Translate

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Marco Polo e os Franciscanos no Oriente é tema de conferência internacional nas Marcas

“Nas pegadas de frei Tomás da Tolentino e de padre Matteo Ricci” é o título da sessão de abertura da conferência internacional (Vatican News)

O objetivo da Conferência é "aprofundar a figura do personagem histórico de Marco Polo sob o aspecto das viagens por ele realizadas que o ligam aos percursos de algumas eminentes figuras franciscanas que cruzaram a Ásia sino-mongol e as Índias quer por motivos ligados à evangelização como por motivos mais estritamente diplomáticos."

“Nas pegadas de frei Tomás da Tolentino e de padre Matteo Ricci” é o título da sessão de abertura da conferência internacional “Notas de Viagem: Marco Polo e os Franciscanos no Oriente nos séculos XIII e XIV”, marcada para a próxima sexta-feira e sábado (18 e 19 de outubro) no Borgo de Tolentino, na região das Marcas, Itália.

A iniciativa, que se insere no programa oficial das celebrações dos 700 anos da morte de Marco Polo, conta com a parceria científica da Pontifícia Universidade Antonianum de Roma, da Universidade Ca' Foscari de Veneza e da Universidade de Macerata.

Por meio da contribuição de prestigiados palestrantes provenientes de universidades italianas e estrangeiras, a iniciativa pretende enfatizar as viagens como forma de intercâmbio e encontro entre diferentes culturas e religiões em diálogo entre si.

A Região e numerosas cidades das Marcas mantêm há muitos séculos relações com Veneza, nomeadamente através do Mar Adriático: os comerciantes e frades das Ordens mendicantes, como o franciscano Tomás de Tolentino, partiram em 1290 para chegar primeiro à Armênia, depois à Pérsia, Índia e quem sabe a China, quase sempre viajando em navios mercantes venezianos.

Primum Concilium Sinense

Na tarde de sexta-feira, 18 de outubro, na Igreja de San Catervo para iniciar os trabalhos - introduzidos pelas saudações do bispo de Macerata, Nazzareno Marconi e do padre Simone Giampieri, ministro provincial ofm -, estará Gianni Valente, diretor da Agência Fides, que irá proferir uma palestra sobre o “Primum Concilium Sinense” realizado em Xangai há 100 anos, entre maio e junho de 1924. Os documentos daquele Concílio – como atestará o pronunciamento do diretor da Fides – expressam “a urgência de desvincular as presenças e as obras católicas na China de tudo o que possa fazer com que a Igreja apareça como uma entidade para-colonial subserviente aos potentados estrangeiros”.

No sábado, 19 de outubro, o dia da conferência programado no Teatro “Nicola Vaccaj”, articulada em três sessões, prevê as saudações das autoridades civis e religiosas e depois um longo dia de trabalho concentrado no tema de toda a conferência.

O presidente do 'Comitê para as Celebrações em memória do Bem-aventurado Tomás da Tolentino', o arquiteto Franco Casadidio, sublinha que “o objetivo da Conferência é valorizar o Centenário aprofundando a figura do personagem histórico de Marco Polo sob o aspecto das viagens por ele realizadas que o ligam aos percursos de algumas eminentes figuras franciscanas que cruzaram a Ásia sino-mongol e as Índias quer por motivos ligados à evangelização como por motivos mais estritamente diplomáticos. Estes itinerários representam uma fonte inesgotável de informação em nível religioso, antropológico, geopolítico e histórico-cultural e a escolha do título pretende destacar o estudo da tipologia das fontes do diário-crônica, do qual o ‘Milhão’ é um exemplo ilustre. Haverá também uma parte dedicada às viagens de outras figuras não franciscanas, como monges e viajantes, ou às crônicas locais de viagens e itinerários naquele particular período histórico”.

O Bem-aventurado Tomás de Tolentino

Tomás da Tolentino, sacerdote e mártir da Primeira Ordem (1271-1321), teve o seu culto aprovado pelo Papa Leão XIII em 23 de julho de 1894. Sua memória é ainda venerada pelos fiéis da Índia, país onde recebeu a palma do martírio.

Desde seu ingresso na Ordem dos Frades Menores nos primeiros anos de sua juventude, Tomás era conhecido como um homem verdadeiramente apostólico, e quando o soberano da Armênia enviou mensageiros ao ministro geral dos minoritas, pedindo-lhes alguns sacerdotes para fortalecer a verdadeira religião em seu reino, Tomás foi escolhido para essa missão com mais quatro de seus irmãos de Ordem.

O apostolado dos frades foi coroado de êxito, reconciliando muitos cismáticos e convertendo muitos infiéis. Entretanto,  achando-se a Armênia seriamente ameaçada pelos sarracenos, Tomás voltou à Europa, para solicitar ajuda junto ao Papa Nicolau IV e aos reis da Inglaterra e da França.

Embora voltasse à Armênia, como estava determinado, Tomás prolongou sua viagem até o interior da Pérsia. De novo foi chamado de volta ou enviado à Itália, desta vez, porém, com a finalidade de apresentar um informe ao Papa Clemente V, com vistas a estender sua atividade até à Tartária e à China. Sua embaixada resultou na nomeação de uma hierarquia eclesiástica que consistia em João de Montecorvino como arcebispo e Legado Pontifício para o Oriente, e sete franciscanos como seus sufragâneos.

Nesse meio tempo, o Beato Tomás voltara ao seu campo de trabalho, cheio de zelo pela conversão da índia e da China. Parece que se dirigiu ao Ceilão e Catai, mas ventos contrários empurraram o navio para a ilha Salsete, vizinha a Bombaim. Tomás foi capturado pelos sarracenos, com vários outros irmãos, e encarcerado. Depois de açoitado e exposto aos raios abrasadores do sol, o santo homem foi decapitado. O Beato Odorico de Pordenone recuperou depois o seu corpo e o trasladou para Xaitou. O seu culto foi aprovado em 1894.

*Com informações de Agência Fides e Capuchinhos do Rio de Janeiro

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Missionariedade do cristão

A missionariedade da Igreja (Arquidiocese de Vitória)

MISSIONARIEDADE DO CRISTÃO

Dom Wilson Angotti
Bispo de Taubaté (RS)

Motivação – Com a intenção de nos manter sempre atentos a valores importantes de nossa fé e vida eclesial a Igreja promove meses temáticos, ao longo do ano. O mês de outubro é dedicado à reflexão sobre nosso compromisso missionário. Jesus estabeleceu sua Igreja incumbindo-a de uma missão específica: anunciar o Evangelho e fazer discípulos. Jesus a quis missionária. Assim sendo, a missionariedade não é algo opcional, mas uma característica essencial da Igreja de Cristo. Ou a Igreja é missionária ou não é a Igreja de Cristo. Assim como a missionariedade está na essência da Igreja, assim deve estar também na essência de cada cristão, que é membro da Igreja, definindo seu modo de ser e de viver. Sobre isso vamos refletir. 

Fundamentos bíblicos – A missão da Igreja tem seu fundamento na própria missão de Jesus de comunicar a Palavra e a salvação a todos os que acolhem esses dons. A missão é de conduzir todos à comunhão com Deus. Jesus, o Filho Eterno é o enviado de Deus-Trindade. Constatamos isso, quando Jesus, na sinagoga de Nazaré, leu o profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor”. Ao terminar a leitura Ele completou dizendo: “Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir” (Lc.4,18-21). Na longa história da salvação, após ter enviado muitos servidores, Deus enviou seu próprio Filho (cf. Mc.12,2-8). A missão de Jesus continua e se prolonga na missão daqueles que Ele mesmo enviou e chamou de apóstolos (palavra que significa “enviado”). Os enviados devem seguir o exemplo de Quem os enviou, e não podem se iludir achando que a missão seja fácil. A missão cristã é sempre exigente. O que fizeram ao Senhor também farão com os seus servos (cf. Mt.10,24). O Senhor, porém, se identifica com aqueles que envia e diz: “Quem escuta vocês, escuta a mim, quem rejeita vocês é a mim que rejeita, e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou” (Lc.10,16). Os que são enviados por Jesus, vão com a autoridade de Jesus e participam de sua missão; Ele diz: “Como o Pai me enviou, também eu envio vocês” (Jo.20,21). Inicialmente, a missão de Jesus havia se limitado “às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt.15,24), mas após sua ressurreição, ao comunicar o Espírito Santo, a missão confiada aos Apóstolos e à toda Igreja ganha dimensão universal. Jesus diz: “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês” (Mt.28,19-20). Contudo, disse Jesus: “Permaneçam em Jerusalém até que vocês sejam revestidos pela força que vem do alto” (Lc.24,49). Anunciar o Evangelho e conduzir à comunhão com Deus é a missão que a Igreja recebeu do Senhor. Para isso a Igreja conta com a assistência e a graça do Espírito Santo.  

Ensinamento da Igreja sobre a missionariedade do cristão – “’O Espírito Santo é o protagonista de toda missão eclesial’ (RM.21). É ele quem conduz a Igreja pelos caminhos da missão. ‘Esta missão, no decurso da história, continua e desdobra a missão do próprio Cristo, enviado a evangelizar os pobres. Eis por que a Igreja, impelida pelo Espírito de Cristo, deve trilhar a mesma senda de Cristo, isto é, o caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação de si até a morte” (AG.5). Buscando enfatizar a essência missionária da Igreja, o Papa Francisco repete sempre a expressão: “Igreja em saída”; isso se contrapõe a uma Igreja estagnada, acomodada, fechada em si ou voltada para si, ‘auto referenciada’, como diz o Papa. A Igreja deve estar em atitude “de saída” pois recebeu de Jesus a missão de ir e ensinar. “Naquele ‘ide’ de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja, e hoje todos somos chamados a esta nova ‘saída’ missionária” (EG.20). A Igreja está em função dos outros aos quais deve iluminar com o anúncio do Evangelho. É necessário alcançar todas as periferias, ou seja, todos aqueles que ainda não receberam esse anúncio capaz de transformar a vida. Para alguém ser missionário não precisa sair do lugar que vive e ir para terras distantes; o testemunho cristão deve se dar nas circunstâncias ordinárias do dia a dia. “Hoje que a Igreja deseja viver uma profunda renovação missionária, há uma forma de pregação que nos compete a todos como tarefa diária é cada um levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto os mais íntimos como aos desconhecidos. É a evangelização informal que se pode realizar durante uma conversa (…) na rua, na praça, no trabalho, num caminho” (EG.127). O Papa Francisco repete frequentemente uma intuição do episcopado Latino Americano, apresentada no documento de Aparecida, de que somos “discípulos missionários”; somos simultaneamente aprendizes e anunciadores. Não precisamos de longos períodos de formação para só depois atuarmos como testemunhas. O que vivenciamos como cristãos é o que temos a partilhar com os outros, como anúncio da fé que temos. Nesse sentido, todos os que têm alguma vivência de fé estão capacitados a testemunhar a experiência que tiveram. É nesse sentido que não precisamos de longos períodos de formação para sermos missionários. Emblemática e exemplar é a narrativa do encontro da mulher samaritana com Jesus. Logo a seguir ela vai à cidade e conta para os outros tudo o que Jesus lhe falou, de modo que as pessoas que a ouviram buscaram conhecer o Senhor (cf. Jo.4). Assim deve ser nosso testemunho como discípulos do Senhor: partilhar com os outros a experiência que temos com Jesus. O que aprendemos como discípulos, partilhamos como missionários. Aproveitemos a motivação deste mês e partilhemos com alguém nossa vivência de fé. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Dia Mundial das Missões: coleta missionária ajuda Igrejas mais carentes no mundo

Dia Mundial das Missões: coleta missionária ajuda Igrejas mais carentes no mundo (Vatican Media)

O Dia Mundial das Missões não é apenas um momento de contribuição financeira, mas também uma oportunidade para que os católicos se unam em oração e solidariedade, lembrando que cada gesto de generosidade pode transformar vidas.

Vatican News

Nos dias 19 e 20 de outubro, comunidades católicas de todo o mundo celebrarão o Dia Mundial das Missões, data dedicada à oração e à arrecadação de fundos para apoiar a missão da Igreja nos territórios mais necessitados. A data é uma oportunidade para os fiéis refletirem sobre a importância da evangelização e o compromisso com aqueles que ainda não conhecem a mensagem cristã.

As doações da coleta missionária durante as missas de todas as comunidades neste final de semana serão direcionadas para projetos missionários que visam atender às necessidades das populações em áreas carentes, especialmente em países de difícil acesso. Os recursos são destinados ao Fundo Mundial de Solidariedade, colaborando com o Papa no apoio de iniciativas que promovem a educação, a saúde e o desenvolvimento social, além de fortalecer a presença da Igreja em locais onde a fé católica enfrenta desafios.

O Dia Mundial das Missões não é apenas um momento de contribuição financeira, mas também uma oportunidade para que os católicos se unam em oração e solidariedade, lembrando que cada gesto de generosidade pode transformar vidas. As Pontifícias Obras Missionárias (POM) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) incentivam todas as paróquias e comunidades a se engajarem ativamente, promovendo ações que ajudem a conscientizar os fiéis sobre a importância da missão.

Vídeo: Dia Mundial das Missões 2024

https://youtu.be/WnpmIYfa1VM

A natureza da Igreja é missionária

Durante o mês de outubro, a Paróquia Verbo Divino, localizada na Asa Norte em Brasília (DF), organiza uma série de atividades que animem a comunidade a viver esta missão. Segundo Pe. Vagner Apolinario, missionário do Verbo Divino e pároco da comunidade, o mês missionário sempre foi um tempo especial para a paróquia. “A presença aqui dos Missionários do Verbo Divino, desde a fundação da paróquia deixou marcada uma espiritualidade missionária. O mês de outubro é uma boa oportunidade para recordarmos que a Igreja é, por sua mesma natureza, missionária e que, pelo Batismo, todos nós somos missionários”, destacou.

Pe. Vagner também lembrou o trabalho importante de animação da novena missionária nas famílias e na visita aos doentes. “O Conselho Missionário Paroquial (COMIPA) promoveu um momento formativo sobre o tema deste ano e os paroquianos foram convidados a rezar a novena missionária em suas casas, reunindo familiares, amigos e vizinhos. Ao final na novena nos reuniremos para uma celebração, que acontecerá em um dos blocos residenciais. Trata-se do Dia Mensal de Oração Missionária, onde louvaremos a Deus pela missão da Igreja e pediremos por todos os missionários e missionárias do mundo inteiro”, lembrou o pároco.

Paróquia Verbo Divino em Brasília (DF) anima a comunidade a viver o mês missionário (Vatican Media)

Como se realiza a Coleta Missionária

Em outubro, especialmente no Dia Mundial das Missões, comunidades e paróquias coletam ofertas dos cristãos para apoiar as missões. Essas contribuições são enviadas às dioceses, que reúnem os recursos de suas comunidades. O objetivo é promover a evangelização, animação e cooperação missionária. Dessa coleta, 80% vai para 1.150 dioceses em “territórios de missão” na África, Ásia, Oceania e América Latina, enquanto os 20% restantes são destinados a ações missionárias no Brasil.

Até o final do ano, as dioceses repassam o total arrecadado à direção nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM) em Brasília. Essa direção comunica o valor ao Dicastério para a Evangelização, em Roma, e destina os recursos ao Fundo Mundial de Solidariedade. Na Assembleia Geral das POM, em maio, são avaliados e aprovados os projetos para os cinco continentes, que incluem: promoção humana, catequese, formação de futuros sacerdotes e religiosos(as), manutenção de missionários e igrejas, apoio a centros de educação e saúde, e construção de capelas, orfanatos, creches e casas para idosos, além de auxílio em situações de desastre.

Em 2023, a contribuição da Igreja no Brasil para o Fundo Mundial de Solidariedade foi de R$ 10.968.656,39.

Saiba mais informações sobre a Campanha Missionária

Fonte: POM

https://www.vaticannews.va/pt

Síndrome do ninho vazio: desafios e oportunidades para os pais

Pormezz|Shutterstock

Edifa - publicado em 12/03/19 - atualizado em 16/10/24

Embora os pais saibam que não educam os filhos para ficarem com eles para sempre, o período do ninho vazio não é fácil. Aqui nós dizemos o que fazer.

Christine, que engordou dois quilos após a saída consecutiva dos dois filhos, diz que sentiu uma “lágrima”. Durante um ano, ela começou a chorar assim que entrava no quarto das crianças. Isso é chamado de síndrome do ninho vazio.

Embora esta síndrome possa ocorrer com a saída de qualquer filho, ela é predominante no primeiro e no último. Afeta especialmente as mães e está a aumentar entre os pais, que estão atualmente mais envolvidos na educação do que as gerações anteriores.

A psicóloga Charlotte de Coupigny, terapeuta familiar e clínica da Contextes et thérapies , incentiva seus pacientes a aproveitarem esse período para “ouvir a si mesmos e abrir um mar de possibilidades”. Convida-os a mudar de casa, a aventurar-se na redação de uma tese ou a participar numa missão humanitária. 

Uma abertura para o exterior

gpointstudio | Obturador

A remodelação é saudável, embora por vezes as crianças possam opor-se a ela. “Quando ouvimos os nossos desejos, enviamos uma mensagem positiva às crianças. Dizemos-lhes que a vida é bela, incentivamo-las a não se preocuparem com os pais e é precisamente isso que elas precisam de saber!”

Outros pais, livres das restrições dos horários educativos, ficam livres para se envolverem mais no seu trabalho. Diane ressaltou que agora trabalhava mais, mas sem se sentir culpada.

Este período de adaptação muitas vezes chega na hora certa para dar vida a outros projetos, renovar relações com amigos, cuidar da casa, preparar reencontros com os filhos que já partiram...

Outras pessoas também decidem usar seu tempo livre para cuidar dos outros. Diane conseguiu "finalmente" responder aos pedidos da fundação social Emmaus e do coro da sua cidade, Michaëlla abriu um café Joyeux em Bordéus...

Esta abertura para o exterior não é a única solução. Esta etapa é também uma excelente oportunidade para realizar uma reorganização interna. Quando restam outros filhos em casa, a saída de um dos mais velhos pode permitir que os demais ocupem um novo lugar entre os irmãos e desfrutem de maior atenção parental.

Alegrias inéditas

O casal, claro, focado na educação há vinte anos, poderá vivenciar um renascimento após a emancipação dos filhos. Segundo Charlotte de Coupigny , “a própria estrutura do casal deve ser repensada, pois muitas vezes foi mais parental do que conjugal durante os anos escolares”.

A distância das crianças também oferece alegrias sem precedentes. “Comecei a melhorar depois de um ano, quando pensei mais neles do que em mim, no sentido de que poderia ficar feliz por eles terem decolado, porque isso significava que tínhamos tido sucesso em nossa missão como pais”, admite Christine.

Uma oportunidade para melhorar a vida espiritual

O ninho vazio também esconde alguns benefícios espirituais inesperados! A redescoberta do silêncio do lar e do tempo livre favorece a introspecção e a oração. Capucine, que se descreve como estressada por natureza, refletiu sobre o que realmente queria. Então percebeu que considerava esta segunda etapa da sua vida como uma oportunidade para retomar a sua vida de fé. Assim, encontrou serenidade indo à missa todos os dias e com a orientação de um diretor espiritual.

Fonte: https://es.aleteia.org/2019/03/12/pistas-alegres-y-concretas-para-combatir-el-sindrome-del-nido-vacio

Santo Inácio de Antioquia

Santo Inácio de Antioquia (A12)
17 de outubro
Localização: Antioquia (Síria)
Santo Inácio de Antioquia

Inácio nasceu por volta do ano 35 da era cristã. Ao que parece era um pagão que foi convertido ao cristianismo. Sua educação cristã aconteceu sob o acompanhamento dos próprios apóstolos. Sucedeu Pedro no posto de bispo de Antioquia, Viveu toda vida sendo um portador da vontade de Deus.

Antioquia era a terceira cidade mais importante do Império Romano. Foi aí que o bispo Inácio exerceu seu apostolado até ser conduzido para Roma, onde morreu mártir no Coliseu, entre os dentes das feras. Foi o imperador Trajano que decretou sua prisão.

A viagem de Inácio, acorrentado de Antioquia até Roma, foi o apogeu de sua vida e de sua fé. Feliz por poder ser imolado em nome do Salvador da humanidade, pregou por todos os lugares onde passou, até o local do martírio.

Durante esta viagem final escreveu sete cartas que figuram entre os escritos mais notáveis da Igreja, concorrendo em importância com as do apóstolo Paulo. Em todas faz profissão de sua fé e contém ensinamentos e orientações, até hoje adotados e seguidos pelos católicos. Numa dessas cartas estava o seu especial pedido: "Deixai-me ser alimento das feras. Sou trigo de Deus. É necessário que eu seja triturado pelos dentes dos leões para me tornar um pão digno de Cristo".

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Reflexão:

Numa de suas cartas Inácio escreveu: “Mantém-te firme como bigorna sob os golpes. É próprio de um grande atleta receber pancadas e vencer. Não tenhas nenhuma dúvida, temos que suportar tudo pela causa de Deus, para que também Ele nos suporte. Torna-te ainda mais zeloso do que és; aprende a conhecer os tempos. Aguarda o que está acima do oportunismo, o atemporal, o invisível que por nossa causa se fez visível, o impalpável, o impassível que por nós se fez passível, o que de todos os modos por nós sofreu!”.

Oração:

Deus, nosso Pai, que as palavras de Santo Inácio de Antioquia sirvam hoje para nossa meditação. Animados pelo seu exemplo de fé e de confiança em vós, sejamos fortalecidos pela vossa graça. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Papa: o Espírito Santo nos liberta do horror da morte e da injustiça

Audiência Geral de 16 de outubro de 2024 com o Papa Francisco (Vatican News)

Durante a Audiência Geral desta quarta-feira (16/10), o Papa Francisco destacou a importância da presença e ação do Espírito Santo na vida da Igreja e dos fiéis. Ao refletir sobre a doutrina do Espírito Santo, o Pontífice recordou o papel fundamental que o Espírito desempenha na transformação e renovação dos cristãos, como fonte de vida eterna. "A vida que nos foi dada pelo Espírito Santo é vivificante", ressaltou Francisco.

Thulio Fonseca - Vatican News 

Na catequese desta quarta-feira, 16 de outubro, o Papa Francisco continuou o ciclo de ensinamentos sobre o Espírito Santo, concentrando-se em como Ele se manifesta nas Escrituras e atua na Igreja ao longo da história. O Santo Padre, ao falar para os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, destacou que, durante os primeiros três séculos, a Igreja não havia formulado explicitamente sua fé no Espírito Santo, até que as heresias obrigaram os concílios a esclarecer a doutrina.

Francisco relembrou o Concílio de Constantinopla, em 381, que definiu a divindade do Espírito Santo, afirmando: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai [e do Filho]; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado”. Com isso, o Papa sublinhou a importância de reconhecer que o Espírito Santo compartilha da mesma divindade do Pai e do Filho, sendo Ele adorado e glorificado na mesma medida.

O Espírito Santo é vivificante

Francisco enfatizou que a afirmação central sobre o Espírito Santo no Credo é que Ele é "vivificante", ou seja, "dá a vida". Ao explicar esse ponto, o Papa mencionou que, no início da criação, o sopro de Deus deu vida a Adão, transformando-o de um homem de barro em um ser vivente. "Na nova criação, o Espírito Santo é Aquele que dá aos crentes a vida nova, a vida de Cristo, uma vida sobrenatural, a vida dos filhos de Deus", disse o Pontífice, citando São Paulo: “A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte” (Rm 8,2).

Papa Francisco durante a Audiência Geral (Vatican Media)

Esperança na vida eterna

A vida nova no Espírito, segundo o Papa, é a grande esperança dos cristãos, pois se trata de vida eterna. Francisco destacou que o Espírito Santo liberta os fiéis do medo de que tudo termine com a morte terrena:

“Onde está a grande e consoladora notícia para nós em tudo isto? É que a vida que nos foi dada pelo Espírito Santo é vida eterna! A fé liberta-nos do horror de ter de admitir que tudo termina aqui, que não há redenção para o sofrimento e a injustiça que reinam soberanos na terra.”

Cultivar a fé e a gratidão

Ao concluir, o Santo Padre incentivou os fiéis a conservar a fé no Espírito Santo, principalmente em tempos de dúvida e dificuldade, e a agradecer pelo dom da vida eterna que Jesus nos concedeu com sua morte e ressurreição:

"Cultivemos esta fé também para aqueles que, muitas vezes sem culpa própria, dela carecem e são incapazes de dar sentido à vida. E não nos esqueçamos de agradecer Àquele que, com a sua morte, nos obteve este dom inestimável!"

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Festa da Padroeira Nossa Senhora Aparecida em Brasília

Celebração em honra a Nossa Senhora Aparecida em Brasília (arqbrasilia)

Milhares de fiéis participaram da Tradicional Festa da Padroeira Nossa Senhora Aparecida

Neste ano, cerca de 50 mil pessoas participaram da Celebração em honra a Nossa Senhora Aparecida, realizada no sábado (12/10), na Esplanada dos Ministérios, ao longo do dia.

14 de outubro de 2024

A Esplanada dos Ministérios foi tomada por uma multidão de fiéis que, desde a parte da manhã, participaram da Santa Missa dedicada às crianças, em uma bonita celebração presidida pelo Padre Rafael Souza, Reitor do Santuário Nossa Senhora da Saúde. Após a Missa, os pequenos se divertiram muito nos brinquedos infláveis, no touro mecânico e participaram do festival de sorvetes e do sorteio de bicicletas.

No início da tarde, os fiéis rezaram o Santo Rosário, que foi conduzido pelo Frei Flávio Freitas e pela Irmã Adriana Barra, sendo encerrado com a Bênção do Santíssimo. Durante a oração do Santo Rosário, a população contou com a presença de diversos sacerdotes que ficaram à disposição para o atendimento de confissão.

Às 17 horas, teve início a procissão de entrada para a Santa Missa Solene, com a presença de diversos seminaristas, diáconos, padres e Bispos que percorreram o gramado central da Esplanada. A Celebração Eucarística foi presidida pelo Cardeal Dom Paulo Cezar Costa, e foi concelebrada pelo Cardeal Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo emérito de Aparecida, que reside e atua em Brasília, pelo Arcebispo militar, Dom Marcony Vinícius, por Dom Ronaldo Ribeiro, Bispo emérito de Formosa (GO), pelos Bispos auxiliares da Arquidiocese de Brasília, Dom Antonio de Marcos, Dom Denilson Geraldo, SAC, e Dom Vicente Tavares, além de vários sacerdotes da Arquidiocese.

Dom Paulo Cezar iniciou a homilia destacando a importância da Celebração Eucarística em Honra à Padroeira do Brasil, de Brasília e da Arquidiocese, Nossa Senhora da Conceição Aparecida. No Evangelho, que relatou o primeiro milagre de Jesus a pedido de Nossa Senhora, nas Bodas de Caná, o Cardeal enfatizou a presença de Maria como a medianeira da graça, a poderosa intercessora diante de Cristo.

“O Evangelho coloca diante de nós este casamento em Caná da Galileia, onde  Jesus é convidado. A mãe de Jesus também é convidada para essa festa de casamento e o vinho vem a faltar. Imaginem, amados e amadas de Deus, naquele tempo em que na festa de casamento o vinho viesse a faltar. O vinho, de certa forma, dava o tom à festa, causa de alegria e transformação na vida das pessoas. O vinho era a bebida comum na festa. É interessante percebermos bem que, nessa festa de casamento, o evangelista não diz quem é o noivo ou a noiva, fala apenas de uma festa de casamento. Se percebermos bem, Jesus vai tomando o lugar central da festa, porque essa festa de casamento significa uma festa maior. Ela significa a grande aliança de Deus com a humanidade. Talvez, a ausência do vinho relembrasse a ausência de profetas, dos enviados de Deus, de Deus que não estava mais falando ao seu povo. Talvez, a falta de vinho relembrasse a secura que o Israel daquela época vivia, uma certa ausência de Deus. A falta do povo perceber a presença de Deus, do falar de Deus, do agir de Deus. ‘Eles não têm mais vinho’. É o que Maria diz para o Filho. Maria é a mulher síntese que relembra todas as mulheres do Antigo Testamento. Então, Jesus transforma a água em vinho. Agora, temos o vinho bom, porque Ele é o Filho. Deus não fala mais através dos profetas, dos enviados, mas Ele fala através do seu Filho”, explica o Cardeal.

O Arcebispo salientou ainda que essa festa de casamento em Caná da Galileia se repete nos dias atuais, onde se o vinho faltar, Maria será a medianeira da graça e fiel intercessora de seus filhos e filhas.

“Essa festa de Caná da Galileia se realiza hoje também aqui na Esplanada dos Ministérios, porque nós temos Jesus no meio de nós. Estamos celebrando Maria e essa festa relembra também a vida de cada uma de nossas famílias. Na Igreja Doméstica se realiza essa festa de casamento, onde tem Jesus. No lugar em que mulher, marido e filhos estão reunidos em nome dEle, Ele está ali, a mãe está ali. Ela sempre vai olhar pelos seus filhos. E quando nos faltar vinho, ela vai interceder pelas nossas necessidades”, frisou Dom Paulo.  

Após a Celebração Eucarística, o povo de Deus seguiu em caminhada na tradicional procissão com a imagem da Padroeira. No papamóvel, usado pelo Papa São João Paulo II em 1991, em sua visita à Brasília, a Imagem percorreu a Esplanada dos Ministérios. Durante a procissão, acompanhada pelo clero e pelos fiéis que portavam velas, três bençãos foram dadas: uma aos enfermos, uma aos governantes e aos poderes públicos e uma dirigida às famílias. Durante o percurso, o terço foi meditado e os fiéis puderam rezar pedindo a intercessão de Nossa Senhora por suas necessidades. Ao final, novamente no altar montado no palco central, a última bênção e o envio para que todos os que participaram da Festa possam realizar, em suas vidas, aquilo que fora vivenciado e escutado neste momento sublime de manifestação da fé em Nosso Senhor Jesus Cristo pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida.

Finalizando a noite, no palco montado ao lado da Catedral Metropolitana de Brasília, os fiéis participaram dos shows “Elas cantam Maria“, com as cantoras Michelle Abrantes, Gabriela Carvalho, Huanda Silva e Lilian Ingrid e a pianista Marília de Alexandria; e com a cantora Adriana Arydes.

A Oração do Santo Rosário, a Celebração Eucarística e a Procissão das Velas podem ser assistidas no vídeo abaixo:

https://youtu.be/8BRczZA2FdE

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Na África as igrejas estão lotadas, diz bispo missionário

O bispo de Bangassou, República Centro-Africana, dom Jesús Aguirre. | OMP España.

Na África as igrejas estão lotadas, diz bispo missionário

Por Nicolás de Cárdenas

16 de out de 2024

O bispo de Bangassou, República Centro-Africana, dom Jesús Aguirre, falou contra o pessimismo eurocêntrico na Igreja e encorajou contemplar o florescimento da Igreja na África e na Ásia.

Dom Aguirre, missionário comboniano, falava no discurso de abertura da campanha do Dia Missionário Mundial na Espanha: “Convido-os a pensar na Igreja universal, cujo eixo central hoje já está saindo da Europa, e em muitos outros países onde a fé da Igreja Católica cresce incontrolavelmente”.

Assim, o bispo diz que o apelo de que “todos os países da metade norte da Europa são agora terras de missão” porque as vocações se diluem e envelhecem, “não é mentira, mas também não é toda a verdade”, porque alguns pensam apenas na Igreja do Velho Continente.

Em sua opinião, essas pessoas são “míopes” porque “a Igreja é universal e no continente africano e nos outros continentes as igrejas estão cheias, se não chegam à missa na hora, têm que ficar em pé, os jovens organizam toda a liturgia e as paróquias estão cheias de grupos”.

Dom Aguirre chegou aos 28 anos à República Centro-Africana, em missão “no meio da selva, a sete dias de carro do primeiro telefonema” e ainda está lá 44 anos depois. Mas ele rejeita visões excessivamente admiráveis ​​do trabalho missionário.

“Não somos heróis! Sem a graça de Deus que nos sustenta, despencaríamos”, diz dom Aguirre.

No entanto, “acreditamos neles porque vão por toda a vida, dão confiabilidade aos seus projetos a nível humanitário, encontraram Igrejas centradas na Eucaristia e na adoração, eles dão esperança, dão uma imagem da Igreja viva e nova”, disse o bispo sobre o trabalho de quem vai para terras de missão.

Essas fundações “floresceram, há milhares de sacerdotes locais em terras de missão, seminaristas, religiosos e religiosas, bispos e cardeais, que não são europeus e que são muito mais numerosos que os bispos e cardeais ocidentais”.

Milhares de pessoas também saíram dessas igrejas para responder à vocação à missão ad gentes, para os que não são cristãos: “Estou falando de pelo menos 70 mil missionários” da África, Ásia e América Latina, disse o bispo antes de falar: “E o número continuará a crescer, embora na Espanha continue a regredir”.

Dom Aguirre exortou os fiéis europeus que contribuem para as Pontifícias Obras Missionárias (POM) a fazer o seu trabalho com palavras de encorajamento: “Vocês são a nossa retaguarda, estamos na vanguarda da Igreja. Não se pode cair no desânimo ou numa espécie de depressão coletiva quando pensamos que milhões de espanhóis já não praticam a fé e só se aproximam de Deus quando chega a Semana Santa”.

“Jesus teve muitas ocasiões de desanimar, mas sempre encontrou encorajamento em seu Pai e na fé dos pequenos e vulneráveis. As Pontifícias Obras Missionárias são o termômetro da fé no mundo. Essa fé está hibernando ou diminuindo em algumas igrejas, mas crescendo em outras, porque a Igreja é do Senhor e Ele a fará florescer onde quiser”, concluiu o bispo.

*Nicolás de Cárdenas é um jornalista espanhol especializado em informação sociorreligiosa. Desde julho de 2022 é correspondente da ACI Prensa na Espanha.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticia/59641/na-africa-as-igrejas-estao-lotadas-diz-bispo-missionario

Da cítara da Cruz brota um canto novo

Santa Missa durante Sínodo dos Bispos, em 9 de outubro de 2024.   (Vatican Media)

"O Catecismo da Igreja Católica afirma que nas “últimas palavras da cruz que orar e entregar-se são um só e mesmo ato” (CIgC,2605). Sugere que não existe verdadeira oração sem entrega oblativa e que na entrega de nosso ser, realizamos um ato verdadeiro de oração."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Na mensagem aos membros da Família dos Cartuxos, o Papa Francisco recordava que São Bruno, "consciente de que a caminhada pelas longas estradas da santidade não se concebe sem a obediência à Igreja, mostra-nos também que o verdadeiro caminho no seguimento de Cristo exige o entregar-se nas suas mãos, manifestando no abandono de si um acréscimo de amor". E "no coração do deserto, lugar de prova e de purificação da fé, o Pai conduz os homens por um caminho de despojamento que se opõe a qualquer lógica do possuir, do sucesso e da felicidade ilusória."

Nos aproximamos da abertura do Jubileu 2025, "um tempo no qual se experimenta que a santidade de Deus nos transforma". Ao Povo de Deus foi pedido preparar o evento jubilar com a oração. Para ajudá-lo nesse sentido, foram elaborados alguns cadernos, dentre os quais "Apontamentos sobre a Oração", de autoria dos monges cartuxos - que levam uma "vida escondida com Cristo, como a Cruz silenciosa plantada no coração da humanidade redimida".

No texto, os cartuxos falam do "Canto Novo", tema que inspirou a reflexão desta semana do padre Gerson Schmidt*, intitulada "Da cítara da Cruz brota um canto novo":

"O Dicastério para a Evangelização oferece diversos Cadernos sobre a Oração, preparativa para a celebração do Jubileu 2025. Este ano de 2024 foi proclamado pelo Papa Francisco como o Ano da oração, vivendo a preparação do Jubileu da Esperança do ano que vem.

Depois do ano dedicado à reflexão sobre os documentos e ao estudo dos frutos do Concílio Vaticano II, o Santo Padre anunciou o Ano da Oração já em 21 de janeiro de 2024, por ocasião do Quinto Domingo da Palavra de Deus. Já na sua Carta de 11 de fevereiro de 2022, dirigida ao Pró-Prefeito, a D. Rino Fisichella, para encarregar o Dicastério para a Evangelização do Jubileu, o Papa tinha escrito: «Desde já, apraz-me pensar que o ano que precede o evento jubilar, 2024, possa ser dedicado a uma grande 'sinfonia' de oração. Antes de mais, para recuperar o desejo de estar na presença do Senhor, de o escutar e de o adorar». Portanto, no caminho de preparação para o Jubileu, as dioceses são convidadas a promover a centralidade da oração individual e comunitária.

O Dicastério disponibilizou algumas ferramentas úteis para entender melhor e redescobrir o valor da oração. Para além das 38 catequeses sobre a Oração que o próprio Papa Francisco proferiu de 6 de maio de 2020 a 16 de junho de 2021, foi publicada pela Libreria Editrice Vaticana uma coleção de "Apontamentos sobre a Oração". Trata-se de 8 volumes destinados a recolocar no centro a relação profunda com o Senhor, através das múltiplas formas de oração contempladas na rica tradição católica.

O caderno de número 06 – A Igreja em Oração é de contribuição e autoria dos Monges Cartuxos que trazem para nós uma riqueza muito grande. Vamos aprofundar esse caderno em alguns programas. O Papa Francisco introduz esses cadernos sobre a oração, dizendo assim: “agora é o momento de preparar o ano de 2024, que será inteiramente dedicado à oração. De fato, em nosso tempo sentimos, cada vez mais forte, a necessidade de uma verdadeira espiritualidade, capaz de responder às grandes indagações que surgem diariamente em nossa vida, provocadas por um cenário mundial não exatamente tranquilo... (  ). Neste ano, somos convidados a nos tornar mais humildes e a abrir espaço à oração que brota do Espírito Santo. É ele quem sabe colocar em nossos corações e em nossos lábios as palavras certas para sermos ouvidos pelo Pai. A oração no Espírito Santo é a que nos une a Jesus e nos permite aderir à vontade do Pai. O Espírito Santo é o Mestre interior que indica o caminho a seguir; graças a Ele, a oração de uma só pessoa pode se tonar oração de toda a Igreja e vice-versa”.

Os monges cartuxos falam do “Canto Novo” que Jesus cantou durante toda a sua vida, mas o entoou de maneira perfeita e plena quando, fazendo-se acompanhar pela cítara da cruz, disse: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu Espírito”.  O Catecismo qualifica esse grito e canto de Jesus, dizendo que “todas as misérias da humanidade de todos os tempos, escrava do pecado e da morte, todos os pedidos e intercessões da história da salvação estão recolhidos neste grito do Verbo encarnado” (CIgC,2606). Os cartuxos, em seu rico subsídio sobre a oração, referendam o autor Francois-Xavier Durrwell, que afirma: “Quando chega a hora de passar deste mundo para o Pai, Jesus, com todo o seu ser, torna-se Ele mesmo oração, Ele, o filho é todo voltado para Deus. Páscoa de morte e ressurreição é o mistério de Jesus transformado em oração”[1]. O Catecismo da Igreja Católica afirma que nas “últimas palavras da cruz que orar e entregar-se são um só e mesmo ato” (CIgC,2605). Sugere que não existe verdadeira oração sem entrega oblativa e que na entrega de nosso ser, realizamos um ato verdadeiro de oração.

O mesmo autor mencionado, em outro de seu livro “El Espíritu Santo em la Iglesia”, aprofunda ainda mais essa entrega de Cristo transformada em oração oblativa: “o Mistério da Cruz gloriosa é o mistério trinitário tornado interior ao mundo. Só na morte gloriosa de Jesus e, em nenhum outro lugar, o Espírito esteve tão presente no mundo; nunca antes o Espírito fora dado da maneira como se derramou na morte gloriosa: ‘Ainda não havia o Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado’(Jo 7,39)”.

Os monges escrevem: “O lado transpassado do Corpo Pascal de Jesus, de seu corpo crucificado e ressuscitado, do qual ‘imediatamente’ brotam ‘sangue e água’, é a única Fonte do Espírito. E o espírito é aquele que nos ensina a orar, porque ‘Deus enviou aos nossos corações seu filho que clama Abbá Pai’ e Ele intercede em nosso favor com gemidos inexprimíveis, suprindo nossa incapacidade de orar como convém (Rm 8,26)”[2]. A experiência diária que fazemos de nossa fraqueza que nunca termina nos dispõe a viver em total dependência da misericórdia do Pai, a receber tudo, literalmente tudo, dele. “Como o Filho, o cordeiro imolado e ressuscitado, também nós carregamos eternamente as nossas feridas, sinais da nossa fraqueza e da nossa morte. Mas, sobretudo, sinais da nossa ressurreição. Porque, como foi para Ele, assim também para nós, por meio das nossas feridas que a Glória do Pai pode ser derramada em nossa carne e em nossa vida”. É como dizia Paulo VI: O amor até a doação da vida, até o fim (Jo 13,1) é o “cântico novo” que o noivo ensina à sua noiva. É o cântico que Cristo doou à sua Igreja.

Cada um de nós está destinado não apenas a ser uma “pessoa de oração”, mas a “tornarmo-nos oração”, como se disse de São Francisco, que “não era tanto um homem que ora, mas sim todo ele transformado em oração viva”[3]."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
____________________

[1] Monges Cartuxos – A Igreja em Oração – Cadernos sobre a Oração 6, p. 34.
[2] Idem, 35.
[3] CELANO, Tomás de. Vita seconda, LXI, 95. In: Monges Cartuxos – A Igreja em Oração – Cadernos sobre a Oração 6, p. 23.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 15 de outubro de 2024

A comunicação silenciosa entre as plantas

Crédito: Getty Images

A comunicação silenciosa entre as plantas

Author: Sven Batke

Role: The Conversation*

12 outubro 2024

Pela manhã, minha filha de seis anos entrou no nosso quarto e começou a ler uma história de um livro. Ela leu palavra por palavra em cada página, formando lentamente frases completas. Às vezes, ela tropeçava e pedia ajuda com algumas "palavras engraçadas" — mas, quando o livro acabou, ela havia nos contado uma história sobre um urso na neve.

A comunicação verbal é uma das muitas razões pelas quais os seres humanos se tornaram tão bem-sucedidos como espécie. Desde alertar uns aos outros sobre perigos até comunicar informações complexas, nossa capacidade de falar tem sido crucial.

Mas não são apenas os seres humanos e outros animais que desenvolveram uma comunicação sofisticada. Muitas pessoas pensam nas plantas como seres passivos, mas elas têm sua própria maneira de interagir umas com as outras. Esta ideia já existe há algum tempo, tendo inspirado até mesmo filmes de Hollywood, como Avatar.

Mas a ciência recente está mostrando que os sistemas de comunicação das plantas podem ser mais complexos do que imaginávamos.

Estas redes de comunicação são sensíveis e estão em equilíbrio. Imagine o quão afetado nosso mundo seria se os sistemas de rede global sofressem uma pane de repente.

Os recentes apagões cibernéticos da CrowdStrike são apenas um exemplo de como estes sistemas são delicados e de como a comunicação é importante — e este também é o caso das plantas.

Para entender como organismos que não conseguem falar transmitem informações uns aos outros, é importante compreender que os seres humanos também têm um sistema de comunicação não verbal. Isso inclui nossos sentidos de visão, olfato, audição, paladar e tato.

Por exemplo, as empresas de gás natural adicionam uma substância química chamada mercaptano ao gás natural, dando a ele aquele cheiro característico de "ovo podre" para nos alertar sobre vazamentos. Pense também em como desenvolvemos a linguagem de sinais, enquanto muitas pessoas são hábeis em leitura labial.

Além destes sentidos, também temos a equilibriocepção (a capacidade de manter o equilíbrio e a postura corporal), a propriocepção (a percepção da posição relativa e da força das partes do nosso corpo), a termocepção (a sensação de mudanças de temperatura) e a nocicepção (a capacidade de sentir dor). Todas estas habilidades permitiram que os seres humanos se tornassem altamente sofisticados na comunicação e no envolvimento com o mundo natural.

Outras espécies, particularmente as plantas, usam seus sentidos para espalhar informações à sua própria maneira.

O que os vizinhos estão fazendo?

A maioria de nós está familiarizada com o cheiro de grama recém-cortada. Os voláteis, ou substâncias químicas, liberados pela grama, que associamos a este cheiro, são uma maneira de comunicar a outras plantas próximas que um predador — ou, neste caso, um cortador de grama — está presente, provocando um ajuste nas defesas das plantas.

Em vez de usar sinais auditivos, as plantas utilizam uma comunicação induzida por substâncias químicas. Mas a comunicação das plantas não se restringe aos voláteis.

Recentemente, cientistas descobriram quão bem conectadas as plantas são — e com que eficiência são capazes de enviar mensagens para seus pares por meio de suas raízes, sinais elétricos, uma rede subterrânea de fungos e micróbios do solo. O sistema de patrulha da vizinhança das plantas foi descoberto.

Por exemplo, a eletrofisiologia é uma área científica relativamente nova que estuda como os sinais elétricos dentro e entre as plantas são comunicados e interpretados.

Com os grandes avanços no setor de tecnologia e inteligência artificial (IA), observamos um crescimento acelerado e significativo nesta área de pesquisa nos últimos anos.

Os cientistas podem estar prestes a fazer descobertas notáveis, com avanços recentes que integram a comunicação de sinais elétricos dentro e entre as plantas em estufas modernas para monitorar e controlar a irrigação de plantações ou detectar deficiências nutricionais.

Os cientistas conseguem isso inserindo pequenas sondas elétricas, semelhantes a agulhas de acupuntura, para testar como mudanças nos sinais elétricos se relacionam com o desempenho da planta, como o transporte de água, nutrientes e a conversão de luz em açúcares importantes.

Os pesquisadores chegaram a influenciar o comportamento das plantas enviando sinais elétricos a partir de telefones celulares, fazendo com que elas executassem respostas básicas, como abrir ou fechar as folhas em uma planta carnívora.

Grande parte da comunicação entre as plantas acontece no subsolo, facilitada por grandes redes de fungos conhecidas como 'rede global florestal' ou 'internet das árvores' (Crédito: Getty Images)

Em breve, poderemos ser capazes de traduzir completamente a linguagem das nossas plantas.

Grande parte da comunicação entre as plantas acontece no subsolo, facilitada por grandes redes de fungos conhecidas como "wood wide web" — "rede global florestal", em tradução livre, uma analogia à world wide web (www), a rede digital que permite usufruir do conteúdo transferido pela internet.

Esta rede de fungos conecta árvores e plantas no subsolo, permitindo que compartilhem recursos como água, nutrientes e informações. Por meio deste sistema, árvores mais velhas podem ajudar as mais novas a crescer, e as árvores podem avisar umas às outras sobre ameaças, como pragas.

É como uma internet subterrânea para árvores e plantas, ajudando-as a se apoiar e se comunicar umas com as outras. A rede é extensa — acredita-se que mais de 80% das plantas estejam conectadas —, o que faz dela um dos sistemas de comunicação mais antigos do mundo.

Assim como a internet nos permite conectar, compartilhar ideias, conhecimento e informações que podem influenciar a tomada de decisões, a wood wide web permite que as plantas usem fungos simbióticos para se preparar para as mudanças ambientais.

No entanto, perturbar o solo por meio do uso de produtos químicos, do desmatamento ou das mudanças climáticas pode interromper os nós de comunicação, ao afetar os ciclos de água e nutrientes nessas redes, tornando as plantas menos informadas e conectadas. Ainda não foram realizadas muitas pesquisas sobre os efeitos da interrupção dessas redes.

Mas sabemos que o comportamento responsivo das plantas, como as respostas de defesa e a regulação dos genes, pode ser alterado por sua rede de fungos se elas estiverem conectadas a uma.

Portanto, esta desconexão da comunicação pode torná-las mais vulneráveis, dificultando a proteção e a restauração de ecossistemas ao redor do mundo. Ainda há muita coisa que os cientistas precisam aprender sobre essas redes altamente complexas.

Sabemos que é importante ajudar as crianças a aprender a ler para que elas possam navegar pelo mundo ao seu redor. Isso é tão importante quanto garantir que não desconectemos a comunicação das plantas. Afinal, dependemos das plantas para nosso bem-estar e sobrevivência.

* Sven Batke é chefe do departamento de pesquisa e intercâmbio de conhecimento e professor de ciência botânica na Universidade Edge Hill, no Reino Unido.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c206g47157yo

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF