes componentes da sociedade, cuja grande maioria professa o Islã. Também na extensão e na presença da Igreja Católica no arquipélago podemos notar grandes diferenças: se formos a Flores, na província de Nusa Tenngara oriental, encontraremos uma ilha onde a maior parte da população é católica; se formos para Sumatra Ocidental, a porcentagem se aproxima de zero. Em uma situação muito diversificada, então, o critério comum é viver e testemunhar a nossa fé com simplicidade e mansidão, e desfrutar de boas relações com todo o resto do povo. Segundo dados da Conferência Episcopal Indonésia, existem cerca de 10,5 milhões de católicos nas 34 províncias indonésias, num total de mais de 275 milhões de habitantes.

Alguma breve informação histórica sobre a presença da fé católica na Indonésia?

Depois dos primeiros contatos com alguns missionários franciscanos no século XIV, os primeiros missionários portugueses chegaram à região das ilhas Molucas no início de 1500 e levaram para lá o Evangelho. Também o grande apóstolo São Francisco Xavier, padroeiro das missões, desembarcou na metade de 1500 e atuou no que hoje é território indonésio. Depois, com a presença dos colonizadores holandeses (que aqui permaneceram por 350 anos), favoráveis ​​ao calvinismo, a difusão da fé católica foi prejudicada e sofreu um revés. Somente no século XIX o governo das Índias Orientais Holandesas concedeu aos católicos liberdade de missão. Aqui em Java recordamos a presença do missionário holandês Frans Van Lith, que no início do século XX evangelizou o centro da ilha e fundou o primeiro Seminário.

É uma história muito longa, e o sua última passagem, aquela mais próximo de nós, começa com a Proclamação da Independência da Indonésia em 1947. É preciso recordar que então a Santa Sé foi uma das primeiras a reconhecer a nova nação que obteve o independência. Desde 1947 um representante do Vaticano já estava oficialmente presente em Jacarta. Este é um ponto importante na história da Igreja Católica no Arquipélago. E, voltando, antes da independência, os missionários católicos presentes estavam ao lado da população local e partilhavam com ela o desejo de se tornar uma nação, manifestando-se já no início do século XX.

De que forma essa proximidade se manifestou?

No período colonial, primeiro holandês e depois japonês – durante a Segunda Guerra Mundial – os missionários expressaram muito claramente a visão de serem favoráveis à independência da Indonésia. Ainda mais depois da Carta Apostólica Maxixmum Illud de Bento XV. Quero recordar, por exemplo, a figura de um jesuíta que se tornará, em 1940, o primeiro bispo indonésio: Alberto Soejapranata, aluno do Seminário Van Lith, hoje um dos heróis nacionais reconhecidos pelo Estado. Soejapranata promoveu explicitamente a independência da nação, em um vasto movimento que tinha muitas almas, como a comunista, a islâmica e a nacionalista.

Portanto, desde o início, os católicos indonésios sentem-se plenamente integrados na nação...

Pode-se afirmar que eles são parte integrante da nação desde o início. Ainda hoje compartilhamos e recordamos o lema do bispo Alberto Soejapranata: ser cem por cento católicos e cem por cento indonésios. Podemos dizer que em toda a parte, em toda a Indonésia, os católicos vivem este espírito de pertença. Ele queria dizer que, como católicos, temos consciência de ser chamados a ser santos, a seguir os passos de Cristo, a ser suas testemunhas nesta parte do mundo. E como indonésios, amamos o nosso país, olhando para ele e vivendo nele com a inspiração da nossa fé. Na nossa história de hoje, este espírito significa ser generoso, caridoso e compassivo para com o nosso país, para com toda a vasta população indonésia.

Como se expressa hoje esta abordagem no contexto específico da Indonésia, tão vasto e plural?

Esta atitude de amor à pátria hoje exprime-se e clarifica-se no praticar na vida quotidiana dos valores da “Pancasila”, a “Carta dos cinco princípios” que está na base da Constituição.

Gostaria de dar um exemplo prático: na nossa Arquidiocese de Jacarta, no quinquênio de 2016 a 2020, refletimos, como comunidade, sobre um dos princípios da Pancasila a cada ano, traduzindo-o na vida quotidiana, considerando-o da específica perspectiva da nossa fé, fortalecendo assim quer a nossa fé como a nossa pertença à Indonésia.

Estudamos o primeiro princípio – a fé no único Deus – à luz do documento Deus Caritas Est e celebramos naquele ano o Jubileu da Misericórdia: Deus é amoroso e misericordioso conosco. O segundo princípio é a humanidade. A pergunta que nos fizemos foi a do Evangelho: quem é o meu próximo? Se pensarmos que a Indonésia é composta por mais de sete mil grupos étnicos, com culturas, histórias e tradições diferentes. O meu próximo é cada uma destas pessoas, do vasto mosaico indonésio.

Ao atualizar o terceiro princípio, a unidade da Indonésia, vimos que hexiste uma consequência direta: somos diferentes mas todos ligados pela mesma humanidade, e isto constrói a unidade do país. O lema da Indonésia é precisamente “unidade na diversidade”. Quisemos expressar isso de especial maneira no culto mariano, representando a Virgem Maria, nossa mãe - da qual existem várias figuras e rostos diferentes, dependendo dos estilos e culturas da Indonésia - com um rosto comum a todos: nasceu assim “Maria mãe de todas as etnias”, representada com as cores da nação e com a garuda, a águia nacional, e essa estátua está na Catedral de Jacarta. Também rezamos e distribuímos milhares de Rosários nas cores branca e vermelha, as cores nacionais.

Como vocês atualizaram os dois últimos princípios da Pancasila?

Para o quarto princípio, a democracia guiada pela sabedoria, aprofundamos a nossa compreensão da sabedoria cristã, graças a um discernimento comunitário, uma experiência de profunda sinodalidade que nos reconduziu às origens da nação indonésia e nos levou a pensar sobre o nosso futuro não individualmente, mas juntos e como comunidade inserida em uma nação mais ampla. Tivemos também a ocasião de refletir sobre a hierarquia na Igreja, que só faz sentido se concebida como serviço, e vivida com o método da escuta, porque o Espírito Santo fala na comunidade: assim o princípio da democracia, de uma forma ou outra, entra também na vida da comunidade eclesial, com uma prática de sinodalidade.

Ao abordar o quinto princípio, a justiça social, chegou a pandemia e pudemos ainda mais vivenciar a atenção aos pobres e aos doentes, aos que se encontram em estado de necessidade e são os mais necessitados e vulneráveis, sem distinção de crença, etnia, cultura. Para sancionar esta opção preferencial, recolocamos no complexo da catedral uma estátua que representa “Jesus sem teto”, para recordat a cada um de nós que Cristo se faz presente nos pobres, nos marginalizados, nos deserdados.

*Agência Fides

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Santa Maria, Rainha

Santa Maria, Rainha

No dia 22 de agosto celebra-se a festa de Santa Maria Rainha. Com São Josemaria contemplamos a cena: "Enche-te de segurança: nós temos por Mãe a Mãe de Deus, a Santíssima Virgem Maria, Rainha do Céu e do Mundo".

22/08/2022

És toda formosa, e não há mancha em ti. - És horto cerrado, minha irmã, Esposa, horto cerrado, fonte selada. - Veni coronaberis. - Vem, serás coroada (Cant 4, 7, 12.8).
Se tu e eu tivéssemos tido poder, tê-la-íamos feito também Rainha e Senhora de toda a criação.
Um grande sinal apareceu no céu: uma mulher com uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. - O vestido, de sol. - A lua a seus pés (Ap 12, 1). Maria, Virgem sem mancha, reparou a queda de Eva; e esmagou com seu pé imaculado a cabeça do dragão infernal. Filha de Deus, Mãe de Deus, Esposa de Deus.
O Pai, o Filho e o Espírito Santo coroam-na como Imperatriz que é do Universo.
E rendem-lhe preito de vassalagem os Anjos..., e os patriarcas e os profetas e os Apóstolos..., e os mártires e os confessores e as virgens e todos os santos..., e todos os pecadores, e tu e eu.
Santo Rosário, 5º mistério glorioso

É justo que o Pai e o Filho e o Espírito Santo coroem a Virgem Santíssima como Rainha e Senhora de toda a criação.

- Aproveita-te desse poder e, com atrevimento filial, une-te a essa festa do Céu. - Eu coroo a Mãe de Deus e minha Mãe com as minhas misérias purificadas, porque não tenho pedras preciosas nem virtudes.
- Anima-te!
Forja, 285

A Maternidade divina de Maria é a raiz de todas as perfeições e privilégios que a adornam. Por esse título, foi concebida imaculada e está cheia de graça, é sempre virgem, subiu ao céu em corpo e alma, foi coroada Rainha de toda a criação, acima dos anjos e dos santos. Mais que Ela, só Deus. A Santíssima Virgem, por ser Mãe de Deus, possui uma dignidade, de certo modo infinita, do bem infinito que é Deus. Não há perigo de exageros. Nunca aprofundaremos bastante este mistério inefável; nunca poderemos agradecer suficientemente à Nossa Mãe a familiaridade que nos deu com a Santíssima Trindade.
Amigos de Deus, 276

Enche-te de segurança: nós temos por Mãe a Mãe de Deus, a Santíssima Virgem Maria, Rainha do Céu e do Mundo
Forja, 273

Senhora, Mãe de Deus e minha Mãe, nem por sombras quero que deixes de ser a Dona e a Imperatriz de toda a criação.
Forja, 376

Ela intercede

Rainha da paz, rogai por nós! Experimentaste fazê-lo, ao menos, quando perdes a tranquilidade?

Santa Maria é - assim a invoca a Igreja - a Rainha da paz. Por isso, quando se conturba a tua alma, ou o ambiente familiar ou profissional, ou a convivência na sociedade ou entre os povos, não cesses de aclamá-la com esse título: "Regina pacis, ora pro nobis!" - Rainha da paz, rogai por nós! Experimentaste fazê-lo, ao menos, quando perdes a tranquilidade?... - Ficarás surpreso com a sua eficácia imediata.
Sulco, 874

Sempre que te vejas com o coração seco, sem saber o que dizer, recorre com confiança à Virgem Santíssima. Dize-lhe: Minha Mãe Imaculada, intercedei por mim. Se a invocares com fé, Ela te fará saborear - no meio dessa secura - a proximidade de Deus.
Sulco, 695

Se a nossa fé for débil, recorramos a Maria. Conta São João que, devido ao milagre das bodas de Caná, que Cristo realizou a pedido de sua Mãe, os seus discípulos creram nEle. A nossa Mãe intercede sempre diante do seu Filho para que nos atenda e se nos revele de tal modo que possamos confessar: Tu és o Filho de Deus.
Amigos de Deus, 285

Sejamos audazes. Contamos com o auxílio de Maria, Regina Apostolorum. E Nossa Senhora, sem deixar de se comportar como Mãe, sabe colocar os seus filhos em face de suas precisas responsabilidades. Aos que dEla se aproximam e contemplam a sua vida, Maria faz sempre o imenso favor de os levar até à cruz, de os colocar bem diante do exemplo do Filho de Deus. E nesse confronto em que se decide a vida cristã, Maria intercede para que a nossa conduta culmine com uma reconciliação do irmão menor - tu e eu - com o Filho primogênito do Pai.
É Cristo que passa, 149

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/santa-maria-rainha/

NAZARENO: Os denários do "Preço de Sangue" e o sonho de Prócula (O suicídio de Judas, Jesus perante Herodes e Pilatos) - (55)

Nazareno (Vatican News)

Cap. 55 - Os denários do "Preço de Sangue" e o sonho de Prócula (O suicídio de Judas, Jesus perante Herodes e Pilatos)

O destino do Nazareno está marcado. Enquanto isso, no pátio, com a cabeça coberta por um capuz, um homem ronda inquieto. É Judas Iscariotes. Encostado no umbral da porta, testemunhou a última troca de palavras entre Jesus e Caifás. O que se seguiu logo depois, com o Nazareno sendo alvo de insultos e cusparadas, e os sacerdotes em tumulto, deixou-o profundamente perturbado. "Rabi, disseste que és o messias, por que não manifestas teu poder? Enquanto dizia isso, sentia crescer dentro de si a raiva e a aflição pelo que havia feito.

Então Judas, que o entregara, vendo que Jesus fora condenado, sentiu remorsos e veio devolver aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta moedas de prata, dizendo: “Pequei, entregando um santo inocente”. Anás e Caifás o receberam com frieza e profundo desprezo. Os chefes dos sacerdotes, tomando as moedas disseram: “Não é lícito depositá-las no tesouro do Templo, porque se trata de preço de sangue”.

Nesse meio tempo, Judas, depois de deixar o palácio, consegue uma corda forte e, saindo pela Porta dos Essênios, chega ao vale de Geena, que serve de depósito de lixo e onde os gases da putrefação ocasionalmente causam incêndios. Encontra uma figueira que parece estar pendurada em um pequeno penhasco e ali se enforca. O galho da árvore não era suficiente para suportar seu peso e suas convulsões. O galho se quebra e o corpo de Iscariotes cai se espatifando sobre as pedras.

Por fim chegou a luz do dia, daquela sexta-feira, 7 de abril. Tudo está prestes a se cumprir. Naquela noite, uma mulher teve pesadelos. Seu nome era Claudia Procula, era a esposa de Pôncio Pilatos, conselheira de seu marido, o governador enviado por César àquela terra. Cláudia sonhou com Jesus de Nazaré e "viu" o mal que estava prestes a se voltar contra ele. Sussurrou algumas palavras no ouvido do marido quando ele saiu do quarto. Um centurião bateu à porta de madeira dos aposentos do governador: "Os sacerdotes estão vindo para trazer um homem, Jesus de Nazaré, para julgamento", disse-lhe o oficial. A notícia sobre o novo acusado que estava sendo trazido pelos sacerdotes o irritou muito.

Então de Caifás conduziram Jesus ao pretório. Pilatos, então, saiu para fora ao encontro deles e disse: “Que acusação trazeis contra este homem?”. Responderam-lhe: “Se não fosse um malfeitor, não o entregaríamos a ti”. Falam os chefes dos sacerdotes: “Encontramos este homem subvertendo a nossa nação, impedindo que se paguem os impostos a César e pretendendo ser Cristo Rei”.

Entendem imediatamente que o governador acha difícil acreditar nas acusações. O governador, tendo verificado que Jesus era galileu e, portanto, estava sob a autoridade do tetrarca da Galileia e da Pereia, transferiu-o a Herodes.

Também o tetrarca está na cidade nos dias de Páscoa e fica em seu palácio aguarda o Nazareno sentado no salão mais suntuoso do palácio. Interrogou-o com muitas perguntas; ele, porém, nada lhe respondeu.

A tensão aumenta ainda mais. Herodes, juntamente com a sua escolta, tratou-o com desprezo e escárnio; e, vestindo-o com uma veste brilhante, remeteu-o a Pilatos.

Quando o Nazareno saiu da sala, Herodes se aproximou dele e, cheio de raiva pelo silêncio de seu interlocutor, sibilou: “Tu não te pareces nem um pouco com um rei! Em ti, vejo apenas um louco!".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Maternidade e quatro fatos incríveis que você não sabia

Nataliisaff | Obturador

Karen Hutch - postado em 22/08/24

A maternidade é uma grande fase em que muitas mudanças ocorrem no corpo da mulher e se cria uma conexão especial com seu filho. Aqui compartilhamos dados incríveis

A maternidade é uma experiência transformadora que vai além do biológico, é uma jornada cheia de amor, sacrifício e crescimento pessoal. Ser mãe implica um compromisso profundo e constante, onde todos os dias se vive um misto de desafios e alegrias.

Desde a primeira batida de um coração que se forma, desde que uma linda vida nova está sendo criada em seu ventre, até o momento em que os filhos iniciam seu próprio caminho. 

Portanto, a maternidade é um ato de dedicação incondicional. Não se trata apenas de criar os filhos, mas dentro da parentalidade há a formação de pessoas integrais, com valores, fé e amor a Deus, sendo o refúgio emocional que proporciona segurança e amor em todas as fases da vida.

Uma aventura chamada maternidade

Chanintorn.v | Obturador

Desde o primeiro dia torna-se uma aventura fascinante e, embora por vezes exaustiva, é repleta de momentos de ternura e realização, tornando-se uma das experiências mais gratificantes e significativas que uma mulher pode viver. 

Sabendo que é uma jornada única que as mulheres percorrem somente pela graça de Deus, mostramos a vocês estes quatro fatos fascinantes sobre a maternidade em suas diferentes etapas.

1 O bebê acredita que é um com sua mãe.

Depois de ter passado vários meses no ventre da mãe, ao nascer, o bebê aprenderá durante os primeiros três a oito meses de sua vida extrauterina que é um ser independente da mãe. 

É por isso que o bebê busca estar o tempo todo com a mãe. Os primeiros meses são muito importantes no cuidado e atenção do bebê, dizem os especialistas, pois com o tempo o bebê vai descobrindo que existe um mundo ao qual ele pode se adaptar.

2 Microquimerismo: um vínculo para a vida

Produção AYO | Obturador

De acordo com estudos realizados por muitos especialistas – incluindo patologistas do Centro Médico de Leiden, na Holanda, bem como um grupo de especialistas liderado pela pesquisadora indiana Sandhya Shrivastava – a mãe adquire células do filho enquanto ele está no útero. 

Essas células permanecem na mãe mesmo após o nascimento do bebê, o que - já foi confirmado em outras pesquisas - atuam como agentes curativos, pois podem prevenir a depressão na mãe, além de prevenir o câncer de mama. 

Esses estudos fornecem uma explicação biológica para o motivo pelo qual mãe e filho mantêm uma conexão especial ao longo da vida.

3 Detector de perigo

Quando os filhos chegam, o corpo e a mente da mulher-mãe mudam completamente. Um estudo revelou que a chamada “substância cinzenta” muda no cérebro das mulheres quando engravidam. 

Essa mudança no cérebro das mães faz com que elas gerem mais empatia e se mantenha por até mais dois anos após o nascimento do bebê, o que também aumenta sua capacidade de detectar o humor do filho e qualquer possível ameaça a ele.

4 O poder da voz de uma mãe

Uma equipe de cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Stanford (EUA) descobriu que a voz da mãe sobre os filhos tem um efeito calmante, uma vez que os circuitos cerebrais estão subjacentes à percepção da voz da mãe.

Quando uma mãe conversa com seu filho, ela aumenta a oxitocina, que produz carinho e bem-estar, reduzindo assim o cortisol, que causa estresse e ansiedade. Sem dúvida, a maternidade é um presente de Deus cheio de maravilhas.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/08/22/la-maternidad-y-cuatro-increibles-datos-que-no-conocias

O Espírito ensina a Noiva a orar. Os Salmos, sinfonia de oração na Bíblia

O Espírito e a Esposa (Opus Dei)

Na Praça São Pedro, Francisco prosseguiu seu ciclo de catequeses sobre o Espírito Santo e recordou que a Igreja vive o Ano da Oração em preparação ao Jubileu de 2025, aconselhando a meditação do Livro dos Salmos.

19/06/2024

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Em preparação para o próximo Jubileu, convidei a dedicar o ano de 2024 "a uma grande “sinfonia” de oração". [1] Com a catequese de hoje, gostaria de recordar que a Igreja já possui uma sinfonia de oração, cujo compositor é o Espírito Santo, e é o Livro dos Salmos.

Como em cada sinfonia, nele há vários “movimentos”, ou seja, diferentes tipos de oração: louvor, ação de graças, súplica, lamentação, narração, reflexão sapiencial e outros, tanto na forma pessoal como na forma coral de todo o povo. São os cânticos que o próprio Espírito pôs nos lábios da Esposa, a Igreja. Como recordei da última vez, todos os Livros da Bíblia são inspirados pelo Espírito Santo, mas o Livro dos Salmos também o é, no sentido de que está cheio de veia poética.

Os salmos ocuparam um lugar privilegiado no Novo Testamento. Com efeito, houve e ainda há edições que contêm o Novo Testamento e os Salmos juntos. Na minha escrivaninha tenho uma edição em ucraniano do Novo Testamento e dos Salmos, de um soldado que morreu durante a guerra, que me foi enviada; ele rezava na frente com este livro. Nem todos os salmos - nem tudo de cada salmo - podem ser repetidos e feitos próprios pelos cristãos e ainda menos pelo homem moderno. Às vezes eles refletem uma situação histórica e uma mentalidade religiosa que já não são nossas. Isto não significa que não sejam inspirados mas que, sob certos aspectos, estão ligados a um período e a uma fase provisória da revelação, como acontece também com grande parte da legislação antiga.

O que mais nos recomenda a aceitação dos salmos é que eles constituíram a oração de Jesus, de Maria, dos Apóstolos e de todas as gerações cristãs que nos precederam. Quando os recitamos, Deus ouve-os com aquela grandiosa “orquestração”, que é a comunhão dos santos. Segundo a Carta aos Hebreus, Jesus entra no mundo com o versículo de um salmo no coração: "Eis que venho, ó Deus, para cumprir a tua vontade" (cf. Hb 10, 7; Sl 40, 9); e, segundo o Evangelho de Lucas, deixa o mundo com outro salmo nos lábios: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23, 46; cf. Sl 31, 6).

Ao uso dos salmos no Novo Testamento segue-se o dos Padres e de toda a Igreja, que fazem deles um elemento fixo na celebração da Missa e na Liturgia das horas. "Toda a Sagrada Escritura exala a bondade de Deus - diz Santo Ambrósio - mas de modo particular o doce Livro dos Salmos". [2] O doce livro dos salmos. Pergunto-me: recitais às vezes os salmos? Lede a Bíblia e recitai um salmo. Por exemplo, quando estais um pouco tristes por ter pecado, recitais o salmo 50? Há muitos salmos que nos ajudam a ir em frente. Adquiri o hábito de recitar os salmos, garanto-vos que no final sereis felizes.

Mas não podemos viver apenas da herança do passado: é necessário fazer dos salmos a nossa oração. Escreveu-se que, num certo sentido, devemos tornar-nos nós mesmos “autores” dos salmos, fazendo-os nossos e rezando com eles. [3] Se há salmos, ou apenas versículos, que falam ao nosso coração, é bom repeti-los e recitá-los durante o dia. Os salmos são orações “para todas as estações”: não há estado de espírito nem necessidade que não encontre neles as melhores palavras para os transformar em oração. Diversamente de todas as outras preces, os salmos não perdem a eficácia por causa da repetição, aliás, aumentam-na. Por quê? Porque são inspirados por Deus e “exalam” Deus cada vez que alguém os lê com fé.

Se nos sentimos sobrecarregados de remorsos e culpas, pois somos pecadores, podemos repetir com David: "Tende piedade de mim, ó Deus, no vosso amor; / na vossa grande misericórdia" (Sl 51, 3). Se quisermos exprimir uma forte ligação pessoal com Deus, digamos: "Ó Deus, Vós sois o meu Deus, / procuro-vos desde a aurora, / a minha alma tem sede de Vós, / a minha carne anseia por Vós / numa terra árida, sedenta, sem água" (Sl 63, 2). Não foi por acaso que a Liturgia inseriu este salmo nas Laudes do Domingo e das solenidades. E se o medo e a angústia nos assaltam, vêm em nosso socorro aquelas palavras maravilhosas: "O Senhor é o meu pastor [...]. Ainda que eu atravesse um vale escuro, / nada temerei" (Sl 23, 1.4).

Os salmos permitem-nos não empobrecer a nossa oração, reduzindo-a apenas a pedidos, a um contínuo “dai-me, dai-nos...”. Aprendamos com o nosso Pai, que antes de pedir o “pão nosso de cada dia” diz: “Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade”. Os salmos ajudam-nos a abrir-nos a uma prece menos centrada em nós mesmos: uma oração de louvor, de bênção, de ação de graças; e ajudam-nos também a tornar-nos voz de toda a criação, envolvendo-a no nosso louvor.

Irmãos e irmãs, que o Espírito Santo, que ofereceu à Igreja Esposa as palavras para rezar ao seu divino Esposo, nos ajude a fazê-las ressoar na Igreja de hoje e a fazer deste ano de preparação para o Jubileu uma verdadeira sinfonia de oração. Obrigado!


[1] Carta a D. Fisichella para o Jubileu de 2025 (11 de fevereiro de 2022).

[2] Comentário aos Salmos I, 4, 7: CSEL 64, 4-7.

[3] JOÃO CASSIANO, Conlationes, X, 11: SCh 54, 92-93.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/4-o-espirito-ensina-a-noiva-a-orar-os-salmos-sinfonia-de-oracao-na-biblia/

Catequese completa do papa Francisco sobre a descida do Espírito Santo sobre Jesus no rio Jordão

Papa Francisco fala a fiéis hoje (21) em audiência geral na Sala Paulo VI, no Vaticano. | Vatican News

Catequese completa do papa Francisco sobre a descida do Espírito Santo sobre Jesus no rio Jordão.

Por Papa Francisco*

21 de agosto de 2024

O papa Francisco deu hoje (21) a sexta catequese do ciclo intitulado O Espírito e a Esposa que começou em 29 de maio e que hoje foi centrada na vinda do Espírito Santo sobre Jesus no batismo no rio Jordão.

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje reflitamos sobre o Espírito Santo que desce sobre Jesus no batismo do Jordão e, d’Ele, se difunde no seu corpo, que é a Igreja. No Evangelho de Marcos, a cena do batismo de Jesus é assim descrita: «Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado no Jordão por João. E assim que saiu da água, viu os céus abertos e o Espírito que desceu sobre Ele como uma pomba. E do céu ouviu-se uma voz: “Tu és o meu Filho muito amado: em ti pus toda a minha complacência”» (Mc 1, 9-11).

Toda a Trindade marcou encontro, naquele momento, nas margens do Jordão! É o Pai que se faz presente com a sua voz; é o Espírito Santo que desce sobre Jesus sob forma de pomba; e é aquele que o Pai proclama como seu Filho amado, Jesus. É um momento muito importante da Revelação, é um momento importante da história da salvação. Far-nos-á bem reler esta passagem do Evangelho.

O que aconteceu de tão importante no batismo de Jesus, para induzir todos os evangelistas a narrá-lo? Encontramos a resposta nas palavras que Jesus pronuncia, pouco tempo depois, na sinagoga de Nazaré, com clara referência ao acontecimento do Jordão: «O Espírito do Senhor está sobre mim; foi por isto que me consagrou com a unção» (Lc 4, 18).

No Jordão, Deus Pai “ungiu com o Espírito Santo”, ou seja, consagrou Jesus como Rei, Profeta e Sacerdote. Com efeito, no Antigo Testamento, os reis, os profetas e os sacerdotes eram ungidos com óleo perfumado. No caso de Cristo, em vez do óleo físico, há o óleo espiritual que é o Espírito Santo; em vez do símbolo, há a realidade: é o próprio Espírito que desce sobre Jesus.

Jesus está cheio do Espírito Santo desde o primeiro instante da sua Encarnação. Mas esta era uma “graça pessoal”, incomunicável; agora, pelo contrário, com esta unção, recebe a plenitude do dom do Espírito, mas para a sua missão que, como cabeça, comunicará ao seu corpo, que é a Igreja, e a cada um de nós. Por isso, a Igreja é o novo “povo real, povo profético, povo sacerdotal”. O termo hebraico “Messias” e o vocábulo correspondente em grego “Cristo” - Christós - ambos referidos a Jesus, significam “ungido”: foi ungido com o óleo da alegria, ungido com o Espírito Santo. O nosso próprio nome “cristãos” será explicado pelos Padres em sentido literal: cristãos significa “ungidos à imitação de Cristo”.

Na Bíblia um Salmo fala de um óleo perfumado derramado sobre a cabeça do sumo sacerdote Aarão e que desce até à orla da sua veste (cf. Sl 133, 2). Esta imagem poética do óleo que desce, usada para descrever a felicidade de viver juntos como irmãos, tornou-se realidade espiritual e realidade mística em Cristo e na Igreja. Cristo é a cabeça, o nosso Sumo Sacerdote; o Espírito Santo é o óleo perfumado e a Igreja é o corpo de Cristo no qual se difunde.

Vimos por que, na Bíblia, o Espírito Santo é simbolizado pelo vento e, aliás, recebe dele o próprio nome, Ruah - vento. Vale a pena perguntar-nos também por que é simbolizado pelo óleo e que ensinamento prático podemos obter deste símbolo. Na Missa de Quinta-Feira Santa, consagrando o óleo chamado “Crisma”, o bispo, referindo-se a quantos receberão a unção no Batismo e na Confirmação, diz: «Que esta unção os penetre e santifique, para que, libertados da corrupção nativa e consagrados como templo da sua glória, propaguem o perfume de uma vida santa». É uma aplicação que remonta a São Paulo, que aos Coríntios escreve: «Sim, diante de Deus nós somos o perfume de Cristo» (2 Cor 2, 15). A unção faz de nós perfume, e também uma pessoa que vive com alegria a sua unção perfuma a Igreja, perfuma a comunidade, perfuma a família com este aroma espiritual.

Sabemos que, infelizmente, às vezes os cristãos não difundem o perfume de Cristo, mas o mau cheiro do próprio pecado. E nunca nos esqueçamos: o pecado afasta-nos de Jesus, o pecado transforma-nos em óleo mau. E o diabo - não vos esqueçais disto - normalmente, o diabo entra pelos bolsos - tende cuidado! E isto, no entanto, não nos deve desviar do compromisso de realizar, na medida do possível e cada um no seu ambiente, esta sublime vocação de ser o bom perfume de Cristo no mundo. O perfume de Cristo emana dos “frutos do Espírito”, que são «amor, alegria, paz, magnanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio de si» (Gl 5, 22). Paulo disse-o, e como é bom encontrar uma pessoa com estas virtudes: uma pessoa com amor, uma pessoa alegre, uma pessoa que cria a paz, uma pessoa magnânima, não mesquinha, uma pessoa benevolente que acolhe todos, uma pessoa bondosa. É bom encontrar uma pessoa boa, uma pessoa fiel, uma pessoa mansa, não orgulhosa... Se nos esforçarmos por cultivar estes frutos e quando encontrarmos estas pessoas, então, sem nos darmos conta, alguém sentirá ao nosso redor um pouco da fragrância do Espírito de Cristo. Peçamos ao Espírito Santo que nos torne mais conscientes, ungidos, ungidos por Ele.

*O papa Francisco, nascido em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires (Argentina), é o primeiro papa da América Latina na história da Igreja Católica, assumindo o papado em 13 de março de 2013. O seu estilo de proximidade e a sua ênfase na misericórdia deixaram uma marca distintiva em seu pontificado.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/58881/catequese-completa-do-papa-francisco-sobre-a-descida-do-espirito-santo-sobre-jesus-no-rio-jordao

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF