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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

São Zacarias, Profeta

São Zacarias, Profeta (A12)
06 de setembro
País: Israel
São Zacarias, Profeta

Zacarias (cujo nome significa: o Senhor lembra), foi um profeta do Reino de Judá no segundo ano do reinado do Rei Dario em 520 a.C. Ele era filho de Baraquias e neto de Ido, uma das famílias sacerdotais da tribo de Levi.

Zacarias foi o décimo primeiro profeta dos doze profetas menores. Foi contemporâneo do profeta Ageu (Esdras 5,1). É provável que ele tenha escrito os primeiros capítulos do libro de Zacarias, que teve vários redatores.

Um anjo transmitiu-lhe os oráculos do Senhor. Ele pregava uma reforma moral e exortava o povo a reconstruir o templo. Ele pregou a esperança na vinda do Messias, preocupou-se com a reconstrução do templo e com a organização da comunidade, que acabara de voltar do exílio babilônico.

Zacarias ressalta o caráter espiritual do novo Israel, a sua santidade, realizada progressivamente, ao lado da reconstrução material. A ação divina nesta obra de santificação atingirá a sua plenitude com o reino do Messias. Este renascimento é fruto do amor de Deus e da sua onipotência: “Eis o que diz o Senhor dos exércitos: vou libertar o meu povo, tirá-lo das terras do Levante e do Poente e conduzi-lo a Jerusalém, onde habitará: será o meu povo e eu serei o seu Deus na fidelidade e na justiça (Zc 8, 7-8).

A promessa messiânica feita a Davi retoma seu curso em Jerusalém: “Exulta de alegria, filha de Sião, solta gritos de júbilo, filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta” (Zc 9, 9). A profecia realizou-se literalmente com a entrada de Jesus em Jerusalém, entrada solene na cidade santa, simbolizando a índole pacífica do rei Messias.

Nesta profecia, claramente messiânica, é vislumbrada a eucaristia. Pertencente à tribo de Levi, nascido em Galaad e tendo voltado na velhice à Caldeia, na Palestina, Zacarias teria feito muitos prodígios, acompanhando-os com profecias de conteúdo apocalíptico, como o fim do mundo e o duplo juízo divino. Morreu muito velho e, provavelmente, foi sepultado ao lado do túmulo de Ageu.

Reflexão:

O profeta Zacarias anunciou a vinda do Messias esperado pelo povo de Israel, ou seja, o ungido, o Salvador, o Libertador. O povo vivia na espera daquilo que hoje nós já temos, a Salvação. O Messias esperado pelo povo de Israel já se fez carne, habitou entre nós, foi crucificado, morto, sepultado e ressuscitou ao terceiro dia. A vida venceu a morte, Cristo está vivo no meio de nós e nos chama a uma vida junto d’Ele, a viver como um povo redimido, como Povo de Deus que peregrina na terra rumo à vida eterna.

Oração:

Ó Deus, que o exemplo de vossos santos nos leve a uma vida mais perfeita e, celebrando a memória de são Zacarias, imitemos constantemente suas ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Arquidiocese de Brasília lança o Programa “Não temas, Maria!”

Programa "Não temas, Maria!" (arqbrasilia)

O lançamento oficial do Programa "Não Temas, Maria!", uma iniciativa arquidiocesana de acolhimento às mulheres vítimas de violência e de conscientização da sociedade sobre a importância do combate à violência contra a mulher, foi realizado na noite do último sábado (31/08), no Teatro Pedro Calmon, no Setor Militar Urbano.

03 de setembro de 2024

Na ocasião, o Cardeal Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, realizou o lançamento do Programa “Não temas, Maria!”, destacando que esta iniciativa arquidiocesana de auxílio às mulheres deseja apresentar a grandeza da dignidade da mulher, fundada no mistério pascal de Cristo, através de formações e ações concretas que possam conscientizar e prevenir todos os tipos de violência.

“Desejo que as nossas paróquias se tornem lugares de dignificação e de proteção. Nós queremos que a mulher que sofre violência e que se sente desprotegida, encontre na comunidade Católica um lugar onde possa desabafar, onde ela seja primeiramente acolhida. Quando uma pessoa sofre, primeiro precisa ser acolhida. Na comunidade terá um grupo que reflita sobre essa questão e que estará preparado para trabalhar com a dignificação da mulher. Então, a partir do momento em que a mulher abrir seu coração, falar daquilo que ela está vivendo, a situação será avaliada para identificar qual será o melhor encaminhamento para ajudar essa mulher, seja na questão jurídica ou em outra, mas que não deixe essa mulher desprotegida. No ano de 2024, onde as capacidades são tantas, mas onde as atrocidades continuam ainda de uma forma, às vezes, até bruta e onde os absurdos continuam a acontecer, nós precisamos mostrar a beleza da nossa fé, pois a fé Católica é de proteção, de salvação”, frisou o Cardeal Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa.

O painel do evento contou também com a presença do padre Thaisson Santarém, da Dra. Lenise Garcia, da Dra. Tânia Manzur e da Giselle Ferreira, Secretária da Mulher. Acompanhados pelo Cardeal, os convidados refletiram sobre a proposta do programa inspirado no versículo do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas (1,30), salientando que é preciso dizer para muitas mulheres da sociedade que não estão sozinhas, ressaltando a frase do anjo Gabriel na Anunciação: Não temas, Maria!

“A logo do programa é a expressão do acolhimento e da proteção que são oferecidos pela Igreja Católica, por isso, temos como referência a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. A rosa vermelha simboliza as mulheres que precisam ser acolhidas e ressalta a voz da Igreja dizendo para as muitas Marias da nossa cidade, da nossa Arquidiocese, dizendo: Não temas, porque a Igreja Católica está aqui para acolher, para proteger. A rosa tem um rosto, é o rosto da mulher que precisa ser protegida, mas também o rosto da mulher mais importante de todas, Nossa Senhora, porque é através do cuidado maternal de Nossa Senhora que a Igreja também vai zelar e cuidar de cada uma dessas mulheres. Percebam que a rosa está entrelaçada na cruz, ou seja, a raiz da divindade verdadeira, seja de Nossa Senhora, seja de cada mulher, está no Mistério de Cristo. Na entrega total de amor Dele por cada um de nós. A Catedral forma um M, exatamente um sinal de Maria, como um modelo para cada mulher, um modelo de santidade a ser alcançado, mas também temos a rosa como um símbolo da Padroeira da nossa Pátria, Nossa Senhora Aparecida, e como Co-padroeira Santa Rita de Cássia. Quem tem devoção a Santa Rita, sabe que a rosa é uma figura importante devido a um milagre que Deus realizou através da intercessão dela, quando uma rosa brotou no meio do inverno, no meio da neve, como sinal da providência de Deus. A Santa das causas impossíveis que tanto sofreu, assim como muitas mulheres atualmente, a situação de violência doméstica, mas ainda assim se santificou e viveu a vontade de Deus, pois não se vingou, mas sempre rezava pelo marido agressivo e pelos filhos para que eles não se tornassem como o pai. Por isso, nós vamos incentivar esta devoção a intercessão de Santa Rita. A logo do programa de forma muito especial quer mostrar que a Igreja Católica acolhe e protege, sendo um local de consolação e refúgio”, explicou padre Thaisson Santarém, Assessor Eclesiástico do Programa “Não Temas, Maria!”

A partir de estatísticas alarmantes divulgadas pelos órgãos públicos em relação ao número elevado de casos de violência contra as mulheres no Distrito Federal, que culminaram no alto índice de feminicídio em 2023, a Arquidiocese de Brasília formulou este programa e conta com a parceria da Secretaria da Mulher, da Rádio Nova Aliança e da Rede Canção Nova.

“Primeiro, a gente tem que entender a seriedade desse assunto. Como é que a gente pode lutar contra a violência em um país que é a quinta maior nação do mundo que mais mata mulheres? As pesquisas revelam que a cada seis horas, uma mulher é vítima de feminicídio no Brasil. Três em cada dez brasileiras já enfrentaram violência doméstica. A cada seis minutos, uma menina ou uma mulher sofre violência sexual. Em 2022, 17 mulheres foram vítimas de feminicídio no Distrito Federal. Em 2023, foram 34. Quero salientar que a Casa da Mulher Brasileira funciona 24 horas, na Ceilândia. A mulher que não tem para onde ir e está sofrendo algum tipo de violência, ela pode ficar no alojamento, que inclusive tem um espaço para criança. É muito mais do que violência doméstica, porque às vezes a mulher quer sair da vulnerabilidade, da situação de violência, mas ela muitas vezes pensa no filho, pensa na situação econômica. Então, no lar também temos a questão de formação e qualificação. Esse é o equipamento público voltado para esse tipo de acolhimento, de atendimento psicossocial e jurídico. Então, essa é a casa mais completa e nós vamos entregar mais quatro casas, duas na Região Norte e duas na Região Sul”, informou Giselle Ferreira, Secretária da Mulher.

Durante o evento, Dra. Tânia Manzur fez uma importante reflexão sobre a igualdade e dignidade da mulher e do homem. “Assim está no Gênesis, homem e mulher os criou à sua imagem e semelhança. Então, o que tem de fundamental é que existe uma igualdade ontológica, aquela igualdade para o mais profundo do ser. Ser, que é o fato de sermos então essas criaturas amadas por Deus, criadas à sua imagem e semelhança. Mas a partir daí tudo é diferente, né? Homem e mulher os criou, então a diferença também já está estabelecida lá no início. No entanto, o pecado acaba fazendo com que, na percepção da diferença, muitas vezes se criem, ao longo da história, antagonismos, às vezes confrontos. E, na verdade, o que deve haver, que a nossa Igreja Católica nos ensina, pois se fundamenta na mensagem de Cristo, é que nas diferenças, nós somos complementares”.

Finalizando o painel, Dra. Lenise Garcia destacou a importância da formação na base familiar, onde reine o respeito, o amor e a união, para que se possa criar uma nova geração de filhos que não reproduzam a violência sofrida dentro de casa.

“É preciso que a gente possa, efetivamente, valorizar vínculos de amor. Que o marido e a mulher saibam estabelecer vínculos de amor entre si e com os filhos, para que a criança nasça em um ambiente acolhedor. Muitas vezes a gente vê, por exemplo, que a própria violência é fruto de agressões sofridas na infância. Aquela pessoa que hoje é violenta, ela sofreu violência quando era criança, fazendo com que também essa violência vá sendo repetida. Por isso, a grande necessidade da formação. Homem e mulher nunca foram opostos, a gente tem exatamente essa complementariedade, e essa é a mentalidade que precisa ser desenvolvida. Não se pode resolver uma violência com outros tipos de violência. O próprio agressor precisa de conversão, de conscientização, é claro, também vai pagar juridicamente pelos crimes cometidos, e aí temos toda a questão também dos instrumentos públicos, mas antes de mais nada, é preciso olhar dentro da família, onde há a necessidade de ser desenvolvida a base em relações de amor. Cristo nos ensina que devemos ter uma relação de amor a todo tempo. Se nós aprendermos isso, já teremos dado grandes passos para superarmos a situação de violência, que muitas vezes se apresentam com falsas opções”, finalizou.

Encerrando a noite de lançamento, o teatro foi palco para uma belíssima apresentação musical “Elas cantam Maria”, com as cantoras Michelle Abrantes, Gabriela Carvalho, Huanda Silva, Lilian Ingrid e Marília de Alexandria (pianista).

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Dia da Amazônia

Dia da Amazônia (calendarr)

Dia da Amazônia

5 de Setembro

Dia da Amazônia é celebrado anualmente em 5 de setembro.

A data comemorativa foi instituída pela Lei nº 11.621, de 19 de dezembro de 2007, com o intuito de conscientizar as pessoas sobre a importância da maior floresta tropical do mundo e da sua biodiversidade para o planeta.

O dia 5 de setembro foi escolhido, pois nesta data, no ano de 1850, o Príncipe D. Pedro II decretou a criação da Província do Amazonas (atual Estado do Amazonas).

Por ser uma região rica em recursos, a Amazônia desperta o interesse de muitas pessoas. Entretanto, a exploração pode vir a causar danos ao ambiente e, por isso, a data busca alertar sobre os principais problemas que afetam a região, como o desmatamento.

Amazônia: região rica em biodiversidade, ecossistemas e recursos (calendarr)

Importância da Amazônia para o planeta

A Amazônia é importante, por exemplo, para conservação do clima no planeta, manter o equilíbrio ambiental e reciclar uma boa parte de carbono na atmosfera. 

Além disso, a região é rica em biodiversidade. Nela está localizada a maior floresta tropical do mundo, a Floresta Amazônica. A Bacia Amazônica também confirma a abundância de recursos hídricos, já que se trata da maior bacia hidrográfica do mundo.

A Amazônia é reconhecida pela sua diversidade animal e vegetal, já que existem espécies de plantas e animais que apenas são encontrados na região.

Preservação da Amazônia: desafios para conservação

Algumas das atividades econômicas desempenhadas na Amazônia são: extração madeireira, agricultura, pecuária e mineração.

A exploração dos recursos vegetais, animais e minerais geram grandes impactos na região, principalmente pelo desmatamento da floresta amazônica.

A Amazônia sofre com os constantes ataques e desmatamentos (calendarr)

Também, a floresta amazônica atualmente está ameaçada pelos constantes desmatamentos ilegais, afetando diretamente a fauna e a flora da região, causando desequilíbrios e crises ambientais a nível global.

Como medidas para preservar a região amazônica são necessárias políticas públicas para diminuição do desmatamento, aumento da fiscalização para reprimir as atividades ilegais, melhorar as práticas de trabalho para conviver em harmonia com o ambiente e maior participação da população para cobrar políticas ambientais dos gestores.

Dia da Amazônia: atividades para educação infantil

  • Reconhecer os animais nativos da região e classificá-los quanto ao tipo (aves, repteis, mamíferos, etc.) e o habitat onde vivem;
  • Identificar plantas características da região, importância da flora e as consequências do desmatamento;
  • Assistir vídeos ou filmes que apresentam a região e a sua biodiversidade;
  • Identificar no mapa do Brasil onde a Amazônica fica localizada e em quais estados.

Dados Importantes sobre a Amazônia

Com uma área de aproximadamente 5,5 milhões de quilômetros apenas de floresta, a Amazônia está presente em 8 estados brasileiros: Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Tocantins e parte do Maranhão e Mato Grosso.

Vale lembrar que a Amazônia não está presente apenas no território brasileiro, mas também em outros países da América do Sul. São eles: Suriname, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela, Colômbia, Peru e Equador. 

O clima na região amazônica é predominantemente equatorial/quente e úmido. 

Outro recorde da Amazônia é a sua bacia hidrográfica. Com cerca de 7 milhões de quilômetros de extensão, os principais rios da região são: Amazonas (maior do mundo em extensão), Negro, Trombetas, Japurá, Madeira, Xingu, Tapajós, Purus e Juruá (todos afluentes do Rio Amazonas). 

Fonte: https://www.calendarr.com/brasil/dia-da-amazonia/

Transmitir a fé (II) (2)

Foto: Vironevaeh | Opus Dei

Transmitir a fé (II)

Dar exemplo, dedicar tempo, rezar… a transmissão da fé aos filhos é uma tarefa que exige empenho. Segunda parte do editorial sobre a fé e a família.

02/08/2012

AJUDÁ-LOS A ENCONTRAR SEU CAMINHO

Acima de tudo, educar neste campo é pôr os meios para que os filhos convertam sua existência inteira em um ato de adoração a Deus. Como ensina o Concílio, “a criatura sem o Criador desaparece"[7]: na adoração encontramos o verdadeiro fundamento de maturidade pessoal: se as pessoas não adoram a Deus, adoram-se a si mesmas nas diversas formas que registra a história; o poder, o prazer, a riqueza, a ciência, a beleza...[8]. Promover essa atitude exige necessariamente que as crianças descubram por si mesmas a figura de Jesus; algo que pode estimular-se desde que são pequenos, propiciando que aprendam a falar pessoalmente com Ele. Isso não é, por acaso, fazer oração com os filhos, contar-lhes coisas sobre Jesus e seus amigos, ou entrar com eles nas cenas do Evangelho, à raiz de algum fato cotidiano?

No fundo, estimular piedade nas crianças quer dizer facilitar que ponham o coração em Jesus, que lhes expliquem os acontecimentos bons ou maus; que escutem a voz da consciência, na qual o próprio Deus revela sua vontade, e tentem pô-la em prática. As crianças adquirem estes hábitos quase por osmose, vendo como seus pais se relacionam com o Senhor, ou o têm presente em seu dia a dia. Pois a fé, mais que seu conteúdo ou deveres, tem a ver, em primeiro lugar, com uma pessoa, a qual aceitamos sem reservas: confiamo-nos a ela. Se se pretende mostrar como uma Vida - a de Jesus – muda a existência do homem, comprometendo todas as faculdades da pessoa, é lógico que os filhos notem que, em primeiro lugar, tenha mudado a nós próprios. Ser bons transmissores da fé em Jesus Cristo, implica manifestar com nossa vida nossa adesão a sua Pessoa[9]. Ser um bom pai é, na maioria das vezes, um pai que luta, por ser santo: os filhos o veem, e podem admirar esse esforço e tentar imitá-lo.

Foto: crabchick | Opus Dei

Os bons pais desejam que seus filhos alcancem a excelência e sejam felizes em todos os aspectos da existência: no profissional, no cultural, no afetivo; é lógico, portanto, que desejem também que não permaneçam na mediocridade espiritual. Não há projeto mais maravilhoso que o que Deus previu para cada um. O melhor serviço que se pode prestar a uma pessoa – a um filho de modo especial – é apoiá-lo para que responda plenamente à sua vocação cristã, e descubra o que Deus quer para ele. Por que não se trata de uma questão acessória, da qual depende só um pouco mais de felicidade, mas afeta o resultado global de sua vida.

Descobrir como se concretiza a própria chamada à santidade é encontrar a pedrinha branca, com um nome novo que ninguém conhece senão o que o recebe[10]: é o encontro com a verdade sobre si mesmo que dá um sentido à existência inteira. A biografia de um homem será distinta segundo a generosidade com que encare as diferentes opções que Deus lhe apresentará: porém, em todo caso, a felicidade própria e a de muitas outras pessoas dependerá dessas respostas.

VOCAÇÃO DOS FILHOS, VOCAÇÃO DOS PAIS

A fé é por natureza um ato livre, que não se pode impor, nem sequer indiretamente, mediante argumentos “irrefutáveis": crer é um dom que penetra suas raízes no mistério da graça de Deus e a livre correspondência humana. Por isso, é natural que os pais cristãos receiem por seus filhos, pedindo que a semente da fé que estão semeando em suas almas frutifique; com frequência o Espírito Santo se servirá desse afã para suscitar, no seio das famílias cristãs, vocações de tipos muito diferentes para o bem da Igreja.

Sem dúvida, a chamada do filho pode supor para os pais a entrega de planos e projetos muito desejados. Porém isso não é um simples imprevisto, pois forma parte da maravilhosa vocação à maternidade e à paternidade. Poderia dizer-se que a chamada divina é dupla: a do filho que se dá, e a dos pais que o dão: e, às vezes, pode ser maior o mérito destes últimos, escolhidos por Deus para entregar o que mais amam, e fazê-lo com alegria.

A vocação de um filho converte-se assim em um motivo de santo orgulho[11], que leva os pais a apoiá-la com sua oração e com seu carinho. Assim o explicava São João Paulo II: “Estai abertos às vocações que surjam entre vós. Orai para que, como sinal de amor especial, ao Senhor se digne a chamar a um ou mais membros de vossas famílias a servir-lhe. Vivei vossa fé com uma alegria e um fervor que sejam capazes de alentar tais vocações. Sede generosos quando vosso filho ou vossa filha, vosso irmão ou vossa irmã decida seguir Cristo por este caminho especial. Desejai que sua vocação vá crescendo e fortalecendo-se. Prestai todo vosso apoio a uma escolha Feita com liberdade"[12].

As decisões de entrega a Deus germinam no seio de uma educação cristã: poderia se dizer que são como seu cume. A família converte-se assim, graças à solicitude dos pais, em uma verdadeira Igreja doméstica[13], de onde o Espírito Santo promove seus carismas. Deste modo, a tarefa educadora dos pais transcende a felicidade dos filhos, e chega a ser fonte de vida divina em ambientes até então alheios a Cristo.

A. Aguiló

[7] Conc. Vaticano II, Const. past. Gaudium et spes, n. 36.

[8] D. Javier Echevarria, Carta Pastoral, 1-06-2011.

[9] São Tomás, S. ThII-II, q. 11, a. 1: “dado que o que crê aceita as palavras de outro, parece que o principal e como fim de qualquer ato de crer é aquele em cuja ação se crê; são, em troca, secundárias as verdades às que se aceita crendo nele".

[10] Ap, 2, 17.

[11] Forja, n. 17.

[12] João Paulo II, Homilia, 25-II-1981.

[13] Cfr. Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen Gentium, n. 11.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/transmitir-a-fe-ii/

O Papa: lançar corajosamente as redes do Evangelho no meio do mar do mundo

O Papa Francisco durante a missa no Estádio Gelora Bung Karno, em Jacarta, Indonésia (Vatican Media)

Em sua homilia, na missa celebrada no Estádio Gelora Bung Karno, em Jacarta, Francisco citou duas atitudes fundamentais que o encontro com Jesus nos convida a viver e que nos tornam seus discípulos: escutar a Palavra e viver a Palavra.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco celebrou a primeira missa pública de sua 45ª Viagem Apostólica Internacional, no Estádio Gelora Bung Karno, em Jacarta, na Indonésia, nesta quinta-feira (05/09).

Francisco iniciou sua homilia, citando duas atitudes fundamentais que o encontro com Jesus nos convida a viver e que nos tornam seus discípulos: escutar a Palavra e viver a Palavra.

Escutar a Palavra. O evangelista Lucas conta que muitas pessoas acorriam a Jesus e que a multidão se comprimia à volta dele «para escutar a palavra de Deus». Procuravam-no, tinham fome e sede da Palavra do Senhor, que ouviam ressoar nas palavras de Jesus.

Por isso, este episódio, que se repete tantas vezes no Evangelho, nos diz que o coração do homem está sempre à procura de uma verdade que possa aplacar e alimentar o seu desejo de felicidade; que não podemos contentar-nos apenas com as palavras humanas, os critérios deste mundo e os juízos terrenos; precisamos sempre de uma luz do alto para iluminar os nossos passos, de uma água viva que possa irrigar os desertos da alma, de uma consolação que não desiluda porque provém do céu e não das coisas passageiras deste mundo.

"Perante o entontecimento e a vaidade das palavras humanas, faz falta a Palavra de Deus, a única que é bússola para o nosso caminho e é capaz de, no meio de tantas feridas e perplexidades, nos reconduzir ao verdadeiro sentido da vida", disse ainda o Papa.

Segundo Francisco, "a primeira tarefa do discípulo não é vestir o hábito de uma religiosidade exteriormente perfeita, fazer coisas extraordinárias ou envolver-se em projetos grandiosos. Pelo contrário, o primeiro passo consiste em saber escutar a única Palavra que salva, que é a de Jesus, como podemos ver no episódio evangélico, o Mestre sobe para a barca de Pedro a fim de se afastar um pouco da margem e, assim, pregar melhor ao povo. A nossa vida de fé começa quando, acolhendo humildemente Jesus na barca da nossa vida, lhe damos espaço, escutamos a sua Palavra e, por ela, nos deixamos interpelar, estremecer e transformar".

Ao mesmo tempo, a Palavra do Senhor pede para ser encarnada concretamente em nós: somos chamados a viver a Palavra. Quando terminou de pregar às multidões a partir da barca, Jesus dirige-se a Pedro, exortando-o a arriscar e a apostar nesta Palavra: «Faz-te ao largo; e vós, lançai as redes para a pesca».

A Palavra do Senhor não pode permanecer uma linda ideia abstrata ou suscitar apenas a emoção de um momento; ela exige-nos que mudemos o olhar, que deixemos o coração transformar-se à imagem do coração de Cristo; ela nos chama a lançar corajosamente as redes do Evangelho no meio do mar do mundo, “correndo o risco” de viver o amor que Ele nos ensinou e viveu em primeiro lugar. Também a nós o Senhor, com a força ardente da sua Palavra, nos pede para avançar para águas mais profundas, para sairmos das margens estagnadas dos maus hábitos, dos medos e da mediocridade, para ousarmos uma vida nova.

De acordo com Francisco, "existem sempre obstáculos e desculpas no sentido de dizermos “não”; mas olhemos de novo para a atitude de Pedro: tinha vindo de uma noite difícil, em que não tinha pescado nada, estava cansado e desiludido, e no entanto, em vez de ficar paralisado naquele vazio e bloqueado pelo seu próprio fracasso, diz: «Mestre, trabalhamos durante toda a noite e nada pescamos; mas, porque Tu o dizes, lançarei as redes». Porque Tu o dizes, lançarei as redes. E então se realiza o inaudito: o milagre de uma barca que se enche de peixes a ponto de quase afundar".

Irmãos e irmãs, perante as muitas tarefas da nossa vida quotidiana; perante o apelo, que todos sentimos, de construir uma sociedade mais justa, de avançar no caminho da paz e do diálogo – que aqui na Indonésia já foi traçado há muito tempo –, podemos por vezes julgar-nos inadequados, sentir o peso de tanto esforço que nem sempre dá os frutos esperados, ou o peso dos nossos erros que parecem impedir o caminho. Mas, com a mesma humildade e fé de Pedro, também nos é pedido para não ficarmos prisioneiros dos nossos fracassos e, em vez de permanecermos com os olhos fixos nas nossas redes vazias, olharmos para Jesus e confiarmos nele. Podemos sempre arriscar, avançando-nos ao mar e lançando de novo as redes, mesmo depois de termos atravessado a noite do fracasso, o tempo da desilusão, em que não pescamos nada.

O Papa citou as palavras de Santa Teresa de Calcutá, cuja memória celebramos hoje, que se dedicou incansavelmente aos mais pobres e se tornou uma promotora da paz e do diálogo: “Quando nada tivermos para dar, demos esse nada. E lembra-te: nunca te canses de semear, mesmo se não vieres a colher nada”.

O Papa exortou os indonésios a ousarem sempre o sonho da fraternidade que é "um verdadeiro tesouro" entre eles. "Com a Palavra do Senhor encorajo-vos a semear o amor, a percorrer com confiança o caminho do diálogo, a praticar continuamente a bondade e amabilidade com o sorriso que vos caracteriza, a serem construtores de unidade e de paz. Sede construtores de esperança, daquela esperança do Evangelho que não desilude e abre a uma alegria sem fim", concluiu.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Teresa de Calcutá, missionária da caridade

Shutterstock | Tio Leo (modificado)

05 de setembro

País: Macedônia do Norte

Santa Teresa de Calcutá

Dolors Massot - publicado em 04/09/21 - atualizado em 04/09/24

Santa Teresa de Calcutá amou os mais pobres entre os pobres e por inspiração divina fundou a congregação das Missionárias da Caridade

Madre Teresa de Calcutá nasceu em Uskub (atual Skopje, Macedônia do Norte) em 26 de agosto de 1910. Foi batizada como Agnes Gonxha Bojaxhiu e pertencia a uma família abastada. “Por sangue e origem”, disse ele, ela era albanesa. Seu pai morreu quando ela tinha 8 anos.

Aos 18 anos decidiu entregar-se a Deus como freira. Entrou no Instituto da Bem-Aventurada Virgem Maria e tomou o nome de Teresa por devoção a Santa Teresa de Lisieux , padroeira dos missionários.

Chamado para fundar as Missionárias da Caridade

Durante vinte anos dedicou-se ao ensino tanto em Calcutá como em Darjeeling, na Índia. Porém, uma inquietação interior o fez pensar que Deus esperava que ele seguisse outro caminho. Ele tomou conhecimento da situação dos pobres e moribundos de Calcutá e, em 11 de setembro de 1946, quando estava a caminho de seu retiro anual, decidiu fundar uma congregação que ajudasse os marginalizados da sociedade, principalmente os doentes, os pobres e sem teto. Eles seriam os Missionários da Caridade.

Seu vestido seria um saree branco com três listras azuis nas bordas. Madre Teresa escolheu o branco porque simboliza pureza e verdade. As listras azuis lembram a Virgem Maria e são três porque simbolizam os três votos: pobreza, obediência e castidade. Além disso, as freiras usam uma cruz nos ombros, o que significa que para elas Cristo é a chave do coração. Anos mais tarde também haveria missionários homens.   

Em 7 de outubro de 1950 obteve a aprovação de Roma.

“Talvez eu não fale a sua língua, mas posso sorrir”

De Calcutá, ele enviou um poderoso chamado de alerta ao mundo. Aquela mulher mais velha, pequena e magra, mexeu com muitas almas e colocou os holofotes sobre os deserdados do mundo. Quando questionado sobre como ele se comunicava com eles se não entendia a língua deles, ele respondeu: “Talvez eu não fale a língua deles, mas posso sorrir”.

Mais centros de assistência começaram a ser criados e o número de vocações religiosas na sua congregação cresceu. Madre Teresa passou a cuidar daqueles que ninguém queria, entre eles os leprosos e os que sofriam de AIDS (HIV), que nos anos 80 era uma doença incurável.

Em 1979, Madre Teresa ganhou o Prêmio Nobel da Paz. E, depois de ser criticada, recebeu também o prêmio mais importante concedido na Índia, o Bharat Ratna, em 1980, por seu trabalho humanitário.

Defensor da vida humana em todas as suas etapas

Durante a missa de canonização em 4 de setembro de 2016 , o Papa Francisco disse sobre ela:

“Madre Teresa, ao longo de toda a sua existência, foi uma generosa dispensadora da misericórdia divina, colocando-se à disposição de todos através do acolhimento e da defesa da vida humana, tanto dos nascituros como dos abandonados e descartados. , proclamando incessantemente que “o nascituro é o mais fraco, o mais pequeno, o mais pobre”.

Inclinou-se diante das pessoas desmaiadas, que morrem abandonadas à beira das ruas, reconhecendo a dignidade que Deus lhes deu (...). Para ela, a misericórdia foi o sal que deu sabor a cada uma das suas obras e a luz que iluminou as trevas de quem não teve sequer lágrimas para chorar a sua pobreza e o seu sofrimento.

“A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus aos mais pobres entre os pobres”.

Condições cardíacas que não o impediram de amar

Em 1983, sofreu um ataque cardíaco em Roma enquanto visitava o Papa João Paulo II. A partir daí, sua saúde piorou a tal ponto que em 1991 ele pensou em renunciar ao cargo. As freiras de sua congregação, porém, decidiram por unanimidade que ela deveria continuar liderando e ela obedeceu.

Madre Teresa ficou então limitada por problemas cardíacos e pulmonares, além da malária, que se manifestou em 1993.

Patrono do voluntariado

Finalmente, ele morreu de parada cardíaca em 5 de setembro de 1997, em Calcutá. O governo indiano dedicou-lhe um funeral de estado, que foi acompanhado por milhões de pessoas em todo o mundo na televisão.

A festa de Santa Teresa de Calcutá é celebrada no dia 5 de setembro. Desde o dia da sua canonização, ela é a padroeira do voluntariado.  

Fonte: https://draft.blogger.com/blog/post/edit/5650031640385068379/3571339414422087283?hl=pt-BR

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Idade Média

A Idade Média durou de 476 a 1453, e seu nome foi resultado de uma visão negativa que os renascentistas tinham do período (Lucamato e Shutterstock)

Idade Média

Idade Média (476 a 1453) ficou marcada pelo feudalismo, pela influência da Igreja, e pelas Cruzadas e Inquisição. Encerrou-se com a crise do século XIV e a expansão marítima.

Por Daniel Neves Silva*

Idade Média é o nome do período da história localizado entre os anos 476 e 1453. A nomeação “Idade Média” é utilizada pelos historiadores dentro de uma periodização que engloba quatro idades: Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. Quando nos referimos à Idade Média, geralmente referimo-nos a assuntos relacionados, direta ou indiretamente, com a Europa.

A Idade Média iniciou-se com a desagregação do Império Romano do Ocidente, no século V. Isso deu início a um processo de mescla da cultura latina, oriunda dos romanos, e da cultura germânica, oriunda dos povos que invadiram e instalaram-se nas terras que pertenciam a Roma, na Europa Ocidental.

Desse período destacam-se o processo de ruralização que a Europa viveu entre os séculos V e X; o fortalecimento da Igreja Católica; a estruturação do sistema feudal, não apenas economicamente mas também política e socialmente. A partir do século XI, o renascimento urbano e comercial abre caminho para a crise do século XIV, que determina o fim da Idade Média.

1. Quando começou e quando terminou a Idade Média?

Como mencionado, a Idade Média é assim chamada dentro de uma periodização, estipulada pelos historiadores, que a determina entre os anos de 476 e 1453. O que estipula o início da Idade Média é a destituição de Rômulo Augusto do trono romano, em 476, e o que estipula seu fim é a conquista de Constantinopla pelos otomanos, em 1453.

A Idade Média é dividida pelos historiadores em duas grandes fases, que são:

  • Alta Idade Média: século V ao século X;
  • Baixa Idade Média: século XI ao século XV.

Durante a Alta Idade Média, a Europa passava pelas transformações derivadas da desagregação do Império Romano e o feudalismo estava em formação. A Baixa Idade Média foi o período auge do feudalismo e no qual a Europa começou a sofrer transformações oriundas do renascimento urbano e comercial.

2. Por que o nome “Idade Média”?

O nome Idade Média, usado para referir-se a esse período entre 476 e 1453, foi uma invenção dos renascentistas. Uma das primeiras menções a essa época como “tempo médio”, segundo o historiador Hilário Franco Júnior, remonta ao bispo italiano Giovanni Andrea|1|. Essa ideia popularizou-se no século XVI, durante o renascimento.

O sentido por trás dessa nomenclatura era pejorativo, uma vez que, na visão dos renascentistas, a Idade Média teria sido um tempo marcado pela interrupção da tradição clássica, isto é, greco-romana. Nessa perspectiva, tal tradição estava sendo retomada na época deles, inclusive, por isso, eles chamaram seu próprio período de “renascimento”.

Eles acreditavam estar vivendo um momento de renascimento intelectual, científico e artístico. Isso nos leva a concluir que, na ótica renascentista, a Idade Média era um período ruim, de atraso e de interrupção no progresso humano. Outros grupos, conforme seus interesses, teciam suas críticas a essa Idade, sempre a taxando como “ignorante”.

Essa visão negativa fez com que muitos a chamassem de “Idade das Trevas”, um termo negativo e rechaçado pelos historiadores. A primeira menção à Idade Média dessa maneira remonta a Francesco Petrarca, que, no século XVI, já a chamava de “tenebrae”.

3. Feudalismo

O feudalismo é o termo que usamos para toda organização socialpolíticaculturalideológica e econômica que existiu na Europa durante a Idade Média. Esse conceito explica a estruturação da sociedade da Europa Ocidental, e a organização que ele representa existiu, na sua forma clássica, entre os séculos XI e XIII, aproximadamente.

Do século V ao século X, o feudalismo estava em processo de estruturação, uma vez que as relações políticas características da vassalagem estavam em formação, o poder da Igreja Católica estabelecia-se aos poucos, e a ruralização e feudalização da Europa desenvolviam-se.

Do século XI ao século XIII, o feudalismo estava no seu auge, sobretudo nas regiões que hoje correspondem à Alemanha, à França, e ao norte da Itália e da Inglaterra. A partir do século XIVo sistema feudal entra em decadência, uma vez que a Europa urbanizava-se e o comércio ganhava importância.

No feudalismo, os castelos eram um importante centro de poder, pois neles viviam os senhores feudais. [1] (Brasil Escola)

No aspecto econômico, podemos dizer que o feudalismo era um sistema baseado na produção agrícola e na exploração servil dos camponeses. Com o fim do Império Romano, a Europa Ocidental ruralizou-se e as pessoas empobrecidas passaram a estabelecer-se nas cercanias de grandes propriedades rurais, à procura de comida e proteção. Dessa situação criou-se a relação de dependência entre o senhor feudal e o camponês.

senhor feudal, dono das terras, permitia que o camponês ficasse nelas, desde que este cultivasse-as e entregasse parte do que tinha sido produzido àquele. O camponês era sujeito a uma série de tributos a serem pagos aos senhores feudais, tais como a corveia, a talha e a banalidade. O senhor feudal, por sua vez, tinha como obrigação proteger aqueles instalados em sua propriedade.

No âmbito religioso, a Igreja Católica era dona de grande influência, uma vez que seu poder chegava a atingir decisões do poder secular. A Igreja também elaborava a construção ideológica que justificava as desigualdades do mundo feudal. Na visão estipulada por ela, e abraçada pela nobreza, os servos cumpriam seu papel por uma designação divina.

A relação de suserania e vassalagem existente entre reis e nobres medievais era uma das principais formas de organização política na Idade Média (Brasil Escola)

A sociedade feudal era estamental, isto é, dividida em classes com funções muito bem definidas, e na qual a ascensão social era bastante difícil. Nela existiam três grandes classes sociais:

  • Nobreza (bellatores): classe privilegiada, detentora de terras, que tinha como função, dentro da ideologia medieval, proteger a sociedade;
  • Clero (oratores): membros da Igreja Católica que cumpriam funções religiosas. Também era uma classe privilegiada, uma vez que a Igreja detinha riqueza, poder e terras;
  • Camponeses (laboratores): grupo empobrecido que sustentava a sociedade feudal por meio de seu trabalho e dos altos impostos que pagava.

No aspecto político, a vassalagem era uma das grandes manifestações do feudalismo. Essa estrutura surgiu por volta do século VIII e estabelecia as relações de poder entre rei e nobres de cada reino.

Por meio da vassalagem, o rei (suserano) e os nobres (vassalos) realizam um acordo estabelecendo laços de fidelidade entre si. Os vassalos recebiam um feudo (terra) e tinham como obrigação auxiliar o seu suserano na execução da justiça, na administração do reino e na guerra, se necessário.

4. Principais acontecimentos

A Idade Média foi muito longa e, logicamente, impactada por diferentes acontecimentos importantes para a história humana. A Idade Média, em si, é fruto do fim do Império Romano do Ocidente, após o qual uma série de reinos germânicos estabeleceu-se na Europa Ocidental.

O caso mais simbólico foi o dos francos, povo germânico que se estabeleceu na Gália e formou um reino governado, primeiro, pelos merovíngios e, depois, pelos carolíngios. Estes foram a primeira grande dinastia a governar um reino na Europa, e, por meio de Carlos Magno, seu principal rei, formaram um império com um território bastante vasto.

O surgimento do islamismo no século VII marcou um rompimento do Ocidente com o Oriente, sobretudo quando os muçulmanos conquistaram a Península Ibérica. O avanço muçulmano na Europa só foi interrompido por Carlos Martel, em 732. Séculos depois, a Igreja Católica encontrou na guerra contra os muçulmanos uma forma de estender sua riqueza até o Oriente.

A Inquisição foi um dos eventos mais importantes da Idade Média. Nela, todos aqueles que não seguiam a doutrina da Igreja eram perseguidos e mortos (Brasil Escola)

As Cruzadas ocorreram do século XI ao século XII e mobilizaram tropas cristãs contra os muçulmanos, na Palestina e no norte da África. Ao todo foram nove cruzadas, sendo a primeira delas convocada pelo Papa Urbano II, em 1095. A nona Cruzada foi encerrada em 1272, e o objetivo inicial dos cristãos (conquistar Jerusalém) não foi alcançado.

Outros destaques que podem ser feitos sobre a Idade Média são o Império Bizantino e o estabelecimento da Inquisição. Assuntos também relevantes são a cultura e a ciência medievais, geralmente pouco estudadas.

5. Fim da Idade Média

O fim da Idade Média tem relação com o renascimento urbano e comercial que a Europa experimentou a partir do século XI. Novas técnicas agrícolas permitiram o aumento da produção de víveres, gerando um excedente que pôde ser comercializado. O aumento na produção de alimentos garantiu um aumento populacional, mas também do comércio e, consequentemente, da circulação de moeda.

Com o aumento populacional, o número de pessoas mudando-se para as cidades aumentou e a quantidade de comerciantes ao redor delas também. O século XIII intensifica esse processo de êxodo rural, pois as produções agrícolas ruins fizeram com que muitos buscassem sobreviver nas cidades.

A Peste Negra causou a morte de cerca de 1/3 da população europeia ao longo do século XIV (Brasil Escola)

O século XIV é quando os historiadores estipulam a fronteira final da Idade Média. Trata-se de um século de crise, caracterizado por guerras que causaram destruição e geraram mais fome, e isso resultou na Peste. O século XIV é marcado pela famosa Peste Negra — surto de peste bubônica responsável pela morte de 1/3 da população europeia ao longo desse período.

A fome gerou grandes revoltas de camponeses, sobretudo a partir do século XIII, e o crescimento urbano colocou fim no isolamento feudal. Revoltas também aconteceram nas grandes cidades, principalmente pela falta de empregos. Novas estruturas de poder começaram a surgir, a organização política dos reinos modificou-se e, assim, surgiram os Estados nacionais.

O enfraquecimento do feudalismo e o fortalecimento do comércio resultaram no mercantilismo. Quando Constantinopla cai e o comércio com o Oriente fecha-se, a Europa volta-se para o Oeste. A exploração do Oceano Atlântico abriu novas fronteiras e consolidou o fim da Idade Média.

Notas

|1| JUNIOR, Hilário Franco. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 11.

Crédito da imagem

[1] Lucamato e Shutterstock

Fontes

JUNIOR, Hilário Franco. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006.

LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Petrópolis: Vozes, 2016.

LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Petrópolis: Vozes, 2011.

Por Daniel Neves Silva
Professor de História

*Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

SILVA, Daniel Neves. "Idade Média"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/idade-media.htm. Acesso em 04 de setembro de 2024.

A virgindade de Maria: um teólogo?

A Anunciação , Beato Angélico, Museo del Prado, Madrid (à esquerda está representada a expulsão de Adão e Eva do Paraíso terrestre) | 30Giorni

Arquivo 30Giorni – 09/2009

A virgindade de Maria: um teólogo?

por Ignace de la Potterie

Em 392 realizou-se em Cápua um Concílio do qual também participou Santo Ambrósio. Foi proclamado para condenar solenemente um bispo que negou a virgindade perpétua de Maria. Hoje, mil e seiscentos anos depois, a mesma dúvida insinua-se sorrateiramente no corpo eclesiástico. Sem que o povo católico, e muitas vezes nem mesmo os seus guias teológicos, perceba o que está acontecendo.

Na realidade, esta concepção herética recuperou o fôlego já há cento e cinquenta anos, como consequência do famoso contraste entre o Jesus histórico e o Cristo da fé. Mas até agora permaneceu limitado aos círculos protestantes. Na verdade, os teólogos da famosa Escola de Tübingen foram protestantes, os primeiros a formulá-la. E no arquivo de Tübingen há um documento que mostra qual era o seu objetivo, que já foi declarado diversas vezes nas obras oficiais: se é possível quebrar todos os elos entre o que viveram os primeiros discípulos de Jesus e a história posterior que veio deles até nós – lemos – está aberto o caminho para reduzir o Evangelho a um “mitólogo”.

Esta concepção do Evangelho como mito foi retomada neste século, novamente em ambiente protestante, pela chamada escola Formgeschichte cujos dois fundadores são Rudolf Bultmann e Martin Dibelius. E foi o próprio Dibelius quem, num texto de 1932, usou pela primeira vez o termo “teólogo”.

Era um artigo sobre a concepção virginal de Maria, no qual Dibelius explicava que “teologumen” é uma teoria teológica que nada tem a ver com acontecimentos históricos. Os Evangelhos, segundo o Formgeschichte, não são livros históricos, mas falam de acontecimentos que, sob a influência da história das religiões, foram mitificados.

Esta tese, infelizmente, ainda é extraordinariamente atual. Apenas uma coisa mudou desde os tempos da Escola de Tübingen e do Formgeschichte : surpreendentemente, aqueles que hoje falam da concepção virginal de Maria e da ressurreição como “teologumen” são muitas vezes autores católicos!

O fenômeno começou imediatamente após o fim do Concílio Vaticano II com o famoso Catecismo Holandêsde 1966. É verdade que ali não se usa a palavra “teologumen”, mas lemos que a narração evangélica da concepção virginal significa apenas que Cristo é o dom de Deus à humanidade: ele é “inteiramente” concebido pelo Espírito Santo "". Mas então, ele não “nasceu mais da Virgem Maria”?

Esta tese foi posteriormente retomada por Edward Schillebeeckx, Raymond Brown e muitos outros autores até hoje. Muitos sustentam que o nascimento de Jesus, que ocorreu dentro de um casamento normal, foi então mitificado. Jesus é teologicamente o Filho de Deus, mas fisicamente é filho de José.

Na família católica, não é apenas o teólogo da moda Eugen Drewermann que afirma que as histórias de Lucas e Mateus sobre a concepção de Maria remontam aos mitos orientais, particularmente egípcios. O teólogo espanhol Xabier Pikaza afirma: «O “teologumen” é um fato primordial exclusivamente teológico. As leis naturais seguiram o seu curso, José manteve relações conjugais com Maria, mas através deste contato inter-humano [!] a mão poderosa de Deus se atualizou de tal forma que o aparecimento do filho foi, em última análise, a implementação definitiva do espírito divino, o gênese primordial do filho de Deus”. O que significa essa linguagem ambígua?

A Natividade , Beato Angélico, Museu de San Marco, Florença | 30Giorni

Muitos teólogos católicos concordam com Drewermann e Pikaza. Eles não querem aceitar a historicidade da história do Evangelho. No entanto, nenhum deles tem a capacidade real de levar a reflexão crítica até ao fim, perguntando de onde vem este “mito” e o que este “teologumen” pode ter sido historicamente. Porque é importante notar que não há absolutamente nenhum exemplo entre os mitos pagãos de uma mulher concebendo virginalmente. E como poderia uma pobre jovem judia, num casamento normal, ter a pretensão, só ela em toda a história da humanidade, de ter concebido o Filho de Deus? Isso só pode fazer sentido se for um evento real.

Hoje, porém, não é apenas a concepção virginal de Maria que cai sob o machado dos teólogos que querem reduzir o Evangelho a “teologumen”. Até a ressurreição corporal de Jesus é reduzida a um simples mito. E talvez não seja por acaso que sejam questionados o próprio início e o fim da vida de Cristo, isto é, os dois pólos sobre os quais assenta a encarnação. Estes são dogmas fundamentais da Igreja Católica, mas estes exegetas modernos não querem levar em conta a Tradição. Eles estabelecem uma ruptura clara e decisiva entre história e fé. E quais são as consequências? O teólogo alemão Karl Hermann Schelkle explica-lhe: «Se a teologia católica interpretasse a concepção virginal como um “teologumen”, teríamos que mudar muitas coisas na Igreja. O tema da inerrância da Bíblia, da infalibilidade da Igreja deveria ser reformulado, a consciência dos fiéis e a própria doutrina mariológica deveriam ser mudadas" (1) .

Somente um julgamento negativo pode ser dado a esta teoria do “teologumen”. Mas é certamente inegável que os próprios evangelistas acreditavam que a concepção virginal era um facto histórico (ver Lucas 3:23). E teriam ficado chocados ao ver as tentativas que alguns teólogos “católicos” fazem hoje para naturalizar a encarnação. 

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1 KH Schelkle, Theologie des Neuen Testaments , II, Patmos Verlag, Düsseldorf 1973, p. 182.

 Fonte: http://www.30giorni.it/

Rezar pelo grito da Terra!

Rezar pelo grito da Terra! (Vatican News)

Rezar pelo grito da Terra!

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo diocesano de Campos

Com esta intenção do Papa para o mês de setembro introduzimos o denominado Tempo de Oração pelo Cuidado da Criação. Esta experiência espiritual iniciou-se pela Igreja Ordodoxa em 1985, paulatinamente foram se unindo várias Igrejas Cristãs a iniciativa e o Papa Francisco aderiu em 2015. Este ano vem com o tema para o Dia mundial de Oração que abre o Tempo de Cuidado pela Criação:

“Espera e age com a Criação”. Inspirado na Carta de São Paulo aos Romanos que esclarece o profundo significado da vida no Espírito, a vivência da fé porque somos habitados pelo Espírito, e pelo seu derramamento em nossos corações superamos a lógica do mundo, tornando-nos cristãos fiéis e criativos para amar e cuidar da Terra e de todas as criaturas.

É pelo Espírito Santo que geme em nosso interior que aprendemos a escutar e atender os gemidos da Terra. Gemer diz o Papa manifesta inquietação e sofrimento, juntamente com suspiro e sonho. Pois toda a Criação está implicada neste processo de um novo nascimento, gemendo, espera libertação. Enquanto expectativa de um nascimento (a revelação dos filhos de Deus), a esperança é a possibilidade de permanecer firmes no meio das tribulações e contradições nunca desanimando face a barbárie humana. Esperança abraâmica, como espera paciente que antevê a realização dos sonhos. E com o espírito profético do abade calabrês Joaquin de Fiore, citado por Dante Alighieri que numa época de lutas acirradas e cruéis de conflitos entre o Papado e o Império, as cruzadas e os movimentos heréticos, soube apontar o surgimento de um novo espírito de convivência, amizade social e fraternidade social, explicitado pelo Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti. Esta harmonia deve pautar um novo relacionamento com a Criação a partir de um “antropocentrismo situado” desenvolvido na Laudate Deum.

A salvação que Cristo trouxe a humanidade é a esperança segura inclusive para a criação, com efeito, também ela será libertada da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus”. (Rm 8,21). Esperar e agir com a criação, exige unir forças caminhando com toda a humanidade, repensando seriamente a questão do poder humano, do seu significado e dos seus limites, (Laudate Deum,28).

Como as crianças reunidas na Praça de São Pedro por ocasião da Solenidade da Santíssima Trindade, compreenderam que o Espirito Santo acompanha-nos na vida e muda radicalmente nossa atitude, inspirados por Ele poderemos passar de predadores a cultivadores e cuidadores do jardim da Terra. E assim pela força do mesmo Espírito e sua presença em nós, faremos de nossa vida um cântico de amor para Deus, para a humanidade e a criação, vivendo a plenitude da santidade. Louvado seja Deus!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Transmitir a fé (II) (1)

Foto: Vironevaeh | Opus Dei

Transmitir a fé (II)

Dar exemplo, dedicar tempo, rezar… a transmissão da fé aos filhos é uma tarefa que exige empenho. Segunda parte do editorial sobre a fé e a família.

02/08/2012

Quando se busca educar na fé, não se deve separar a semente da doutrina da semente da piedade[1]: é preciso unir o conhecimento com a virtude, a inteligência com os afetos. Neste campo, mais que em muitos outros, os pais e educadores devem cuidar do crescimento harmonioso dos filhos. Não bastam algumas práticas de piedade com um verniz de doutrina, nem uma doutrina que fortaleça a convicção de dar o culto devido a Deus, de relacionar-nos com Ele, de viver as exigências da mensagem cristã, de fazer apostolado. É preciso que a doutrina se faça vida, que resulte em determinações, que não seja algo desligado do dia a dia, que se converta em compromisso, que leve amar a Cristo e aos demais.

Elemento insubstituível da educação é o exemplo concreto, o testemunho vivo dos pais: rezar com os filhos (ao levantar-se, ao deitar-se, ao abençoar os alimentos); dar a devida importância ao papel da fé no lar (prevendo a participação na Santa Missa durante as férias ou procurando lugares sadios – que não sejam dispersivos – para distrair-se) ; ensinar de forma natural a defender e transmitir sua fé, a difundir o amor a Jesus. “Assim, os pais infundem profundamente no coração de seus filhos, deixando marcas que os acontecimentos posteriores da vida não conseguirão apagar"[2].

É necessário dedicar tempo aos filhos: o tempo é vida[3], e a vida – a de Cristo que vive no cristão – é o melhor que se lhes pode dar. Passear, organizar excursões, falar de suas preocupações, de seus conflitos: na transmissão da fé, é preciso, sobretudo, “estar e rezar"; e se nos equivocamos, pedir perdão. Por outro lado os filhos também devem experimentar o perdão, que faz com que sintam que o amor que se lhes tem é incondicional.

POR PROFISSÃO, PAIS

Explica Bento XVI que os mais jovens, “desde que são pequenos, têm necessidade de Deus e têm a capacidade de perceber sua grandeza; sabem apreciar o valor da oração e dos ritos, assim como intuir a diferença entre o bem e o mal. Acompanhando-os, portanto, na fé, desde a idade mais tenra"[4]. Conseguir nos filhos a unidade no que se crê e o que se vive é um desafio que deve enfrentar evitando a improvisação, e com certa mentalidade profissional. A educação na fé deve ser equilibrada e sistemática. Trata-se de transmitir uma mensagem de salvação, que afeta toda a pessoa, e deve enraizar na cabeça e no coração de quem a recebe; e isto, entre aqueles que mais queremos. Está em jogo a amizade que os filhos tenham com Jesus Cristo, tarefa que merece os melhores esforços. Deus conta com nosso interesse por fazer-lhes acessível a doutrina, para dar-lhes sua graça e fixar-se em suas almas; por isso, o modo de comunicar não é algo acrescentado ou secundário à transmissão da fé, mas que pertence à sua própria dinâmica.

Foto: Bob Jagendorf | Opus Dei

Para ser um bom médico não é suficiente atender a uns pacientes: é preciso estudar, ler, refletir, perguntar, investigar, assistir a congressos. Para sermos pais, é preciso dedicar tempo a examinar-se sobre como melhorar no próprio trabalho educativo. Em nossa vida familiar saber é importante, o saber fazer é imprescindível e o querer fazer é determinante. Pode não ser fácil, porém não basta enganar-se escondendo-se nas outras tarefas que temos: convém sempre tirar alguns minutos do dia, ou umas horas nos períodos de férias, para dedicá-los a própria formação pedagógica.

Não faltam recursos que possam ajudar a este aperfeiçoamento: são muitos os livros, vídeos e portais da internet bem orientados nos quais os pais encontram ideias para educar melhor. Além disso, são especialmente eficazes os cursos de Orientação Familiar, que não só transmitem um conhecimento, ou umas técnicas, mas que ajudam a percorrer o caminho da educação dos filhos e o da melhoria pessoal, matrimonial e familiar. Conhecer com mais clareza as características próprias da idade dos filhos, assim como o ambiente no qual se movem seus iguais, forma parte do interesse normal por saber o que pensam, o que os move, o que os põe em dúvida. Em última análise, permite conhecê-los, e isso facilita educá-los de um modo mais consciente e responsável.

MOSTRAR A BELEZA DA FÉ

Conseguir que os filhos interiorizem a fé requer aproveitar as diferentes situações de modo que aconselhem a consonância entre as razões humanas e as sobrenaturais. Os pais e educadores devem sim, propor-se metas, porém mostrando a beleza da virtude e de uma existência cristã plena. Convém, pois, abrir horizontes, sem limitar-se a mostrar o que é proibido ou é obrigatório. Se não fosse assim, poderíamos induzir a pensar que a fé é uma dura e fria normativa que limita, ou um código de pecados e imposições; nossos filhos acabariam fixando-se somente na parte áspera da senda, sem ter em conta a promessa de Jesus: “meu jugo é suave"[5]. Pelo contrário, na educação deve estar muito presente que os mandamentos do Senhor valorizam a pessoa, a elevam a um desenvolvimento mais pleno: não são insensíveis negações, mas propostas de ação para proteger e fomentar a vida, a confiança, a paz nas relações familiares e sociais. É tentar imitar a Jesus no caminho das bem-aventuranças.

Seria, por isso, um erro associar “motivos sobrenaturais" ao cumprimento de encargos, ou tarefas. Ou de “obrigações" que lhes sejam difíceis. Não é bom, por exemplo, abusar do recurso de pedir à criança que tome a sopa como um sacrifício ao Senhor: dependendo de sua vida de piedade e de sua idade, pode se tornar conveniente, porém há que se procurar outros motivos que os estimulem. Deus não pode ser o “antagonista" dos caprichos, deve-se procurar antes que não tenham caprichos, e cheguem a estar em condições de alcançar uma vida feliz, desprendida, guiada pelo amor a Deus e aos demais.

Foto (Crédito: Opus Dei)

A família cristã transmite a beleza da fé e do amor a Cristo, quando se vive em harmonia familiar por caridade, sabendo sorrir e esquecer-se das próprias preocupações para atender aos demais, a não dar importância a pequenos atritos que o egoísmo poderia converter em montanhas; a depositar um amor grande nos pequenos serviços de que se compõe a convivência diária[6].

Uma vida dirigida para o esquecimento próprio é, um ideal atrativo para uma pessoa jovem. Somos os educadores os, que por vezes, não cremos totalmente, talvez porque ainda nos falte muito que caminhar. O segredo está em relacionar os objetivos da educação com motivos que nossos interlocutores entendam e valorizem: ajudar os amigos, ser úteis ou valentes... Cada criança terá suas próprias inquietações, que lhes faremos aparecer quando se questionem: por que viver a castidade, a temperança, a laboriosidade, o desprendimento; porque ser prudentes com a internet, ou por que não passar horas e horas com videogames. Assim, a mensagem cristã será compreendida na sua racionalidade e sua beleza. Os filhos descobrirão a Deus não como um “instrumento" com o qual os pais conseguem pequenas metas domésticas, mas como quem é: o Pai que nos ama acima de todas as coisas, e que temos de querer e adorar; o Criador do universo, a quem devemos nossa existência; o bom Mestre, o Amigo que nunca engana, e que não queremos nem podemos decepcionar.

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A. Aguiló

[1] Forja, n. 918.

[2] João Paulo II, Exhort. Apost. Familiaris consortio, 22-11-1981, n. 60.

[3]Sulco, n. 963.

[4] Benedito XVI, discusrso ao congresso

Eclesial das dioceses de Roma, 13-06-2011.

[5] Sulco, n. 198.

[6] É Cristo que passa, n. 23.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/transmitir-a-fe-ii/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF