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domingo, 8 de setembro de 2024

Transparência

Pedro e Cornélio (cancaonova)

Transparência

Dom Pedro Cipollini
Bispo de Santo André (SP)

Diante do mar de corrupção que assola as sociedades modernas, se impõe a reflexão sobre a justiça, honestidade e cidadania na gestão das coisas públicas. Grandes conclomerados econômicos não raro, vão à falência por falta de transparência na sua gestão. A transparência é importante não só por motivos éticos, mas também para se obter o sucesso almejado.

No atual pontificado, o papa Francisco colocou para a Igreja uma agenda de atualização e mudanças que inclui o máximo de transparência no governo eclesial, em todas as áreas. Isto não é fácil, mas esta é uma proposta que veio para ficar, mesmo porque já está sendo implementada.

Uma Igreja sinodal necessita da cultura e prática da transparência e prestação de contas (accountability, um termo inglês também utilizada noutras línguas), que são indispensáveis a fim de promover a confiança recíproca, necessária para caminhar juntos e exercer a corresponsabilidade pela missão comum. Na Igreja, o exercício da prestação de contas não responde em primeiro lugar a exigências de carácter social e organizativa. O seu fundamento está na natureza da Igreja que é  “mistério da comunhão”.

Na Biblia se encontram práticas de prestação de contas na vida da Igreja primitiva ligadas à preservação da comunhão. O cap. 11 dos Atos dos Apóstolos oferece um exemplo: quando Pedro regressa a Jerusalém depois de ter batizado Cornélio, um pagão (cf. At 11,2-3). Pedro responde com uma narrativa que presta contas da sua atuação. A prestação de contas do ministério à comunidade faz parte da tradição mais antiga da Igreja. A teologia cristã do serviço (stewardship) oferece um quadro de referência que permite compreender o exercício da autoridade no priema da transparência e prestação de contas.

No nosso tempo, impôs-se a exigência de transparência e prestação de contas na Igreja e por parte da Igreja, após a perda de credibilidade resultante dos escândalos financeiros e principalmente dos abusos sexuais. A falta de transparência e de formas de prestação de contas alimenta o clericalismo, que assenta no pressuposto implícito de que os Ministros ordenados não devem prestar contas a ninguém no exercício da autoridade que lhes foi conferida. Erro fruto da exclusão da idéia de serviço no ministério.

Se a Igreja quer ser acolhedora, então, prestação de contas e transparência devem situar-se no centro da sua ação a todos os níveis e não apenas a nível da autoridade. No entanto, quem desempenha cargos de autoridade tem maior responsabilidade neste campo. Deve incidir igualmente nos planos pastorais, métodos de evangelização e modalidades com que a Igreja respeita a dignidade da pessoa humana.

A transparência deve ser uma característica do exercício da autoridade na Igreja. Hoje em dia, são necessárias estruturas e formas de avaliação regular do modo como são exercidas todas as responsabilidades. A avaliação, entendida em sentido não moralista, permite  introduzir ajustamentos e favorece o crescimento e a capacidade dos agentes de pastorais de prestarem um serviço melhor.

Acostumamos medir a honestidade alheia pela nossa, mas sempre é necessário ter presente que o melhor caminho é a honestidade, a transparência. Sabemos que não tardará a transigir sobre o fim quem está disposto a transigir sobre os meios. Enfim, como escreveu Lacordaire, político, jornalista orador sacro do oitocentos: “honesto é aquele que mede o seu direito pelo seu dever”.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Reflexão para o XXIII Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

“A Fé e a Palavra”: No Evangelho Jesus curou um surdo que, por causa dessa deficiência, falava com dificuldade. O Senhor o levou para fora da multidão, tocou-o em seu ouvido e língua e disse sobre ele: "Abre-te!"

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A segunda leitura de hoje, tirada da Carta de São Tiago, nos questiona quanto ao nosso relacionamento com as pessoas que são ricas, bonitas, inteligentes, realizadas profissionalmente, afetivamente, enfim, como nos portamos diante das pessoas bem sucedidas de acordo com o critério mundano. Ao mesmo tempo, São Tiago também analisa nosso comportamento em relação ao pobre, ao deficiente, ao feio, ao menos inteligente, ao desempregado, ao sem teto, enfim aos marginalizados em nossa sociedade.

Se somos batizados, se fizemos a profissão de fé cristã e a renovamos a cada domingo no momento do Credo, deveremos agir como Jesus Cristo e ter um especial carinho pelos pobres e oprimidos já que eles mereceram uma atenção especial de Jesus e continuam sendo os filhos queridos do Pai.

Contudo, deixamos a carne falar mais forte e agimos de acordo com os critérios humanos, mesmo sabendo que fazemos algo errado. O belo, o aceito socialmente nos atrai tanto, na mesma proporção em que repugnamos o feio. Ao mesmo tempo demonstramos também nossa fragilidade, temendo a reação do mundo, em não sermos aceitos por causa de nossa postura socialmente incorreta diante dos códigos sociais elitistas. Aí renegamos o Cristo crucificado, que está no marginalizado, e abraçamos as pompas e as obras que o crucificaram.

Muitas vezes conseguimos ter atitudes cristãs dentro das igrejas, na hora da missa, mas tal não consegue resistir a um confronto em um ambiente extra eclesial. É na sociedade, nos casamentos, nas festas, no trabalho, na rua, nos hospitais, que somos chamados a sermos sal da terra e luz do mundo. É aí que deveremos fazer a diferença.

Criticamos muito os nossos políticos e deveremos continuar criticando-os quando não fazem o que prometeram em época de eleições. Alguns até se deixam subornar por dinheiro ou por acordos partidários.

Mas atenção,  não só os políticos corruptos são coniventes com os erros denunciados por uma frase do livro do Eclesiastes (13,3), mas também nós: "O rico comete uma injustiça e ainda se mostra altivo, o pobre é injustiçado e ainda se desculpa”. Concordaremos com isso ou vamos lutar pela justiça, evitando discriminação? Se cremos em Deus, nossas relações serão marcadas pela justiça e pela caridade.

No Evangelho Jesus curou um surdo que, por causa dessa deficiência, falava com dificuldade. O Senhor o levou para fora da multidão, tocou-o em seu ouvido e língua e disse sobre ele: "Abre-te!"  O surdo, como não escuta, não sabe o que passa ao seu redor e geralmente, como no relato de hoje, tem dificuldade em se expressar e, por tudo isso se sente e é marginalizado. Jesus o retirou dessa situação, devolvendo-o capacitado. A ação cristã o reintegrou à sociedade.

Ao mesmo tempo o Senhor recomenda silêncio em relação ao seu feito. Perguntamo-nos o porquê? Porque Ele sabe que o testemunho dado só será possível quando as pessoas passarem, como ele Jesus passou, pela cruz e ressurreição. É no Calvário que surge o homem novo, o homem que supera os contra valores mundanos e revela a fé autêntica, a entrega radical ao querer do Pai, isto é, à prática da justiça.

Se Deus privilegia os pobres, que lugar ocupa os carentes em minha vida? Até onde pratico e luto por uma justiça social?

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 7 de setembro de 2024

Viagem à Ásia, entre os presentes de Francisco uma medalha que fala ao Oriente

Lado anverso das medalhas de prata e bronze da 45ª Viagem Apostólica Internacional do Papa Francisco à Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura (Vatican Media)

Segundo a tradição, o Papa oferece às autoridades políticas e religiosas uma medalha cunhada por ocasião da viagem apostólica. Em poucos centímetros de diâmetro, os quatro países orientais são resumidos através dos seus símbolos principais, dominados pela proteção da Virgem com o Menino. No anverso da medalha, o brasão papal. A partir do terceiro ano de pontificado, por vontade do próprio Pontífice, não aparece a sua imagem, mas apenas o seu brasão.

Maria Milvia Morciano – Vatican News

O Papa Francisco doou, como é habitual, o medalhão comemorativo da viagem e a medalha de ouro do pontificado ao presidente da República da Indonésia, e doará também aos presidentes de Timor-Leste e Singapura e ao governador-geral da Papua Nova Guiné, bem como a cada nunciatura apostólica dos quatro países visitados. Ele entregará uma medalha da viagem ao primeiro-ministro de Singapura.

O presente, um vínculo de amizade

Na tradição mais arcaica, o presente é algo que uma pessoa leva consigo quando vai a um lugar. A troca de presentes é recíproca, entre convidado e anfitrião, símbolo universal de amizade e, portanto, de vínculo. Basta ler os poemas gregos para ter uma ideia precisa e perceber também como esse uso manteve o mesmo significado ao longo do tempo.

Uma linguagem dos tempos que mudam

Durante as suas viagens, o Papa dá e recebe presentes que, para além do seu valor intrínseco, têm um valor metafórico. As medalhas estão entre elas e o fato de serem realizadas para a ocasião, de terem imagens compreensíveis em todos os lugares e em todas as línguas, sublinha estes aspectos. O reverso anuncia os locais visitados ou as ocasiões nos seus aspectos fundamentais. O anverso refere-se ao Papa, ao seu nome e ao ano do seu pontificado. Nas medalhas papais o busto do Pontífice ficava principalmente de perfil, mas com o passar do tempo parece girar progressivamente, primeiro em três quartos e depois em posição frontal, que acabou prevalecendo. O perfil, na tradição das moedas gregas e romanas, mas também do Renascimento, provavelmente faz mais sentido no baixo-relevo inscrito nos poucos centímetros disponíveis, mas também confere à pessoa retratada um carácter hierático e, portanto, uma sensação de distância em quem olha. Talvez para evitar tudo isto, as imagens dos Papas mais recentes têm rostos a três quartos, ou estão em posição frontal, e por vezes com sorriso. A medalha por sua natureza parece querer parar o tempo, comemora uma determinada ocasião oficial, mas destaca, como qualquer obra figurativa, as mudanças de estilo, a percepção dos símbolos, sobretudo as mudanças na forma de comunicar: é uma verdadeira e própria linguagem de sinais em miniatura.

Com o Papa Francisco não a imagem, mas o seu brasão

Nos primeiros anos de seu pontificado, o Papa Francisco também foi representado de perfil ou vista de três quartos, mas com o tempo, em vez do rosto, o brasão papal se destaca no anverso da medalha. Aparece junto com outras figuras, por exemplo, uma criança na medalha anual do segundo ano de pontificado. Por fim, prevalece o seu brasão, acompanhado pelo nome e ano de pontificado: uma mudança de estilo que acaba por se consolidar totalmente.

Eleonora Giampiccolo, diretora do Departamento de Numismática da Biblioteca Apostólica Vaticana, confirma que “desde o terceiro ano de pontificado, nas medalhas oficiais, bem como nas moedas, do Papa Francisco a sua imagem já não está presente, mas o brasão, por escolha do próprio Pontífice. Não existe lei que estabeleça a presença ou ausência de uma ou de outra representação. É verdade que antigamente a representação do busto prevalecia nas medalhas, sobretudo nas anuais, mas em tempos mais recentes não faltam exemplos de medalhas oficiais em que encontramos o brasão em vez da imagem. Refiro-me, por exemplo, a algumas medalhas de Paulo VI, as celebrativas do 39º Congresso Eucarístico de Bogotá (1968), da viagem a Uganda (1969) e da viagem ao Extremo Oriente (1970). Elas trazem o brasão e não a imagem. Para as moedas, no passado, brasões e imagens se alternavam indiferentemente."

Arianna Cicconi criou a medalha comemorativa da viagem do Papa Francisco à Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura de 2 a 13 de setembro de 2024, cunhada pela empresa Senesi. Ela descreve isso nos microfones dos meios de comunicação do Vaticano: “A medalha é um conjunto de símbolos dos países que o Papa visitará. Em particular, temos o Merlion para Singapura, a ave do Paraíso para a Papua Nova Guiné, um rapaz usando o kaibauk para Timor-Leste que é um cocar tradicional, e por fim, o Garuda dourado para a Indonésia, um símbolo nacional, ou seja, uma águia dourada. No centro, continua a desenhista, eu quis também incluir a figura de Nossa Senhora com o Menino em atitude de bênção, como que para consagrar a visita do Papa. Por fim, considerando que na minha opinião se trata de países com uma natureza de uma beleza incrível, eu quis acrescentar alguns elementos como flores e plantas típicas e uma faixa no centro com um elemento decorativo que lembra a água, porque são locais com tradições muito fortes ligadas ao mar. Quis fazer esta homenagem que pudesse abranger tanto o ponto de vista cultural da tradição quanto da natureza que são fundamentais para este povo”, conclui.

Uma das grandes dificuldades da arte da medalha é inserir e tornar legíveis tantos símbolos num espaço relativamente pequeno. Cicconi observa que “obviamente o espaço é limitado e procuramos sempre dar a mesma importância a cada elemento, até porque podemos criar o risco de a composição ficar muito cheia, e que os elementos se percam e se confundam. Criar o equilíbrio certo é bastante difícil, mas fazendo várias tentativas consegue-se sempre chegar à harmonia desejada."

Cliente e inspiração

“Recebi sugestões sobre quais tipos de símbolos representativos usar, e depois analisei mais detalhadamente para ver do que se tratava e como inseri-los corretamente. Por exemplo, o cocar típico de Timor-Leste foi inicialmente apenas mencionado pela Secretaria de Estado e eu nem sabia o que era. Obviamente acho que um artista, um desenhista, deve sempre se aprofundar nas sugestões que um cliente lhe dá, também para poder criar uma obra o mais completa possível”, explica Arianna Cicconi.

Partir de um esboço

Sobre a escolha dos símbolos e elementos que farão parte da composição, o artista explica: “Normalmente parto de um esboço, ou melhor, de uma série de esboços que depois são examinados pelo cliente e geralmente não se consegue resolver rapidamente porque há sempre preferências ou um estilo que o cliente prefere".

Um estilo que segue a tradição

O estilo de Arianna Cicconi é clássico, harmonioso, inspirado na grande tradição romana do barroco, como ela confirma: “Gosto muito de um estilo decorativo clássico. Estou muito inclinada para este tipo de imagens e representações. Não me sinto muito confortável com o abstracionismo ou com a linguagem minimalista atual. Algumas vezes me pediram esse tipo de design, mas acho a linguagem clássica mais adequada".

Os muitos passos para realizar uma medalha

Mas como se faz uma medalha? Quais são as etapas desde o esboço até o objeto finalizado? Arianna Cicconi explica as principais etapas que no nível tradicional incluem sempre a criação de um modelo de gesso, pelo menos até a chegada das tecnologias digitais. “O artista faz um esboço a partir do qual se desenha um modelo de gesso que depois é inserido numa máquina chamada pantógrafo que consegue reduzir as dimensões do baixo-relevo que tem um diâmetro maior - a medalha que criei tem 30 centímetros e assim é uma medalha importante – e se cria um modelo de bronze. É feita uma fundição em areia e criada a reprodução exata do bronze que é inserido dentro do pantógrafo e consegue reduzir as dimensões perfeitamente à escala, mantendo a modelagem e o desenho. Consegue-se reduzi-lo em muitos centímetros e assim criar uma punção, ou seja, um material criativo positivo com baixo-relevo positivo e não cavado. Da punção obtêm-se vários cones que são o negativo da modelagem. Depois de vários acabamentos com outros punções, obtém-se finalmente a matriz que se tornará então a fundamental, ou seja, aquela que será utilizada diversas vezes para o batimento de todas as peças”.

Diferença entre medalha e moeda

A autora da medalha para a viagem à Ásia e Oceania, quando questionada sobre a diferença entre medalha e moeda, explicou que “A medalha é antes de tudo um produto artístico, pode também ter formas e relevos particulares que também podem ser abstraídos da forma circular que é quase fundamental para a moeda. Além disso, pode ter relevos muito mais elevados e elementos particulares, ou seja, suplementos. Pode-se jogar muito mais no âmbito artístico. São peças mais raras porque uma medalha tem um valor inferior enquanto a moeda tem um valor institucional porque tem um valor em si, o valor nominal que pode ser lido no anverso da moeda que está sempre presente, pelo menos no que diz respeito às moedas em circulação, porque também existe uma diferença entre as moedas em circulação, ou seja, aquelas que podem ser utilizadas para pagar e as moedas de coleção que também podem ser mais artísticas, que podem ter características mais originais, enquanto as moedas atuais respeitam características rigorosas de produção, ou seja, um relevo de uma certa altura, um tamanho específico e principalmente uma certa percentagem de metal.

Uma Santa Ana jovem para o Canadá

Arianna Cicconi também criou outras medalhas para o Papa Francisco, por exemplo, a da viagem apostólica ao Canadá em 2022. “Foi a primeira medalha para uma viagem apostólica que me pediram para fazer. Na verdade, foi realmente uma emoção. Alguns anos antes, quando ainda frequentava a Escola de Arte da Medalha do Instituto Poligráfico e da Casa da Moeda do Estado de Roma, que frequentei até 2021, um dos meus projetos foi selecionado para a medalha do IX ano de pontificado do Papa Francisco. A medalha canadense, em particular, é um dos projetos que mais me são caros porque gostei muito da figura de Santa Ana com a menina Maria nos braços e depois ao lado dessas duas figuras uma decoração de folhas de bordo que são o símbolo do país. Lembro-me que me disseram que o Papa apreciou o meu desenho porque fui uma das poucas entre todos os seus participantes neste concurso que representou Santa Ana com uma aparência jovem e, portanto, com uma beleza inocente. Isso me emocionou de uma forma particular porque era exatamente isso que eu queria comunicar.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

24º santuário de Schoenstatt no Brasil será inaugurado em Maringá

Santuário de Schoenstatt em Maringá (PR) | Instagram/Schoenstatt Maringá |ACI Digital

Por Monasa Narjara*

6 de setembro de 2024

Um novo santuário da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt será inaugurado no Jardim Paraíso, em Maringá (PR), no domingo, 8 de setembro, dia em que a igreja celebra a festa da Natividade de Nossa Senhora, com uma missa às 10h30, celebrada pelo arcebispo de Maringá, dom Severino Clasen e concelebrada pelo diretor nacional do movimento de Schoenstatt, padre Antônio Bracht. Este será o 24º santuário de Schoenstatt no Brasil.

O santuário da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt de Maringá ficará ao lado da capela são Bonifácio, primeiro templo religioso edificado do município e será uma réplica do santuário original de Schoenstatt em Vallendar, na Alemanha.

Durante a missa de inauguração do santuário serão depositadas sob o altar três relíquias de santos. Uma da santa italiana Maria Goretti, conhecida como a mártir da pureza, e outras duas dos pais de santa Teresinha do Menino Jesus, são Luís e santa Zélia Martin, primeiro casal a alcançar a santidade juntos na história da Igreja.

O santuário será administrado pela Associação da Família de Schoenstatt de Maringá (Afasm) e pelo Instituto de Famílias de Schoenstatt. O Movimento Apostólico de Schoenstatt iniciou sua evangelização nas paróquias da arquidiocese de Maringá, em 1983, com a Campanha da Mãe Peregrina e já tem o ramo da Obra de Famílias e da juventude do movimento. Ele foi fundado pelo padre José Kentenich, no dia 18 de outubro de 1914, em Schoenstatt, na Alemanha. A espiritualidade de Schoenstatt é a Aliança de Amor que os membros selam com a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, em seus santuários - sendo uma viva presença de Maria na Igreja e no mundo. Atualmente o movimento tem mais de 200 santuários iguais ao original, em todo o mundo.

*Monasa Narjara é jornalista da ACI Digital desde 2022 e foi jornalista na Arquidiocese de Brasília entre 2014 a 2015.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/59107/24o-santuario-de-schoenstatt-no-brasil-sera-inaugurado-em-maringa

Por que a amizade é um presente de Deus?

grupo de amigos | OPOLJA-Shutterstock

Por Mónica Muñoz - publicado em 07/09/24

O ser humano é sociável por natureza, por isso a amizade é um presente inestimável que deve ser aprendido a cultivar e a ser cuidado como um tesouro valioso.

Os laços emocionais são muito importantes na vida das pessoas. Sinceramente, ninguém consegue viver afastado da sociedade, pois mesmo os eremitas têm contato de vez em quando com outros seres humanos, faz parte da nossa natureza. E a amizade é um vínculo vital.

É por isso que Deus nos tornou aptos para viver em sociedade e nos permite aprender a viver juntos, porque também é verdade que às vezes é difícil compreendermo-nos com todas as pessoas.

O amigo é um tesouro

Com o passar dos anos, conhecemos muitas pessoas com quem estreitamos laços, ora duradouros, ora fugazes, porém são poucos os que nos acompanham ao longo do nosso percurso de vida.

Por esta razão, a Sagrada Escritura inclui várias passagens que exaltam a amizade:

“Um amigo fiel é um refúgio seguro; Quem o encontra, encontrou um tesouro. O que ninguém daria por um amigo fiel? Inestimável! Um amigo fiel é como um remédio que salva; aqueles que temem ao Senhor o encontrarão. Aquele que teme ao Senhor encontrará um amigo verdadeiro, pois como ele é, seu amigo também será.” ( Senhor. 6, 14-17 ),

Somos amigos de Jesus

O Senhor Jesus também contou com a amizade tanto dos seus discípulos como de algumas famílias escolhidas, como a de Lázaro, Marta e Maria.

E gostava de participar de reuniões onde pudesse dividir a mesa e a alegria com os amigos. E o melhor de tudo é que ele também nos considera seus amigos:

"Não há amor maior do que dar a vida pelos amigos. Vocês são meus amigos se fizerem o que eu lhes ordeno. Já não os chamo de servos, porque o servo não sabe o que seu senhor faz; eu os chamo de amigos, porque eu vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” ( Jo 15, 13-15 ).

Seja leal na amizade

É por isso que você deve cuidar dos seus amigos e ser leal, como afirma o livro do Eclesiástico:

 "...quem insulta um amigo romperá a amizade. Se você desembainhou a espada contra seu amigo, não se desespere: você pode voltar. Se você falou asperamente, não tenha medo: a reconciliação é possível. Mas se envolver insultos, desprezo, segredo traído ou golpe traiçoeiro, qualquer amigo partirá” ( Sir 20, 20-22 ).

Que a nossa vida seja enriquecida com o dom da amizade, porque os amigos também podem ajudar-nos a chegar ao céu.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/09/07/por-que-la-amistad-es-un-don-de-dios

A missão de Jesus na Galiléia segundo Santo Ambrósio de Milão

Jesus vence as tentações (Diocese de Marabá)

A missão de Jesus na Galiléia segundo Santo Ambrósio de Milão

Por Dom Vital Corbellini

Bispo de Marabá (PA)

O Evangelista São Lucas colocou a missão de Jesus, na Galiléia, após vencer as tentações do Diabo, no deserto, referentes ao ter, poder e prazer, como ponto fundamental de sua vinda neste mundo em vista da salvação da humanidade. Jesus estava cheio da força do Espírito de modo que iniciou a sua missão na Galiléia, que o levaria até Jerusalém, pela paixão, morte e ressurreição. Aquele povo viu uma grande luz, como já o relatou o profeta Isaias (cf. Is 8,23), sendo Jesus Cristo a grande luz que “ilumina todo o ser humano que vem a este mundo” (cf. Jo 1,9). A seguir nós veremos a descrição elaborada por Santo Ambrósio na colocação da missão de Jesus a partir da Galiléia (1).

A palavra de Jesus nos profetas

Seguindo o evangelho de Lucas tem presente que Jesus foi para a sinagoga de Nazaré, sua terra natal no sábado e logo lhe deram o livro do profeta Isaias. Santo Ambrósio colocou a presença do Senhor na vida dos profetas e nas profecias. Foi Ele quem falou nos profetas para afirmar a unidade do Antigo Testamento com o Novo Testamento e que o Espírito do Senhor estava sobre Ele (cf. Lc 4,17) (2) .

A presença da Trindade santa

Na passagem do livro do profeta Isaias que fala da presença do Espírito Santo, (cf. Is 61,1s) santo Ambrósio viu também a Trindade Co-eterna e perfeita. Jesus é Deus e homem, perfeito em ambas as naturezas com a presença do Pai e do Espírito Santo, sendo este cooperador, quando em forma corporal, ao modo de pomba, desceu sobre Cristo no momento que em que o Filho de Deus era batizado no rio, e o Pai falava do alto do céu (cf. Lc 3,21-23) (3).

O texto de Isaias

Jesus tomou o livro de Isaias na qual disse que Ele foi ungido com o óleo espiritual e com o celeste poder, a fim de regar a pobreza da humana condição com o tesouro eterno da ressurreição, afastar as pessoas do cativeiro, iluminar as cegueiras das almas, pregar o ano do Senhor que se estenderá pela perpetuidade dos tempos (cf. Lc 4, 18-19) (4). Jesus assumiu este programa de vida, para libertar as pessoas de suas escravidões, dando-lhes vida, paz e amor.

A recusa do seu povo

O povo tinha os olhos fixos nele, admirado pelas palavras cheias de encanto que saiam de sua boca. Em seguida este povo se fechou à presença do Senhor, na qual ele disse que nenhum profeta é bem aceito em sua pátria (cf. Lc 4,24). Para o bispo de Milão a inveja daquelas pessoas falou mais alto que a caridade. O Senhor não foi acolhido pelo povo de sua terra natal, sendo desprezado por pessoas invejosas que não viam nele a manifestação da divindade, da presença de Deus em sua vida, porque eles permaneceram na realidade visível, humana (5).

Não realização de milagres

Diante da incredulidade daquelas pessoas em Nazaré, sua terra, Jesus não realizou milagre algum em sua pátria, não pelo fato de que foi indiferente ao afeto de sua pátria, mas pela sua incredulidade, porque Jesus amava os seus concidadãos. No entanto, segundo Santo Ambrósio, foram estes que abdicaram da caridade à pátria por assumirem uma atitude invejosa, uma vez que a caridade não tem inveja e também não é orgulhosa (cf. 1 Cor 13,4) (6). O fato de que Jesus cresceu naquela pátria, não seria o maior milagre? No entanto a inveja daquelas pessoas não deu uma atitude de acolhida e de amor a Jesus (7).

Os exemplos da viúva de Sarepta e do sírio Naamã

O bispo de Milão teve presentes os casos da viúva de Sarepta, na Sidônia onde Elias prestou uma grande ajuda pela sua confiança em Deus enquanto as outras pessoas manifestaram-se incrédulas, não se convertendo ao Senhor (cf. Lc 4,25). Igualmente haviam muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã (cf. Lc 4,27)(8). O Senhor quis dizer, segundo Santo Ambrósio, que nenhuma pessoa é curada ou libertada da doença que lhe macula o corpo senão se empenha em busca da saúde com uma religiosa submissão, porque os benefícios divinos não se concedem aos que dormem, mas eles são dados aos observantes do mandamento da lei de Deus (9). O fato é que o profeta Eliseu não fez curas de leprosos ao povo de Israel pelas suas incredulidades. O benefício divino supera a nacionalidade das pessoas porque é dado para aqueles e aquelas que manifestam a bondade no Senhor, a confiança na cura pela medicina, o amor de Deus dado às pessoas nas quais os dons divinos são concedidos (10).

A revolta das pessoas de Nazaré

Diante daquelas palavras e ações, os nazarenos levantaram-se contra Jesus e lançaram-no fora da cidade (cf. Lc 4,28-29). A sua missão passou pelo sofrimento naquele momento, mas ela será dada em Jerusalém. Enquanto Jesus distribuiu benefícios divinos entre os povos, em outras comunidades, as pessoas de casa, em Nazaré, infligiram-lhe injúrias. Sendo o verdadeiro Mestre, com o exemplo de vida, ensinou aos seus discípulos e a todas as pessoas que o seguem como fazer-se tudo para todos, não rejeitou aqueles que o queriam acolhê-lo, nem constrangiu os que não o almejavam, não resistiu aos que o lançaram fora, nem faltou aos que o invocavam . Desta forma Jesus abandonou os nazarenos, como gente fraca e ingrata, segundo o bispo de Milão, por não poderem suportar os seus milagres, por não verem nele o Filho de Deus na carne .

A missão de Jesus na Galiléia foi o início de sua grande caminhada que o levará até Jerusalém na qual ele doará a sua vida pela salvação humana. Santo Ambrósio teve presentes estes pontos nas quais viu Jesus como Redentor, o Salvador do gênero humano.

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1 Cfr. Santo Ambrósio. Comentário ao Evangelho de São Lucas. Tradução de Luciano Rouanet Bastos. São
Paulo: Paulus, 2022, pg. 220.
2 Cfr. Idem, pg. 220.
3 Cfr. Ibidem, pg. 220-221.
4 Cfr. Ibidem, pg. 221.

5 Cfr. Ibidem, pg. 221
6 Cfr. Ibidem, pg. 222.
7 Cfr. Ibidem, pg. 222.
8 Cfr. Ibidem, pg. 222.
9 Cfr. Ibidem, pg. 223.
10 Cfr. Ibidem, pg. 223.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa: a Igreja seja testemunha de coragem, beleza e esperança!

Encontro com os Bispos de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão (Vatican Media)

O último evento para Francisco este sábado, 7 de setembro, foi com bispos, sacerdotes, consagrados e catequistas não só de Papua Nova Guiné, mas também das Ilhas Salomão. O Pontífice buscou inspiração nos missionários dessas ilhas para encorajar os membros da Igreja a irem avante com confiança e um olhar especial voltado às periferias.

Vatican News

"A coragem de começara beleza de estar e a esperança de crescer" estes foram os três aspectos ressaltados pelo Papa ao se reunir no Santuário de Maria Auxiliadora de Papua Nova Guiné com os bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas, seminaristas e catequistas. O nome do Santuário remete a Dom Bosco, que se sentiu inspirado por Nossa Senhora a construir uma igreja em sua homenagem, prometendo-lhe grandes graças. "E assim aconteceu: a igreja foi construída – uma maravilha – e tornou-se centro de irradiação do Evangelho, de formação dos jovens e de caridade, ponto de referência para muita gente."

Esta história pode inspirar também o caminho cristão e missionário da Igreja de hoje, afirmou o Papa, tendo por primeiro "a coragem de começar". A mesma coragem que tiveram santos e beatos representados nos vitrais do santuário, como Pedro Chanel, João Mazzucconi e Pedro To Rot, mártires da Nova Guiné, e depois Teresa de Calcutá, João Paulo II, Maria McKillop, Maria Goretti, Laura Vicuña e Zeffirino Namuncurà, Francisco de Sales, João Bosco, Maria Domenica Mazzarello. "É graças a eles, aos seus 'começos' e 'recomeço', que estamos aqui e, hoje, apesar dos desafios que também não faltam, continuamos a avançar, sem medo, sabendo que não estamos sós: o Senhor age, em nós e conosco."

A este respeito, o Papa indicou uma via importante para onde dirigir os “começos”, ou seja, as periferias do país. "Penso nas pessoas que pertencem às camadas mais desfavorecidas das populações urbanas, bem como nas que vivem em zonas mais distantes e abandonadas, onde chega a faltar o necessário. E ainda naquelas que, por causa de preconceitos e superstições, são marginalizadas e feridas, moral e fisicamente. A Igreja deseja estar particularmente próxima destes irmãos e irmãs", garantiu Francisco.

O Pontífice pediu que os presentes não esqueçam do estilo de Deus: compaixão, ternura e proximidade. "Se um bispo, consagrado, sacerdote não é terno, compassivo e próximo, não tem o espírito de Jesus", acrescentou.

Isto leva ao segundo aspecto: a beleza de estar. Não existem “técnicas” para o fazer, mas simplesmente cultivar e partilhar com nossos irmãos a alegria de ser Igreja. "A beleza de estar não se experiencia tanto em grandes eventos e momentos de sucesso, mas sobretudo na lealdade e amor com que, quotidianamente, nos esforçamos por crescer juntos."

E, deste modo, chega-se ao terceiro e último aspecto: a esperança de crescer. É ter confiança na fecundidade do apostolado, continuando a lançar pequenas sementes de bem nos sulcos do mundo. Podem parecer minúsculas, mas darão fruto. "Por isso, continuemos a evangelizar, com paciência, sem nos deixarmos desencorajar pelas dificuldades e incompreensões", encorajou Francisco.

"Continuem assim a sua missão, como testemunhas de coragembeleza esperança! Agradeço por tudo o que fazem, abençoo-os de coração e peço, por favor, que não se esqueçam de rezar por mim", concluiu o Pontífice.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Regina

Santa Regina (A12)
07 de setembro
País: França
Santa Regina

Santa Regina viveu no século III, na França, sua família tinha uma boa condição financeira, seu pai, Clemente, era um servidor do Império Romano e era pagão. Ela é virgem e mártir e considerada padroeira das vítimas da tortura, dos pastores e dos carpinteiros.

A história conta que a sua mãe morreu durante o parto e uma ama de leite, que era cristã, educou a menina nos caminhos da fé e fez com que ela fosse batizada.

Santa Regina continuou morando em sua casa e sendo cuidada pela mulher cristã. A cada dia se tornava mais piedosa e tinha a convicção de que queria ser esposa de Cristo.

Sua beleza chamava a atenção de muitos homens, mas ela se afastava de todos, preferindo passar a maior parte do tempo em seu quarto em oração e penitência.

Quando o pai de Regina ficou sabendo que a empregada que cuidava de sua filha era cristã, demitiu-a e expulsou a filha de sua casa. Sem ter para onde ir, encontrou abrigo na casa da mulher que a tinha criado. Lá, ela foi acolhida como membro da família e continuou recebendo a formação cristã. Ela assumiu um trabalho pouco nobre naquela época: pastorear ovelhas.

O prefeito da cidade chamado Olibrio apaixonou-se por ela e pediu sua mão em casamento. Ele, porém, era pagão e assumidamente anticristão. E Regina, consolidada na fé cristã, recusou o pedido. Ao perceber que nada conseguiria com a bela jovem, muito menos convencê-la a abandonar sua fé, ele friamente a mandou para o suplício. Regina sofreu todos os tipos de torturas.

Estando no cativeiro, ela recebeu o consolo divino através de uma visão da cruz e ouviu uma voz que dizia que a sua libertação estava próxima. Olibrio, então, mandou que fosse torturada mais uma vez e depois decapitada.

Segundo as Atas dos Mártires, em 7 de setembro do ano 251, foi decapitada. Segundo a tradição, naquele momento apareceu uma pomba branca que causou a conversão de muitos dos presentes, como um sinal da presença do Espírito Santo.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santa Regina é mais uma na lista das mártires da fé. Sua história mostra a fortaleza da fé que tudo supera e tudo enfrenta. Mesmo diante dos desafios difíceis se manteve consolidada na fé cristã.

Oração:

Deus Pai de amor conceda-nos acreditar na vossa presença entre nós e a dedicar tempo para fortalecer os laços de nossa fé. O exemplo de Santa Regina faça-nos dedicar todo nosso amor para vos louvar acima de todas as coisas. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Lealdade dos cristãos e tolerância de Roma

Ilaria Ramelli, Cristãos e o Império Romano. Em memória de Marta Sordi , Marietti 1820 , Gênova – Milão 2011, 96 pp., | 30Giorni

Arquivo 30Giorni – 10/2011

Lealdade dos cristãos e tolerância de Roma

As fontes antigas sobre a relação entre o cristianismo primitivo e Roma, discutidas nos estudos da historiadora Ilaria Ramelli, contradizem a crença comum de uma potência romana ideologicamente hostil aos cristãos.

por Lorenzo Bianchi

O pequeno e muito recente volume de Ilaria Ramelli, filóloga e historiadora, estudiosa do cristianismo antigo, contém, como ela mesma indica no prefácio, uma seleção de pequenos artigos informativos publicados em 2009 e 2010 no Avvenire . Contudo, não se trata de todo, como se poderia crer, de uma simples reedição de intervenções agregadas por afinidade temática, nem de um mero trabalho de compilação, mas de um resumo preciso e muito denso, que ilustra em extrema síntese, mas sem omitir nada do necessário. ou fundamentais, os resultados dos estudos sobre o cristianismo primitivo por ela realizados, com rigorosa metodologia científica (nomeadamente no que diz respeito à análise filológica dos textos e à avaliação das fontes históricas), ao longo dos últimos vinte anos.

Portanto, embora se destine principalmente a leitores que não sejam especialistas no assunto, o volume é também muito útil para o estudioso, para quem se configura - e este é sobretudo o mérito do autor e o valor da obra - como um índice fundamentado muito extenso, que ordena e sistematiza uma vasta produção (todas as indicações bibliográficas necessárias são sempre indicadas no local apropriado), e do qual emerge o tema subjacente da investigação, coerente e unitário ainda que "disperso" num número de revistas científicas especializadas.

Dada a estrutura do trabalho, não é possível, numa recensão, destacar todos os temas abordados, a não ser fazer uma longa lista: algo que não queremos fazer, limitando-nos a indicar os temas que nos parecem mais originais e significativos.

Diremos, portanto, em primeiro lugar, que o volume está dividido em quatro seções distintas.

Na primeira, que trata da figura de Jesus nas fontes não-cristãs do século I, destacam-se dois textos, cuja autenticidade é demonstrada, que remontam a um período muito anterior às conhecidas passagens de Tácito: a carta de Mara Bar Serapião, um estóico pagão, escrito por volta de 73, e uma passagem das Antiguidades Judaicas (XVII, 63-64) do historiador Flávio Josefo, um fariseu que escreveu no rescaldo da queda de Jerusalém (que ocorreu em 70); «precisamente a estranheza das duas fontes ao cristianismo», escreve o autor (p. 10), «faz com que Mara e Giuseppe sejam testemunhas preciosas e não “suspeitas” da figura histórica de Jesus: e mesmo que não acreditem no seu físico ressurreição, testemunham a fé que os cristãos têm "desde que ele lhes apareceu vivo novamente depois de três dias"" ( Antiguidades Judaicas XVII, 64).

Mais adiante, na terceira seção, será destacada a presença de uma série de referências ao cristianismo nos romances e sátiras pagãs do século I-II: Satyricon de Petrônio , Romance de Calliroe de Chariton , Metamorfoses de Apuleio , obras em que há alusões, por vezes evidentes, aos fatos narrados pelos Evangelhos. E na quarta procuraremos os vestígios históricos da primeira difusão do cristianismo do Próximo Oriente para a Índia: em particular os acontecimentos do rei Abgar de Edessa (cuja relação com o imperador Tibério parece bem fundamentada), a evangelização de Edessa por de Addai (nome siríaco de Tadeu, um dos setenta discípulos de Jesus, enviado pelo apóstolo Tomé), o da Mesopotâmia por Mari (discípulo de Tadeu, convertido por ele), a menção do mandylion (a imagem achiropita de Jesus que se aproxima do Sudário), a missão de Panteno na Índia (realizada pelo filósofo estóico, convertido ao cristianismo e mestre de Orígenes e Clemente de Alexandria, entre 180 e 190).

Contudo, queremos concentrar-nos mais extensivamente na segunda secção, que trata do cristianismo primitivo em Roma.

Nele o autor demonstra que o Cristianismo foi imediatamente conhecido em Roma: prova disso é a notícia da consulta do Senado de 35, relatada por Tertuliano, com a qual o Senado rejeitou a proposta do imperador Tibério de dar legitimidade à crença cristã. Considerado por muitos duvidoso, foi confirmado por Ilaria Ramelli como histórico com novos argumentos acrescentados aos já apresentados por Marta Sordi e Carsten Thiede, e em particular com base num fragmento do filósofo neoplatónico Porfírio (233-305), que certamente ele não pode ser suspeito de intenções apologéticas como Tertuliano. Porfírio, ao rejeitar a ressurreição de Jesus, afirma que, se ele tivesse verdadeiramente ressuscitado, não deveria ter aparecido a pessoas obscuras (como os apóstolos), mas «a muitos homens contemporâneos dignos de fé, e sobretudo aos Senado e o povo de Roma, para que estes, maravilhados com as suas maravilhas, não pudessem, com uma consulta unânime do Senado, emitir uma sentença de morte, sob acusação de impiedade, contra aqueles que lhe eram obedientes”.

O Coliseu [© LaPresse] | 30Giorni

A legislação anticristã de Roma devia-se ao Senado, mas Tibério não prosseguiu com as acusações; e até 62, os cristãos não foram condenados por nenhuma autoridade romana como tal. A atitude de tolerância do ambiente da corte imperial para com os cristãos é demonstrada também pela correspondência entre São Paulo e Sêneca, que chegou até nós por um caminho diferente daquele do corpus paulino . Apressadamente rejeitado como apócrifo na vulgata da crítica moderna, é em vez disso reavaliado aqui, com base em novas e abundantes considerações filológicas e lexicais particularmente convincentes, como provavelmente autênticas, pelo menos na maioria das cartas (ou melhor, notas curtas ) que chegaram até nós, que trazem as datas dos anos 58 e 59. Estes são os anos em que (se aceitarmos a alta cronologia) Paulo acabava de chegar a Roma para ser submetido ao julgamento do imperador; e, enquanto aguardava o julgamento, gozou de custódia militar benevolente e foi livre para pregar, difundindo o cristianismo até no pretório ("em todo o pretório e em todos os lugares se sabe que estão acorrentados por Cristo", Fil 1, 13) e no imperial tribunal ("todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César", Fp 4, 22).

A relação de tolerância e, na verdade, de benevolência do poder imperial romano para com os primeiros cristãos - pelo menos até à viragem autoritária de Nero, em 62 anos, e à eclosão da perseguição após o incêndio de Roma, que eclodiu em 19 de Julho de 64 (perseguição que, como nos diz Tácitos), , Annales ​​​seu volume. Com efeito, nele a autora retoma literalmente a de uma obra fundamental da sua professora, Marta Sordi, que durante mais de duas décadas lecionou história antiga na Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão ( Os Cristãos e o Império Romano , publicado em 1984, que se segue, resume e atualiza o volume anterior Cristianismo e Roma , publicado em 1965). Ela também segue a ideia básica de sua professora Ilaria Ramelli, através do método de escrutínio rigoroso, analítico e cuidadoso das fontes históricas: isto é, a oposição, que as perseguições sem dúvida demonstram, entre aqueles que administravam o poder romano e os cristãos, não foi o resultado, pelo menos nas suas raízes mais profundas, de um choque político ou de uma luta de classes, como afirma um preconceito ainda generalizado; em vez disso, teve causas diferentes, causas ligadas principalmente à esfera religiosa. Precisamente documentos históricos demonstram que a atitude dos cristãos dos primeiros séculos face ao poder imperial sempre se caracterizou, desde o início, pela lealdade e pelo respeito pela sua autoridade. É, portanto, historicamente incorreto ver o Império Romano como uma encarnação particularmente maligna do poder e inimigo da Igreja; aliás, pelo contrário - acrescentamos -, é precisamente o Império Romano, como sugere a interpretação que São João Crisóstomo (IV homilia, Sobre a Segunda Carta aos Tessalonicenses , PG 62, 485)) deu às palavras de São Paulo, o que parece constituir um obstáculo ao verdadeiro inimigo da Igreja, o anticristo: «E agora vocês sabem o que impede a sua manifestação [do anticristo], que acontecerá na sua hora. O mistério da iniqüidade já está em andamento; mas é necessário que aquele que o retém seja removido" ( 2Ts 2, 6-7). O que ou quem retém o mistério da iniqüidade, segundo São João Crisóstomo, é o poder imperial de Roma.

São João Crisóstomo (A12)
Fonte: http://www.30giorni.it/

Francisco chegou a Papua Nova Guiné

Papa Francisco em sua 45ª Viagem Apostólica Internacional  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Começou a segunda etapa da 45ª Viagem Apostólica do Papa, que a partir de hoje, até o dia 9 de setembro, o verá em Port Moresby e Vanimo. A visita ao país da Oceania entrará no seu ponto alto amanhã, com o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático, seguido pelos encontros com duas entidades que cuidam de crianças com deficiências e em situação de vulnerabilidade e, por fim, com os bispos de Papua Nova Guiné e das Ilhas Salomão, com os sacerdotes, diáconos e religiosos.

Vatican News

O pouso às 19h06, horário local, 06h06 no horário do Brasil, em Port Moresby, em Papua Nova Guiné, no voo A330-Garuda Indonésia, companhia aérea de bandeira indonésia, marca o início da segunda etapa da 45ª Viagem Apostólica do Papa, que o verá até o dia 9 de setembro, com paradas na capital Port Moresby e na cidade de Vanimo.

A acolhida no Aeroporto Internacional Jacksons

Receberam Francisco no Aeroporto Internacional Jacksons – o segundo Pontífice a visitar a Papua Nova Guiné após João Paulo II em 1984 – o Vice Primeiro Ministro e duas crianças em trajes tradicionais, que lhe ofereceram flores. Logo após a cerimônia de boas-vindas, Francisco se dirige à nunciatura, de onde, amanhã de manhã, 7 de setembro, às 9h45 locais, terão início os compromissos oficiais.

Os compromissos de amanhã

A jornada do Papa começará com uma visita de cortesia ao governador-geral de Papua-Nova Guiné, na Government House, seguida de um encontro com as autoridades, sociedade civil e corpo diplomático na Apec Haus. Ainda no mesmo dia, o Papa se reunirá, na Caritas Technical Secondary School, com as crianças do Street Ministry, uma organização que cuida de menores em situação de vulnerabilidade, e com as crianças do Callan Services, uma rede que atende pessoas, adultos e crianças, com deficiência. O dia será encerrado com o encontro no Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, com os bispos de Papua-Nova Guiné e das Ilhas Salomão, com os sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas e catequistas.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF