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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Perder o essencial é hipocrisia

Hipocrisia (Crédito: iStock)

Perder o essencial é hipocrisia

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas (RS)

JESUS e o seu ABBÁ – no Evangelho dominical (01/09/24)

Eu me encontrava, Abbá, em Genesaré e o seus habitantes me reconheceram. De toda região vinham pessoas e levavam em macas os que estavam doentes. Suplicavam que pudessem ao menos tocar a borla da minha veste. Com alegria interior, eu constatava que todos que a tocavam ficavam curados.

Aconteceu então, Abbá, que um grupo de fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém, reuniram-se em torno a mim. Eles viram que alguns de meus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. De fato, os fariseus e os judeus em geral, apegados à tradição, só comem depois de lavar bem as mãos; ao voltar da praça, não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição, como, a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.

Isso, levou, ó Abbá, os fariseus e os mestres da Lei me perguntarem: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” Inspirado pelo Espírito Santo, que me assiste na minha missão, percebi, ó Abbá, que era hora de chamar atenção ao demasiado legalismo e ritualismo dos fariseus e mestres da Lei.

Lembrei-lhes as palavras do grande profeta Isaías e apliquei-as a eles, chamando-os de hipócritas. As palavras de Isaías são: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”.

Honrar-nos com os lábios, Abbá, mas o coração longe de nós, é hipocrisia; prestar-nos culto, mas ensinando doutrinas que são meros preceitos humanos, é hipocrisia; abandonar o nosso mandamento para seguir a mera tradição dos homens, é hipocrisia. Como o ser humano, criado com tanta semelhança conosco, perde-se no essencial e encontra-se no acidental! Como o ser humano, criado com tanta semelhança conosco, desvia-se da liberdade do espírito e fixa-se na escravidão da lei! É preciso sempre chamar a atenção!

Feita a advertência aos fariseus e mestres da lei, chamei a multidão mais perto de mim. Queria, Abbá, que todos escutassem e compreendessem bem a mensagem que lhes tinha a dar. Afirmei com toda a força: “Escutai todos e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo”.

Ter tomado o exemplo da pureza e impureza, penso, ó Abbá, que todos entenderam bem do que se tratava. Realmente o que torna impuro o homem e a mulher é o que “sai do interior”. Os exemplos que lembrei a eles, elenquei muitos para não deixar dúvida nenhuma: “Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o ser humano”.

Abbá, peço-te pela humanidade para que não se perca no essencial; para que sinta sua hipocrisia nessa perda do essencial; para que ouça a nossa voz e não ouça tanto “as vozes das serpentes”: essas são especialistas de fazer comer “das árvores proibidas. Amém!”

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Transmitir a fé (I) (1)

Foto: Mhonpoo (cc). | Opus Dei

Transmitir a fé (I)

É na própria família que se forja o caráter, a personalidade, os costumes... e também se aprende a conviver com Deus. Uma tarefa que cada dia é mais necessária, como se assinala neste artigo.

03/01/2012

Cada filho é uma prova da confiança de Deus nos pais, que lhes confia o cuidado e a orientação de uma criatura chamada à felicidade eterna. A fé é o melhor legado que se lhe pode transmitir; mais ainda, é a única coisa verdadeiramente importante, pois é o que dá sentido último à existência. Deus, além disso, nunca confia uma missão sem dar os meios imprescindíveis para levá-la a termo; e assim, nenhuma comunidade humana está tão bem dotada como a família para facilitar que a fé enraíze nos corações.

O TESTEMUNHO PESSOAL

A educação da fé não é um mero ensinamento, mas a transmissão de uma mensagem de vida. Ainda que a palavra de Deus seja eficaz em si mesma, para difundi-la o Senhor quis servir-se do testemunho e da mediação dos homens; o Evangelho é convincente quando se vê encarnado.

Isto é válido de maneira especial quando nos referimos às crianças, que distinguem com dificuldade entre o que se diz e quem o diz; e adquire ainda mais força quando pensamos nos próprios filhos, pois não diferenciam claramente entre a mãe ou pai que reza e a própria oração; mais ainda, a oração tem valor especial, é amável e significativa, porque quem reza é a sua mãe ou o seu pai.

Isto faz com que os pais tenham tudo a seu favor para comunicar a fé aos filhos; o que Deus espera deles, mais do que palavras, é que sejam piedosos, coerentes. O seu testemunho pessoal deve estar presente diante dos filhos a todo o momento, com naturalidade, sem procurar dar lições constantemente.

Às vezes, basta que os filhos vejam a alegria dos seus pais ao confessar-se, para que a fé se torne forte nos seus corações. Não se deve desvalorizar a perspicácia das crianças, mesmo que pareçam ingênuas; na realidade, conhecem os seus pais, no bom e no menos bom, e tudo o que estes fazem – ou omitem – é para eles uma mensagem que os ajuda a formar ou a deformar.

Foto: celesteh (cc). | Opus Dei

Bento XVI explicou muitas vezes que as alterações profundas nas instituições e nas pessoas costumam ser promovidas pelos santos, e não pelos mais sábios ou poderosos: «Nas vicissitudes da história, [ os santos ] foram os verdadeiros reformadores que tantas vezes elevaram a humanidade dos vales obscuros nos quais está sempre em perigo de se precipitar; iluminaram sempre de novo» [1].

Na família acontece algo parecido. Sem dúvida, é preciso pensar no modo mais pedagógico de transmitir a fé, e formar-se para serem bons educadores; mas o que é decisivo é o empenho dos pais por quererem ser santos. É a santidade pessoal o que permitirá acertar com a melhor pedagogia.

"Em todos os ambientes cristãos conhecem-se, por experiência, os bons resultados que dá essa natural e sobrenatural iniciação à vida de piedade, feita no calor do lar. A criança aprende a pôr o Senhor na linha dos primeiros e fundamentais afetos, aprende a tratar a Deus como Pai e à Nossa Senhora como Mãe, aprende a rezar seguindo o exemplo dos pais. Quando se compreende isto, vê-se a enorme tarefa apostólica que os pais podem realizar e como têm obrigação de serem sinceramente piedosos, para poderem transmitir – mais do que ensinar – essa piedade aos filhos" [2].

AMBIENTE DE CONFIANÇA E AMIZADE

Vemos que muitos rapazes e moças – sobretudo, na juventude e na adolescência – acabam por afrouxar a fé que receberam, quando sofrem algum tipo de prova. A origem destas crises pode ser muito diversa – a pressão de um ambiente paganizado, amigos que ridicularizam as convicções religiosas, um professor que dá as lições numa perspectiva ateia ou que põe Deus entre parêntesis –, mas estas crises ganham força quando aqueles que passam por elas deixam de expor às pessoas adequadas o que lhes está acontecendo.

É importante facilitar a confiança com os filhos e que estes sempre encontrem os pais disponíveis para lhes dedicarem tempo. Os jovens – mesmo os que parecem mais indóceis e desprendidos – desejam sempre essa aproximação, essa fraternidade com os pais. O segredo costuma estar na confiança. Que os pais saibam educar num clima de familiaridade, que nunca deem a impressão de que desconfiam, que deem liberdade e que ensinem a administrá-la com responsabilidade pessoal. É preferível que enganem alguma vez. A confiança que se põe nos filhos faz com que eles próprios se envergonhem de terem abusado, e se corrijam. Pelo contrário, se não têm liberdade, se veem que não se confia neles, sentir-se-ão levados a enganar sempre [3] . Não se deve esperar a adolescência para pôr em prática estes conselhos; podem ser aplicados desde muito cedo.

Foto: Pyrat Wesly (cc). | Opus Dei

Falar com os filhos é das coisas mais gratas que existem e a porta mais direta para estabelecer uma profunda amizade com eles. Quando uma pessoa ganha confiança com outra, estabelece-se uma ponte de mútua satisfação e poucas vezes desaproveitará a oportunidade de conversar sobre as suas inquietações e os seus sentimentos, o que é, por outro lado, uma maneira de se conhecer melhor a si próprio. Embora haja idades mais difíceis do que outras para conseguir essa proximidade, os pais não devem afrouxar no seu entusiasmo por chegarem a ser amigos dos filhos; amigos a quem se confiam as inquietações, a quem se consulta sobre os problemas, de quem se espera uma ajuda eficaz e amável [4]. Nesse ambiente de amizade, os filhos ouvem falar de Deus de um modo agradável e atrativo. Tudo isto requer que os pais encontrem tempo para estar com os filhos e um tempo que seja “de qualidade”; o filho deve perceber que as suas coisas nos interessam mais do que o resto das nossas ocupações. Isto implica ações concretas, que as circunstâncias não podem levar a omitir ou a atrasar uma e outra vez; desligar a televisão ou o computador quando a menina ou o garoto pergunta por nós e se percebe que querem falar; reduzir a dedicação ao trabalho; procurar formas de recreio e entretenimento que facilitem a conversa e a vida familiar, etc.

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A. Aguiló

[1] Bento XVI, Discurso na Vigília da Jornada Mundial da Juventude de Colônia, 20-08-2005.

[2] São Josemaria Escrivá, Temas Atuais do Cristianismo , n. 103.

[3] São Josemaria Escrivá, Temas Atuais do Cristianismo , n. 100.

[4] São Josemaria Escrivá, Cristo que passa , n. 27.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/transmitir-a-fe-i/

Francisco inicia sua 45ª Viagem Apostólica com destino à Ásia e Oceania

Papa Francisco inicia sua Viagem Apostólica (Vatican Media)

O Papa embarcou para Jacarta, Indonésia, iniciando sua 45ª Viagem Apostólica, a mais longa de seu pontificado. Antes de partir, Francisco recebeu um grupo de sem-teto no Vaticano, acompanhado pelo cardeal Konrad Krajewski. Durante a viagem de 32.814 quilômetros, que também inclui visitas a Timor-Leste, Papua-Nova Guiné e Singapura, o Santo Padre abordará temas como paz, diálogo inter-religioso, reconciliação social e mudança climática.

Vatican News

Sorridente, o Papa Francisco embarcou no voo que o levará a Jacarta, na Indonésia, primeira etapa de sua 45ª Viagem Apostólica internacional. O avião, que leva o Santo Padre ao continente asiático, decolou nesta segunda-feira, 2 de setembro, às 17h32, horário de Roma.

Antes de deixar o Vaticano, conforme informou a Sala de Imprensa da Santa Sé, "pouco depois das 16 horas locais, cerca de quinze pessoas em situação de rua, homens e mulheres, acompanhadas pelo cardeal Konrad Krajewski, Esmoleiro de Sua Santidade, visitaram o Papa Francisco na Casa Santa Marta antes de sua partida para a próxima Viagem Apostólica pela Ásia e Oceania".

O momento de saudação com os sem-teto na Casa Santa Marta (Vatican Media)

A viagem mais longa do seu Pontificado

Fé, oração, compaixão, fraternidade, harmonia e esperança são os temas presentes nos lemas e nos logotipos da Viagem Apostólica. Serão percorridos 32.814 quilômetros, atravessando quatro fusos horários diferentes, desde a partida do Aeroporto Fiumicino até o retorno a Roma na sexta-feira, 13 de setembro. Além da Indonésia, Timor-Leste, Papua-Nova Guiné e Singapura são as outras etapas desta peregrinação.

Nos 16 discursos e homilias a serem pronunciados em italiano e espanhol, o Papa abordará temas como o diálogo e a convivência harmoniosa entre as religiões, a reconciliação social, a mudança climática e seus efeitos devastadores em regiões de oceanos e vulcões, além do equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e tecnológico e o desenvolvimento humano, social e espiritual das comunidades.

Adicionalmente, será abordada a evangelização, tanto antiga quanto moderna, em regiões onde as comunidades cristãs vivem em condições semelhantes às da Igreja primitiva, o acolhimento de refugiados e o incentivo aos jovens a se engajarem nos processos políticos e sociais.

Avião que leva o Santo Padre à Indonésia após decolar de Roma (Vatican Media)

Indonésia: o primeiro destino

Em um período histórico marcado por guerras, o Papa Francisco reiterará em diversos encontros seu apelo pela paz e pelos esforços em andamento para alcançá-la. Dois momentos simbólicos em Jacarta, a capital da Indonésia, evidenciarão esse compromisso. A cidade, que no passado recente foi atingida pelo terrorismo religioso e pela tentativa de estabelecer um Islã transnacional no modelo do ISIS — rejeitado pela "Pancasila" indonésia, com seus cinco pilares de respeito às crenças, culturas, religiões e línguas, conforme estabelecido na Constituição —, acolherá o Papa em sua mensagem de paz.

O primeiro momento será a visita à mesquita Istiq’lal, o maior edifício de culto islâmico do Sudeste Asiático, projetado na década de 1950 por um arquiteto cristão e, desde 2019, conectado à Catedral da Assunção pelo chamado "túnel da fraternidade".

A Rádio Vaticano/Vatican News acompanhará passo a passo mais esta peregrinação de Francisco, transmitindo também em português os eventos com o Santo Padre.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Zenão

São Zenão (A12)
02 de setembro
País: Turquia
São Zenão, Mártir de Nicomédia

São Zenão, um cristão fervoroso de Nicomédia, na atual Turquia, foi um dos muitos mártires perseguidos durante o reinado do imperador Juliano, o Apóstata, conhecido por seu esforço em restaurar o paganismo e suprimir o cristianismo. Zenão, um homem de grande fé, era pai de dois filhos, Concórdio e Teodoro, que também foram alvos da perseguição. Sua história, marcada pelo sacrifício e pela devoção, foi preservada através de uma antiga passio latina, que mistura fatos históricos com elementos lendários.

De acordo com a tradição, Zenão e seus filhos foram capturados e torturados pelas autoridades romanas, que buscavam fazê-los renunciar à sua fé cristã. Contudo, eles permaneceram firmes em suas convicções, mesmo diante das mais terríveis provações. O testemunho de Zenão, assim como o de Concórdio e Teodoro, tornou-se um símbolo de resistência espiritual e fidelidade a Cristo, inspirando gerações de cristãos a perseverarem na fé, independentemente das adversidades.

Entre a história e a lenda, o martírio de São Zenão e seus filhos se destaca como um exemplo de amor incondicional a Deus, a ponto de escolher a morte em vez de renunciar à fé. Esse exemplo de coragem e lealdade continua a ser um farol para os cristãos de todo o mundo, que encontram em sua vida uma fonte de inspiração e força.

Reflexão:

A espiritualidade de São Zenão é marcada por uma profunda confiança na providência divina e uma entrega total à vontade de Deus. Ele nos ensina a importância da perseverança na fé, mesmo quando enfrentamos as mais duras perseguições e desafios. A vida de São Zenão nos convida a uma fé inabalável, sustentada pelo amor a Cristo e pela esperança na vida eterna. Sua história é um lembrete de que o verdadeiro cristão deve estar disposto a sacrificar tudo por amor a Deus, confiando plenamente em Sua graça e misericórdia.

Oração:

Ó glorioso São Zenão, mártir fiel e corajoso, que suportaste os mais terríveis sofrimentos por amor a Cristo, intercede por nós para que possamos ser firmes na fé e corajosos em nossas provações. Ajuda-nos a viver com a mesma entrega e confiança em Deus que tu mostraste em tua vida. Concede-nos, por tua intercessão, a graça de permanecermos sempre fiéis ao Evangelho, mesmo diante das adversidades. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 1 de setembro de 2024

A Verdadeira Religião

Palavra do Pastor - Dom Paulo Cezar (arqbrasilia)

A Verdadeira Religião

22º Domingo do Tempo Comum (B)

Papa Francisco nos explica a Palavra de Deus deste domingo. “Neste domingo retomamos a leitura do Evangelho de Marcos. No trecho de hoje (cf. Mc 7, 1-8.14-15.21-23), Jesus enfrenta um tema importante para todos nós crentes: a autenticidade da nossa obediência à Palavra de Deus, contra qualquer contaminação mundana ou formalismo legalista. A narração inicia com a objeção que os escribas e os fariseus dirigem a Jesus, acusando os seus discípulos de não seguirem os preceitos rituais segundo as tradições. Deste modo, os interlocutores pretendiam prejudicar a credibilidade e a autoridade de Jesus como Mestre, pois diziam: ‘Mas este mestre deixa que os discípulos não cumpram as prescrições da tradição’. Contudo, Jesus reage incisivamente e responde: ‘Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Vão é o culto que me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’ (vv. 6-7). Assim diz Jesus. Palavras claras e fortes! Hipócrita é, por assim dizer, um dos adjetivos mais fortes que Jesus usa no Evangelho e pronuncia-o dirigindo-se aos mestres da religião: doutores da lei, escribas… ‘Hipócrita’, diz Jesus.

Com efeito, Jesus tenciona fazer com que os escribas e os fariseus despertem do erro no qual caíram, mas qual é este erro? Desvirtuar a vontade de Deus, descuidando os seus mandamentos para cumprir as tradições humanas. A reação de Jesus é severa porque o que está em questão é importante: trata-se da verdade da relação entre o homem e Deus, da autenticidade da vida religiosa. O hipócrita é um mentiroso, não é autêntico.

Também hoje o Senhor nos convida a evitar o perigo de dar mais importância à forma do que à substância. Exorta-nos a reconhecer, sempre de novo, aquele que é o verdadeiro centro da experiência de fé, ou seja, o amor de Deus e o amor do próximo, purificando-a da hipocrisia do legalismo e do ritualismo.

A mensagem do Evangelho é hoje reforçada também pela voz do Apóstolo Tiago, o qual nos diz em síntese como deve ser a verdadeira religião, afirmando o seguinte: a verdadeira religião consiste em ‘visitar os órfãos e as viúvas nos sofrimentos e não se deixar contaminar por este mundo’ (v. 27).

‘Visitar os órfãos e as viúvas’ significa praticar a caridade para com o próximo a partir das pessoas mais necessitadas, mais débeis, mais marginalizadas. São as pessoas das quais Deus cuida de modo especial, e pede a nós para fazermos o mesmo.

Não se deixar contaminar por este mundo’ não significa isolar-se e fechar-se à realidade. Não. Também neste caso, não deve tratar-se de uma atitude exterior mas interior, de substância: significa vigiar para que o nosso modo de pensar e de agir não seja poluído pela mentalidade mundana, isto é, a vaidade, a avareza, a soberba. Na realidade, um homem ou uma mulher que vive na vaidade, na avareza, na soberba e, ao mesmo tempo, crê e se mostra como religioso e inclusive condena os outros, é um hipócrita”. […] (Papa Francisco, Angelus de 2 de setembro de 2018)

Deixemos com que essa Palavra de Deus nos interpele sobre a nossa forma de viver a fé, de viver uma verdadeira relação com Deus e com o próximo.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/a-verdadeira-religiao/

“Vivemos com naturalidade” (1)

Fiéis lotam a igreja principal da Administração Apostólica na missa dominical | Davi Corrêa / ACI Digital

“Vivemos com naturalidade”, dizem católicos nascidos e criados no rito romano antigo em Campos.

Por Natalia Zimbrão*

31 de agosto de 2024

O eletricista Rafael Ferreira, 37 anos, e a professora Ana Cristina de Souza, 43, nasceram e cresceram em Campos dos Goytacazes (RJ). Foram batizados, fizeram a primeira comunhão, receberam o crisma e se casaram em latim. Nas missas, sempre viram o padre fazer a consagração voltado para o altar, olhando na mesma direção que o povo em nome do qual celebra o sacrifício a Deus. Os paramentos do sacerdote não foram simplificados. Nunca viram missa concelebrada em sua paróquia. Não se tocam instrumentos de música popular na igreja, não há oração dos fiéis. Há silêncio e, em vários momentos da celebração, nem mesmo o que o padre em oração diz deve ser ouvido. Rafael e Ana Cristina pertencem à Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, um caso único no mundo de uma prelazia que tem o direito de manter o rito romano antigo, ou missa tradicional.

Altar da igreja principal da Administração Apostólica São João Maria Vianney. Davi Corrêa / ACI Digital

Até o Concílio Vaticano (1962-1965), que começou a experimentar mudanças como concelebração e uso das línguas vernáculas, esse era o rito latino da Igreja no mundo inteiro. Em 1970, seguindo decisões do concílio, o papa são Paulo VI promulgou o Novus Ordo, a nova forma de celebrar a missa e os sacramentos da Igreja que se tornou a norma para toda a Igreja.

O novo modo de celebrar se tornou a face mais evidente do Concílio Vaticano II. Em torno da missa tradicional em latim, ou missa tridentina, por ter sido fixada pelo concílio de Trento (1545-1563), grupos conservadores militantes se formaram e existem no mundo inteiro.

Mas não é um ambiente de militantes o que existe em Campos. Para Rafael e Ana, é algo que faz parte de suas vidas “com naturalidade”. “A gente vai passando de geração para geração”, disseram à ACI Digital. Hoje, levam junto os filhos, Agnes, 12 anos, e Tadeu, 9, também nascidos e criados nesse rito da Igreja.

O casal Rafael e Ana Cristina com os filhos Tadeu e Agnes. Davi Corrêa / ACI Digital

“As crianças crescem dentro da fé, da espiritualidade, daquilo que a gente já tem e tivemos desde criança. É a fé que vem crescendo e mantendo toda aquela tradição, os ensinamentos”, disse à ACI Digital Ana Cristina.

A Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney foi criada em 2002 pelo papa são João Paulo II como circunscrição eclesiástica de caráter pessoal no território da diocese de Campos (RJ) para a manutenção da liturgia anterior à reforma do Concílio Vaticano II, a disciplina e os costumes tradicionais.

A administração deriva da União Sacerdotal São João Maria Vianney, um grupo de padres que depois da promulgação do Missal de Paulo VI, em 1969, decidiu sob a liderança do então bispo de Campos, dom Antônio de Castro Mayer, manter o rito romano antigo, como chamam a liturgia da missa tradicional.

Missa no rito romano antigo na igreja principal da Administração Apostólica. Davi Corrêa / ACI Digital

A união foi fundada depois que dom Antônio foi sucedido por dom Carlo Alberto Navarro, em 1981. Dom Navarro proibiu os padres de celebrar a missa no rito antigo. Os sacerdotes se rebelaram e decidiram continuar com as celebrações no rito antigo, dando origem a uma situação irregular que só se resolveu mais de vinte anos depois.

A União Sacerdotal tinha proximidade com a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), uma sociedade sacerdotal tradicionalista criada pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre em 1970. Dom Lefebvre e dom Castro Mayer se aproximaram ainda durante o Concílio Vaticano II em 1962. Um grupo de bispos se organizou numa tentativa de resistir às reformas, o Coetus Internationalis Patrum, Lefebvre era um dos líderes e dom Castro Mayer participava.

Dom Lefebvre, assim como dom Castro Mayer, nunca aceitou as mudanças na liturgia implementadas depois do Vaticano II. Como ele não era mais bispo de nenhuma diocese, montou a FSSPX, com sede na Suíça, mas espalhada por muitos países. Dom Castro Mayer ficou em Campos.

Em 1988, dom Lefebvre participava de negociações com a Santa Sé para regularizar a situação de sua fraternidade e a sua própria. Com medo de que a situação não se resolvesse antes de sua morte, ordenou quatro bispos, contra a proibição expressa da Santa Sé. Dom Antônio de Castro Mayer participou da cerimônia. Todos os envolvidos teriam sido excomungados latae sententiae, isto é, pelo próprio fato, sem um julgamento formal, mas a situação nunca ficou suficientemente clara.

Depois da morte de dom Antônio Mayer, em 1991, um dos bispos da FSSPX sagrou bispo para a União Sacerdotal São João Maria Vianney dom Licínio Rangel, sem mandato pontifício.

A situação irregular dos padres da União Sacerdotal se manteve até que buscaram a regularização com a Santa Sé, o que aconteceu em 2002, com a criação da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. A situação de dom Licínio também foi regularizada com a Igreja e ele foi o primeiro bispo da Administração. Foi sucedido pelo atual bispo, dom Fernando Arêas Rifan.

Muitas pessoas que atualmente vivem em Campos e outras cidades do norte e noroeste do Estado do Rio de Janeiro mantiveram-se junto aos padres da União Sacerdotal São João Maria Vianney e hoje fazem parte da Administração Apostólica.

“É o que a gente viveu, meus pais, desde quando nasci, sempre na missa tradicional”, disse à ACI Digital Rita de Cássia Gualandi, 68 anos, que mora na zona rural de Bom Jesus do Itabapoana (RJ). “Quando houve a mudança, nós preferimos continuar”.

Rita Gualandi (à direita) e a filha Ana Paula. Davi Corrêa / ACI Digital

“Meus pais transmitiram para mim e eu para os meus filhos”. Ela é viúva e mãe de três filhos. Um deles, José Carlos Gualandi, é padre da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Dos oito irmãos de Rita de Cássia, três são sacerdotes.

Rita contou que, “quando era mais nova” e os filhos pequenos, “a gente nem sabia que tinha outra” missa. “Era difícil os padres virem aqui, porque é de difícil acesso, muito longe. Era só quando eles vinham e tinha a missa tradicional”, recordou.

Luzia Aparecida Salvatte Zanon, 74 anos, mora em Campos e é natural de Bom Jesus do Itabapoana. Desde pequena participa da missa no rito romano antigo, no qual recebeu todos os sacramentos. “A gente sempre achou que isso era o correto, não desprezando as outras. Sempre achamos que o correto era seguir onde sempre fomos criados”, disse. Segundo ela, não tinham “essa dúvida” de que poderiam estar fazendo algo contra a Igreja. “A gente lutava pelo que acontece hoje”, depois da regularização com a criação da Administração Apostólica, disse Luzia, que é viúva e mãe de cinco filhos, um deles, Silvano Salvatte Zanon, padre da Administração. 

A regularização “foi um momento ímpar para nós”, diz. “Porque nós ficamos... não sei nem explicar como foi nossa alegria”.

*Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/59011/vivemos-com-naturalidade-dizem-catolicos-nascidos-e-criados-no-rito-romano-antigo

A oração de Francisco pelas vítimas de desabamento no Santuário em Recife

Vista aérea do santuário do Morro da Conceição, em Recife, Brasil, 30 de agosto de 2024. Pelo menos duas pessoas morreram e 17 ficaram feridas quando o teto de uma igreja desabou na cidade de Recife. EPA/Carlos Ezequiel Vanonni  (ANSA)

O incidente ocorrido no início da tarde de sexta-feira causou a morte de duas pessoas e ferimentos em mais de 20.

Vatican News

Após rezar pelas vítimas de ataque terrorista em Burkina Faso, o Papa dirigiu seu pensamento aos mortos e feridos em desabamento em Santuário de Recife:

Rezo também pelas vítimas do incidente ocorrido no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Recife, no Brasil. Que o Senhor Ressuscitado conforte os feridos e as suas famílias.

O desabamento do teto do Santuário do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, ocorreu por volta das 13h30 de sexta-feira, 30, durante a distribuição de cestas básicas, provocando a morte de duas pessoas e deixando ao menos outras 20 feridas. Entre as pessoas feridas está uma gestante com 21 semanas de gravidez e uma criança de 4 anos. Havia entre 60 e 70 pessoas no local quando o acidente aconteceu.

Em um comunicado assinado por dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, a Arquidiocese de Olinda e Recife havia expresso "profunda tristeza pelo trágico acidente", que "enche nossos corações de luto e solidariedade". "Em oração, nos unimos às famílias enlutadas e a todos os que foram afetados por esta tragédia. Que o senhor acolha as almas dos falecidos e conforte os corações dos que sofrem".

*Com informações do site G1

Photogallery

As imagens do Santuário em Recife após desabamento na sexta-feira:

Vista dos danos no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição após o desabamento do teto em Recife, estado de Pernambuco, Brasil, em 30 de agosto de 2024. Duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas quando o teto de uma igreja católica no nordeste do Brasil caiu na sexta-feira, disseram autoridades. (Foto de BRENDA ALCANTARA / AFP)
Um socorrista tira uma foto do desabamento no santuário do Morro da Conceição em Recife, Brasil, 30 de agosto de 2024. EPA/Carlos Ezequiel Vanonni
Bancos são vistos sob um teto desabado no santuário do Morro da Conceição em Recife, Brasil, 30 de agosto de 2024. EPA/Carlos Ezequiel VanonniVista dos danos no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição após o desabamento do teto em Recife, estado de Pernambuco, Brasil, em 30 de agosto de 2024. Vista dos danos no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição após o desabamento do teto em Recife, estado de Pernambuco, Brasil, em 30 de agosto de 2024.Vista dos danos no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição após o desabamento do teto em Recife, estado de Pernambuco, Brasil, em 30 de agosto de 2024.. (Foto de BRENDA ALCANTARA / AFP)Vista dos danos no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição após o desabamento do teto em Recife, estado de Pernambuco, Brasil, em 30 de agosto de 2024.. (Foto de BRENDA ALCANTARA / AFP) 
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Luz refletida (2)

A mulher vestida de sol, detalhe do afresco representando o capítulo XII do Apocalipse, na parede posterior da Basílica de San Pietro al Monte, Civate (Lecco) [© TPFotoGrafica de Emanuele Tonoli] | 30Giorni

Luz refletida

Arquivo 30Giorni 09/2009

A Igreja é comparada à lua porque ela não brilha com a sua própria luz, mas com a de Cristo. Fulget Ecclesia non suo sed Christi lumine , escreve Santo Ambrósio.

por Lorenzo Cappelletti

A lua nascente

À medida que é amada por Cristo, a Igreja gera. Só é fecunda porque está unida a Ele. A lua soube constituir também uma imagem fascinante desta verdade dogmática. Na verdade, pela simples observação das marés e dos ciclos naturais, a ligação da lua com tudo o que é húmido (isto é, ligado à água) e quente, e portanto com a fecundidade da criação, estava bem presente no imaginário grego. e romano. Do filosófico-científico ao poético. De Aristóteles a Plutarco, de Apuleio a Macróbio, a Lua é «mediadora materna entre a luz intensa e deslumbrante do Sol e a terra escura; ela é a dispensadora do orvalho noturno, senhora e mãe de tudo que nasce e cresce” ( Simboli , p. 232).

Neste caso, porém, os Padres não tinham referências disponíveis nas Escrituras, como para a lua moribunda, e além disso tiveram que afastar a ideia idólatra amplamente difundida entre os pagãos da natureza divina da lua (o que fizeram mostrando, em o comentário ao Livro do Gênesis, de que o sol e a lua foram criados a partir dos animais e das plantas: sinal de que o nascimento e o crescimento destes dependem antes de tudo da bondade do Criador e não da influência lunar). Mas, tanto para a investigação científica como para a observação comum, era tão evidente que tudo o que tem alguma relação com a água, e portanto com a fertilidade, depende da lua (ver Símbolos , p. 253) que até esse simbolismo conseguiu tomar forma para delinear a força vital que a Igreja dispensa no batismo. Especialmente em alguns Padres gregos, como Metódio de Filipos ou Anastácio Sinaita, para quem o próprio nome Selene deriva de “selas nepion” que em grego significa “luz dos filhos”; mas também em Ambrósio e Massimo de Turim, de quem o simbolismo da lua parideira chega à Idade Média e a Dante.

Mas a lua é dispensadora materna de água fecunda porque "ela, por sua vez, é dominada pela luz penetrante e radiante de Hélios" ( Simboli , p. 258). Assim como o poder fertilizante da água lunar reside no facto de ser morna ou na sua relação com o sol, mesmo no baptismo a água só é generativa porque é incendiada por Cristo. «O cristão nasce da “água ígnea” (Férmica Materna) do batismo, que o Sol, Cristo, tornou fecunda e Selene, a Igreja, difundiu» ( Mitos , p. 194).

E é precisamente por causa do renascimento batismal que a Páscoa é celebrada não em data fixa, mas na lua nova da primavera. Agostinho explica isso na Epístola 55em resposta a uma pergunta específica que lhe foi colocada: «Precisamente em vista do início de uma vida nova, precisamente em vista do homem novo do qual somos ordenados a vestir-nos, despojando-nos do antigo, purificando-nos do fermento velho para ser massa nova, já que Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado, justamente em vista desta novidade de vida foi atribuído a esta celebração o primeiro mês do ano, que por isso é chamado de mês das novas colheitas [ mensis novorum ]" (3, 5). E Rahner comenta: «O mistério pascal da morte e da ressurreição realiza-se sobretudo pelo facto de não ser uma simples comemoração histórica daquela ação salvífica de Jesus que teve lugar num determinado mês de Nisan , mas é algo sobrenaturalmente presente, pois em que a luz do novo sol é compartilhada numa iniciação sacramental" Mitos , p. 143). A Páscoa não é um convite fútil à recordação do passado, mas a passagem da morte para a vida no sacramento.

A Imaculada Conceição , Jusepe de Ribera, Columbia Museum of Art, Columbia (Carolina do Sul, EUA) | 30Giorni

A lua radiante

Mas a regeneração batismal é apenas o começo: a meta do mistério da Igreja é a ressurreição da carne. Por outras palavras, o mistério da Igreja visível e terrena é de ordem escatológica. A sua realidade terrena só pode ser verdadeiramente percebida através de um olhar para o seu objetivo final. «O último permanere cum sole para Agostinho é a essência da esperança cristã» ( Simboli , p. 269).

Bem, também para esta verdade os Padres recorreram às imagens oferecidas pela lua. Em primeiro lugar, eles neutralizam as superstições e crenças grosseiras que foram tecidas em torno da Lua, mas ao mesmo tempo aproveitam-se delas para comunicar a esperança de realização.

Na verdade, na cosmologia antiga, Selene era a estrela que marcava a fronteira entre as regiões da terra e as do céu. Tudo acima dela era considerado sagrado e imutável, mas tudo abaixo dela parecia dominado pelo destino, marcado pela corrupção e pela mutabilidade, tanto que os pagãos temiam que nos eclipses a própria Lua pudesse ser envolvida numa escuridão definitiva. E as pessoas dependiam de amuletos e mágicos para encontrar alguma segurança, para se libertarem dos demônios e do destino.

O anúncio cristão é que no batismo já se começa a viver como se estivesse “na lua” e não apenas com a alma. A providência de Cristo toma o lugar do destino sublunar. «A Vidente de Patmos já tinha ensinado a considerar a Igreja como a grande mulher que está na lua, acima de toda mutabilidade, acima da corruptibilidade terrena, acima da lei do destino, acima do reino do espírito deste mundo» ( Símbolos , p. 278). E isto precisamente porque aquela mulher, que é ao mesmo tempo Maria e Igreja, «está revestida do sol, do Sol da justiça que é Cristo», escreve Agostinho no Comentário ao Salmo 142, 3 (ver Mitos , p. 184). . «A Igreja está isenta de qualquer poder demoníaco, pois participa do mistério da imutabilidade de Cristo. “Os encantadores não têm efeito onde o canto de Cristo é cantado todos os dias” (Ambrósio, Exameron 4, 8, 33). De facto, como diz o próprio Ambrósio com uma expressão bastante ousada, a Igreja, a Selene espiritual, "tem o seu Senhor Jesus como seu encantador"" ( Simboli , p. 281). A Igreja existe e resiste apenas por causa da “atração de Jesus”, poder-se-ia dizer com palavras ambrosianas mais recentemente cunhadas.

Mas em segundo lugar – e assim voltamos às palavras do Arcebispo Montini com as quais abrimos o artigo – «a extinção e a renovação da Lua é “mesmo para os homens simples uma figura clara da Igreja, na qual acreditam na ressurreição dos mortos ." A mudança contínua da lua representa muito bem a natureza mortal do nosso corpo” ( Simboli , p. 284). A realização não pertence à terra, também nós, juntamente com toda a criação, aguardamos a redenção definitiva do nosso corpo. «A Igreja pôde assim dirigir o olhar dos seus fiéis para o reino abençoado do mundo além onde só brilha o fogo etéreo de Cristo» ( Simboli , p. 285).

Como podemos ver, muitas sugestões vêm do mysterium lunae , para compreender qual é a natureza própria da Igreja e, portanto, a ação que lhe é apropriada. A Igreja não pode pretender ser a meta última do olhar dos homens. Na verdade, a luz que a Igreja derrama não é dela e a água que a Igreja continua a dispensar vem do alto. A imagem do sol nunca pode ser atribuída à Igreja e à sua autoridade, embora em alguns momentos da sua história tenha havido este perigoso deslizamento (ver o recente volume de 2005 de Glauco Maria Cantarella, Il sole e la luna. A revolução do Papa Gregório VII ).

No Angelus do dia 4 de outubro passado, Bento XVI, referindo-se à segunda Assembleia Sinodal para a África que acabava de abrir, disse com a sua habitual simplicidade inequívoca: «Esta não é uma conferência de estudo, nem uma assembleia programática. Ouvimos relatos e intervenções em sala de aula, discutimos coisas em grupos, mas todos sabemos bem que os protagonistas não somos nós: é o Senhor, o seu Espírito Santo, que guia a Igreja”.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Reflexão para o XXII Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Vamos praticar a opção pelo bem, feita no Batismo, para que as pessoas que nos cercam, sejam felizes e o mundo, inundado de Amor.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A primeira leitura, tirada do Deuteronômio, nos diz que a maneira de divulgar a fé em Deus, em uma terra pagã, é viver fielmente seus mandamentos. As pessoas que não conhecem Deus, mas observam nossas atitudes e os atos daqueles se dizem crentes, irão acreditar ou não, dependendo da justiça e da bondade de nossas ações. Deus, com sua bondade e sapiência, está presente em nosso agir, através do modo como encaramos a vida.

Vejamos nisso, nossa responsabilidade perante nossos colegas de trabalho, conhecidos de clube, vizinhos do condomínio onde vivemos. Se eles não possuem fé, não conhecem Deus e, pelo contrário, apregoamos que somos cristãos, nossa responsabilidade é imensa e nossa vida deverá ser um eterno apostolado, não por palavras, mas por postura de vida.

No Evangelho, Jesus é questionado sobre a pureza dos atos, isto é, quando um ato é puro ou impuro. O Senhor diz que a pureza dos atos vem de dentro do homem e não de fora como pregavam os judeus.

Para Ele, a pureza ou impureza é fruto de uma opção de vida. Se faço uma opção, se meu coração opta por fazer o bem, estou puro. Isso foi o que o Senhor quis dizer ao falar que "é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho e falta de juízo". E Ele conclui "Todas essas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem."

Mesmo se, veladamente, vivencio esses maus desejos, corro perigo, pois estou a um passo da concretização. É, realmente, uma questão de opção.

E, ao contrário, se minha vida fosse uma opção pelo bem, pelo desprendimento, pelo perdão e pela generosidade, como seria pura e límpida a minha luz! Como ela brilharia e seria claridade para tantas pessoas; como eu seria reflexo da Luz!

Queridos irmãos, sejamos filhos da Luz, filhos da Verdade, filhos do Amor!

As pessoas que estão ao nosso lado, e no nosso mundo são carentes desses valores. Nós os conhecemos porque conhecemos Deus. Ele se revelou a nós em Jesus Cristo. Vamos praticar a opção pelo bem, feita no Batismo, para que as pessoas que nos cercam, sejam felizes e o mundo, inundado de Amor. 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Josué

São Josué (A12)
01 de setembro
País: Egito
São Josué

Nascido na tribo de Efraim, no Egito, ele recebeu o nome se Oséias, porém mais tarde esse nome foi alterado para Josué, pela imposição das mãos de Moisés.

Essa mudança no nome tinha relação com a missão que Moisés lhe confiaria. Ele foi um dos doze homens escolhidos por Moisés para espionar e explorar Canaã, a terra que Deus havia prometido a Abraão e seus descendentes.

Josué desenvolveu um papel importante na história da salvação do podo de Deus, ele foi escolhido por Moisés para ser seu sucesso. Após a morte de Moises, Josué assumiu a liderança do povo, liderança esta espiritual e administrativa,

Josué era o homem de oração, e com a orientação de Deus ele guiava o povo e também administrava todo o exército, era respeitado como se fosse juiz que julgava os conflitos entre o povo e ainda, orientava os sodados nas batalhas.

Destacou-se superando desafios como a travessia do Rio Jordão e as conquistas das cidades de Jericó e Ai.

A tradição da Igreja reconhece São Josué como uma figura histórica, seus feitos estão descritos na Bíblia, no Antigo Testamento, no Livro de Josué.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A espiritualidade de São Josué era profundamente enraizada na obediência e na busca pela vontade divina. Ele mostrou-se sensível à direção de Deus, como evidenciado na famosa história da queda das muralhas de Jericó, onde ele seguiu meticulosamente as instruções divinas e testemunhou um milagre. O legado de São Josué reside na sua liderança íntegra, na sua capacidade de unir as tribos de Israel e no testemunho de confiança absoluta em Deus, inspirando gerações posteriores a enfrentarem desafios com fé e determinação..

Oração:

Ó Deus, que guiaste teu povo através do deserto sob a liderança corajosa de São Josué, conceda-nos a mesma fé intrépida e a determinação para seguir tua vontade. Inspirados por sua devoção e sua coragem diante das adversidades, pedimos que nos ilumines em nossas próprias jornadas. Assim como São Josué conduziu as tribos de Israel à Terra Prometida, guia-nos pelos caminhos da retidão e da fidelidade, para que possamos alcançar as bênçãos que reservaste para nós. Que sua intercessão fortaleça nossa confiança em tua providência e nos ajude a superar todas as muralhas que se erguem diante de nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, teu Filho, que contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo, um só Deus, agora e para sempre. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF