Translate

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Santa Mônica

Santa Mônica (A12)
27 de agosto
País: Argélia
Santa Mônica

Mônica nasceu em Tagaste, antiga cidade da Numídia. atual Argélia no norte da África, no ano de 332. Desde cedo dedicava-se ao cuidado dos pobres, que visitava frequentemente. Seus pais a casaram com Patrício, um pagão trabalhador mas colérico, infiel e dado ao jogo.

A sua sogra, também colérica, muito interferiu na vida do casal, tornando ainda mais infeliz a vida de Mônica, que tudo suportava pacientemente em Deus, pedindo em oração a conversão do esposo. Este, embora criticasse a caridade da esposa para com os necessitados, e a sua dedicação à oração, não a impedia, porém, de fazê-lo.

Com grande sabedoria, Mônica usou no seu casamento o que depois ficou conhecido num ditado popular: “quando um não quer, dois não brigam”; se ele estava de mau humor, ela procurava manter o bom humor; se ele gritava, ela se calava. Tal procedimento até hoje é receita para a manutenção da paz no lar. Assim evitava que o marido batesse nela, como era normal acontecer na época com outras mulheres.

Em 371, Patrício, após as muitas orações e sacrifícios de Mônica, converteu-se e se fez batizar, e também sua mãe. Um ano depois, ele morreu.

O casal tinha três filhos, Agostinho, Navígio e Perpétua, que veio a ser religiosa. Agostinho demonstrara desde a infância uma extraordinária inteligência, e por isso fôra enviado aos 16 para estudar Filosofia, Retórica e Literatura em Cartago. Quando Patrício morreu, Agostinho tinha 17 anos, e, por ter forte temperamento e nenhum apoio do pai para o lado religioso, que Mônica muito se esforçara para desenvolver, caíra já numa vida de vícios: jogo, mulheres, e adoção de uma seita maniqueísta. Mônica sofria muito com esta situação, chorava amargamente pelo filho no caminho da perdição eterna. Por ele, aumentava sempre mais as orações e penitências.

Em Cartago, Agostinho progredia como brilhante professor de Retórica. Incomodava-o porém as admoestações da mãe, e por isso, enganando-a, embarcou primeiro para Roma e depois para Milão, onde continuou seu trabalho docente. Mônica não desistiu, e foi encontrá-lo naquela cidade. Por este tempo, Agostinho já vivia numa união irresponsável com uma mulher e tinha um filho, Adeodato.

Querendo aperfeiçoar-se na arte da Retórica, Agostinho passou a ouvir os sermões de Santo Ambrósio. Este bispo, em conversa com Mônica, lhe dissera: “Continue a rezar, pois é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas”. E, tocado pelas pregações de Ambrósio, Agostinho acabou por se converter ao Catolicismo da sua infância, sendo batizado, com Adeodato, na Páscoa de 387. Ele viria a ser um dos maiores santos do período Patrístico da Igreja.

Estava assim realizada a maior obra de Mônica, a conversão e salvação do filho. Reconciliados, e tendo Agostinho abandonado sua vida mundana, os dois, com Navígio, resolveram voltar para Tagaste. No porto de Óstia, perto de Roma, conversavam à espera do embarque, enlevados pelo pensamento da vida no Paraíso Celeste, quando Mônica comentou: “E a mim, o que mais pode me amarrar à Terra? Já obtive meu grande desejo, o ver-te cristão. Tudo o que desejava consegui de Deus”. Pouco depois foi acometida por uma febre que, agravando-se rapidamente, levou ao seu falecimento, em 27 de agosto de 387, com 56 anos. Antes, pediu aos dois filhos que não deixassem de rezar pela sua alma.

 Santa Mônica é padroeira das Mães Cristãs, que a invocam para a conversão de esposos e filhos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Orações, choro, abnegação, sacrifício e penitência perseverantes – as manifestações da máxima caridade devem começar a partir da própria família, o que não impede outras ajudas, como provou Santa Mônica desde antes de se casar e durante o difícil casamento. Mas muitos querem “salvar o mundo” sem cuidar dos cônjuges, dos filhos, dos pais, dos avós, de parentes doentes… Grandes provas de amor não precisam ser por obras grandiosas, mas precisam ser, obrigatoriamente, a partir das obrigações de estado, e do próximo mais próximo. Embora a conversão de Santo Agostinho tenha sido a maior conquista de sua mãe, antes ela já havia conseguido a do esposo e da sogra, familiares que por natureza são anteriores aos filhos. Afirmou Santa Mônica que “Tudo o que desejava consegui de Deus”, o que já é em si admirável, mas consequente, pois o que for verdadeiramente bom Deus concederá certamente, se confiarmos; por isso esta declaração já é uma prova de santidade… mas, é preciso cuidado com o que desejamos. Deus também nos concederá a Sua ausência infinita, se o quisermos de modo consciente e definitivo. O inferno é a situação que Ele permite aos que desejam irrevogavelmente rejeitá-Lo, ao ponto de recusarem até o Seu perdão, como os demônios.

Oração:

Deus de amor infinito, que por nós tendes entranhas de mãe, concedei-nos por intercessão de Santa Mônica aceitarmos sem revolta as dificuldades, mas delas buscar em Vós as soluções, e embarcados na Nau de Pedro nunca desistirmos de fazer o bem ao próximo, para nela aportarmos no Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

O som de 10 línguas indígenas brasileiras em perigo de extinção (1)

BBC NEWS BRASIL

O som de 10 línguas indígenas brasileiras em perigo de extinção

  • Equipe de Jornalismo Visual da BBC News Brasil
  • 18 de dezembro de 2023
  • Brasil

O território brasileiro abriga hoje apenas 20% das estimadas 1.175 línguas que tinha em 1500, quando chegaram os europeus. E, ao contrário de outros países da região, como Peru, Colômbia, Bolívia, Paraguai e até Argentina, o Brasil não reconhece como oficiais nenhuma de suas línguas indígenas em âmbito nacional.

Ainda assim, o Brasil é considerado um dos 10 países com o maior número de línguas no mundo e um dos que possuem maior diversidade linguística – ou seja, grande quantidade de famílias diferentes e de línguas isoladas.

Para dar uma ideia da diversidade linguística e cultural do país, a BBC News Brasil fez uma seleção com a ajuda de especialistas indígenas e não indígenas.

O resultado é este especial, no qual mostramos 10 das línguas indígenas faladas hoje no Brasil, de diferentes famílias e em distintas situações de preservação.

Ikolen

uma língua em assovios

Língua tupi

A língua falada dos Ikolen – também chamados de gavião de Rondônia – é da macrofamília tupi e da subfamília tupi-mondé. Mas eles também têm a impressionante capacidade de se comunicarem através da fala assoviada. O tom e o prolongamento das sílabas são transmitidos no assovio, permitindo que o ouvinte adivinhe as palavras de acordo com o contexto. Essa língua é usada somente em ocasiões específicas.

"A língua de assovios é como a fala normal, mas você assovia em vez de usar as cordas vocais. Então a frequência do som é determinada pela altura em que a língua chega na boca", diz o linguista Denny Moore, do Museu Emílio Goeldi, que trabalha com os ikolen desde 1975.

"Ela não é usada para conversar sobre assuntos não imediatos. É usada na vida prática, especialmente quando é necessário que eles se espalhem por grandes distâncias na floresta, como a caça."

Durante as expedições, ao encontrar um bando de animais desejados, os caçadores se separam para cercá-los por trilhas diferentes. Nesse momento, falam uns com os outros por frases assoviadas que dizem coisas como: "aqui tem macaco preto".

Tanto a língua de assovios quanto os instrumentos musicais tradicionais dos ikolen imitam a língua falada | Foto: Cortesia Denny Moore

Nas aldeias, os assovios também são usados para chamar pessoas, pedir pequenos favores ou convidá-las para atividades como pescar, jogar futebol ou tomar banho no rio. As frases assoviadas também são usadas para sinalizar emergências e perigo.

Isso é possível porque a língua falada dos Ikolen tem características que são raras em línguas europeias. Em português diferentes sílabas são enfatizadas em cada palavra, mudando seu significado (por exemplo, a diferença entre sábiasabia e sabiá).

Já para os ikolen é o tom das sílabas que pode alterar o seu sentido – algo que também acontece em línguas como o mandarim chinês. Por exemplo, kap significa "gordo", mas káp, em tom mais alto, é "semente". As sílabas curtas ou prolongadas também provocam mudanças: aka é "matar", mas aakaa significa "vai".

"A fala tonal dos ikolen faz com que eles consigam, usando essa variação de tons e o prolongamento dos sons, dizer com o assovios o mesmo que diriam com as palavras", diz o linguista e especialista em bioacústica Julien Meyer, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França e colaborador do Museu Goeldi, autor de diversos trabalhos sobre o grupo.

É como se eles imitassem a melodia das palavras sílaba por sílaba.

Julien Meyer  - Centro Nacional de Pesquisa Científica da França

Esse tipo de língua foi identificado em cerca de 70 povos ao redor do mundo, principalmente do continente africano e do sudeste asiático. No entanto, a Amazônia é um dos raros locais onde diversas línguas – pelo menos 10 que já foram pesquisadas – ainda são expressadas em assovios. E novas estão sendo descobertas.

Os ikolen ainda mantém a prática viva no dia a dia das aldeias, algo que já não acontece em muitos grupos.

"Levei meu filho na aldeia central, e em dois dias ele já tinha um nome na fala assoviada. As crianças já o estavam chamando assim para brincar", conta Julien Meyer.

"Mas nas aldeias que ficam mais na fronteira da terra indígena, menos pessoas caçam, porque estão mais perto de áreas desmatadas. Por isso, os assovios são menos usados, acabam sendo dominados só pelos mais velhos."

A Terra Indígena Igarapé Lourdes, onde vivem os ikolen, foi homologada em 1983, mas o processo não considerou toda a área ocupada por eles, o que deixou antigas aldeias de fora.

BBC NEWS BRASIL

O ativismo de missionários religiosos, que chegaram à região nos anos 1960, também inibe a transmissão da cultura verbal tradicional (festas, músicas) dos ikolen para a geração mais nova, de acordo com os pesquisadores.

Especialmente no caso da tradição dos "instrumentos cantantes" – uma versão musical da língua, que usa o mesmo princípio dos assovios, de imitar os sons da fala.

"As músicas dos ikolen são baseadas em um conjunto tradicional de letras, que se referem à sua cosmogonia (teorias sobre a criação do universo). Mas os missionários que atuam na região tentam impedir as cerimônias com os instrumentos, por considerá-las uma afronta à religião cristã", explica Meyer.

Nheengatu

a primeira língua franca do país

Língua tupi

O nheengatu é o principal descendente ainda vivo da língua indígena falada por diversos povos ao longo da costa brasileira quando os portugueses chegaram.

Desde o início da colonização, a língua foi chamada de tupinambá (por causa do povo Tupinambá, um dos que vivia no litoral), tupi antigo e, eventualmente, língua geral brasílica – por causa do seu uso pelos portugueses para se comunicar com os indígenas.

Foi esse uso o que fez com que o tupi antigo fosse a língua mais bem documentada da América portuguesa, segundo a linguista Aline da Cruz, da Universidade Federal de Goiás, em artigo no livro Índio não fala só tupi (Editora 7Letras, 2021).

Além de ter sido objeto da primeira gramática de uma língua brasileira, escrita pelo padre José de Anchieta no século 16, o tupi antigo também foi usado em um dos tratados mais influentes sobre a fauna e a flora brasileiras no século 17 e deu nome científico a plantas como o maracujá (Passiflora murucuja) e animais como a jararaca (Bothrops jararaca).

Segundo Cruz, a difusão do tupi antigo fez com que a língua original ganhasse influências do português e fosse levada para os sertões do centro e sul, onde se tornou a "língua geral paulista", e para o interior do norte brasileiro, onde virou a "língua geral brasílica".

Para comprovar a colonização desses territórios aos espanhóis, a coroa portuguesa proibiu o uso da língua geral no país no século 18 em favor do português.

Ela caiu em desuso no século 19 e, a partir daí, foi chamada pelos indígenas de nheengatu, ou "língua boa" (nheen significa 'língua, falar' e katu '(ser) bom').

BBC NEWS BRASIL

O uso do nheengatu persistiu em grupos como os baré, os baniwa e os warekena, na região do Alto Rio Negro, no Amazonas, onde convive com as línguas originais desses povos.

Ela é considerada uma das línguas oficiais na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM) – o Brasil só tem línguas indígenas reconhecidas como oficiais em âmbito municipal.

"Avançamos muito após a co-oficialização da língua. Adicionamos aulas de nheengatu nas escolas indígenas. E também estamos levando a língua de volta para a região do Baixo Tapajós, no Pará", diz o linguista e professor Edilson Melgueiro, da etnia baniwa.

Segundo ele, entre povos nativos do Ceará e do Piauí também há uma tentativa de recuperar o tupi antigo, por meio do ensino do nheengatu.

"O mais importante dessa retomada é a autoestima. Vejo no fundo dos olhos, no fundo do coração, como é que em muitos de nós – que sofremos muito preconceito por causa das nossas línguas – a autoestima melhorou."

A gente se sente mais humano ao ter a nossa língua mais valorizada.

Edilson Melgueiro Baniwa - Linguista e professor

É possível reconhecer algumas expressões do português no nheengatu como porke (por que) e tenki (tem que), além da semelhança entre vários verbos.

Mas, se a estrutura do português é direta (sujeito, verbo e objeto), no nheengatu a maioria das frases tem sujeito oculto, explica o linguista.

"Se em português se diz 'eu gosto de você', no nheengatu se diz asaisu indé, ou 'gosto de você'. Só usamos o sujeito se queremos dar ênfase a ele."

"Nas línguas indígenas, em geral, o verbo é mais importante do que os pronomes. Acho que isso tem a ver com a nossa cosmovisão. Na nossa mitologia, os seres nos criaram com ações. Então para nós, as palavras são mais fortes quando se tratam de ações", afirma.

Após ser a primeira língua indígena brasileira a ter uma gramática, no século 16, o nheengatu é a primeira a ter uma tradução da Constituição | Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Segundo estimativas da Unesco, há cerca de 6 mil falantes do nheengatu espalhados entre Brasil, Colômbia e Venezuela.

A antiga língua franca também se tornou a primeira indígena no Brasil a ter sua própria versão da Constituição, oficialmente publicada em cerimônia no final do último mês de julho.

"Essa notícia foi uma alegria imensa para os 23 povos do Rio Negro, porque finalmente a gente tem uma das nossas línguas escrita, reconhecida e sentida. Isso concretiza um desejo dos nossos pais, de nossas lideranças", diz a antropóloga Francy Fontes Baniwa.

Créditos:

Texto e reportagem: Camilla Costa
Design: Caroline Souza
Edição e design de vídeo: Daniel Arce
Desenvolvimento: Marta Martí Marques, Alex Nicholas, Matthew Taylor
Edição e coordenação: Carol Olona
Agradecimentos: Felipe Corazza, Marcos Gurgel, Holly Frampton, Denny Moore, Gustavo Godoy, Bruna Franchetto, Hein van der Voort, Kristina Balykova, Januacele Francisca da Costa, Elissandra Barros, Gasodá Suruí, Julien Meyer, Joana Autuori, Andrés Pablo Salanova, Fernando Orphão de Carvalho, Edison Melgueiro Baniwa, Francy Fontes Baniwa, Janina dos Santos, Maria do Carmo Martins, Esmeralda Maria Piloto, Keila Felicio Iaparrá, Kilia Sanumá, Kalepi Amarildo Sanumá, Cacique Djik Fulni-ô, Fábia Fulni-ô, Éxetina Aristides Terena, Aronaldo Júlio, todas as mulheres e homens indígenas que cederam seus vídeos.
Vídeos:
Ikolen - Falantes: Sena Kéré’áàp Gavião e Vása Séèp Gavião Participantes: Oliveira Gavião e Tarami Gavião Imagens e edição: Julien Meyer e Laure Dentel | Cortesia do Museu Emilio Goeldi Tradução: Denny Moore, João Cipiábíìt Gavião e Julien Meyer
Nheengatu - Falantes: Maria do Carmo Martins e Esmeralda Maria Piloto Imagens e tradução: Edilson Melgueiro Baniwa
Parikwaki - Falante, imagens e tradução: Keila Felicio Iaparrá
Terena - Falante: Éxetina Aristides Imagens e tradução: Aronaldo Júlio
Guató - Falante: Eufrásia Ferreira (Djariguka) Imagens: Kristina Balykova e Gustavo Godoy Edição e tradução: Kristina Balykova
Yaathê - Falante: Cacique Djik Fulni-ô (Cícero de Brito) Imagens: Fábia Fulni-ô Tradução: Januacele Francisca da Costa
Ka’apor - Falantes e sinalizantes: Jarara Pirã Ka'apor e Sypo Ruwy mãi (Joana Ka'apor) Imagens, edição e tradução: Gustavo Godoy
Kayapó - Falante: Nhàkture (Maria Eugênia) Imagens, edição e tradução: Andrés Pablo Salanova
Kheuól - Falante, imagens e tradução: Janina dos Santos
Sanöma - Falante: Kilia Sanumá Imagens: Kalepi Amarildo Isaac Sanumá Tradução: Joana Autuori

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-3a23b0c2-e594-4145-ad26-32fbee5e9203

O Papa convida você a experimentar a beleza de ter Jesus como amigo

Antoine Mekary | ALETEIA

I.Media - publicado em 25/08/24

O Papa Francisco garantiu aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro que quanto mais aderimos ao Evangelho e aos sacramentos, mais percebemos que Ele tem “palavras de vida eterna”.

“Não é fácil seguir o Senhor”, mas “quanto mais nos aproximamos Dele (…), mais experimentamos a beleza de tê-lo como amigo”, disse o Papa Francisco durante a oração do Angelus na janela do Vaticano. Palácio Apostólico em 25 de março. Agosto de 2024.

Voltando ao Evangelho deste 21º Domingo do Tempo Comum ( Jo 6,60-69 ), o Pontífice argentino evocou a resposta de São Pedro, que disse a Jesus: «Senhor, para quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68).

Francisco recordou que Pedro pronunciou estas palavras “num momento crítico”, quando Jesus tinha sido abandonado por muitos dos seus discípulos. Mas os Doze permaneceram fiéis. “Ouviram-no pregar, viram os milagres que realizou e continuaram a partilhar com ele os momentos públicos e a intimidade da vida quotidiana”, dizem-nos os Evangelhos.

«Os discípulos nem sempre compreendem o que o Mestre diz e faz; às vezes é-lhes difícil aceitar os paradoxos do seu amor, as exigências extremas da sua misericórdia, a radicalidade com que se entrega a todos», reconheceu o Papa.

Com efeito, «as opções de Jesus muitas vezes ultrapassam a mentalidade comum, ultrapassam os próprios cânones da religião e das tradições institucionais, a ponto de criar situações provocativas e embaraçosas. Não é fácil segui-lo», explicou o Bispo de Roma.

Mas, apesar de tudo, os apóstolos só encontraram em Jesus «a resposta à sede de vida, de alegria e de amor que os move; só através dele experimentaram a plenitude de vida que procuram, para além dos limites do pecado e até da morte». " Referindo-se de passagem à traição de Judas, o Papa sublinhou que “todos menos um, apesar de muitas quedas e arrependimentos, permanecerão com Ele até ao fim”.

Salientando que ainda hoje “não é fácil seguir o Senhor, compreender o seu modo de agir, fazer nossos os seus critérios e os seus exemplos”. Mas Francisco garantiu aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro: “quanto mais aderirmos ao seu Evangelho, recebermos a sua graça nos sacramentos, permanecermos na sua companhia na oração, imitá-lo na humildade e na caridade, (…) mais nós perceba que somente Ele tem 'palavras de vida eterna'."

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/08/25/el-papa-invita-a-experimentar-la-belleza-de-tener-a-jesus-como-amigo

Do Comentário sobre o Evangelho de João, de Santo Tomás de Aquino, presbítero

O Bom Pastor (Pela Fé Católica)

Do Comentário sobre o Evangelho de João, de Santo Tomás de Aquino, presbítero

(Cap. 10, lect.3)      (Séc. XI)

O resto de Israel encontrará pastagens e repouso

Eu sou o bom Pastor (Jo 10,11). Que Cristo seja pastor, isto claramente lhe compete. Pois pelo pastor é conduzido e alimentado o rebanho, e os fiéis, por Cristo, são refeitos pelo alimento espiritual e ainda por seu corpo e sangue. Éreis outrora, diz o Apóstolo, como ovelhas sem pastor; mas agora vos voltastes para o pastor e guarda de vossas vidas (1Pd 2,25). E o Profeta: Como pastor apascentará o seu rebanho (Is 40,11).  

Cristo disse que o pastor entra pela porta e que ele é a porta. Aqui diz ser ele o pastor; é preciso então que ele entre por si mesmo. Entra, na verdade, por si mesmo porque se manifesta a si e por si mesmo conhece o Pai. Nós, porém, entramos por ele, porque por ele somos cumulados de beatitude.  

Contudo, atenta em que nenhum outro, exceto ele, é porta, porque nenhum outro é luz verdadeira, mas apenas por participação: Não era a luz, isto é, João Batista, mas veio para dar testemunho da luz (Jo 1,8). De Cristo, porém, diz: Era a luz verdadeira que ilumina a todo homem (Jo 1,9). Por este motivo ninguém diz ser porta; é propriedade exclusiva de Cristo. Quanto a ser pastor, comunicou-o a outros e deu a seus membros; Pedro é pastor, os outros apóstolos foram pastores e todos os bons bispos também. Dar-vos-ei, diz a Escritura, pastores segundo meu coração (Jr 3,15). Os prelados da Igreja, que são filhos,são todos pastores; no entanto diz no singular: eu sou o bom Pastor, para seguir a virtude da caridade. Ninguém é bom pastor, se não se tornar pela caridade um só com Cristo e membro do verdadeiro pastor.  

O múnus do bom pastor é a caridade, por isso diz: O bom pastor dá a vida por suas ovelhas (Jo 10,11). É de notar-se a diferença entre o bom pastor e o mau; o bom pastor preocupa-se com o bem do rebanho; o mau com o próprio.  

Em relação aos pastores terrenos, não se exige do bom pastor que se exponha à morte para defender o rebanho. Mas já que a salvação espiritual da grei tem mais importância que a vida corporal do pastor, cada pastor espiritual deve aceitar a perda de sua vida pela salvação do rebanho. É isto que o Senhor diz: O bom pastor dá a vida, a vida corporal, por suas ovelhas, pela autoridade e pela caridade. Ambas são exigidas: que lhe pertençam e que as ame; porque a primeira sem a segunda não basta.  

Desta doutrina, Cristo nos deu o exemplo: Se Cristo entregou a vida por nós, também nós temos de entregar a vida pelos irmãos (1Jo 3,16).

Responsório Ez 34,12b; Jo 10,28b

R. Visitarei minhas ovelhas
* E as reconduzirei de todos os lugares
pelos quais foram dispersas no dia de nuvens e trevas.
V. Não deixarei perecer minhas ovelhas
e ninguém vai roubá-las de mim. * E as reconduzirei.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/oficio-das-leituras-de-segunda-feira-da-21a-semana-do-tempo-comum/

Na alegre esperança de Cristo (1)

Na alegre esperança de Cristo (Opus Dei)

Na alegre esperança de Cristo

Deixar que o amor de Deus nos toque, deixar que Cristo olhe para nós. A esperança abre um mundo diante de nós, porque se fundamenta no que Deus quer fazer em nós.

04/12/2017

O que torna a vida valiosa? O que faz com que a minha vida seja valiosa? No mundo atual, a resposta a essa pergunta com frequência gira ao redor de dois polos: o sucesso que somos capazes de alcançar e a opinião que os outros têm de nós. É claro que não são questões banais: a opinião alheia tem consequências na vida familiar, social e profissional. O sucesso é a expectativa lógica daquilo que empreendemos. Ninguém faz alguma coisa com o objetivo de fracassar. No entanto, às vezes, aparecem pequenas ou não tão pequenas derrotas em nossa vida, ou outros podem formar uma opinião sobre nós em que não nos sentimos refletidos.

A experiência do fracasso, do desprestígio, ou a consciência da própria incapacidade – já não somente no mundo profissional, mas inclusive no esforço de viver uma vida cristã – podem levar-nos ao desânimo, ao desalento, e, em último termo, à desesperança.

Na atualidade, a pressão por ter sucesso em diferentes níveis, por ser alguém, ou, pelo menos, por podermos dizer que somos alguém é mais forte que em outras épocas. E, na realidade, em vez do que nós somos – filho, mãe, irmão, avó –, os holofotes estão colocados sobre o que somos capazes de fazer. Por isso, hoje estamos mais vulneráveis aos vários tipos de derrotas que a vida costuma trazer consigo: contratempos que antes se resolviam ou se suportavam com integridade, hoje causam com frequência uma tristeza ou frustração de fundo, desde idades muito precoces. Nesse mundo com tantas expectativas e desilusões, é possível então viver, como propunha São Paulo, “alegres na esperança” (Rom 12,12)?

NA ATUALIDADE, A PRESSÃO POR TER SUCESSO EM DIFERENTES NÍVEIS, POR SER ALGUÉM, OU, PELO MENOS, POR PODERMOS DIZER QUE SOMOS ALGUÉM É MAIS FORTE QUE EM OUTRAS ÉPOCAS

Na sua carta de fevereiro, o Prelado do Opus Dei dirige o olhar à única resposta verdadeiramente lúcida a essa pergunta. Uma resposta que se levanta com um sim decidido: “fazei, Senhor, que a partir da fé no vosso Amor vivamos cada dia com um amor sempre novo, numa alegre esperança”[1]. Ainda que, às vezes, a falta de esperança possa parecer “menos ingênua”, só será se fecharmos os olhos ao Amor de Deus e à sua permanente proximidade. O Papa Francisco nos recordava isso em uma das suas catequeses sobre a esperança: “A esperança cristã é sólida, eis porque não desilude. (...) Não está fundada sobre o que nós podemos fazer ou ser, e nem sequer naquilo em que podemos acreditar. O seu fundamento, ou seja, o fundamento da esperança cristã é o que de mais fiel e seguro pode existir, isto é, o amor que o próprio Deus alimenta por cada um de nós. É fácil dizer: Deus nos ama. Todos nós dizemos isso. Mas pensem um pouco: cada um de nós é capaz de dizer: estou convencido de que Deus me ama? Não é tão fácil dizê-lo. Mas é verdade”[2].

A grande esperança

Em sua pregação e em suas conversas, São Josemaria contemplava, muitas vezes, a vida dos primeiros cristãos. A fé era para eles, mais do que uma doutrina a aceitar ou um modelo de vida a realizar, o dom de uma vida nova: o dom do Espírito Santo, que havia sido derramado em suas almas depois da ressurreição de Cristo. Para os primeiros cristãos, a fé em Deus era objeto de experiência e não só de adesão intelectual: Deus era uma Pessoa realmente presente em seu coração. São Paulo escrevia aos fieis de Éfeso, referindo-se à sua vida antes de conhecer o Evangelho: “lembrai-vos de que naquele tempo estáveis sem Cristo, sem direito da cidadania em Israel, alheios às alianças, sem esperança da promessa e sem Deus, neste mundo” (Ef 2, 11–12). Com a fé, por outro lado, tinham recebido a esperança, uma esperança que “não engana. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rom 5, 5).

Ao longo de vinte séculos, Deus não deixa de chamar-nos a esta “grande esperança”, que relativiza todas as outras esperanças e decepções. “Precisamos de esperanças – menores ou maiores – que, dia após dia, nos mantenham a caminho. Mas, sem a grande esperança que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir”[3].

AINDA QUE, ÀS VEZES, A FALTA DE ESPERANÇA POSSA PARECER “MENOS INGÊNUA”, SÓ SERÁ SE FECHARMOS OS OLHOS AO AMOR DE DEUS E À SUA PERMANENTE PROXIMIDADE

É bom considerar se estamos acostumados à realidade de um Deus que salva – um Deus que vem encher-nos de esperança –, até o ponto de, às vezes, ver isso apenas como uma ideia, que não tem força real na nossa vida. A Cruz, que parecia um grande fracasso aos olhos dos que tinham esperança em Jesus, se converteu, com a Ressurreição, no triunfo mais decisivo da história. Decisivo, porque não se trata de um êxito só de Jesus: com Ele todos vencemos. “E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” no Ressuscitado. Os discípulos de Emaús olhavam o passado com saudades. “Nós esperávamos”, diziam (Lc 24, 21): não sabiam que Jesus caminhava com eles, que abria para eles um futuro apaixonante, à prova de qualquer outro desengano. “Aviva a tua fé. – Cristo não é uma figura que passou. Não é uma recordação que se perde na história. Vive! ‘Jesus Christus heri et hodie: ipse et in saecula!’, diz São Paulo. Jesus Cristo ontem e hoje e sempre!”[4]

Deixar-nos tocar pelo amor de Deus

São Paulo descrevia assim a raiz da vida cristã: “... Pela fé, eu morri para a Lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu. É Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gal 2,19-20). Para o Apóstolo, o cristianismo consiste, em primeiro lugar, na realidade de que Cristo morreu por nós, ressuscitou e, do Céu, enviou a nossos corações o seu Espírito Santo, que nos transforma e abre os nossos olhos para uma vida nova. “Quem é atingido pelo amor começa a intuir em que consistiria propriamente ‘vida’. Começa a intuir o significado da palavra esperança”[5]. Como para a samaritana, Maria Madalena, Nicodemos, Dimas, os discípulos de Emaús, Jesus nos dá um novo modo de olhar: de olhar-nos a nós mesmos, os outros e Deus. E somente a partir deste novo olhar que Deus nos dá, o esforço por melhorar e a luta por imitá-lo têm sentido: vistos por si mesmos, estas duas coisas seriam “vaidade e vento que passa” (Ecl. 2,11), um empenho inútil.

Ao morrer na Cruz “por nós homens e pela nossa salvação”[6], Cristo nos livrou de uma vida de relação com Deus concentrada em preceitos e limites negativos. Libertou-nos para uma vida feita de Amor: “vos revestistes do homem novo, que vai se renovando constantemente à imagem daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento”. (Cl 3,10). Trata-se, então, de conhecer o Amor de Deus e de deixar-se tocar por Ele, para retomar – a partir dessa experiência – o caminho para a santidade. Encontrar Deus e deixar-nos transformar por Ele é o essencial. Pouco depois de sua eleição, o Prelado do Opus Dei nos recordava: “quais são as prioridades que Nosso Senhor nos apresenta neste momento histórico do mundo, da Igreja e da Obra? A resposta é clara: em primeiro lugar, cuidar da nossa união com Deus com delicadeza de apaixonados, partindo da contemplação de Jesus Cristo, rosto da Misericórdia do Pai. O programa de São Josemaria será sempre válido: ‘Que procures Cristo. Que encontres Cristo. Que ames a Cristo’“[7]. A união com Deus nos permite viver a Vida que Ele nos oferece. Procurar o rosto de Cristo, e deixar-nos olhar por Ele é um caminho esplêndido para aprofundar nessa vida de Amor.

Lucas Buch

Tradução: Mônica Diez


[1] F. Ocáriz, Carta pastoral, 14-II-2017, n. 33.

[2] Francisco, Audiência, 15-II-2017.

[3] Bento XVI, Enc. Spe Salvi (30-XI-2007), n. 31.

[4] São Josemaria, Caminho, n. 584

[5] Bento XVI, Enc. Spe Salvi (30-XI-2007), n. 27.

[6] Missal Romano, Símbolo niceno-constantinopolitano.

[7] F. Ocáriz, Carta pastoral, 14-II-2017, n. 30 (cfr. Caminho, n. 382).

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

A Palavra de Cristo Jesus como remédio de salvação humana nos santos padres

A Palavra de Cristo Jesus como remédio de salvação humana nos santos padres

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA) 

A Palavra de Jesus é de uma fonte inesgotável, porque quem beber dela terá na pessoa uma fonte de água que jorra para a vida eterna (cfr. Jo 4,14). Jesus é esta palavra que alimenta a alma e a vida humana. Ele é como remédio que cura as feridas das pessoas em vista da salvação humana. Diante do desafio lançado por Jesus aos discípulos se estes não queriam ir embora, porque Jesus pediu que as pessoas seguidoras comessem a sua carne e bebessem o seu sangue, para ter a vida verdadeira, disse Pedro a Jesus que só Ele tinha palavras de vida eterna (Jo 6, 68). Os Padres da Igreja, primeiros escritores cristãos sempre tiveram um grande apreço pela Palavra de Deus. A seguir, vejamos a importância da Palavra de Deus na sua missão de pastores do povo do Senhor em vista da salvação humana. 

A palavra de Jesus, vida para as pessoas  

São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, séculos IV e V afirmou que a palavra de Jesus é força, é vida para as pessoas como saúde espiritual para os doentes. Além das obras de caridade está o ensinamento da palavra do Senhor, que são a dieta, o clima melhor, o lugar dos remédios, o lugar dos ferros cirúrgicos nas coisas que devam ser cortadas, tiradas, e também nas coisas que são mantidas, caracterizando desta forma pela Palavra de Deus, melhorias para vida humana.1   

A superação da doutrina errada 

São João Crisóstomo também disse que uma doutrina não unida a Igreja não leva ao nada, de modo que a sua superação é dada pela Palavra de Cristo Jesus que garante a verdade na comunidade eclesial não somente pelo incômodo dado aos irmãos e irmãs por causa da visão errada das coisas, mas também, a palavra do Senhor combate aos ataques externos2. A vida da comunidade é vista na sua concretude da verdade no sentido de que as coisas sejam debatidas em vista do bem maior, que é Jesus, a sua Palavra. O bispo teve presente a escolha dos diáconos na comunidade primitiva enquanto os apóstolos permaneceram com o ministério da palavra dado ao povo de Deus (cf. At 6,1s)3.  

A alegria de ensinar 

Santo Agostinho, bispo de Hipona, séculos IV e V, disse que a missão de ensinar proveniente do batismo traz alegrias imensas, porque trata-se de anunciar e de denunciar as coisas, os fatos a partir da palavra de Jesus no mundo de seu tempo4. Esta alegria de ensinar a partir da Palavra de Deus é dada também quando os ministros se dirigem às crianças na comunidade que dever-se-á falar de uma forma simples, pois isto será uma novidade não somente para as crianças, mas também para os ministros consagrados, ou leigos e leigas que coordenam uma celebração da palavra5. A alegria interior à Palavra de Deus provem pela oração, pelo contato com o mistério divino para levar as pessoas ao conhecimento do Senhor e viver a sua palavra de salvação na realidade conhecida6. O bispo de Hipona solicitava às pessoas missionárias para renovar-se nas coisas divinas e da palavra de Deus anunciada para que a pregação dita ao público não fosse fria, mas se fizesse nova, pela própria palavra de Deus que leva à pregação e à prática sempre novas para o povo em geral7. 

Exortação à pregação

São Gregório Magno, bispo de Roma e Papa, séculos VI e VII solicitava à pregação da Palavra de Deus para o povo em vista da conversão de vida para todas as pessoas, dado que era também fundamental para os pregadores. O motivo essencial vinha do próprio Filho de Deus, que gerado pelo Pai, veio a este mundo, para revelar a todas as pessoas a salvação através de sua palavra, quanto mais a pregação deveria estar presente na vida das pessoas, da comunidade e dos povos8. A pregação com o testemunho de vida são essenciais na vida dos ministros consagrados e do povo de Deus9.  

A atuação diversa de dois profetas

São Gregório também tinha presentes a atuação de dois profetas: Jeremias e Isaias na referência da pregação da palavra de Deus, do Senhor em vista do anúncio do mandamento da Lei divina pelo amor a Deus, ao próximo como a si mesmo (cfr. Mt 22,37-39). Se o primeiro, no caso Jeremias tentou evitar o dever da pregação, dizendo que ele não sabia falar, porque era um adolescente (cfr. Jr 1,6) o segundo, no caso Isaias quando Deus procurava alguém para fazer a pregação, ele se ofereceu exclamando a sua disposição de servir, pois ele desejava ser enviado (cfr. Is 6,8). A expressão externa dos dois profetas foi diferente, mas surgiu de uma idêntica fonte de amor que pediu a necessidade da pregação com o testemunho de vida dos dois grandes profetas do Antigo Testamento para o povo do Senhor10.  

A preparação para o anúncio da Palavra de Deus

São Basílio Magno, bispo de Cesaréia, século IV afirmou a importância da preparação no anúncio da palavra divina. Ele tomou um exemplo dado na vida comum pois da mesma forma como o espectador percebe o esforço dos atletas pelas regras esportivas colocadas, muito mais os fiéis que vêem à comunidade para participar e contemplar os espetáculos, assim tanto altos e portentosos, querem ouvir a sabedoria divina, inefável, a Palavra de Deus que as levem para casa com o estímulo a contemplar as realidades propostas e a viver por sua parte, a Palavra do Altíssimo visando sempre a conversão de vida. O ministro e as pessoas que coordenam a comunidade façam a preparação digna da Palavra de Deus para si e para os outros. O bispo dizia que é necessário que quem ama estes grandes espetáculos, tenha um animo preparado para acolher a Palavra de Deus, vivê-la e anunciá-la com amor aos outros11.  

A Palavra de Deus é remédio de salvação à vida humana porque ela supera o egoísmo, a discriminação, o ódio entre as pessoas, visando o amor, a entrega, a doação da própria vida ao Senhor e aos irmãos e irmãs. Ela é um remédio para viver bem com Deus e com os irmãos e irmãs, tendo o horizonte a vida divina, a salvação do ser humano, dada pelo Senhor Jesus.  

___________________

1 Cfr. Giovanni Crisóstomo. Il sacerdozio, 4,3. In: La Teologia dei Padri, Volume IV. Roma: Città Nuova
Editrice. 1982, pg. 127.
2 Cfr. Idem, pg. 127.
3 Cfr. Ibidem, pg. 127.
4 Cfr. Agostino. Come insegnare i principianti, I,17. In: Ibidem, pg. 129.

5 Cfr. Ibidem, pg. 129
6 Cfr. Ibidem, pg. 129.
7 Cfr. Ibidem, pg. 129.
8 Cfr. Gregório Magno. Lettera al Vescovo Ciriaco di Costantinopoli.. In: Ibidem, 130-131.
9 Cfr. Ibidem, pg. 130.
10 Cfr. Ibidem, pg. 130.

11 Cfr. Basilio il Grande. Esamerone, 6,1. In: Ibidem, pg. 139.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Francisco: onda populista na Europa está fazendo desaparecer os princípios de fraternidade

A bandeira da União Europeia (Vatican News)

Aos participantes do Fórum Alpbach, que se realiza até 30 de agosto, o Papa envia uma mensagem na qual partilha as suas apreensões sobre a crescente difusão de movimentos que correm o risco de colocar em segundo lugar os mais fracos. “As sociedades na Europa são chamadas a encontrar formas e meios para reduzir a polarização dentro de si e a permanecer abertas em relação ao mundo que as rodeia”.

Antonella Palermo - Vatican News

Frear as forças populistas na Europa e qualquer polarização que disperse os valores fundadores da União. Esse é o cerne da mensagem do Papa Francisco dirigida aos participantes do Fórum Europeu Alpbach (17 a 30 de agosto), uma plataforma que reúne jovens do velho continente e de todo o mundo, para partilhar reflexões e ações com pensadores e analistas da área de política, do empreendedorismo, da sociedade civil e cultural.

Os movimentos populistas estão marginalizando os fracos

À luz do propósito do Fórum - orientar ideias para uma Europa forte e democrática -, Francisco ilustra alguns motivos de preocupação sobre o destino do continente que vive, afirma, "um momento em que vários movimentos populistas gozam de grande popularidade ". Segundo o Pontífice, existem fatores econômicos e políticos por detrás dessa tendência que se estabelece cada vez mais.

"[...] Na Europa, na sequência desta "onda" populista, alguns ideais desapareceram e alguns princípios, relativos ao comportamento com os membros mais fracos da sociedade, foram colocados em segundo plano."

A Europa não deve perder os valores universais da fraternidade

A questão colocada pelo Papa é, portanto, aquela relativa aos princípios da dignidade humana e da fraternidade, “ligados à matriz do Evangelho”: o que acontece com eles? As palavras de Bergoglio são, por um lado, tranquilizadoras, porque mesmo num contexto secularizado, que - "não deveria surpreender e nem assustar" - a Igreja pode continuar a atuar ("Deus também está presente também ali"); por outro lado, são palavras de apelo:

"Com motivação renovada, esforçamo-nos, como cristãos, por levar a riqueza da doutrina social católica com a sua reivindicação de universalidade. Até a União Europeia, desde a sua fundação, tem características universalistas e espera-se que não as perca. [...] As sociedades na Europa são chamadas a encontrar formas e meios para reduzir a polarização dentro de si e a permanecer abertas em relação ao mundo que as rodeia."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Zeferino

São Zeferino (A12)
26 de agosto
País: Itália
São Zeferino

Zeferino nasceu no ano de 165 em Roma, não há muitos registros relatando sua vida antes de ser eleito Papa. Zeferino foi eleito Papa em 199 sucedendo o Papa Vitor I e sendo o décimo quinto a ocupar a Cátedra de Pedro.

Seu pontificado se deu sob intensa perseguição de Septímio Severo, que “proibiu sob pena grave, toda propaganda judaica, e tomou a mesma decisão a respeito dos cristãos”, conforme a História Augusta.

O Papa Zeferino, enfrentou também muitas heresias, que abalavam a Igreja mais do que os próprios martírios. As heresias estavam no desejo de alguns em elaborar só com dados filosóficos o nascimento, a vida e a morte de Jesus Cristo. A discórdia era generalizada, uns negavam a divindade de Jesus Cristo, outros se apresentavam como a própria revelação do Espírito Santo, profetizando e pregando o fim do mundo.

Mas o papa Zeferino amparado pelo poder do Espírito Santo e pela sensatez, uniu-se aos grandes sábios da época, como Santo Irineu, Hipólito e Tertuliano para livrar os cristãos das mentiras dos hereges e dos exageros, conseguindo assim, estabelecer a verdade.

O papa Zeferino era dotado de inspiração e visão especial. Seu grande mérito foi ter valorizado a capacidade de Calisto, um pagão convertido e membro do clero romano, que depois foi seu sucessor. Ele determinou que Calisto organizasse cemitérios cristãos separados daqueles dos pagãos. Isso porque os cristãos não aceitavam cremar seus corpos e também queriam estar livres para tributarem o culto aos mártires.

Este trabalho foi a origem das catacumbas romanas, lugar histórico que testemunha grande parte da história cristã.

O Papa Santo Zeferino foi martirizado em 20 de dezembro de 217, juntamente com o bispo Santo Irineu, encerrando assim seu pontificado que durou 18 anos.

Foi sepultado numa capela nas catacumbas que ele mandou construir em Roma, Itália.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Como incentivo aos Bispos o Papa São Zeferino escreveu: “Que o Deus todo-poderoso e seu único Filho e Salvador nosso, Jesus Cristo, vos guie para que, com todos os meios ao vosso alcance, possais auxiliar a todos os irmãos que passam por tribulação, que sofrem durante seus trabalhos, estimando seus sofrimentos. Que sejam dados a eles toda a assistência possível, por atos e palavras, de forma a que sejais reconhecidos como verdadeiros discípulos dAquele que nos mandou amar aos irmãos como a nós mesmos”. Sejamos também nós tocados por estas palavras para que todos tenham paz e fraternidade dentro de si.

Oração:

Deus eterno e todo-poderoso quiseste que São Zeferino governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 25 de agosto de 2024

Hoje é dia de são José de Calasanz, padre criador da educação pública

São José de Calasanz (ACI Digital)
25 de agosto
País:Espanha
São José de Calasanz

São José de Calasanz, padre criador da educação pública

REDAÇÃO CENTRAL (ACI Digital), 25 de agosto de 2023

A Igreja Católica celebra hoje (25) são José de Calasanz, padre e educador espanhol. Calasanctius, como era conhecido, foi um grande defensor e promotor da educação numa época em que estudar era um privilégio.

O santo fundou a primeira escola pública gratuita da Europa, proposta educativa que replicou dando origem às chamadas 'Escolas Pias'. Foi também fundador da Ordem dos Clérigos Regulares Pobres da Mãe de Deus das Escolas Pias, cujos membros são conhecidos como “Escolápios”

“Recebestes de graça, de graça dai”

José nasceu em Peralta de la Sal, Aragão, Espanha, em 11 de setembro de 1557. Seus pais eram seu Pedro de Calasanz -que se tornou prefeito de Peralta- e dona María Gastón. Graças a eles recebeu em casa uma cuidadosa educação, através da qual adquiriu desde muito jovem uma ampla cultura e uma sólida formação cristã. Ele frequentou a escola local de Peralta, onde continuou os seus estudos.

Aos dezesseis anos expressou seu desejo de ser padre. Inicialmente, o pai não concordou: a morte da mãe e do irmão mais velho de José fez Pedro pensar que o menino deveria se encarregar da administração dos bens da família e perpetuar o nome da família.

Providencialmente, o tempo mudou a opinião de Pedro, para que José pudesse estudar filosofia e direito canônico na Universidade de Lérida; e, depois, teologia nas universidades de Valência e Alcalá de Henares.

Em 1583, aos 25 anos, José foi ordenado sacerdote. Foi enviado para Seu d'Urgell (Seo de Urgel), na província de Lleida, perto dos Pirenéus Catalães. Naquela época, Urgel era uma região tumultuada por causa do banditismo. José passou ali alguns anos, nos quais teve que enfrentar um período sem bispo, devido à sé vacante. Foram anos difíceis em que serviu como secretário do capítulo da catedral e nos quais também teve a oportunidade de conhecer as necessidades e deficiências de muitas pessoas.

Em 1591, mudou-se para Roma, em busca de um horizonte pastoral diferente, animado pela ideia de ali seguir a carreira eclesiástica.

As Escolas Pias: que nenhuma criança fique sem estudar

Em Roma ele não encontrou o que esperava. No entanto, ele não perdeu a esperança e continuou pensando em fazer algo pela Igreja e pelas pessoas necessitadas. O padre José sempre foi um homem piedoso, dado à oração, e as circunstâncias obrigaram-no a depositar ainda mais confiança em Deus e na Santíssima Virgem.

Quando começou a percorrer as ruas e bairros da Cidade Eterna, viu como muitas crianças estavam abandonadas à própria sorte, sem receber o que ele havia recebido: primeiro, a educação; e mais tarde, um tratamento gentil e uma fé. Esta experiência foi o germe da criação das “Escolas Pias”, abertas a todos, gratuitas, concebidas à luz do Evangelho. As que o padre Calasanz fundou naquela época seriam as primeiras escolas públicas -de matriz cristã- na Europa.

Depois de o padre Calasanz ter amadurecido as suas ideias, começou a procurar apoio e financiamento para o seu projeto de escolarização. Infelizmente ele não conseguiu. Por isso, em 1597 pediu para usar a sacristia da paróquia de Santa Dorotéia de Roma -situada numa zona pobre da cidade- e aí começou a dar aulas pessoalmente.

Com o passar dos meses, as ‘Escolas Pias’ foram aumentando e com isso o número de alunos também cresceu. Felizmente também cresceu o número de colaboradores, que passaram a ser chamados de ‘Escolápios’. Seria com este grupo inicial de colaboradores que são José formaria a Ordem dos Clérigos Regulares das Escolas Pias, dedicada exclusivamente à educação.

Colocar a criança no centro do processo educativo

Depois de constatados os bons resultados e a magnífica gestão das escolas, os Escolápios receberam o apoio da Santa Sé, bem como o apoio de muitas famílias ricas que quiseram participar na iniciativa.

“Em Roma encontrei a forma definitiva de servir a Deus, fazendo o bem aos pequenos, e não abandonarei isso por nada no mundo”, disse são José Calasanz.

"Pois se desde a infância a criança for diligentemente imbuída de piedade e letras, é de se prever um curso feliz em toda a sua vida" (Constituições de São José Calasanz das Escolas Pias, 1622).

Numa mensagem dirigida aos escolápios em 2007, por ocasião dos 450 anos do nascimento de são José Calasanz, o papa Bento XVI disse: "No centro do trabalho educacional, ele (São José Calasanz) colocou o respeito pela personalidade de cada criança, na qual reconhecia a imagem de Cristo. Ele reivindicou e foi o primeiro a promover seu direito à instrução e à educação, começando pelas crianças pobres".

São José Calasanz morreu em 25 de agosto de 1648 em Roma, com 90 anos de idade. Ele foi canonizado em 1767 pelo papa Clemente XIII e, em 1948, Pio XII o declarou "Padroeiro diante de Deus de todas as escolas populares cristãs do mundo". Sua grande obra, as Escolas Pias, estão hoje espalhadas pelos cinco continentes.

Fonte: https://www.acidigital.com/

ESPIRITUALIDADE - Nossa primeira vocação: A Vida

Nossa primeira vocação: A Vida

 Por Prof. Felipe Aquino

Gosto muito daquela música que diz assim: “Quero que valorize o que você tem; você é um ser, você é alguém, tão importante para Deus… Deixa de ficar sofrendo angústia e dor neste seu complexo inferior, dizendo às vezes que não é ninguém…”

Todo o Universo gigantesco e belo “não sabe que existe”; não tem alma, não tem inteligência, não tem vontade, e não tem consciência. Você tem; por isso você, sozinho, é mais importante do que todo o Cosmos. Você é mais importante do que as quintilhões de estrelas… você é mais belo do que o Sol, mais brilhante do que a Lua, mais fantástico do que tudo o que os seus olhos veem…

Um grito de júbilo explodiu no universo quando a vida se tornou consciente, inteligente, dotada de vontade e liberdade. Quando surgiu o ser criado “à imagem e semelhança de Deus”.

Podemos dizer como o poeta que o Cosmos “chorou” de alegria quando viu você surgir das mãos de Deus. “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra… criou-os homem e mulher” (Gn 1, 26-27).

Veja, você veio ao mundo, depois de bilhões de anos de preparação, para ser rei deste universo dado por Deus. Então você não pode se arrastar como um escravo; você não pode viver como uma “águia de galinheiro” que não aprendeu a voar; a sua dignidade de filho de Deus exige uma vida digna da vocação a que você foi chamado pelo Criador. Você sintetiza no seu ser todo o universo criado e a glória do Criador. Você é a meta de toda a criação. Você é a voz e a alma do universo. Você foi feito para a eternidade sem fim.

É através de você que a matéria bruta, a planta silenciosa, e o animal selvagem dão glória ao Criador. Eles olham para você… Não os decepcione. Há bilhões de anos Deus preparou a sua chegada. Desde o primeiro átomo de hidrogênio que foi criado há bilhões de anos, Deus já pensava em você. E, quando você foi gerado por seus pais, de todos aqueles trezentos milhões de espermatozoides, só um fecundou aquele óvulo bendito de tua mãe: daí nasceu você. Você é um eleito, um escolhido. E ninguém jamais será igual a você… porque o Criador trabalha com exclusividade. Não aceita repetir as suas obras.

Entre as mais de sete bilhões de pessoas do Planeta, não há dois que tenham o mesmo código genético (DNA) ou as mesmas impressões digitais. Não é fantástico?

Há mulheres que querem roupas exclusivas, sem que outras tenham iguais, o Criador deu isto de graça a todos, não nas roupas, mas no ser. A roupa exclusiva acaba, mas você não! Você é um indivíduo, isto quer dizer, único, irrepetível, singular. Sua vida é única, não houve e não haverá outro igual a você na história deste mundo… já pensou? Mesmo que o homem possa chegar à loucura de clonar o corpo, Deus não clonará a alma; portanto, nem os clones humanos seriam pessoas iguais.

Veja o valor que você tem. Veja com que capricho e sabedoria você foi criado. São Paulo nos diz que Deus nos amou antes de ter feito este mundo. “Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criação do mundo…” (Ef 1, 3).

Isto quer dizer que antes de criar o primeiro átomo de hidrogênio, há bilhões de anos, Deus já te amava e te queria… Antes de ser filho dos teus pais, você já era um filho amado de Deus. Portanto, não maldiga a obra de Deus que é você.

“Você tem valor! Quero que valorize o que você tem, você é um ser, você é alguém, tão importante para Deus… Deixa de ficar sofrendo angústia e dor neste seu complexo inferior, dizendo às vezes que não é ninguém… Eu venho falar do valor que você tem…”

Antes que Deus criasse o mundo e todas as coisas, já o conhecia pelo nome e desejava que você viesse ao banquete da vida. Queria que você participasse da Sua vida e desfrutasse de toda a riqueza da divindade…

Foi por isso que Ele o criou. Ele o teceu carinhosamente no ventre de sua mãe, cuidadosamente, e o amou com amor eterno. Ele o fez à Sua semelhança para que você pudesse compartilhar com Ele de todos os Seus bens inefáveis. Deu-lhe faculdades e potências que não colocou em nenhum dos outros seres criados: inteligência, vontade, memória, consciência, capacidade de amar; de sonhar; de sorrir; de chorar, de cantar; de falar…

Não sei se você já percebeu que é o único ser vivo capaz de sorrir, abraçar e derramar lágrimas de emoção diante da dor e do belo.

Viva a Vida! A vida é bela! Louve o Criador!

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/nossa-primeira-vocacao-a-vida/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF