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quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Papa chega a Luxemburgo, primeira etapa da 46ª Viagem Apostólica do Pontificado

Chegada do Papa Francisco ao Aeroporto de Luxemburgo (Vatican Media)

O primeiro compromisso oficial do Santo Padre em Luxemburgo será a visita ao Grão Duque de Luxemburgo, no Palácio Grão-Ducal, seguido pelo encontro com o primeiro-ministro. Após o Papa se deslocará até o Cercle Cité para o Encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático.

Vatican News

Do Sudeste Asiático, com uma parada na Oceania, ao coração da Europa. Treze dias após retornar de sua visita ao Extremo Oriente, Francisco chega a Luxemburgo para a 46ª viagem internacional de seu pontificado, onde ficará até as 18h15 (hora local) de hoje, quando então partirá para a Bélgica. O A321 da companhia ITA Airways, com a comitiva papal e 64 jornalistas a bordo, decolou do Aeroporto de Fiumicino às 8h29 (horário de Roma) e pousou no Aeroporto Internacional de Luxemburgo-Findel poucos minutos antes das 10h.

Partida do Santo Padre

Por volta das 7 horas da manhã, antes de se dirigir ao aeroporto romano, como sempre faz antes de cada viagem, o Santo Padre recebeu na Casa Santa Marta dez pessoas em situação de rua, mulheres e homens que encontram abrigo durante a noite sob a Colunata de Bernini da Praça de São Pedro e em ruas das cercanias. Os sem-teto estavam acompanhados pelo cardeal Konrad Krajewski, esmoler do Santo Padre.

"Pour servir" é o lema da viagem a Luxemburgo e refere-se a Cristo, que veio "não para ser servido, mas para servir". Assim, seguindo o exemplo de seu Mestre, a Igreja é chamada a estar a serviço da humanidade.

Já o lema da visita à Bélgica é “En route, avec Espérance” ("No caminho, com esperança"), que ressoa como um chamado a caminharmos juntos na estrada que é a história do país, mas é também o Evangelho, o caminho de Jesus Cristo, nossa Esperança.

O primeiro compromisso oficial do Santo Padre em Luxemburgo será a visita ao Grão Duque de Luxemburgo, no Palácio Grão-Ducal, seguido pelo encontro com o primeiro-ministro. Após o Papa se deslocará até o Cercle Cité para o Encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático.

Luxemburgo e Bélgica, dois países são sedes de instituições financeiras e administrativas da União Europeia e adquiriram um peso político maior nos últimos anos. O tema da paz será central nesta nova peregrinação de Francisco, precisamente em um contexto em que o continente corre o risco de ser arrastado novamente para um conflito.

Papa se despede das autoridades presentesna pista do Aeroporto Fiumicino (Vatican Media)

O embarque do Papa rumo a Luxemburgo

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Cosme e São Damião

São Cosme e São Damião (A12)
26 de setembro
País: Arábia
São Cosme e São Damião

Cosme e Damião nasceram na cidade de Egéia, na Arábia, por volta do ano 260. Eram provavelmente gêmeos, e foram muito bem formados espiritualmente pela mãe. Foram estudar ciências e medicina na Síria, então um destacado centro de estudos. Optando pela Medicina, dedicaram-se e distinguiram-se não só pela técnica e conhecimento, mas também pela ação espiritual e caridade na cura dos doentes.

De fato, evangelizavam através da profissão, esta de si mesma direcionada ao bem do próximo; e curavam não só o corpo como a alma, obtendo muitas conversões. Num mundo paganizado e materialista, chamavam também a atenção por não cobrarem pelos atendimentos, chegando a ficarem conhecidos como “anárgiros”, isto é, “sem prata” em Grego.

Os irmãos viveram na época da perseguição aos cristãos do imperador romano Diocleciano. O seu sucesso despertava a inveja em falsos curandeiros, além da intolerância oficial, e acabaram sendo denunciados e presos, tanto por feitiçaria (pois diversas curas eram obtidas pela ação milagrosa de Deus, através das suas intercessões) e por viverem e divulgarem uma religião proibida pelo governo.

Interrogados pelo juiz Lísias, na Cilícia (na Ásia Menor, atualmente correspondente quase toda à Turquia), confirmaram ser católicos: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo, e pelo Seu poder. Ele é.” Intimados a abjurarem da Fé e falarem aos pacientes somente sobre os deuses romanos, recusaram-se e foram condenados a morrer.

Primeiro apedrejamento, depois flechadas, e fogo, nada os matou, continuavam incólumes. Procuraram afogá-los, mas anjos os salvaram. Durante esses eventos, ambos davam graças a Deus por serem considerados dignos de sofrerem pelo Cristo, e muitos dos seus pacientes que não haviam se convertido antes, diante desses milagres, o fizeram. Por fim faleceram, decapitados, com certeza no início do século IV, talvez em 303.

 A fama destes santos se espalhou rapidamente, e entre 526 e 530 foi edificada uma basílica em sua honra, em Roma. Esta solenidade aconteceu em 26 de dezembro, que passou a ser a data da sua festa. Eles são citados no Cânon da Missa, e padroeiros dos médicos, das faculdades de Medicina, dos farmacêuticos e das parteiras.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santos Cosme e Damião, São Lucas, e outros santos médicos católicos ao longo da História sempre procuraram a cura do corpo e da alma dos seus pacientes, em função do Médico dos Médicos, Jesus Cristo. Realmente Jesus curou muitos doentes do corpo, e mais ainda os da alma, sem desprezar a importância da condição física das pessoas, que, contudo, não é mais importante do que a saúde espiritual. E se nem todos têm a vocação médica, sem dúvida todos os católicos têm a missão do apostolado para a cura, saúde e salvação das almas, mesmo que eventualmente contra regras de governos. E da mesma forma que a ética médica exige que os doutores não se neguem a cuidar de um doente, também os batizados não podem se negar a sarar as moléstias espirituais, suas e dos irmãos, recorrendo a Cristo. O “deus” deste mundo é o dinheiro, ou pelo menos é através dele que mais evidentemente se manifestam, de uma forma ou de outra, as concupiscências humanas. Embora normalmente necessário para uma vida digna, o dinheiro não é, como o corpo, de importância maior (para este ou para a alma do) que a verdadeira comunhão com Deus, que prevalece espiritualmente. É lícito e justo que o ser humano busque o suficiente para a sua vida material, incluindo, na medida do possível, o que é um justo conforto, mas esta “justiça” deve ser avaliada não sob as aspirações mundanas, materiais e físicas, mas sim sob a lei de Deus. Portanto, nada há de ilegítimo ou intrinsecamente errado em desejar e possuir bens materiais, desde que honestamente, e em muitos casos devem ser buscados em situações específicas, por exemplo, é escandaloso que num hospital não haja os materiais, por caros que sejam, necessários ao cuidado dos pacientes; também não é possível educar sem recursos como livros, etc.; um vestuário decente e belo (não obrigatoriamente luxuoso, e muito menos de acordo com “modas” absurdas e muitas vezes imorais) não tem nada de condenável; o investimento que se faz num lazer sadio, como esporte ou viagem, é legítimo; enfim, as atividades normais da vida humana e as suas despesas, bem proporcionadas e não levianas, egoístas ou exageradas de qualquer forma não afrontam a Deus, e sempre podem e devem ser orientadas para a Sua glória, através do bom cuidado com cada ser humano. E para além disso, há também a muito virtuosa (e às vezes imprescindível) necessidade de, no louvor a Deus, oferecer-Lhe o que há de melhor: sempre que possível, que sejam ricas e belas as igrejas e os materiais de culto ao Senhor, porque é Dele que nos vêm todos os bens (e, ao contrário do que muitos apregoam mentirosamente, no fundo por ódio a Deus, não é o valor destas coisas oferecidas sensatamente a Ele que resolverão a pobreza material no mundo…), e a Sua infinita Majestade exige sim um tratamento respeitoso, que inclui também bens materiais. Por fim, mesmo o que é legitimamente possuído em termos materiais pelo ser humano pode, livremente, ser oferecido a Deus em qualquer forma de caridade aos irmãos, não só o que nos é supérfluo, mas até o que nos é necessário, como é o exemplo do próprio Cristo e de inúmeros santos; mas não devemos esquecer que, santos, os temos mendigos e reis: não é a posse material, maior ou menor, que condena ou edifica o homem, mas sim o apego a ela, e o que se faz com reta ou má intenção com as coisas criadas que Deus nos concedeu para administrar, desde Adão e Eva (cf. Gn 1,28). Santos Cosme e Damião preferiram ser “anárgiros”, mas o que cobrassem justamente não os teria feito menos santos: em qualquer caso, o fundamental é que idolatraram o falso deus do dinheiro, e ao contrário se importaram não só com o corpo dos seus pacientes, mas com a sua humanidade, que é ainda mais importante na alma. No Brasil, ficou muito popular a distribuição de doces às crianças, no dia da festa de São Cosme e Damião. Este costume, ainda que bem intencionado, não é de origem católica, mas sim espírita, pois o espiritismo também considera santos católicos na sua concepção, que não é igual à da Igreja. De modo que os motivos desta oferta infantil não têm base na Doutrina, e não convém aceitá-la, ao menos pelos católicos; uma explicação mais detalhada exigiria mais espaço do que o disponível aqui, mas pode-se e deve-se buscá-la na Igreja. (Por outro lado, nos tempos atuais, até mesmo a simples prudência não o aconselha, pois existem por exemplo relatos de pessoas distribuindo na rua ou em casas doces misturados com drogas para as crianças que inocentemente vão solicitá-los).

Oração:

Pai santo, que nos curastes pelas chagas de Jesus, concedei-nos pela intercessão de São Cosme e São Damião o não nos afogarmos nas falsidades desta vida, resistindo às flechas das tentações e apedrejamento espiritual e moral tão típicos dos nossos dias, mas que abrasados sim pelo fogo do Espírito Santo, demos graças a Deus por sermos considerados dignos de sofrer em qualquer medida pelo Cristo. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Moda, estilo e formação cristã

Foto/Crédito (Opus Dei)

Moda, estilo e formação cristã

O modo de vestir-se revela muitos aspectos da personalidade. A moda e o estilo pessoal também devem refletir essa beleza que vem da fé e da verdade. Artigo sobre a moda e os valores cristãos.

11/12/2015

Ao escrever sobre o batismo, São Paulo adverte que fomos regenerados por suas águas para que «vivamos uma vida nova»[1]. Viver de acordo com o Evangelho supõe deixar que a luz da fé renove o modo de vermos nosso próprio ambiente e converter a grande dignidade dos filhos de Deus no critério decisivo para as nossas escolhas pessoais. Descobrimos que todas as coisas, grandes e pequenas, interessam ao nosso Pai Deus, e que a fé afeta todas as dimensões da nossa vida. Com amor, é possível dar um toque cristão a cada uma das facetas da nossa existência para refletirem a novidade e beleza do cristianismo. Inclusive as escolhas no estilo de vestir e comportar-se, que poderiam parecer mais materiais, podem receber este toque cristão.

A fé e o esplendor do corpo humano

Sem pretender ser exaustivos, consideraremos algumas funções e significados do vestuário. Imediatamente, destacam-se funções elementares como, por exemplo, a proteção contra as inclemências do tempo ou outro tipo de agentes externos. No entanto, a roupa tem mais sentido do que a mera utilidade, pois também é um modo de expressar a própria personalidade. A apresentação pessoal configura a primeira imagem que projetamos aos outros e provavelmente formará parte da lembrança que levarão de nós, inclusive se o encontro foi breve. Por isso também cumpre funções sociais, e se explica a elaboração de uniformes e de trajes próprios para festas e eventos, que seguem normas de etiqueta, etc., como evidencia hoje em dia, a presença de dress codes para diversas situações sociais (trabalho, comemorações, esporte, etc.).

Por outro lado, a roupa é uma grande aliada para proteger a intimidade. O modo como as pessoas se arrumam, o corte de sua roupa, a disposição dos acessórios, são um meio de manifestar a sua personalidade, e dirigir a atenção para os aspectos mais humanos. Neste sentido, um bom traje ajuda a que se respeite a própria liberdade sem expor a intimidade a olhares indiscretos, visto que contemplar algo é, de certo modo, possuí-lo.

A fé completa e eleva as razões anteriores, através do que nos ensina sobre a dignidade do corpo humano. O corpo é, de alguma forma, a visibilidade da alma de uma pessoa e portanto também reflete a imagem de Deus[2]. Está chamado a ser morada do Espírito Santo: «o templo de Deus é sagrado, e isto sois vós»[3] diz São Paulo. Recentemente, o Papa Francisco recordou-nos como a partir de uma correta valorização do corpo o homem pode entrar numa relação de harmonia com o resto da criação: «A aceitação do próprio corpo como dom de Deus é necessária para acolher e aceitar o mundo inteiro como dom do Pai e casa comum; pelo contrário, uma lógica de domínio sobre o próprio corpo transforma-se numa lógica, por vezes sutil, de domínio sobre a criação.

Aprender a aceitar o próprio corpo, a cuidar dele e a respeitar os seus significados é essencial para uma verdadeira ecologia humana. Também é necessário ter apreço pelo próprio corpo na sua feminilidade ou masculinidade, para se poder reconhecer a si mesmo no encontro com o outro que é diferente. Assim, é possível aceitar com alegria o dom específico do outro ou da outra, obra de Deus criador, e enriquecer-se mutuamente»[4].

Portanto, promover um modo de vestir que manifeste o pudor e a modéstia não tem nada a ver com afirmar que o corpo é algo indigno ou sujo. Ao contrário, é precisamente o reconhecimento de seu altíssimo valor que leva a uma moda que, sem esquisitices ou pieguices, contribua para o respeito da intimidade corporal. Isto se compreende melhor à luz da Revelação, que nos ensina como depois do pecado original entra a concupiscência na natureza humana, e a partir de então as tendências naturais do homem e da mulher estão marcadas por certa desordem. Perdeu-se a inocência no olhar e, como dizia o então cardeal Ratzinger, «ficou sem o esplendor de Deus o homem, que agora está, ali, nu e exposto, desnudado e envergonha-se»[5]; perdeu-se esse esplendor divino que era como a «primeira vestimenta» do homem e da mulher. Precisamente o pudor é um remédio para essa desordem que o pecado introduziu, pois ajuda a nos relacionarmos de um modo mais humano, respeitando delicadamente a corporeidade do outro e reconhecendo seu valor inviolável.

Existe uma legítima diversidade e evolução dos costumes nas culturas, que expressam seu gênio também nas diferentes criações de trajes e vestidos. Sua riqueza será proporcional à medida que sirvam para contribuir ao valor insubstituível de cada pessoa. Assim, proteger a intimidade através da roupa será sempre necessário. Senão cairíamos num grave empobrecimento e, se isso se generalizasse, levaria a uma tremenda decadência moral na sociedade. Sejamos realistas: ainda que se anule o sentido do pudor, a concupiscência não desaparece e há modos de apresentar-se que sempre incitam a reações desrespeitosas que, ao fim e ao cabo, são pouco humanas.

Um âmbito para a formação

Há uma harmonia fundamental entre a fé e o belo, de modo que, como diz o Papa Francisco «todas as expressões de verdadeira beleza podem ser reconhecidas como uma senda que ajuda a encontrar-se com o Senhor Jesus»[6]. Isto inclui também a linguagem, a postura, o cuidado pessoal, com as escolhas de roupa e estilo, que manifestam a nossa personalidade. A formação cristã influi nesse âmbito, pois se dirige à pessoa inteira: «não se refere somente a uma parte da pessoa, mas a todo seu ser. Há de chegar por igual ao entendimento, ao coração e à vontade»[7].

De fato, o bom gosto é algo que, em si mesmo, requer formação no sentido mais amplo do termo. Como diz o Papa, «prestar atenção à beleza e amá-la ajuda-nos a sair do pragmatismo utilitarista. Quando não se aprende a parar a fim de admirar e apreciar o que é belo, não surpreende que tudo se transforme em objeto de uso e abuso sem escrúpulos»[8]. Ninguém nasce com o bom gosto já formado, pois é parte da educação que se recebe desde pequeno, através da contemplação da beleza na natureza – da sua diversidade e harmonia –, a apreciação de uma obra de música clássica, uma escultura, etc.

Nem tudo depende das circunstâncias e opiniões que mudam. Por isso, é lógico indicar com clareza quando um produto, e o estilo de vida implícito que ele propõe, prejudica diretamente valores como o pudor, o respeito, a sobriedade. No entanto, convém expor bem, com sentido positivo, as razões morais que aconselham a não tomar uma opção. Essas razões serão mais eficazes se vierem de uma pessoa em quem reconhecemos o bom gosto. Não estamos condenados a um estilo velho e chato; muito pelo contrário, os valores cristãos são conaturais à autêntica beleza, mas esta começa no interior.

Cada um pode desenvolver o próprio estilo, que projete a alegria de uma alma que refere tudo ao amor de Deus. Uma boa formação cristã é muito útil, porque gera uma estrutura interior sólida na pessoa, própria da unidade de vida, que não depende do vai-e-vem dos sentimentos, das opiniões dos outros, do desejo de autoafirmação, da última novidade do mercado. Alguns princípios da fé, como a filiação divina, a fraternidade cristã, o destino do corpo à glória da ressurreição, estão na base das escolhas, e dão um critério para valorizar as modas. Promovem, em última análise, uma boa autoestima que leva ao que São Josemaria chamava o «complexo de superioridade» dos filhos de Deus, que atuam com segurança nas suas próprias escolhas inclusive quando o ambiente é contrário.

Influência da moda na tarefa da Nova Evangelização

Promover uma moda digna, que não reduza a pessoa à sua dimensão corporal, é uma tarefa de grande transcendência. São Josemaria mostrava a importância de que os cristãos trabalhassem no campo da moda, e que levassem aí a mensagem do Evangelho. Uma das primeiras mulheres que seguiram São Josemaria lembra como entre os campos apostólicos que lhes propunha estavam atividades sobre a moda. Ao abrir-lhes este panorama acrescentava: «Diante disso podem-se ter duas reações: uma, a de pensar que é algo muito bonito, mas quimérico, irrealizável; e outra, de confiança no Senhor que, se nos pediu tudo isto, nos ajudará a levá-lo para a frente. Espero que tenhais a segunda»[9]. Como acontece em qualquer outro trabalho evangelizador, a fecundidade depende da força da oração. Ao mesmo tempo, é preciso trabalhar com muito sentido profissional.

As profissões relacionadas com a moda: estilistas, costureiras, desenhistas, consultoras, etc., feitas com seriedade e sentido sobrenatural, tornam Deus presente, na medida em que expressam a verdadeira beleza. Tudo o que é autenticamente belo é um reflexo da beleza de Deus, dignifica a pessoa e a leva a ser respeitosa consigo mesma e com os outros. Os estilos no vestir, mesmo que possam ser um produto cultural e efêmero, são capazes de manifestar uma visão transcendente do ser humano, ao manter relação com o seu fim último, a glória de Deus. A alta moda reflete essa beleza, mas também a roupa simples, do dia a dia, com a que se pode fomentar o bom gosto, superar a vulgaridade, e ajudar a formar um clima interior rico no qual pode crescer uma vida cristã plena.

A boa moda contribui, como na parábola, a que a terra onde a semente do Evangelho foi semeada esteja preparada para dar frutos de santidade[10]. Liberta do consumismo e do luxo excessivo, que escravizam a alma às coisas materiais. Eleva o homem e a mulher acima da sensualidade e da impureza, e os tornam mais sensíveis à beleza autenticamente humana: não só do corpo, mas também do espírito. Por isso, vale a pena buscar estilos que, sem desprezar o corpo, não o exaltem excessivamente em detrimento da dimensão espiritual da pessoa; estilos que levem ao espírito, ao coração, à transcendência, através do material.

Nesta tarefa de criar uma moda atrativa, com um tom cristão autêntico, os profissionais tem um papel especial. Mas, talvez hoje mais do que nunca, contamos com incontáveis meios para que qualquer um possa influenciar positivamente. Existem canais pelos quais os consumidores, unindo-se, podem manifestar se um produto reflete ou não o estilo de vida que querem seguir. Diante de alguém que, por descuido ou simples falta de bom gosto, pode melhorar suas escolhas, é possível fazer um comentário delicado num momento oportuno. Habitualmente todos agradecem a ajuda para acertar no modo de vestir-se, especialmente quando há uma amizade sincera.

No contexto da Nova Evangelização, a importância deste campo impulsiona a manter a esperança: «Não permitamos que caia no vazio o desafio saudável de fomentar que muitas pessoas e instituições, em todo o mundo, promovam – movidos pelo exemplo dos primeiros cristãos – uma nova cultura, uma nova legislação, uma nova moda, coerentes com a dignidade da pessoa humana e o seu destino para a glória dos filhos de Deus em Jesus Cristo»[11]. Por mais árdua que possa parecer essa missão, não deixemos de olhá-la com otimismo sabendo «que vosso trabalho no Senhor não é vão»[12], já que a realizamos a serviço da Igreja e da sociedade inteira.

N.S.W.


[1] Rom 6, 4.

[2] Cfr. Gn 1, 26-27.

[3] 1 Cor 3, 17.

[4] Francisco, Enc. Laudato si’, 24-V-2015, n. 155.

[5] Joseph Ratzinger, Via Sacra, 10ª estação, 25-III-2005.

[6] Francisco, Exh. Ap. Evangelii Gaudium, 24-XI-2013, n. 167.

[7] São Josemaria, Carta 8-XII-1949, n. 91.

[8] Enc. Laudato si’, n. 215.

[9] Citado em A. Vázquez de Prada, O fundador do Opus Dei, vol. II, Quadrante, São Paulo 2004, p. 506.

[10] Cf. Mt 13, 8.

[11] Javier Echevarría, Carta pastoral, 29-IX-2012, n. 17.

[12] 1 Cor 15, 58.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/moda-estilo-e-formacao-crista/

Papa: nunca dialogar com o diabo, que age através da superstição e da pornografia

Audiência Geral do Papa Francisco - 25/09/2024 (Vatican News)

Na Audiência Geral desta quarta-feira, 25/09, Francisco alertou que hoje o diabo se esconde de muitos modos, inclusive através dos instrumentos modernos. Um exemplo é a pornografia na internet, um fenômeno bastante disseminado, do qual os cristãos devem se afastar e rejeitar com firmeza. "Cristo venceu Satanás e nos deu o Espírito Santo para que possamos fazer nossa a Sua vitória.”

Thulio Fonseca - Vatican News

O Papa Francisco retomou, nesta quarta-feira, 25 de setembro, o ciclo de catequeses com o tema "O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo guia o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança", e, com referência ao episódio narrado no evangelho de São Lucas (cf. Lc 4,1-2.13-14), quando Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto e lá foi tentado pelo demônio durante quarenta dias, refletiu, diante dos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, sobre o Espírito Santo como nosso aliado na luta contra o espírito do mal. 

A existência do diabo

Ao ir para o deserto, Jesus obedece a uma inspiração do Espírito Santo, liberta-se de Satanás e, em seguida, regressa à Galileia no poder do Espírito Santo, onde realizou curas e libertação de pessoas possuídas. Com essa premissa, o Papa destacou que hoje, em certos níveis culturais, acredita-se que o diabo não existe, sendo considerado apenas “um símbolo do inconsciente coletivo ou da alienação, uma metáfora”. Mas, acrescentou o Pontífice, como escreveu Charles Baudelaire: “a maior astúcia do diabo é convencer-nos de que ele não existe”:

"O nosso mundo tecnológico e secularizado está repleto de magos, ocultismo, espiritismo, astrólogos, vendedores de encantos e amuletos e, infelizmente, de verdadeiras seitas satânicas. Tendo sido expulso pela porta, o demônio voltou, pode-se dizer, pela janela. Expulso pela fé, regressa com a superstição. E se você é supersticioso, está dialogando com o diabo, e com ele não se deve nunca dialogar."

A ação do mal

Segundo Francisco, a prova mais forte da existência de Satanás não se encontra nos pecadores ou nos possuídos, mas nos santos. "É verdade que o diabo está presente e opera em certas formas extremas e desumanas do mal e da maldade que vemos à nossa volta. Contudo, é praticamente impossível, em casos individuais, chegar à certeza de que realmente é ele, dado que não podemos saber exatamente onde termina a sua ação e começa o nosso próprio mal." Por isso, a Igreja é muito prudente e rigorosa no exercício do exorcismo, ao contrário do que acontece, infelizmente, em certos filmes", sublinhou o Papa.

"É na vida dos santos que o diabo é obrigado a sair à luz, a estar contra a luz. Mais ou menos todos os santos e grandes crentes testemunham a sua luta contra esta realidade sombria, e não se pode honestamente presumir que todos tenham sido iludidos ou simples vítimas dos preconceitos do seu tempo."

Papa Francisco durante a Audiência Geral (Vatican Media)

A tecnologia e a pornografia como oportunidades para o demônio

Na cruz, Jesus derrotou para sempre o poder do príncipe deste mundo, destacou o Santo Padre. E, como dizia São Cesário de Arles: “o demônio está amarrado, como um cão numa corrente; não pode morder ninguém, exceto aqueles que, desafiando o perigo, se aproximam dele... Pode latir, pode insistir, mas não pode morder, exceto aqueles que o querem”. Infelizmente, o mundo atual oferece diversas maneiras que dão oportunidades ao diabo, alertou o Pontífice:

"Por exemplo, a tecnologia moderna, além de muitos recursos positivos que devem ser apreciados, também oferece inúmeros meios para dar lugar ao diabo, e muitos aí caem. Pensemos na pornografia online, por trás da qual existe um mercado próspero: trata-se de um fenômeno muito difundido, contra o qual os cristãos devem, no entanto, precaver-se cuidadosamente e rejeitar vigorosamente."

Nunca dialogar com o tentador

Francisco recordou ainda que Jesus nunca dialoga com o demônio: ou o expulsa, ou o condena, mas nunca dialoga. No deserto, Ele responde não com Suas próprias palavras, mas com a Palavra de Deus:

"Irmãos, irmãs, nunca dialoguem com o diabo. Quando ele vem com as tentações, dizendo 'ah, isso seria bom, aquilo seria bom', pare! Eleve seu coração ao Senhor, reze a Nossa Senhora e expulse-o, como Jesus nos ensinou a fazer. [...] Se você for tolo e disser ao diabo: ‘Ah, como você está?’, ele o destruirá. Mantenha distância. O diabo deve ser expulso. E todos nós, todos, temos experiência de como o diabo se aproxima com alguma tentação: quando sentimos isso, pare, mantenha distância; não se aproxime do cachorro preso na corrente."

A vitória de Cristo

Ao concluir, o Papa acentuou que o reconhecimento da ação do diabo na história não deve ser motivo de desânimo, e o pensamento final deve ser, também neste caso, de confiança e segurança:

“Cristo derrotou o diabo e deu-nos o Espírito Santo para fazer nossa a sua vitória. A própria ação do inimigo pode ser aproveitada em nosso favor, se, com a ajuda de Deus, a fizermos servir para a nossa purificação. Fiquem atentos, porque o diabo é astuto – mas nós, cristãos, com a graça de Deus, somos mais astutos do que ele."

Fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro (Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Firmino

São Firmino (A12)
25 de setembro
País: Espanha
São Firmino

Firmino (Firmin) nasceu pelo final do século III em Pompaelo (atual cidade de Pamplona, na Espanha). Sua família era pagã, e seu pai um senador do império romano. Foram todos convertidos por São Saturnino, bispo de Toulouse, França, quando ele esteve na Espanha. Firmino ficou sob a educação do sacerdote Honesto até os 17 anos, e já era conhecido como bom pregador quando, então, seguiu para Toulouse, a completar sua formação com o bispo Honorato.

Logo foi ordenado sacerdote, iniciando seu trabalho na região de Navarra, em Pamplona, onde conseguiu muitas conversões; por isso Honorato o sagrou como o primeiro bispo da cidade, aos 24 anos. Depois de bem organizar a diocese, sagrou outro bispo em seu lugar e foi como missionário para o norte da França. Numa época de perseguição aos cristãos, até os pagãos ficavam admirados de ver a sua coragem em pregar o Evangelho, expondo-se à prisão e à morte. De fato, acabou preso em Lisieux, e quando sua condenação parecia certa, o governador morreu, e ele foi solto.

Dedicou-se novamente à pregação corajosa nas Gálias, atual França, em várias regiões, como Aquitânia, Auvergne, Anjou, etc., e com tal sucesso que ficou conhecido como “Apóstolo das Gálias”, convertendo milhares de pessoas. Suas conversões mais famosas, na cidade de Beuvais, são as de Arcádio e Rômulo, que o perseguiam implacavelmente, procurando desmoralizá-lo. Mas a firmeza na Fé, os milagres que operava, as pregações, santidade e bondade de Firmino lhes tocaram as almas, bem como a Graça de Cristo, e diante das evidências eles pediram o Batismo.

Por fim Firmino foi para Samobriva Ambianorum, atual Amiens, onde estava muito intensa a perseguição religiosa, e de onde foi feito o primeiro bispo. Obteve ali tantas conversões que os magistrados responsáveis, Lôngulo e Sebastião, temendo ser acusados de negligência na repressão aos católicos, mandaram prendê-lo e, com medo de uma revolta popular no futuro julgamento, também decapitá-lo discretamente na prisão, espalhando a notícia que morrera por causa de um ataque cardíaco. A execução foi feita no dia 25 de setembro, num ano entre 290 e 303.

São Firmino é patrono de Amiens, Lesaka, da diocese de Pamplona, e co-patrono de Navarra junto com São Francisco Xavier. Também é padroeiro dos tanoeiros, barqueiros, viticultores e padeiros, e invocado contra as doenças.

As tradicionais festas de Pamplona em 7 de julho, as Sanfermines, de fama internacional, incluem a procissão de São Firmino, pela manhã, e os encierros, corridas de touros soltos num percurso de aproximadamente 850 metros nas ruas da cidade, acompanhados por homens que se arriscam junto com eles, até chegarem na arena. Antes de participarem, os corredores pedem ajuda a São Firmino, cantando em frente a uma sua imagem na Cuesta de Santo Domingo, uma rua inclinada onde as corridas começam.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Algo que muito chama a atenção na vida e obra de São Firmino é a sua coragem. Não sei qual é a origem dos encierros e a sua relação direta com ele, mas de fato é preciso ser corajoso para se expor à corrida de touros desembestados – como o santo se expôs à fúria bestial das perseguições cristãs. Naturalmente, o motivo, o sentido e o conteúdo da sua atuação corajosa têm valor real, enquanto que as corridas da Sanfermines, com risco de vida desnecessário, talvez não agradem tanto nem a Deus nem a Firmino; melhor associação com o touro nos dá São Lucas, por ser representado por um ao destacar no seu Evangelho o caráter sacrificial de Cristo, na Sua obra de Redenção, sendo que os touros eram eminentemente, na antiguidade, animais ofertados em sacrifício. A vida não deixa de ser uma corrida perigosa ao longo de um caminho, portanto mais sensato é segui-la não no ritmo alucinado e irresponsável de um encierro, mas no de uma procissão, como se dá início às Sanfermines: de forma ordenada e para Deus, sob Sua proteção e a dos santos. Outra bela característica de São Firmino, e que une as ideias de não temer as bestialidades deste mundo e o seu ritmo processional na vida, é a tranquilidade da alma, pela confiança – Fé – e convicção de “combater o bom combate” (cf. 2Tm 4,6-8) em Jesus e na certeza da sua vocação. Ele tranquilamente lançou-se ao apostolado, em ritmo intenso sim, mas sobretudo espiritualmente, do qual é apenas consequência sua atividade missionária física: como sempre, é preciso antes preparar, e manter sempre, o espírito, para depois testemunhar Nosso Senhor ao próximo, sob qualquer vocação particular. Preparo que São Firmino cultivou desde criança, com o mérito da reta intenção, e providências concretas dos pais, necessárias em todos os tempos... “Diante das evidências”, mesmo inimigos de Firmino se converteram, e é o que acontece quando o testemunho católico é verdadeiro e coerente. Mas o que fica evidente diante de nós, hoje, é a carência de vidas santas que proclamem este testemunho: um sério alerta para nós, católicos, que certamente devemos viver radicalmente a nossa Fé, para o bem das nossas almas e as dos irmãos. É sempre possível a organização pessoal para este objetivo, que aliás é o fundamento da nossa existência nesta Terra, tudo o mais constando apenas como os meios que Deus proporciona para este fim – circunstâncias e vocações individuais. E se o medo, a injustiça, a maldade e a mentira dos carrascos de Deus levam à morte, não é a dos fiéis a Ele, mas a dos próprios carrascos.

Oração:

Pai de infinito amor e bondade, que nos ofereceis o exemplo da coragem de Jesus diante do martírio para a salvação das almas, concedei-nos por intercessão de São Firmino a graça de como ele, desde jovem um bom Pregador, pregarmos igualmente com nossas vidas a juventude infinita da alma no Vosso amor, através da perseverança na paciência e nas virtudes em vista da conversão dos pecadores, e jamais consentirmos numa vivência espiritual mentirosa, que ataca o Vosso Sagrado Coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 24 de setembro de 2024

O rico está perdido por causa de sua cegueira para com os pobres

O rico e o pobre Lázaro, livro evangélico do imperador Otão III, tesouro da Catedral de Aachen | 30Giorni

O rico está perdido por causa de sua cegueira para com os pobres

Arquivo 30Giorni 10/2004

“O risco para a Europa é que ela perceba a situação dos pobres com uma mentalidade rica, enquanto a Igreja aborda isso com um coração pobre”. A homilia do presidente emérito do Pontifício Conselho Justiça e Paz durante a missa de encerramento das Semanas Sociais da França em 26 de setembro de 2004.

pelo Cardeal Roger Etchegaray

Estamos aqui reunidos para o Dia do Senhor, o dia do programa mundial de cada cristão, “filho da Ressurreição”.

Aqui estamos em torno da mesa eucarística, a mesa que inspira e estimula mais do que todas as mesas, porque reúne os novos homens da nova manhã de Páscoa para um mundo a ser continuamente inventado. Estamos na boa escola de André Boissard, Marius Gonin, Eugène Duthoit e tantos outros que a fé pascal projetou na aventura das Semanas Sociais da França, há cem anos. Somos todos verdadeiramente novos aqui para acreditar que a nossa Europa, chamada «velho mundo», pode ter um lampejo de juventude, graças ao fermento do qual o Evangelho guarda o segredo.

Esta missa é “pela Europa”. O último acto dos nossos dias lança-nos a todos nas mãos de Deus. A Europa não pode esquecer, entre as suas raízes, as suas raízes cristãs. Mas de que valem as melhores raízes se já não fornecem seiva? E como pode haver uma seiva separada das raízes que lhe deu força e cor?

A Europa que se forma é muito mais do que um tesouro a desenterrar, um legado a defender! Na precariedade das suas instituições, participa no plano criador de Deus para que o homem, feito à sua imagem, seja a alma do mundo, o homem total cuja dimensão religiosa integra as outras numa unidade viva.

Trata-se de fazer da Europa uma casa digna do homem. Não se trata tanto de procurar onde construir os muros da Europa, é o próprio homem, hoje, que está rodeado de muros; e devemos ajudá-lo a habitar uma Europa na qual possa assumir a sua verdadeira estatura, graças aos valores espirituais através dos quais o homem se torna plenamente tal.

Esta manhã ouvimos as reações e depois as conclusões das propostas formuladas pelos seis fóruns que ontem lotaram. Estou feliz por ver entrar nos estaleiros onde se constrói a Europa numerosos leigos, os «católicos sociais», como eram tautologicamente chamados há cem anos. Os sacerdotes e os bispos devem esclarecer-vos a todos na diversidade das vossas análises e apoiar-vos através da complexa rede das vossas solidariedades. Foi dito que, ao pôr em prática uma encíclica social, os cristãos preparam a seguinte, para que nada escape, mais cedo ou mais tarde, ao olhar materno da Igreja.

Mas poucos sabem seu pensamento social, um pensamento muitas vezes confundido com um tema opcional! Perto das próprias fontes da fé, este ensinamento fala-nos ora no imperativo, ora no optativo, nunca no opcional. Precisamos de pontos de referência visíveis e firmes, especialmente numa época tão indecisa e flutuante como a nossa, em que a privatização da fé transforma rapidamente os conflitos de ideias em guerras religiosas. Mais do que nunca, as Semanas Sociais são chamadas a desempenhar um papel importante como universidade popular e itinerante, ao alcance de todos, especialmente dos jovens, que têm tão pouca vontade de um futuro verdadeiramente pouco atraente.

Entre as seis obras que estabelecestes, gostaria de falar daquilo que o Evangelho deste domingo sugere para a nossa meditação: a obra da pobreza, da abertura e da partilha. A parábola de Lázaro e do rico acompanhou-me, seguiu-me, abalou-me onde quer que o Papa João Paulo II me enviasse pelo mundo. Vamos tentar entender bem a parábola. Damos ao rico o adjetivo “mau”; Cristo apenas diz “havia um homem rico”, só isso: ele não era mau. Falamos do “mendigo Lázaro”, mas Cristo só diz “um pobre coberto de feridas”, só isso; ele não pediu nada. A distância que os separava na terra não era grande, apenas a soleira de uma porta; mas a cegueira ou o simples esquecimento dos ricos para com os pobres foi suficiente para criar entre eles a distância infinita entre o céu e o inferno.

Pedro cura o aleijado, Matteo del Pollaiolo, baixo-relevo de mármore do cibório de Sisto V, Basílica de São Pedro, Cidade do Vaticano | 30Giorni

É claro que nada é mais urgente do que lutar contra a pobreza, esta ferida aberta no lado da humanidade. Mas onde se esconde e que tipo de pobreza é esta? A “nova pobreza” que as sociedades de abundância produzem não é um sinal da sua fragilidade?

O risco para a Europa é que ela perceba a situação dos pobres com uma mentalidade rica, enquanto a Igreja se aproxima dela com um coração pobre. Daí o gigantesco mal-entendido entre pobreza económica e pobreza evangélica. Como explicar hoje que podemos conciliar uma pobreza a combater com uma pobreza a abraçar depois do Pobrezinho de Assis? Como encontrar espaço para a gratuidade de um ato de amor numa civilização mercantil? A felicidade da pobreza aparece como um luxo ou uma zombaria. Reviver as suas raízes evangélicas significa para a Europa aprender a olhar o mundo como Jesus, desde o monte das Bem-aventuranças, e ousar proclamar: “Bem-aventurados os pobres!”. Sim, bem-aventurados aqueles que se recusam a prostrar-se diante dos ídolos do dinheiro e do poder.

Só há verdadeira partilha na pobreza. Só há verdadeira riqueza na partilha. Pobreza, partilha, abertura, este último termo da trilogia é uma janela, ou melhor, uma grande porta para o mundo, para todos os continentes além dos mares. Mas aqui está um continente em que a Europa pouco pensa, embora seja o mais próximo, a ponto de quase fazer parte dele, mesmo que culturalmente seja o mais distante: a Ásia. Porque, em última análise, a Europa não é senão uma pequena península do imenso continente que se estende da Extremadura ao Extremo Oriente, e não podemos esquecer isto no nosso desejo de solidariedade universal. Conheci um idoso sacerdote chinês que, quando jovem, tinha caminhado de Xangai a Paris para estudar...

Irmãos e irmãs, vejam até onde pode levar uma homilia sobre a Europa!... até à República Popular da China! É hora de parar. Ou melhor, entrarmos imediatamente juntos no mistério da Eucaristia que nos coloca no centro das nossas responsabilidades sociais. O homem moderno, muitas vezes decepcionado ou traído pelas próprias obras, espera muito da Igreja, mais do que reconhece. Ela não espera que ela lhe ensine coisas que ele pode aprender mesmo sem ela, mas que ela lhe diga o que só ela pode lhe dizer, como São Pedro, com calma audácia: «Não tenho prata nem ouro, mas o que eu eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” ( At 3:6).

Andar! A Eucaristia oferece-nos simplesmente o encontro com o Ressuscitado, Aquele que escava e ao mesmo tempo sacia uma fome de justiça mais forte que a dos homens.

Que esta missa seja para a Europa uma antecipação da nova Terra e dos novos Céus, uma comunidade feliz por viver plenamente uma fraternidade de homens e mulheres reconciliados pela morte e ressurreição do Salvador «para a glória de Deus e a salvação do mundo ».

Rezemos para que a Europa se torne um lugar cada vez mais luxuriante de esperança humana, daquela esperança que é filha de Deus.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Peña Parra: todo bispo é um evangelizador, anunciar Deus em um mundo distraído

A ordenação episcopal de dom José-Luis Serrano Pentinat, presidida pelo substituto Peña Parra (Vatican Media)

O substituto da secretaria de Estado presidiu a ordenação episcopal de dom José-Luis Serrano Pentinat, nomeado novo bispo coadjutor de Urgell, na Espanha: “Seja um irmão para os bispos, mestre e exemplo para os sacerdotes, pastor para os fiéis, amigo dos pobres, conforto para os que sofrem”

Vatican News

“Leve a palavra de Deus a um mundo distraído, sobretudo aos jovens, cujos corações ardem de esperança”, lembrando que todo bispo “é para seu povo, em primeiro lugar, um evangelizador”, sempre na certeza das orações e do apoio de todos. É uma recomendação cheia de afeto e gratidão por aquele que realizou um serviço em sinal de “obediência”, “humildade” e “competência”, feita pelo arcebispo Peña Parra, substituto da Secretaria de Estado, a Dom José-Luis Serrano Pentinat, seu secretário pessoal nomeado pelo Papa como bispo coadjutor de Urgell, na Espanha.

Serviço diplomático no mundo

Peña Parra presidiu a celebração da ordenação episcopal no sábado, 21 de setembro, na Catedral de Santa Maria a La Seu, em Urgell, repleta de parentes, amigos de dom Serrano e também de uma grande delegação da Secretaria de Estado, que veio renovar a estima e a proximidade com o prelado, que nela trabalhou por cerca de cinco anos, depois de seu serviço diplomático em Moçambique, Nicarágua e Brasil. Terras nas quais, destacou o substituto em sua homilia, ele “conheceu o fervor da evangelização e a preocupação da Igreja com a justiça social” e “aprendeu como é fiel a palavra dada pelo Senhor, que nos sustenta em cada desafio”.

A vocação desde sua juventude

Tantos foram os desafios enfrentados por dom Serrano ao longo dos anos, “não sem sacrifício”, disse Peña Parra, mas sempre “com generosidade e dedicação” e, sobretudo, com a certeza de uma forte “vocação” aceita desde sua juventude em Tivissa e continuada durante os anos de formação no seminário, como estudante de teologia em Roma, depois em seu serviço como pároco e professor no seminário diocesano. “Essa vocação, sempre a mesma e sempre nova, levou-o a ouvir e seguir Cristo no serviço diplomático da Santa Sé: um seguimento cada vez mais exigente e empolgante, que ampliou os horizontes de sua missão sacerdotal da Espanha para a Itália e, depois, para todo o mundo”, disse dom Peña Parra.

Bispo evangelizador

Agora, a nova missão em Urgell a pedido do Papa e, nesta data, a ordenação como bispo e sucessor dos Apóstolos na festa de São Mateus, o apóstolo evangelista. Uma coincidência “providencial”, para Peña Parra: “Você é chamado a se tornar como ele; um homem santo, um fiel sucessor dos Apóstolos e uma testemunha apaixonada da Boa Nova, que é o Evangelho de Jesus. De fato, todo bispo é para seu povo, em primeiro lugar, um evangelizador”.

Vida nova

O substituto Peña Parra recordou as palavras dos bispos reunidos no Concílio Vaticano II para lembrar ao novo prelado a meta e o objetivo para os quais sua comissão se move: Cristo, “o homem perfeito”, o Ressuscitado. “Quem segue Cristo, o homem perfeito, também se torna mais homem”, disseram os Padres do Concílio. “O Senhor - acrescentou o arcebispo - acende a esperança da vocação: Ele chama aqueles que não esperam, aqueles que não têm nenhum mérito. E sua palavra é uma palavra de salvação, que dá nova vida”.

Isso é demonstrado pela história do apóstolo Mateus, um publicano, um pecador, “uma vida servil ao poder e ao dinheiro” que, após o chamado de Jesus - uma única palavra, “segue-me” - encontra “liberdade e força”. E Mateus responde “sim”. “Caro dom José Luis, faça o mesmo! No Evangelho, a verdade de nossa vida é contada: sua vida conte a verdade do Evangelho”, exortou dom Peña Parra. O chamado de Jesus, acrescentou, “surpreende e renova a vida: salva-nos do tédio, da indiferença, da falta de sentido, o grande mal do coração!”

Lançar as redes no mar agitado deste tempo

“Duc in Altum” foi a recomendação do arcebispo Peña Parra. Uma expressão fortemente ecoada por João Paulo II em seus últimos anos. “Duc in altum”, diz o Senhor nesta hora a você, querido irmão e amigo. Você foi chamado para tarefas que dizem respeito à Igreja universal. Você é chamado para lançar a rede do Evangelho no mar agitado deste tempo...”. 

Levar a palavra de Deus aos jovens

Daí, o mandato de ser “irmão dos bispos”, começando pelo arcebispo Joan Enric, “conselheiro, mestre, exemplo, para os presbíteros”, “pastor para os fiéis, amigo dos pobres, conforto para os que sofrem”, bem como “testemunha da justiça e da verdade para todos os homens”. Uma missão “sublime” a ser alimentada pela oração: “Você aprendeu a reconhecer a voz de Cristo: leve sua palavra a um mundo distraído, sobretudo aos jovens, cujos corações ardem de esperança. As cinzas do egoísmo e da vaidade não apagaram esse fogo!”

Apoio e oração

Sem ansiedade, sem medo: “O Senhor escolhe instrumentos inadequados, para que fique claro que esse poder vem d’Ele, não de nós”, concluiu Peña Parra. “Que seu novo ministério seja, portanto, vivido com serenidade de espírito e firme confiança... Nós lhe asseguramos não apenas nossa gratidão e estima fraterna, mas, acima de tudo, nossa intensa oração”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Nossa Senhora das Mercês

Nossa Senhora das Mercês (Templário de Maria)
24 de setembro
Nossa Senhora das Mercês

Dia 24 de setembro comemora-se um título expressivo de Maria, invocada como Nossa Senhora das Mercês ou da Misericórdia. Esta bela invocação remonta ao século XIII, época da dominação maometana na Península Ibérica. Os epígonos de Maomé faziam também incursões nas regiões litorâneas francesas e italianas. Muitos cristãos eram aprisionados e levados como escravos para o norte da África. Condenados a trabalhos forçados e a muitas privações, embora a maioria dos discípulos de Cristo permanecesse fiel à sua fé, vários, porém, desertavam. Para alcançarem a liberdade trocavam o Evangelho pelo Alcorão.

Pedro Nolasco recebeu da Virgem Maria uma pulcra inspiração para fundar uma Ordem religiosa inteiramente devotada ao auxílio e redenção dos cristãos cativos. Dia 10 de agosto do ano de 1218, o Bispo de Barcelona na Espanha, D. Berenguer de Palou, com toda a solenidade, na Catedral, estando presente o monarca Jaime I, de Aragão, e grande número de católicos, presidiu a uma cerimônia que marcaria a História da Igreja. Com efeito, Pedro Nolasco e Treze Cavalheiros se consagraram a Deus e se propunham oficialmente a se dedicarem à Redenção dos cristãos escravos que corriam grande perigo, inclusive, de traírem sua crença religiosa. Grandes os benefícios prestados pelos mercedários àqueles que estavam sob o jugo dos mouros. A ordem aprovada pelo Papa se espalhou pela Europa e, descoberta a América, estes religiosos viram um campo aberto para suas atividades, agora junto aos selvagens, depois, na proteção dos escravos africanos.

No século XVII em pleno ciclo do ouro, nas Minas Gerais, a Irmandade de Nossa Senhora das Mercês se estabeleceu em Ouro Preto. Espalhou-se depois para outras regiões mineiras como Diamantina, São João Del Rei, Mariana, Sabará, Santa Bárbara onde belos templos lhe foram edificados. Isto ocorreu também em outras partes do Brasil como São Luís do Maranhão, Belém do Pará, Rio de Janeiro. O padre Antônio Vieira assim se expressou sobre esta devoção: “Nossa Senhora da Vitória é dos conquistadores; Nossa Senhora das Mercês é de todos, porque a todos indiferentemente está prometendo e oferecendo todas as mercês que lhe pedirem. Nos tesouros das Mercês desta Senhora não só há para o soldado vitória, para o desterrado pátria, para o descaminhado luz, para o contemplativo favores do Céu, mas nenhum título há no mundo com que a Virgem Maria seja invocada que debaixo do amplíssimo nome de Nossa Senhora das Mercês não esteja encerrado e que esta Senhora se não deva pedir com igual confiança. Estais triste e desconsolado? Não é necessário chamar pela Senhora da Consolação, valei-vos a Senhora das Mercês que Ela vos fará mercê de vos consolar. Estais aflito e angustiado, não é necessário chamar pela Senhora das Angústias, valei-nos da Senhora das Mercês e Ela vos fará mercê em vossas pretensões […] De sorte que em todos os despachos que a Senhora costuma dar em tão diferentes tribunais, como os que tem pelo mundo, todos estão avocados a este título das Mercês, porque por ele se fazem todos.”

Neste contexto histórico do consumismo deste início do terceiro milênio, a Senhora das Mercês liberta da escravidão do luxo, dos gastos inúteis do pecado. Cumpre orar a ela para não deixar o mundo cair nas garras do terrorismo internacional e que ela dê paz às nações. Título, portanto, atualíssimo este e venturosos os que se colocarem sob a égide desta Madona mui poderosa, invocando-a com denominação tão expressiva.

Oração a Nossa Senhora das Mercês

Virgem Maria, Mãe das Mercês,
com humildade acorremos a Vós,
certos de que não nos abandonais
por causa de nossas limitações e faltas.

Animados pelo vosso amor de Mãe,
oferecemos-vos nosso corpo para que o purifiqueis,
nossa alma para que a santifiqueis,
o que somos e o que temos, consagrando tudo a Vós.

Amparai, protegei, bendizei e guardai
sob a vossa maternal bondade a todos
e a cada um dos membros desta família
que se consagra totalmente a Vós.

Ó Maria, Mãe e Senhora nossa das Mercês,
apresentai-nos ao vosso Filho Jesus,
para que, por vosso intermédio
alcancemos, na terra, a sua Graça
e depois a vida eterna.

Amém!

Fonte: https://templariodemaria.com/hoje-a-igreja-celebra-nossa-senhora-das-merces-a-virgem-da-misericordia/

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Conheça esses curiosos apelidos dados aos Papas

Domínio Público | Aleteia Editar

Yohana Rodríguez - publicado em 23/09/24

Águia predadora, Cão e cobra, Papa bom... Esses são alguns dos apelidos que as pessoas atribuíam aos papas, conheça-os!

Embora normalmente nos referimos aos Papas Católicos de diferentes maneiras – Santo Padre, Sumo Pontífice, Vigário de Cristo – em algumas ocasiões, cada pontífice é conhecido por um apelido único que resume seu pontificado ou alguma parte de sua contribuição à Igreja.

Neste artigo partilhamos convosco os apelidos mais emblemáticos e curiosos que os Papas tiveram nos últimos 300 anos:

Pio VII - " águia predadora"

O Papa Pio VII (1800-1823) viveu o seu pontificado em tempos instáveis: a figura de Napoleão Bonaparte crescia rapidamente em toda a Europa e o seu emblema - o de Napoleão - era uma águia.

Naquela época, os franceses, depois de terem passado por 10 anos de guerra, começavam a sentir falta da monarquia e da Igreja Católica. Napoleão, percebendo esta reação, procurou ganhar o poder do Papa. Ele é conhecido como Águia de Rapina, porque o Pontífice foi sequestrado por Bonaparte para expandir e assumir o controle.

Leão XII - "Cão e a cobra"

Papa Leão

É conhecido como Canis et coluber (O Cão e a Serpente) porque, nas profecias de São Malaquias , este pontífice é retratado como um vigia (cão) contra os pagãos (cobras) que queriam causar divisão na Igreja Católica.

Leão XIII - “Papa dos trabalhadores”

O Papa Leão XIII (1878-1903) tinha um grande interesse pelos direitos dos trabalhadores. Escreveu a encíclica Rerum Novarum , onde estipulava que o trabalhador deveria obter um emprego onde sua dignidade fosse respeitada e obtivesse um bom salário.

É considerado o Papa que uniu a Igreja à realidade do mundo de hoje.

São Pio - "Papa da Eucaristia"

São Pio

Antigamente, os católicos comungavam uma vez por ano, por isso Pio X, ao longo do seu pontificado, escreveu decretos e cartas incentivando os fiéis a consumirem a Eucaristia regularmente. 

São João XXIII - "O bom pai"

Você consegue imaginar um Pontífice que se distingue pelo bom humor? Isso aconteceu com o Papa João XXIII (1958-1963), que era conhecido pelo seu caráter gentil e alegre. Quando morreu, recebeu também o apelido de “o Papa mais querido da história”.

No seu pontificado, fez grandes esforços para unir o mundo moderno e a Igreja. Convidou os fiéis a serem ativos na fé e na busca da justiça e da paz.

São Paulo VI - "O Papa Peregrino"

Podemos pensar que viajamos demais até conhecermos a vida de São Paulo VI (1963-1978), conhecido como o Papa viajante por ter sido o primeiro a pegar um avião e ter viajado pelos cinco continentes.

Viajou em 10 ocasiões que hoje são o precedente para os seguintes pontífices que seguiriam seu exemplo para evangelizar em diferentes partes do mundo. Sua primeira viagem foi à Terra Santa em 1964.

São João Paulo II - Papa dos jovens, Papa viajante

São João Paulo II (1978-2005) foi um Papa amado pelos fiéis da Igreja. Considerava de grande importância o apostolado, especialmente junto aos jovens. Por isso, ele inaugurou a Jornada Mundial da Juventude em Roma, em 2000. 

Ele também teve grande fama como papa viajante com um recorde de 1.160.420 quilômetros, mais ou menos o equivalente a 29 viagens ao redor do mundo.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/09/23/conoce-estos-curiosos-apodos-que-le-adjudicaron-a-los-papas

Hoje é celebrado o beato Padre Victor, brasileiro e ex-escravo

Beato Padre Victor (ACI Digital)
23 de setembro
País: Brasil
Beato Padre Victor

Por Redação central*

23 de set de 2024

O beato Francisco de Paula Victor, brasileiro e ex-escravo, apontado pelo papa Francisco como “modelo para todos os sacerdotes, chamados a ser humildes servidores do povo de Deus”, é celebrado hoje, 23 de setembro.

Francisco de Paula Victor nasceu em Campanha (MG), filho da escrava Lourença de Jesus, no dia 12 de abril de 1827. Oito dias depois, foi batizado e sua madrinha foi a dona da fazenda onde nasceu, Marianna Bárbara Ferreira, que teve papel fundamental para sua educação.

Exercia a profissão de alfaiate, mas, em seu coração, Deus o chamava ao sacerdócio. Esse sonho era praticamente impossível na época da escravidão. Dizia-se que, no dia em Francisco de Paula que se tornasse padre “as galinhas começariam a ter dentes”. O futuro beato teve apoio em sua madrinha, que procurou o padre da cidade para saber se seria possível realizar o sonho de Victor.

A oportunidade apareceu em 1848, quando o bispo de Mariana (MG), Dom Antônio Ferreira Viçoso, visitou Campanha. Victor logo o procurou e manifestou o desejo de ser padre, pedido que foi aceito e o alfaiate ingressou no seminário em 5 de junho de 1849. Foi ordenado sacerdote em 14 de junho de 1851 e permaneceu em Campanha como coadjutor até o ano seguinte, quando foi transferido para Três Pontas (MG) como vigário e mais tarde pároco. Só saiu de lá 53 anos depois ao morrer, no dia 23 de setembro de 1905.

Seu ministério foi marcado pela catequese e instrução do povo, edificando a Escola Sagrada Família para crianças e jovens. Padre Victor pregou não só com as palavras, mas pelo seu testemunho de amor a Deus.

Quando morreu, toda a cidade, que já o venerava, foi tomada por grande comoção. Conta-se que seu corpo ficou exposto por três dias e exalava um perfume agradável. Padre Victor foi enterrado Igreja Matriz de Nossa Senhora D’Ajuda, construída por ele.

Em junho de 2015, o papa Francisco autorizou a Congregação para a Causa dos Santos a promulgar decreto concernente ao milagre atribuído à intercessão do sacerdote, que aconteceu com uma moradora de Três Pontas. A professora Maria Isabel de Figueiredo sonhava em ser mãe, mas, descobriu que tinha uma das trompas obstruída e, depois de uma gravidez ectópica (fora do útero), teve que retirar a trompa que estava boa. Isso não a desviou de seu sonho e ela pediu a intercessão de Padre Victor durante uma novena em 2009. Um ano depois, engravidou e deu à luz Sofia.

Padre Francisco de Paula Victor foi beatificado em 14 de novembro de 2015, na cidade de Três Pontas, em celebração presidida pelo então o bispo de Campanha, dom Diamantino Prata de Carvalho. No dia seguinte, após a oração do Ângelus em Roma, o papa Francisco comentou a beatificação.  “Pároco generoso e excelente na catequese e na ministração dos sacramentos, se distingue sobretudo pela sua grande humildade. Possa o seu extraordinário testemunho servir de modelo para todos os sacerdotes, chamados a ser humildes servidores do povo de Deus”, disse na ocasião.

*A Agência Católica de Informação - ACI Digital, faz parte das agências de notícias do Grupo ACI, um dos maiores geradores de conteúdo noticioso católico em cinco idiomas e que, desde junho de 2014, pertence à família EWTN Global Catholic Network, a maior rede de televisão católica do mundo, fundada em 1981 por Madre Angélica em Irondale, Alabama (EUA), e que atinge mais de 85 milhões de lares em 110 países e 16 territórios.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/49715/hoje-e-celebrado-o-beato-padre-victor-brasileiro-e-ex-escravo

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF