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domingo, 22 de setembro de 2024

Reflexão para XXV Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Lutemos pela pureza de nossa fé. Ela será autêntica se vivermos o que nos diz São Tiago na segunda leitura de hoje. ”Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós?”

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Já havia na Antiguidade uma presença muito grande de grupos de pessoas que não acreditavam em nada. Eram formados principalmente pelos ricos e os intelectuais. Evidentemente, nem todos os ricos e intelectuais eram materialistas e descrentes, muitos acreditavam na vida após a morte.

Sua lei era: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos!” (Is 22,13). Junto a esses havia alguns judeus que deixaram a fé de seus antepassados e se uniram aos grupos de infiéis.

Contudo, a vida honesta e coerente dos crentes incomodava a consciência dos descrentes. Esse incômodo está escrito na primeira frase da primeira leitura de hoje, extraída do livro da Sabedoria. “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina.”

Hoje também temos esses grupos de materialistas e as perseguições, mesmo que veladas, são reais. Também Jesus não escapou às garras dessa gente. A presença, mesmo que silenciosa, de uma pessoa de vida exemplar, incomoda e agride aqueles que optaram por viver desonestamente.

Quando formos perseguidos, deveremos rezar por aqueles que nos perseguem e maltratam, mas ao mesmo tempo nos alegrar porque nosso testemunho de fé em Deus é vivo e incomoda. Mas se nada nos acontece, deveremos rever nossa vida, alguma coisa está errada em nosso anúncio.

No Evangelho acontece algo que se enquadra dentro desse espírito mundano. Os judeus, com seus líderes, não entendem o messianismo de Jesus. Eles esperam um messias triunfante, vitorioso nos moldes dos valores deste mundo. Contudo, Jesus os desnorteia quando diz que ele irá “ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão.

”Para seus discípulos, Cristo pede que o sigam no serviço a todos e em se colocarem como últimos, exatamente contrário em relação ao pedido da mãe de João e de Tiago, para que seus filhos ocupassem os primeiros lugares, ao lado de Jesus.

Também em nosso mundo, inclusive no mundo religioso, quantas pessoas não aspiram e lutam para uma posição de destaque na Igreja, na paróquia, na congregação religiosa! Quantas pessoas que ocupam lugar de importância não o usam para serem servidas e tirarem proveito para si e para seus interesses corporativos!

Lutemos pela pureza de nossa fé. Ela será autêntica se vivermos o que nos diz São Tiago na segunda leitura de hoje. ”Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. De onde vêm as guerras?  De onde vêm as brigas entre vós?”

E o Apóstolo ensina “... a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento.”

Vivamos nossa fé na pureza de sentimentos e na entrega total de nossa vida a Jesus Cristo. Que ele viva em nós! Que nossa riqueza e nossa sabedoria sejam viver ao máximo a fé cristã.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Tempo da Criação 2024

Tempo da Criação 2024 (Agência ECCLESIA)

O Tempo da Criação 2024 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

“Esperança e agir com a Criação” 

“Que a Justiça e a Paz Fluam”(Amós 5, 24)  

 01 de setembro a 04 de outubro 

O Tempo da Criação 2024 traz como tema central “Que a Justiça e a Paz Fluam“, inspirado pela urgência de se cultivar uma relação justa e harmônica entre o ser humano e a Terra. Celebrado anualmente de 1º de setembro a 4 de outubro, essa iniciativa global ecumênica busca unir cristãos de todo o mundo em oração, reflexão e ação pelo cuidado da criação. Neste ano, a temática enfatiza a interconexão entre justiça ambiental, paz e o bem-estar integral das comunidades humanas e do planeta, destacando a responsabilidade coletiva de promover a reconciliação entre a humanidade e o meio ambiente. 

O conceito de justiça ambiental é central para o tema de 2024, sublinhando que os impactos da degradação ambiental são sentidos de maneira desproporcional pelas populações mais pobres e vulneráveis. A crise climática, a destruição de ecossistemas e o esgotamento de recursos naturais afetam principalmente aqueles que têm menos capacidade de se adaptar ou de mitigar esses efeitos, como as comunidades indígenas, camponesas e as que vivem em áreas periféricas urbanas. 

O tema “Que a Justiça e a Paz Fluam” nos chama a reconhecer essa desigualdade e a trabalhar pela justiça climática, uma vez que as mudanças climáticas favorecem o aumento das desigualdades sociais. A justiça ambiental, neste contexto, envolve a proposta por ações que garantam que os benefícios dos recursos naturais e das tecnologias limpas sejam distribuídos de maneira justa. Significa também acenar as grandes corporações e sistemas econômicos que colocam o lucro acima do bem comum, explorando o meio ambiente e prejudicando os mais vulneráveis. 

O Papa Francisco, em sua encíclica Laudato Si, reforça a noção de que “Não há duas crises separadas, uma ambiental e outra social, mas uma única e complexa crise socioambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, proteger a natureza.” (LS 139). Para que a justiça flua, é necessário um compromisso com o combate às estruturas de pecado que perpetuam a desigualdade e a exploração, tanto dos recursos naturais quanto das populações humanas. O Tempo da Criação 2024 propõe uma reflexão crítica sobre o nosso papel nesse sistema e nos convoca a tomar decisões mais conscientes e justas. 

O tema de 2024 também nos convida a refletir sobre a paz, não apenas como ausência de conflitos armados, mas como uma realidade muito mais profunda que depende da harmonia entre o ser humano e a natureza. São Francisco de Assis, cujo dia é celebrado no encerramento do Tempo da Criação, é uma inspiração para essa visão integral da paz, em que todos os elementos da criação vivem em equilíbrio e respeito mútuo. A paz flui quando a justiça é estabelecida, e quando há equilíbrio entre o uso dos recursos e o respeito à dignidade de todas as criaturas. 

A paz com a criação envolve também uma transformação espiritual. Na encíclica Fratelli Tutti, o Papa Francisco destaca que “Não haverá paz sem um empenho real e eficaz para combater a pobreza, a desigualdade, a falta de trabalho, de terra e de casa. Não haverá paz sem fazer desaparecer as formas de marginalização e exclusão, e respeitar a dignidade de todas as pessoas.”  (FT 127). A paz e a justiça caminham juntas, e a paz ambiental não pode ser alcançada sem um compromisso ativo com a justiça social e ecológica. 

O Tempo da Criação 2024 nos desafia a entender que o conflito com o meio ambiente é uma manifestação de um conflito mais amplo entre as nações, as pessoas e as suas relações com a Terra. A paz duradoura depende de uma abordagem que reconheça a interdependência de todas as criaturas e busque restaurar as relações quebradas entre a humanidade e a natureza. A destruição ambiental não só ameaça a sobrevivência do planeta, mas também gera tensões sociais, como migrações forçadas, insegurança alimentar e conflitos por recursos, que são consequências diretas das mudanças climáticas e da degradação ambiental. 

O tema do Tempo da Criação 2024 evoca a imagem poderosa de um rio que flui com justiça e paz. Essa metáfora, inspirada nas palavras do profeta Amós – “Corra o juízo como as águas e a justiça como um rio perene” (Am 5,24) – sugere um movimento constante e vigoroso em direção à restauração e à reconciliação. Assim como um rio, a justiça e a paz devem fluir, transformando tudo o que tocam e trazendo vida nova à criação. 

O rio simboliza, também, a esperança de regeneração. Em várias culturas e tradições religiosas, os rios são vistos como fontes de vida, purificação e renovação. No contexto do Tempo da Criação, o rio que flui com justiça e paz representa a esperança de um futuro em que a humanidade viva em harmonia com a natureza, respeitando os limites da criação e promovendo o bem comum. Este tema nos lembra que nossa ação deve ser contínua e resiliente, como a correnteza de um rio, superando obstáculos e promovendo vida em todas as suas formas. 

 No Tempo da Criação 2024, somos chamados a fazer fluir a justiça e a paz através de ações concretas em nossas comunidades, como o plantio de árvores, a redução do consumo de plástico, o apoio a políticas de energia limpa e o engajamento em iniciativas de solidariedade social e ambiental. 

Este tempo é uma oportunidade única para as comunidades cristãs de todo o mundo se unirem em torno de um objetivo comum: o cuidado da casa comum. Este tempo de oração e ação pelo meio ambiente é profundamente ecumênico, reunindo igrejas e tradições cristãs de diferentes denominações, como católicos, ortodoxos, protestantes e anglicanos. Essa diversidade enriquece a reflexão sobre a criação e fortalece a resposta coletiva aos desafios globais que enfrentamos. 

Em 2024, o tema “Que a Justiça e a Paz Fluam” convida a comunidade cristã global a reforçar sua colaboração na promoção da justiça climática, na defesa dos direitos dos povos indígenas e na proteção dos ecossistemas ameaçados. Essa união ecumênica também reflete o desejo de construir pontes de diálogo e solidariedade entre as diferentes tradições de fé e com a sociedade em geral, reconhecendo que o cuidado com a criação é uma responsabilidade comum a toda a humanidade. 

  Somos convidados a uma profunda reflexão sobre o nosso papel como cuidadores da criação e promotores de justiça e paz. Temos o desafio de agir com coragem e determinação, unindo nossas vozes e esforços para garantir que a justiça climática seja alcançada e que todas as formas de vida na Terra possam florescer em harmonia. Que neste Tempo da Criação, possamos nos unir como comunidade global e cristã, permitindo que a justiça e a paz fluam como um rio abundante, trazendo vida, esperança e renovação para toda a criação. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa no Angelus: no cuidado com os mais fracos está o verdadeiro poder

Angelus de 22 de setembro de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

Quer ser grande? Faça-se pequeno, coloque-se a serviço de todos. Com uma palavra tão simples quanto decisiva, Jesus renova nosso modo de vida. Ele nos ensina que o verdadeiro poder não está no domínio dos mais fortes, mas no cuidado com os mais fracos: disse Francisco no Angelus ao comentar o Evangelho deste XXV Domingo do Tempo Comum.

https://youtu.be/b2EcDL-Dsx0

Raimundo de Lima – Vatican News

Quantas pessoas sofrem e morrem por causa das lutas pelo poder! Essas são vidas que o mundo rejeita, assim como rejeitou Jesus. Quando Ele foi entregue nas mãos dos homens, não encontrou um abraço, mas uma cruz. No entanto, o Evangelho continua sendo palavra viva e cheia de esperança: Aquele que foi rejeitado, ressuscitou, é o Senhor! Foi o que disse o Papa na alocução que precedeu o Angelus ao meio-dia deste domingo (22/09), XXV Domingo do tempo Comum.

Hoje, disse Francisco, o Evangelho da liturgia (Mc 9,30-37) nos fala de Jesus anunciando o que acontecerá no ápice de sua vida: “O Filho do Homem é entregue às mãos dos homens e eles o matarão, mas depois de três dias ele ressuscitará”. Os discípulos, no entanto - observou o Pontífice -, enquanto seguem o Mestre, têm outra coisa em suas mentes e lábios. Quando Jesus lhes pergunta sobre o que estavam falando, eles não respondem.

Fiéis e peregrinos rezam o Angelus com o Papa Francisco (Vatican Media)

Quer ser grande? Faça-se pequeno

“Prestemos atenção a esse silêncio: os discípulos silenciam porque estavam discutindo sobre quem era o maior. Que contraste com as palavras do Senhor! Enquanto Jesus lhes confiava o sentido da própria vida, eles falavam de poder. E agora a vergonha fecha suas bocas, como antes o orgulho havia fechado seus corações. No entanto, Jesus responde abertamente às palavras sussurradas ao longo do caminho: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último”. Quer ser grande? Faça-se pequeno, coloque-se a serviço de todos.”

Com uma palavra tão simples quanto decisiva, prosseguiu o Santo Padre, Jesus renova nosso modo de vida. Ele nos ensina que o verdadeiro poder não está no domínio dos mais fortes, mas no cuidado com os mais fracos.

Fiéis e peregrinos rezam o Angelus com o Papa Francisco (Vatican Media)

Quem acolhe o menor, a mim acolhe

Francisco retomou a passagem desta página do Evangelho em que Jesus chama uma criança, coloca-a no meio dos discípulos e a abraça, dizendo: “Aquele que receber uma destas crianças por causa do meu nome, a mim recebe”. A criança não tem poder: ela tem necessidade. Quando cuidamos do homem, reconhecemos que o homem está sempre necessitado de vida.

“Nós, todos nós, estamos vivos porque fomos acolhidos, mas o poder nos faz esquecer essa verdade. Então nos tornamos dominadores, não servidores, e os primeiros a sofrer são os últimos: os pequenos, os fracos, os pobres.”

Fiéis e peregrinos rezam o Angelus com o Papa Francisco (Vatican Media)

Sejamos como Maria, sem vanglória e prontos para servir

Como faz habitualmente, Francisco concluiu propondo-nos – à luz da Palavra do Evangelho - algumas interpelações para nossa reflexão pessoal.

“Sei reconhecer o rosto de Jesus nos pequeninos? Eu cuido do meu próximo, servindo com generosidade? Agradeço àqueles que cuidam de mim? Oremos juntos a Maria, para sermos como ela, livres da vanglória e prontos para servir.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 21 de setembro de 2024

O problema é que muitos jovens de hoje não aprendem os benefícios do casamento

Poucos Americanos Se Casam E Continuam Casados ​​Foto: ABC 

Wilcox identifica quatro grupos que constituem 78% dos adultos casados ​​​​estavelmente e com filhos. Os fiéis frequentam regularmente a igreja. Os conservadores valorizam o trabalho árduo, a responsabilidade pessoal, a fidelidade sexual e as diferenças de género. Os lutadores valorizam a educação, o diploma universitário, o trabalho árduo, o sucesso financeiro e a gratificação atrasada. Podem defender publicamente políticas progressistas, mas não as praticam.

19 DE SETEMBRO DE 2024 ZENIT ANÁLISE EDITORIAL , JOVENS , CASAMENTO E FAMÍLIA

Por Steve Bateman*

(ZENIT News – IFS / Alabama, 19/09/2024).- Muitas teorias tentam explicar nosso desastre nacional, mas poucas são tão convincentes quanto a de Brad Wilcox, professor de sociologia e Diretor do Projeto Nacional sobre Casamento, no Universidade da Virgínia. Um dos nossos maiores problemas é que poucos americanos se casam e permanecem casados. “O futuro da nossa civilização”, escreve Wilcox, “depende do sucesso de mais americanos nesta instituição social tão fundamental”.

Em “Get Married: Why Americans Must Challenge the Elites, Build Strong Families, and Save Civilization”, Wilcox acusa a elite dominante de defender publicamente ideias que desvalorizam e degradam a instituição do casamento, o que por sua vez destrói as condições necessárias para o florescimento humano e ordem social. Entretanto, as elites mantêm, em privado, um casamento e uma vida familiar fortes e estáveis ​​que as beneficiam. Consequentemente, a elite casada continua a ficar mais rica, enquanto os pobres solteiros e a classe trabalhadora continuam a ficar mais pobres. Wilcox se refere a isso como hipocrisia reversa. As elites não pregam o que praticam.

Se você fizer afirmações como essas, é melhor poder apoiá-las com evidências. Assim, em cada página, Wilcox acumula os estudos, pesquisas e análises sociológicas mais recentes e confiáveis. No final do livro há 48 páginas apenas para incluir as notas finais com as fontes de suas citações. Aqui estão alguns dos resultados da pesquisa.

O casamento é melhor para os adultos

Homens e mulheres casados ​​e com filhos são mais felizes, mais ricos, ganham mais, estão mais bem preparados para a reforma, têm mais sucesso na prossecução de uma vida significativa, vivem em casas mais agradáveis ​​e em bairros mais seguros e têm acesso a melhores escolas. Eles são menos propensos a experimentar solidão, falta de sentido, desespero, uso de drogas e suicídio do que seus pares solteiros. O casamento prevê felicidade melhor do que educação, trabalho e dinheiro. As probabilidades de homens e mulheres serem “muito felizes” são 151% maiores para pessoas casadas.

O casamento é melhor para os filhos

As crianças de famílias com dois pais têm menos probabilidades de serem expulsas da escola, de consumirem drogas, de não concluírem a faculdade, de irem para a prisão, de sofrerem abusos, de sofrerem de depressão e de cometerem suicídio do que as crianças de famílias monoparentais ou mistas.

De acordo com Wilcox, “o melhor indicador comunitário de que as crianças pobres permanecem presas na pobreza quando adultas é a percentagem de crianças nas suas comunidades que vivem em famílias monoparentais”. Não igualdade de renda. Não a corrida. Nem a qualidade da escola. “A estrutura familiar foi o fator mais importante na previsão das chances das crianças pobres realizarem o sonho americano”.

Casamento não é ensinado

Quando se pergunta aos jovens o que consideram essencial para viver uma vida plena, 75% dizem ter uma boa vida, 64% dizem ter uma boa educação e apenas 32% dizem casar-se. Entre os pais, 88% afirmam que o mais importante para os filhos é a independência financeira e ter uma carreira que lhes agrade. Apenas 21% dos pais afirmam que o mais importante é casar. Embora nas gerações passadas o casamento fosse o rito normativo de passagem para a idade adulta, a maioria dos pais hoje acreditou na noção de que a independência financeira e o desfrute de uma carreira estão desconectados da instituição do casamento.

O casamento é mais forte entre quatro grupos

Wilcox identifica quatro grupos que constituem 78% dos adultos casados ​​​​estavelmente e com filhos. Os fiéis frequentam regularmente a igreja. Os conservadores valorizam o trabalho árduo, a responsabilidade pessoal, a fidelidade sexual e as diferenças de género. Os lutadores valorizam a educação, o diploma universitário, o trabalho árduo, o sucesso financeiro e a gratificação atrasada. Podem defender publicamente políticas progressistas, mas não as praticam. Os ásio-americanos são imigrantes do estilo Striver com uma orientação familiar tradicional.

Nossos meninos têm problemas

Um tema comum subjacente ao seu livro é que a instituição do casamento está atualmente ameaçada pelo fracasso das crianças e dos jovens. Uma proporção crescente (20%) de homens com menos escolaridade não trabalha e, se não trabalharem, é menos provável que se casem. Juntamente com uma economia em mudança que eliminou muitos empregos da classe trabalhadora, Wilcox aponta três razões pelas quais as crianças e os jovens estão em dificuldades.

Uma boa educação utiliza métodos de ensino que favorecem as meninas e desfavorecem os meninos. Na escola, as meninas prosperam e os meninos fracassam.

O grande governo recompensa a ociosidade e penaliza o trabalho. “Dois terços dos homens no auge, fora da força de trabalho, viviam em famílias que recebiam pagamentos em dinheiro de um programa governamental para deficientes”.

A grande tecnologia oferece “opiáceos eletrônicos”, como videogames, redes sociais e pornografia, que tornam as crianças viciadas em doses de dopamina.

A par destes obstáculos está a confusão causada pela indefinição das distinções entre homens e mulheres. Durante décadas, ouvimos que o que faz as mulheres felizes é uma “igualdade de meio a meio, na qual maridos e esposas dividem o trabalho remunerado, o cuidado dos filhos e as tarefas domésticas de forma aproximadamente igual” (150). «O feminismo de quadro negro – a ideia de que não existem diferenças fundamentais entre homens e mulheres – não se enquadra nos factos descobertos na investigação.

O que as mulheres querem

Na verdade, as mulheres hoje ainda acham três coisas atraentes no tipo de homem com quem desejam se casar, de acordo com Wilcox. Essas três características são surpreendentemente tradicionais e masculinas:

Um homem que fornece. Isto não significa que as mulheres já não queiram ter uma carreira, mas não desejam necessariamente ser o único ou mesmo o principal sustento da família: 74% das mães são “muito felizes” no casamento se o marido trabalhar. trabalho a tempo inteiro, em comparação com 56% das mães cujos maridos trabalham a tempo parcial ou estão desempregados.

Um homem que protege. Os homens são, em média, maiores e mais fortes que as mulheres. As mulheres são atraídas por homens que colocam a sua força superior ao serviço dos outros, especialmente para proteger as suas esposas e filhos do perigo.

Um homem que presta atenção. Outra descoberta é que “as esposas casadas com homens considerados muito masculinos são mais felizes e têm menos probabilidade de se divorciar”. É surpreendente que um homem que cuida e protege a esposa e os filhos seja mais desejável? Mas mesmo essas características são insuficientes sem uma terceira: o comprometimento emocional. As mulheres são mais felizes se os seus maridos forem amorosos, afetuosos, compreensivos, comunicativos e atentos às suas necessidades. Na verdade, 95% das esposas com homens com pontuação elevada em “compromisso afetivo e emocional” eram muito felizes no casamento e no relacionamento sexual.

Conselhos para jovens

O problema é que muitos jovens de hoje não aprendem os benefícios do casamento, o que a maioria das mulheres deseja num marido ou as competências necessárias para construir uma família forte. Muito antes do casamento, desde a infância até a idade adulta, os rapazes devem aprimorar as seguintes habilidades necessárias para uma vida familiar saudável.

Fornecer:  

Gerencie sua inteligência, busque educação e cultive uma forte ética de trabalho para que você possa servir aos outros, em vez de exigir que eles o sirvam.

Proteger:  

Desenvolva hábitos saudáveis, abstenha-se de alimentos e bebidas que enfraquecem o corpo, faça exercícios para aumentar a força física e a durabilidade, para estar sempre preparado para se colocar entre seus entes queridos e o que quer que (ou quem) eles estejam enfrentando.

Prestar atenção:  

faça o trabalho árduo de ouvir ativamente, discernir as necessidades das pessoas que você encontra ao longo do dia e encontrar uma maneira de atendê-las. Não é sobre você.

Quando um jovem começa a priorizar essas coisas, ele se tornará o tipo de homem que muitas mulheres procuram, mas não conseguem encontrar. Quando ele a encontrar, ou ela o encontrar, meu conselho é simples: case-se!

*Steve Bateman é pastor sênior da Primeira Igreja Bíblica do Norte do Alabama.

Fonte: https://es.zenit.org/2024/09/19/el-problema-es-que-a-muchos-jovenes-de-hoy-no-se-les-ensenan-los-beneficios-del-matrimonio/

Evangelização das Famílias

Reunião da Equipe Arquidiocesana Vida e Família (arqbrasilia)

Equipe do Setor Arquidiocesano Vida e Família se reúne para planejar atividades em prol da Evangelização das Famílias

A Paróquia Nossa Senhora da Esperança, localizada na Asa Norte, recebeu um importante encontro do Setor Vida e Família da Arquidiocese de Brasília, na última quinta-feira (12/09).

17 de setembro de 2024

Representantes de diversas realidades pastorais e movimentos que compõem o setor estiveram presentes em um momento de comunhão e planejamento ao lado de Dom Ricardo Hoepers, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília, referencial do Setor Vida e Família da Arquidiocese e Secretário-Geral da CNBB.

O evento teve início com a celebração da Santa Missa, presidida por Dom Ricardo. Em seguida, os participantes compartilharam um resumo das ações pastorais realizadas recentemente. A reunião também foi uma oportunidade para planejar as atividades previstas para este ano, com a assessoria do padre João Baptista Mezzalira e o casal Sílvio e Aline, que conduzem com zelo os trabalhos em prol da Evangelização das Famílias.

Dom Ricardo, com sua vasta experiência e expertise na área, ofereceu palavras de exortação e incentivo, reforçando a importância do trabalho conjunto na defesa e promoção da vida e da família. O encontro foi marcado pela comunhão entre os diferentes carismas que atuam na Arquidiocese, fortalecendo a missão de evangelizar e apoiar as famílias, especialmente diante dos atuais desafios.

Esse momento de partilha e unidade reforçou o compromisso do Setor Vida e Família em continuar seus esforços em prol da vida e da dignidade da família, pilares fundamentais da sociedade e da Igreja.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

O Papa: “A gratuidade não é apenas uma dimensão financeira, mas humana"

Audiência do Papa aos militares da Guarda de Finanças italiana por ocasião dos 250 anos de sua fundação (Vatican Media)

“Estar a serviço dos outros, gratuitamente, sem buscar o próprio lucro. Porque, embora a justiça seja necessária, ela não é suficiente para preencher as lacunas que somente a caridade e o amor podem curar”. Palavras do Papa Francisco aos militares da Guarda de Finanças italiana neste sábado (21) por ocasião dos 250 anos de sua fundação.

Vatican News

Na manhã deste sábado (21) o Papa Francisco recebeu na Sala Clementina, no Vaticano, os militares da Guarda de Finanças italiana por ocasião dos 250 anos de sua fundação. Francisco iniciou o encontro recordando o lema do 250º aniversário, “Na tradição, há o futuro”, afirmando “refere-se às raízes que levaram à fundação da Guarda de Finanças e lhe deram uma direção para o crescimento”. O Papa seguiu explicando as inúmeras competências que cabem ao Corpo como a “vigilância financeira, defesa de fronteiras, tarefas de polícia fiscal e econômico-financeira, polícia marítima, com uma importante missão no campo de resgate, tanto no mar quanto nas montanhas”.

Audiência do Papa aos militares da Guarda de Finanças italiana por ocasião dos 250 anos de sua fundação (Vatican Media)

São Mateus

Ao citar o Padroeiro São Mateus, apóstolo e evangelista que “representava uma mentalidade utilitarista inescrupulosa, dedicada apenas ao ‘deus dinheiro’, afirmou: “Ainda hoje”, explicou, “uma lógica semelhante afeta a vida social, causando desequilíbrios e marginalização: desde o desperdício de alimentos até a exclusão dos cidadãos de alguns de seus direitos. Como se explica a fome no mundo hoje, quando há tanto desperdício nas sociedades desenvolvidas? Isso é terrível. E outra coisa: se parassem de fabricar armas por um ano, a fome no mundo acabaria. É melhor fabricar armas do que resolver a fome... Até mesmo o Estado pode acabar sendo vítima desse sistema: mesmo os Estados que têm recursos, como eu disse, permanecem isolados”. Ponderando em seguida “nesse panorama, vocês são chamados a contribuir para a justiça das relações econômicas, verificando o cumprimento das regras que regem as atividades de indivíduos e empresas”. E é a sua maneira concreta e diária de servir ao bem comum, de estar perto das pessoas, de combater a corrupção e de promover a legalidade, completou.

Novo humanismo

Aprofundando o termo “corrupção”, Francisco disse que “a corrupção revela uma conduta antissocial tão forte que dissolve a validade das relações e dos pilares sobre os quais uma sociedade é fundada”. Sugerindo em seguida que a resposta, a alternativa, não está apenas nas normas, mas em um “novo humanismo”. E como fazê-lo? Francisco continua: “O olhar de Jesus, pousado sobre o jovem Mateus, diz que a dignidade humana e a vida estão no centro da vida de um povo. Vocês também podem contribuir para o surgimento desse novo humanismo por meio das obras que realizam a serviço dos jovens que se inscrevem no Corpo de Guarda de Finanças e frequentam suas Escolas”. “Mateus”, explicou ainda o Papa, “de certa forma, passou da lógica do lucro para a lógica da equidade. Mas, na escola de Jesus, ele também foi além da equidade e da justiça e conheceu a gratuidade, o dom de si mesmo que gera solidariedade, compartilhamento e inclusão. A gratuidade não é apenas uma dimensão financeira, é uma dimensão humana. Estar a serviço dos outros, gratuitamente, sem buscar o próprio lucro. Porque, embora a justiça seja necessária, ela não é suficiente para preencher as lacunas que somente a caridade e o amor podem curar”.

Globalização da indiferença

Por fim o Papa recordou aos presentes que “o seu serviço não termina com a proteção das vítimas, mas inclui a tentativa de ajudar o renascimento daqueles que cometem erros: de fato, ao agir com respeito e integridade moral, vocês podem tocar as consciências, mostrando a possibilidade de uma vida diferente”. Concluindo em seguida “vocês podem e devem construir uma alternativa à globalização da indiferença, que destrói com a violência e a guerra, mas também negligencia o cuidado com a sociedade e o meio ambiente”.

Audiência do Papa aos militares da Guarda de Finanças italiana por ocasião dos 250 anos de sua fundação (Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Mateus

São Mateus (A12)
21 de setembro
País: Palestina
São Mateus

Levi, filho de Alfeu (Mc 2,14), era galileu, segundo a Tradição, e provavelmente solteiro, uma vez que nenhum dos Evangelhos (isto é, os sinóticos, que mencionam a sua conversão) fazem alusão a que tenha deixado família para seguir a Cristo. Morava em Cafarnaum, uma das cidades mais florescentes da Palestina, à beira do Lago Genesaré, onde Jesus pregou muitas vezes e onde fez muitos milagres.

Levi era rico por causa da profissão que exercia, como cobrador (ou coletor) de impostos para os romanos, intermediados pelo tetrarca (governante) judeu Herodes Antipas. Sua função era ter “comércio público e banco aberto para passar letras de câmbio, expedir mercadorias, arrecadar tributos e passá-los a Roma”. Ou seja, os impostos que os judeus pagavam eram entregues aos conquistadores estrangeiros, implicando em financiar quem os subjugava à força. Por isso tais cobradores, denominados depreciativamente de publicanos (“pecadores públicos”), eram socialmente desprezados como colaboracionistas detestáveis.

Os judeus mais observantes (fariseus) consideravam um absurdo que homens do povo eleito cobrassem tributos para um poder conquistador, e além disso pagão; “o pagamento do tributo ao estrangeiro era um ato ilícito, uma coisa proibida pela Lei, um verdadeiro sacrilégio; e, portanto, o que colaborava com esse sacrilégio fazia uma traição à pátria, associava-se aos ímpios, vendia-se aos gentios, e era mais execrável do que eles. Sua condição só podia comparar-se à dos criminosos e das prostitutas”.

Levi era um notório pecador no entendimento judaico (diferente da concepção católica), isto é, “significava antes uma impureza legal ou por descuido das prescrições farisaicas rituais ou por desempenhar um ofício proibido”. De resto, muitos publicanos eram desonestos e exploravam o povo de forma ilegal, de modo que não havia simpatia por eles. Por outro lado, se os fariseus, especificamente, consideravam os cobradores de impostos como pecadores, a profissão em si era lícita, e os havia judeus praticantes e de boa-fé, como fica claro na resposta de São João Batista aos que lhe perguntaram como fazer para se salvar: ele responde apenas que sendo honestos no trabalho, e não mudando de atividade (cf. Lc 3,12-13).

Não se sabe se Levi era um cobrador honesto ou desonesto antes de seguir a Jesus. Estava sentado no seu posto de cobranças em Cafarnaum, à beira do lago (Mc 2,13-14), onde eram recebidas mercadorias e feitos os pagamentos, e Jesus, vindo de fazer um estrondoso milagre na cura de um paralítico cujos amigos haviam descido do teto para a sala onde Ele estava (Lc 5,17-26), lhe disse: “‘Segue-me!’ E, deixando tudo, ele se levantou e começou a segui-Lo” (Lc cf. 5,27-28).

Vivendo em Cafarnaum, era muito provável que Levi já conhecesse Jesus, ainda antes de converter-se, ao menos por ter Dele ouvido falar, mas se não, a sua conversão instantânea não seria surpreendente, dado o poder de atração que o Senhor tinha sobre os corações, como comenta São Jerônimo sobre esta passagem; e, honesto ou desonesto, é maravilhosa e exemplar a prontidão da sua obediência. Por Cristo, imediatamente deixou, inacabadas, suas tarefas para este mundo, sem recear punições, isto é, por amor a Deus, o único motivo certo, foi capaz de instantaneamente abandonar as atividades mundanas e os respeitos humanos. E a partir daí, nunca voltou atrás, mas permaneceu grato ao Mestre, e perseverou no Seu seguimento.

A medida da gratidão de Levi ao Senhor é indicada imediatamente depois nos Evangelhos, pois O convida para um grande banquete em sua casa, que foi aberta também aos discípulos de Jesus e a outros publicanos e pecadores – o que indica não apenas a consideração e amor ao Mestre mas igualmente a vontade de levar a Ele mais pessoas, numa forma já de confraternização e apostolado… ocasião na qual Jesus certamente os acolheu, e ainda ensinou tanto a fariseus quanto aos discípulos de João Batista (cf. Mt 9,10-17).

A mudança de vida era frequentemente acompanhada, na época e na cultura local, da mudança de nome, e Jesus mesmo renomeou Simão como Pedro (cf. Mt 16,17-18). Uma feliz passagem da “Legenda Áurea” de Jacopo Varazze (biografias de santos, escritas no século XIII) comenta que “‘Levi’ quer dizer ‘retirado’, ‘colocado’, ‘acrescentado’, ‘incorporado’. Ele foi a) retirado de seu posto de cobrança de impostos, b) colocado entre os Apóstolos, c) acrescentado à comunidade dos evangelistas e d) incorporados ao catálogo dos mártires.”; e a “transladação” deste nome foi para “Mateus”, que significa “presente”, “dádiva” ou “dom de Deus”, o que de fato este evangelista passou a ser.

São Mateus acompanhou Jesus por quase todo o período de três anos da Sua vida pública, e certamente empregou os seus antigos bens em boas obras, no auxílio aos pobres e aos discípulos. Foi assim testemunha direta do que depois relatou no seu próprio Evangelho. Aliás, nem Mateus nem Lucas, quando o mencionam nas listas dos Apóstolos, o chamam de “publicano”, mas somente ele mesmo, indicando com humildade como se sabia pecador. Seu nome é apenas citado ainda nos Atos dos Apóstolos, não havendo sobre ele outras notícias nas Escrituras.

Além da sua missão como um dos 12 Apóstolos, sua grandiosa tarefa foi justamente escrever o primeiro dos quatro Evangelhos, de acordo como que havia dito Jesus: “o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, Esse vos ensinará tudo, e vos trará à memória tudo quanto Eu vos disse” (Jo 14,26). Este registro, desejado por Deus para chegar às futuras gerações, era transmitido oralmente nos primeiros anos da Igreja, mas surgiu a necessidade natural – sem se ignorar, desprezar ou esquecer a Tradição – de notas escritas. Mateus escreveu para os cristãos de origem judaica, e por isso o fez em Aramaico, não em Grego, ressaltando para este público específico que Cristo é o verdadeiro Messias, realizando plenamente as promessas e profecias do Antigo Testamento, e oferecendo provas da divindade de Jesus.

O Evangelho de Mateus desde o início foi o mais utilizado, o mais citado e o mais comentado pela Igreja, sendo conhecido por todos os autores cristãos do século I e citado expressamente como de sua autoria pelos principais historiadores dos séculos II e III. É chamado de “Evangelho Católico”, porque traz os textos mais importantes sobre o primado de Pedro (Mt 16,17-19), a jurisdição na Igreja (Mt 18,18) e a missão universal de evangelização de todos os povos (Mt 28, 19-20). Junto aos Salmos de Davi e as Epístolas de São Paulo, são os textos mais lidos na Igreja.

Com a perseguição aos Apóstolos (cf. Jo 16,2), depois da Ascensão de Jesus, estes se dispersaram por várias partes, levando a Palavra de Deus. Parece certo que Mateus foi para a Palestina, mas informações posteriores não são tão claras. São citadas Pérsia, Síria, Macedônia, e a Igreja Copta da Etiópia proclama desde sempre ter sida fundada por São Mateus, mas disso não há comprovação cabal. Uma tradição diz que morreu mártir, porém também não existem confirmações fidedignas. Há relíquias suas na Catedral de Salerno, Itália.

São Mateus é o padroeiro dos banqueiros, alfandegários, contabilistas, cobradores, consultores tributários e da Guardia di Finanza italiana, de modo a favorecer a união do fiel exercício do dever para com o Estado com o fiel seguimento de Cristo, nesta instituição.

Colaboração: : José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Pode-se resumir na atitude de São Mateus a essência de toda a vida católica, e de todo o ensino da Igreja: abandonar o mundo e seguir a Cristo. Normalmente, porém, a simplicidade desta formulação é inversamente proporcional à sua execução, apegados, como tendemos a ser, aos atrativos deste mundo… o que apenas exalta a grandiosidade do coração deste Apóstolo, que não hesitou na sua decisão e ação. Qualquer que seja, apesar de tudo, o tempo e o esforço necessário, o fundamental é não ficar sentado às margens deste mundo, mas levantar-se espiritualmente, elevar a alma para seguir Jesus, porque, Ele, vai para o Alto. Por outro lado, atitudes simples como ser honesto na profissão, algo acessível a qualquer um, já caracterizam passos firmes neste colocar-se em pé sobrenatural. A grandeza, e também delicadeza, do coração de São Mateus é entrevista igualmente no convite que faz a Jesus para um banquete na sua casa, convidando aqueles que certamente precisavam se aproximar do Senhor: que bela é a sua consideração e reconhecimento a Deus pelo dom inefável de ter sido chamado por Ele, e que prova de amor ao próximo em querer imediatamente compartilhar com os irmãos a sua própria comunhão com Deus! E é exatamente no Banquete Eucarístico que melhor o fazemos.

Oração:

Senhor Deus e Redentor nosso, que continuamente nos chamais para Vós, concedei-nos pela intercessão de São Mateus conhecer e viver o Evangelho, sem jamais repudiá-lo, mas permanecendo infinitamente agradecidos à Vossa bondade, perseverarmos na obediência a Vós, levando pela conversão, palavras e ações a Boa Nova aos irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

As primeiras comunidades cristãs

A Festa de Pentecostes marca o início da caminhada da Igreja como uma instituição presente na história da humanidade (A12)

As primeiras comunidades cristãs

Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

No tempo dos apóstolos e das primeiras pregações do cristianismo, a civilização urbana se expandia pela bacia do mar Mediterrâneo e as cidades promoviam uma revolução social e cultural. Paulo funda, então, comunidades nas cidades mais importantes do Império. Isso implicava entrar na nova organização social que emergia e modificar o estilo predominantemente rural de ser comunidade; modelo típico na Palestina. Assim, crescia uma rede de comunidades cristãs urbanas. Enquanto as comunidades do cristianismo palestinense eram profundamente itinerantes, a proposta de Paulo passa a um cristianismo que se fixa nos locais.   

São Paulo usa a expressão Igreja Doméstica (Domus Ecclesiae), indicando que as comunidades se reuniam na casa dos cristãos. As comunidades cristãs de Jerusalém, Antioquia, Roma, Corinto, Éfeso, entre outras, são comunidades formadas por Igrejas Domésticas: as casas serviam de local de acolhida dos fiéis que ouviam a Palavra, repartiam o pão e viviam a caridade que Jesus ensinou. Paulo faz da casa a estrutura fundamental das igrejas por ele fundadas.  

A Igreja do Novo Testamento será denominada como assembleia convocada por Deus. O conceito Igreja  indicava a comunidade reunida para a liturgia, para ouvir a Palavra de Deus e celebrar a Ceia (cf. 1Cor 11, 18); era empregado também para “comunidade doméstica”, isto é, os cristãos que se reuniam nas casas para celebrar a liturgia (cf. Rm 16, 5); expressava, igualmente, a comunidade local de todos os cristãos que viviam numa determinada cidade (cf. At 11, 22); enfim, designava a comunidade inteira dos cristãos, onde quer que residissem (cf. At 9, 31).  

A comunidade de Jerusalém se denomina ekklesia de Deus (cf. 1 Cor 15,9). Ekklesia, no grego, significa reunião pública, que pode ter o seu equivalente no Antigo Testamento com o termo Kahal, designando a reunião do povo da antiga aliança.  

A comunidade cristã primitiva compreende-se como o povo eleito de Deus, o verdadeiro Israel. Contudo, há uma diferença, a eleição não se reduz aos judeus, pois se estende a todos que creem no Cristo. Também os pagãos são chamados a essa Igreja.  

A comunidade cristã foi marcada por manifestações poderosas do Espírito Santo. Estas aprofundavam o sentido dos cristãos se compreenderem como o novo povo de Deus. Ocorreram fenômenos como curas, profecias e visões. Eram dons do Espírito Santo que comprovavam as palavras dos apóstolos e discípulos de Jesus.  

A comunidade primitiva é marcada pela experiência da presença viva do Espírito Santo, pois o Reino de Deus se revela na palavra e nas obras. Ele atinge o ser humano integralmente: o homem todo, mas não de forma individual, mas em vista do bem comum.   

A igreja primitiva anunciava Jesus Cristo com palavras e obras que revelavam a salvação já operante na história. Assim, a salvação já está presente mesmo que sua plenificação não tenha chegado.  

O Novo Testamento, assim, permite identificar os cristãos como peregrinos e, ao mesmo tempo, os seguidores do Caminho (cf. At 16,17). Afinal, a Igreja, comunidade de fiéis, é integrada por estrangeiros (Ef 2,19), pelos que estão de passagem (1Pd 1,7), ou, ainda, pelos imigrantes (1Pd 2,11),  ou  peregrinos (Hb 11,13). Sempre indicando que o cristão não está em sua pátria definitiva (cf. Hb 13,14), que deve se comportar como quem se encontra fora da pátria (cf. 1Pd 1,17).  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Os movimentos populares: dez anos de história e “poesia social”

Papa Francisco com os representantes dos Movimentos Populares  (Vatican Media)

Desde 2014 até hoje, o Papa Francisco nunca deixou de fazer sentir a sua proximidade aos movimentos populares, apoiando e incentivando o seu trabalho em nome da dignidade humana, da justiça social, do desenvolvimento dos mais pobres e dos descartados.

Isabella Piro – Cidade do Vaticano

“Poetas sociais”, “semeadores de mudanças, promotores de um processo para o qual convergem milhões de pequenas e grandes ações interligadas de modo criativo, como numa poesia”: assim, na Encíclica Fratelli tutti, o Papa Francisco define os movimentos populares. Um vínculo profundo, aquele entre o Pontífice e estas redes de grupos e pessoas que, por meio de ações coletivas contra as condições vigentes, pretendem provocar mudanças sociais. Desde os tempos em que era arcebispo de Buenos Aires, na verdade, Jorge Mario Bergoglio celebrava todos os anos uma Missa “por uma pátria sem escravos, nem excluídos”.

O “direito sagrado” à terra, à casa e ao trabalho

Ao ser conduzido ao Trono de Pedro, Francisco continuou a apoiar os movimentos populares. No dia 28 de outubro de 2014, por ocasião do seu primeiro encontro mundial, recebeu-os em audiência na antiga Sala do Sínodo e proferiu um discurso que poderia ser definido como "programático", indicando os três Ts (tierra, techo y trabajo - terra, teto e trabalho) ponto fulcral da ação destes grupos que atuam em nome da dignidade humana, da justiça social, do desenvolvimento dos mais pobres e dos descartados.

Os três Ts, afirma o Papa, representam “um anseio que deveria estar ao alcance de todos”, “direitos sagrados” também recordados também pela Doutrina Social da Igreja. Disto, a advertência para enfrentar “o escândalo da pobreza” não recorrendo a “estratégias de contenção que tranquilizem e transformem os pobres em seres domesticados e inofensivos”, mas antes garantindo que eles próprios sejam atores de mudança, a fim de fazer “o vento de promessa que reaviva a esperança de um mundo melhor”.

Globalizar a esperança, não a indiferença

A esperança e a mudança são também os temas principais do segundo encontro mundial de movimentos populares realizado em julho de 2015 em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia. Naqueles dias, Francisco realizava sua Viagem Apostólica ao país e no dia 9 de julho aproveita para participar no evento e reitera: “Queremos uma mudança nas nossas vidas, nos nossos bairros, no salário mínimo, na nossa realidade mais próxima; e também uma mudança que afeta o mundo inteiro porque hoje a interdependência planetária exige respostas globais aos problemas locais”.

“A globalização da esperança que nasce do povo e cresce entre os pobres – sublinha Francisco com veemência na Bolívia – deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença!”.

No mesmo contexto, o Papa propõe à sociedade “três grandes tarefas que requerem o apoio decisivo de todos os movimentos populares”: colocar a economia ao serviço do povo, uni-los no caminho da paz e da justiça e defender a Mãe Terra.

Refundar as democracias em crise

No ano seguinte – é 5 de novembro de 2016 – o Pontífice volta a dirigir-se, no Vaticano, aos movimentos populares reunidos para o seu terceiro encontro mundial.

No seu amplo e detalhado discurso, Francisco presta especial atenção à relação entre movimentos e política: “Vós, organizações dos excluídos e tantas organizações de outros setores da sociedade, estais chamados a revitalizar, a refundar as democracias que estão a atravessar uma verdadeira crise. Não caiais na tentação da divisória que vos reduz a agentes secundários ou, pior, a meros administradores da miséria existente. Nestes tempos de paralisia, desorientação e propostas destruidoras, a participação como protagonistas dos povos que procuram o bem comum pode vencer, com a ajuda de Deus, os falsos profetas que exploram o medo e o desespero, que vendem fórmulas mágicas de ódio e crueldade, ou de um bem-estar egoísta e uma segurança ilusória."

Então, mais uma vez faz seu o “grito” dos três Ts, destacando ser um “projeto-ponte dos povos diante do projeto-muro do dinheiro”.

As feridas de uma economia focada apenas no dinheiro

O dinheiro, ou melhor, “as feridas causadas pelo sistema econômico que tem no centro o deus dinheiro” estão no centro da mensagem que o Bispo de Roma enviou, em fevereiro de 2017, aos movimentos populares reunidos em Modesto, Califórnia.

Especificamente, Francisco deplora a “fraude moral” vivida na sociedade globalizada, onde, “sob as aparências do politicamente correto ou das modas ideológicas, olhamos para aquele que sofre mas não o tocamos, transmitimo-lo ao vivo e até proferimos um discurso aparentemente tolerante e cheio de eufemismos, mas nada fazemos de sistemático para debelar as feridas sociais, nem sequer para enfrentar as estruturas que deixam tantos seres humanos na rua". "Esta atitude hipócrita, tão diferente daquela do samaritano - adverte o Papa - manifesta a ausência de uma conversão autêntica e de um verdadeiro compromisso em prol da humanidade."

A importância de um salário mínimo

Chega 2020, o ano da pandemia. Em um momento histórico tão difícil e repleto de temores, Francisco envia uma carta de proximidade aos movimentos populares: é 12 de abril, domingo de Páscoa, e o Papa escreve: “Vocês, trabalhadores informais, independentes ou da economia popular, não têm um salário estável para resistir a esse momento ... e as quarentenas são insuportáveis para vocês. Talvez seja a hora de pensar em um salário universal que reconheça e dignifique as tarefas nobres e insubstituíveis que vocês realizam; capaz de garantir e tornar realidade esse slogan tão humano e cristão: nenhum trabalhador sem direitos”.

O apelo aos poderosos: colocar-se ao serviço do povo

A proposta do salário mínimo, juntamente com a da redução da jornada de trabalho, também regressam na mensagem vídeo que o Papa envia aos movimentos populares no dia 16 de outubro de 2021, por ocasião do seu quarto encontro mundial.

Em um mundo ainda esmagado pelas graves consequências da pandemia, com “mais vinte milhões de pessoas arrastadas a níveis extremos de insegurança alimentar” – diz Francisco – é essencial trabalhar por uma sociedade mais justa, solidária e fraterna. “Em nome de Deus”, então, o Pontífice pede nove vezes aos poderosos da terra que se coloquem “ao serviço das pessoas que pedem terra, casa, trabalho”, lançando um premente apelo pelo cancelamento da dívida dos países pobres, o fim das armas, o fim das agressões e das sanções e a liberalização das patentes para que todos tenham acesso à vacina:

“Apoiemos os povos, os trabalhadores, os humildes, e lutemos juntamente com eles para que o desenvolvimento humano integral se torne uma realidade. Construamos pontes de amor para que a voz da periferia, com o seu pranto, mas também com o seu canto e a sua alegria, não provoque temor, mas empatia no resto da sociedade”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

"Chamar-me-ão bem-aventurada": Santa Maria, no ano litúrgico

Santa Maria (Crédito: Opus Dei)

"Chamar-me-ão bem-aventurada": Santa Maria, no ano litúrgico

Santa Maria, Mãe de Deus: o ano começa com a festa que indica o lugar especial de Nossa Senhora no mistério cristão. Ao longo do ano, a Igreja recorda aos seus filhos a presença maternal e discreta de Maria. Junto a São José, Ela peregrina conosco através da história.

06/02/2017

Na celebração anual dos mistérios de Cristo, «a Santa Igreja venera com especial amor a Santíssima Mãe de Deus, a Virgem Maria, unida por laço indissolúvel à obra salvífica de seu Filho; nEla, a Igreja admira e exalta o fruto mais excelente da Redenção e contempla-a gozosamente, como uma imagem puríssima do que ela mesma, totalmente, anseia e espera ser»[1].

Em breves traços, mas incisivos, o Concílio Vaticano II apresenta o significado do culto litúrgico a Santa Maria. Pode ajudar-nos a compreendê-lo uma via simples e profunda: a melhor arte cristã que surge da oração da Igreja. Se olharmos, por exemplo, um templo de tradição bizantina, reparamos, logo que entramos na nave, para os olhos de Cristo Pantocrator que normalmente domina a abóbada da abside. O seu rosto amável lembra-nos como o Deus infinito assumiu os traços finitos dos filhos dos homens. Debaixo d´Ele, adornada com as cores imperiais, encontra-se Maria, a Toda Santa, ladeada por arcanjos com ricas vestes litúrgicas. Num terceiro nível, por fim, estão os apóstolos e os santos que conosco – comunicantes –, oferecem o sacrificium laudis, o sacrifício de louvor agradável a Deus Pai[2].

A primeira devoção mariana

«Para mim, a primeira devoção mariana – agrada-me ver assim – é a Santa Missa (...) Nesse mistério insondável, adverte-se, como que entre véus, o rosto puríssimo de Maria» (São Josemaria)

Esta imagem ajuda a compreender a posição singular de Maria na vida e na liturgia da Igreja. Como São Josemaria gostava de considerar, Ela é, acima de tudo, a Mãe de Deus, a Theotokos: aqui se encontra «a raiz de todas as perfeições e privilégios que a adornam»[3]. Por isso, uma das orações marianas mais antigas a chama audazmente Dei Genetrix, aquela que gerou Deus[4]; e também por isso o culto litúrgico a Maria se desenvolverá sobretudo a partir do Concílio de Éfeso (século V), quando a Igreja define o dogma da Maternidade divina.

Em outras representações, Santa Maria aparece segurando o véu do cálice eucarístico, ou em uma posição corporal de “Virgem orante e oferente”. Assim se expressa que a participação no mistério Pascal do Senhor é o centro e a raiz de sua vida. Esse modo único, em que Maria se une como Mãe à ação redentora de Jesus, é o fundamento do culto mariano: a Igreja venera a Virgem Maria reconhecendo o lugar que só a Ela corresponde. Por isso, já nas mais antigas profissões de fé batismais e nas primeiras orações eucarísticas se encontram alusões à Mãe de Deus. Esta presença especial de Maria explica, também, que o modo mais natural de honrá-la seja celebrar o mistério do seu Filho, especialmente na Eucaristia.

«Para mim, a primeira devoção mariana – agrada-me ver assim – é a Santa Missa (...). No Sacrifício do Altar, a participação de Nossa Senhora evoca o silencioso recato com que acompanhou a vida de seu Filho, quando andava pelas terras da Palestina. A Santa Missa é uma ação da Trindade: por vontade do Pai, cooperando o Espírito Santo, o Filho oferece-Se em oblação redentora. Nesse mistério insondável, adverte-se, como que entre véus, o rosto puríssimo de Maria»[5]. Celebrando o mistério de Cristo, a Igreja encontra Maria e, contemplando-a, descobre o modo de viver os divinos mistérios. Com Ela escutamos e meditamos a Palavra de Deus, e nos associamos à sua voz que abençoa, dá graças e louva o Senhor; com Ela nos sentimos associados à Paixão do seu Filho, e à alegria da sua Ressurreição; com Ela imploramos incessantemente o dom do Espírito Santo[6].

As origens do culto a Santa Maria

A última reforma da liturgia romana quis ressaltar a centralidade do mistério de Cristo, e por isso integrou a memória da Mãe de Deus no ciclo anual dos mistérios do seu Filho. Além de duas celebrações em que Maria está inseparavelmente unida a Cristo – a Anunciação (25 de Março) e a Apresentação do Senhor (2 de fevereiro) – as festas marianas do atual Calendário romano geral incluem três solenidades[7], duas festas[8], cinco memórias obrigatórias[9] e seis memórias facultativas[10]. Por outro lado, alguns tempos litúrgicos como o Advento e o Natal incorporaram mais referências marianas. Por último, a possibilidade de celebrar a memória facultativa de Santa Maria aos sábados, juntamente com alguns elementos da Liturgia das Horas, constituem a base semanal e diária do culto litúrgico mariano. Conhecer alguns pormenores sobre a origem e o desenvolvimento deste culto pode ajudar-nos a ser melhores filhos da nossa Mãe do Céu.

A Igreja, como Maria, não tem um coração desenraizado, mas faz memória da sua própria origem, recordando paisagens e rostos concretos

O rito romano celebra na oitava de Natal, no primeiro dia do ano, a solenidade da Maternidade divina de Maria. Essa foi a grande comemoração Mariana antes da chegada, nos finais do século VII, de quatro festas de origem oriental: a Apresentação do Senhor, a Anunciação, a Dormição (que agora se celebra como a Assunção) e a Natividade de Nossa Senhora.

O acolhimento dos cristãos provenientes da Palestina, Síria e Ásia Menor, em consequência das invasões árabes do século VII, enriqueceu a liturgia romana com a assimilação de várias tradições litúrgicas. Entre elas, estão quatro festas ligadas à memória de alguns eventos da vida de Nossa Senhora, nos lugares onde, segundo a tradição, ocorreram. A construção de templos naqueles lugares levou, ao longo dos séculos IV-VI, a um primeiro desenvolvimento do culto litúrgico mariano. Alguns exemplos são a basílica no Vale do Cédron, ligada ao dies natalis de Maria, que no século VI passará a chamar-se Festa da Dormição; a basílica de Nazaré, mandada construir pela imperatriz Helena em memória da Anunciação; a basílica construída sobre a piscina Bezatha, que ficará ligada à memória da concepção e do nascimento de Nossa Senhora; ou a basílica de Santa Maria a Nova, construída no início do século VI, perto do antigo Templo de Jerusalém, para recordar a apresentação de Maria.

Todas estas festas nos introduzem na memória histórica da grande família do Povo de Deus, que sabe que «a história não está sujeita a forças cegas nem é o resultado do acaso, mas é a manifestação da misericórdia de Deus Pai»[11]. A Igreja, como Maria, não tem um coração desenraizado, mas faz memória da sua própria origem, recordando paisagens e rostos concretos. A progressiva recepção destas comemorações da Virgem em outras regiões do mundo, é um reconhecimento desta lógica de Deus.

Jesus Cristo (Crédito: Opus Dei)

Da periferia para Roma e de Roma para a periferia

Simultaneamente, uma vez que a Igreja é uma Mãe que acolhe no seu seio todas as culturas, a veneração de Maria será desenvolvida de acordo com a particular sensibilidade teológica e espiritual de cada povo. Assim, por exemplo, a tradição bizantino-constantinopolitana conheceu uma primeira fase bastante sóbria do culto mariano, mas com o tempo produziu ricas composições poéticas em honra da Theotokos. O hino Akathistos é uma das mais amadas e difundidas: «Ave, por ti / resplandece a alegria! / Ave, por ti a maldição toda cessa! / Ave, reergues o Adão decaído! / Ave, tu estancas as lágrimas de Eva!». A tradição etíope também manifestará a sua profunda piedade mariana nas orações eucarísticas e na instituição do maior número de festas marianas incluídas numa tradição litúrgica, mais de trinta ao longo do ano.

«Ave, por ti resplandece a alegria! Ave, por ti a maldição toda cessa! Ave, reergues o Adão decaído! Ave, tu estancas as lágrimas de Eva!» (hino akathistos)

O rito romano tem também a sua própria história. No final do século VII, o Papa Sérgio I enriquece aquelas quatro festas recém-chegadas do Oriente com um elemento que distinguirá a devoção popular romana: as procissões das ladainhas pela cidade. Mais tarde, serão compostos os textos da Missa e do Ofício de Sancta Maria in Sabbato; pela Europa, vai se espalhar o costume de dedicar o sábado a Nossa Senhora, e vão ser criadas novas antífonas para a Liturgia das Horas. Algumas delas são hoje a última oração que, antes de dormir, sai confiante dos lábios da igreja: Alma Redemptoris MaterSalve ReginaAve Regina CoelorumRegina Coeli Laetare, compostas nos séculos XI-XIII. Mais tarde, também vão ser instituídas festas marianas como a Visitação, promovidas inicialmente pelos franciscanos e estendida depois a toda a igreja latina no século XIV.

Depois do Concílio de Trento estendem-se a todo o rito romano outras festas celebradas até então somente em algumas regiões. Por exemplo, São Pio V estendeu a toda a igreja latina a festa romana da Dedicação de Nossa Senhora das Neves (5 de agosto). Nos séculos XVII e XVIII, várias comemorações ligadas à piedade mariana de algumas ordens religiosas passarão, de várias maneiras, ao calendário geral: Nossa Senhora do Carmo (carmelitas), Nossa Senhora do Rosário (dominicanos), Nossa Senhora das Dores (servos de Maria), Nossa Senhora das Mercês (mercedários), etc.

Estes movimentos que vão da periferia a Roma, e de Roma à periferia[12] refletem a sabedoria maternal da Igreja, que promove tudo o que gera unidade, e ao mesmo tempo se adapta para tratar os seus filhos de «modo diferente - com uma justiça desigual -, já que cada um é diferente dos outros»[13]. Este respeito pelas tradições locais permanece no calendário atual, que reconhece a existência de festas marianas particulares, ligadas à história e devoção dos diversos membros do Povo de Deus. Isso explica a presença, no calendário da Prelazia do Opus Dei, da festa de Nossa Senhora do Amor Formoso, que se celebra a 14 de fevereiro.

Um momento particularmente grandioso do culto litúrgico mariano foi o passado século XX, que conheceu quatro novas festas marianas: Nossa Senhora de Lourdes (Pio X, em 1907), a Maternidade de Nossa Senhora (Pio XI, em 1931), o Imaculado Coração de Maria (Pio XII, em 1944), e Santa Maria Rainha (Pio XII, em 1954). Além da memória do Santíssimo Nome de Maria (12 de setembro), a última edição do Missal Romano incorporou as memórias facultativas de Nossa Senhora de Fátima (13 de maio) e Nossa Senhora de Guadalupe[14] (12 de dezembro). A extensão a todo o rito latino das celebrações ligadas a intervenções particulares da Virgem expressa a vigilância amorosa da Igreja, que recorda aos seus filhos a presença discreta mas firme de Maria. Junto com São José, Ela peregrina conosco através da História.

Com a bênção da Mãe

Muitos pórticos de igrejas mostram a Mãe de Deus que acolhe e despede os peregrinos com o seu olhar e o seu sorriso

Muitos pórticos de igrejas medievais têm uma imagem característica do Ocidente: a Mãe de Deus tem nos seus braços o Menino, e com o seu olhar e o seu sorriso acolhe e despede os peregrinos. Esta imagem, situada no espaço público que se abre para a cidade, fala-nos do estilo acolhedor e missionário de Maria que dá forma à vida da Igreja através da liturgia.

A sua presença recorda-nos que Ela nos espera quando vamos a uma igreja ou oratório, para nos ajudar a falar com o seu Filho. Saber dessa espera de Maria leva-nos a recolher-nos, a preparar-nos bem para as diferentes ações litúrgicas: uma delicadeza de filhos que se concretiza em pormenores, como chegar com antecedência, sem pressa, e dispor o que for necessário (adorno do altar, velas, livros) com a atenção e carinho da nossa Mãe, «Mulher Eucarística»[15], ao preparar-se para a «fração do pão» da primitiva Igreja[16].

A alegria da Toda Formosa está em «reproduzir nos filhos as características espirituais do Filho Primogênito»[17]. Na escola de Santa Maria, «a Igreja aprende a tornar-se cada dia “serva do Senhor”, a estar pronta para partir ao encontro das situações de maior necessidade, a prestar atenção aos mais pequeninos, aos excluídos»[18]. Por isso, depois de nos convidar a entrar para sermos transformados por Ele, nossa Mãe volta a saudar-nos e, desde o pórtico, envia-nos para a «formosíssima guerra de paz»[19], lado a lado com os nossos irmãos, os homens.

Juan Rego


[1] Concílio Vaticano II, Const. Sacrosanctum Concilium (4-XII-1963), 103.

[2] Cfr. Missal Romano, Cânone Romano.

[3] São Josemaria, Amigos de Deus, 276.

[4] Cfr. Liturgia das horasAd completorium, Antífona Sub tuum praesidium.

[5] São Josemaria, “La Virgen María”, em Por las sendas de la fe, Madrid, Cristiandad 2013, 170-171.

[6] Cfr. Collectio Missarum de Beata Vergine Maria, nn. 13.17.

[7] São as seguintes: 1 de janeiro: Mãe de Deus; 15 de agosto: Assunção [no Brasil celebra-se no Domingo seguinte]; 8 de dezembro: Imaculada Conceição.

[8] 31 de maio: Visitação; 8 de setembro: Natividade.

[9] Sábado, após a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, Imaculado Coração de Maria; 22 de agosto: Santa Maria Rainha; 15 de setembro: Nossa Senhora das Dores; 7 de outubro: Nossa Senhora do Rosário; 21 de Novembro: Apresentação de Maria no Templo.

[10] 11 de fevereiro: Nossa Senhora de Lourdes; 13 de maio: Nossa Senhora de Fátima; 16 de julho: Nossa Senhora do Carmo; 5 de agosto: Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior; 12 de setembro: Santo Nome de Maria; 12 de dezembro: Nossa Senhora de Guadalupe.

[11] São Josemaria, “As riquezas da fé”.

[12] Cfr. São Josemaria, Forja, 638.

[13] Amigos de Deus, 173.

[14] NT: o Brasil é celebrada como Festa, pois é a padroeira da América Latina.

[15] São João Paulo II, Enc. Ecclesia de Eucharistia (17-IV-2013), 53-58.

[16] Cfr. Act 2, 42.

[17] B. Paulo VI, Ex. ap. Marialis cultus (2-II-1974), 57.

[18] Papa Francisco, Homilia, 5-VII-2014.

[19] São Josemaria, É Cristo que passa, 76.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/chamar-me-ao-bem-aventurada-santa-maria-no-ano-lit/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF