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sábado, 28 de setembro de 2024

A solidão

A solidão (Mood Psi)

A solidão

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RS)

Geralmente, enfatizamos o aspecto negativo da solidão, como canta Alceu Valença: “a solidão é fera, a solidão devora”, personificando-a como uma força avassaladora e feroz que permeia e está presente em tudo, no cosmos, no silêncio e na escuridão da noite, e até nas ruas, onde a vida aparentemente vibrante pode ser substituída pela sensação de vazio. Na solidão, o tempo se alonga e se arrasta, causando um “descompasso no coração”, refletindo a dor emocional e o vazio que acompanham quem a experimenta. 

A solidão pode se manifestar em qualquer lugar. Ela se revela no anonimato das grandes cidades e no distanciamento emocional dos conglomerados urbanos, onde, apesar da proximidade física entre as pessoas, elas amargam o isolamento e a indiferença. Nem mesmo as interações superficiais das redes sociais e as conexões digitais conseguem preencher o vazio existencial. 

Apesar dessa visão sombria, a solidão possui um lado positivo, que pode ser cultivado na introspecção e para o autoconhecimento. Os místicos veem na solidão um caminho para a reconexão com o divino e com o próprio eu. No âmbito filosófico, Nietzsche, em particular, reconhece os desafios da solidão, mas a exalta como uma virtude moral e um antídoto contra o conformismo. Para ele, a solidão torna-se fecunda, funcionando como uma ferramenta de transformação pessoal, autossuficiência e criação. Portanto, a solidão não é um estado de isolamento a ser temido, mas uma condição essencial para a liberdade interior e o florescimento espiritual. 

Segundo Nietzsche, a solidão é fundamental para a autenticidade e a criação de novos valores. Ele critica o modo como a vida em sociedade distrai os indivíduos com suas exigências diárias, impedindo o silêncio necessário para o amadurecimento. Em Aurora (aforisma 177), ele critica os que habitam as grandes cidades e se perdem nos ruídos e nas distrações da vida pública, impedindo a verdadeira produtividade. Somente na solidão, longe das influências externas, os indivíduos podem cultivar suas próprias ideias e alcançar uma profundidade autêntica. 

A solidão, segundo Nietzsche, é uma forma de resistência à massificação. “O homem receoso não sabe o que é estar só; há sempre um inimigo atrás de sua cadeira” (Aurora, aforisma 249). A metáfora do “inimigo” sugere que aqueles que projetam seus medos internos no ambiente ao redor impossibilitam uma verdadeira experiência de solitude. Esse medo impede o indivíduo de enfrentar a si mesmo e de experimentar uma introspecção genuína. A solidão, em vez de ser uma experiência negativa, é uma oportunidade para o crescimento pessoal e a liberdade interior. 

Para os que temem a solidão, ela parece insuportável, pois a ausência de distrações os força a confrontar seus medos. No entanto, é justamente na solidão que o indivíduo se distancia das pressões sociais e pode reconquistar seu eu e produzir novos valores. Segundo Nietzsche, embora traga tédio e desalento, a solidão oferece a oportunidade de acessar a profundidade interior, proporcionando momentos de recolhimento comparáveis a uma “poção tonificante” retirada do próprio íntimo. “Quem se entrincheira totalmente contra o tédio, entrincheira-se também contra si mesmo: nunca lhe será dado beber a mais tonificante poção do seu próprio manancial íntimo” (Humano, Demasiado Humano, aforisma 200). 

A solidão também é uma resposta à alienação que a vida em sociedade pode causar. O homem, quando imerso na multidão, acaba vivendo como os outros, perdendo sua autenticidade. Ao se isolar no “deserto”, ele recupera sua bondade e reencontra sua verdadeira essência, longe das influências superficiais que permeiam a sociedade. “E é por isso que vou para a solidão — para não beber das cisternas que estão dispostas para todos. […]. Tenho então necessidade do deserto para voltar a ser bom” (Aurora, aforisma 491). 

Enfim, a solidão é um meio necessário para a reconexão com o próprio eu, com Deus, e é uma fonte de força criativa. Apenas ao se afastar do barulho da vida cotidiana, o indivíduo pode criar algo novo e significativo, transcendendo as limitações impostas pela massificação social. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa em Bruxelas: que a Igreja se torne serva de todos, sem subjugar ninguém

Papa se reuniu com membros da Igreja belga na Basílica do Sagrado Coração de Koekelberg (Vatican Media)

Francisco definiu a Igreja belga como uma "encruzilhada em movimento", propondo à reflexão três palavras: evangelização, alegria, misericórdia.

Vatican News

Na Basílica do Sagrado Coração de Koekelberg, em Bruxelas, o Papa se reuniu com os Bispos, Sacerdotes, Diáconos, Consagrados/as, Seminaristas e Agentes de Pastoral.

Francisco definiu a Igreja belga como uma "encruzilhada em movimento", propondo à reflexão três palavras: evangelizaçãoalegriamisericórdia.

Para o Pontífice, a crise da fé que vive o Ocidente impele a regressar ao essencial, isto é, ao Evangelho: "A crise – cada uma delas – é um momento que nos é oferecido para nos sacudir, para nos questionar e para mudar. É uma oportunidade preciosa".

De um cristianismo instalado se passou a um cristianismo “minoritário”, ou seja, um cristianismo de testemunho, em que se exige coragem. "Sejam padres que não se limitam a conservar ou a gerir um patrimônio do passado, mas pastores apaixonados por Jesus Cristo". O Papa ressaltou a importância de percursos comunitários, recordando que na Igreja há lugar para todos e ninguém deve ser uma fotocópia do outro. E o processo sinodal deve ser um regresso ao Evangelho para perguntar-se como fazê-lo chegar a uma sociedade que já não o escuta ou que se afastou da fé.

Para isso, serve a alegria suscitada por Jesus. Em todos os âmbitos, na pregação, na celebração, no serviço e no apostolado devem transparecer a alegria do coração, porque esta suscita interrogações e atrai também aqueles que estão longe. A alegria é o caminho que conduz à felicidade.

Por sua vez, o Evangelho, acolhido e partilhado, recebido e dado, conduz-nos à alegria porque faz descobrir que Deus é o Pai da misericórdia, que se comove conosco, que nos levanta das nossas quedas, que nunca desiste de nos amar.

"Gravemos isto no nosso coração: Deus nunca desiste de nos amar. 'Até mesmo se eu cometi algo de grave?' Deus nunca deixa de te amar." 

É a misericórdia, prosseguiu o Papa, que pode salvar mesmo em casos de abusos, que geram sofrimentos e feridas atrozes, minando até mesmo o caminho da fé.

"E é necessária tanta misericórdia, para não ficar com um coração de pedra diante do sofrimento das vítimas, para as fazer sentir a nossa proximidade e lhes oferecer toda a ajuda possível, para aprender com elas a ser uma Igreja que se torna serva de todos sem subjugar ninguém. Sim, porque uma das raízes da violência é o abuso de poder, quando usamos as nossas funções para esmagar ou manipular os outros."

A misericórdia é a palavra-chave para os prisioneiros, acrescentou. "Jesus mostra-nos que Deus não se afasta das nossas feridas e impurezas. Ele sabe que todos nós podemos errar, mas ninguém é um fracassado. Ninguém está perdido para sempre. (...) Misericórdia, sempre misericórdia."

O quadro do pintor belga Magritte, intitulada “O Ato de Fé”, é a imagem que Francisco deixa à Igreja local, uma Igreja que nunca fecha as portas, que oferece a todos uma abertura para o infinito, que sabe olhar mais além. "Esta é a Igreja que evangeliza, que vive a alegria do Evangelho, que pratica a misericórdia."

Caminhem juntos, concluiu o Papa: "Sem o Espírito, não acontece nada de cristão. É o que nos ensina a Virgem Maria, nossa Mãe". 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

São Vicente de Paulo

São Vicente de Paulo (A12)
27 de setembro
País: França
São Vicente de Paulo

Vicente de Paulo nasceu em 1581, na cidade de Pouy, Landes, no sul da França, e foi batizado no mesmo dia. Foi o terceiro filho de um casal de camponeses muito fervorosos, e sua mãe educou os seis filhos no catolicismo. Já em criança, Vicente ajudava nos trabalhos familiares, principalmente nos cuidados ao rebanho.

O século da sua vida foi conhecido como um apogeu francês, destacando-se o reinado de Luís XIV, o “Rei sol”, cuja magnificência da corte ficou famosa. Mas na verdade a maior parte da realidade francesa era caracterizada por crianças abandonadas, prostituição, pobreza, guerras e revoluções internas, ignorância religiosa nas áreas rurais e lamentável estado de boa parte do clero.

Os pais de Vicente muito se esforçaram para que ele pudesse ter o melhor estudo possível, ao perceberem sua potencialidade, e com a ajuda de um benfeitor, o advogado Comet, ele teve a oportunidade de estudar com os franciscanos, e ao mesmo tempo educar os filhos dele. Aprendeu Humanidades na cidade de Dax, e em 1596, aos 15 anos, foi estudar Teologia em Toulouse, para o que seus pais venderam uma junta de bois. Ordenou-se sacerdote em 1600, e começou a dar aulas particulares para complementar a renda.

Uma senhora, viúva, que gostava das suas pregações e sabendo da sua difícil condição financeira, deixou-lhe em herança uma propriedade e certa quantia de dinheiro, que estavam só os cuidados de um comerciante na cidade de Marselha. Vicente prontificou-se a viajar até lá para receber e doar o valor total aos pobres, e na volta, embarcando de Marselha para Narbonne, seu navio foi capturado por piratas turcos, que o venderam como escravo em Túnis, na Tunísia, África.

Foi revendido a outro homem, que ao morrer o incluiu como herança para um sobrinho fazendeiro. Este era um ex-católico que, por medo da perseguição muçulmana, adotara o islamismo; uma das suas três esposas encantou-se com as músicas que Vicente cantava ao rezar, e pediu-lhe que explicasse o significado do que dizia.

Assim evangelizada, repreendeu o marido por ter abandonado aquela religião… o patrão se arrependeu e voltou à Fé católica. Em 1607, este homem e Vicente foram juntos para a França, escondidos dos muçulmanos, chegando a Paris em 1608. Em Avignon, o vice-legado do Papa concedeu de volta a Vicente as suas credenciais sacerdotais, e seu companheiro entrou para a vida monacal.

Nomeado capelão da rainha Margarida (Margot) de Valois pelo rei Henrique IV, em 1610, assumiu também a função de esmoler, isto é, distribuidor de esmolas, e a assistência espiritual de um hospital. Em 1612 o bispo de Paris o nomeou vigário de Clichy, um bairro na periferia da cidade. Dois anos depois, recebe a função de educar os filhos do casal Gondi, uma das mais influentes famílias francesas, bem como do cuidado espiritual e pastoral dos serviçais da família, sete mil pessoas em inúmeras propriedades em solo francês.

Esta experiência lhe proporcionou constatar, por quatro anos, o abismo material e social, além do espiritual e moral, entre os mais e menos favorecidos. Desenvolveu-se nele assim a base do futuro carisma vicentino no modo de atender às necessidades dos mais pobres.

Em 1617, numa dessas propriedades, em Folleville, constatando a carência espiritual da população quanto à confissão, a própria marquesa de Gondi, sabendo da situação por Vicente, lhe pediu que orientasse os católicos do local para que buscassem o Sacramento da Reconciliação, e não se perdessem as almas. Depois de um famoso sermão, a procura pelo confessionário foi tão grande que se fez necessária a ajuda de outros padres da região. A marquesa também disponibilizou muito dinheiro para que Vicente instituísse uma obra de pregação quinquenal aos camponeses das suas terras.

Muito tocado pelas ocorrências em Folleville, e desejando um auxílio mais próximo junto à população, ele passou a trabalhar como pároco na periferia de Châtillon-le-Dombes, onde uma nova situação aconteceu, sendo também importante para definir os moldes da sua obra futura. Toda uma família encontrava-se doente, sem que pudessem cuidar uns dos outros, e passavam fome e necessidades. Ao saber disso, Vicente pediu, na homilia, ajuda para eles. De modo surpreendente, muitas senhoras providenciaram alimento e companhia à família, e Vicente determinou-se a organizar esta forma de caridade: surgiu a instituição das “Servas dos Pobres”.

Vicente voltou à casa dos Gondi, buscando mais auxílio para os camponeses. Nas suas relações com a nobreza em geral, soube tocar-lhe o coração para o cuidado dos mais pobres. Em seguida, foi para Paris, onde eram muitas as carências, onde repetiu e ampliou a atuação das senhoras de Châtillon-le-Dombes: as Senhoras da Caridade, Damas da Caridade, Confraria das Irmãs da Caridade ou Confraria da Caridade, hoje conhecida internacionalmente como Associação Internacional de Caridades, iniciada em agosto de 1617, foi oficializada em dezembro do mesmo ano, e era formada por senhoras de posse que tinham tempo e recursos disponíveis para atender os menos favorecidos. As confrarias, rapidamente, se espalharam pelo país.

Em 1625 Vicente, também em Paris, fez uma nova fundação, a Congregação da Missão (Padres da Missão), também conhecidos como Padres Lazaristas (o nome vem da sua primeira casa, o Leprosário de São Lázaro), com o auxílio financeiro da família Gondi. Seu carisma é voltado principalmente para a evangelização nas áreas rurais, e fazem o voto obrigatório de apostolado com os pobres, em qualquer lugar; atuam por missões populares, e também cuidam da direção de seminários, pois uma outra grande preocupação de Vicente era a boa formação dos padres, que por isso também criou seminários.

Assim, às terças feiras, pregava para os seminaristas, e recebia sábios e nobres que buscavam conselhos. Sempre que possível, de outubro a junho, todos os anos, Vicente ia pessoalmente pregar nas áreas rurais. Em Paris fomentou ardentemente a prática dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola (nos quais se preparara em anos anteriores), principalmente entre o clero.

Em 1633 Vicente fundou outra congregação feminina, inovadora para a época, que em tempo recorde obteve a aprovação do Bispo de Lyon. As Filhas da Caridade (“Irmãs Vicentinas”), ainda hoje a maior família religiosa feminina da Igreja, não atuam como monjas dedicadas à contemplação monástica, mas “terão por mosteiro as casas dos enfermos, por cela um quarto de aluguel, por capela a igreja das paróquias, por claustro as ruas da cidade ou as salas dos hospitais, por clausura a obediência, por grades o temor de Deus e por véu a santa modéstia”. Este modo de atuação visava cooperar e ampliar os trabalhos das Damas da Caridade, e teve por cofundadora Santa Luísa de Marillac.

São Vicente de Paulo faleceu em Paris, aos 27 de setembro de 1660, com a idade de 79 anos, tendo participado ativa e decisivamente na reforma católica do século XVII na França. Seu corpo, exumado 52 anos depois, foi encontrado incorrupto, e está exposto à visitação na Capela de São Vicente de Paulo, em Paris; o coração está conservado em um relicário na Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. Ele é o patrono de todas as Associações católicas de caridade, e também, na França, da Assistência Pública.

 As três fundações de São Vicente inspiraram muitas outras com o seu carisma, de modo a Família Vicentina é o conjunto de congregações, organismos, movimentos, associações, grupos e pessoas que, de forma direta ou indireta, prolongam no tempo a sua obra de dedicação no serviço aos pobres. Está presente nos cinco continentes, com mais de 225 ramos incluindo religiosos e leigos. Os mais conhecidos são, além das três fundações originais, a Sociedade de São Vicente de Paulo (também conhecida por Conferências de São Vicente de Paulo ou Conferências Vicentinas, para leigos, fundada pelo beato Frederico Ozanam em 1833, Paris), a Associação da Medalha Milagrosa, a Juventude Vicentina Mariana e os seculares Lazaristas.

A Família Vicentina cuida dos abandonados, órfãos, idosos, inválidos, doentes, moças em perigo, sendo talvez a instituição católica e cristã, dedicada à caridade pura, de maior extensão geográfica e no tempo, agindo em leprosários, orfanatos, hospitais, escolas, manicômios, asilos, etc.. Os vicentinos possuem um imenso acervo escrito do seu fundador, embora ele não tenha se dedicado ao labor literário; são correspondências (só 400 forma para Santa Luísa de Marillac) e documentos redigidos por ele ou alocuções e conferências suas anotados por outros.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Como deixa evidente a Família Vicentina, dentro da Igreja, todos podem ser caridosos, de inúmeras formas muito concretas, sendo que as pessoas abastadas, sem deixarem de o ser, podem enriquecer também no espírito: a experiência de São Vicente de Paulo evidenciou não apenas a solicitude amorosa de senhoras camponesas como também a sincera preocupação da marquesa Gondi e outras nobres, não apenas com o material, como também pelas necessidades espirituais dos mais desfavorecidos financeiramente: aliás, o primeiro incentivo que ela fez a São Vicente foi para incrementar as confissões, de modo a salvar almas – a mesma e primeira preocupação dele no cuidado com os pobres, a salvação das almas. A Igreja nunca pode ser entendida como um mero veículo de mitigação de carências materiais, mas sim como a legítima anunciadora da Boa Nova da salvação trazida por Jesus, cuja exigência é a conversão das almas para Deus e assim, como consequência e não premissa, externa seus bons frutos também pela caridade material. A caridade bem organizada, como percebeu São Vicente, realiza melhor a sua função, mas é a miséria espiritual que deve ser atendida primeiro, como ele fez atendendo às confissões. Na História da Igreja, o destaque às contribuições femininas mostra, pela primeira vez no correr dos séculos, a verdadeira e correta valorização das mulheres, começando obviamente por Nossa Senhora. A mulher, pela sua própria feminilidade, querida e portanto expressamente criada por Deus, é algo sublime e sem dúvida precisa ser corretamente entendida, algo que desde Eva, e muito claramente nos tempos atuais, o diabo quis desfigurar, exatamente porque sua missão específica constitui a base da santa organização natural que Deus quis para o ser humano: de modo que, tentando primeiramente Eva, por sua influência sobre Adão, e atualmente incentivando uma “igualdade” mentirosa e impossível através de muitos e diversificados meios, o demônio induz ao pensamento de que as mulheres não devem se preocupar em ser mães, esposas, as principais responsáveis pelos lares, mas devem “competir” com os homens em outras atividades, particularmente as laborais – supervalorizando o dinheiro (e a sua “liberdade”) em detrimento da família – e assim obtendo o evidente e facilmente observável caos social presente, com os flagelos do divórcio, das uniões apenas civis e não abençoadas por Deus, da recusa a gerar filhos que chega ao assassinato por meio de abortos. Ora, a célula da sociedade é a família, e a base da família é a esposa; se esta não quer assumir o que a caracteriza como mulher, como mãe, um dom de geração de vida infinita exclusivo, que só é compartilhado com Deus, como ter famílias e portanto sociedades santas e equilibradas? O diabo é muito mais inteligente do que o ser humano, e da mesma forma que agiu com Eva, age e agirá até o final dos tempos: apresentando o mal como um bem, e o Bem como um mal, procurando enganar as pessoas de modo que, além de perderem o Paraíso Terrestre, não cheguem ao Paraíso Celeste… poderia Deus, que é perfeito, criar a mulher, caracterizada particularmente pela maternidade, de modo a que fosse infeliz gerando filhos?? Esta é a vocação natural da mulher, embora Deus as chame também, conforme a Sua sabedoria, para as vocações religiosas; ocorrem ainda exceções de vida nas quais, por circunstâncias diversas, os homens e mulheres nãos se casam sem terem o chamado para a vida consagrada: exceções, não a regra, e muitas vezes não por escolha pessoal, mas devidas a problemas sérios. O católico que não compreende isso, e eventualmente aceita ideias diferentes avassaladoramente despejadas por ideologias contrárias e irreconciliáveis com a Fé, devem se questionar seriamente sobre o seu conhecimento e fidelidade ao ensinamento de Deus e da Sua Doutrina, pois colocam suas almas em imenso risco – e na prática podem já estar agindo de forma herética.

Oração:

Senhor Deus, que na Vossa infinita bondade e sabedoria criastes os homens e as mulheres para viverem na alegria da caridade, concedei-nos por intercessão de São Vicente de Paulo a proteção contra os piratas de alma, para que, sendo Vossos escravos, possamos libertar-nos a nós mesmos dos enganos do pecado e auxiliar os irmãos a fazerem o mesmo, na prática da caridade a todas as suas necessidades; e assim, tendo o coração preservado no relicário das virtudes, tenhamos o corpo e a alma incorruptos no Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Quantas missas existem na Igreja Católica?

Ref:510 | ALETEIA

Por Luis Carlos Frías - publicado em 25/09/24

Missa de cura, missa de réquiem, missa votiva, hino... Algumas destas expressões são de natureza litúrgica, referindo-se a uma celebração ou intenção particular, enquanto outras apontam uma característica do mistério da nossa fé. Por que faríamos esta distinção e quantas missas realmente existem?

A primeira e mais fundamental coisa que todos os católicos devem ter em mente é que não há muitas Missas, a Missa é uma só. Pode ser celebrado de diferentes formas (ritos) e com diferentes intenções, mas é um porque acreditamos num só Deus, porque temos uma única fé que nos vem de um único batismo e porque fazemos parte de uma única comunidade chamada a Igreja.

São Justino, mártir, descreve a santa missa

Os números 1322 a 1419 do Catecismo da Igreja Católica dão-nos luz e doutrina sólida sobre a Sagrada Eucaristia com palavras sábias e sinceras, enraizadas na Palavra, na Tradição e na reflexão magisterial.

Ali encontramos uma descrição da santa Missa, escrita por volta do ano 155 d.C. por São Justino (mártir da Igreja Grega primitiva, filósofo e apologista Padre). Depois de tantos anos, a validade de suas palavras é surpreendente:

“No dia chamado dia do sol, todos os que vivem na cidade ou no campo reúnem-se num só lugar. As memórias dos Apóstolos e os escritos dos profetas são lidos durante o maior tempo possível.

Terminado o leitor, toma a palavra quem preside para incitar e exortar à imitação de coisas tão belas.

Então todos nos levantamos juntos e oramos por nós mesmos [...] e por todos os outros onde quer que estejam, [...] para que possamos ser considerados justos em nossas vidas e ações e ser fiéis aos mandamentos para alcançar assim a salvação eterna . Quando esta oração termina, nos beijamos.

Depois, aquele que preside traz aos irmãos pão e um copo de mistura de água e vinho. O presidente os pega e eleva louvor e glória ao Pai do universo, em nome do Filho e do Espírito Santo, e dá longos agradecimentos por termos sido julgados dignos desses dons. Terminadas as orações e as ações de graças, todos os presentes aclamam dizendo: Amém. [...]

Quando aquele que preside agradece e o povo responde, aqueles entre nós que se chamam diáconos distribuem pão, vinho e água “eucaristizados” a todos os presentes e os levam aos ausentes (Apologia, 1, 67 e 65).

CIC, nº 1345 )

A semelhança que, essencialmente, os diferentes ritos reconhecidos pela Igreja guardam com o que é narrado por São Justino é um exemplo claro de como a Igreja preserva com carinho o que recebeu de Nosso Senhor Jesus Cristo na Última Ceia (a primeira Missa). :

"Quando chegou a hora, (Jesus) sentou-se à mesa com os apóstolos e disse-lhes: 'Desejo muito comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer; pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra. no Reino de Deus' [...] E tomou o pão, deu graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: 'Isto é o meu corpo que será entregue por vós; Depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue, que será derramado por vós’” (Lucas 22,7-20; cf. Mt 26,17-29; Mc 14). :12-25; 1Cor 11,23-26).

Um memorial vivo

A Igreja, desde o seu início, celebra a “partição do pão” ordenada por Nosso Senhor, repetindo os seus gestos e palavras, não como um acto de memória (como se fosse uma simples recordação de um acontecimento histórico), mas como um acto apostólico. comemorativo; isto é, dos Apóstolos e seus sucessores

A palavra “memorial” tem um significado particular, pois indica a celebração viva; isto é, a santa Missa, que torna real, atual e presente o mistério completo de Jesus.

Uma missa, muitos adjetivos relacionados à liturgia

Tendo esclarecido o ponto de que a Santa Missa é uma só, paremos agora para reconhecer alguns dos adjetivos de uso litúrgico e celebrativo:

1 - Missa Solene, cantada ou rezada

Esses termos expressam vários graus de solenidade, dependendo da ocasião que está sendo celebrada. Entre elas está a Missa Pontifícia, que o Bispo celebra em ocasiões muito especiais, como a dedicação da sua Igreja Catedral.

2 - Missa Crismal

É aquele presidido pelo Bispo na Quinta-feira Santa, em que são abençoados os santos óleos.

3 - Missa Votiva

É comemorado para encorajar a devoção dos fiéis a alguns dos mistérios da nossa fé.

4 - Missa de Preceito

É o que obriga todos os fiéis.

5 - Missa de corpo, almas ou réquiem

É aquele que se celebra por um falecido em particular ou de forma geral pelos fiéis falecidos. Entre estas encontramos as Missas Gregorianas que são celebradas durante 30 dias consecutivos para o descanso eterno de uma pessoa falecida.

6 - Cantamisa

É a primeira missa celebrada por um novo sacerdote.

7 - Missa Concelebrada

É aquele que se celebra com dois ou mais Ordenados. É sempre presidida por um deles e é uma missa, não várias.

8 - Missa de Galo

É aquele que se celebra à meia-noite em algumas solenidades ou festas particulares; por exemplo, o santo padroeiro de uma comunidade.

Adjetivos não exclusivos ou exclusivos

Marco Vombergar | ALETEIA

Existem também outros tipos de adjetivos que apontam uma característica do mistério da nossa fé:

9 - Missa Curativa

Esta expressão indica essencialmente a intenção pela qual a Santa Missa é celebrada, mas este adjetivo não lhe é exclusivo, nem exclui o mesmo benefício de qualquer outra Missa. Tentar particularizar esta característica geral implicaria abrir a porta a um grave erro: pensar que há Missas que não oferecem este benefício. 

10 - Missa Tradicional

Esta expressão indica, na prática, um rito particular, o de São Pio V – também conhecido como Missa Tridentina –, mas este adjetivo não é exclusivo deste rito, mas antes destaca esta característica geral. A realidade é que todas as Missas reconhecidas pela autoridade da Igreja, como já vimos, têm a mesma fonte ou origem; Ou seja, partilham a mesma tradição, a da Última Ceia do Senhor.

Neste sentido, todas as missas são tradicionais. Note-se a conveniência de chamar estas celebrações pelo nome do rito particular – Tridentino –, e não pela característica geral que partilha com outros ritos.

“Fonte e culminação de toda a vida cristã”

Constituição Apostólica Lumen Gentium , do Concílio Vaticano II, reconhece que a Eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã” (n. 11). Diante de um mistério tão surpreendente, não podemos deixar de abordar a Santa Missa com devoto e profundo respeito, consciência de estar no limiar do céu, e com disposição amorosa, ecoando aquelas palavras do Centurião Romano: "Senhor, não sou digno disso. entre em minha casa, mas uma palavra sua será suficiente para me curar” (Mt 8,8).

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/09/25/cuantas-misas-hay-en-la-iglesia-catolica

Arquidiocese de Goiânia recebe relíquias de padre Pio

Crostas das feridas de padre Pio | Fundação São Pio

Por Natalia Zimbrão*

26 de setembro de 2024

A arquidiocese de Goiânia (GO) vai receber entre os dias 5 e 9 de outubro relíquias de são Pio de Pietrelcina, o padre Pio, que poderão ser veneradas em várias igrejas. As relíquias virão diretamente dos EUA.

As relíquias que estarão disponíveis para veneração são crostas das feridas de são Pio, o lenço do santo usado durante a missa para enxugar suas lágrimas, uma mecha de seu cabelo, a luva branca e um pedaço do manto de padre Pio.

No dia 5 de outubro, as relíquias poderão ser veneradas no santuário basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO); no dia 6, estrão no santuário Basílica Sagrada Família, em Goiânia; no dia 7, na catedral metropolitana de Goiânia; no dia 8, na paróquia Nossa Senhora Aparecida e Santa Edwiges, Goiânia; e no dia 9, na paróquia Nossa Senhora da Assunção, também na capital de Goiás.

São Pio de Pietrelcina

Padre Pio nasceu em Pietrelcina, Itália, em 25 de maio de 1887. Seu nome era Francisco Forgione e tomou o nome de frei Pio de Pietrelcina em honra a são Pio V, quando recebeu o hábito de franciscano capuchinho. Foi ordenado padre em 10 de agosto de 1910.

Em 1918, recebeu os estigmas. “Eu estava no coro fazendo a oração de ação de graças da missa… me apareceu Cristo que sangrava por toda parte. De seu corpo chagado saíam raios de luz que mais pareciam flechas que me feriam os pés, as mãos e o lado”, descreveu padre Pio a seu diretor espiritual.

“Quando voltei a mim, encontrei-me no chão e com chagas. As mãos, os pés e o lado sangravam e me doíam até me fazer perder todas as forças para me levantar. Sentia-me morrer, e teria morrido se o Senhor não tivesse vindo me sustentar o coração que sentia palpitar fortemente em meu peito. Arrastei-me até a cela. Recostei-me e rezei, olhei outra vez minhas chagas e chorei, elevando hinos de agradecimento a Deus”, disse.

Durante sua vida, atribuíram-lhe muitos milagres como curas, diziam que podia ler as almas, levitar e o dom da bilocação.

Padre Pio morreu em 23 de setembro de 1968. Foi canonizado pelo papa são João Paulo II em 2002.

*Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/59383/arquidiocese-de-goiania-recebe-reliquias-de-padre-pio

Papa chega a Luxemburgo, primeira etapa da 46ª Viagem Apostólica do Pontificado

Chegada do Papa Francisco ao Aeroporto de Luxemburgo (Vatican Media)

O primeiro compromisso oficial do Santo Padre em Luxemburgo será a visita ao Grão Duque de Luxemburgo, no Palácio Grão-Ducal, seguido pelo encontro com o primeiro-ministro. Após o Papa se deslocará até o Cercle Cité para o Encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático.

Vatican News

Do Sudeste Asiático, com uma parada na Oceania, ao coração da Europa. Treze dias após retornar de sua visita ao Extremo Oriente, Francisco chega a Luxemburgo para a 46ª viagem internacional de seu pontificado, onde ficará até as 18h15 (hora local) de hoje, quando então partirá para a Bélgica. O A321 da companhia ITA Airways, com a comitiva papal e 64 jornalistas a bordo, decolou do Aeroporto de Fiumicino às 8h29 (horário de Roma) e pousou no Aeroporto Internacional de Luxemburgo-Findel poucos minutos antes das 10h.

Partida do Santo Padre

Por volta das 7 horas da manhã, antes de se dirigir ao aeroporto romano, como sempre faz antes de cada viagem, o Santo Padre recebeu na Casa Santa Marta dez pessoas em situação de rua, mulheres e homens que encontram abrigo durante a noite sob a Colunata de Bernini da Praça de São Pedro e em ruas das cercanias. Os sem-teto estavam acompanhados pelo cardeal Konrad Krajewski, esmoler do Santo Padre.

"Pour servir" é o lema da viagem a Luxemburgo e refere-se a Cristo, que veio "não para ser servido, mas para servir". Assim, seguindo o exemplo de seu Mestre, a Igreja é chamada a estar a serviço da humanidade.

Já o lema da visita à Bélgica é “En route, avec Espérance” ("No caminho, com esperança"), que ressoa como um chamado a caminharmos juntos na estrada que é a história do país, mas é também o Evangelho, o caminho de Jesus Cristo, nossa Esperança.

O primeiro compromisso oficial do Santo Padre em Luxemburgo será a visita ao Grão Duque de Luxemburgo, no Palácio Grão-Ducal, seguido pelo encontro com o primeiro-ministro. Após o Papa se deslocará até o Cercle Cité para o Encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático.

Luxemburgo e Bélgica, dois países são sedes de instituições financeiras e administrativas da União Europeia e adquiriram um peso político maior nos últimos anos. O tema da paz será central nesta nova peregrinação de Francisco, precisamente em um contexto em que o continente corre o risco de ser arrastado novamente para um conflito.

Papa se despede das autoridades presentesna pista do Aeroporto Fiumicino (Vatican Media)

O embarque do Papa rumo a Luxemburgo

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Cosme e São Damião

São Cosme e São Damião (A12)
26 de setembro
País: Arábia
São Cosme e São Damião

Cosme e Damião nasceram na cidade de Egéia, na Arábia, por volta do ano 260. Eram provavelmente gêmeos, e foram muito bem formados espiritualmente pela mãe. Foram estudar ciências e medicina na Síria, então um destacado centro de estudos. Optando pela Medicina, dedicaram-se e distinguiram-se não só pela técnica e conhecimento, mas também pela ação espiritual e caridade na cura dos doentes.

De fato, evangelizavam através da profissão, esta de si mesma direcionada ao bem do próximo; e curavam não só o corpo como a alma, obtendo muitas conversões. Num mundo paganizado e materialista, chamavam também a atenção por não cobrarem pelos atendimentos, chegando a ficarem conhecidos como “anárgiros”, isto é, “sem prata” em Grego.

Os irmãos viveram na época da perseguição aos cristãos do imperador romano Diocleciano. O seu sucesso despertava a inveja em falsos curandeiros, além da intolerância oficial, e acabaram sendo denunciados e presos, tanto por feitiçaria (pois diversas curas eram obtidas pela ação milagrosa de Deus, através das suas intercessões) e por viverem e divulgarem uma religião proibida pelo governo.

Interrogados pelo juiz Lísias, na Cilícia (na Ásia Menor, atualmente correspondente quase toda à Turquia), confirmaram ser católicos: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo, e pelo Seu poder. Ele é.” Intimados a abjurarem da Fé e falarem aos pacientes somente sobre os deuses romanos, recusaram-se e foram condenados a morrer.

Primeiro apedrejamento, depois flechadas, e fogo, nada os matou, continuavam incólumes. Procuraram afogá-los, mas anjos os salvaram. Durante esses eventos, ambos davam graças a Deus por serem considerados dignos de sofrerem pelo Cristo, e muitos dos seus pacientes que não haviam se convertido antes, diante desses milagres, o fizeram. Por fim faleceram, decapitados, com certeza no início do século IV, talvez em 303.

 A fama destes santos se espalhou rapidamente, e entre 526 e 530 foi edificada uma basílica em sua honra, em Roma. Esta solenidade aconteceu em 26 de dezembro, que passou a ser a data da sua festa. Eles são citados no Cânon da Missa, e padroeiros dos médicos, das faculdades de Medicina, dos farmacêuticos e das parteiras.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santos Cosme e Damião, São Lucas, e outros santos médicos católicos ao longo da História sempre procuraram a cura do corpo e da alma dos seus pacientes, em função do Médico dos Médicos, Jesus Cristo. Realmente Jesus curou muitos doentes do corpo, e mais ainda os da alma, sem desprezar a importância da condição física das pessoas, que, contudo, não é mais importante do que a saúde espiritual. E se nem todos têm a vocação médica, sem dúvida todos os católicos têm a missão do apostolado para a cura, saúde e salvação das almas, mesmo que eventualmente contra regras de governos. E da mesma forma que a ética médica exige que os doutores não se neguem a cuidar de um doente, também os batizados não podem se negar a sarar as moléstias espirituais, suas e dos irmãos, recorrendo a Cristo. O “deus” deste mundo é o dinheiro, ou pelo menos é através dele que mais evidentemente se manifestam, de uma forma ou de outra, as concupiscências humanas. Embora normalmente necessário para uma vida digna, o dinheiro não é, como o corpo, de importância maior (para este ou para a alma do) que a verdadeira comunhão com Deus, que prevalece espiritualmente. É lícito e justo que o ser humano busque o suficiente para a sua vida material, incluindo, na medida do possível, o que é um justo conforto, mas esta “justiça” deve ser avaliada não sob as aspirações mundanas, materiais e físicas, mas sim sob a lei de Deus. Portanto, nada há de ilegítimo ou intrinsecamente errado em desejar e possuir bens materiais, desde que honestamente, e em muitos casos devem ser buscados em situações específicas, por exemplo, é escandaloso que num hospital não haja os materiais, por caros que sejam, necessários ao cuidado dos pacientes; também não é possível educar sem recursos como livros, etc.; um vestuário decente e belo (não obrigatoriamente luxuoso, e muito menos de acordo com “modas” absurdas e muitas vezes imorais) não tem nada de condenável; o investimento que se faz num lazer sadio, como esporte ou viagem, é legítimo; enfim, as atividades normais da vida humana e as suas despesas, bem proporcionadas e não levianas, egoístas ou exageradas de qualquer forma não afrontam a Deus, e sempre podem e devem ser orientadas para a Sua glória, através do bom cuidado com cada ser humano. E para além disso, há também a muito virtuosa (e às vezes imprescindível) necessidade de, no louvor a Deus, oferecer-Lhe o que há de melhor: sempre que possível, que sejam ricas e belas as igrejas e os materiais de culto ao Senhor, porque é Dele que nos vêm todos os bens (e, ao contrário do que muitos apregoam mentirosamente, no fundo por ódio a Deus, não é o valor destas coisas oferecidas sensatamente a Ele que resolverão a pobreza material no mundo…), e a Sua infinita Majestade exige sim um tratamento respeitoso, que inclui também bens materiais. Por fim, mesmo o que é legitimamente possuído em termos materiais pelo ser humano pode, livremente, ser oferecido a Deus em qualquer forma de caridade aos irmãos, não só o que nos é supérfluo, mas até o que nos é necessário, como é o exemplo do próprio Cristo e de inúmeros santos; mas não devemos esquecer que, santos, os temos mendigos e reis: não é a posse material, maior ou menor, que condena ou edifica o homem, mas sim o apego a ela, e o que se faz com reta ou má intenção com as coisas criadas que Deus nos concedeu para administrar, desde Adão e Eva (cf. Gn 1,28). Santos Cosme e Damião preferiram ser “anárgiros”, mas o que cobrassem justamente não os teria feito menos santos: em qualquer caso, o fundamental é que idolatraram o falso deus do dinheiro, e ao contrário se importaram não só com o corpo dos seus pacientes, mas com a sua humanidade, que é ainda mais importante na alma. No Brasil, ficou muito popular a distribuição de doces às crianças, no dia da festa de São Cosme e Damião. Este costume, ainda que bem intencionado, não é de origem católica, mas sim espírita, pois o espiritismo também considera santos católicos na sua concepção, que não é igual à da Igreja. De modo que os motivos desta oferta infantil não têm base na Doutrina, e não convém aceitá-la, ao menos pelos católicos; uma explicação mais detalhada exigiria mais espaço do que o disponível aqui, mas pode-se e deve-se buscá-la na Igreja. (Por outro lado, nos tempos atuais, até mesmo a simples prudência não o aconselha, pois existem por exemplo relatos de pessoas distribuindo na rua ou em casas doces misturados com drogas para as crianças que inocentemente vão solicitá-los).

Oração:

Pai santo, que nos curastes pelas chagas de Jesus, concedei-nos pela intercessão de São Cosme e São Damião o não nos afogarmos nas falsidades desta vida, resistindo às flechas das tentações e apedrejamento espiritual e moral tão típicos dos nossos dias, mas que abrasados sim pelo fogo do Espírito Santo, demos graças a Deus por sermos considerados dignos de sofrer em qualquer medida pelo Cristo. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Moda, estilo e formação cristã

Foto/Crédito (Opus Dei)

Moda, estilo e formação cristã

O modo de vestir-se revela muitos aspectos da personalidade. A moda e o estilo pessoal também devem refletir essa beleza que vem da fé e da verdade. Artigo sobre a moda e os valores cristãos.

11/12/2015

Ao escrever sobre o batismo, São Paulo adverte que fomos regenerados por suas águas para que «vivamos uma vida nova»[1]. Viver de acordo com o Evangelho supõe deixar que a luz da fé renove o modo de vermos nosso próprio ambiente e converter a grande dignidade dos filhos de Deus no critério decisivo para as nossas escolhas pessoais. Descobrimos que todas as coisas, grandes e pequenas, interessam ao nosso Pai Deus, e que a fé afeta todas as dimensões da nossa vida. Com amor, é possível dar um toque cristão a cada uma das facetas da nossa existência para refletirem a novidade e beleza do cristianismo. Inclusive as escolhas no estilo de vestir e comportar-se, que poderiam parecer mais materiais, podem receber este toque cristão.

A fé e o esplendor do corpo humano

Sem pretender ser exaustivos, consideraremos algumas funções e significados do vestuário. Imediatamente, destacam-se funções elementares como, por exemplo, a proteção contra as inclemências do tempo ou outro tipo de agentes externos. No entanto, a roupa tem mais sentido do que a mera utilidade, pois também é um modo de expressar a própria personalidade. A apresentação pessoal configura a primeira imagem que projetamos aos outros e provavelmente formará parte da lembrança que levarão de nós, inclusive se o encontro foi breve. Por isso também cumpre funções sociais, e se explica a elaboração de uniformes e de trajes próprios para festas e eventos, que seguem normas de etiqueta, etc., como evidencia hoje em dia, a presença de dress codes para diversas situações sociais (trabalho, comemorações, esporte, etc.).

Por outro lado, a roupa é uma grande aliada para proteger a intimidade. O modo como as pessoas se arrumam, o corte de sua roupa, a disposição dos acessórios, são um meio de manifestar a sua personalidade, e dirigir a atenção para os aspectos mais humanos. Neste sentido, um bom traje ajuda a que se respeite a própria liberdade sem expor a intimidade a olhares indiscretos, visto que contemplar algo é, de certo modo, possuí-lo.

A fé completa e eleva as razões anteriores, através do que nos ensina sobre a dignidade do corpo humano. O corpo é, de alguma forma, a visibilidade da alma de uma pessoa e portanto também reflete a imagem de Deus[2]. Está chamado a ser morada do Espírito Santo: «o templo de Deus é sagrado, e isto sois vós»[3] diz São Paulo. Recentemente, o Papa Francisco recordou-nos como a partir de uma correta valorização do corpo o homem pode entrar numa relação de harmonia com o resto da criação: «A aceitação do próprio corpo como dom de Deus é necessária para acolher e aceitar o mundo inteiro como dom do Pai e casa comum; pelo contrário, uma lógica de domínio sobre o próprio corpo transforma-se numa lógica, por vezes sutil, de domínio sobre a criação.

Aprender a aceitar o próprio corpo, a cuidar dele e a respeitar os seus significados é essencial para uma verdadeira ecologia humana. Também é necessário ter apreço pelo próprio corpo na sua feminilidade ou masculinidade, para se poder reconhecer a si mesmo no encontro com o outro que é diferente. Assim, é possível aceitar com alegria o dom específico do outro ou da outra, obra de Deus criador, e enriquecer-se mutuamente»[4].

Portanto, promover um modo de vestir que manifeste o pudor e a modéstia não tem nada a ver com afirmar que o corpo é algo indigno ou sujo. Ao contrário, é precisamente o reconhecimento de seu altíssimo valor que leva a uma moda que, sem esquisitices ou pieguices, contribua para o respeito da intimidade corporal. Isto se compreende melhor à luz da Revelação, que nos ensina como depois do pecado original entra a concupiscência na natureza humana, e a partir de então as tendências naturais do homem e da mulher estão marcadas por certa desordem. Perdeu-se a inocência no olhar e, como dizia o então cardeal Ratzinger, «ficou sem o esplendor de Deus o homem, que agora está, ali, nu e exposto, desnudado e envergonha-se»[5]; perdeu-se esse esplendor divino que era como a «primeira vestimenta» do homem e da mulher. Precisamente o pudor é um remédio para essa desordem que o pecado introduziu, pois ajuda a nos relacionarmos de um modo mais humano, respeitando delicadamente a corporeidade do outro e reconhecendo seu valor inviolável.

Existe uma legítima diversidade e evolução dos costumes nas culturas, que expressam seu gênio também nas diferentes criações de trajes e vestidos. Sua riqueza será proporcional à medida que sirvam para contribuir ao valor insubstituível de cada pessoa. Assim, proteger a intimidade através da roupa será sempre necessário. Senão cairíamos num grave empobrecimento e, se isso se generalizasse, levaria a uma tremenda decadência moral na sociedade. Sejamos realistas: ainda que se anule o sentido do pudor, a concupiscência não desaparece e há modos de apresentar-se que sempre incitam a reações desrespeitosas que, ao fim e ao cabo, são pouco humanas.

Um âmbito para a formação

Há uma harmonia fundamental entre a fé e o belo, de modo que, como diz o Papa Francisco «todas as expressões de verdadeira beleza podem ser reconhecidas como uma senda que ajuda a encontrar-se com o Senhor Jesus»[6]. Isto inclui também a linguagem, a postura, o cuidado pessoal, com as escolhas de roupa e estilo, que manifestam a nossa personalidade. A formação cristã influi nesse âmbito, pois se dirige à pessoa inteira: «não se refere somente a uma parte da pessoa, mas a todo seu ser. Há de chegar por igual ao entendimento, ao coração e à vontade»[7].

De fato, o bom gosto é algo que, em si mesmo, requer formação no sentido mais amplo do termo. Como diz o Papa, «prestar atenção à beleza e amá-la ajuda-nos a sair do pragmatismo utilitarista. Quando não se aprende a parar a fim de admirar e apreciar o que é belo, não surpreende que tudo se transforme em objeto de uso e abuso sem escrúpulos»[8]. Ninguém nasce com o bom gosto já formado, pois é parte da educação que se recebe desde pequeno, através da contemplação da beleza na natureza – da sua diversidade e harmonia –, a apreciação de uma obra de música clássica, uma escultura, etc.

Nem tudo depende das circunstâncias e opiniões que mudam. Por isso, é lógico indicar com clareza quando um produto, e o estilo de vida implícito que ele propõe, prejudica diretamente valores como o pudor, o respeito, a sobriedade. No entanto, convém expor bem, com sentido positivo, as razões morais que aconselham a não tomar uma opção. Essas razões serão mais eficazes se vierem de uma pessoa em quem reconhecemos o bom gosto. Não estamos condenados a um estilo velho e chato; muito pelo contrário, os valores cristãos são conaturais à autêntica beleza, mas esta começa no interior.

Cada um pode desenvolver o próprio estilo, que projete a alegria de uma alma que refere tudo ao amor de Deus. Uma boa formação cristã é muito útil, porque gera uma estrutura interior sólida na pessoa, própria da unidade de vida, que não depende do vai-e-vem dos sentimentos, das opiniões dos outros, do desejo de autoafirmação, da última novidade do mercado. Alguns princípios da fé, como a filiação divina, a fraternidade cristã, o destino do corpo à glória da ressurreição, estão na base das escolhas, e dão um critério para valorizar as modas. Promovem, em última análise, uma boa autoestima que leva ao que São Josemaria chamava o «complexo de superioridade» dos filhos de Deus, que atuam com segurança nas suas próprias escolhas inclusive quando o ambiente é contrário.

Influência da moda na tarefa da Nova Evangelização

Promover uma moda digna, que não reduza a pessoa à sua dimensão corporal, é uma tarefa de grande transcendência. São Josemaria mostrava a importância de que os cristãos trabalhassem no campo da moda, e que levassem aí a mensagem do Evangelho. Uma das primeiras mulheres que seguiram São Josemaria lembra como entre os campos apostólicos que lhes propunha estavam atividades sobre a moda. Ao abrir-lhes este panorama acrescentava: «Diante disso podem-se ter duas reações: uma, a de pensar que é algo muito bonito, mas quimérico, irrealizável; e outra, de confiança no Senhor que, se nos pediu tudo isto, nos ajudará a levá-lo para a frente. Espero que tenhais a segunda»[9]. Como acontece em qualquer outro trabalho evangelizador, a fecundidade depende da força da oração. Ao mesmo tempo, é preciso trabalhar com muito sentido profissional.

As profissões relacionadas com a moda: estilistas, costureiras, desenhistas, consultoras, etc., feitas com seriedade e sentido sobrenatural, tornam Deus presente, na medida em que expressam a verdadeira beleza. Tudo o que é autenticamente belo é um reflexo da beleza de Deus, dignifica a pessoa e a leva a ser respeitosa consigo mesma e com os outros. Os estilos no vestir, mesmo que possam ser um produto cultural e efêmero, são capazes de manifestar uma visão transcendente do ser humano, ao manter relação com o seu fim último, a glória de Deus. A alta moda reflete essa beleza, mas também a roupa simples, do dia a dia, com a que se pode fomentar o bom gosto, superar a vulgaridade, e ajudar a formar um clima interior rico no qual pode crescer uma vida cristã plena.

A boa moda contribui, como na parábola, a que a terra onde a semente do Evangelho foi semeada esteja preparada para dar frutos de santidade[10]. Liberta do consumismo e do luxo excessivo, que escravizam a alma às coisas materiais. Eleva o homem e a mulher acima da sensualidade e da impureza, e os tornam mais sensíveis à beleza autenticamente humana: não só do corpo, mas também do espírito. Por isso, vale a pena buscar estilos que, sem desprezar o corpo, não o exaltem excessivamente em detrimento da dimensão espiritual da pessoa; estilos que levem ao espírito, ao coração, à transcendência, através do material.

Nesta tarefa de criar uma moda atrativa, com um tom cristão autêntico, os profissionais tem um papel especial. Mas, talvez hoje mais do que nunca, contamos com incontáveis meios para que qualquer um possa influenciar positivamente. Existem canais pelos quais os consumidores, unindo-se, podem manifestar se um produto reflete ou não o estilo de vida que querem seguir. Diante de alguém que, por descuido ou simples falta de bom gosto, pode melhorar suas escolhas, é possível fazer um comentário delicado num momento oportuno. Habitualmente todos agradecem a ajuda para acertar no modo de vestir-se, especialmente quando há uma amizade sincera.

No contexto da Nova Evangelização, a importância deste campo impulsiona a manter a esperança: «Não permitamos que caia no vazio o desafio saudável de fomentar que muitas pessoas e instituições, em todo o mundo, promovam – movidos pelo exemplo dos primeiros cristãos – uma nova cultura, uma nova legislação, uma nova moda, coerentes com a dignidade da pessoa humana e o seu destino para a glória dos filhos de Deus em Jesus Cristo»[11]. Por mais árdua que possa parecer essa missão, não deixemos de olhá-la com otimismo sabendo «que vosso trabalho no Senhor não é vão»[12], já que a realizamos a serviço da Igreja e da sociedade inteira.

N.S.W.


[1] Rom 6, 4.

[2] Cfr. Gn 1, 26-27.

[3] 1 Cor 3, 17.

[4] Francisco, Enc. Laudato si’, 24-V-2015, n. 155.

[5] Joseph Ratzinger, Via Sacra, 10ª estação, 25-III-2005.

[6] Francisco, Exh. Ap. Evangelii Gaudium, 24-XI-2013, n. 167.

[7] São Josemaria, Carta 8-XII-1949, n. 91.

[8] Enc. Laudato si’, n. 215.

[9] Citado em A. Vázquez de Prada, O fundador do Opus Dei, vol. II, Quadrante, São Paulo 2004, p. 506.

[10] Cf. Mt 13, 8.

[11] Javier Echevarría, Carta pastoral, 29-IX-2012, n. 17.

[12] 1 Cor 15, 58.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/moda-estilo-e-formacao-crista/

Papa: nunca dialogar com o diabo, que age através da superstição e da pornografia

Audiência Geral do Papa Francisco - 25/09/2024 (Vatican News)

Na Audiência Geral desta quarta-feira, 25/09, Francisco alertou que hoje o diabo se esconde de muitos modos, inclusive através dos instrumentos modernos. Um exemplo é a pornografia na internet, um fenômeno bastante disseminado, do qual os cristãos devem se afastar e rejeitar com firmeza. "Cristo venceu Satanás e nos deu o Espírito Santo para que possamos fazer nossa a Sua vitória.”

Thulio Fonseca - Vatican News

O Papa Francisco retomou, nesta quarta-feira, 25 de setembro, o ciclo de catequeses com o tema "O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo guia o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança", e, com referência ao episódio narrado no evangelho de São Lucas (cf. Lc 4,1-2.13-14), quando Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto e lá foi tentado pelo demônio durante quarenta dias, refletiu, diante dos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, sobre o Espírito Santo como nosso aliado na luta contra o espírito do mal. 

A existência do diabo

Ao ir para o deserto, Jesus obedece a uma inspiração do Espírito Santo, liberta-se de Satanás e, em seguida, regressa à Galileia no poder do Espírito Santo, onde realizou curas e libertação de pessoas possuídas. Com essa premissa, o Papa destacou que hoje, em certos níveis culturais, acredita-se que o diabo não existe, sendo considerado apenas “um símbolo do inconsciente coletivo ou da alienação, uma metáfora”. Mas, acrescentou o Pontífice, como escreveu Charles Baudelaire: “a maior astúcia do diabo é convencer-nos de que ele não existe”:

"O nosso mundo tecnológico e secularizado está repleto de magos, ocultismo, espiritismo, astrólogos, vendedores de encantos e amuletos e, infelizmente, de verdadeiras seitas satânicas. Tendo sido expulso pela porta, o demônio voltou, pode-se dizer, pela janela. Expulso pela fé, regressa com a superstição. E se você é supersticioso, está dialogando com o diabo, e com ele não se deve nunca dialogar."

A ação do mal

Segundo Francisco, a prova mais forte da existência de Satanás não se encontra nos pecadores ou nos possuídos, mas nos santos. "É verdade que o diabo está presente e opera em certas formas extremas e desumanas do mal e da maldade que vemos à nossa volta. Contudo, é praticamente impossível, em casos individuais, chegar à certeza de que realmente é ele, dado que não podemos saber exatamente onde termina a sua ação e começa o nosso próprio mal." Por isso, a Igreja é muito prudente e rigorosa no exercício do exorcismo, ao contrário do que acontece, infelizmente, em certos filmes", sublinhou o Papa.

"É na vida dos santos que o diabo é obrigado a sair à luz, a estar contra a luz. Mais ou menos todos os santos e grandes crentes testemunham a sua luta contra esta realidade sombria, e não se pode honestamente presumir que todos tenham sido iludidos ou simples vítimas dos preconceitos do seu tempo."

Papa Francisco durante a Audiência Geral (Vatican Media)

A tecnologia e a pornografia como oportunidades para o demônio

Na cruz, Jesus derrotou para sempre o poder do príncipe deste mundo, destacou o Santo Padre. E, como dizia São Cesário de Arles: “o demônio está amarrado, como um cão numa corrente; não pode morder ninguém, exceto aqueles que, desafiando o perigo, se aproximam dele... Pode latir, pode insistir, mas não pode morder, exceto aqueles que o querem”. Infelizmente, o mundo atual oferece diversas maneiras que dão oportunidades ao diabo, alertou o Pontífice:

"Por exemplo, a tecnologia moderna, além de muitos recursos positivos que devem ser apreciados, também oferece inúmeros meios para dar lugar ao diabo, e muitos aí caem. Pensemos na pornografia online, por trás da qual existe um mercado próspero: trata-se de um fenômeno muito difundido, contra o qual os cristãos devem, no entanto, precaver-se cuidadosamente e rejeitar vigorosamente."

Nunca dialogar com o tentador

Francisco recordou ainda que Jesus nunca dialoga com o demônio: ou o expulsa, ou o condena, mas nunca dialoga. No deserto, Ele responde não com Suas próprias palavras, mas com a Palavra de Deus:

"Irmãos, irmãs, nunca dialoguem com o diabo. Quando ele vem com as tentações, dizendo 'ah, isso seria bom, aquilo seria bom', pare! Eleve seu coração ao Senhor, reze a Nossa Senhora e expulse-o, como Jesus nos ensinou a fazer. [...] Se você for tolo e disser ao diabo: ‘Ah, como você está?’, ele o destruirá. Mantenha distância. O diabo deve ser expulso. E todos nós, todos, temos experiência de como o diabo se aproxima com alguma tentação: quando sentimos isso, pare, mantenha distância; não se aproxime do cachorro preso na corrente."

A vitória de Cristo

Ao concluir, o Papa acentuou que o reconhecimento da ação do diabo na história não deve ser motivo de desânimo, e o pensamento final deve ser, também neste caso, de confiança e segurança:

“Cristo derrotou o diabo e deu-nos o Espírito Santo para fazer nossa a sua vitória. A própria ação do inimigo pode ser aproveitada em nosso favor, se, com a ajuda de Deus, a fizermos servir para a nossa purificação. Fiquem atentos, porque o diabo é astuto – mas nós, cristãos, com a graça de Deus, somos mais astutos do que ele."

Fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro (Vatican Media)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Firmino

São Firmino (A12)
25 de setembro
País: Espanha
São Firmino

Firmino (Firmin) nasceu pelo final do século III em Pompaelo (atual cidade de Pamplona, na Espanha). Sua família era pagã, e seu pai um senador do império romano. Foram todos convertidos por São Saturnino, bispo de Toulouse, França, quando ele esteve na Espanha. Firmino ficou sob a educação do sacerdote Honesto até os 17 anos, e já era conhecido como bom pregador quando, então, seguiu para Toulouse, a completar sua formação com o bispo Honorato.

Logo foi ordenado sacerdote, iniciando seu trabalho na região de Navarra, em Pamplona, onde conseguiu muitas conversões; por isso Honorato o sagrou como o primeiro bispo da cidade, aos 24 anos. Depois de bem organizar a diocese, sagrou outro bispo em seu lugar e foi como missionário para o norte da França. Numa época de perseguição aos cristãos, até os pagãos ficavam admirados de ver a sua coragem em pregar o Evangelho, expondo-se à prisão e à morte. De fato, acabou preso em Lisieux, e quando sua condenação parecia certa, o governador morreu, e ele foi solto.

Dedicou-se novamente à pregação corajosa nas Gálias, atual França, em várias regiões, como Aquitânia, Auvergne, Anjou, etc., e com tal sucesso que ficou conhecido como “Apóstolo das Gálias”, convertendo milhares de pessoas. Suas conversões mais famosas, na cidade de Beuvais, são as de Arcádio e Rômulo, que o perseguiam implacavelmente, procurando desmoralizá-lo. Mas a firmeza na Fé, os milagres que operava, as pregações, santidade e bondade de Firmino lhes tocaram as almas, bem como a Graça de Cristo, e diante das evidências eles pediram o Batismo.

Por fim Firmino foi para Samobriva Ambianorum, atual Amiens, onde estava muito intensa a perseguição religiosa, e de onde foi feito o primeiro bispo. Obteve ali tantas conversões que os magistrados responsáveis, Lôngulo e Sebastião, temendo ser acusados de negligência na repressão aos católicos, mandaram prendê-lo e, com medo de uma revolta popular no futuro julgamento, também decapitá-lo discretamente na prisão, espalhando a notícia que morrera por causa de um ataque cardíaco. A execução foi feita no dia 25 de setembro, num ano entre 290 e 303.

São Firmino é patrono de Amiens, Lesaka, da diocese de Pamplona, e co-patrono de Navarra junto com São Francisco Xavier. Também é padroeiro dos tanoeiros, barqueiros, viticultores e padeiros, e invocado contra as doenças.

As tradicionais festas de Pamplona em 7 de julho, as Sanfermines, de fama internacional, incluem a procissão de São Firmino, pela manhã, e os encierros, corridas de touros soltos num percurso de aproximadamente 850 metros nas ruas da cidade, acompanhados por homens que se arriscam junto com eles, até chegarem na arena. Antes de participarem, os corredores pedem ajuda a São Firmino, cantando em frente a uma sua imagem na Cuesta de Santo Domingo, uma rua inclinada onde as corridas começam.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Algo que muito chama a atenção na vida e obra de São Firmino é a sua coragem. Não sei qual é a origem dos encierros e a sua relação direta com ele, mas de fato é preciso ser corajoso para se expor à corrida de touros desembestados – como o santo se expôs à fúria bestial das perseguições cristãs. Naturalmente, o motivo, o sentido e o conteúdo da sua atuação corajosa têm valor real, enquanto que as corridas da Sanfermines, com risco de vida desnecessário, talvez não agradem tanto nem a Deus nem a Firmino; melhor associação com o touro nos dá São Lucas, por ser representado por um ao destacar no seu Evangelho o caráter sacrificial de Cristo, na Sua obra de Redenção, sendo que os touros eram eminentemente, na antiguidade, animais ofertados em sacrifício. A vida não deixa de ser uma corrida perigosa ao longo de um caminho, portanto mais sensato é segui-la não no ritmo alucinado e irresponsável de um encierro, mas no de uma procissão, como se dá início às Sanfermines: de forma ordenada e para Deus, sob Sua proteção e a dos santos. Outra bela característica de São Firmino, e que une as ideias de não temer as bestialidades deste mundo e o seu ritmo processional na vida, é a tranquilidade da alma, pela confiança – Fé – e convicção de “combater o bom combate” (cf. 2Tm 4,6-8) em Jesus e na certeza da sua vocação. Ele tranquilamente lançou-se ao apostolado, em ritmo intenso sim, mas sobretudo espiritualmente, do qual é apenas consequência sua atividade missionária física: como sempre, é preciso antes preparar, e manter sempre, o espírito, para depois testemunhar Nosso Senhor ao próximo, sob qualquer vocação particular. Preparo que São Firmino cultivou desde criança, com o mérito da reta intenção, e providências concretas dos pais, necessárias em todos os tempos... “Diante das evidências”, mesmo inimigos de Firmino se converteram, e é o que acontece quando o testemunho católico é verdadeiro e coerente. Mas o que fica evidente diante de nós, hoje, é a carência de vidas santas que proclamem este testemunho: um sério alerta para nós, católicos, que certamente devemos viver radicalmente a nossa Fé, para o bem das nossas almas e as dos irmãos. É sempre possível a organização pessoal para este objetivo, que aliás é o fundamento da nossa existência nesta Terra, tudo o mais constando apenas como os meios que Deus proporciona para este fim – circunstâncias e vocações individuais. E se o medo, a injustiça, a maldade e a mentira dos carrascos de Deus levam à morte, não é a dos fiéis a Ele, mas a dos próprios carrascos.

Oração:

Pai de infinito amor e bondade, que nos ofereceis o exemplo da coragem de Jesus diante do martírio para a salvação das almas, concedei-nos por intercessão de São Firmino a graça de como ele, desde jovem um bom Pregador, pregarmos igualmente com nossas vidas a juventude infinita da alma no Vosso amor, através da perseverança na paciência e nas virtudes em vista da conversão dos pecadores, e jamais consentirmos numa vivência espiritual mentirosa, que ataca o Vosso Sagrado Coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF