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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Santa Teresinha do Menino Jesus

Santa Teresinha do Menino Jesus (A12)
01 de outubro
País: França
Santa Teresinha do Menino Jesus

Santa Teresinha nasceu no dia 2 de janeiro de 1873 em Alençon na França. Caçula de uma família de 9 irmãos, porém 4 deles morreram. As cinco meninas que sobreviveram, depois entraram para a vida religiosa tornando-se freiras.

A criação em um ambiente cristão foi o incentivo para as meninas, pois os seus pais Luís Martin e Zélia Guerín levavam uma vida piedosa, tanto que em 2015 o casal teve sua santidade reconhecida e foram canonizados juntos pelo papa Francisco.

Em 28 de agosto de 1877, sua mãe Zélia morreu de câncer de mama. Teresinha tinha quatro anos. Ela sofreu muito com a perda da mãe e escolheu a irmã Pauline como sua "segunda mãe".

Desde a infância, Teresinha queria ser freira. Depois que suas irmãs entraram para o Carmelo, Pauline em 1882 e Marie em 1886, seu pai aceitou que ela entrasse aos 15 anos. Céline entrou lá em 1894 enquanto Léonie entrou na Visitação de Caen em 1899.

Em 1887, Teresinha fez uma peregrinação à Itália junto com o seu pai para obter a permissão do Papa Leão XIII para poder entrar no Carmelo, devido a sua pouca idade.

Em 9 de abril de 1888, Teresinha entrou para o Carmelo. No ano seguinte vestiu o hábito de carmelita e assumiu o nome de Irmã Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face.

No ano de 1894, a pedido de Madre Agnès (Pauline), começou a escrever suas memórias de infância, que continuaria até 1897. A autobiografia “História de uma alma” foi publicada em 1898, um ano depois de sua morte.

Em abril de 1896, Teresinha teve uma crise de hemoptise. Ela morreu de tuberculose em 30 de setembro de 1897, aos 24 anos de idade.

Santa Teresinha foi beatificada pelo Papa Pio XI em 1923 e canonizada pelo mesmo Papa em 1925.

Em 1927, Pio XI a proclamou “Padroeira das Missões” e em 1944, o Papa Pio XII a declarou “Co-padroeira da França”.

Finalmente, em 19 de outubro de 1997, centenário de sua morte, o Papa João Paulo II a proclamou "Doutora da Igreja".

Colaboração: Nathália Lima

Reflexão:

Santa Teresinha, quis provar o seu amor a Cristo que a chamou a dar a vida pelo mundo. Ela escolheu confiar totalmente em Deus e tornar-se cada vez menor para se render a Ele. O "pequeno caminho" de Teresinha é um "caminho de infância espiritual" que está no centro da mensagem que ela deseja transmitir. Este caminho representa um caminho espiritual a ser percorrido para aceitar a própria pequenez e oferecer-se a Deus, apesar das provações da fé.

Oração:

Santa Teresinha, a vós recorremos em nossas trevas. Alcançai para nós, para a nossa pátria, as luzes do Divino Espírito Santo, para que todo o nosso íntimo seja luz e claridade, para que recebamos sempre os raios benéficos e esplêndidos de quem se apresentava ao mundo como a Luz celeste. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

A Palavra de Deus na vida do cristão

A Palavra de Deus (Vatican News)

A Palavra de Deus na vida do cristão

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Neste último domingo do mês de setembro, a Igreja Católica no Brasil celebra o Dia Nacional da Bíblia. Creio que é importante lembrar aos irmãos e irmãs, na caminhada de fé, a importância da Palavra de Deus no processo de evangelização, na missão da Igreja e na nossa vida. Através da sua palavra, Deus criou e governa o mundo, e, ao mesmo tempo, escolheu e educou um povo. Jesus é a própria palavra de Deus – o “Verbo” –, mandada ao mundo para revelar a vontade do Pai e doar aos homens a adoção de filhos. 

É bonito poder celebrar a presença e a força da Palavra de Deus, que orienta a nossa vida de fé e a vida da comunidade, que sabe colocar-se à escuta do Senhor, através da sua Palavra. Mas ouvir por ouvir a Palavra de Deus, muda pouca coisa na nossa vida de cristãos. Precisamos da coragem de perguntar: O que ela diz para a minha vida? O que o Senhor Jesus quer de mim? Abrir o coração para colocar-se na escuta de Deus é um grande passo e uma grande oportunidade que ele nos oferece, para começarmos a percorrer um caminho de discípulos, que querem estar próximo do Senhor, através da sua Palavra, encarnada e testemunhada na nossa vida de fé, comprometida com os valores do Reino anunciado por Jesus. Através da Palavra, Deus fala ao nosso coração de filhos e filhas. Através da oração na Palavra, podemos percorrer o caminho do encontro pessoal com Jesus Cristo. Ele quer tocar o nosso coração e nos falar do amor e da misericórdia do Pai. 

A Palavra de Deus também age no mundo através do anúncio, para a salvação de quem a acolhe com fé, a ela se confia e a pratica. Por isso, são bem-aventurados aqueles que a escutam, a guardam no coração e por ela conduzem a vida de fé, na comunhão com o Senhor e com os irmãos, na vida da comunidade. 

Na exortação apostólica “A Alegria do Evangelho”, o Papa Francisco recorda que “toda a evangelização está fundada sobre esta Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura é fonte de evangelização. Por isso, é preciso formar-se continuamente na escuta da Palavra… A Palavra de Deus ouvida e celebrada, sobretudo na Eucaristia, alimenta e reforça interiormente os cristãos e os torna capazes de um autêntico testemunho evangélico na vida diária… A Palavra proclamada, viva e eficaz, prepara a recepção do Sacramento e, no Sacramento, essa Palavra alcança a sua máxima eficácia” (EG 174). 

No caminho da história, foi Deus quem sempre deu o primeiro passo, com a sua Palavra e a sua obra para julgar e salvar, para revelar-se e conduzir a humanidade à liberdade e à vida plena e perfeita. Ele sempre esteve presente na história, para manifestar o seu amor e a sua verdade, e para inaugurar o seu Reino e a sua obra de salvação. Para escutar a sua palavra criou o homem, convidando-o também para colaborar no projeto divino de salvação, com a sua liberdade e com o seu compromisso de fé e vida. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A dimensão performativa e paradigmática da Palavra na Liturgia

Procissão de entrada da Santa Messa presidida pelo Papa no King Baudouin Stadium, Bruxelas  (Vatican Media)

“A íntima conexão entre a Liturgia e Sagrada Escritura pertence ao DNA da fé bíblica judaico-cristã, pois é uma característica própria de seu evento fundador: a Páscoa”.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, Bento XVI recordava que a Palavra de Deus, para ser bem compreendida, "deve ser escutada e acolhida com espírito eclesial e cientes da sua unidade com o sacramento eucarístico. Com efeito - ressaltava -  a palavra que anunciamos e ouvimos é o Verbo feito carne  e possui uma referência intrínseca à pessoa de Cristo e à modalidade sacramental da sua permanência: Cristo não fala no passado mas no nosso presente, tal como Ele está presente na ação litúrgica."

Com essas palavras, introduzimos a reflexão do Pe. Gerson Schmidt* intitulada: "A dimensão performativa e paradigmática da Palavra na Liturgia":

"O Dicastério para a Evangelização oferece diversos Cadernos em preparativa para a celebração do Jubileu 2025, aprofundando os temas principais da quatro Constituições Conciliares e também de cadernos sobre a Oração. Todos os cadernos, com uma linguagem acessível e prática, tem como pano de fundo o tema central do Jubileu: “Peregrinos da Esperança”.

O sétimo volume da Coleção trata da “Sagrada Escritura na Liturgia” e é de autoria do Pe. Maurizio Compiani, biblista italiano. O segundo capítulo desse caderno tem como título o pensamento da Sacrosanctum Concilium: “Fomentar aquele amor suave e forte pela Sagrada Escritura” (SC,24). Ressoa de modo imponente a afirmação inicial da Sacrosanctum Concilium que diz: “É de suma importância a Sagrada Escritura nas celebrações litúrgicas”. E quando falamos de celebração litúrgica, não estamos apenas falando de Missa, mas de toda e qualquer ação litúrgica: a celebração da Palavra, as Exéquias, a liturgia das Horas, os encontros de novenas em preparação ao Natal e Páscoa, os encontros e ritos catequéticos, a oração do terço que essencialmente também é bíblica. Pensar em Liturgia é muito mais ampla que pensar somente na celebração da missa. A liturgia, como um todo, é cume e ápice de toda a ação eclesial. É a fonte donde jorra inúmeros dons e graças que emana de todas as celebrações eclesiais. E Pe. Maurizio aponta que “a íntima conexão entre a Liturgia e Sagrada Escritura pertence ao DNA da fé bíblica judaico-cristã, pois é uma característica própria de seu evento fundador: a Páscoa”[1]. Na caminhada do Povo de Israel, Palavra e Liturgia não se separam. Na verdade, todo o escrito sagrado foi precedido pela experiência vivida de Deus e pela expressão litúrgica dela. A Palavra foi expressa através de acontecimentos: por meio de ágapes, celebrações litúrgicas, por meio de cantos, por meio de encontros comunitários, por desejos de ação de graças, por meio de celebração do perdão, como era o Dia do Yon kippur – Dia do perdão judaico.

Escreve assim o autor nesse caderno intitulado - Sagrada Escritura na Liturgia: “Segundo a Sacrosanctum Concilium, o papel altamente relevante que a Sagrada Escritura exerce na liturgia deve levar o fiel a experimentar o ‘gosto vivo e saboroso’. A expressão indica que o encontro com a Palavra não se caracteriza como momento meramente intelectual ou cultural a partir de técnicas científicas e rígidas, nem entendido como mero dever a ser cumprido de forma esporádica e precipitada”[2]. O que se realiza na liturgia é uma escuta profundamente “espiritual” – aponta o biblista italiano – “porque o Espírito que age na Palavra proclamada e nos Sacramentos celebrados, vivifica também a própria Igreja ali reunida, suscitando Ministérios, carismas e pessoas, concedendo dons a cada um em vista da edificação comum. Renova-se, assim, o prodígio de Pentecostes: O Espírito torna-se ‘línguas de fogo’, ou seja, torna-se Palavra ardente, que entra pessoalmente em cada homem, conforme o Espírito concedia expressar-se (At 2,4). (...) Por meio da palavra, o Espírito não fala à Assembleia de modo genérico, frio e impessoal. Ao contrário, penetra na intimidade de cada um, tornando-se familiar: quando a Palavra é acolhida, o Espírito faz com que cada um se sinta em casa com Ele, à sua mesa, permitindo saborear as maravilhas de Deus”[3].

Há na liturgia, quando a Palavra de Deus é proclamada um “gosto vivo” e “gosto saboroso”, subtítulos usados pelo autor Pe. Maurizio. A mesa da Palavra tem um sabor especial, um gosto maravilhoso como alimento salutar para nosso sustento. Diz assim o aprofundamento desse subsídio: “A força viva da Palavra de Deus se manifesta em pelo menos dois aspectos. Em primeiro lugar, a palavra é performativa: fica a ser capaz de realizar o que diz. Podemos pensar no relato da Criação em que tudo passa a existir em total correspondência à Palavra pronunciada por Deus: Deus disse ‘Haja a luz’ e ‘houve luz’ (Gn 1,3). É o que acontece nos Sacramentos, mas é também o que a assembleia litúrgica reconhece como realizado em sua própria experiência da fé. A história de cada fiel e de cada comunidade, de fato, é uma trama de graça em que se entrelaçam Palavra, Espírito, disponibilidade, testemunho fiel. A Palavra de Deus também tem função paradigmática, do verbo grego que significa mostrarapresentarcomparar. Em outras palavras, revela o esquema fundamental do agir de Deus, esquema esse que se associa com a existência pessoal de cada um e da comunidade”[4]. Portanto, duas dimensões da Palavra proclamada na assembleia litúrgica: performativa - formando o fiel no que promete realizar e paradigmática – de apresentar e revelar a vontade de Deus para nossas vidas concretas. “Com os pés firmes no cotidiano, por meio de uma análise honesta e fiel do texto, seguindo os passos daqueles que nos precederam no testemunho da fé, acolhe-se o paradigma que a Palavra nos transmite em um ato de oração e confiança. É desse modo que a fé se ilumina com luz viva, permitindo ao fiel e a toda a comunidade discernir a realidade na luz de Deus e caminhar na história. A repetição contínua de tal experiência desprende uma forma extraordinária, porque torna a Igreja de todos os tempos consciente de estar na obra de Deus e de ser uma declinação da Palavra proclamada pela Liturgia”."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
____________

[1] CAMPIANI, Maurízio. A Sagrada Escritura na Liturgia – Cadernos do concílio 7, Ed. CNBB, p. 11.
[2] Idem, p.23.
[3] Idem,23-24.
[4] Idem, 24.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Jerônimo, sacerdote, médico e tradutor da Bíblia

Santa Paula e Santa Eustáquia, escutam São Jerônimo | Francisco de Zurbarán (ACI Digital)
30 de setembro
País:Croácia/Hungria
São Jerônimo

Philip Kosloski - publicado em 30/09/16 - atualizado em 29/09/24

São Jerônimo foi secretário do papa, tradutor da Bíblia para o latim conhecido como Vulgata, lutou contra os hereges e falou sem rodeios.

30 de setembro é dia de São Jerônimo, sacerdote e doutor da Igreja. Este santo é famoso por sua tradução da Bíblia para a forma mais comum do latim de sua época (a Vulgata ).

Jerônimo iniciou seu ministério sacerdotal como eremita levando uma vida de asceta nos arredores de Antioquia. Mais tarde, Jerônimo viajou para Constantinopla, onde fez amizade com São Gregório de Nazianzo, com quem estudou as Sagradas Escrituras. No ano 380 ele partiu para Roma.

No concílio de 382 Jerônimo destacou-se pela extensão do seu conhecimento e pela segurança da sua doutrina, a tal ponto que o Papa Dâmaso decidiu tomá-lo como secretário. Depois, ele foi contratado para traduzir a Bíblia de uma série de antigos textos latinos.

Foi então que empreendeu o seu trabalho sobre a Sagrada Escritura, aumentando a sua reputação de ciência e santidade, atraindo toda uma elite da sociedade romana, particularmente senhoras nobres com quem mantinha uma correspondência altamente espiritual na qual lhes explicava as escrituras.

Partida para Belém

Mas, após a morte do Papa Dâmaso (384), a inveja e o ressentimento irromperam contra Jerônimo, cujas violentas invectivas contra abusos e desordens o tornaram antipático. Resolveu partir para Chipre e Antioquia, com a intenção de chegar à Terra Santa com seu irmão Pauliniano e um grupo de fiéis, onde morou em Belém, onde depois de muitas dificuldades e lutas contra os hereges, faleceu em 30 de setembro de 420. .

Ele também é “famoso por ser um dos nossos santos mais rabugentos”, por falar sem rodeios e por fazer inimigos por onde passava.

O ascetismo de Jerônimo foi o que o salvou, segundo o que um bispo disse dele ao olhar para uma pintura em que Jerônimo aparecia batendo no peito com uma pedra:

“Faz bem em carregar essa pedra, pois sem ela a Igreja nunca te teria canonizado” ( Lives of the Saints , de Alban Butler).

Dez frases famosas de São Jerônimo

Aqui estão 10 citações engenhosas de São Jerônimo que ajudam você a valorizar a vida deste homem que nos deu a Vulgata:

1) “A ignorância nas Escrituras é ignorância de Cristo”

2) “Comece agora a ser o que você será daqui em diante”

3) “O rosto é o espelho da mente, e os olhos, sem falar, confessam os segredos do coração”

4) “Demora para procurar um amigo, raramente encontramos e com muita dificuldade mantemos um”

5) “Em vão a lira canta para o burro”

6) “Tudo deve incluir um tempero forte de verdade”

7) “Que suas ações não contradigam suas palavras, para que não aconteça que, quando você pregar na Igreja, alguém de dentro comente: ‘por que então você não age assim?’”

8) “Fuja como uma praga do clérigo que se dedica aos negócios, de quem saiu da pobreza e enriqueceu e do desconhecido que se tornou famoso”

9) “É ainda pior ignorar a própria ignorância”

10) “Que professora curiosa que, de estômago cheio, dá palestras sobre jejum!”

Fonte: https://es.aleteia.org/2016/09/30/10-ingeniosas-citas-de-san-jeronimo

domingo, 29 de setembro de 2024

Reflexão para o XXVI Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

“Tentação de monopolizar a Deus”. Queremos enquadrar não apenas as pessoas, mas também Deus.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Hoje a liturgia nos fala sobre a liberdade do coração de Deus. Vivemos em um mundo onde nos são exigidas carteirinhas, passaportes, enfim, tudo aquilo que registra nossa pertença a alguma associação, a algum país e sem a apresentação desse registro ficamos na rua, sem possibilidade alguma de ingressar no local desejado.

Muitos pensam desse modo em relação à religião e, pior ainda, também em relação a Deus. Queremos enquadrar não apenas as pessoas, mas também Deus.

Tanto o Livro dos Números quanto o Evangelho de Marcos comentam esse modo de ser existente naqueles que foram chamados a ficar ao lado de Deus, a participar de sua intimidade, e que se aborrecem porque outras pessoas, que não são do grupo dos seguidores, de repente, estão na intimidade do Senhor.

Em Números encontramos o caso de dois homens que não haviam acompanhado o grupo dos escolhidos para receber o dom de profetizar, começaram a fazê-lo no acampamento. Um jovem, preocupado com o fato, foi avisar Moisés, imediatamente. O grande líder respondeu: “Quem dera que todo povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!”

Em São Marcos encontramos João dizendo a Jesus que ele e seus companheiros haviam encontrando um homem que estava expulsando demônios, e que o haviam proibido de fazê-lo, por não ser do grupo dos discípulos.  Agindo do mesmo modo como Moisés, o Senhor discorda desse gesto e diz: “Não o impeçais...

Porque quem não é contra nós é por nós.”

O Espírito de Deus - que sopra onde e quando quer - é dado a todos, pois cada um dos seres humanos foi criado em um particular gesto de carinho de Deus, o Pai de todos. Do mesmo modo, a redenção de Jesus foi feita em nome de todos e para todos. Deus é livre para se revelar a quem quiser, e manifestar de modo especial o seu amor.

Como nos Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo tocou a inteligência e o coração de um pagão, e o fez desejar o Batismo. Nesse relato da conversão do etíope, vemos o papel importantíssimo do Diácono Filipe ao obedecer à inspiração de Deus e se aproximar do pagão.

Que em nossa vida sejamos facilitadores do amor de Deus e não coloquemos empecilhos à ação do Espírito Santo!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Josemaría Escrivá de Balaguer: "Um santo que sabe estar no mundo"

Os milhares de fiéis que lotaram a Via della Conciliazione, até o Castelo Sant'Angelo, para a canonização de Escrivá de Balaguer, em 6 de outubro de 2002 | 30Giorni

A rquivo 30Dias - 10/2002

Após a canonização de Escrivá, adeptos e simpatizantes famosos se manifestaram

Um santo que sabe estar no mundo

A santificação do trabalho e a misericórdia para com o pecador. Aqui estão os dois aspectos do ensino de Escrivá que atraíram artistas, políticos e gestores.

editado por Valentina Di Virgílio

Cultura, informação, moda, economia, arte, cinema, política.
A mensagem de Escrivá de Balaguer sobre a “santificação do trabalho” chegou ao coração de muitos profissionais, distantes uns dos outros na ideologia, na profissão, nas escolhas de vida. Mas todos unidos pela ideia do fundador do Opus Dei de que existe um fio condutor que liga o bom trabalho, por mais mundano que seja, à salvação cristã. Após a canonização de Escrivá fizemos algumas perguntas a dois excelentes adeptos do Opus Dei, a alguns simpatizantes e a dois observadores neutros, que estiveram presentes na Praça de São Pedro no dia da canonização.

MEMBROS

Ettore Bernabei, presidente da Lux Vide 

Você viveu, como comunicador, os anos do Concílio Vaticano II. Até que ponto Santo Escrivá foi um precursor disso? 

ETTORE BERNABEI: O que o Concílio herdou das intuições de Josemaría Escrivá é a concepção do trabalho humano. Até o século XIX, o trabalho era considerado quase uma maldição para os homens. Escrivá, por outro lado, já na década de 1920, pregava uma ideia revolucionária: o trabalho diário, mesmo aquele realizado pelos mais humildes, pode ser um meio de santificação pessoal e social. Não há necessidade de recuar do mundo para encontrar o caminho para o céu. Não conheci pessoalmente São Josemaría e aprendi muitas coisas sobre ele através do então deputado da Secretaria de Estado, Monsenhor Dell'Acqua, que era seu amigo no sentido mais profundo e solidário da palavra. Disse-me que Escrivá participou muito nos trabalhos do Conselho e soube aconselhar, com prudência e discrição, mesmo nas decisões mais importantes. 

O que significou para você aproximar-se do Opus Dei? 

BERNABEI: Desde 1975 comecei a participar nas diversas iniciativas de formação espiritual da Obra. Ao dedicar-me primeiro à administração de empresas públicas, depois à atividade empresarial privada de produção de programas televisivos, sempre me senti encorajado pelas intuições de Escrivá, mas também fui ajudado por muitos conselhos práticos contidos nos seus escritos. Escrivá preocupava-se profundamente com os problemas de comunicação. Ele sentiu a necessidade de formar novos operadores nesta área e é isso que também tento, modestamente, fazer. 

Paola Grossi Gondi pintora 

O que significa para um artista o encontro com o pensamento de Escrivá?

PAOLA GROSSI GONDI: Ordem, capacidade de autogestão e responsabilidade pela consciência de que é preciso aproveitar o tempo. Existem altos e baixos na criatividade e até o fracasso pode compensar. Aprendi que existe uma ética de trabalho. A arte é antes de tudo um serviço. 

O que mais impressionou você em seus ensinamentos? 

GROSSI GONDI: Sei que certa vez São Escrivá levou alguns jovens amigos da universidade ao topo da bela catedral de Burgos para ver de perto alguns pináculos que eram impossíveis de ver de baixo. Elogiando a perfeição com que foram construídas, apesar de saber que ninguém jamais as veria e que só Deus as veria como um gesto de amor, destacou nesse caso um exemplo de como é preciso viver cada detalhe da vida. 

Em que ritmo você trabalha e interage com o público? 

GROSSI GONDI: Em média a cada dois anos há uma exposição pessoal minha. Está em curso uma exposição em Valência com uma das minhas pinturas que depois irá para Madrid. 

A Espanha é a terra natal de Escrivá. Qual pintura você decidiu enviar? 

GROSSI GONDI: Não só o local é significativo, mas também o tema escolhido para participar: “Mundo, trabalho e criatividade”. A minha pintura é um óleo, intitulada Detalhe , e representa um portão de ferro forjado, no Mont Saint-Michel, cujo enrolamento final assenta harmoniosamente na base de uma coluna, uma pedra medieval, dando a ideia de plenitude e vazio que se forma. entre os dois elementos. 

O que mudou depois da aproximação ao Opus Dei? 

GROSSI GONDI: Há cerca de quinze anos sou membro supranumerário (sem voto de castidade, ed. ) da Ópera. Descobri que existe uma vocação, até profissional: fui amada e pensada por Deus para um serviço muito específico, que é a busca da beleza e da harmonia. Do ponto de vista estilístico, na realidade, nada mudou. Os temas que pinto permaneceram os mesmos. O que mudou foi a consciência de fazer parte de um quadro maior. Redescobri a minha dimensão de batizado.

APOIADORES

Leonardo Mondadori, editore 

Você afirmou que passou de uma posição inteiramente “mulheres e motores” para uma conversão espiritual plena graças ao Opus Dei, do qual agora é membro. Como você conheceu a Ópera? 

LEONARDO MONDADORI: Aconteceu em 1992 através do conhecimento do engenheiro Giuseppe Corigliano (diretor do escritório de informação da prelazia, ed. ), que me contatou para a publicação do Caminho , o escrito fundamental do novo santo. Só então comecei a sentir um certo desconforto com a vida que levava. O forte apelo à santificação da vida quotidiana para uma pessoa como eu, que ama o trabalho, foi muito importante. 

A Ópera é vista por muitos como seletiva e elitista. O que você acha?

 MONDADORI: Acho que não. Está aberto a todos. É claro que existe uma disciplina doutrinária muito forte. 

Quais são os pontos do ensinamento de Escrivá que deveriam ser mais insistidos hoje? 

MONDADORI: As palavras de Escrivá sobre o processo de descristianização da sociedade são as mais atuais. Neste sentido a escola, a educação das novas gerações, desempenha um papel estratégico. Por isso a Ópera tem a formação no centro das suas atividades: estruturas nas quais a educação para o transcendente é praticada com um altíssimo nível profissional de ensino e assistência às crianças. 

A linha editorial da sua editora foi afetada pela sua abordagem à Ópera? 

MONDADORI: Mais do que a proximidade com a Ópera, é afetado por toda a lectio católica . Publicamos, como únicas editoras seculares, uma série de livros intitulada Homens e Religiões , que foi muito bem recebida pelo público. 

Micol Fontana estilista de alta costura 

Moda e Opera divina. Dois mundos aparentemente distantes  

MICOL FONTANA: Para mim são muito próximos. A moda deve ser de bom gosto. E o cristianismo também tem a ver com gosto. Além disso, a Igreja nos ensina a parecer sóbrios, sem exageros ou de maneira vulgar?

O que significam para você os ensinamentos de Santo Escrivá? 

FONTANA: Uma educação profunda para o bem. 

Em que anos você se aproximou do Opus Dei?

FONTANA: Há mais ou menos uns vinte anos. Embora não seja membro da Ópera, participei ativamente em muitas iniciativas. Também dei aulas de costura nas escolas deles aqui em Roma. Todas as experiências que me encheram de vida. 

Você acompanhou as cerimônias de beatificação e canonização?

FONTANA: Claro. Acompanhei todos esses grandes eventos, mas de casa. Estou velho demais para ir para San Pietro, tenho quase noventa anos.

A laboriosidade é um dos temas mais caros a Santo Escrivá. Você procura transmitir esses ensinamentos aos jovens aprendizes no seu trabalho diário?

FONTANA: Claro. Falo sobre isso com muito prazer. Obviamente não sou um puxador de multidões...

Irene Pivetti ex-presidente da Câmara, jornalista de televisão 

Havia muitos políticos na canonização. Escrivá pode ser um modelo para o mundo político, para além das filiações partidárias? 

IRENE PIVETTI: Definitivamente. Ele é uma figura extremamente moderna. Seu carisma está próximo de pessoas profissionalmente comprometidas que dedicam o máximo de concentração, qualidades humanas e tempo ao seu trabalho. É uma figura preciosa que indica a possibilidade de santificar-se através da atividade profissional. 

Falando em Porta a Porta o senhor disse que estava próximo do espírito do Opus Dei. 

PIVETTI: Sim. Mas o que lamento não ter saído da transmissão é a dimensão familiar da vocação e do espírito da Obra. Refiro-me à capacidade de viver como membros de uma família num sentido prático e material, mesmo para aqueles que não nasceram do mesmo pai e mãe. 

Como você conheceu a Ópera? 

PIVETTI: Em vários momentos da minha vida: através de amigos e antes mesmo, durante os tempos de escola. Mas sempre através de contatos pessoais. Considero ter conhecido a espiritualidade da Obra um belo presente. Foi importante também para a construção da minha família: nem eu nem meu marido temos a vocação da Obra, mas estamos muito felizes por tê-la conhecido. 

Você disse do Padre Escrivá que ele é um santo que te deixa à vontade. 

PIVETTI: Sim, por sua grande tolerância e misericórdia pelas imperfeições. Um santo muito flexível em relação às coisas práticas da vida. Um santo que sabe estar no mundo. 

Alberto Sordi ator, diretor 

Como você conheceu Escrivá? 

ALBERTO SORDI: Ele é uma pessoa extraordinária, mesmo que eu não o conhecesse pessoalmente. Convidaram-me para ir a Espanha, a Pamplona, ​​para conhecer o fundador quando ele era vivo, nos anos 1960, mas não pude ir por causa do meu trabalho, estava a fazer filmes. Já ouvi muito sobre ele. 

Você nunca escondeu sua fé católica... 

SORDI: Sempre fui um católico praticante. Claro, meu trabalho me manteve muito ocupado. 

Segundo Escrivá, o trabalho santifica. O que você acha?
Acho que abri mão de muitas coisas da minha vida privada para trabalhar. A minha foi uma dedicação total ao trabalho que não me permitiu fazer algo que talvez eu gostasse, como constituir família, ter filhos. Mas não tive tempo de ser um bom marido, um bom pai...

Mas você ainda está muito atento aos jovens...

SORDI: Sim, estou atualmente editando um programa que reconstrói a história da Itália e que contém muitas das ideias que surgem no meu filme. São 38 horas de transmissão, combinadas com um documentário que vai do início do século XX até 2000, que termina com a celebração do Jubileu em São Pedro. Tudo isso irá primeiro nas escolas e depois na televisão. A renda será revertida para a Fundação Jovem Alberto Sordi, criada para destacar jovens talentos, evitando-lhes um aprendizado angustiante. Eu sei o quanto é difícil começar. Quero que os jovens tenham um acesso mais fácil às artes.

Nos seus filmes você representou os italianos com seus defeitos. Escrivá foi muito benevolente com os defeitos e misérias humanas?

SORDI: Escrivá lutou contra uma vida sem devoção cristã. Fê-lo com veemência e grande personalidade, dedicando-se tanto aos outros e oferecendo a possibilidade de viver santamente na vida terrena. Fomos feitos para aproveitar a vida e respeitar esse milagre que é a vida. Escrivá sempre lutou como homem. Ele conduziu aqueles que se aproximavam dele à justiça, corrigindo seus defeitos, mas sempre se posicionando entre os seus como homem.

Há alguns anos o senhor disponibilizou um terreno em Trigoria que passou a fazer parte de um campus biomédico do Opus Dei.

SORDI: Sim. As estruturas, que já funcionam há algum tempo, acolhem muitos idosos que ali encontram bem-estar e assistência de pessoas especializadas, sem se sentirem abandonados como num hospício. Queria fazer esta doação porque, agora que tenho mais tempo para olhar em volta, decidi doar parte das minhas poupanças aos menos afortunados que eu. 

Vito Gamberale CEO Autostrade spa 

Engineer, em que termos deve ser entendida a sua colaboração com o Opus Dei? 

VITO GAMBERALE: Oferecemos apoio técnico, por ocasião da canonização, para facilitar os movimentos de grupos de peregrinos que tinham que se aproximar de Roma pelas estradas. Queríamos dar suporte com os sistemas de pagamento, com recepções nas áreas de atendimento, com orientações para facilitar as viagens. É a primeira vez que manifestamos um compromisso deste tipo. O único precedente semelhante foi para a Jornada Mundial da Juventude, em Tor Vergata. 

Qual a sua opinião sobre o Opus Dei?

GAMBERALE: Convivendo com as pessoas deste ambiente e estudando a vida desta grande figura que é Santo Escrivá, decodifiquei o projeto que ele queria levar a cabo com empenho, serenidade e confiança. Um projeto que hoje se concretiza e que, na sua totalidade, indica um método de vida: trabalhar pensando em valores cristãos concretos para difundir na sociedade.

A colaboração com a Ópera limita-se ao evento de canonização?

GAMBERALE: Não. Há já alguns anos que se estabelece um intercâmbio com a escola de formação profissional “Elis” que se encontra perto da nossa sede (fundada por Escrivá e inaugurada por Paulo VI em 1965, o centro “Elis” promove a formação nas profissões tradicionais - mecânicos, ourives, eletrônicos, relojoeiros - e naqueles ligados às novas tecnologias ed ): o intercâmbio consiste numa contribuição docente, uma contribuição económica, mas sobretudo uma contribuição de jovens que frequentam cursos de aperfeiçoamento, criando um lugar a partir. que atrair novos recrutas para o mundo do trabalho.

OBSERVADORES EXTERNOS

Massimo D'Alema

O presidente do DS, apesar de não ser crente, esteve presente na cerimónia de canonização do fundador do Opus Dei. Uma presença que, explica ao 30Dias , «foi uma demonstração de respeito da minha parte face a um grande acontecimento. Com a canonização do fundador do Opus Dei, a Igreja reconheceu da forma mais elevada o papel desta extraordinária organização tão difundida na sociedade. Uma organização que soube vincular a fé cristã à Obra e ao compromisso social com o desenvolvimento económico como talvez poucas outras na história da Igreja”. E acrescenta: «Também tenho muitos amigos que viveram este dia com grande e intensa participação, pareceu-me certo estar ali para demonstrar o meu interesse e o meu respeito». 

Andrea Riccardi 

Para o fundador da Comunidade de Sant'Egidio «o fato histórico importante parece-me ser ver como João Paulo II entendeu a canonização do Padre Escrivá. Houve uma rapidez na elevação aos altares que não foi acidental e ligada a outras duas grandes figuras do cristianismo, Padre Pio e Madre Teresa. A santificação de Escrivá é parte de um projeto mais amplo de valorização na Igreja de todas as forças socialmente engajadas nas atividades humanitárias e no diálogo inter-religioso, segundo as diretrizes indicadas pelo Concílio Vaticano II”. Um Concílio que começou em 1962 sob o pontificado de João XXIII, mas que representa «uma temporada ainda não concluída», disse Riccardi na recente conferência “Notícias do Concílio” promovida pela União Italiana de Imprensa Católica. «A principal coisa que as pessoas perceberam do Concílio é que todos nos sentíamos sujeitos mais responsáveis ​​no mundo da Igreja». É o caminho aberto ao pluralismo, à polarização dos sujeitos dentro da Igreja. «A Igreja já não é uma professora de humanidade, mas uma especialista em humanidade», disse Riccardi.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Uma iniciação às Sagradas Escrituras

As palavras divinas colocam a conversão humana para que brilhe nas pessoas e no mundo as obras de paz e de amor, em vista do Reino de Deus.  (@ BAV Vat. lat. 39, f. 67v)

Esta introdução às Sagradas Escrituras feita por Cassiodoro ajude-nos na leitura da Palavra de Deus neste mês bíblico, fazer a compreensão em vista da conversão e testemunho de vida de todos nós, povo de Deus e ministros ordenados tendo presente o dom divino da salvação, dado por Deus Uno e Trino ao ser humano, pela realização de obras de caridade neste mundo.

Por Dom Vital Corbellini, bispo de Marabá – PA

As Sagradas Escrituras são palavras de Deus que possuem valor eterno pois elas vem do próprio Deus para a realidade humana. Muitas pessoas elaboraram estas Palavras e sendo inspiradas por Deus, pelo Espírito Santo, escreveram a respeito do mistério de Deus, da vida humana e de sua salvação. É fundamental dizer também que as palavras divinas tem por objetivo a realização do amor a Deus, ao próximo como a si mesmo (cfr. Mt 22,37-39), impulsionando à salvação do ser humano. Elas colocam a conversão humana para que brilhe nas pessoas e no mundo as obras de paz e de amor, em vista do Reino de Deus. Cassiodoro, século V, leigo romano que elaborou uma obra que visava ao povo a iniciação às Sagradas Escrituras[1] colocou pontos importantes em seu tempo sobre a introdução às Sagradas Escrituras. A seguir nós veremos alguns dados elaborados por esta pessoa tão influente no período da Igreja primitiva.

 A falta de mestres das Sagradas Escrituras

Cassiodoro reconheceu na sua época a existência de muitos mestres das letras seculares nas escolas, mas que faltavam mestres públicos das Sagradas Escrituras, divinas, para que assim a difusão da Palavra de Deus fosse mais ampla possível na Igreja e no mundo[2]. Ele entrou em diálogo com o Papa, bispo de Roma, Agapito I (535-536) para que na cidade de Roma, as escolas cristãs recebessem mais pessoas, educadoras educadores ligados às Sagradas Escrituras em vista do estudo, conhecimento da Palavra de Deus, da mesma forma como tinha em Alexandria, no Egito e também em Antioquia, na Síria[3]

O reconhecimento do livro do Gênesis

O autor romano falou do reconhecimento do livro do Gênesis como o primeiro livro das Sagradas Escrituras, onde se colocam os relatos da criação de todas as criaturas, sobretudo do ser humano, percebido como a imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,126), o paraíso, o pecado, o dilúvio e a aliança do Senhor para nunca mais destruir a natureza humana (cf. Gn 1-8). Ele lembrou São Basílio em relação a criação humana e os seres dados para a glória divina e humana. Ele mencionou também Santo Agostinho na disputa contra os maniqueus devido às ideias dualistas do deus do bem e do deus do mal que o bispo de Hipona, superou-as ao afirmar que o bem vem somente de Deus Criador e o mal proveio pela desobediência humana.[4]

 Uma palavra sobre os profetas

Cassiodoro teve presentes os profetas, como anunciadores da vinda do Senhor Jesus neste mundo. Tudo estava em profunda ligação com a chegada do Messias. Ele comentou São Jerônimo que proporcionou claríssimas explicações sobre a generosidade do Senhor Jesus pela encarnação do Verbo neste mundo para nos salvar[5]. Ele também disse que o capítulo dezoito de Isaias é uma referência aberta aos mistérios de Cristo e da Igreja[6]. O autor romano disse que São Jerônimo comentou os profetas, classificando-os como maiores por serem longos os seus relatos, e os chamou de menores pela brevidade de seus livros.[7] ,

Em relação ao saltério

Cassiodoro falou que se alguns padres como Santo Hilário, Santo Ambrósio trataram alguns salmos, no entanto Santo Agostinho fez comentários de todos eles em grandes obras, escrevendo sobre a graça do Senhor, a sua atuação amorosa no mundo[8]. Para o autor romano os salmos são cento e cinquenta de modo que eles são divididos em três secções como forma de honra à Santíssima Trindade e também para pedir ajuda, saúde, a graça do amor de Deus em cada ser humano[9].

Em relação aos evangelhos

O autor romano colocou a importância dos quatro evangelhos que a Igreja desde o início fechou o cânone sendo palavra de vida eterna de Jesus Nazareno, o enviado do Pai. São Jerônimo explicou as características particulares de cada evangelho de uma forma diligente para perceber a unidade dos livros. Ele colocou que diversos autores como Santo Hilário, Santo Ambrósio, Eusébio de Cesaréia, Santo Agostinho realizaram comentários muito importantes sobre os evangelhos[10] colocando como palavra plena de Deus revelada por Jesus Cristo em comunhão com o Espírito Santo.

A respeito das cartas dos apóstolos

Cassiodoro falou a respeito das cartas dos apóstolos para dar visibilidade a missão da Igreja antiga junto aos judeus e junto aos pagãos, após Pentecostes. O docetismo, o pelagianismo estavam ainda presentes, heresias que negavam a humanidade de Jesus, e o pecado original de modo que era preciso reforçar as cartas dos apóstolos, sobretudo aquelas de São Paulo onde se colocavam a humanidade e a divindade do Verbo na Pessoa de Jesus Cristo e o pecado original transmitido para toda a humanidade e através do batismo vem superado este pecado, ainda que persistam as tendências ao pecado, mas a graça de Cristo Jesus é superior ao pecado[11].

Em relação aos Atos dos Apóstolos e do livro do Apocalipse

Foram diversos os comentários a respeito dos Atos dos Apóstolos para colocar a presença do Espírito Santo sobre os Apóstolos na Igreja primitiva no anúncio da ressurreição de Jesus Cristo e na pregação evangélica nos diversos povos. Cassiodoro disse também que foi São Jerônimo quem comentou mais a respeito do livro do Apocalipse, conduzindo os leitores à uma contemplação superior e discernir com a mente os acontecimentos da Igreja primitiva e a realidade social do Império romano[12].

Os quatro Concílios reconhecidos

Cassiodoro teve presentes que os Concílios de Nicéia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431), Calcedônia (451) reconheceram os livros das Sagradas Escrituras como livros inspirados, de modo que eram lidos nas comunidades cristãs. As suas leituras davam luzes para as comunidades viverem a Palavra de Deus para assim enfrentarem as heresias, as hostilidades do tempo e a viverem o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo (cfr. Mt 22,37-39)[13].

Os dois Testamentos segundo São Jerônimo

Cassiodoro afirmou que São Jerônimo fez toda a tradução dos livros sagrados em latim, tendo presentes os livros do Antigo Testamento, sendo o Testamento primeiro da Palavra de Deus e o Novo Testamento, o Testamento segundo, realizado e assumido por Jesus Cristo, a P0alavra do Pai. Os dois Testamentos são Palavra de Deus, pois Deus é o seu devido autor, proveniente de sua boca e tudo realizado em Jesus Cristo, o Messias, o Envidado do Pai. Segundo o autor romano São Jerônimo ordenou toda a sua tradução à Autoridade divina de modo a tornar a Palavra de Deus mais próxima do povo por causa da língua vernácula, o latim[14].

Esta introdução às Sagradas Escrituras feita por Cassiodoro ajude-nos na leitura da Palavra de Deus neste mês bíblico, fazer a compreensão em vista da conversão e testemunho de vida de todos nós, povo de Deus e ministros ordenados tendo presente o dom divino da salvação, dado por Deus Uno e Trino ao ser humano, pela realização de obras de caridade neste mundo.

[1] Cfr. Casiodoro. Iniciación a las Sagradas Escrituras. Madrid: Editorial Ciudad Nueva, 1998.
[2] Cfr. Idem, pg. 67.
[3] Cfr. Ibidem, pg.  67-68.
[4] Cr. Ibidem, pgs. 81-82.
[5] Cfr. Ibidem, pg. 95.
[6] Cfr. Ibidem, pg. 96.
[7] Cfr. Ibidem, pg. 97.
[8] Cfr. Ibidem, pg. 99.
[9] Cfr. Ibidem, pg. 101.
[10] Cfr. Ibidem, pgs. 111-112.
[11] Cfr. Ibidem, pgs. 113-120.
[12] Cfr. Ibidem, pg. 121.
[13] Cfr. Ibidem, pg. 127.
[14] Cfr. Ibidem, pgs. 129-131.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Oração da Liturgia das Horas

Liturgia das Horas (CNBB)

Oração da Liturgia das Horas torna a Sagrada Escritura fonte principal de toda oração cristã.

27 de setembro de 2024

Neste mês especial dedicado à Palavra de Deus, a Igreja no Brasil motiva os fiéis e comunidades a terem maior contato com a Bíblia. E uma das formas de aprofundar essa relação é por meio da oração Liturgia das Horas, também chamada de Ofício Divino.

A Liturgia das Horas é a oração oficial da Igreja, composta de salmos, hinos e leituras bíblicas e dividida em momentos específicos ao longo do dia (Laudes, Vésperas, Hora Média, Completas).

No dia 1º de outubro, às 8h30, será realizada uma live no Instagram da CNBB com a oração das Laudes, uma oportunidade de mergulhar na Palavra por meio dessa tradição da Igreja.

Oração pública da Igreja

Desde de 1970, quando Papa Paulo VI promulgou a reforma da Liturgia das Horas, através da Constituição Apostólica Laudis Canticum, ela se tornou uma oração pública da Igreja, povo de Deus, não apenas reservada ao clero ou a algumas ordens religiosas, mas podendo ser rezada também pelos fiéis leigos.

No documento, o Papa Paulo VI manifestou sua intenção de que a Sagrada Escritura torne-se “a fonte principal de toda oração cristã, sobretudo a oração dos salmos que acompanha e proclama a ação de Deus na história da salvação”. A Constituição Laudis Canticum marca ainda a reformulação da Liturgia das Horas feita pelo Concílio Vaticano II.

“A oração cristã é, antes de tudo, oração de toda a família humana, que está associada em Cristo. Cada um participa desta oração, mas é típica de todo o corpo; Por isso exprime a voz da amada Esposa de Cristo, os desejos e votos de todo o povo cristão, as súplicas e os pedidos pelas necessidades de todos os homens”, escreveu o Papa Paulo VI.

Voz de Cristo e da Igreja

No caderno de número 10 da coleção sobre o Concílio, preparada por ocasião do Jubileu 2025, o padre Edward McNamara, professor de Liturgia na Pontifício Ateneu Regina Apostolorum, em Roma, explica que o Ofício Divino ocupa um lugar especial nas muitas iniciativas individuais e comunitárias de oração, justamente por ser “a voz de Cristo e da Igreja, unidos ao dirigir-se ao Pai por meio do Espírito Santo”. Além disso, a Liturgia das Horas tem a característica de santificar as horas do dia.

“Quando rezamos a Liturgia das Horas, não estamos usando um livro de orações devocionais, mas nos unimos à Igreja de Cristo que eleva orações de louvor, ação de graças e intercessão pelo mundo inteiro. De certa forma, tornamo-nos a Igreja em oração e cumprimos o seu destino e propósito”, explicou padre McNamara.

Caderno de Estudo (CNBB)

O caderno de estudo, oferecido pela Edições CNBB, também apresenta o desenvolvimento do Ofício Divino desde os primórdios do cristianismo, seguindo o mandato de Cristo de orar incansavelmente.

O desenvolvimento dessa forma de oração com a Sagrada Escritura teve, no século IX, a definição de formato, por volta do ano 225, e recomendação de que os cristãos participassem do encontro da manhã. Cerca de cem anos depois, o desenvolvimento do “Ofício da Catedral”, com salmos selecionados por Santo Ambrósio de Milão, e o desenvolvimento do Ofício Monástico. Em 1215, a recitação diária do Ofício Divino tornou-se obrigatória a todos do clero. Antes com o formato de recitação de todos os 150 salmos em uma semana, o ofício foi gradualmente substituído pelo Breviário, que ganhou nova edição em 1568, por São Pio V. Confira os detalhes na publicação oferecida pela Edições CNBB.

Como rezar? 

A Liturgia das Horas pode ser rezada ao longo de todo dia. É possível começar com as Laudes (manhã) e as Vésperas (tarde). Em cada oração, consagramos, pelo louvor a Deus, cada momento do nosso dia:

OFÍCIO DAS LEITURAS

Em sua origem, o Ofício das Leituras é uma oração noturna, rezada ao longo da madrugada. Após a reforma litúrgica, ele pode ser feito em qualquer momento do dia ou da noite.

LAUDES

As laudes são o louvor da manhã. Com elas, consagramos o início do dia a Deus.

HORA MÉDIA

É uma oração recitada ao longo do dia, dividida em três horários: Terça (9h), Sexta (12h), e Nona (15h). Essas horas têm significados específicos, como a descida do Espírito Santo em Pentecostes (9h), a crucificação do Senhor ao meio-dia, e sua morte na cruz (15h).

VÉSPERAS

Rezamos as Vésperas ao final do dia, ao pôr do sol. Nela refletindo sobre a fragilidade da vida humana e a esperança da renovação em Deus.

COMPLETAS

Rezando as Completas antes de dormir, pedimos a proteção divina durante a noite.

Cada hora do Ofício Divino começa com o hino, depois rezamos com os salmos, fazemos a leitura breve e, por fim, a oração. Para esse percurso, é possível usar um livro com os textos litúrgicos ou baixar o aplicativo da CNBB, onde você também encontra a Liturgia das Horas para rezar todos os dias gratuitamente. Baixe aqui para Android e aqui para iOS.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

A Igreja Católica na Bélgica

Igreja Santo Antônio em Bruxelas (AFP or licensors)

A primeira evangelização do território belga remonta ao século IV. O primeiro bispo residente foi São Servásio, bispo de Tongeren entre 346 e 359. Nesta fase a difusão do cristianismo ocorreu sobretudo nas pequenas cidades galo-romanas e começou a ser definida a geografia eclesiástica do território: a leste a Diocese de Tongeren-Maastricht-Liège, incluída na Província eclesiástica de Colônia, na Alemanha; no centro a Diocese de Cambrai e a oeste a Diocese de Tournai, incluídas Província de Reims.

Vatican News

A Igreja Católica na Bélgica tem 9 Circunscrições Eclesiásticas na qual estão distribuídas 3.656 paróquias e outros 434 centros pastorais. Os católicos do país (72% de uma população total de 11.618.000) são pastoreados por 22 bispos e assistidos por 2.066 sacerdotes diocesanos e 1.677 sacerdotes religiosos (3.743 no total). Os diáconos permanentes são 577, os religiosos não sacerdotes 355, as religiosas professas 5.045, os membros dos institutos seculares 91, os missionários leigos 34 e os catequistas 4.803. Há 1 seminarista menor e 197 seminaristas maiores

Os centros de educação de propriedade e/ou dirigidos por eclesiásticos ou religiosos (dados de 31 de dezembro de 2022) são: 3.368 creches e escolas primárias, que atendem 608.989 crianças; 1.076 escolas médias inferiores e secundárias, com 572.292 estudantes; 30 escolas superiores e universidades que atendem 172.562 estudantes.

No país, a Igreja administra 88 hospitais, 19 ambulatórios, 8 leprosários, 360 casas para idosos, pessoas com invalidez ou deficiência, 181 orfanatrófios e jardins da infância, 52 consultórios familiares, 5 centros especiais de educação ou reeducação social, 142 outras instituições.

A Conferência Episcopal da Bélgica

A Conferência Episcopal da Bélgica (Conférence Episcopale du BelgiqueBelgische Bischofskonferenz - CEB) reúne os prelados da Arquidiocese de Malines-Bruxelas, das suas 7 Dioceses sufragâneas e do Ordinariato Militar. 

O seu presidente é dom Luc Terlinden, arcebispo de Malines-Bruxelas; os seus vice-presidentes são dom Patrick Hoogmartens, bispo de Hasselt, e dom Jean-Pierre Delville, bispo de Liège, enquanto o secretário-geral é Bruno Spriet, um leigo.

Arquidiocese de Mechelen-Brussel, Malines-Bruxelles

A Arquidiocese de Mechelen-Brussel, Malines-Bruxelles foi ereta em 12 de maio de 1559, sendo acrescentada a denominação de Bruxelas em 8 de dezembro de 1961). Abrange uma área de 3.635 km² onde vivem 3.022.681 habitantes, dos quais 1.931.000 são católicos. Há 573 paróquias, 452 sacerdotes diocesanos (5 ordenados no último ano), 1.006 sacerdotes regulares residentes na diocese; 88 diáconos permanentes; 13 seminaristas dos cursos filosóficos e teológicos; 1.253 membros de institutos religiosos masculinos; 1.075 membros de institutos religiosos femininos; 1.221 instituições de ensino; 141 institutos de caridade; 9.399 batismos no último ano.  

O arcebispo de Mechelen-Brussel, Malines-Bruxelles é dom Luc Terlinden, nascido em Etterbeek, Arquidiocese de Mechelen-Bruxelas, em 17 de outubro de 1968; ordenado em 18 de setembro de 1999; eleito em 22 de junho de 2023. É o ordinário militar para a Bélgica.

 As origens da Igreja Católica na Bélgica

A primeira evangelização do território belga remonta ao século IV. O primeiro bispo residente foi São Servásio, bispo de Tongeren entre 346 e 359. Nesta fase a difusão do cristianismo ocorreu sobretudo nas pequenas cidades galo-romanas e começou a ser definida a geografia eclesiástica do território: a leste a Diocese de Tongeren-Maastricht-Liège, incluída na Província eclesiástica de Colônia, na Alemanha; no centro a Diocese de Cambrai e a oeste a Diocese de Tournai, ambas incluídas na Província eclesiástica de Reims, na França.

O cristianismo consolidou-se no território no século VII graças aos monges escoceses, irlandeses, aquitanos e anglo-saxões, entre os quais se destaca São Willibrord de Utrecht (658-739). A eles se deve a construção de vários mosteiros, que em pouco tempo se tornaram também centros econômicos, culturais e missionários em torno dos quais gravitavam muitas cidades: Gand, Mons, Nivelles, Mechelen, Ronse, Leuze, Andenne, St. Trond, Saint-Ghislain, Soignies. O assassinato em Liége de São Lamberto, bispo de Maastricht, por volta de 703, transformou esta última em meta de peregrinação e logo no principal centro da diocese.

Por volta do ano 1000, o bispo de Liège Notker ajudou o imperador Otão II e o Papa Silvestre II (Gerberto de Aurillac) a retomar o projeto europeu de Carlos Magno. Em troca recebeu territórios que fizeram dele um príncipe-bispo e Liège a capital com numerosas igrejas. Este período conheceu uma grande vitalidade religiosa e cultural. Cresceu a influência da Igreja na sociedade, como evidenciado pela fundação de numerosos mosteiros e pela grande mobilização popular para a primeira Cruzada liderada por Godfrey de Bouillon. Dois bispos de Liège tornaram-se Papas: Frederico de Lorena (Estêvão IX) e Jaime Pantaléon (Urbano IV).

O desenvolvimento urbano entre os séculos XII e XIII coincidiu com o nascimento de novas ordens religiosas (Dominicanos, Franciscanos, Agostinianos, Carmelitas) que se estabeleceram no coração das cidades, e com a difusão dos beguinários, irmandades leigas fundadas principalmente na Holanda no século XIII por mulheres solteiras ou viúvas dedicadas à oração e às obras de caridade. Nestes ambientes floresceu uma nova espiritualidade que seria valorizada por Irmã Hadewijch, Santa Lutgard de Tondres e por Santa Juliana, prioresa do Hospício Cornillon de Liège, promotora da festa do Santíssimo Sacramento (1246).

A Igreja Belga receberá um novo impulso da "Devotio Moderna", o movimento de renovação espiritual que se difundiu na Holanda, Alemanha, Flandres e Itália entre os séculos XIV e XV que aspirava uma religiosidade intimista e que influenciaria a reforma religiosa do século sucessivo e os caminhos espirituais de figuras como Erasmo de Rotterdam.

A este período remonta a fundação da Universidade católica de Louvain, o renomado instituto de ensino superior fundado em 1425 pelo Papa Martinho V por desejo do Duque João IV de Brabante, que se tornaria um dos mais importantes centros de pensamento da Contrarreforma católica após a Reforma protestante no século XVI. 

No século XVI, no âmbito da Contrarreforma, o rei Filipe II de Espanha decidiu reorganizar a Igreja no território, então Países Baixos espanhóis, e impôs a Inquisição para contrastar a expansão do protestantismo.

Em 1679, o rei Carlos II pediu e obteve do Papa Inocêncio XI que esta região fosse dedicada a São José, que se tornaria assim o Santo Padroeiro da Bélgica.

No final do século XVIII, numerosos bens eclesiásticos foram confiscados ou destruídos, primeiro pelo imperador José de Habsburgo, no âmbito da sua política eclesiástica voltada a redimensionar a autoridade da Igreja Católica no Império habsburgo e mais tarde durante a Revolução Francesa.

Em 1801, a Concordata com Napoleão e as Bulas "Ecclesia Christi" e "Qui Christi Domini" redefiniram a organização das Circunscrições Eclesiásticos, prefigurando os contornos das dioceses no futuro Reino da Bélgica.

A Igreja Belga após a independência

A independência conquistada em 1830 foi reconhecida pelo Papado graças aos bons ofícios do cardeal Engelbert Sterckx, arcebispo de Malines, que conseguiu fazer com que o Papa Gregório XVI aceitasse a Constituição do novo Estado (1831), não obstante sancionasse a liberdade de consciência e não reconhecesse um estatuto especial para a Igreja.

Em 1832, o Papa Cappellari fez da Bélgica uma nova província eclesiástica metropolitana. No novo contexto político, surgirão progressivamente as correntes do catolicismo liberal belga inspiradas no pensamento do padre e pensador católico francês Félicité Robert de La Mennais (1782-1854).

O final do século assistiu a um breve período de tensões entre Igreja e Estado, ligadas à chamada "Guerra Escolar" ("Guerre Scolaire") antes da subida ao poder do Partido Católico que dominaria a cena política do país até 1914. Após a Primeira Guerra Mundial, entre 1920 e 1925, a Bélgica acolheu as históricas “Conversas de Malines”, a primeira tentativa de diálogo entre a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana, que reuniu estudiosos católicos e anglicanos em cinco encontros para discutir uma série de questões cruciais que tornavam difícil a unidade entre as duas Igrejas, como o ministério petrino do Papa e a natureza das definições dogmáticas.

Na década de 1930, o padre Edouard Froidure (1899-1971) deu impulso ao catolicismo social belga por meio da fundação de obras como as Stations de Plein-air e Les Petits Riens para crianças de famílias desfavorecidas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o episcopado belga tentou encontrar um modus vivendi com o ocupante alemão, mas assumiu uma posição clara contra o colaboracionismo, mantendo distância dos partidos e movimentos pró-nazistas no país.

A Igreja Belga deu uma contribuição decisiva para os trabalhos do Concílio Vaticano II, nomeadamente por meio da figura do cardeal e teólogo Leo Jozef Suenens, arcebispo de Malines-Bruxelas, expressão da Escola de Lovaina atenta aos fermentos de renovação que surgiram na Igreja nas décadas anteriores.

Visitas dos Papas

A Bélgica foi visitada duas vezes por São João Paulo II: a primeira de 16 a 21 de maio de 1985, por ocasião da sua Viagem Apostólica ao Benelux (11 a 21 de maio), a segunda de 3 a 4 de junho de 1995, para a beatificação do missionário belga padre Damiano de Veuster, posteriormente canonizado pelo Papa Bento XVI em 2009.

A Igreja Belga depois do Concílio

Tal como acontece com outros países europeus, ao longo das últimas seis décadas a sociedade belga assistiu a uma profunda transformação cultural e religiosa: por um um  lado, tornou-se cada vez mais multirreligiosa, com um aumento da presença muçulmana ligada aos fluxos migratórios; por outro, tornou-se profundamente secularizada, como indica o declínio significativo de praticantes e vocações, e o crescimento de católicos que abandonaram a Igreja ou que não se reconhecem nos seus ensinamentos sobre moral e bioética.

Segundo o último relatório anual sobre a Igreja na Bélgica publicado pela Conferência Episcopal (CEB) em 2023, 50% dos belgas consideram-se católicos, em comparação com quase 53% registados em 2018. A este percentual não correspondem, no entanto, os dados relativos à prática religiosa e à frequência na Igreja, significativamente menor.

Em 2022, 8,9% dos belgas declararam que frequentam regularmente a Missa (em comparação com cerca de 50% na década de 1960). O declínio da prática religiosa é, no entanto, menos pronunciado na capital, Bruxelas, graças a uma forte presença estrangeira.

Ao mesmo tempo, nos últimos anos também surgiu o fenômeno dos que pedem a anulação do registo de batismo: foram 5.237 em 2021 e 1.270 em 2022.

Quanto à participação nos Sacramentos (Batismo, Primeiras Comunhões e Crismas, casamentos religiosos e funerais), o declínio sofreu um revés em 2022, com uma recuperação significativa após a pandemia de Covid. Da mesma forma, as peregrinações foram retomadas. Em 2022, os quatro santuários marianos do país (Scherpenheuvel, Oostakker, Banneux et Beauraing) totalizaram 1.270.000 visitantes.

A queda na participação também levou ao fechamento de várias igrejas católicas. Entre 2018 e 2022, 131 igrejas foram suprimidas do culto, enquanto desde 2010, 30 igrejas também foram inteiramente transferidas para outras denominações cristãs (principalmente ortodoxas).

Estas mudanças também levaram a alterações legislativas substanciais em relação ao aborto (legalizado em 1990), ao fim da vida (a eutanásia é legal desde 2002) e aos casamentos homossexuais (legalizados em 2003).

Outro fato diz respeito ao envelhecimento dos religiosos, ligado ao declínio das vocações. Em 2018, nas 278 comunidades de língua flamenga e 101 de língua francesa, entre 70 e 80% tinham mais de 70 anos.

Face a estes dados, a Igreja belga demonstra uma vitalidade discreta, como indica o aumento da sua oferta digital, a começar sobretudo pela pandemia, que constata um discreto sucesso, as suas obras de caridade e pastorais e o número de voluntários que contribuem para isso e também as contribuições dos fiéis leigos para o processo sinodal sobre a sinodalidade.

Com a evolução da sociedade, a composição interna da Igreja Católica belga também mudou: ao longo dos anos, outras comunidades linguísticas resultantes da imigração foram acrescentadas às três comunidades francófonas, flamengas e germanófonas: em 2021 existiam cerca de 150 comunidades católicas de língua estrangeira (especialmente polonesa, filipina e ucraniana) e cerca de um quinto dos sacerdotes, diáconos e assistentes paroquiais provenientes do exterior (principalmente da República Democrática do Congo, uma antiga colônia belga).

O escândalo da pedofilia

O compromisso da Igreja Católica Belga com a proteção dos menores remonta a 1995, quando o episcopado criou uma comissão independente com o objetivo de lidar com todos os casos que deixaram de ser da competência civil porque foram prescritos e intensificados na esteira da indignação suscitada pelo caso Dutroux, o "monstro de Marcinelle" preso em 1996 após ter sequestrado e estuprado seis meninas e adolescentes, matando quatro deles.

Em 1997, o cardeal Godfried Daneels, então arcebispo de Malines-Bruxelas, criou uma “linha direta” para ouvir as vítimas e em 2000 foi criada outra comissão para lidar com queixas de abuso sexual por parte de sacerdotes. Mas foi depois do caso Vangheluwe, o bispo de Bruges que renunciou em 2010 depois de admitir ter abusado do sobrinho na época do seu sacerdócio e nos primeiros dias do seu ministério episcopal, que os bispos deram um novo impulso decisivo à luta à pedofilia na Igreja, incentivando as vítimas a apresentarem-se à comissão para o tratamento das denúncias de abuso sexual. Após a eclosão do escândalo, o episcopado publicou uma carta pastoral na qual reconheceu que os líderes da Igreja no país não enfrentaram de modo adequado a tragédia dos abusos sexuais e compreenderam a gravidade das suas consequências, pedindo perdão às vítimas e pedindo a difusão de “uma cultura da verdade e da justiça”. Entre as decisões tomadas, destaca-se a de uma aplicação mais rigorosa dos critérios de admissão ao sacerdócio e de combate aos abusos de poder.

Em 2016, foi apresentado o primeiro relatório dos bispos sobre casos de abuso sexual na Igreja belga, com base nos relatórios registados entre 2012-2015 pelos centros de escuta estabelecidos em todas as dioceses e congregações religiosas na Bélgica (dez em cada diocese e dois para as congregações religiosas), para acolher as vítimas para as quais o crime está prescrito.

No quadriênio em questão, 418 vítimas apresentaram-se nestes centros, enquanto outras 628 recorreram ao centro de arbitragem, um procedimento que não prevê a passagem por instituições eclesiais, para um total de 1.046 reclamações e 95 novos dossiês. 80% das denúncias ocorreram há mais de 30 anos. 71% das vítimas eram homens e os agressores eram praticamente sempre (em 95% dos casos) homens. 

Na ocasião, os bispos reiteraram que a colaboração com a justiça é total e que – caso a prescrição já tenha ocorrido – vai-se ao encontro das vítimas por meio de centros de escuta aos quais foi acrescentado um Comitê de Fiscalização composto por pessoas externas à Igreja que podem  ajudar os bispos a compreender como intervir.

A Igreja belga voltou a estar no centro da tempestade em dezembro de 2023, após a transmissão de um podcast do jornal flamengo Het Laatste Nieuws intitulado “Kinderen van de Kerk” (“Filhos da Igreja”) com entrevistas com mães e seus filhos dados em adoção para instituições católicas que as teriam vendido por grandes somas para famílias adotivas. Em 2015, a Conferência Episcopal Belga já tinha pedido desculpas às vítimas de adoções forçadas em instituições católicas no Parlamento Flamengo. Em resposta aos testemunhos transmitidos pelo programa, os bispos expressaram a sua compaixão pela dor e pelo trauma das vítimas e apelaram a uma investigação independente sobre as condições descritas pelas mulheres envolvidas.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF