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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Na alegre esperança de Cristo (1)

Na alegre esperança de Cristo (Opus Dei)

Na alegre esperança de Cristo

Deixar que o amor de Deus nos toque, deixar que Cristo olhe para nós. A esperança abre um mundo diante de nós, porque se fundamenta no que Deus quer fazer em nós.

04/12/2017

O que torna a vida valiosa? O que faz com que a minha vida seja valiosa? No mundo atual, a resposta a essa pergunta com frequência gira ao redor de dois polos: o sucesso que somos capazes de alcançar e a opinião que os outros têm de nós. É claro que não são questões banais: a opinião alheia tem consequências na vida familiar, social e profissional. O sucesso é a expectativa lógica daquilo que empreendemos. Ninguém faz alguma coisa com o objetivo de fracassar. No entanto, às vezes, aparecem pequenas ou não tão pequenas derrotas em nossa vida, ou outros podem formar uma opinião sobre nós em que não nos sentimos refletidos.

A experiência do fracasso, do desprestígio, ou a consciência da própria incapacidade – já não somente no mundo profissional, mas inclusive no esforço de viver uma vida cristã – podem levar-nos ao desânimo, ao desalento, e, em último termo, à desesperança.

Na atualidade, a pressão por ter sucesso em diferentes níveis, por ser alguém, ou, pelo menos, por podermos dizer que somos alguém é mais forte que em outras épocas. E, na realidade, em vez do que nós somos – filho, mãe, irmão, avó –, os holofotes estão colocados sobre o que somos capazes de fazer. Por isso, hoje estamos mais vulneráveis aos vários tipos de derrotas que a vida costuma trazer consigo: contratempos que antes se resolviam ou se suportavam com integridade, hoje causam com frequência uma tristeza ou frustração de fundo, desde idades muito precoces. Nesse mundo com tantas expectativas e desilusões, é possível então viver, como propunha São Paulo, “alegres na esperança” (Rom 12,12)?

NA ATUALIDADE, A PRESSÃO POR TER SUCESSO EM DIFERENTES NÍVEIS, POR SER ALGUÉM, OU, PELO MENOS, POR PODERMOS DIZER QUE SOMOS ALGUÉM É MAIS FORTE QUE EM OUTRAS ÉPOCAS

Na sua carta de fevereiro, o Prelado do Opus Dei dirige o olhar à única resposta verdadeiramente lúcida a essa pergunta. Uma resposta que se levanta com um sim decidido: “fazei, Senhor, que a partir da fé no vosso Amor vivamos cada dia com um amor sempre novo, numa alegre esperança”[1]. Ainda que, às vezes, a falta de esperança possa parecer “menos ingênua”, só será se fecharmos os olhos ao Amor de Deus e à sua permanente proximidade. O Papa Francisco nos recordava isso em uma das suas catequeses sobre a esperança: “A esperança cristã é sólida, eis porque não desilude. (...) Não está fundada sobre o que nós podemos fazer ou ser, e nem sequer naquilo em que podemos acreditar. O seu fundamento, ou seja, o fundamento da esperança cristã é o que de mais fiel e seguro pode existir, isto é, o amor que o próprio Deus alimenta por cada um de nós. É fácil dizer: Deus nos ama. Todos nós dizemos isso. Mas pensem um pouco: cada um de nós é capaz de dizer: estou convencido de que Deus me ama? Não é tão fácil dizê-lo. Mas é verdade”[2].

A grande esperança

Em sua pregação e em suas conversas, São Josemaria contemplava, muitas vezes, a vida dos primeiros cristãos. A fé era para eles, mais do que uma doutrina a aceitar ou um modelo de vida a realizar, o dom de uma vida nova: o dom do Espírito Santo, que havia sido derramado em suas almas depois da ressurreição de Cristo. Para os primeiros cristãos, a fé em Deus era objeto de experiência e não só de adesão intelectual: Deus era uma Pessoa realmente presente em seu coração. São Paulo escrevia aos fieis de Éfeso, referindo-se à sua vida antes de conhecer o Evangelho: “lembrai-vos de que naquele tempo estáveis sem Cristo, sem direito da cidadania em Israel, alheios às alianças, sem esperança da promessa e sem Deus, neste mundo” (Ef 2, 11–12). Com a fé, por outro lado, tinham recebido a esperança, uma esperança que “não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rom 5, 5).

Ao longo de vinte séculos, Deus não deixa de chamar-nos a esta “grande esperança”, que relativiza todas as outras esperanças e decepções. “Precisamos de esperanças – menores ou maiores – que, dia após dia, nos mantenham a caminho. Mas, sem a grande esperança que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir”[3].

AINDA QUE, ÀS VEZES, A FALTA DE ESPERANÇA POSSA PARECER “MENOS INGÊNUA”, SÓ SERÁ SE FECHARMOS OS OLHOS AO AMOR DE DEUS E À SUA PERMANENTE PROXIMIDADE

É bom considerar se estamos acostumados à realidade de um Deus que salva – um Deus que vem encher-nos de esperança –, até o ponto de, às vezes, ver isso apenas como uma ideia, que não tem força real na nossa vida. A Cruz, que parecia um grande fracasso aos olhos dos que tinham esperança em Jesus, se converteu, com a Ressurreição, no triunfo mais decisivo da história. Decisivo, porque não se trata de um êxito só de Jesus: com Ele todos vencemos. “E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” no Ressuscitado. Os discípulos de Emaús olhavam o passado com saudades. “Nós esperávamos”, diziam (Lc 24, 21): não sabiam que Jesus caminhava com eles, que abria para eles um futuro apaixonante, à prova de qualquer outro desengano. “Aviva a tua fé. – Cristo não é uma figura que passou. Não é uma recordação que se perde na história. Vive! ‘Jesus Christus heri et hodie: ipse et in saecula!’, diz São Paulo. Jesus Cristo ontem e hoje e sempre!”[4]

Deixar-nos tocar pelo amor de Deus

São Paulo descrevia assim a raiz da vida cristã: “... Pela fé, eu morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu. É Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gal 2,19-20). Para o Apóstolo, o cristianismo consiste, em primeiro lugar, na realidade de que Cristo morreu por nós, ressuscitou e, do Céu, enviou a nossos corações o seu Espírito Santo, que nos transforma e abre os nossos olhos para uma vida nova. “Quem é atingido pelo amor começa a intuir em que consistiria propriamente ‘vida’. Começa a intuir o significado da palavra esperança”[5]. Como para a samaritana, Maria Madalena, Nicodemos, Dimas, os discípulos de Emaús, Jesus nos dá um novo modo de olhar: de olhar-nos a nós mesmos, os outros e Deus. E somente a partir deste novo olhar que Deus nos dá, o esforço por melhorar e a luta por imitá-lo têm sentido: vistos por si mesmos, estas duas coisas seriam “vaidade e vento que passa” (Ecl. 2,11), um empenho inútil.

Ao morrer na Cruz “por nós homens e pela nossa salvação”[6], Cristo nos livrou de uma vida de relação com Deus concentrada em preceitos e limites negativos. Libertou-nos para uma vida feita de Amor: “vos revestistes do homem novo, que vai se renovando constantemente à imagem daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento”. (Cl 3,10). Trata-se, então, de conhecer o Amor de Deus e de deixar-se tocar por Ele, para retomar – a partir dessa experiência – o caminho para a santidade. Encontrar Deus e deixar-nos transformar por Ele é o essencial. Pouco depois de sua eleição, o Prelado do Opus Dei nos recordava: “quais são as prioridades que Nosso Senhor nos apresenta neste momento histórico do mundo, da Igreja e da Obra? A resposta é clara: em primeiro lugar, cuidar da nossa união com Deus com delicadeza de apaixonados, partindo da contemplação de Jesus Cristo, rosto da Misericórdia do Pai. O programa de São Josemaria será sempre válido: ‘Que procures Cristo. Que encontres Cristo. Que ames a Cristo’“[7]. A união com Deus nos permite viver a Vida que Ele nos oferece. Procurar o rosto de Cristo, e deixar-nos olhar por Ele é um caminho esplêndido para aprofundar nessa vida de Amor.

Lucas Buch

Tradução: Mônica Diez


[1] F. Ocáriz, Carta pastoral, 14-II-2017, n. 33.

[2] Francisco, Audiência, 15-II-2017.

[3] Bento XVI, Enc. Spe Salvi (30-XI-2007), n. 31.

[4] São Josemaria, Caminho, n. 584

[5] Bento XVI, Enc. Spe Salvi (30-XI-2007), n. 27.

[6] Missal Romano, Símbolo niceno-constantinopolitano.

[7] F. Ocáriz, Carta pastoral, 14-II-2017, n. 30 (cfr. Caminho, n. 382).

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

A Palavra de Cristo Jesus como remédio de salvação humana nos santos padres

A Palavra de Cristo Jesus como remédio de salvação humana nos santos padres

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA) 

A Palavra de Jesus é de uma fonte inesgotável, porque quem beber dela terá na pessoa uma fonte de água que jorra para a vida eterna (cfr. Jo 4,14). Jesus é esta palavra que alimenta a alma e a vida humana. Ele é como remédio que cura as feridas das pessoas em vista da salvação humana. Diante do desafio lançado por Jesus aos discípulos se estes não queriam ir embora, porque Jesus pediu que as pessoas seguidoras comessem a sua carne e bebessem o seu sangue, para ter a vida verdadeira, disse Pedro a Jesus que só Ele tinha palavras de vida eterna (Jo 6, 68). Os Padres da Igreja, primeiros escritores cristãos sempre tiveram um grande apreço pela Palavra de Deus. A seguir, vejamos a importância da Palavra de Deus na sua missão de pastores do povo do Senhor em vista da salvação humana. 

A palavra de Jesus, vida para as pessoas  

São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, séculos IV e V afirmou que a palavra de Jesus é força, é vida para as pessoas como saúde espiritual para os doentes. Além das obras de caridade está o ensinamento da palavra do Senhor, que são a dieta, o clima melhor, o lugar dos remédios, o lugar dos ferros cirúrgicos nas coisas que devam ser cortadas, tiradas, e também nas coisas que são mantidas, caracterizando desta forma pela Palavra de Deus, melhorias para vida humana.1   

A superação da doutrina errada 

São João Crisóstomo também disse que uma doutrina não unida a Igreja não leva ao nada, de modo que a sua superação é dada pela Palavra de Cristo Jesus que garante a verdade na comunidade eclesial não somente pelo incômodo dado aos irmãos e irmãs por causa da visão errada das coisas, mas também, a palavra do Senhor combate aos ataques externos2. A vida da comunidade é vista na sua concretude da verdade no sentido de que as coisas sejam debatidas em vista do bem maior, que é Jesus, a sua Palavra. O bispo teve presente a escolha dos diáconos na comunidade primitiva enquanto os apóstolos permaneceram com o ministério da palavra dado ao povo de Deus (cf. At 6,1s)3.  

A alegria de ensinar 

Santo Agostinho, bispo de Hipona, séculos IV e V, disse que a missão de ensinar proveniente do batismo traz alegrias imensas, porque trata-se de anunciar e de denunciar as coisas, os fatos a partir da palavra de Jesus no mundo de seu tempo4. Esta alegria de ensinar a partir da Palavra de Deus é dada também quando os ministros se dirigem às crianças na comunidade que dever-se-á falar de uma forma simples, pois isto será uma novidade não somente para as crianças, mas também para os ministros consagrados, ou leigos e leigas que coordenam uma celebração da palavra5. A alegria interior à Palavra de Deus provem pela oração, pelo contato com o mistério divino para levar as pessoas ao conhecimento do Senhor e viver a sua palavra de salvação na realidade conhecida6. O bispo de Hipona solicitava às pessoas missionárias para renovar-se nas coisas divinas e da palavra de Deus anunciada para que a pregação dita ao público não fosse fria, mas se fizesse nova, pela própria palavra de Deus que leva à pregação e à prática sempre novas para o povo em geral7. 

Exortação à pregação

São Gregório Magno, bispo de Roma e Papa, séculos VI e VII solicitava à pregação da Palavra de Deus para o povo em vista da conversão de vida para todas as pessoas, dado que era também fundamental para os pregadores. O motivo essencial vinha do próprio Filho de Deus, que gerado pelo Pai, veio a este mundo, para revelar a todas as pessoas a salvação através de sua palavra, quanto mais a pregação deveria estar presente na vida das pessoas, da comunidade e dos povos8. A pregação com o testemunho de vida são essenciais na vida dos ministros consagrados e do povo de Deus9.  

A atuação diversa de dois profetas

São Gregório também tinha presentes a atuação de dois profetas: Jeremias e Isaias na referência da pregação da palavra de Deus, do Senhor em vista do anúncio do mandamento da Lei divina pelo amor a Deus, ao próximo como a si mesmo (cfr. Mt 22,37-39). Se o primeiro, no caso Jeremias tentou evitar o dever da pregação, dizendo que ele não sabia falar, porque era um adolescente (cfr. Jr 1,6) o segundo, no caso Isaias quando Deus procurava alguém para fazer a pregação, ele se ofereceu exclamando a sua disposição de servir, pois ele desejava ser enviado (cfr. Is 6,8). A expressão externa dos dois profetas foi diferente, mas surgiu de uma idêntica fonte de amor que pediu a necessidade da pregação com o testemunho de vida dos dois grandes profetas do Antigo Testamento para o povo do Senhor10.  

A preparação para o anúncio da Palavra de Deus

São Basílio Magno, bispo de Cesaréia, século IV afirmou a importância da preparação no anúncio da palavra divina. Ele tomou um exemplo dado na vida comum pois da mesma forma como o espectador percebe o esforço dos atletas pelas regras esportivas colocadas, muito mais os fiéis que vêem à comunidade para participar e contemplar os espetáculos, assim tanto altos e portentosos, querem ouvir a sabedoria divina, inefável, a Palavra de Deus que as levem para casa com o estímulo a contemplar as realidades propostas e a viver por sua parte, a Palavra do Altíssimo visando sempre a conversão de vida. O ministro e as pessoas que coordenam a comunidade façam a preparação digna da Palavra de Deus para si e para os outros. O bispo dizia que é necessário que quem ama estes grandes espetáculos, tenha um animo preparado para acolher a Palavra de Deus, vivê-la e anunciá-la com amor aos outros11.  

A Palavra de Deus é remédio de salvação à vida humana porque ela supera o egoísmo, a discriminação, o ódio entre as pessoas, visando o amor, a entrega, a doação da própria vida ao Senhor e aos irmãos e irmãs. Ela é um remédio para viver bem com Deus e com os irmãos e irmãs, tendo o horizonte a vida divina, a salvação do ser humano, dada pelo Senhor Jesus.  

___________________

1 Cfr. Giovanni Crisóstomo. Il sacerdozio, 4,3. In: La Teologia dei Padri, Volume IV. Roma: Città Nuova
Editrice. 1982, pg. 127.
2 Cfr. Idem, pg. 127.
3 Cfr. Ibidem, pg. 127.
4 Cfr. Agostino. Come insegnare i principianti, I,17. In: Ibidem, pg. 129.

5 Cfr. Ibidem, pg. 129
6 Cfr. Ibidem, pg. 129.
7 Cfr. Ibidem, pg. 129.
8 Cfr. Gregório Magno. Lettera al Vescovo Ciriaco di Costantinopoli.. In: Ibidem, 130-131.
9 Cfr. Ibidem, pg. 130.
10 Cfr. Ibidem, pg. 130.

11 Cfr. Basilio il Grande. Esamerone, 6,1. In: Ibidem, pg. 139.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Francisco: onda populista na Europa está fazendo desaparecer os princípios de fraternidade

A bandeira da União Europeia (Vatican News)

Aos participantes do Fórum Alpbach, que se realiza até 30 de agosto, o Papa envia uma mensagem na qual partilha as suas apreensões sobre a crescente difusão de movimentos que correm o risco de colocar em segundo lugar os mais fracos. “As sociedades na Europa são chamadas a encontrar formas e meios para reduzir a polarização dentro de si e a permanecer abertas em relação ao mundo que as rodeia”.

Antonella Palermo - Vatican News

Frear as forças populistas na Europa e qualquer polarização que disperse os valores fundadores da União. Esse é o cerne da mensagem do Papa Francisco dirigida aos participantes do Fórum Europeu Alpbach (17 a 30 de agosto), uma plataforma que reúne jovens do velho continente e de todo o mundo, para partilhar reflexões e ações com pensadores e analistas da área de política, do empreendedorismo, da sociedade civil e cultural.

Os movimentos populistas estão marginalizando os fracos

À luz do propósito do Fórum - orientar ideias para uma Europa forte e democrática -, Francisco ilustra alguns motivos de preocupação sobre o destino do continente que vive, afirma, "um momento em que vários movimentos populistas gozam de grande popularidade ". Segundo o Pontífice, existem fatores econômicos e políticos por detrás dessa tendência que se estabelece cada vez mais.

"[...] Na Europa, na sequência desta "onda" populista, alguns ideais desapareceram e alguns princípios, relativos ao comportamento com os membros mais fracos da sociedade, foram colocados em segundo plano."

A Europa não deve perder os valores universais da fraternidade

A questão colocada pelo Papa é, portanto, aquela relativa aos princípios da dignidade humana e da fraternidade, “ligados à matriz do Evangelho”: o que acontece com eles? As palavras de Bergoglio são, por um lado, tranquilizadoras, porque mesmo num contexto secularizado, que - "não deveria surpreender e nem assustar" - a Igreja pode continuar a atuar ("Deus também está presente também ali"); por outro lado, são palavras de apelo:

"Com motivação renovada, esforçamo-nos, como cristãos, por levar a riqueza da doutrina social católica com a sua reivindicação de universalidade. Até a União Europeia, desde a sua fundação, tem características universalistas e espera-se que não as perca. [...] As sociedades na Europa são chamadas a encontrar formas e meios para reduzir a polarização dentro de si e a permanecer abertas em relação ao mundo que as rodeia."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Zeferino

São Zeferino (A12)
26 de agosto
País: Itália
São Zeferino

Zeferino nasceu no ano de 165 em Roma, não há muitos registros relatando sua vida antes de ser eleito Papa. Zeferino foi eleito Papa em 199 sucedendo o Papa Vitor I e sendo o décimo quinto a ocupar a Cátedra de Pedro.

Seu pontificado se deu sob intensa perseguição de Septímio Severo, que “proibiu sob pena grave, toda propaganda judaica, e tomou a mesma decisão a respeito dos cristãos”, conforme a História Augusta.

O Papa Zeferino, enfrentou também muitas heresias, que abalavam a Igreja mais do que os próprios martírios. As heresias estavam no desejo de alguns em elaborar só com dados filosóficos o nascimento, a vida e a morte de Jesus Cristo. A discórdia era generalizada, uns negavam a divindade de Jesus Cristo, outros se apresentavam como a própria revelação do Espírito Santo, profetizando e pregando o fim do mundo.

Mas o papa Zeferino amparado pelo poder do Espírito Santo e pela sensatez, uniu-se aos grandes sábios da época, como Santo Irineu, Hipólito e Tertuliano para livrar os cristãos das mentiras dos hereges e dos exageros, conseguindo assim, estabelecer a verdade.

O papa Zeferino era dotado de inspiração e visão especial. Seu grande mérito foi ter valorizado a capacidade de Calisto, um pagão convertido e membro do clero romano, que depois foi seu sucessor. Ele determinou que Calisto organizasse cemitérios cristãos separados daqueles dos pagãos. Isso porque os cristãos não aceitavam cremar seus corpos e também queriam estar livres para tributarem o culto aos mártires.

Este trabalho foi a origem das catacumbas romanas, lugar histórico que testemunha grande parte da história cristã.

O Papa Santo Zeferino foi martirizado em 20 de dezembro de 217, juntamente com o bispo Santo Irineu, encerrando assim seu pontificado que durou 18 anos.

Foi sepultado numa capela nas catacumbas que ele mandou construir em Roma, Itália.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Como incentivo aos Bispos o Papa São Zeferino escreveu: “Que o Deus todo-poderoso e seu único Filho e Salvador nosso, Jesus Cristo, vos guie para que, com todos os meios ao vosso alcance, possais auxiliar a todos os irmãos que passam por tribulação, que sofrem durante seus trabalhos, estimando seus sofrimentos. Que sejam dados a eles toda a assistência possível, por atos e palavras, de forma a que sejais reconhecidos como verdadeiros discípulos dAquele que nos mandou amar aos irmãos como a nós mesmos”. Sejamos também nós tocados por estas palavras para que todos tenham paz e fraternidade dentro de si.

Oração:

Deus eterno e todo-poderoso quiseste que São Zeferino governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 25 de agosto de 2024

Hoje é dia de são José de Calasanz, padre criador da educação pública

São José de Calasanz (ACI Digital)
25 de agosto
País:Espanha
São José de Calasanz

São José de Calasanz, padre criador da educação pública

REDAÇÃO CENTRAL (ACI Digital), 25 de agosto de 2023

A Igreja Católica celebra hoje (25) são José de Calasanz, padre e educador espanhol. Calasanctius, como era conhecido, foi um grande defensor e promotor da educação numa época em que estudar era um privilégio.

O santo fundou a primeira escola pública gratuita da Europa, proposta educativa que replicou dando origem às chamadas 'Escolas Pias'. Foi também fundador da Ordem dos Clérigos Regulares Pobres da Mãe de Deus das Escolas Pias, cujos membros são conhecidos como “Escolápios”

“Recebestes de graça, de graça dai”

José nasceu em Peralta de la Sal, Aragão, Espanha, em 11 de setembro de 1557. Seus pais eram seu Pedro de Calasanz -que se tornou prefeito de Peralta- e dona María Gastón. Graças a eles recebeu em casa uma cuidadosa educação, através da qual adquiriu desde muito jovem uma ampla cultura e uma sólida formação cristã. Ele frequentou a escola local de Peralta, onde continuou os seus estudos.

Aos dezesseis anos expressou seu desejo de ser padre. Inicialmente, o pai não concordou: a morte da mãe e do irmão mais velho de José fez Pedro pensar que o menino deveria se encarregar da administração dos bens da família e perpetuar o nome da família.

Providencialmente, o tempo mudou a opinião de Pedro, para que José pudesse estudar filosofia e direito canônico na Universidade de Lérida; e, depois, teologia nas universidades de Valência e Alcalá de Henares.

Em 1583, aos 25 anos, José foi ordenado sacerdote. Foi enviado para Seu d'Urgell (Seo de Urgel), na província de Lleida, perto dos Pirenéus Catalães. Naquela época, Urgel era uma região tumultuada por causa do banditismo. José passou ali alguns anos, nos quais teve que enfrentar um período sem bispo, devido à sé vacante. Foram anos difíceis em que serviu como secretário do capítulo da catedral e nos quais também teve a oportunidade de conhecer as necessidades e deficiências de muitas pessoas.

Em 1591, mudou-se para Roma, em busca de um horizonte pastoral diferente, animado pela ideia de ali seguir a carreira eclesiástica.

As Escolas Pias: que nenhuma criança fique sem estudar

Em Roma ele não encontrou o que esperava. No entanto, ele não perdeu a esperança e continuou pensando em fazer algo pela Igreja e pelas pessoas necessitadas. O padre José sempre foi um homem piedoso, dado à oração, e as circunstâncias obrigaram-no a depositar ainda mais confiança em Deus e na Santíssima Virgem.

Quando começou a percorrer as ruas e bairros da Cidade Eterna, viu como muitas crianças estavam abandonadas à própria sorte, sem receber o que ele havia recebido: primeiro, a educação; e mais tarde, um tratamento gentil e uma fé. Esta experiência foi o germe da criação das “Escolas Pias”, abertas a todos, gratuitas, concebidas à luz do Evangelho. As que o padre Calasanz fundou naquela época seriam as primeiras escolas públicas -de matriz cristã- na Europa.

Depois de o padre Calasanz ter amadurecido as suas ideias, começou a procurar apoio e financiamento para o seu projeto de escolarização. Infelizmente ele não conseguiu. Por isso, em 1597 pediu para usar a sacristia da paróquia de Santa Dorotéia de Roma -situada numa zona pobre da cidade- e aí começou a dar aulas pessoalmente.

Com o passar dos meses, as ‘Escolas Pias’ foram aumentando e com isso o número de alunos também cresceu. Felizmente também cresceu o número de colaboradores, que passaram a ser chamados de ‘Escolápios’. Seria com este grupo inicial de colaboradores que são José formaria a Ordem dos Clérigos Regulares das Escolas Pias, dedicada exclusivamente à educação.

Colocar a criança no centro do processo educativo

Depois de constatados os bons resultados e a magnífica gestão das escolas, os Escolápios receberam o apoio da Santa Sé, bem como o apoio de muitas famílias ricas que quiseram participar na iniciativa.

“Em Roma encontrei a forma definitiva de servir a Deus, fazendo o bem aos pequenos, e não abandonarei isso por nada no mundo”, disse são José Calasanz.

"Pois se desde a infância a criança for diligentemente imbuída de piedade e letras, é de se prever um curso feliz em toda a sua vida" (Constituições de São José Calasanz das Escolas Pias, 1622).

Numa mensagem dirigida aos escolápios em 2007, por ocasião dos 450 anos do nascimento de são José Calasanz, o papa Bento XVI disse: "No centro do trabalho educacional, ele (São José Calasanz) colocou o respeito pela personalidade de cada criança, na qual reconhecia a imagem de Cristo. Ele reivindicou e foi o primeiro a promover seu direito à instrução e à educação, começando pelas crianças pobres".

São José Calasanz morreu em 25 de agosto de 1648 em Roma, com 90 anos de idade. Ele foi canonizado em 1767 pelo papa Clemente XIII e, em 1948, Pio XII o declarou "Padroeiro diante de Deus de todas as escolas populares cristãs do mundo". Sua grande obra, as Escolas Pias, estão hoje espalhadas pelos cinco continentes.

Fonte: https://www.acidigital.com/

ESPIRITUALIDADE - Nossa primeira vocação: A Vida

Nossa primeira vocação: A Vida

 Por Prof. Felipe Aquino

Gosto muito daquela música que diz assim: “Quero que valorize o que você tem; você é um ser, você é alguém, tão importante para Deus… Deixa de ficar sofrendo angústia e dor neste seu complexo inferior, dizendo às vezes que não é ninguém…”

Todo o Universo gigantesco e belo “não sabe que existe”; não tem alma, não tem inteligência, não tem vontade, e não tem consciência. Você tem; por isso você, sozinho, é mais importante do que todo o Cosmos. Você é mais importante do que as quintilhões de estrelas… você é mais belo do que o Sol, mais brilhante do que a Lua, mais fantástico do que tudo o que os seus olhos veem…

Um grito de júbilo explodiu no universo quando a vida se tornou consciente, inteligente, dotada de vontade e liberdade. Quando surgiu o ser criado “à imagem e semelhança de Deus”.

Podemos dizer como o poeta que o Cosmos “chorou” de alegria quando viu você surgir das mãos de Deus. “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra… criou-os homem e mulher” (Gn 1, 26-27).

Veja, você veio ao mundo, depois de bilhões de anos de preparação, para ser rei deste universo dado por Deus. Então você não pode se arrastar como um escravo; você não pode viver como uma “águia de galinheiro” que não aprendeu a voar; a sua dignidade de filho de Deus exige uma vida digna da vocação a que você foi chamado pelo Criador. Você sintetiza no seu ser todo o universo criado e a glória do Criador. Você é a meta de toda a criação. Você é a voz e a alma do universo. Você foi feito para a eternidade sem fim.

É através de você que a matéria bruta, a planta silenciosa, e o animal selvagem dão glória ao Criador. Eles olham para você… Não os decepcione. Há bilhões de anos Deus preparou a sua chegada. Desde o primeiro átomo de hidrogênio que foi criado há bilhões de anos, Deus já pensava em você. E, quando você foi gerado por seus pais, de todos aqueles trezentos milhões de espermatozoides, só um fecundou aquele óvulo bendito de tua mãe: daí nasceu você. Você é um eleito, um escolhido. E ninguém jamais será igual a você… porque o Criador trabalha com exclusividade. Não aceita repetir as suas obras.

Entre as mais de sete bilhões de pessoas do Planeta, não há dois que tenham o mesmo código genético (DNA) ou as mesmas impressões digitais. Não é fantástico?

Há mulheres que querem roupas exclusivas, sem que outras tenham iguais, o Criador deu isto de graça a todos, não nas roupas, mas no ser. A roupa exclusiva acaba, mas você não! Você é um indivíduo, isto quer dizer, único, irrepetível, singular. Sua vida é única, não houve e não haverá outro igual a você na história deste mundo… já pensou? Mesmo que o homem possa chegar à loucura de clonar o corpo, Deus não clonará a alma; portanto, nem os clones humanos seriam pessoas iguais.

Veja o valor que você tem. Veja com que capricho e sabedoria você foi criado. São Paulo nos diz que Deus nos amou antes de ter feito este mundo. “Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criação do mundo…” (Ef 1, 3).

Isto quer dizer que antes de criar o primeiro átomo de hidrogênio, há bilhões de anos, Deus já te amava e te queria… Antes de ser filho dos teus pais, você já era um filho amado de Deus. Portanto, não maldiga a obra de Deus que é você.

“Você tem valor! Quero que valorize o que você tem, você é um ser, você é alguém, tão importante para Deus… Deixa de ficar sofrendo angústia e dor neste seu complexo inferior, dizendo às vezes que não é ninguém… Eu venho falar do valor que você tem…”

Antes que Deus criasse o mundo e todas as coisas, já o conhecia pelo nome e desejava que você viesse ao banquete da vida. Queria que você participasse da Sua vida e desfrutasse de toda a riqueza da divindade…

Foi por isso que Ele o criou. Ele o teceu carinhosamente no ventre de sua mãe, cuidadosamente, e o amou com amor eterno. Ele o fez à Sua semelhança para que você pudesse compartilhar com Ele de todos os Seus bens inefáveis. Deu-lhe faculdades e potências que não colocou em nenhum dos outros seres criados: inteligência, vontade, memória, consciência, capacidade de amar; de sonhar; de sorrir; de chorar, de cantar; de falar…

Não sei se você já percebeu que é o único ser vivo capaz de sorrir, abraçar e derramar lágrimas de emoção diante da dor e do belo.

Viva a Vida! A vida é bela! Louve o Criador!

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/nossa-primeira-vocacao-a-vida/

Reflexão para o XXI Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Esse Jesus a quem no Evangelho de hoje, Pedro faz a seguinte profissão: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” é aquele quem nos ensina a amar, servindo.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A segunda leitura deste domingo, tirada da Carta de São Paulo aos Efésios é aquela famosa reflexão do Apóstolo na qual ele diz que as mulheres deverão ser submissas a seus maridos como a Igreja, a Cristo. Tal afirmação, da submissão da mulher ao marido, nos parece anacrônica, além de misturar algo que foi cultural (a submissão da mulher) com a submissão da Igreja a Cristo, que deverá ser sempre atual. Mas afinal, o que Paulo queria dizer aos Efésios e hoje a nós, cristãos do século XXI?

Seu objetivo está no versículo 21, quando escreve: “Submetei-vos uns aos outros no temor de Cristo”.  Em Cristo, como não poderia deixar de ser, está todo o fundamento e norma de comportamento de todo ser humano. Como cristãos, seguimos uma pessoa, Jesus Cristo e não uma ideia. Por isso, vale refletir sobre como o Mestre se relacionava com as pessoas, para daí seguirmos seu exemplo.

Olhando nos Evangelhos, especialmente o capítulo 13 de João, o Senhor sempre se relacionou como aquele que serve. Já começou tal modo de se relacionar desde a encarnação, como lemos em Lucas, e o terminou no grande serviço do Calvário, quando nos redimiu. Sua vida e a de Maria, sua Mãe e nossa, também foi de serviço. Portanto, Paulo nos quer dizer que nosso relacionamento deverá sempre ser de serviço.

Esse serviço deverá ser por amor, caso contrário não será cristão. Entendemos agora por que Paulo escreve: “E vós maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela,.”

Ora, se é o amor cristão que deve embasar nossos relacionamentos, todos eles terão uma dimensão sacramental. Quando alguém procura servir o outro, está amando-o com o amor de Cristo e nisso veicula a ação salvífica de Jesus.

Posto isto, vamos vivenciar o que nos diz a primeira leitura, tirada do livro de Josué: “Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor”. Esta frase dita por Josué, explicita sua adesão e a de sua família ao Senhor. É uma adesão afetiva, não apenas aos mandamentos do Senhor, mas a Ele mesmo.

Esse Jesus a quem no Evangelho de hoje, Pedro faz a seguinte profissão: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” é aquele quem nos ensina a amar, servindo.

Podemos concluir nossa reflexão, pedindo ao Senhor que nos dê um coração semelhante ao dele, para que nossa vida seja um eterno serviço, porque amamos! E exatamente porque amamos, servimos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Opção fundamental

A quem iremos, Senhor? (uniSALESIANO)

Opção fundamental 

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

Nos últimos domingos a liturgia dominical nos proporcionou a leitura e a meditação do capítulo seis do Evangelho de São João. Inicia com a multiplicação milagrosa de cinco pães e dois peixes por Jesus gerando euforia na multidão. Depois deste fato, Jesus se reencontra com a multidão na sinagoga de Cafarnaum onde acontece um discurso, em forma de perguntas e respostas, sobre os temas da fé, da eucaristia, do mistério da encarnação, da vida e da vida eterna. Quanto mais avança o ensinamento mais aumenta a tensão e os ouvintes são conduzidos fazerem a sua opção. O texto deste domingo (Josué 24,1-2.15-18, Salmo 33, Efésios 5,21-32 e João 6,60-69) relata a conclusão onde uns abandonam o seguimento de Jesus e Pedro reafirma o seguimento.  

O evangelista aponta que “muitos discípulos de Jesus que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” […] A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele”. O que aconteceu com estes discípulos acontece em todos os períodos da história. Em nossa forma de ver as coisas, poderíamos esperar que Jesus se explicasse melhor, abrandasse ou mudasse o ensinamento para que estes discípulos continuassem a caminhar com Ele. Em vez disso, se direciona aos doze e diz: “Vós também vos quereis ir embora?” 

Esta pergunta provocativa de Jesus é direcionada a todos os ouvintes de todos os tempos e, hoje, diretamente a nós. Também hoje muitos ficam “escandalizados” diante dos ensinamentos de Jesus que parecem “duros” demais para serem aceitos e colocados em prática. As opções vão desde o abandono total de Jesus; outros desvirtuam o valor dos ensinamentos e os adaptam ao seu gosto. Jesus espera uma resposta pessoal de cada um, não aceita uma opção superficial ou formal, mas deseja que o fiel participe do seu modo de pensar, querer e agir. 

“Vós também vos quereis ir embora?” A resposta de Pedro: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”, torna-se referência para todos os cristãos de todos os tempos. A trajetória de vida de São Pedro testemunha a opção fundamental feita por Jesus e todo bem que Pedro realizou movido pela fé em Jesus Cristo. 

Na vida de fé, como no cotidiano, existem momentos decisivos. Situações onde precisamos tomar decisões fundamentais que determinarão os passos seguintes da vida. Tomar decisões por vezes é dramático, mas é necessário. Somos conduzidos a tomar decisões devido a nossa condição humana de seres livres. Assim Jesus nos considera e nos conduz como seres livres, que depois de mostrar as múltiplas opções, faz os ouvintes se definirem. A liberdade está no coração da fé e da moral. 

Josué, depois de introduzir o povo de Deus na nova terra, provoca-o a se manifestar se quer continuar a servir o Senhor Deus que o conduziu até ali. O mesmo fez Jesus depois de se dar a conhecer melhor. Não se constrói uma verdadeira fé senão sobre uma plena educação à liberdade. Uma liberdade não somente de qualquer coisa ou de alguém, isto é dos condicionamentos externos e internos, mas também a liberdade para realizar algo e sobretudo para alguém. A liberdade na Sagrada Escritura é uma questão de relacionamento: certamente é ser livre de qualquer coisa, mas sobretudo é ser livre para qualquer coisa e para alguém. Ser livre não é para a anarquia, mas é optar para servir a Deus e aos irmãos, livres do pecado para servir a justiça, livre da mentira para servir a verdade. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa no Angelus: não é fácil seguir Jesus, precisamos estar próximos na oração e humildade

Angelus de 25 de agosto de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

"Não é fácil seguir o Senhor, compreender o seu modo de agir", concordou Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo (25/08). O caminho se dá, orientou o Pontífice, estando mais próximos dele, do Evangelho, recebendo a graça nos Sacramentos, rezando e imitando Jesus na humildade e na caridade: assim "experimentamos a beleza de tê-lo como Amigo, e percebemos que só Ele tem 'palavras de vida eterna'".

https://youtu.be/5OJPgSM6i2w

Andressa Collet - Vatican News

Neste domingo (25/08), de tradicional oração mariana do Angelus com o Papa na Praça São Pedro, Francisco refletiu sobre o evangelho do dia (Jo 6,60-69) que se refere à famosa resposta de São Pedro, que diz a Jesus: «a quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68). "É uma linda resposta e expressão" que testemunha a amizade e a confiança que ligam os discípulos a Cristo, comentou o Pontífice na alocucação que precedeu o Angelus.

Pedro, explicou o Papa, pronunciou essa expressão num "momento crítico" e de discurso de Jesus, que muitos não compreenderam e o abandonaram. "Os Doze, porém, não: permaneceram", ponderou Francisco, porque encontraram em Jesus "palavras de vida eterna".

"Não é fácil segui-Lo. No entanto, entre os muitos mestres daquele tempo, Pedro e os outros apóstolos só encontraram nele a resposta à sede de vida, à sede de alegria, à sede de amor que os anima; só graças a Ele experimentaram a plenitude de vida que procuram, além dos limites do pecado e até da morte. Portanto, eles não vão embora: na verdade, todos, exceto um, apesar de muitas quedas e arrependimentos, permanecerão com Ele até o fim (ver João 17:12)."

Como seguir o Senhor?

O Papa, então, insiste na explicação da dificuldade de compreender "o que o Mestre diz e faz". As escolhas de Jesus, continua Francisco, "muitas vezes ultrapassam a mentalidade comum":

“Também para nós, de fato, não é fácil seguir o Senhor, compreender o seu modo de agir, fazer nossos os seus critérios e os seus exemplos: para nós não é fácil. Porém, quanto mais estamos próximos dEle - quanto mais aderimos ao seu Evangelho, recebemos a sua graça nos Sacramentos, permanecemos na sua companhia na oração, o imitamos na humildade e na caridade -, mais experimentamos a beleza de tê-lo como Amigo, e percebemos que só Ele tem “palavras de vida eterna”.”

Ao finalizar, o Papa pediu a intercessão de Maria, "que acolheu Jesus, Palavra de Deus, na sua carne", para nos ajudar a ouvir Jesus, começando por questionar como anda a nossa proximidade com Ele:

"Então nos perguntamos: como Jesus está presente na minha vida? Quanto me deixo tocar e provocar com suas palavras? Posso dizer que também são para mim -'palavras de vida eterna? A você, irmão, irmã, eu pergunto: as palavras de Jesus são para você - também para mim - palavras de vida eterna?"

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Luís Nono

São Luís Nono (A12)
25 de agosto
País: França
São Luís Nono

Luís nasceu no Castelo de Poissy, próximo a Paris, França, em 1214. Foi o quarto filho de Luís VIII, conhecido como “O Leão” pelo seu zelo religioso e bravura marcial, e Branca de Castela, filha, sobrinha, esposa, irmã e tia de reis. Os pais muito se esmeraram na sua educação, proporcionando-lhe ótimos preceptores. Branca repetia a Luís: “Meu filho, eu gostaria muito mais de ver-te na sepultura, do que maculado por um só pecado mortal”.

Em 1226, voltando de uma campanha vitoriosa sobre os hereges albigenses do sul da França, Luís VIII faleceu em Montpellier. Seus últimos desejos incluíam que o filho, então com 12 anos, fosse coroado e a esposa o tutelasse. Assim, a 30 de novembro deste ano, Luís IX herdou o trono, e apesar da pouca idade já possuía bastante sabedoria. Como regente, Branca teve que enfrentar as ameaças inglesas, as pretensões da nobreza feudal francesa e uma nova revolta dos albigenses.

Em 1234, com 20 anos, Luís IX pôde assumir formalmente o governo da França. Manteve, porém, Branca ao seu lado, obediente e respeitoso. No ano seguinte casou-se com Margarida, filha de um conde, com quem foi muito feliz e teve dez filhos, cinco meninos e cinco meninas.

Como os seus próprios pais, Luís IX teve todo o interesse na educação dos filhos, instruindo-os pessoalmente no desprezo pelas vaidades e prazeres do mundo e no amor a Deus. Normalmente os chamava ao seu quarto à noite, depois da oração das Completas, educando-os na piedade.

Ensinou-lhes a rezar diariamente o Pequeno Ofício de Nossa Senhora, os fazia ir às Missas de preceito e os explicava a necessidade da mortificação e da penitência. Às sextas-feiras, não permitia que usassem ornamentos na cabeça, pois foi o dia da coroação de espinhos de Nosso Senhor. Manuscritos de instruções que deixou para sua filha Isabel, futura rainha de Navarra, nada deixam a dever a nenhum esclarecido diretor espiritual.

Luís era humilde e penitente, buscando a oração e a caridade. Quando alguns nobres o criticavam por participar diariamente da Santa Missa, respondia, não sem ironia: “Se eu dedicasse tempo dobrado para os jogos ou para a caça, ninguém repreenderia!”

Seu governo foi tão excelente como a sua educação aos filhos. Enquanto os demais reinos europeus e alhures passavam por convulsões, a França teve o seu período mais pacífico e próspero da monarquia. Baniu com sabedoria hábitos ruins, como a blasfêmia e os juramentos ímpios, e com tal rigor que o Papa Clemente IV procurou atenuá-lo. Acabou também com os duelos, os jogos de azar e as casas de prostituição. À sua irmã, a beata Isabel, deu as terras de Longchamp para a construção de uma abadia das Irmãs de Santa Clara.

Procurou pacificar e reconciliar conflitos, em particular entre a França e a Inglaterra. Tinha cuidados especiais para com a boa administração dos bens do Estado e a aplicação da Justiça. Por exemplo, os juízes designados para as províncias do reino não podiam ali adquirir bens, nem seus filhos serem por eles empregados, de modo a evitar injustiças locais.

E nomeava juízes extraordinários para examinar sua conduta e rever seus julgamentos: em caso de desonestidade, primeiro punia-se com severa penitência, como se fôra ele mesmo o responsável, e depois aplicava uma punição também severa e adequada. Mas aos magistrados honestos e honrados, premiava com largueza e promovia a funções mais altas. Frequentemente exercia pessoalmente a justiça, sem demora ou burocracia, em audiências abertas a todos após a Missa, sob um carvalho no bosque de Vincennes, local que por isso ficou famoso.

Cuidava dos pobres com solicitude. Apoiou as corporações de ofício, regulando os seus costumes, de modo a prover estrutura e estabilidade às organizações do povo, valorizando a sua autonomia. Fundou hospitais e mosteiros; a um monge tomado pela lepra, visitava regularmente, levando alimentos melhores e ajudando-o a comer, dando-os na boca do enfermo. Construiu a Sainte-Chapelle, santuário embelezado para receber relíquias, sobretudo a Coroa de Espinhos de Jesus que adquiriu do imperador de Constantinopla Balduíno II.

Junto a Robert de Sorbon, fundou em 1257 a Universidade de Sorbonne, e acompanhou com grande atenção o acabamento da Catedral de Notre-Dame. Convidava São Boaventura e São Tomás de Aquino para a sua mesa, bem como São Domingos e São Francisco de Assis. Considerava os religiosos instrumentos de Deus para combater as heresias, projeto ao qual dedicou extremo zelo, aliado ao estabelecimento da Fé e da disciplina cristã.

Em meio às suas obrigações de Estado, recitava diariamente as Horas Litúrgicas, lia assiduamente a Sagrada Escritura e os Padres da Igreja. Confessava frequentemente, exigindo que o sacerdote o açoitasse com um flagelo trazido por ele mesmo, e não permitia que este o chamasse de “majestade”, pois neste Sacramento não era rei, mas filho, e o confessor não lhe era súdito, mas pai.

Em 1245 Luís ficou gravemente doente. O povo, que o amava, organizou vigílias, procissões e outros atos piedosos, intercedendo a Deus pela sua recuperação. Ele fez o voto de, se curado, ir resgatar a Terra Santa aos muçulmanos. E isto foi possível em 1248, com o início da VII Cruzada. A armada chegou ao Egito em 1249, e a cidade de Damietta foi capturada. Seguiram para o Cairo e depois Mansourah, defendida pelos muçulmanos.

Um ataque precipitado de Robert de Artois, que liderava parte das tropas, sem esperar o auxílio dos demais, e a sua decisão de perseguir os inimigos dentro da cidade, onde os cruzados ficaram separados e encurralados nas ruas estreitas, levou à derrota completa. Em Damietta, cercados, sem reabastecimentos ou ajuda, a fome e depois a doença, provocada pelo apodrecimento de grande quantidade de cadáveres, que acometeu também Luís, levaram os cristãos a se renderem, e ele foi capturado.

Luís foi liberto mediante rico resgate, e permaneceu no Oriente Médio por mais quatro anos, supervisionando a reforma de várias fortificações cristãs. Em 1252, recebeu a notícia do falecimento da sua mãe e voltou à França, onde chegou em 1254. Tratou então da administração e organização do reino, conseguindo um acordo de paz com Henrique III da Inglaterra em 1258.

A partir de 1267, com o apoio do Papa Clemente IV, Luís iniciou a convocação para a VIII Cruzada. Em 1270 os combatentes chegaram a Cartago, mas, mais uma vez, a falta de provisões, e de água potável, favoreceu o surgimento de doenças, morrendo Jean Tristan, filho de Luís. O rei, também doente, ainda procurou com esforço instruir os outros filhos que lá estavam, especialmente o herdeiro Filipe.

Na véspera da sua morte, pediu a Sagrada Comunhão e quis ser colocado no chão, sobre cinzas e com os braços em cruz. Faleceu em 25 de agosto de 1270, após um mês de tormentos.

São Luís IX foi um dos primeiros leigos a ser canonizado, à parte os mártires dos primeiros séculos. Em sua sepultura, foram registrados milagres e curas. Ele é Padroeiro dos Terciários Franciscanos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Luís IX é, em tudo, um modelo para os homens públicos de todos os tempos, incluindo e enfatizando este nosso século. Naturalmente, antes de ser um “homem público”, é um homem particular, isto é, suas qualidades sociais são necessariamente fruto do seu empenho na santificação pessoal. Não existe outo caminho para as relações humanas felizes. E a santificação começa, também obrigatoriamente, pela humildade. Esta não significa um “apequenar-se” medroso, por fraqueza, da pessoa, mas lidar responsavelmente com o que lhe cabe fazer. Tanto um médico quanto um pedreiro, por exemplo, podem ser bons, educados, honestos e competentes nas suas respectivas funções. Assim, São Luís não deixou de exercer as suas prerrogativas – e obrigações – de autoridade, mas a utilizou de forma correta e para os objetivos corretos. Sendo humilde, submeteu-se, com o valor e esforço indispensáveis, aos ensinamentos de Deus, através da Santa Igreja, acolhendo e obedecendo à graça. E por isso obteve o resultado admirável, ficaríamos tentados a dizer quase milagroso, de dominar as próprias paixões e manter a inocência e pureza de coração, em meio a todas as honrarias e fáceis tentações de poder e prazer inerentes à sua condição de monarca absoluto, num dos países mais ricos do mundo, e a quem não se costuma ousar contradizer. Um exemplo disso é que, possuindo os mais altos títulos da nobreza, assinava os documentos simplesmente com “Luís de Poissy”, cidade onde recebera o Batismo. Ele considerava, e estava certo, que a sua maior dignidade era a de ter sido batizado, remido da mancha do Pecado Original, e ter sido recebido por amor gratuito na família dos filhos de Deus. Pela humildade, obteve o governo de si próprio, dos filhos, do Estado. As consequências dessa livre escolha estabeleceram na França um dos seus melhores períodos na História, talvez o melhor. Em tudo Luís promoveu a equidade, paz e progresso: na cultura, nas questões de trabalho, na justiça, na organização; na busca de acordos conciliatórios e nas necessidades de guerra; na moralidade de comportamento na corte e no país, no combate às heresias, no apoio às necessidades da Igreja e na evangelização. Como base, investiu na espiritualidade, na caridade, na convivência com santos. Parece significativo que respeitasse particularmente as sextas-feiras, dia da coroação de espinhos de Jesus, e obtivesse esta mesma Coroa. E, literalmente, em mais de um sentido. Físico, como relíquia santa, e na participação dos sofrimentos, na cruz que teve de suportar, exatamente por combater o bom combate na reivindicação da Terra Santa. Mas não pereceu pela falta da água batismal ou do alimento eucarístico; e por isso a sua morte não foi doença espiritual, mas experiência de ressurreição.

Oração:

Ó Senhor da Glória, que tudo governais com perfeição, concedei-nos pela intercessão de São Luís IX a humildade verdadeira e o desejo de Vos servir, em tudo buscando discernir a Vossa vontade e priorizando as necessidades e ensinamentos da Igreja, para realizar com maturidade espiritual aquilo o que nos destinais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF