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sábado, 24 de agosto de 2024

ECUMENISMO: Anglicanos abandonam o termo “igreja” em novas igrejas

O Estudo Conclui Que A Igreja Da Inglaterra Precisa Refletir Mais Profundamente Sobre Os Propósitos Por Trás Da Fundação De Novas Igrejas Foto: MovimientoFetOrg

Anglicanos abandonam o termo “igreja” em novas igrejas

Cerca de 900 destas “coisas novas” foram estabelecidas nos últimos dez anos, e nenhuma das 11 dioceses estudadas utilizou “igreja” como o descritor principal destes desenvolvimentos.

22 DE AGOSTO DE 2024 - ELIZABETH OWENS - ECUMENISMO

(ZENIT News / Londres, 22/08/2024).- Num recente relatório independente, foi revelado que as dioceses anglicanas começaram a evitar usar o termo “igreja” para descrever novas iniciativas emergentes em suas paróquias, o que gerou um debate sobre a teologia atualmente aplicada na Igreja da Inglaterra. O relatório, intitulado “ Novas coisas: uma investigação teológica sobre o trabalho de criação de novas igrejas em 11 dioceses da Igreja da Inglaterra ”, destaca como cerca de 900 dessas “coisas novas” foram estabelecidas nos últimos dez anos, sem que nenhuma das 11 dioceses estudadas usaram “igreja” como o principal descritor destes desenvolvimentos.

Este relatório, publicado pelo Centro de Teologia e Pesquisa em Plantação de Igrejas em Cranmer Hall, Durham, e preparado pelo Rev. Will Foulger, levanta sérias questões sobre a diversidade de abordagens eclesiológicas que coexistem dentro da Igreja da Inglaterra. Segundo o estudo, as dioceses adotaram termos como “culto”, “congregação” ou “comunidade” para definir estas novas iniciativas, refletindo diferenças significativas na forma como as formas eclesiais tradicionais, como o culto e os sacramentos, são compreendidas e praticadas.

A rápida emergência desta nova linguagem eclesial, que está a moldar a missão e o ministério dentro da Igreja, levou alguns a questionar se estas novas formas estão a forçar uma redefinição do que significa ser uma igreja na Igreja de Inglaterra. O relatório observa que esta mudança na linguagem e na abordagem foi tão rápida que deixou alguns sectores, especialmente aqueles com uma forte adesão às formas tradicionais, a sentirem-se excluídos da conversa sobre a criação de novas igrejas.

Apesar da extensão destas iniciativas, o relatório também revela que apenas cinco das 900 “coisas novas” podem ser consideradas parte da tradição católica, sublinhando a natureza predominantemente evangélica deste movimento. Além disso, muitas destas iniciativas, embora inicialmente promissoras, tiveram dificuldade em manter-se, especialmente na sequência da pandemia e de outros desafios, como a dificuldade em nomear líderes adequados.

O estudo conclui que a Igreja da Inglaterra precisa de refletir mais profundamente sobre os propósitos por trás da fundação de novas igrejas e como esses propósitos se alinham (ou não) com os valores teológicos fundamentais da instituição. A falta de uma justificação teológica sólida para muitas destas novas iniciativas deixou uma lacuna entre as reivindicações teológicas e a prática real, o que poderia comprometer a integridade teológica da atividade missionária da Igreja.

Fonte: https://es.zenit.org/2024/08/22/anglicanos-abandonan-el-termino-iglesia-en-nuevas-iglesias/

Papua Nova Guiné: Conversões refletem a presença de Deus

Crianças da ilha Kiriwina, Papua - Nova Guiné | ACN.

Papua Nova Guiné: Poucos dias antes de visita do papa, conversões refletem a presença de Deus

Por Andrés Henríquez*

23 de agosto de 2024

Os primeiros missionários católicos chegaram à Papua - Nova Guiné, país na Oceania, há apenas 70 anos. Em meio a um contexto onde a fé é tão recente, o padre Martín Prado, que atua pastoralmente no país, destacou as conversões que ocorrem “através de coisas muito simples que refletem que é Deus quem está por trás delas”.

O papa Francisco vai visitar a Papua Nova Guiné no âmbito de uma viagem apostólica entre 2 e 13 de setembro na Oceania que o levará também à Indonésia, Timor Leste e Singapura.

O missionário do Instituto do Verbo Encarnado (IVE), que está no país há dez anos, disse à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) que a fé dos locais é como “a fé de uma criança” com a qual ele consegue aprender muito. “Aqui os cristãos têm uma fé muito viva e simples”, disse ele.

No entanto, o padre Prado disse que “ainda persiste uma forte influência da espiritualidade indígena”, o que dificulta “uma compreensão completa da fé cristã”. Muitos ainda têm fortes raízes nas suas tradições ancestrais, “que não são compatíveis com o Evangelho”.

Padre Martín Prado, de Vanimo, Papua - Nova Guiné. ACN.

“As crenças em espíritos e as superstições ainda persistem e muitas vezes se misturam com a fé católica. O trabalho do missionário é ajudar os cristãos a ver o que não se encaixa e assim mudar isso”, disse ele.

O seu trabalho, continua ele, dá frutos, e muitos moradores conseguem discernir por si próprios entre o que é falso e o que é verdadeiro “mesmo sem saber ler ou sem ter recebido um catecismo especial”.

“No entanto, se não se cuida a vida de oração e de dedicação aos outros, é muito fácil que a fé se misture com superstições e outros elementos superficiais”, acrescentou.

A importância da visita papal

Segundo o padre Prado, a viagem do papa foi “uma grande surpresa e alegria para todos”. O padre disse também que devido ao acesso limitado à internet e às redes sociais na ilha, poucos tinham conhecimento da notícia.

“Estamos todos muito entusiasmados, trabalhando para poder receber o Santo Padre da melhor forma possível, apesar da precariedade e simplicidade com que vivemos”, disse.

Quanto aos frutos pastorais da visita, o missionário espera que a fé e a vida espiritual dos fiéis sejam fortalecidas, destacando que as pessoas se preparam com grande entusiasmo para a chegada do papa Francisco, rezando o rosário todas as noites, organizando palestras e workshops de confissão nos quais milhares de pessoas participaram. “Foi muito emocionante”, disse o padre Prado.

“As pessoas esperam com entusiasmo e fervor a chegada do Santo Padre, buscando aquele encontro com Deus que desejam”, disse ele.

O desafio da juventude

“Os jovens não têm modelos para seguir nem se inspirar e poucos têm o apoio e o acompanhamento dos pais para se comprometerem pela vida. Formar boas famílias é um desafio, mas estamos vendo como, aos poucos, as coisas vão mudando”, destacou o padre.

O padre Prado encorajou os católicos de todo o mundo a rezar pelo país, pela população local e pela viagem do papa. Da mesma forma, pediu para rezar muito pelos missionários e pelas vocações papuásias ao sacerdócio, “que é o que pode realmente alcançar a mudança”.

“Em 2019, iniciamos um grupo para rezar pelas vocações e desde então o número de sacerdotes dobrou. Começamos a ver surgir vocações locais, que nunca tivemos antes: agora são três seminaristas e dois noviços”, concluiu.

*Andrés Henríquez é um jornalista venezuelano especializado em religião e política. Mais de 5 anos de experiência em meios bilingues. É membro da Federação Regnum Christi.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/58917/papua-nova-guine-poucos-dias-antes-de-visita-do-papa-conversoes-refletem-a-presenca-de-deus

A contumélia na perspectiva de Santo Tomás de Aquino

A contumélia (conceito)

A contumélia na perspectiva de Santo Tomás de Aquino 

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

A contumélia refere-se a uma ofensa verbal ou injúria proferida contra alguém visando atingir sua honra e reputação. Expressa-se, principalmente, por meio de palavras com a intenção de humilhar, desacreditar ou insultar o outro, podendo também incluir gestos ou ações que tenham a mesma força expressiva. Na teologia moral, a contumélia é considerada uma violação da caridade e da justiça, pois atinge a dignidade da pessoa ofendida. 

Santo Tomás de Aquino trata a contumélia, na Suma Teológica, no Tratado sobre a Justiça, na Questão 72. Em quatro artigos, ele analisa a natureza, a gravidade e as implicações morais desse comportamento, oferecendo uma reflexão que continua atual. 

No primeiro artigo, Santo Tomás entende que a contumélia consiste principalmente em palavras, pois estas são os meios mais eficazes de expressar pensamentos e intenções. Embora ações possam também desonrar, é por meio das palavras que a contumélia se manifesta mais claramente, pois elas trazem ao conhecimento de outros aquilo que desonra uma pessoa. Ele destaca que a contumélia é uma forma de injustiça, pois ao tornar público um defeito ou falha, seja verdadeira ou falsa, prejudica-se a honra e a dignidade do próximo. 

No segundo artigo, ele explora a gravidade da contumélia, considerando-a um pecado mortal quando há intenção deliberada de difamar alguém. Nesse caso, ela se torna semelhante ao furto e à rapina por violar a justiça e a caridade. No entanto, como a gravidade do pecado pode variar conforme a intenção e as circunstâncias, se a ofensa for proferida com a intenção de corrigir, a contumélia pode ser considerada um pecado venial. 

No terceiro artigo, Santo Tomás trata da paciência e da resistência às ofensas verbais. Ele sugere que, embora a paciência seja uma virtude, não é sempre necessário suportar a contumélia passivamente. Em certos casos, é legítimo e necessário repelir a ofensa, especialmente para corrigir o ofensor ou proteger a comunidade de influências negativas. No entanto, isso deve ser feito com moderação e por motivos corretos, e não por vaidade ou desejo de vingança. 

No quarto artigo, Santo Tomás identifica a ira como a origem mais comum da contumélia, visto que ela frequentemente surge como uma resposta impulsiva à provocação, uma forma imediata de vingança verbal. Ele também reconhece que a soberba e a estultícia podem predispor alguém a cometer contumélias, pois esses vícios enfraquecem a razão e aumentam a tendência de desonrar o próximo. 

A análise de Santo Tomás sobre a contumélia permanece atual, especialmente diante da proliferação de ofensas e discursos de ódio nas mídias sociais e nos ambientes digitais. O princípio de que a contumélia fere a dignidade humana e viola a justiça continua válido, independentemente do meio pelo qual a ofensa é proferida. Em um mundo onde a comunicação é instantânea e global, as palavras têm um poder ainda maior de causar danos, tornando a reflexão de Santo Tomás relevante e essencial para as questões éticas e morais contemporâneas. 

Eticamente, a contumélia desafia o princípio da dignidade humana e o dever de respeito mútuo, sendo condenada pela teologia moral como um pecado contra a caridade, pois envenena as relações humanas e contraria o mandamento do amor. Religiosamente, é vista como uma afronta ao desígnio divino de convivência harmoniosa. Juridicamente, pode ser considerada difamação ou injúria, sujeita a sanções civis ou penais, refletindo o reconhecimento social de que a honra e a reputação são bens jurídicos protegidos. A análise de Santo Tomás nos convida a refletir sobre a responsabilidade que temos ao usar as palavras e o impacto que elas podem ter na vida do outro, bem como nos aponta o dever de cultivar a caridade, a paciência e a moderação nas relações humanas e sociais. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

53º Congresso Eucarístico Internacional, um chamado à fraternidade mundial

Foto de arquivo (Vatican News)

De 8 a 15 de setembro, Quito sediará o 53º Congresso Eucarístico Internacional sob o tema “Fraternidade para curar o mundo”. Durante o evento, católicos de todo o mundo refletirão sobre a Eucaristia e o seu impacto global pelas Missas, a fraternidade, além de conferências e atividades culturais.

Lúcia Elvira - Cidade do Vaticano

Quito se prepara para ser o centro do 53º Congresso Eucarístico Internacional, evento que reunirá bispos, sacerdotes, religiosas, leigos e fiéis católicos de diversas nações e jurisdições eclesiásticas. O congresso, a ser realizado de 8 a 15 de setembro, terá como tema “Fraternidade para curar o mundo”, inspirado na citação bíblica do Evangelho de São Mateus (Mt 23,8) “Vós sois todos irmãos”. O encontro buscará aprofundar o mistério eucarístico e a sua influência na humanidade nos tempos atuais.

Abertura com Missa solene

No domingo, 8 de setembro, às 10 horas, hora local, uma Missa solene de abertura marcará o início do Congresso na Esplanada do Parque Bicentenário. Na celebração, 1.600 meninos e meninas da Arquidiocese de Quito receberão a Primeira Comunhão, símbolo do início de uma semana repleta de espiritualidade e comunidade.

Reflexões sobre um mundo ferido

Na segunda-feira, 9 de setembro, o Congresso abrirá com uma série de apresentações sobre as feridas que afetam a humanidade, desde conflitos armados até crises ambientais. Juan Manuel Cotelo, cineasta católico, juntamente com outros palestrantes renomados, abordará como estas fraturas podem ser curadas pela fé e pela Eucaristia.

A fraternidade redimida em Cristo

A terça-feira, 10 de setembro, será dedicada ao tema da fraternidade, que ferida pelo pecado e pela divisão, pode ser restaurada em Cristo. A irmã Daniela Cannavina, secretária-geral da Confederação Latino-Americana de Religiosos (CLAR), entre outros, compartilhará testemunhos inspiradores de figuras emblemáticas da fé que viveram e promoveram esta redenção.

Eucaristia e transfiguração do mundo

Na quarta-feira, 11 de setembro, dom Andrew Cozzens, bispo de Crookston (Minnesota), destacará a transfiguração do mundo por meio da Eucaristia, convidando os fiéis a refletir sobre a presença de Cristo em suas vidas. Na parte da tarde, uma palestra sobre a fraternidade exigida pelo Sagrado Coração de Jesus, proferida por dom José Ignacio Munilla.

Uma Igreja Sinodal

Na quinta-feira, 12 de setembro, o tema da sinodalidade estará no centro das atenções. Será discutido como a Igreja, em sua missão, procura ser um espaço de comunhão e participação ativa para todos os seus membros, leigos e clérigos. Figuras como o cardeal Mauro Gambetti, vigário geral de Sua Santidade para o Estado da Cidade do Vaticano, juntamente com Mary We, Assessora do Conselho de Apostolado dos Leigos da Arquidiocese de Taipei, na China, conduzirão estas reflexões.

Eucaristia: salmo da fraternidade

Na sexta-feira, 13 de setembro, o Congresso centrar-se-á na Eucaristia como salmo que louva e encoraja a fraternidade entre os filhos de Deus. Este tema será desenvolvido pelo cantor e compositor católico Pablo Martínez, que convidará os participantes a contemplar a Eucaristia como expressão máxima da comunhão com Deus e com os outros.

Procissão Eucarística

No sábado, 14 de setembro, o Congresso continuará com uma Missa solene celebrada às 16h na igreja de São Francisco. A seguir será realizada uma procissão eucarística que percorrerá as ruas do centro histórico de Quito, decoradas com tapetes florais, e terminará na Basílica do Voto Nacional, onde terá lugar a bênção com o Santíssimo Sacramento.

Missa de encerramento, Statio Orbis

No domingo, 15 de setembro, será celebrada a Statio Orbis, Missa que marcará o encerramento do Congresso e na qual será anunciado o local do próximo evento, que será realizado em quatro anos.

Durante estes sete dias, Quito se tornará o centro da reflexão sobre a Eucaristia e a fraternidade, destacando a sua relevância em um mundo em constante mudança. O Congresso promete ser um momento de renovação espiritual e uma oportunidade para os católicos de todo o mundo fortalecerem os seus laços de fraternidade e fé.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Bartolomeu - Apóstolo

São Bartolomeu - Apóstolo (A12)
24 de agosto
País: Israel
São Bartolomeu - Apóstolo

Bartolomeu, também chamado Natanael, nasceu em Caná, uma pequena aldeia a 14 quilômetros de Nazaré, na Galileia. Foi um dos 12 Apóstolos de Jesus (cf. os quatro Evangelhos e Ato dos Apóstolos), porém apenas uma citação bíblica lhe dá destaque (Jo 1,45-51):

“Filipe encontra Natanael e diz-lhe: ‘Achamos Aquele de Quem Moisés escreveu na Lei e que os profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José’. Respondeu-lhe Natanael: ‘Pode, porventura, alguma coisa boa vir de Nazaré?’ Filipe retrucou: ‘Vem e vê’. Jesus viu Natanael que vinha ao Seu encontro, e disse a seu respeito: ‘Eis um verdadeiro israelita, no qual não há falsidade’. Natanael perguntou-Lhe: ‘Donde me conheces?’ Respondeu Jesus: ‘Antes que Filipe te chamasse, Eu te vi quando estavas debaixo da figueira’. Natanael exclamou: ‘Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o rei de Israel!’ Jesus replicou-lhe: ‘Crês porque Eu te disse que te vi debaixo da figueira? Verás coisas maiores do que esta’. E concluiu: ‘Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem’”.

O comentário depreciativo de Bartolomeu a Filipe está de acordo com o que era a esperança judaica do Messias na época de Jesus, isto é, um grande personagem, governante, profeta ou general, de alta linhagem, e com poderes terrenos para suplantar o Império Romano. Jamais uma pessoa oriunda de um pequeno, pobre e esquecido vilarejo como Nazaré da Galileia.

São Bartolomeu acompanhou Jesus nos três anos de Sua vida pública, testemunhando as Suas obras e ensinamentos. Conheceu pessoalmente Nossa Senhora, presenciou a Ascensão do Senhor e recebeu o Espírito Santo em Pentecostes. Mas também abandonou o Mestre na Sua Paixão. Como todos nós, exceto Maria Santíssima, pecou; mas, sobretudo, arrependeu-se e acabou por dar a sua vida pelo Cristo – no que devemos igualmente imitá-lo, para além do pecado...

 A Tradição indica que Bartolomeu, depois da separação dos Apóstolos, evangelizou na Europa Oriental, talvez também na Índia. Já os evangelhos apócrifos indicam que morreu martirizado na Armênia, por volta do ano 68. O certo é que ele levou a Fé às regiões da Europa Oriental. Sua festa litúrgica é em 24 de agosto, que parece ser o dia provável do seu falecimento.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A melhor descrição de Bartolomeu foi feita pelo próprio Mestre: “Aqui está um verdadeiro israelita, no qual não há fingimento”. Deus gosta da sinceridade. Mesmo quando pensamos e agimos de forma errada, pois só quem é sincero poderá ver a Verdade, que é Ele mesmo, na realidade, e por isso será capaz de se arrepender, quando for o caso, ou manter-se fiel, se diante de pressões ou tentações. O primeiro comentário de Bartolomeu sobre Jesus não é lisonjeiro, mas é claramente a expressão do que pensavam os israelitas sobre o prometido Messias: deveria ser um grande homem, cuja origem não poderia ser um vilarejo qualquer. E Bartolomeu não se intimada em manifestá-lo claramente, ainda que com certa rudeza, na intimidade do amigo Filipe. Ainda assim, não se pode assumir que Bartolomeu fosse particularmente grosseiro, debochado ou desrespeitoso, pois os Apóstolos eram homens simples que não necessariamente primavam por uma refinada educação; muitas vezes a forma direta e incisiva de se expressar é apenas rústica, mas sem má intenção. Por fim, sincero é também o desejo de Bartolomeu da vinda do Messias. Queremos Deus com a mesma intensidade? E que Deus esperamos? Sejam antes rústicas que má intencionadas as nossas expectativas com relação a Deus, se ainda não as polimos e refinamos: também não esperamos nós, eventualmente, só coisas grandiosas e de aparência clara, por parte de Deus? Quanto não vemos Deus sob o nosso próprio interesse? Com didática divina, e sabendo da alma boa de Bartolomeu, que precisava ainda ser purificada, Deus o elogia, para incitar o diálogo que levaria à adesão do discípulo ao Mestre. Também de forma sincera, pois ainda não conhecia Jesus, e supunha naturalmente não ser conhecido por Ele, pergunta, surpreso, de onde vem este conhecimento. A resposta de Jesus, “Eu te vi quando estavas sob a figueira", de alguma forma revela imediatamente a Bartolomeu que Jesus é, de fato, o Messias. E em primeiro lugar porque o Senhor explicita, “Antes que Filipe te chamasse”. Como Jesus poderia saber deste pormenor, se não fosse “o Filho de Deus”, que tem um poder superior aos homens? Debaixo da figueira – algo muito particular, que só Deus poderia saber. Talvez um questionamento na alma, durante uma meditação? Deus nos vê no mais íntimo… ... aceitamo-Lo, então, como Bartolomeu? Pois o seu reconhecimento e aceitação da divindade de Cristo foi imediata e total: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!”. E para confirmar que ele estava certo, Jesus ainda acrescenta que mesmo este conhecimento íntimo, profundo e sobrenatural é pouco diante do que Bartolomeu testemunhará: “Verás coisas maiores do que esta”. E Sua conclusão reforça e define categoricamente Quem Ele é: “Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. São Bartolomeu expressa o que nós mesmos, talvez, pensamos… e como ele devemos ser corrigidos por Cristo. O fundamental, o crucial, de fato o que decide a nossa vida, é: agimos então como ele, aceitando e nos submetendo de boa vontade à divindade e autoridade do Senhor, obedecendo-O com amor? Até o extremo, e à morte? Somos sinceros como Bartolomeu, para merecermos o mesmo elogio de Cristo? Porque um homem sem falsidade, sem mentira, é alguém que está na Verdade, que estará com Deus no Paraíso. O pouco que há sobre Bartolomeu diz muito sobre nós.

Oração:

Senhor Deus da Verdade, que tudo podeis ver, concedei-nos pela intercessão de São Bartolomeu a plena sinceridade da alma e da Razão, o desejo puro, reto e intensíssimo de Vós, o agradecimento infinito de Vos reconhecer, conhecer e amar na Santa Igreja, a humildade e alegria de Vos receber e obedecer, e a inefável Adoração que mereceis na Eucaristia; pois nada disso merecemos, e nos escolhestes para existirmos, sermos católicos e termos preferencialmente as Vossas dádivas, sobretudo os Sacramentos, de sermos verdadeiramente pelo Batismo Vossos filhos protegidos, resgatados do pecado e destinados para o Céu! Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

CRISTANDADE: Os sacramentos de Jesus e das crianças

Bento XVI dá a comunhão a uma criança na Basílica de San Lorenzo Fuori le Mura, Roma
[© Osservatore Romano] | 30Giorni

Os sacramentos de Jesus e das crianças

O prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, no L'Osservatore Romano de domingo, 8 de agosto, afirma que hoje é ainda mais necessário antecipar a idade da primeira comunhão.

do Cardeal Antonio Cañizares Llovera

Há cem anos, com o decreto Quam singulari , Pio Esta disposição implicou uma mudança muito importante na prática pastoral e na concepção habitual da época, que por diversas razões atrasou este acontecimento tão fundamental para o homem.

Com este decreto Pio a vida de todos os batizados, inclusive das crianças. Ao mesmo tempo, sublinhou e lembrou a todos o amor e a predileção de Jesus pelas crianças, pois ele, além de se tornar criança, manifestou o seu amor por elas com gestos e palavras, a ponto de dizer: «Se vocês não se tornarem como filhos, não entrareis no reino dos céus”; «Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais: de facto o reino de Deus pertence aos que são como elas». Eles são sempre amigos muito especiais do Senhor.

Com a mesma predileção, o mesmo olhar amoroso e a mesma atenção e solicitude especial, a Igreja olha, acompanha, cuida e preocupa-se com as crianças. Por isso, como mãe amorosa, espera que os seus pequenos filhos, os primeiros no reino dos céus, participem em breve, com a devida disposição, do melhor e maior presente que Jesus nos deixou na sua memória: o seu corpo e a sua sangue, o pão da vida. Graças à sagrada comunhão, o próprio Jesus, Filho único de Deus, entra na vida de quem o recebe e nele passa a residir.

Não há amor maior, nem presente maior. Este é um presente de amor que vale mais do que qualquer outra coisa na vida de qualquer homem. Estar com o Senhor; que o Senhor esteja em nós, dentro de nós; que nos alimenta e nos sacia; pega-nos pela mão e guia-nos; que ele nos reanima e que permaneçamos fiéis na comunhão e na amizade com ele: é sem dúvida a coisa maior, mais gratificante, mais alegre que pode acontecer. Como, então, as crianças podem adiar este encontro com Jesus, visto que são os seus melhores amigos, aqueles que são amados de modo especial por Deus Pai, objeto do cuidado especial da Igreja, a santa mãe?

A primeira comunhão dos filhos é como o início de um caminho junto com Jesus, em comunhão com Ele: o início de uma amizade destinada a durar e a fortalecer-se com Ele por toda a vida; o início de um caminho, porque com Jesus, unidos sem separar, caminhamos bem e a vida torna-se boa e alegre; com ele dentro de nós sem dúvida poderemos ser pessoas melhores. A sua presença entre nós e conosco é luz, vida e pão de caminho. O encontro com Jesus é a força que necessitamos para viver com alegria e esperança.

Não podemos, atrasando a primeira comunhão, privar as crianças - a alma e o espírito das crianças - desta graça, obra e presença de Jesus, deste encontro de amizade com Ele, desta participação singular do próprio Jesus e deste alimento do céu na para amadurecer e assim alcançar a plenitude. Todos, principalmente as crianças, precisam do pão que desceu do céu, porque a alma também deve ser nutrida, e as nossas conquistas, a ciência, as técnicas não bastam, por mais importantes que sejam. Precisamos que Cristo cresça e amadureça em nossas vidas.

Isto é ainda mais importante nos momentos que vivemos e é especialmente importante para as crianças, cuja grandeza, pureza, simplicidade, “santidade”, atitude para com Deus e amor que as constituem são, infelizmente, frequentemente manipuladas e destruídas. As crianças vivem imersas em mil dificuldades, rodeadas por um ambiente difícil que não as encoraja a ser o que Deus quer delas; e muitas vítimas de crises familiares. Neste clima, o encontro, a amizade, a união com Jesus, a sua presença e a sua força são ainda mais necessários para eles. São, sem dúvida, graças à sua alma imaculada e aberta, os que estão mais dispostos a este encontro.

O centenário do decreto Quam singulari é uma ocasião providencial para recordar e insistir em fazer a primeira comunhão quando as crianças atingem a idade de usar a razão, que hoje parece até ter sido antecipada. A prática cada vez mais introduzida de aumentar a idade da primeira comunhão não é, portanto, recomendável. Pelo contrário, é ainda mais necessário antecipá-lo. Diante do que acontece com as crianças e de um ambiente tão adverso em que não devemos privá-las do dom de Deus: pode ser, é a garantia do seu crescimento como filhos de Deus, gerado pelos sacramentos da iniciação cristã no ventre da santa mãe Igreja. A graça do dom de Deus é mais poderosa do que as nossas obras, os nossos planos e programas.

Quando Pio Hoje devemos acompanhar esta mesma antecipação do tempo com uma nova e vigorosa pastoral de iniciação cristã. As linhas traçadas pelo Catecismo da Igreja Católica, pelo diretório geral da catequese e pelo diretório das missas infantis são um guia essencial nesta nova ou renovada pastoral de iniciação cristã tão fundamental para o futuro da Igreja, mãe que, com a ajuda da graça do Espírito gera e amadurece os seus filhos através dos sacramentos da iniciação, da catequese e de toda a ação pastoral que a acompanha.

Por isso, não fechemos os ouvidos às palavras de Jesus: “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais”. Ele quer estar neles e com eles, porque «o reino de Deus pertence aos filhos e aos que são como eles».

Arquivo 30Dias - 08/09 - 2010

Fonte: http://www.30giorni.it/

Santa Rosa de Lima

Santa Rosa de Lima (Guadium Press)
23 de agosto
País: Peru
Santa Rosa de Lima

Deus não suscitou para salvar a América um grande pregador, mas sim uma mulher dotada de uma missão de caráter universal: Santa Rosa de Lima.

Redação (22/08/2022 19:01, Gaudium Press) Quem conhece a frase: “Cristo é a minha força, a Oração é meu baluarte, a Fé é meu escudo” tem a tendência de julgar que ela seja o dito de um cavaleiro medieval, o lema de um cruzado cheio de religiosidade ou ainda o testemunho de um guerreiro destemido e temente a Deus.

E não há nenhum descabimento nesse julgamento. Porque esta afirmação fogosa faz parte de uma das orações preferidas por uma pessoa que, na realidade, foi uma lutadora na presença do Altíssimo, uma conquistadora de almas para Deus, uma batalhadora mística “tomada pelo íntimo ardor causado pela proximidade de Jesus Cristo”.

– Então, quem fez esta proclamação tão destemida?

Uma donzela! Donzela frágil, persistente, sofredora, obediente, pura. Uma jovem que, desde pequena, teve grande pendor para a oração, a meditação e o serviço junto aos mais necessitados. Uma jovem que, ainda menina, viu seu nome mudado por causa de sua grande beleza, fragilidade e meiguice. E quem foi ela?

Isabel, que se tornou Rosa de Santa Maria…

Santa Rosa de Lima (Guadium Press)

Seu nome de batismo era Isabel Mariana de Jesus Paredes Flores y Oliva….

Ela era descendente de conquistadores espanhóis, foi a terceira dos onze filhos do próspero casal Gaspar de Flores, um espanhol que prestava serviço ao Vice-Rei do Peru como arcabuzeiro, e de Maria de Oliva, uma distinta senhora que vivia em Lima.

Isabel nasceu na Vila de Quives, na cidade de Lima, capital do Peru, no dia 30 de abril do ano de 1586. Na casa de seus pais vivia uma índia que se chamava Mariana. Como criada, ela ajudava Dona Maria de Oliva nos serviços domésticos e era muito prestativa. Num dia em que toda a família estava reunida, Mariana dirigiu-se a Isabel exclamando: “Você é bonita como uma rosa!

A família inteira ouviu a afirmação e todos concordaram com a fiel índia. Dai surgiu o apelido de “Rosa”. A extraordinária beleza de Isabel motivou a mudança de seu nome. Sua mãe mesma, ao ver aquele rosto rosado e belo, começou a chamar a filha de “Rosa”. De Isabel ela passou a ser chamada de Rosa. E um dia a menina mesma mostrou como gostaria de ser chamada: Rosa de Santa Maria. Bem mais tarde ainda, Isabel Mariana de Jesus Paredes Flores y Oliva tornou-se conhecida no mundo todo pelo título que a Santa Igreja lhe deu: Rosa de Lima, ou melhor, Santa Rosa de Lima!

“Dedique a mim todo seu amor…”

Desde pequena Rosa teve grande tendência para a oração e a meditação. Procurava ver na beleza das coisas criadas os reflexos da sabedoria, da bondade de Deus. E bem cedo ela deu mostras de ser uma alma predestinada: tornou-se grande devota de Nossa Senhora. A cada instante recorria à proteção certa da Santa Virgem Mãe de Deus.

Rosa, cresceu tendo o piedoso costume de rezar diante de uma imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus em seus braços. Certo dia, estando absorta em suas orações, a jovenzinha ouviu uma voz que vinha da pequena imagem de Jesus:

– “Rosa, dedique a mim todo o seu amor…”

Ela não duvidou: aquele apelo vinha de Deus. Ouvindo-o, ela tomou a decisão de dedicar inteiramente a Nosso Senhor um amor excludente. Só a Ele ela dedicaria seu amor, seu amor seria somente de Jesus. E assim foi até fim de seus dias.

Sua grande beleza, aliada à boa formação recebida e à fama de ser a moça mais virtuosa e prendada da cidade, levou jovens entre os mais ricos e distintos cavaleiros de Lima e arredores a se interessarem por ela e dela se aproximarem com o desejo legítimo e sincero de constituir uma família. Ela, porém, já havia se comprometido com o Esposo das Virgens. Levava isso muito a sério e encontrava sua felicidade nesse comprometimento. Por isso ela costumava dizer que “o prazer e a felicidade que o mundo pode me oferecer são simplesmente uma sombra em comparação com o que sinto”.

A fim de evitar qualquer volta atrás em sua decisão de dedicar a Jesus todo seu amor, para que não fosse causa de tentação para rapazes que a vissem e também para que ela mesma não fosse alvo de tentações que a levassem a esquecer o pedido de Nosso Senhor, Rosa tomou uma decisão radical: cortou seus longos e bem tratados cabelos e passou a cobrir seu belo rosto com um véu.

Pobre e sem revolta

A família de Rosa tinha bons recursos econômicos. Apesar disso, o pai necessitava trabalhar, inclusive prestando serviços ao Vice-Rei, a fim de manter sua posição econômica e social.

Devido ao insucesso ocorrido numa empresa de mineração em que Gaspar de Flores estava empenhado, sua situação financeira comprometeu-se a tal ponto que a família ficou pobre, chegando à beira da miséria. Por isso, Rosa cresceu na pobreza e, ainda na adolescência, teve que trabalhar duramente para ajudar a família.

Ela trabalhou como doméstica e, além disso, durante o dia, trabalhava no campo como lavradora e até altas horas da noite costurava, bordava, fazia rendas e brocardos para assim poder ajudar no sustento da casa.

Rosa nunca deixava de fazer suas orações por causa dos trabalhos que tinha que exercer. Ainda encontrava tempo para visitar frequentemente os pobres e enfermos. Rosa nunca deixava de fazer suas orações por causa dos trabalhos que tinha que exercer. Ainda encontrava tempo para visitar frequentemente os pobres e enfermos.

É por isso mesmo que dela se afirma ser alegre e ter sabido executar a harpa de forma graciosa e ainda cantar belas canções com uma voz doce e melodiosa.

Milagres, sofrimentos e espírito missionário

Santa Rosa de Lima (Guadium Press)

Aqueles que com ela conviveram ou escreveram sua biografia afirmam que, ainda em vida, era grande intercessora junto a Deus e por sua mediação foram atribuídos acontecimentos e fatos prodigiosos. Entre aqueles que atestam sua poderosa intercessão ainda em vida, encontramos Frei Juan de Lorenzana que, além de ter convivido com Rosa, foi confessor da Santa. Ela tinha dons e carismas especiais, afirma.

A ela são atribuídos milagres de curas, de conversões, de propiciações de chuvas e amenizações do clima. Todos eles são unanimes em admitir que suas orações foram que impediram que Lima fosse invadida por piratas holandeses em 1615.

Apesar de ter sido agraciada com experiencias místicas incomuns e com o dom dos milagres, nunca lhe faltou as dificuldades na vida. Em toda sua vida, a cruz foi sua companheira inseparável. Ela aproveitou-se de sua vida crucificada para, de certo modo, compartilhar com os sofrimentos do Divino Salvador. Eram sofrimentos provindos, muitas vezes de incompreensões gratuitas e perseguições descabidas, sem falar de sofrimentos físicos, das agudas dores causadas por uma prolongada doença que a acompanhou até o final de seus dias.

Seus sofrimentos pareciam inexplicáveis. E ela tentava mostrar seus sentimentos e não sabia como: “Posso explicá-los só com o silêncio” e admitia: “eu não acreditava que uma criatura pudesse ser acometida de tão grandes sofrimentos”. Finalmente, as atitudes que tomava demonstravam que, por amor a Deus, ela tinha uma aceitação plena de tudo que lhe era oferecido pela Providencia Divina: -“Meu Deus, podes aumentar os sofrimentos, contanto que aumentes meu amor por ti”, dizia ela, enquanto rezava.

Rosa era particularmente devota de Nossa Senhora e pedia insistentemente à Santa Mãe de Deus pelo crescimento da Igreja, sobretudo entre os indígenas americanos. Era tão grande seu amor apostólico pelos índios que em certa ocasião afirmou que, se não fosse mulher, seria um missionário entre esses seres que também foram redimidos pelo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como missionário, ela acreditava poder dedicar-se inteiramente à salvação de todos eles, poderia fazer por eles ainda mais do que já fazia.

Uma borboleta nas cores branca e preta

Tendo idade para casar-se, ela preferiu fazer voto particular de castidade. Isso, depois de lutar contra o desejo contrário de seus pais. Quis então, para satisfazer um desejo de sua alma, ingressar no convento de uma ordem religiosa para viver uma vida consagrada a Deus. Escolheu, então, a ordem em que gostaria de entrar. No dia de sua admissão, estando rezando diante de uma imagem de Nossa Senhora, sentiu que não conseguia levantar-se de onde estava, nem mesmo com a ajuda de seus irmãos. Nesse instante Rosa percebeu que aquilo só poderia tratar-se de um aviso dos céus: que ela não se dirigisse para aquele convento que estava prestes a ingressar.

Foi, então, que ela fez uma prece a Nossa Senhora na qual submetia-se inteiramente à vontade divina. Ela iria para onde fosse da vontade de Deus. Isto foi suficiente para que a paralisia desaparecesse por completo e, imediatamente, ela recuperasse os movimentos, levantando-se e caminhando sem precisar do auxilia dos irmãos. A partir deste dia, Rosa, que se espelhava em Santa Catarina de Sena como modelo de vida a ser seguido, passou a pedir diariamente que, por intercessão da Santa, Nosso Senhor lhe indicasse em que ordem religiosa deveria ingressar.

Todos os dias, enquanto rezava, ela percebeu que, assim que iniciava suas orações, aparecia uma pequena borboleta que tinha as cores branca e preta. Sem perturbar o recolhimento e a compenetração de Rosa, o pequeno animal voava de um lado para o outro, enquanto ela estivesse em oração.

Para Rosa, isso era outro sinal de Deus. E foi suficiente para a jovem entender onde serviria melhor a Deus e aos irmãos: ela deveria ingressar na Ordem Terceira da Congregação de São Domingos, cujas vestimentas eram nas cores preto e o branco. As cores da pequena borboleta que a visitava diariamente eram as mesmas do hábito de Santa Catarina de Sena, a santa pela qual tinha tanta devoção e a quem deseja tanto imitar. Em 1606, aos vinte anos, ingressou na Ordem Terceira Dominicana.

Pediu licença para emitir os votos religiosos em casa e não no convento. Sendo aceito seu pedido, ela fez os votos, passando, então, a pertencer oficialmente à Ordem de São Domingos. E ela escolheu também seu nome de religiosa que passou a ser oficialmente Rosa: Rosa de Santa Maria.

No jardim e quintal da casa de seus pais, edificou um eremitério. Construiu para si uma pequena e estreita cela e passou a levar uma vida religiosa de austeridade, de mortificação e de abandono à vontade de Deus. Praticava a penitencia e castigava seu corpo com jejuns constantes consumindo o mínimo necessário de alimentos para sua sobrevivência. Quase não bebia água. Sua cama era um tábua coberta com um saco de estopa.

Na simplicidade de vida de leiga que levava, foi modelo de vida de penitencia, de pureza ilibada, de oração perseverante e do contínuo serviço espiritual e material aos irmãos. Portava cilícios dolorosos e conta-se que utilizava muitas vezes um aro de prata semelhante a uma coroa de espinhos. Numa época em que isso não era comum, Rosa comungava diariamente. Ela conseguiu eliminar de sua vida todo orgulho, amor próprio e vaidade, tendo sido cumpridas nela as palavras de Cristo: “Quem se humilha será exaltado”. Meditava com frequência e ao olhar para o crucifixo dizia:

– “Senhor, Vossa cruz é muito mais cruel que a minha”.

Dentro da vida austera, pobre e alegre que levava, seu coração voava. E em seus voos contemplativos ela admirava a beleza das coisas criadas à imagem e semelhança do Criador e a Ele prestava louvor, honra e glória. Um verso de sua autoria e que ela costumava repetir em forma de oração mostra como era sua alma e em que cogitações vivia:

– Meu querido Senhor, quanto é bom ver nas flores, e no verde sombrio da copada oliveira, toda vossa beleza. Como é doce saber que abençoar-me quereis, e meu coração de alegrias encher!

De fato, dentro e sua vida simples e de abandono à vontade de Deus, alcançou um alto grau de vida contemplativa e de experiência mística. Compreendeu em profundidade o mistério da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Suas orações e penitências conseguiram converter muitos pecadores. Rosa de Santa Maria foi extremamente bondosa e caridosa para com todos, especialmente para com os índios e negros, aos quais prestava os serviços mais humildes em caso de doença. Frequentemente visitava os enfermos e os pobres.

Núpcias eternas e canonização

Todos os anos, na festa de São Bartolomeu, Rosa passava o dia inteiro em oração. Quando lhe perguntavam por que aquela data a deixava tão contemplativa, mais orante e mais posta nas mãos de Deus, ela dava uma resposta que seus ouvintes não chegavam a compreender bem:

– “É porque este é o dia das minhas núpcias eternas”, dizia.

A cada 24 de agosto o fato se repetia. E os que a cercavam continuavam sem entender. Isso aconteceu até o ano de 1617. Rosa vinha suportando uma grave enfermidade que insistia em não abandoná-la. No dia de São Bartolomeu desse ano, ela morreu. Tinha apenas 31 anos. Como ela havia anunciado, aconteceu o que ela já previra: o dia 24 e agosto seria o dia de seu encontro eterno com Deus, seria o dia de suas “núpcias eternas” com Nosso Senhor Jesus Cristo! Suas últimas palavras foram:

– Jesus está comigo!

O Peru inteiro chorou sua morte. Seu sepultamento foi apoteótico. Seu túmulo, os locais onde viveu e trabalhou pela Igreja bem cedo tornaram-se locais de peregrinações. Muitos milagres começaram a acontecer. A beatificação de Rosa de Santa Maria deu-se no ano de 1667, logo no primeiro ano do pontificado do Papa Clemente IX.

A concretização de sua canonização demorou um pouco mais para acontecer. O Papa Clemente X relutava em elevá-la à glória dos altares. Mas o Papa convenceu-se de que deveria canonizá-la depois que presenciou uma milagrosa chuva de pétalas de rosas que caiu sobre ele e que todos atribuíram à ação da Beata Rosa de Santa Maria.

Clemente X a canonizou em 12 de abril de 1671. Rosa, a menina que um dia foi crismada por São Turíbio de Mongrovejo, passou a ser conhecida no mundo católico como Santa Rosa de Lima. Era a primeira mulher da América a receber essa honra tão excelsa. Santa Rosa de Lima é a padroeira da América Latina e das Filipinas.


Fontes:
– (*) Joseph, Card. Ratzinger
– www.santarosadelima-rj.com.br/historia.htm (Acessado em 18/8/2011)
– www.santarosadelima-rj.com.br/historia.htm (Acessado em 18/8/2011)
– http://storico.radiovaticana.org/bra/storico/2010-08/417273_santa_rosa_de_lima_padroeira_da_america_latina.html
(Acessado em 18/8/2011)

Fonte: https://gaudiumpress.org/content/97447-santa-rosa-de-lima/

Conheça os benefícios do melão

Os benefícios do melão (comparepplanosaude)

Conheça os benefícios do melão

Saiba quais são as maiores qualidades da fruta típica do verão e veja como ela influencia na sua saúde e na prevenção de doenças

Com certeza você já ouviu falar da importância em acrescentar frutas, legumes e verduras em sua alimentação diária, especialmente para quem deseja reduzir medidas e/ou ter uma qualidade de vida melhor, mas talvez você ainda não conheça os benefícios do melão, uma fruta muito nutritiva, típica do verão e extremamente hidratante!

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Conheça outros benefícios do melão 

Os benefícios do melão podem ser aproveitados por qualquer pessoa, porém, a fruta é ideal para mulheres que buscam vantagens estéticas decorrentes de uma boa alimentação diária. Por conta da grande quantidade de vitamina A e C, o melão contribui para a saúde da pele, pois estimula a produção de colágeno, além de favorecer a saúde dos cabelos, combatendo a oleosidade e fortalecendo as madeixas.

Mas, afinal, comer melão emagrece? Essa é uma dúvida muito comum sobre os benefícios do melão, especialmente entre as mulheres. A resposta para essa pergunta é sim, o melão ajuda no emagrecimentos, entenda o motivo: a fruta possui é uma ótima fonte de bons carboidratos e fibras, o que ajuda a aumentar a saciedade, além de ser rica em água e ajudar a combater o inchaço e consequentemente dar aquela impressão de perda de peso.

Mas os benefícios do melão não param por aí! Outro fator positivo do alimento é que a fruta ajuda a melhorar o funcionamento do intestino, por isso é muito indicada para quem sofre de prisão de ventre. Ademais, o melão é uma fruta de fácil digestão, evitando aquela sensação de estufamento após as refeições.

Benefícios do melão para mulheres que sofrem de menopausa

O melão também é uma fruta capaz de amenizar os efeitos da menopausa e isso ocorre por causa de alguns nutrientes presentes em sua composição, como o fósforo, magnésio e algumas vitaminas. Juntas essas substâncias ajudam na saúde da mulher e previnem contra a osteoporose, combatem a flacidez da pele e diminuem a ansiedade.

Dica de alimentação: para obter o melhor aproveitamento dos benefícios do melão, é recomendado para mulheres que sofrem com os sintomas da menopausa, consumir o melão regularmente e adicionar em sua dieta o chá de casca de amora, que também é um poderoso remédio natural para combater os sintomas do problema.

Para mulheres que ainda não chegaram na fase da menopausa, acrescentar o melão ao cardápio pode ajudar a regular a menstruação, pois o alimento é capaz de melhorar a circulação sanguínea. Outro período muito oportuno para aproveitar os benefícios do melão é durante o período pré-menstrual, pois a fruta também possui propriedades de calmante natural, o que ajuda a combater as mudanças de humor na TPM.

Benefícios do melão para aumentar a imunidade baixa

É claro que com tantos nutrientes e vitaminas a fruta também iria contribuir para aumentar a nossa imunidade, não é mesmo? Mas na verdade é muito mais do que isso, o melão possui uma boa quantidade de bioflavonóides, que são excelentes fontes de antioxidantes e anti-inflamatórios.

A fruta ainda contém ferro, que é um importante nutriente contra a anemia, e por isso o melão é muito recomendado para a alimentação infantil, pois ajuda no crescimento saudável e no desenvolvimento dos bebês. Além disso, grande quantidade de vitamina C também faz parte dos benefícios do melão, e por isso a fruta ajuda o nosso sistema imunológico a combater doenças comuns com a gripe e o resfriado.

Agora que você já conhece todos os benefícios do melão, não deixe de acrescentar o alimento em sua dieta e testar todas as receitas recomendadas neste post. Gostou deste conteúdo sobre os benefícios do melão? Então compartilhe com todos os seus amigos e familiares nas suas redes sociais. Continue acompanhando o Blog da Compare Seguros e mantenha-se sempre bem informado(a)!

É fato que alguns alimentos são verdadeiros parceiros para pessoas que sofrem de inchaço corporal, sobrepeso ou diabetes, e contribuir para a melhora desses problemas de saúde é um dos benefícios do melão. Muitos nutricionistas recomendam a fruta para pacientes com diabetes especialmente por causa do baixo teor de frutose, que é o açúcar natural da fruta.

Assim como a melancia, o melão também é uma fruta com grande teor de água, sendo assim uma excelente opção contra a desidratação em dias muito quentes. A fruta ainda é um excelente fonte de bons carboidratos e muito indicada para o pré e pós treino na academia, além de possuir pouquíssimas calorias.

Outro benefício do melão está diretamente ligado ao seu valor nutritivo, pois a fruta contém uma grande quantidade de vitaminas A, B e C, que são muito importantes para a elasticidade da pele e no combate do envelhecimento precoce. Contudo, a fruta também possui outros nutrientes importantes, como os flavonoides, que são poderosos antioxidantes e atuam diretamente na prevenção de doenças cardiovasculares. 

Confira a seguir algumas dicas bem simples para que você consiga acrescentar a fruta na sua alimentação diária, e assim aproveitar de maneira completa todos os benefícios do melão. Veja também como o consumo da fruto pode influenciar na sua saúde!

Dicas para acrescentar o melão ao seu cardápio 

É comum que após conhecer os benefícios do melão ou de qualquer outra fruta as pessoas busquem se alimentar melhor a cada dia, porém, algumas pessoas se esquecem que para obter bons resultados é necessário manter uma alimentação equilibrada. Por exemplo, se alguém mantém uma dieta muito gordurosa e só come frutas uma vez por semana, é provável que essa pessoa não consiga aproveitar completamente os benefícios do melão.

Por isso é tão importante manter uma dieta balanceada, com mais alimentos nutritivos e saudáveis, e menos alimentos gordurosos e ultraprocessados. Então você se pergunta: “isso significa que não posso mais comer fast foods ou doces?” Mas não é bem assim. Muitos nutricionistas afirmam que é possível comer de tudo e mesmo assim ser uma pessoa muito saudável.

Entretanto, “comer de tudo” querer equilíbrio. Comer doces ou fast foods de vez em quando não irá prejudicar a sua saúde, mas caso isso se torne um hábito frequente, é possível que possam ocorrer diversos problemas de saúde decorrentes de uma má alimentação, como pressão alta, diabetes ou obesidade. 

Agora que você já sabe por qual motivo é importante manter uma boa alimentação e incluir frutas, legumes e verduras no seu cardápio (em especial o melão), separamos 5 dicas bem simples para te ajudar a montar um cardápio mais balanceado e com total aproveitamento dos benefícios do melão, confira:

  • 1º Dica: Comer a fruta in natura é uma das melhores maneiras para aproveitar os benefícios do melão, pois assim nenhuma vitamina ou nutriente se perde. Dois bons horários para consumir a fruta é no café da manhã ou no lanche da tarde;
  • 2º Dica: Para deixar o seu suco de melão com muito mais sabor invista em ingredientes refrescantes, como o limão e a hortelã. Receita: coloque no liquidificador 1 fatia de melão, o suco de 1 limão, 2 folhas de hortelã e mais ¹/² xícara de água, bata todos os ingredientes e adoce se achar necessário;
  • 3ª Dica: Outra maneira de aproveitar os benefícios do melão é fazendo uma vitamina bem nutritiva com banana e aveia. Receita: coloque no liquidificador 1 fatia de melão, 1 banana picada, 500 ml de água ou leite, 1 colher de mel, 2 colheres de aveia. Bata todos os ingredientes e depois sua vitamina estará pronta;
  • 4ª Dica: Talvez você não saiba, mas é possível aproveitar os benefícios do melão até mesmo por meio das sementes da fruta. Uma opção vegana e super nutritiva é fazer a receita de leite de semente de melão, veja como é bem simples: coloque no liquidificador 1 xícara de semente de melão e 2 xícaras de água, bata todos os ingredientes e em seguida utilize uma peneira fina ou um coador de pano. Armazene o leite de semente de melão em um recipiente de vidro e deixe na geladeira;
  • 5ª Dica: Os benefícios do melão também podem estar presentes na hora do almoço, você sabia? Uma receita bem refrescante para dias quentes é a salada de melão, você irá precisar de: 1 fatia de melão maduro (cortar em cubos), mussarela de búfala e folhas de hortelã de acordo com a sua preferência. Para temperar a salada utilize azeite de oliva extra virgem, pimenta do reino, suco de 1 limão e sal a gosto.

Fonte: https://compareplanodesaude.com.br/blog-saude/dicas-de-saude/beneficios-do-melao/

Os dez mandamentos

Os dez mandamentos (A12)

Os dez mandamentos

Dom Pedro Cipollini
Bispo de Santo André (SP)

A maioria de nós já ouviu falar nos dez mandamentos da Lei de Deus ou Decálogo. A Bíblia tem um nome para estes mandamentos; “As Dez Palavras de Javé”(cf. 34,28;Dt 4,13 e 10,4) ou  tábuas da Lei. Estes mandamentos formam a base da aliança de Deus com o Povo reunido no monte Sinai. O número dez não tem sentido ou valor simbólico, mas sim pedagógico, pois permite decorar estes mandamentos contando-os pelos dedos das mãos. Nos Evangelhos Jesus se refere a estes mandamentos e os apóstolos os indicam como obrigatórios na nova ordem da salvação trazida por Jesus Cristo ( cf. Mt 19,17,Mc 10, 19; Lc 18,20; Rm 13,9, etc.). 

O decálogo tem valor universal como síntese dos valores religiosos e morais. Mas hoje na sociedade que vivemos, eles estão esquecidos. Vale a pena recordar quais são estes dez mandamentos da lei de Deus: 1. Amar a Deus sobre todas as coisas. 2. Não tomar seu santo nome em vão. 3.Descansar nos domingos e festas. 4.Honrar pai e mãe. 5. Não matar. 6. Não cometer adultério. 7.Não roubar. 8.Não levantar falso testemunho. 9. Não desejar a mulher do próximo. 10. Não cobiçar as coisas alheias.  

Estes mandamentos são entregues a Moisés por um Deus que se apresenta como libertador. Ele tirou o povo da escravidão do Egito. Se o povo não quiser voltar a ser escravo, deve observar estes mandamentos. Eles são expressão da vontade do próprio Deus. Mais do que preceitos éticos e morais, estes mandamentos indicam a pertença ao povo de Deus. Quando o indivíduo observa-os, ele está dentro do povo de Deus, ao não observá-los ele se coloca fora, rompe com a aliança, com a comunhão com Deus e com a comunidade de pertença. 

Mas o que significam estes mandamentos em nossa época onde predomina o relativismo, que pretende ser o homem não só capaz de pensar a verdade, mas fazer sua própria verdade ou seja, cada um é lei para si mesmo e para os outros. Então para que o Decálogo? Para nos fazer recuperar a inocência original, na qual fomos criados por Deus e que perdemos pelo pecado. Pecado que é construir uma sociedade com base no egoísmo e não no amor, o qual o ser humano intui ser a lei maior que rege o universo, como escreve o poeta Dante na sua “Divina Comédia”: “Amor que move o sol e as estrelas”. 

No fundo do coração de cada ser humano está escrita a lei natural, a lei do amor, a consciência do bem e do mal, consciência perdida pela desagregação interna da pessoa. Porém ao entregar o Decálogo a Moisés, Deus confirma a lei natural inscrita na consciência de cada ser humano, por mais que ele tente negar que a vida plena está em fazer o bem e evitar o mal. No fundo de sua consciência o homem descobre uma lei que ele não se impôs, mas que vem de fora, é a voz da consciência, a voz de Deus. 

Os dez mandamentos não são um jugo para maltratar o homem, mas caminho de crescimento e libertação, eles possibilitam uma vida mais humana, digna e honrada: “Minha lei será a vossa alegria e delícia”(Ez 36,24). O que seria a humanidade sem leis justas que mostram e facilitam o caminho da liberdade para todos? Os dez mandamentos são os marcos que indicam ao homem o caminho para a verdade, liberdade e felicidade. 

Aos poucos eles estão sendo relegados ao passado e esquecidos.  Portanto é bom lembrar o que escreveu G. K. Chesterton: “As civilizações no seu apogeu declinam, porque esquecem as coisas evidentes”.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Cardeal Ignazio Suharyo explica como é seguir Jesus no país da "Pancasilla"

Vitral com Nossa Senhora de Fátima na Igreja de São Barnabé em Tangerang, Indonésia.  (ANSA)

Segundo dados da Conferência Episcopal Indonésia, existem cerca de 10,5 milhões de católicos nas 34 províncias indonésias, em um total de mais de 275 milhões de habitantes, de maioria muçulmana. Em entrevista à Agência Fides, o arcebispo de Jacarta fala da presença católica no Arquipélago desde os primórdios e como esta teve participação até mesmo na independência do país em 1947.

por Paolo Affatato

Ao entrar no complexo da Catedral de Jacarta, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, um display com a imagem do Papa Francisco faz a contagem regressiva e informa aos fiéis quantos dias faltam para sua chegada à capital indonésia. O mesmo cronômetro é encontrado na igreja, onde os fiéis param para rezar diante da estátua da Pietà ou diante da Virgem com rosto indonésio. Do outro lado da rua avista-se a grande mesquita Istiq'lal, e também ali, onde se realizará um encontro inter-religioso com o Papa, os preparativos são intensos.

No clima de expectativa pela visita do Papa Francisco, o cardeal Ignatius Suharyo Hardjoatmodjo, arcebispo de Jacarta desde 2010, fala em uma entrevista à Agência Fides (publicada em duas partes) sobre os motivos da peregrinação papal e as esperanças que suscitam no país de maioria islâmica mais populoso do mundo.

Cardeal Suharyo, o senhor poderia traçar-nos um perfil da Igreja Católica na Indonésia?

A Indonésia é um país muito grande e a situação varia muito, de ilha para ilha, em todos os níveis: geografia física, contexto social, cultural e religioso, nível de desenvolvimento e educação. Esta grande diversidade é certamente uma riqueza, mas objetivamente representa também um problema, ou seja, um desafio a ser enfrentado para a unidade da nação. Em linha de máxima, os católicos na Indonésia vivem em harmonia com o resto da nação, com os diferentes componentes da sociedade, cuja grande maioria professa o Islã. Também na extensão e na presença da Igreja Católica no arquipélago podemos notar grandes diferenças: se formos a Flores, na província de Nusa Tenngara oriental, encontraremos uma ilha onde a maior parte da população é católica; se formos para Sumatra Ocidental, a porcentagem se aproxima de zero. Em uma situação muito diversificada, então, o critério comum é viver e testemunhar a nossa fé com simplicidade e mansidão, e desfrutar de boas relações com todo o resto do povo. Segundo dados da Conferência Episcopal Indonésia, existem cerca de 10,5 milhões de católicos nas 34 províncias indonésias, num total de mais de 275 milhões de habitantes.

Alguma breve informação histórica sobre a presença da fé católica na Indonésia?

Depois dos primeiros contatos com alguns missionários franciscanos no século XIV, os primeiros missionários portugueses chegaram à região das ilhas Molucas no início de 1500 e levaram para lá o Evangelho. Também o grande apóstolo São Francisco Xavier, padroeiro das missões, desembarcou na metade de 1500 e atuou no que hoje é território indonésio. Depois, com a presença dos colonizadores holandeses (que aqui permaneceram por 350 anos), favoráveis ​​ao calvinismo, a difusão da fé católica foi prejudicada e sofreu um revés. Somente no século XIX o governo das Índias Orientais Holandesas concedeu aos católicos liberdade de missão. Aqui em Java recordamos a presença do missionário holandês Frans Van Lith, que no início do século XX evangelizou o centro da ilha e fundou o primeiro Seminário.

É uma história muito longa, e o sua última passagem, aquela mais próximo de nós, começa com a Proclamação da Independência da Indonésia em 1947. É preciso recordar que então a Santa Sé foi uma das primeiras a reconhecer a nova nação que obteve o independência. Desde 1947 um representante do Vaticano já estava oficialmente presente em Jacarta. Este é um ponto importante na história da Igreja Católica no Arquipélago. E, voltando, antes da independência, os missionários católicos presentes estavam ao lado da população local e partilhavam com ela o desejo de se tornar uma nação, manifestando-se já no início do século XX.

De que forma essa proximidade se manifestou?

No período colonial, primeiro holandês e depois japonês – durante a Segunda Guerra Mundial – os missionários expressaram muito claramente a visão de serem favoráveis à independência da Indonésia. Ainda mais depois da Carta Apostólica Maxixmum Illud de Bento XV. Quero recordar, por exemplo, a figura de um jesuíta que se tornará, em 1940, o primeiro bispo indonésio: Alberto Soejapranata, aluno do Seminário Van Lith, hoje um dos heróis nacionais reconhecidos pelo Estado. Soejapranata promoveu explicitamente a independência da nação, em um vasto movimento que tinha muitas almas, como a comunista, a islâmica e a nacionalista.

Portanto, desde o início, os católicos indonésios sentem-se plenamente integrados na nação...

Pode-se afirmar que eles são parte integrante da nação desde o início. Ainda hoje compartilhamos e recordamos o lema do bispo Alberto Soejapranata: ser cem por cento católicos e cem por cento indonésios. Podemos dizer que em toda a parte, em toda a Indonésia, os católicos vivem este espírito de pertença. Ele queria dizer que, como católicos, temos consciência de ser chamados a ser santos, a seguir os passos de Cristo, a ser suas testemunhas nesta parte do mundo. E como indonésios, amamos o nosso país, olhando para ele e vivendo nele com a inspiração da nossa fé. Na nossa história de hoje, este espírito significa ser generoso, caridoso e compassivo para com o nosso país, para com toda a vasta população indonésia.

Como se expressa hoje esta abordagem no contexto específico da Indonésia, tão vasto e plural?

Esta atitude de amor à pátria hoje exprime-se e clarifica-se no praticar na vida quotidiana dos valores da “Pancasila”, a “Carta dos cinco princípios” que está na base da Constituição.

Gostaria de dar um exemplo prático: na nossa Arquidiocese de Jacarta, no quinquênio de 2016 a 2020, refletimos, como comunidade, sobre um dos princípios da Pancasila a cada ano, traduzindo-o na vida quotidiana, considerando-o da específica perspectiva da nossa fé, fortalecendo assim quer a nossa fé como a nossa pertença à Indonésia.

Estudamos o primeiro princípio – a fé no único Deus – à luz do documento Deus Caritas Est e celebramos naquele ano o Jubileu da Misericórdia: Deus é amoroso e misericordioso conosco. O segundo princípio é a humanidade. A pergunta que nos fizemos foi a do Evangelho: quem é o meu próximo? Se pensarmos que a Indonésia é composta por mais de sete mil grupos étnicos, com culturas, histórias e tradições diferentes. O meu próximo é cada uma destas pessoas, do vasto mosaico indonésio.

Ao atualizar o terceiro princípio, a unidade da Indonésia, vimos que hexiste uma consequência direta: somos diferentes mas todos ligados pela mesma humanidade, e isto constrói a unidade do país. O lema da Indonésia é precisamente “unidade na diversidade”. Quisemos expressar isso de especial maneira no culto mariano, representando a Virgem Maria, nossa mãe - da qual existem várias figuras e rostos diferentes, dependendo dos estilos e culturas da Indonésia - com um rosto comum a todos: nasceu assim “Maria mãe de todas as etnias”, representada com as cores da nação e com a garuda, a águia nacional, e essa estátua está na Catedral de Jacarta. Também rezamos e distribuímos milhares de Rosários nas cores branca e vermelha, as cores nacionais.

Como vocês atualizaram os dois últimos princípios da Pancasila?

Para o quarto princípio, a democracia guiada pela sabedoria, aprofundamos a nossa compreensão da sabedoria cristã, graças a um discernimento comunitário, uma experiência de profunda sinodalidade que nos reconduziu às origens da nação indonésia e nos levou a pensar sobre o nosso futuro não individualmente, mas juntos e como comunidade inserida em uma nação mais ampla. Tivemos também a ocasião de refletir sobre a hierarquia na Igreja, que só faz sentido se concebida como serviço, e vivida com o método da escuta, porque o Espírito Santo fala na comunidade: assim o princípio da democracia, de uma forma ou outra, entra também na vida da comunidade eclesial, com uma prática de sinodalidade.

Ao abordar o quinto princípio, a justiça social, chegou a pandemia e pudemos ainda mais vivenciar a atenção aos pobres e aos doentes, aos que se encontram em estado de necessidade e são os mais necessitados e vulneráveis, sem distinção de crença, etnia, cultura. Para sancionar esta opção preferencial, recolocamos no complexo da catedral uma estátua que representa “Jesus sem teto”, para recordat a cada um de nós que Cristo se faz presente nos pobres, nos marginalizados, nos deserdados.

*Agência Fides

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF