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terça-feira, 3 de setembro de 2024

Papa Francisco já está na Indonésia

Chegada do Papa a Jacarta (Vatican Media)

Devido ao longo voo, não estão previstos compromissos oficiais na terça-feira.

Vatican News

O Papa já se encontra em Jacarta, depois de 13 horas de voo. Às 11h19 locais, o voo da Ita Airways aterrissou no Aeroporto Internacional Soekarno-Hatta da capital indonésia, a primeira etapa da viagem à Ásia e Oceania.

Ao deixar a aeronave, o Pontífice foi acolhido pelo Ministro dos Assuntos Religiosos e por duas crianças em trajes tradicionais, segurando flores. Após a saudação das delegações e da Guarda de Honra, o Papa se dirigiu à Nunciatura Apostólica, onde se encontrou com um grupo de doentes, migrantes e refugiados acompanhados pela Comunidade de Santo Egídio e pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados.

Devido à distância, não estão previstos compromissos oficiais na terça-feira.

Papa saúda criança na Nunciatura (Vatican Media)

Voo papal

Durante o voo, Francisco saudou pessoalmente os cerca de 80 jornalistas a bordo. “Agradeço a vocês por ter vindo a esta viagem. Obrigado por sua companhia, acho que esta é a viagem mais longa que já fiz”, disse o Pontífice. O Papa recebeu alguns presentes, sendo um deles uma tocha usada pelos migrantes para serem interceptados durante a travessia do Mediterrâneo. O objeto foi entregue por Clément Melki, correspondente da agência francesa AFP, enviado por 15 dias para acompanhar o trabalho da ONG "SOS Méditerranée" a bordo do navio "Mar Jonio". "Isso está no meu coração", respondeu Francisco.

Da jornalista da emissora espanhola Radio Cope, Eva Fernández, o Santo Padre recebeu uma mensagem da família do jovem Mateo, um menino de 11 anos de um vilarejo próximo a Toledo, Mocejon. Mateo foi morto em 18 de agosto passado durante um jogo de futebol com seus amigos. Inicialmente, migrantes foram acusados pelo crime, que depois se descobriu ter sido praticado por um colega com problemas mentais. Eva Fernández deu ao Papa o uniforme do time, uma camiseta vermelha com o número 11, abençoada pelo Pontífice.

Papa conversa com a jornalista Eva Fernández (Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Três dicas para cada casamento: de São Gregório Magno

koradras | Shutterstock | Dosseman | Wikimedia Commons | CC BY-SA 4.0 | Colagem de Aleteia

Michael Rennier - publicado em 02/09/24

São Gregório mostra como qualquer casamento pode ser mais feliz e tornar-se uma fonte de conforto e encorajamento à medida que avançamos para a próxima vida.

Gregório, o Grande, tornou-se Santo Padre em 590 e permaneceu Papa até o ano de sua morte em 604. Ele veio de uma nobre família romana e foi escolhido para liderar a Igreja numa época em que a antiga ordem romana estava desmoronando; o governo era menos eficaz e a Igreja estava a tornar-se a cola social que mantinha unida a cidade de Roma.

Gregory escreveu um livro chamado  The Pastoral Rule ,  no qual ensina ao clero como melhor aconselhar aqueles que os procuram com problemas. Este mesmo documento irá ajudá-lo em seu casamento.

Abaixo, São Gregório oferece alguns conselhos básicos para pessoas casadas que continuam a ser muito relevantes para pessoas casadas.

1 Nunca se esqueça que Deus faz parte do seu casamento

Branislav Nenin | Obturador

Gregório escreveu: “Aqueles que são casados ​​devem ser avisados ​​de que, embora se preocupem com o bem do outro, ambos devem procurar agradar aos seus cônjuges de forma a não desagradar ao seu Criador.

O casamento é, acima de tudo, uma relação em que um homem e uma mulher se tornam uma só carne para se ajudarem mutuamente a alcançar o Céu. O caminho particular para a santidade das pessoas casadas é a forma como expandem o seu amor ao longo dos anos.

Isto é conseguido através do aprofundamento da sua fidelidade e consideração mútua e, se Deus quiser, através do nascimento de filhos com os quais possam partilhar cada vez mais o seu amor. Mas Gregório adverte que devemos ter cuidado para que o relacionamento inclua Deus e não nos desviemos dos maus hábitos do outro.

2 Não fique muito preso aos detalhes práticos

O ideal seria que o casal “esperasse as coisas que vêm de Deus como fruto do fim do caminho”. Pelo contrário, o casal evitará dedicar-se “inteiramente ao que está fazendo agora”.

Em outras palavras, o casamento destina-se tanto ao nosso prazer e felicidade agora quanto à nossa felicidade eterna. Não sabemos como os casais se comportavam na época de Gregório, mas sabemos que na nossa época é fácil ficar completamente absorvido pelas preocupações e atividades cotidianas.

Há contas para pagar, filhos para criar, treinos esportivos para agendar, pratos para lavar e casas para manter arrumadas. Dias inteiros podem ser gastos concentrando-se apenas em questões práticas; Portanto, dedique um tempo para você, para conversar ou fazer atividades que lhe deem tranquilidade.

3 Melhore-se antes de exigir melhorias de seu cônjuge

“Eles deveriam ser aconselhados a não se preocuparem tanto com o que devem suportar de seu cônjuge, mas sim a considerar o que seu cônjuge deve suportar por causa deles”.

Este último conselho, se o colocarmos em prática, tornaria os nossos casamentos muito mais felizes. É muito fácil culpar a outra pessoa quando um relacionamento passa por um momento difícil. E é simples apontar o que há de errado com o cônjuge e explicar como isso pode ser corrigido. Mas é muito mais difícil ver o que há de errado conosco e mudar.

Em parte, isso ocorre porque temos um incômodo sentimento de injustiça: não é justo que eu me esforce para manter a cozinha limpa quando ela não o faz; Não é justo eu fazer exercícios e ficar em forma quando ele é viciado em televisão; Não é justo que eu tenha que ser responsável e economizar para a nossa aposentadoria quando ela é uma esbanjadora...

Com estas três dicas simples, Gregório, o Grande, mostra como qualquer casamento pode ser mais feliz e, mais importante ainda, tornar-se uma fonte de conforto e encorajamento à medida que avançamos para a próxima vida.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/09/02/tres-consejos-para-todo-matrimonio-por-san-gregorio-magno

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

“Vivemos com naturalidade” (2)

Fiéis lotam a igreja principal da Administração Apostólica na missa dominical | Davi Corrêa / ACI Digital

“Vivemos com naturalidade”, dizem católicos nascidos e criados no rito romano antigo em Campos.

Por Natalia Zimbrão*

31 de agosto de 2024

“É tudo muito natural”

Para os fiéis da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, viver o rito romano antigo “é tudo muito natural”, disse o empresário Brunno Guimarães, 33 anos, de Campos dos Goytacazes. “Muitas pessoas olham de fora e falam: a Igreja tradicional e a Igreja progressista. Só que para a gente, isso é muito normal. Assistir uma missa em latim é normal. É como se a diocese tivesse uma continuidade”, disse.

Brunno participa da Administração Apostólica desde 2006. Ele é casado com a farmacêutica e professora universitária Amélia Rodrigues, 39 anos, com quem tem quatro filhos entre um e sete anos. Segundo ele, “até a convivência com as pessoas de fora e daqui da Administração Apostólica” é natural. “A gente não vê tanto essa separação”, disse.

O casal Brunno e Amélia com seus quatro filhos. Davi Corrêa / ACI Digital

“Às vezes, vamos a outros lugares e encontramos grupos ligados a conservadores e sentimos certa diferença”, disse. É comum perguntarem por que não cantam sempre em gregoriano, por que rezam o Pai-nosso em português. “Nós temos uma identidade própria que foi criada com o passar dos anos por essa diocese que nunca deixou de existir”, disse Brunno. “É uma tradição nossa”, porque “foi tudo construído no nosso meio”.

Mesmo quem veio de fora reconhece essa identidade. O padre Leonardo Wagner pertence ao clero da arquidiocese de Fortaleza (CE), mas está desde 2017 na Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Antes de se mudar para o Rio de Janeiro, acompanhou pessoas no Ceará que queriam participar da missa no rito romano antigo. Já na Administração Apostólica, além de atuar nas paróquias, também passou um tempo no apostolado externo em Belo Horizonte (MG). O apostolado externo é o envio de padres da administração para rezar a missa tradicional em outras dioceses, sempre a pedido do bispo local. Há hoje padres da administração 14 cidades do país, como Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG).

“Quando eu vim para cá, já tinha 15 anos de padre, hoje tenho 22. A tradição que eu conheci foi esta daqui”, disse.

Para quem quer conhecer a missa tradicional, o padre às vezes diz: “Vocês precisam conhecer a Administração Apostólica, pelo menos ir no fim de semana, assistir a missa, ver como são as pessoas que nasceram aqui”.

Momento da comunhão na igreja principal da Administração Apostólica. Davi Corrêa / ACI Digital

A dona de casa Doroteia Silva Robert, 52 anos, de Santo Antônio de Pádua (RJ), também nasceu e cresceu no rito romano antigo. É casada há 35 anos com o representante comercial Antônio Flávio Bon Robert, 61, com quem têm três filhos já adultos. “Como você nasce e aprende a língua materna, a gente aprendeu a tradição”, disse. “Eu nasci na missa sendo rezada em latim, nesse rito. Participo da missa e sei tudo o que acontece, a gente aprende tudo”.

Para Paula Gualandi, 45 anos, filha de Rita de Cássia Gualandi, “é fácil de lidar”. “Eu nunca tive problema [com o latim]. Eu até já lidei com pessoas assim que ficavam questionando e eu achava estranho”, disse. “Procuro entender um pouco, traduzir alguma coisa. Mas, mesmo sem entender, para mim, não é uma questão. Prefiro aquilo pela fé mesmo, mesmo que eu não entenda”, acrescentou.

O padre João Motta Neto, pároco de Nossa Senhora de Lourdes, paróquia da zona rural de Bom Jesus do Itabapoana, contou que “esse povo da zona rural sempre escolheu o rito tradicional”. “Aqui, por exemplo, não tem nenhuma capela da diocese de Campos, porque sempre o povo quis essa missa na forma tridentina”, disse.

A paróquia, criada em 2023, “atende mais 14 comunidades, três situadas em distrito, mas as outras em zona rural, estrada de terra”, onde predominam o cultivo de café e a criação de gado.

Paróquia Pessoal de Nossa Senhora de Lourdes, na zona rural de Bom Jesus do Itabapoana. Davi Corrêa / ACI Digital

“O rito deixa claro a grandeza de Deus, deixa claro a sacralidade do nosso contato com Deus nosso Senhor, e de modo bem acessível. Por exemplo, a missa é em latim, mas nós não falamos em latim com o povo, as homilias, as leituras, algumas outras passagens da missa são em língua vernácula”, disse.

O padre João Neto disse que as pessoas da região “têm toda essa vivência desde seus pais, avós, bisavós, são pessoas simples, mas com muita fé, muita piedade”. Segundo ele, o rito romano antigo “traz essa conjunção da simplicidade do povo juntamente com a fé, que também é simples, porque Deus é simples”.

Para o sacerdote, “um ponto muito importante que é o cerne da questão é a forma do contato com Deus”. O padre João Neto disse que as pessoas falam que, “pelo silêncio, pelo rito em si favorece essa participação que é a participação principal da missa, a união da alma com Cristo crucificado, que é a renovação do sacrifício da Cruz, que é a santa missa”.

A nova geração

O padre Silvano Salvatte Zanon, 44 anos, filho de Luzia Aparecida Salvatte Zanon, é o pároco do Senhor Bom Jesus Crucificado e do Imaculado Coração de Maria, na região urbana de Bom Jesus do Itabapoana. Também cresceu e recebeu todos os sacramentos no rito romano antigo. Segundo ele, hoje se vê um grande número de pessoas em sua paróquia. “Não só meus contemporâneos e até pessoas anteriores a mim. Mas, agora, a Administração já [está] com 22 anos. Então, muitos dos nossos adolescentes, jovens que frequentam aqui já foram nascidos depois da criação da Administração Apostólica e também nascidos e criados vivendo tudo isso”, disse.

Crianças durante a missa dominical na Administração Apostólica. Davi Corrêa / ACI Digital

O sacerdote contou que busca trabalhar com os jovens para que eles possam “ter um grande amor a tudo isso, entender o valor e a grandeza de tudo isso e o quanto isso nos leva ao sobrenatural”. “E algo que buscamos incutir muito é um grande amor à Igreja, uma grande reverência ao Santo Padre o papa, um grande respeito com as autoridades da Igreja”, acrescentou.

A professora de educação infantil Andressa Xavier, 21 anos, participa desde pequena na igreja de Nossa Senhora de Lourdes, na zona rural de Bom Jesus do Itabapoana. “Eu sempre acompanhei meus pais e a vida toda foi assim, não tive outra formação, não conheci coisas diferentes”, disse.

A professora Andressa (à direita) com sua mãe Lucileia, na igreja de Nossa Senhora de Lourdes, onde recebeu os sacramentos e frequenta até hoje. Davi Corrêa / ACI Digital

A mãe de Andressa, a secretária paroquial Lucileia Mendes, 54 anos, que também cresceu no rito romano antigo, contou à ACI Digital que sempre educou os quatro filhos nesse rito da Igreja. “Os filhos seguem muito os pais, o que o pai e a mãe fazem. Então, tem muita coisa do rito novo que eles nem sabem muito bem por que não passamos. Passamos o rito antigo mesmo”, disse.

Para Andressa, viver neste ambiente “é algo normal”. “Nunca passou pela minha cabeça [deixar de participar da missa no rito antigo]”, disse. E o que a motiva a permanecer “é a missa, o silêncio dentro da igreja, a paz que transmite, [o fato de] a gente ter formação com o padre aqui, de a gente precisar de alguma coisa e ele estar presente”, disse.

Na paróquia, contou, além da missa e dos sacramentos, participa do grupo de jovens. “É maravilhoso, não tem explicação. A gente se reúne, senta, conversa, um vai trocando ideia com outro, dando conselho, rezamos o terço, assistimos a missa. Depois, fazemos gincana, brincadeiras. É muito legal”, disse.

O médico Víctor Barcelos, 25 anos, de Campos, cresceu frequentando a paróquia do Imaculado Coração de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, a igreja principal da Administração Apostólica, e estudou no Colégio Três Pastorinhos, também da Administração. Além da vivência da fé, na igreja ele viu despertar outro interesse, pela arte. Hoje, é o organista oficial da paróquia.

O organista da igreja principal da Administração Apostólica, Víctor Barcelos. Davi Corrêa / ACI Digital

“Aqui eu vejo muita cultura. Dom Fernando, nosso bispo, sempre falou que a Igreja é uma patrocinadora da arte. Aqui, junto com a capela musical que temos, os corais e tudo o que tem a oferecer, sempre trouxe para mim um contato com a cultura que lá fora eu não encontro. Todo tipo de cultura, arte sacra, música sacra, tudo que tem de mais belo que a gente apresenta a Deus”, disse. “Aqui na Administração Apostólica, pela sacralidade que a missa tridentina traz, pela sacralidade da arte que a gente produz, tudo isso faz a gente enxergar o céu na terra. É um modo de viver a fé que muito enriquece espiritualmente”.

*Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/59011/vivemos-com-naturalidade-dizem-catolicos-nascidos-e-criados-no-rito-romano-antigo

Perder o essencial é hipocrisia

Hipocrisia (Crédito: iStock)

Perder o essencial é hipocrisia

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas (RS)

JESUS e o seu ABBÁ – no Evangelho dominical (01/09/24)

Eu me encontrava, Abbá, em Genesaré e o seus habitantes me reconheceram. De toda região vinham pessoas e levavam em macas os que estavam doentes. Suplicavam que pudessem ao menos tocar a borla da minha veste. Com alegria interior, eu constatava que todos que a tocavam ficavam curados.

Aconteceu então, Abbá, que um grupo de fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém, reuniram-se em torno a mim. Eles viram que alguns de meus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. De fato, os fariseus e os judeus em geral, apegados à tradição, só comem depois de lavar bem as mãos; ao voltar da praça, não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição, como, a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.

Isso, levou, ó Abbá, os fariseus e os mestres da Lei me perguntarem: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” Inspirado pelo Espírito Santo, que me assiste na minha missão, percebi, ó Abbá, que era hora de chamar atenção ao demasiado legalismo e ritualismo dos fariseus e mestres da Lei.

Lembrei-lhes as palavras do grande profeta Isaías e apliquei-as a eles, chamando-os de hipócritas. As palavras de Isaías são: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”.

Honrar-nos com os lábios, Abbá, mas o coração longe de nós, é hipocrisia; prestar-nos culto, mas ensinando doutrinas que são meros preceitos humanos, é hipocrisia; abandonar o nosso mandamento para seguir a mera tradição dos homens, é hipocrisia. Como o ser humano, criado com tanta semelhança conosco, perde-se no essencial e encontra-se no acidental! Como o ser humano, criado com tanta semelhança conosco, desvia-se da liberdade do espírito e fixa-se na escravidão da lei! É preciso sempre chamar a atenção!

Feita a advertência aos fariseus e mestres da lei, chamei a multidão mais perto de mim. Queria, Abbá, que todos escutassem e compreendessem bem a mensagem que lhes tinha a dar. Afirmei com toda a força: “Escutai todos e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo”.

Ter tomado o exemplo da pureza e impureza, penso, ó Abbá, que todos entenderam bem do que se tratava. Realmente o que torna impuro o homem e a mulher é o que “sai do interior”. Os exemplos que lembrei a eles, elenquei muitos para não deixar dúvida nenhuma: “Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o ser humano”.

Abbá, peço-te pela humanidade para que não se perca no essencial; para que sinta sua hipocrisia nessa perda do essencial; para que ouça a nossa voz e não ouça tanto “as vozes das serpentes”: essas são especialistas de fazer comer “das árvores proibidas. Amém!”

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Transmitir a fé (I) (1)

Foto: Mhonpoo (cc). | Opus Dei

Transmitir a fé (I)

É na própria família que se forja o caráter, a personalidade, os costumes... e também se aprende a conviver com Deus. Uma tarefa que cada dia é mais necessária, como se assinala neste artigo.

03/01/2012

Cada filho é uma prova da confiança de Deus nos pais, que lhes confia o cuidado e a orientação de uma criatura chamada à felicidade eterna. A fé é o melhor legado que se lhe pode transmitir; mais ainda, é a única coisa verdadeiramente importante, pois é o que dá sentido último à existência. Deus, além disso, nunca confia uma missão sem dar os meios imprescindíveis para levá-la a termo; e assim, nenhuma comunidade humana está tão bem dotada como a família para facilitar que a fé enraíze nos corações.

O TESTEMUNHO PESSOAL

A educação da fé não é um mero ensinamento, mas a transmissão de uma mensagem de vida. Ainda que a palavra de Deus seja eficaz em si mesma, para difundi-la o Senhor quis servir-se do testemunho e da mediação dos homens; o Evangelho é convincente quando se vê encarnado.

Isto é válido de maneira especial quando nos referimos às crianças, que distinguem com dificuldade entre o que se diz e quem o diz; e adquire ainda mais força quando pensamos nos próprios filhos, pois não diferenciam claramente entre a mãe ou pai que reza e a própria oração; mais ainda, a oração tem valor especial, é amável e significativa, porque quem reza é a sua mãe ou o seu pai.

Isto faz com que os pais tenham tudo a seu favor para comunicar a fé aos filhos; o que Deus espera deles, mais do que palavras, é que sejam piedosos, coerentes. O seu testemunho pessoal deve estar presente diante dos filhos a todo o momento, com naturalidade, sem procurar dar lições constantemente.

Às vezes, basta que os filhos vejam a alegria dos seus pais ao confessar-se, para que a fé se torne forte nos seus corações. Não se deve desvalorizar a perspicácia das crianças, mesmo que pareçam ingênuas; na realidade, conhecem os seus pais, no bom e no menos bom, e tudo o que estes fazem – ou omitem – é para eles uma mensagem que os ajuda a formar ou a deformar.

Foto: celesteh (cc). | Opus Dei

Bento XVI explicou muitas vezes que as alterações profundas nas instituições e nas pessoas costumam ser promovidas pelos santos, e não pelos mais sábios ou poderosos: «Nas vicissitudes da história, [ os santos ] foram os verdadeiros reformadores que tantas vezes elevaram a humanidade dos vales obscuros nos quais está sempre em perigo de se precipitar; iluminaram sempre de novo» [1].

Na família acontece algo parecido. Sem dúvida, é preciso pensar no modo mais pedagógico de transmitir a fé, e formar-se para serem bons educadores; mas o que é decisivo é o empenho dos pais por quererem ser santos. É a santidade pessoal o que permitirá acertar com a melhor pedagogia.

"Em todos os ambientes cristãos conhecem-se, por experiência, os bons resultados que dá essa natural e sobrenatural iniciação à vida de piedade, feita no calor do lar. A criança aprende a pôr o Senhor na linha dos primeiros e fundamentais afetos, aprende a tratar a Deus como Pai e à Nossa Senhora como Mãe, aprende a rezar seguindo o exemplo dos pais. Quando se compreende isto, vê-se a enorme tarefa apostólica que os pais podem realizar e como têm obrigação de serem sinceramente piedosos, para poderem transmitir – mais do que ensinar – essa piedade aos filhos" [2].

AMBIENTE DE CONFIANÇA E AMIZADE

Vemos que muitos rapazes e moças – sobretudo, na juventude e na adolescência – acabam por afrouxar a fé que receberam, quando sofrem algum tipo de prova. A origem destas crises pode ser muito diversa – a pressão de um ambiente paganizado, amigos que ridicularizam as convicções religiosas, um professor que dá as lições numa perspectiva ateia ou que põe Deus entre parêntesis –, mas estas crises ganham força quando aqueles que passam por elas deixam de expor às pessoas adequadas o que lhes está acontecendo.

É importante facilitar a confiança com os filhos e que estes sempre encontrem os pais disponíveis para lhes dedicarem tempo. Os jovens – mesmo os que parecem mais indóceis e desprendidos – desejam sempre essa aproximação, essa fraternidade com os pais. O segredo costuma estar na confiança. Que os pais saibam educar num clima de familiaridade, que nunca deem a impressão de que desconfiam, que deem liberdade e que ensinem a administrá-la com responsabilidade pessoal. É preferível que enganem alguma vez. A confiança que se põe nos filhos faz com que eles próprios se envergonhem de terem abusado, e se corrijam. Pelo contrário, se não têm liberdade, se veem que não se confia neles, sentir-se-ão levados a enganar sempre [3] . Não se deve esperar a adolescência para pôr em prática estes conselhos; podem ser aplicados desde muito cedo.

Foto: Pyrat Wesly (cc). | Opus Dei

Falar com os filhos é das coisas mais gratas que existem e a porta mais direta para estabelecer uma profunda amizade com eles. Quando uma pessoa ganha confiança com outra, estabelece-se uma ponte de mútua satisfação e poucas vezes desaproveitará a oportunidade de conversar sobre as suas inquietações e os seus sentimentos, o que é, por outro lado, uma maneira de se conhecer melhor a si próprio. Embora haja idades mais difíceis do que outras para conseguir essa proximidade, os pais não devem afrouxar no seu entusiasmo por chegarem a ser amigos dos filhos; amigos a quem se confiam as inquietações, a quem se consulta sobre os problemas, de quem se espera uma ajuda eficaz e amável [4]. Nesse ambiente de amizade, os filhos ouvem falar de Deus de um modo agradável e atrativo. Tudo isto requer que os pais encontrem tempo para estar com os filhos e um tempo que seja “de qualidade”; o filho deve perceber que as suas coisas nos interessam mais do que o resto das nossas ocupações. Isto implica ações concretas, que as circunstâncias não podem levar a omitir ou a atrasar uma e outra vez; desligar a televisão ou o computador quando a menina ou o garoto pergunta por nós e se percebe que querem falar; reduzir a dedicação ao trabalho; procurar formas de recreio e entretenimento que facilitem a conversa e a vida familiar, etc.

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A. Aguiló

[1] Bento XVI, Discurso na Vigília da Jornada Mundial da Juventude de Colônia, 20-08-2005.

[2] São Josemaria Escrivá, Temas Atuais do Cristianismo , n. 103.

[3] São Josemaria Escrivá, Temas Atuais do Cristianismo , n. 100.

[4] São Josemaria Escrivá, Cristo que passa , n. 27.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/transmitir-a-fe-i/

Francisco inicia sua 45ª Viagem Apostólica com destino à Ásia e Oceania

Papa Francisco inicia sua Viagem Apostólica (Vatican Media)

O Papa embarcou para Jacarta, Indonésia, iniciando sua 45ª Viagem Apostólica, a mais longa de seu pontificado. Antes de partir, Francisco recebeu um grupo de sem-teto no Vaticano, acompanhado pelo cardeal Konrad Krajewski. Durante a viagem de 32.814 quilômetros, que também inclui visitas a Timor-Leste, Papua-Nova Guiné e Singapura, o Santo Padre abordará temas como paz, diálogo inter-religioso, reconciliação social e mudança climática.

Vatican News

Sorridente, o Papa Francisco embarcou no voo que o levará a Jacarta, na Indonésia, primeira etapa de sua 45ª Viagem Apostólica internacional. O avião, que leva o Santo Padre ao continente asiático, decolou nesta segunda-feira, 2 de setembro, às 17h32, horário de Roma.

Antes de deixar o Vaticano, conforme informou a Sala de Imprensa da Santa Sé, "pouco depois das 16 horas locais, cerca de quinze pessoas em situação de rua, homens e mulheres, acompanhadas pelo cardeal Konrad Krajewski, Esmoleiro de Sua Santidade, visitaram o Papa Francisco na Casa Santa Marta antes de sua partida para a próxima Viagem Apostólica pela Ásia e Oceania".

O momento de saudação com os sem-teto na Casa Santa Marta (Vatican Media)

A viagem mais longa do seu Pontificado

Fé, oração, compaixão, fraternidade, harmonia e esperança são os temas presentes nos lemas e nos logotipos da Viagem Apostólica. Serão percorridos 32.814 quilômetros, atravessando quatro fusos horários diferentes, desde a partida do Aeroporto Fiumicino até o retorno a Roma na sexta-feira, 13 de setembro. Além da Indonésia, Timor-Leste, Papua-Nova Guiné e Singapura são as outras etapas desta peregrinação.

Nos 16 discursos e homilias a serem pronunciados em italiano e espanhol, o Papa abordará temas como o diálogo e a convivência harmoniosa entre as religiões, a reconciliação social, a mudança climática e seus efeitos devastadores em regiões de oceanos e vulcões, além do equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e tecnológico e o desenvolvimento humano, social e espiritual das comunidades.

Adicionalmente, será abordada a evangelização, tanto antiga quanto moderna, em regiões onde as comunidades cristãs vivem em condições semelhantes às da Igreja primitiva, o acolhimento de refugiados e o incentivo aos jovens a se engajarem nos processos políticos e sociais.

Avião que leva o Santo Padre à Indonésia após decolar de Roma (Vatican Media)

Indonésia: o primeiro destino

Em um período histórico marcado por guerras, o Papa Francisco reiterará em diversos encontros seu apelo pela paz e pelos esforços em andamento para alcançá-la. Dois momentos simbólicos em Jacarta, a capital da Indonésia, evidenciarão esse compromisso. A cidade, que no passado recente foi atingida pelo terrorismo religioso e pela tentativa de estabelecer um Islã transnacional no modelo do ISIS — rejeitado pela "Pancasila" indonésia, com seus cinco pilares de respeito às crenças, culturas, religiões e línguas, conforme estabelecido na Constituição —, acolherá o Papa em sua mensagem de paz.

O primeiro momento será a visita à mesquita Istiq’lal, o maior edifício de culto islâmico do Sudeste Asiático, projetado na década de 1950 por um arquiteto cristão e, desde 2019, conectado à Catedral da Assunção pelo chamado "túnel da fraternidade".

A Rádio Vaticano/Vatican News acompanhará passo a passo mais esta peregrinação de Francisco, transmitindo também em português os eventos com o Santo Padre.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Zenão

São Zenão (A12)
02 de setembro
País: Turquia
São Zenão, Mártir de Nicomédia

São Zenão, um cristão fervoroso de Nicomédia, na atual Turquia, foi um dos muitos mártires perseguidos durante o reinado do imperador Juliano, o Apóstata, conhecido por seu esforço em restaurar o paganismo e suprimir o cristianismo. Zenão, um homem de grande fé, era pai de dois filhos, Concórdio e Teodoro, que também foram alvos da perseguição. Sua história, marcada pelo sacrifício e pela devoção, foi preservada através de uma antiga passio latina, que mistura fatos históricos com elementos lendários.

De acordo com a tradição, Zenão e seus filhos foram capturados e torturados pelas autoridades romanas, que buscavam fazê-los renunciar à sua fé cristã. Contudo, eles permaneceram firmes em suas convicções, mesmo diante das mais terríveis provações. O testemunho de Zenão, assim como o de Concórdio e Teodoro, tornou-se um símbolo de resistência espiritual e fidelidade a Cristo, inspirando gerações de cristãos a perseverarem na fé, independentemente das adversidades.

Entre a história e a lenda, o martírio de São Zenão e seus filhos se destaca como um exemplo de amor incondicional a Deus, a ponto de escolher a morte em vez de renunciar à fé. Esse exemplo de coragem e lealdade continua a ser um farol para os cristãos de todo o mundo, que encontram em sua vida uma fonte de inspiração e força.

Reflexão:

A espiritualidade de São Zenão é marcada por uma profunda confiança na providência divina e uma entrega total à vontade de Deus. Ele nos ensina a importância da perseverança na fé, mesmo quando enfrentamos as mais duras perseguições e desafios. A vida de São Zenão nos convida a uma fé inabalável, sustentada pelo amor a Cristo e pela esperança na vida eterna. Sua história é um lembrete de que o verdadeiro cristão deve estar disposto a sacrificar tudo por amor a Deus, confiando plenamente em Sua graça e misericórdia.

Oração:

Ó glorioso São Zenão, mártir fiel e corajoso, que suportaste os mais terríveis sofrimentos por amor a Cristo, intercede por nós para que possamos ser firmes na fé e corajosos em nossas provações. Ajuda-nos a viver com a mesma entrega e confiança em Deus que tu mostraste em tua vida. Concede-nos, por tua intercessão, a graça de permanecermos sempre fiéis ao Evangelho, mesmo diante das adversidades. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 1 de setembro de 2024

A Verdadeira Religião

Palavra do Pastor - Dom Paulo Cezar (arqbrasilia)

A Verdadeira Religião

22º Domingo do Tempo Comum (B)

Papa Francisco nos explica a Palavra de Deus deste domingo. “Neste domingo retomamos a leitura do Evangelho de Marcos. No trecho de hoje (cf. Mc 7, 1-8.14-15.21-23), Jesus enfrenta um tema importante para todos nós crentes: a autenticidade da nossa obediência à Palavra de Deus, contra qualquer contaminação mundana ou formalismo legalista. A narração inicia com a objeção que os escribas e os fariseus dirigem a Jesus, acusando os seus discípulos de não seguirem os preceitos rituais segundo as tradições. Deste modo, os interlocutores pretendiam prejudicar a credibilidade e a autoridade de Jesus como Mestre, pois diziam: ‘Mas este mestre deixa que os discípulos não cumpram as prescrições da tradição’. Contudo, Jesus reage incisivamente e responde: ‘Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Vão é o culto que me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’ (vv. 6-7). Assim diz Jesus. Palavras claras e fortes! Hipócrita é, por assim dizer, um dos adjetivos mais fortes que Jesus usa no Evangelho e pronuncia-o dirigindo-se aos mestres da religião: doutores da lei, escribas… ‘Hipócrita’, diz Jesus.

Com efeito, Jesus tenciona fazer com que os escribas e os fariseus despertem do erro no qual caíram, mas qual é este erro? Desvirtuar a vontade de Deus, descuidando os seus mandamentos para cumprir as tradições humanas. A reação de Jesus é severa porque o que está em questão é importante: trata-se da verdade da relação entre o homem e Deus, da autenticidade da vida religiosa. O hipócrita é um mentiroso, não é autêntico.

Também hoje o Senhor nos convida a evitar o perigo de dar mais importância à forma do que à substância. Exorta-nos a reconhecer, sempre de novo, aquele que é o verdadeiro centro da experiência de fé, ou seja, o amor de Deus e o amor do próximo, purificando-a da hipocrisia do legalismo e do ritualismo.

A mensagem do Evangelho é hoje reforçada também pela voz do Apóstolo Tiago, o qual nos diz em síntese como deve ser a verdadeira religião, afirmando o seguinte: a verdadeira religião consiste em ‘visitar os órfãos e as viúvas nos sofrimentos e não se deixar contaminar por este mundo’ (v. 27).

‘Visitar os órfãos e as viúvas’ significa praticar a caridade para com o próximo a partir das pessoas mais necessitadas, mais débeis, mais marginalizadas. São as pessoas das quais Deus cuida de modo especial, e pede a nós para fazermos o mesmo.

Não se deixar contaminar por este mundo’ não significa isolar-se e fechar-se à realidade. Não. Também neste caso, não deve tratar-se de uma atitude exterior mas interior, de substância: significa vigiar para que o nosso modo de pensar e de agir não seja poluído pela mentalidade mundana, isto é, a vaidade, a avareza, a soberba. Na realidade, um homem ou uma mulher que vive na vaidade, na avareza, na soberba e, ao mesmo tempo, crê e se mostra como religioso e inclusive condena os outros, é um hipócrita”. […] (Papa Francisco, Angelus de 2 de setembro de 2018)

Deixemos com que essa Palavra de Deus nos interpele sobre a nossa forma de viver a fé, de viver uma verdadeira relação com Deus e com o próximo.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/a-verdadeira-religiao/

“Vivemos com naturalidade” (1)

Fiéis lotam a igreja principal da Administração Apostólica na missa dominical | Davi Corrêa / ACI Digital

“Vivemos com naturalidade”, dizem católicos nascidos e criados no rito romano antigo em Campos.

Por Natalia Zimbrão*

31 de agosto de 2024

O eletricista Rafael Ferreira, 37 anos, e a professora Ana Cristina de Souza, 43, nasceram e cresceram em Campos dos Goytacazes (RJ). Foram batizados, fizeram a primeira comunhão, receberam o crisma e se casaram em latim. Nas missas, sempre viram o padre fazer a consagração voltado para o altar, olhando na mesma direção que o povo em nome do qual celebra o sacrifício a Deus. Os paramentos do sacerdote não foram simplificados. Nunca viram missa concelebrada em sua paróquia. Não se tocam instrumentos de música popular na igreja, não há oração dos fiéis. Há silêncio e, em vários momentos da celebração, nem mesmo o que o padre em oração diz deve ser ouvido. Rafael e Ana Cristina pertencem à Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, um caso único no mundo de uma prelazia que tem o direito de manter o rito romano antigo, ou missa tradicional.

Altar da igreja principal da Administração Apostólica São João Maria Vianney. Davi Corrêa / ACI Digital

Até o Concílio Vaticano (1962-1965), que começou a experimentar mudanças como concelebração e uso das línguas vernáculas, esse era o rito latino da Igreja no mundo inteiro. Em 1970, seguindo decisões do concílio, o papa são Paulo VI promulgou o Novus Ordo, a nova forma de celebrar a missa e os sacramentos da Igreja que se tornou a norma para toda a Igreja.

O novo modo de celebrar se tornou a face mais evidente do Concílio Vaticano II. Em torno da missa tradicional em latim, ou missa tridentina, por ter sido fixada pelo concílio de Trento (1545-1563), grupos conservadores militantes se formaram e existem no mundo inteiro.

Mas não é um ambiente de militantes o que existe em Campos. Para Rafael e Ana, é algo que faz parte de suas vidas “com naturalidade”. “A gente vai passando de geração para geração”, disseram à ACI Digital. Hoje, levam junto os filhos, Agnes, 12 anos, e Tadeu, 9, também nascidos e criados nesse rito da Igreja.

O casal Rafael e Ana Cristina com os filhos Tadeu e Agnes. Davi Corrêa / ACI Digital

“As crianças crescem dentro da fé, da espiritualidade, daquilo que a gente já tem e tivemos desde criança. É a fé que vem crescendo e mantendo toda aquela tradição, os ensinamentos”, disse à ACI Digital Ana Cristina.

A Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney foi criada em 2002 pelo papa são João Paulo II como circunscrição eclesiástica de caráter pessoal no território da diocese de Campos (RJ) para a manutenção da liturgia anterior à reforma do Concílio Vaticano II, a disciplina e os costumes tradicionais.

A administração deriva da União Sacerdotal São João Maria Vianney, um grupo de padres que depois da promulgação do Missal de Paulo VI, em 1969, decidiu sob a liderança do então bispo de Campos, dom Antônio de Castro Mayer, manter o rito romano antigo, como chamam a liturgia da missa tradicional.

Missa no rito romano antigo na igreja principal da Administração Apostólica. Davi Corrêa / ACI Digital

A união foi fundada depois que dom Antônio foi sucedido por dom Carlo Alberto Navarro, em 1981. Dom Navarro proibiu os padres de celebrar a missa no rito antigo. Os sacerdotes se rebelaram e decidiram continuar com as celebrações no rito antigo, dando origem a uma situação irregular que só se resolveu mais de vinte anos depois.

A União Sacerdotal tinha proximidade com a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), uma sociedade sacerdotal tradicionalista criada pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre em 1970. Dom Lefebvre e dom Castro Mayer se aproximaram ainda durante o Concílio Vaticano II em 1962. Um grupo de bispos se organizou numa tentativa de resistir às reformas, o Coetus Internationalis Patrum, Lefebvre era um dos líderes e dom Castro Mayer participava.

Dom Lefebvre, assim como dom Castro Mayer, nunca aceitou as mudanças na liturgia implementadas depois do Vaticano II. Como ele não era mais bispo de nenhuma diocese, montou a FSSPX, com sede na Suíça, mas espalhada por muitos países. Dom Castro Mayer ficou em Campos.

Em 1988, dom Lefebvre participava de negociações com a Santa Sé para regularizar a situação de sua fraternidade e a sua própria. Com medo de que a situação não se resolvesse antes de sua morte, ordenou quatro bispos, contra a proibição expressa da Santa Sé. Dom Antônio de Castro Mayer participou da cerimônia. Todos os envolvidos teriam sido excomungados latae sententiae, isto é, pelo próprio fato, sem um julgamento formal, mas a situação nunca ficou suficientemente clara.

Depois da morte de dom Antônio Mayer, em 1991, um dos bispos da FSSPX sagrou bispo para a União Sacerdotal São João Maria Vianney dom Licínio Rangel, sem mandato pontifício.

A situação irregular dos padres da União Sacerdotal se manteve até que buscaram a regularização com a Santa Sé, o que aconteceu em 2002, com a criação da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. A situação de dom Licínio também foi regularizada com a Igreja e ele foi o primeiro bispo da Administração. Foi sucedido pelo atual bispo, dom Fernando Arêas Rifan.

Muitas pessoas que atualmente vivem em Campos e outras cidades do norte e noroeste do Estado do Rio de Janeiro mantiveram-se junto aos padres da União Sacerdotal São João Maria Vianney e hoje fazem parte da Administração Apostólica.

“É o que a gente viveu, meus pais, desde quando nasci, sempre na missa tradicional”, disse à ACI Digital Rita de Cássia Gualandi, 68 anos, que mora na zona rural de Bom Jesus do Itabapoana (RJ). “Quando houve a mudança, nós preferimos continuar”.

Rita Gualandi (à direita) e a filha Ana Paula. Davi Corrêa / ACI Digital

“Meus pais transmitiram para mim e eu para os meus filhos”. Ela é viúva e mãe de três filhos. Um deles, José Carlos Gualandi, é padre da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Dos oito irmãos de Rita de Cássia, três são sacerdotes.

Rita contou que, “quando era mais nova” e os filhos pequenos, “a gente nem sabia que tinha outra” missa. “Era difícil os padres virem aqui, porque é de difícil acesso, muito longe. Era só quando eles vinham e tinha a missa tradicional”, recordou.

Luzia Aparecida Salvatte Zanon, 74 anos, mora em Campos e é natural de Bom Jesus do Itabapoana. Desde pequena participa da missa no rito romano antigo, no qual recebeu todos os sacramentos. “A gente sempre achou que isso era o correto, não desprezando as outras. Sempre achamos que o correto era seguir onde sempre fomos criados”, disse. Segundo ela, não tinham “essa dúvida” de que poderiam estar fazendo algo contra a Igreja. “A gente lutava pelo que acontece hoje”, depois da regularização com a criação da Administração Apostólica, disse Luzia, que é viúva e mãe de cinco filhos, um deles, Silvano Salvatte Zanon, padre da Administração. 

A regularização “foi um momento ímpar para nós”, diz. “Porque nós ficamos... não sei nem explicar como foi nossa alegria”.

*Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/59011/vivemos-com-naturalidade-dizem-catolicos-nascidos-e-criados-no-rito-romano-antigo

A oração de Francisco pelas vítimas de desabamento no Santuário em Recife

Vista aérea do santuário do Morro da Conceição, em Recife, Brasil, 30 de agosto de 2024. Pelo menos duas pessoas morreram e 17 ficaram feridas quando o teto de uma igreja desabou na cidade de Recife. EPA/Carlos Ezequiel Vanonni  (ANSA)

O incidente ocorrido no início da tarde de sexta-feira causou a morte de duas pessoas e ferimentos em mais de 20.

Vatican News

Após rezar pelas vítimas de ataque terrorista em Burkina Faso, o Papa dirigiu seu pensamento aos mortos e feridos em desabamento em Santuário de Recife:

Rezo também pelas vítimas do incidente ocorrido no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Recife, no Brasil. Que o Senhor Ressuscitado conforte os feridos e as suas famílias.

O desabamento do teto do Santuário do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, ocorreu por volta das 13h30 de sexta-feira, 30, durante a distribuição de cestas básicas, provocando a morte de duas pessoas e deixando ao menos outras 20 feridas. Entre as pessoas feridas está uma gestante com 21 semanas de gravidez e uma criança de 4 anos. Havia entre 60 e 70 pessoas no local quando o acidente aconteceu.

Em um comunicado assinado por dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, a Arquidiocese de Olinda e Recife havia expresso "profunda tristeza pelo trágico acidente", que "enche nossos corações de luto e solidariedade". "Em oração, nos unimos às famílias enlutadas e a todos os que foram afetados por esta tragédia. Que o senhor acolha as almas dos falecidos e conforte os corações dos que sofrem".

*Com informações do site G1

Photogallery

As imagens do Santuário em Recife após desabamento na sexta-feira:

Vista dos danos no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição após o desabamento do teto em Recife, estado de Pernambuco, Brasil, em 30 de agosto de 2024. Duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas quando o teto de uma igreja católica no nordeste do Brasil caiu na sexta-feira, disseram autoridades. (Foto de BRENDA ALCANTARA / AFP)
Um socorrista tira uma foto do desabamento no santuário do Morro da Conceição em Recife, Brasil, 30 de agosto de 2024. EPA/Carlos Ezequiel Vanonni
Bancos são vistos sob um teto desabado no santuário do Morro da Conceição em Recife, Brasil, 30 de agosto de 2024. EPA/Carlos Ezequiel VanonniVista dos danos no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição após o desabamento do teto em Recife, estado de Pernambuco, Brasil, em 30 de agosto de 2024. Vista dos danos no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição após o desabamento do teto em Recife, estado de Pernambuco, Brasil, em 30 de agosto de 2024.Vista dos danos no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição após o desabamento do teto em Recife, estado de Pernambuco, Brasil, em 30 de agosto de 2024.. (Foto de BRENDA ALCANTARA / AFP)Vista dos danos no Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição após o desabamento do teto em Recife, estado de Pernambuco, Brasil, em 30 de agosto de 2024.. (Foto de BRENDA ALCANTARA / AFP) 
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF