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domingo, 20 de outubro de 2024

A recuperação milagrosa que permitirá a canonização de Giuseppe Allamano

Bárbara Bednarz | Shutterstock | Domínio Público | Modificado por Aleteia

Camille Dalmas – publicado em 18/10/24

Padre Giuseppe Allamano, fundador dos missionários da Consolata, será canonizado pelo Papa Francisco no domingo, 20 de outubro.

Uma recuperação milagrosa após um ataque de onça, atribuída à intercessão de Giuseppe Allamano, levou o Papa a reconhecê-lo como santo.

No dia 7 de fevereiro de 1996, Irmã Felicita Muthoni, religiosa queniana pertencente à Ordem da Consolata, encontrava-se no dispensário da missão Catrimatini, às margens do rio Catrimatini, no coração da selva amazônica. Lá, junto com outros missionários, atende o povo Yanomami, etnia indígena que vive na selva entre o Brasil e a Venezuela.

Naquela manhã, ela viu como um homem ligou para ela para explicar que Sorino Yanomami, seu genro, havia sido atacado por uma onça. O animal, uma fêmea, o pegou de surpresa, atingindo-o no crânio com uma garra violenta. Porém, o homem não perdeu a consciência, afastou-se, levantou-se e conseguiu manter o animal afastado com o arco e gritou por socorro. Aqueles que estavam próximos dele vieram, fazendo com que o felino fugisse.

Irmã Felicita, enfermeira do dispensário, foi rapidamente ao local do acidente para prestar os primeiros socorros, mas a situação era pior do que ela imaginava. Sorino, meio inconsciente, jazia numa poça de sangue.

De seu crânio, sob um pedaço de couro cabeludo arrancado pelas garras da fera, uma pequena massa cerebral branca se projetava agora. A freira reagiu rapidamente, colocando cuidadosamente o material de volta no crânio do pobre homem e depois no couro cabeludo. Mas o sangue continuou a fluir abundantemente e ele teve que fazer uma compressa improvisada com a única coisa que tinha naquele momento: a camisa.

O pessimismo do cirurgião

Por fim, Sorino é levado de carro até a missão. Os moradores não entendem quando Irmã Felicita Muthoni anuncia que quer levar o ferido ao hospital. Já pensavam que ele iria viver no “outro mundo” e queriam que ele morresse na sua própria terra. Resistindo às ameaças e dando-lhe mais cuidados, a freira insiste e consegue permissão para levá-lo de avião até Boa Vista, capital regional.

Mas antes de o avião decolar, alguns Yanomami presentes declararam que se seu companheiro morresse na cidade, longe da selva e entre os “brancos”, matariam com suas flechas os missionários presentes em Catrimani. Ao chegar ao hospital, o Dr. José Nunes da Rocha cuidou dele, mas ele estava pessimista, como contou mais tarde: “A situação do Sorino era muito grave e o paciente respirava com dificuldade […] não tínhamos muita fé na cura, pois do jeito que estava infectado, pútrido e em um lugar tão “nobre” como o cérebro, poderia causar encefalite e meningite Então não tínhamos muita esperança, mas ele havia chegado vivo e tivemos que tratar, fazendo todo o possível”.

Confiado à intercessão de Giuseppe Allamano

Padre Giuseppe Allamano | Domínio Público  (Crédito Aleteia)

Em coma, Sorino foi operado sob anestesia, com a ferida aberta. Ele finalmente acordou e teve que continuar operando, mas parecia ter se recuperado e conseguido se comunicar. Sua recuperação foi considerada extraordinariamente rápida e a ausência de sequelas foi surpreendente. Permaneceu internado por várias semanas antes de retornar para casa em 8 de maio de 1996. Aos poucos, retomou sua vida na selva:

“Quando voltei do hospital, eu era como os outros Yanomami: trabalhava, cultivava a roça, mas agora não posso mais trabalhar, porque estou velho. o sol está alto, vou para casa. Mas “me sinto bem”, disse ele na pesquisa diocesana.

Por uma feliz coincidência, o dia do seu acidente foi também o primeiro dia do nono dia preparatório para a festa do Beato Giuseppe Allamano, fundador dos missionários da Consolata. Portanto, Sorino naturalmente confiou-se à sua intercessão.

Fonte: https://es.aleteia.org/2024/10/18/la-milagrosa-recuperacion-que-permitira-la-canonizacion-de-giuseppe-allamano

Conhecer Jesus Cristo

Conhecer Jesus (Crédito: cancaonova)

CONHECER JESUS CRISTO 

Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)

Normalmente quando se vai participar da missa dominical se deseja que a Palavra de Deus diga algo de concreto para a vida cotidiana, seus problemas e como se comportar nas mais diferentes situações vitais. Chamamos isto de leitura moral ou ética da Escritura. A primeira finalidade e o conteúdo mais importante das Escrituras é revelar a verdade sobre Deus Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo. Ela também revela quem é o homem e orienta seu modo de viver. A fé que nasce do encontro com este Deus revelado vai guiar a vida moral do fiel. 

 O Catecismo da Igreja ensina: “O Símbolo da fé professou a grandeza dos dons de Deus para o homem na obra da criação e, mais ainda, pela redenção e santificação. O que a fé confessa, os sacramentos comunicam: pelos “sacramentos que os fizeram renascer”, os cristãos se tornaram “filhos de Deus” (1Jo 3,1), “participantes da natureza divina” (2 Pd 1,4). Reconhecendo na fé sua dignidade, os cristãos são chamados a levar, desde então, uma “vida digna do Evangelho de Cristo”. Pelos sacramentos e pela oração, recebem a graça de Cristo e os dons de seu Espírito, que os tornam capazes disso” (nº 1692).  

Nos últimos domingos tivemos muitos ensinamentos sobre “a vida em Cristo”, isto é, a orientações morais para viver bem. Os textos deste domingo (Isaías 53,10-11, Salmo 32, hebreus 4,14-16 e Marcos 10,35-45) oferecem uma oportunidade para aprofundar o conhecimento de Jesus Cristo. Pois, para quem o conhece, será mais fácil ter os “mesmos sentimentos de Cristo” (Filipenses 2,5), fazer as próprias opções morais em harmonia com o Evangelho. A força do cristianismo está primariamente nisso. O cristianismo não é uma doutrina moral, ou uma ideologia, que se limita a dizer ao homem o deve fazer ou pensar. O cristianismo é uma pessoa, Jesus Cristo, que age por nós e conosco.  Os textos da liturgia oferecem uma visão unitária sobre Jesus Cristo, o Messias servo sofredor e servidor. 

O profeta Isaías apresenta um personagem misterioso com o título Servo do Senhor, título de honra e dignidade, aplicado aos patriarcas, a Moisés, a Josué, a Davi e depois a Maria. Este servo é como um broto de raiz num deserto solitário. A sua existência é graça porque não pode ser gerado e alimentado pela terra árida. É uma presença viva num mundo morto e desolado pelo pecado humano. É um homem desfigurado e desprezado na sociedade. Porém, ele é fonte de vida. “Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o Justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas”. Desde o começo do cristianismo este servo foi relacionado com Jesus Cristo. 

No santo Evangelho Jesus se auto apresenta: “Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”. Aqui se revela a identidade de Jesus. A profecia de Isaías se realiza em Jesus que é o Messias sofredor. Obediente à vontade do Pai sofre a paixão e morte e, na ressurreição, “resgata a vida de muitos”. Diante deste anúncio o fiel deve se posicionar. A potência de Deus e sua sabedoria estão no sofrimento (1 Cor 1,23). Um dia, quando chegará o fim, compreenderemos que não existia um meio mais potente e mais sábio do que este para vencer o mal no mundo. 

 A garantia está no servo sofredor ressuscitado. A carta aos Hebreus afirma: “Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. […] Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno”. Cristo atravessou a nossa humanidade, fazendo-se próximo de cada homem, vivendo a mesma realidade, mas Cristo também atravessou os céus, isto é, a esfera de Deus a qual pertence por natureza e é próprio por esta passagem que ele pode salvar.  

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Papa na Missa com canonizações: “Vence não quem domina, mas quem serve por amor"

Santa Missa com Canonização e Angelus -20/10/2024 (Vatican Media)

Em Missa presidida pelo Papa Francisco na Praça São Pedro neste 20 de outubro, foram elevados à honra dos altares os franciscanos Manuel Ruiz López e sete companheiros e os leigos Francisco, Mooti e Raffaele Massabkis, conhecidos como "Mártires de Damasco"; Pe. José Allamano, fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata; Ir. Elena Guerra, conhecida como "Apóstola do Espírito Santo" e a canadense Ir. Marie-Léonie Paradis, fundadora das Pequenas Irmãs da Sagrada Família de Sherbrooke.

https://youtu.be/SmNMjmguHvo

Santa Missa e Canonização
HOMILIA DO SANTO PADRE
Praça de São Pedro
XXIX Domingo do Tempo Comum, 20 de outubro de 2024

Jesus pergunta a Tiago e a João: «Que quereis que vos faça?» (Mc 10, 36). E logo a seguir, desafia-os: «Podeis beber o cálice que Eu bebo e receber o batismo com que Eu sou batizado?» (Mc 10, 38). Jesus faz perguntas e, deste modo, ajuda-nos a discernir, porque as perguntas fazem-nos descobrir o que está dentro de nós, iluminam o que trazemos no coração. e que tantas vezes não sabemos.

Deixemo-nos interpelar pela Palavra do Senhor. Imaginemos que ele nos pergunta a cada um de nós: «O que queres que faça por ti?»; e a segunda pergunta «podes beber o meu cálice?»

Com estas perguntas, Jesus traz ao de cima o vínculo e as expectativas que os discípulos nutrem para com ele, com as luzes e sombras próprias de qualquer relação. Com efeito, Tiago e João estão ligados a Jesus, mas têm pretensões. Manifestam o desejo de estar perto dele, mas apenas para ocupar um lugar de honra, para desempenhar um papel importante, para “na sua glória, se sentarem um à sua direita e outro à sua esquerda” (cf. Mc 10, 37). Torna-se evidente que pensam em Jesus como Messias, um Messias vitorioso, glorioso e esperam que Ele partilhe a sua glória com eles. Veem em Jesus o Messias, mas pensam nele segundo a lógica do poder.

Jesus não se detém nas palavras dos discípulos, mas vai mais fundo, escuta e lê o coração de cada um deles e também de cada um de nós. E durante o diálogo, por meio de duas perguntas, procura trazer à tona o desejo que existe dentro daqueles pedidos.

Primeiro, pergunta: «Que quereis que vos faça?»; e esta interrogação revela os pensamentos dos seus corações, traz à luz as expectativas escondidas e os sonhos de glória que os discípulos cultivam secretamente. É como se Jesus perguntasse: “Quem queres que eu seja para ti?” E, assim, desmascara o que eles realmente desejam: um Messias poderoso e , um Messias vitorioso que lhes dê um lugar de honra. E tantas vezes na Igreja ocorre esse pensamento: a honra, o poder...

Depois, com a segunda pergunta, Jesus desmente esta imagem de Messias e ajuda-os, deste modo, a mudar de olhar, isto é, a converterem-se: «Podeis beber o cálice que Eu bebo e receber o batismo com que Eu sou batizado?». Revela-lhes, desta maneira, que não é o Messias que eles pensam que é; é o Deus de amor, que se abaixa para chegar aos que estão em baixo; que se faz fraco para levantar os fracos; que trabalha pela paz e não pela guerra; que veio para servir e não para ser servido. O cálice que o Senhor vai beber é a oferta da sua vida, e a sua vida que nos foi dada por amor, até à morte e morte de cruz.

E, portanto, à sua direita e à sua esquerda estarão dois ladrões, suspensos na cruz como Ele e não instalados confortavelmente em lugares de poder; dois ladrões pregados com Cristo na dor e não sentados na glória. O rei crucificado, o justo condenado torna-se escravo de todos: este é verdadeiramente o Filho de Deus! (cf. Mc 15, 39). Vence não quem domina, mas quem serve por amor. Repitamos: vence não quem domina, mas quem serve por amor. É o que nos recorda também a Carta aos Hebreus: «não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós» (Hb 4, 15).

Neste momento, Jesus pode ajudar os discípulos a converterem-se, a mudarem de mentalidade: «Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder» (Mc 10, 42). Mas não deve ser assim para aqueles que seguem um Deus que se fez servo a fim de chegar a todos com o seu amor. Quem segue Cristo, se quiser ser grande deve servir, aprendendo d’Ele.

Santa Missa com Canonização e Angelus -20/10/2024 (Vatican Media)

Irmãos e irmãs, Jesus revela os pensamentos,  Jesus revela os pensamentos, revela os desejos e as projeções no nosso coração, desmascarando por vezes as nossas expectativas de glória, domínio, de poder, de vaidade. Ele ajuda-nos a pensar já não segundo os critérios do mundo, mas segundo o estilo de Deus, que se faz último para que os últimos sejam erguidos e se tornem os primeiros. Faz-se último para que os últimos sejam reerguidos e se tornem os primeiros. Muitas vezes, estas perguntas de Jesus, com o seu ensinamento sobre o serviço, são tão incompreensíveis, incompreensíveis para nós como o eram para os discípulos. Porém, seguindo-O, percorrendo os Seus passos e acolhendo o dom do Seu amor que transforma a nossa maneira de pensar, também nós podemos aprender o estilo de Deus o estilo de Deus: o serviço. Não esqueçamos as três palavras que mostram o estilo de Deus para servir: proximidade, compaixão e ternura. Deus se faz próximo para servir; se faz compassivo para servir; se faz terno para servir. Proximidade, compaixão e ternura…

É a isto que devemos aspirar: não ao poder, mas ao serviço. O serviço é o estilo de vida cristão. Não se trata de uma lista de coisas a fazer, como se, uma vez realizadas, pudéssemos considerar terminado o nosso turno. Quem serve com amor não diz: “agora toca a outro”. Este é um pensamento de empregados, não de testemunhas. O serviço nasce do amor e o amor não conhece fronteiras, não faz cálculos, mas gasta-se e dá-se. O amor não se limita a produzir para ter resultados, nem é uma prestação ocasional; é sim algo que nasce do coração, um coração renovado pelo amor e no amor.

Santa Missa com Canonização e Angelus -20/10/2024 (Vatican Media)

Quando aprendemos a servir, cada gesto de atenção e cuidado, cada expressão de ternura, cada obra de misericórdia torna-se um reflexo do amor de Deus. E assim todos nós - e cada um de nós - continuamos a obra de Jesus no mundo.

Nesta luz podemos recordar os discípulos do Evangelho, que hoje são canonizados. Ao longo da história conturbada da humanidade, foram servos fiéis, homens e mulheres que serviram no martírio e na alegria, como o Irmão Manuel Ruiz Lopez e seus companheiros. Trata-se de sacerdotes e consagradas fervorosos, e fervorosos de paixão, da paixão missionária, como o Padre Giuseppe Allamano, a Irmã Paradis Marie Leonie e a Irmã Elena Guerra. Estes novos santos viveram o estilo de Jesus: o serviço. A fé e o apostolado que realizaram não alimentaram neles desejos mundanos e avidez de poder; pelo contrário, eles fizeram-se servidores dos seus irmãos, criativos em fazer o bem, firmes nas dificuldades, generosos até ao fim.

Supliquemos com confiança a sua intercessão, para que também nós possamos seguir Cristo, segui-lo no serviço, e tornarmo-nos testemunhas de esperança para o mundo.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

dom Pedro Cipollini fala da necessidade de três conversões: espiritual, pastoral e de estruturas

Em coletiva do Sínodo, dom Pedro Cipollini fala da necessidade de três conversões: espiritual, pastoral e de estruturas.

O bispo de Santo André (SP), dom Pedro Carlos Cipollini, participou na quinta-feira, 17 de outubro, da Coletiva de Imprensa da segunda e última sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade começou dia 2 de outubro, em Roma, e segue até o próximo dia 27. A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade está prestes a concluir as reflexões sobre o terceiro Módulo do Instrumentum Laboris, que fala de lugares.

Além de dom Pedro, participaram da coletiva, a secretária da Comissão de Comunicação, Sheila Pires, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, a superiora geral das irmãs de Nossa Senhora das Dores, irmã Samuela Maria Rígon, o arcebispo de Rangoon (Mianmar), cardeal Charles Bo e o arcebispo de Quebec (Canadá), cardeal Gérard Lacroix.

O bispo de Santo André (SP), um dos 5 dos cinco delegados eleitos pelos bispos do Brasil, destacou a questão das mudanças como tema transversal, insistindo em que no processo sinodal alguma coisa deve mudar. Mudanças que na linguagem bíblica são chamadas de conversão. Por isso ele sublinhou que o Sínodo está exigindo mudança, conversão.

O bispo de Santo André falou sobre três conversões: pastoral, que tem a ver com o modo de exercer a missão, também na mídia, alargar os lugares de evangelização; conversão estrutural, mais desafiadora, tendo como horizonte o Reino de Deus; conversão espiritual, a partir do encontro com a pessoa de Jesus, que é a referência, ponto de partida e de chegada, insistindo na importância da Palavra de Deus e do testemunho pessoal de vida.

“As palavras podem convencer, mas é o testemunho que arrasta”, enfatizou dom Pedro Cipollini. Ele defendeu a necessidade de uma mudança racional e emocional, e para isso se faz necessário “aprender a dar adeus a coisas antigas que já cumpriram sua missão e acolher o novo que está chegando neste Sínodo”.

Temas abordados

Durante a coletiva foi falado sobre as dificuldades e o drama dos migrantes, a criação de uma Assembleia Eclesial Mediterrânea, uma região onde as igrejas têm criado estruturas de redes. Foi abordada a questão de novas propostas para o atendimento aos jovens, a reconfiguração das paróquias em redes de pequenas comunidades, como caminho para agilizar a sinodalidade. O trabalho da Rede Talitha Kum, com os migrantes e vítimas do tráfico de pessoas, o acompanhamento sem paternalismos das pessoas com necessidades especiais, a necessidade de abalar as consciências dos católicos com relação aos pobres, a presença da Igreja onde o Espírito sopra, nas encruzilhadas, lugares de sinodalidade e não se fechar em lugares seguros.

Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, destacou o serviço da Vida Religiosa, a importância da relação entre sinodalidade e primazia, com a contribuição das igrejas orientais, as contribuições dos fóruns teológicos, o papel das conferências episcopais, como responder às perguntas da cultura e do contexto. Junto com isso, o valor das igrejas locais, o papel dos bispos, a necessidade de não ter medo da sinodalidade, o status das conferências episcopais, a importância da escuta do Papa aos fiéis e a centralidade da Eucaristia, entre outras questões. Finalmente, Ruffini lembrou que nesta sexta-feira haverá um encontro dos membros da Assembleia Sinodal com mais de 150 jovens na Sala Sinodal.

Por Willian Bonfim, com informações do VaticanNews

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Reflexão para o XXIX Domingo do Tempo Comum (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Jesus propõe: “... entre vós não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.”

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A liturgia nos convida, especialmente hoje, a um exame de consciência em relação ao nosso modo de nos relacionarmos com nossos irmãos. Deus é o único Pai, o único Mestre, o único Senhor e, para nos ensinar como queria que fôssemos, como deverá ser a nova sociedade, se fez servo, servo de todos. Assim, seremos mais cristãos, mais semelhantes a Jesus Cristo, à medida em que tomarmos posição de servos e nossa vida for um serviço, através de nossas ações e de nosso modo de ser, isto é, do modo de tratar as pessoas, de nos vestir, de nos postar.

No Evangelho Jesus diz aos seus discípulos que eles não devem seguir os exemplos dos líderes que gostam de serem tratados como senhores, ao contrário, os discípulos, quanto mais alta a função, deverão vivê-la na atitude de servo, não apenas nas ações, mas em todos os sentidos.

Desejar ocupar os primeiros lugares, receber cumprimentos cerimoniosos, usar roupas luxuosas, ser chamado por títulos honoríficos, tudo isso deverá estar longe do coração e da vida do autêntico discípulo. Jesus propõe: “... entre vós não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.”

O servo está sempre disponível, acessível ao seu senhor, de prontidão. Jesus condena a atitude dos mestres que permitem ou até exigem que seus discípulos lhes lavem os pés, ao contrário será ele a lavar os pés dos discípulos. Inclusive irá vivenciar isso de modo excepcional na cruz, quando nos lavará a todos do pecado.

Como poderei ser servo? Se sou casado, não me considerar superior ao meu cônjuge; se desempenho uma profissão de prestígio, não por isso considerar-me superior aos outros; se sou comerciante, não visar só meu lucro, mas apresentar boa mercadoria e com preço justo; se sou um religioso, ser acessível, disponível, simples e misericordioso no trato com os fiéis; enfim, o cristão segue em tudo a pessoa do Mestre.

Devo aprender com o episódio dos filhos de Zebedeu. O Batismo me introduziu em uma nova sociedade. É necessário permitir ao Espírito Santo que construa em minha vida um novo homem, uma nova mulher. Minha alegria deverá estar não em posicionamentos de honra segundo este mundo caduco, mas com o mundo dos ressuscitados no batismo. Aceitar beber o cálice de Jesus, receber o seu batismo significa aceitar sofrer por causa da justiça, da verdade, pela construção de uma nova humanidade.

Conforta-nos as palavras do autor da Carta aos Hebreus, em um trecho anterior ao proposto hoje à nossa reflexão, quando escreve: “...embora fosse Filho de Deus, aprendeu, com o seu sofrimento, como é difícil para o homem obedecer e aceitar a vontade de Deus”. Isso nos conforta ao reconhecermos como nos é difícil sermos servos e também faz sermos compreensivos com tantas pessoas, especialmente com aquelas que são religiosas.

Por outro lado, sirva-nos de exemplo e elevação a Deus, para glorificá-lo, o que foi relatado por uma agente da saúde, de Kampala, Uganda, na época do Sínodo para a África, em 2009: um grupo de doentes de AIDS, gente muito pobre, que sobrevive vendendo pedras para construtores, quando soube das devastações causadas pelo furacão Kathrina, nos EUA, e do recente terremoto na região do Abruzzo, fez uma coleta de dinheiro e enviou às cidades italianas e americanas atingidas. Por quê? “Porque o coração do homem é internacional, não tem raça e nem cor”, disse Rose.

“Vi um povo nascer e mudar na fé” – disse. “Estas pessoas quebram pedras e comem uma vez por dia. Quando pedimos para rezarem pelas vítimas destas tragédias, responderam que sabiam muito bem o que significa viver sem casa e sem comida. “Se pertencem a Deus, pertencem a nós também”... Assim, organizaram-se em grupos, quebraram mais pedras, e no final, haviam recolhido dois mil dólares, que enviaram à embaixada americana”. Concluamos nossa reflexão com a palavra de Jesus: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos.” (Mt 11,25).

Fonte: https://www.vaticannews.va/p

sábado, 19 de outubro de 2024

Terra pode já ter ultrapassado 7 dos seus 9 limites planetários; entenda o que são

Representação visual dos limites planetários. — Foto: Potsdam Institute for Climate Impact Research (PIK)

Constatação é de um novo estudo, feito por pesquisadores do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK), que analisaram os processos essenciais para a manutenção do equilíbrio ambiental na Terra.

Por Roberto Peixoto, g1

19/10/2024 05h00  Atualizado há 10 horas

O mundo pode ter ultrapassado sete de nove limites planetários que podem desencadear catástrofes ambientais irreversíveis. E o aquecimento global tem grande responsabilidade nisso, alertaram cientistas.

Ou seja, se não controlarmos o aumento global da temperatura, eventos como o colapso de ecossistemas e desastres climáticos extremos se tornarão cada vez mais frequentes (entenda mais abaixo).

A constatação é de um novo estudo, feito por pesquisadores do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK), que analisaram os processos essenciais para a manutenção do equilíbrio ambiental na Terra.

No estudo, foram identificados sete processos que já ultrapassaram níveis considerados seguros ou estão próximos de ultrapassar, relacionados aos seguintes tópicos:

  1. Mudanças no uso da terra do planeta: tem a ver com o desmatamento e a conversão de ecossistemas naturais em áreas agrícolas ou urbanas, que estão destruindo habitats e afetando a regulação climática. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco. 🔴
  2. Mudanças climáticas: algo diretamente ligado ao aumento da temperatura devido à poluição por gases do efeito estufa, que têm consequências graves para o planeta. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco. 🔴
  3. Biodiversidade: tem relação com a extinção de várias espécies, causada pela degradação dos habitats naturais e pela exploração excessiva dos recursos. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco. 🔴
  4. Ciclo do nitrogênio e fósforo: está relacionado ao uso excessivo de fertilizantes, que prejudica a qualidade da água e afeta os ecossistemas aquáticos. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS e atingiram uma zona de ALTO risco. 🔴
  5. Uso de água doce: tem a ver com a demanda crescente por água em várias regiões, que está se aproximando de níveis críticos. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS. 🟠
  6. Poluição química por compostos como microplásticos: diz respeito ao acúmulo de produtos químicos tóxicos no ambiente, que representa uma ameaça crescente à saúde humana e à biodiversidade. Seus níveis seguros já foram ULTRAPASSADOS. 🟠
  7. Acidificação dos oceanos: tem a ver com o aumento de CO₂ na atmosfera, que torna os oceanos mais ácidos, prejudicando a vida marinha e os recifes de corais. Seus níveis seguros ainda não foram ultrapassados, mas estão muito próximos. 🟢

Já os dois processos que ainda NÃO estão próximos de serem ultrapassados são os seguintes:

  1. Aerossóis na atmosfera: ou seja, o aumento de partículas suspensas no ar (como fuligem e poeira), que vem alterando os padrões climáticos regionais e afetando a saúde humana. 🟢
  2. Camada de ozônio: a degradação dessa região da estratosfera já estava em andamento, mas ações internacionais ajudaram a protegê-la. 🟢

Esses limites planetários foram propostos em 2009 por Johan Rockström, que é o diretor do PIK. Desde então, pesquisadores têm trabalhado para identificar quantificar esses processos, numa forma de chamar atenção para o a emergência climática.

"A avaliação geral é que o paciente, o Planeta Terra, está em estado crítico. Seis dos nove 'Limites Planetários' foram ultrapassados, e sete processos apresentam tendência de aumento da pressão. Em breve, a maioria dos parâmetros da 'Verificação da Saúde Planetária' estará na zona de alto risco", diz Rockström.

Abaixo, entenda ponto a ponto por que a preocupação com esses 7 sistemas:

1. Mudanças no uso da terra 🔴

A transformação de paisagens naturais é um processo que acontece principalmente através do desmatamento e da urbanização, e que tem um efeito profundo nas funções ecológicas essenciais para a saúde do nosso planeta.

No estudo, os pesquisadores ressaltam que essas mudanças não apenas diminuem as áreas verdes, mas também comprometem funções vitais que mantêm o equilíbrio ecológico.

Para exemplificar, atualmente, a cobertura florestal global está em torno de 59% do que poderia ser, indicando que estamos abaixo dos níveis considerados seguros, segundo dados do observatório europeu Copernicus.

Em termos práticos, uma cobertura florestal segura é definida perto de 75% da extensão original, sendo que 85% é a taxa ideal para florestas tropicais (como a Amazônia) e boreais, enquanto florestas temperadas precisam de pelo menos 50%.

Entre 2000 e 2018, quase 90% da desflorestação direta se deveu à expansão de terras agrícolas, com 52,3% dessa perda relacionada ao cultivo de alimentos e 37,5% à criação de gado.

Gado pasta em uma área desmatada do município de Assis (AC), na Amazônia. Imagem é de 1º de novembro de 2007. — Foto: AP Photo/Silvia Izquierdo

2. Mudanças climáticas 🔴

Esse limite da mudança climática refere-se ao processo que altera o equilíbrio energético da Terra: o acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, o que afeta tanto as temperaturas globais quanto os padrões climáticos.

E em 2024, a quantidade de CO2 da atmosfera está em torno de 422 ppm, bem acima do limite de 350 ppm estabelicido pelo estudo, que leva em conta as metas do Acordo de Paris (veja gráfico abaixo).

Já a chamada força do aquecimento causado pela atividade humana no topo da atmosfera vem superando 2,79 W/m², valor que também já está muito acima do que é considerado seguro para o clima do nosso planeta.

Esse último conceito inclui todas as atividades humanas que afetam o equilíbrio energético da Terra, não se limitando apenas às emissões de CO₂. Outras emissões de gases de efeito estufa, como metano e óxido nitroso, além de aerossóis e mudanças no uso da terra, também estão incluídas na conta.

O limite planetário para essa força foi estabelecido em +1,0 W/m² (em relação aos níveis pré-industriais). Com o seu aumento, mais energia é retida no planeta, elevando as temperaturas na atmosfera, nos oceanos e na terra. Com isso, os impactos do aquecimento resultam em eventos climáticos extremos, como chuvas torrenciais, inundações, ondas de calor e secas.

"Os dados mostram que o planeta está sob enorme pressão. Se não tomarmos medidas imediatas, estaremos acelerando ainda mais a crise climática e a perda de biodiversidade", diz Renata Piazzon, diretora-geral do Instituto Arapyaú, que fez parte de um conselho ligado ao estudo dos limites planetários contribuindo diretamente para o relatório "Planetary Health Check".

3. Biodiversidade 🔴

O termo técnico que os cientistas utilizaram para isso é a chamada "mudança na integridade da biosfera", ou seja, as alterações na saúde e no funcionamento dos ecossistemas do planeta.

Em um relatório que foi publicado em setembro, eles indicam que a maioria das violações desses limites acontece em regiões onde a terra é utilizada intensivamente, como em zonas agrícolas.

Em contraste, áreas como a Amazônia e a Bacia do Congo, que permanecem naturais ou seminaturais, não apresentam essas violações de forma tão clara, ainda segundo o estudo.

Quanto à diversidade genética, ou seja, a diversidade de variações genéticas entre os indivíduos de uma mesma espécie, as taxas de extinção são preocupantes. O relatório aponta que pelo menos 73 grupos de vertebrados desapareceram nos últimos 500 anos.

Gorila das planícies do oeste 'Malui' caminhando por entre uma nuvem de borboletas que ela perturbou em um bai. Bai Hokou, Reserva Florestal Especial Densa de Dzanga Sangha, República Centro-Africana. — Foto: Anup Shah / TNC Photo Contest 2021

4. Ciclo do nitrogênio e fósforo 🔴

Essas são mudanças que podem resultar em zonas mortas em ambientes de água doce e no mar. Os chamados fluxos biogeoquímicos movimentam elementos essenciais para a vida, como nitrogênio e fósforo, que circulam pelo meio ambiente.

Em 2024, porém, dados mostram que os fluxos de fósforo para os oceanos chegaram a 22,6 Tg P por ano, enquanto a fixação de nitrogênio feita pela indústria está em torno de 190 Tg N por ano, números que ultrapassaram limites considerados seguros para esses ciclos de nutrientes.

O limite planetário para o fluxo de fósforo foi estabelecido no estudo em 11 Tg P por ano, para evitar a eutrofização generalizada (crescimento descontrolado de algas) e a redução de oxigênio nos ambientes aquáticos. Já o nitrogênio teve um limite definido de 62 Tg N anualmente.

Tivemos o mês de agosto mais quente do registro instrumental, mas sabemos também que estamos vivendo o período mais quente em cerca de 125 mil anos por causa do aquecimento global antropogênico. Com isso, estamos alterando os padrões do sistema climático e entre as consequências temos aumento de frequência e intensidade de eventos extremos.

— Karina Lima, climatologista e divulgadora científica.

5. Uso de água doce 🟠

Os dados mais recentes também mostram que as atividades humanas estão causando sérios problemas nos fluxos de água de rioslagos e reservatórios como lençóis freáticos. Esses problemas também já ultrapassaram os limites seguros estabelecidos no estudo.

Segundo o PIK, cerca de 18% da superfície da Terra está passando por mudanças significativas na água desses corpos, e cerca de 16% está enfrentando níveis de umidade no solo que não são considerados adequados.

"Ultrapassar os limites da mudança de água doce tem impactos significativos no funcionamento do sistema terrestre e nas sociedades humanas. A interrupção do ciclo da água ameaça a sobrevivência de ecossistemas inteiros, como a Amazônia, comprometendo a integridade da biosfera e os serviços ecossistêmicos", diz um trecho do estudo.

Imagem mostra antes e depois da seca ao redor do mundo em 2022. Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Território francês, Rio Reno, Alemanha, Lago Mead e Lago Powell, ambos nos EUA. — Foto: Copernicus/ESA/Nasa

6. Poluição química por compostos como microplásticos 🟠

Esse processo diz respeito ao aumento da circulação de substâncias químicas sintéticas, como microplásticos e materiais radioativos.

Entre 2000 e 2017, a produção de produtos químicos do tipo vem aumentando continuamente, ainda segundo dados do estudo.

E essas substâncias contribuem não só para a poluição, como também para o acúmulo biológico e a resistência a antibióticos, além de causarem problemas de saúde, como o câncer.

Um estudo recente inclusive encontrou microplásticos no cérebro humano. Segundo a pesquisa brasileira, essa é a primeira vez que o resíduo é encontrado no órgão e, segundo os especialistas, um sinal de alerta máximo para o risco do uso de plástico na rotina humana.

7. Acidificação dos oceanos 🟢

A acidificação dos oceanos é um fenômeno que se refere ao aumento da acidez das águas do mar, causado pela absorção de CO2 presente na atmosfera. Isso tem impactos diretos nos organismos marinhos que formam estruturas calcárias, como corais e moluscos, e, consequentemente, afeta todo o ecossistema marinho.

Segundo dados de 2024, o nível de saturação em aragonita global, uma taxa que mede a acidez das águas, está em 2,80. Esse valor se encontra dentro da margem segura para o fenômeno (2,75), mas é bastante próximo do limite.

E superar o limite da acidificação dos oceanos traz consequências sérias para o planeta. Por exemplo, os corais enfrentariam dificuldades na construção de seus esqueletos, algo que compromete a estrutura de recifes. Além disso, moluscos e outros organismos com conchas teriam dificuldades para formar suas estruturas, algo que afetaria sua sobrevivência e crescimento.

O problema é que isso também já uma realidade para algumas espécies, como os pterópodes de altas latitudes, moluscos que apresentam danos em suas conchas por causa da acidificação dos oceanos.

Um estudo de 2020 inclusive, publicado pela Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN), revelou que o mundo perdeu cerca de 14% de seus recifes de coral desde 2009. Este relatório, pioneiro em sua categoria, baseou-se em dados coletados em mais de 12.000 locais de coleta em 73 países ao longo de um período de mais de 40 anos (1978-2019).

Fonte: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2024/10/19/terra-pode-ja-ter-ultrapassado-7-dos-seus-9-limites-planetarios-entenda-o-que-sao.ghtml

Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II

O Alfa e o Ômega (redenção)

Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II

(Nn.40.45)                    (Séc. XX)

Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último

A compenetração da cidade terrestre e da celeste, apenas a fé a pode perceber; e não só, permanece o mistério da história humana, perturbada pelo pecado, até à plena revelação da glória dos filhos de Deus.  

A Igreja, na verdade, está em busca de seu fim próprio, a salvação. E não apenas comunica ao homem a vida divina, mas irradia sua luz que, de certo modo, se reflete no mundo inteiro: principalmente por sanar e elevar a dignidade da pessoa humana, tornar mais sólida a coesão da sociedade e conferir uma significação mais profunda à cotidiana atividade dos homens. Desse modo, a Igreja, mediante cada membro seu e a comunidade toda inteira, julga poder contribuir muito para tornar a família dos homens e sua história mais humanas.  

Ao mesmo tempo que ajuda o mundo e dele muito recebe, a Igreja tem em mira uma só coisa, a vinda do reino de Deus e a salvação de todo o gênero humano. Porquanto todo bem, que o Povo de Deus em sua peregrinação terrestre pode prestar à humanidade, decorre do fato de ser a Igreja o sacramento da salvação universal, manifestando e realizando ao mesmo tempo o mistério do amor de Deus para com os homens.  

O Verbo de Deus, por quem tudo foi feito, fez-se carne, a fim de, homem perfeito, salvar a todos e tudo recapitular. O Senhor é o fim da história humana. O ponto para o qual convergem as aspirações da história e da civilização, o centro do gênero humano, júbilo de todos os corações e plenitude de seus desejos. Foi ele que o Pai ressuscitou dos mortos, exaltou e colocou à sua direita, constituindo-o juiz dos vivos e dos mortos. Vivificados e unidos no seu Espírito, peregrinamos em direção à consumação da história humana que coincidirá perfeitamente com o desígnio de seu amor: Reunir em Cristo tudo o que existe nos céus e na terra (Ef 1,10).  

O mesmo Senhor disse: Eis que venho logo e comigo a recompensa, para dar a cada um segundo suas obras. Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim (Ap 22,12-13).

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

São Pedro de Alcântara

São Pedro de Alcântara (A12)
19 de outubro
País: Espanha (Alcântara) (1499-1562)
São Pedro de Alcântara

Hoje celebramos a memória de São Pedro de Alcântara, sacerdote espanhol da Ordem Franciscana que se destacou por uma vida dedicada à penitência, à oração contemplativa e ao dom do conselho na direção espiritual das almas.

São Pedro de Alcântara viveu uma espiritualidade marcada pelo amor a Jesus Crucificado, com frequência o encontravam prostrado ante o crucifixo, derramando copiosas lágrimas. Este amor o levou a ser promotor incansavelmente da devoção à Santa Cruz.

Fundou o ramo franciscano de “estrita observância”, também chamados de alcantarinos, pois desejava que os religiosos abraçassem uma vida de maior mortificação, dedicando mais tempo à oração e meditação. Esta empresa foi motivo de muitas perseguições e ataques, mas com a graça de Deus floresceu notavelmente.

Santa Teresa de Ávila foi contemporânea a ele e, conhecendo sua vida santa e seus dotes para a direção de almas, o escolheu como conselheiro espiritual. Este vínculo espiritual foi fundamental para a reforma da Ordem Carmelita.

Também foi conselheiro de D. João III e santo de devoção da família real portuguesa, fato que levou D. Pedro I a pedir que fosse reconhecido como padroeiro do Brasil.

Colaboração: Yara Fonseca

Reflexão:

O vínculo de São Pedro de Alcântara com a história do Brasil transcende até os dias de hoje. Nosso padroeiro é fonte de inspiração para muitos, nos deixou um legado de vida cristã humilde e coerente. Seu amor pela cruz de Cristo é fonte de inspiração para aqueles que buscam seguir o caminho da fé com radicalidade.

Oração:

Padroeiro amado desta Terra de Santa Cruz, cuida da nossa nação e intercede por nós perante Deus Pai, para que sejamos povo de Deus em caminho à pátria definitiva do Céu. Já que nesta vida foste tão bom conselheiro, iluminai as mentes e corações dos nossos líderes e governantes para que cada dia escolham guiar-nos com justiça e caridade. São Pedro de Alcântara, rogai a por nós!

Fonte: https://www.a12.com/

A vaidade e suas armadilhas

Vaidade de vaidades (jamaisdesista)

A VAIDADE E SUAS ARMADILHAS 

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

A palavra “vaidade” tem origem no latim “vanitas”, que significa “vazio” ou “oco”, remetendo à ideia de algo ilusório e sem substância. No contexto filosófico e moral, está associada à busca por reconhecimento e elogios, refletindo um desejo fútil de autoexaltação. A vaidade é uma inclinação natural do ser humano por aprovação e reconhecimento social. Até boas obras podem ser realizadas com a intenção de obter elogios. No entanto, quando se torna a principal motivação de nossas ações, a vaidade nos desvia de valores mais autênticos e profundos. 

Jesus nos adverte contra essa tendência de fazer o bem visando a aprovação social. As boas ações não devem ser praticadas e publicizadas com o intuito de receber elogios, mas sim realizadas de maneira discreta, com sinceridade, com o coração voltado para Deus, que recompensa todo bem, pois quem age para ser elogiado já recebeu sua recompensa (Cf. Mt 6,2-4).  

A vaidade também nos ilude, levando-nos a acreditar que encontraremos felicidade em glórias e bens transitórios. O Livro de Eclesiastes aborda esse aspecto de forma profunda e filosófica: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Ecle 1,2). E questiona: “Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?” (Ecle 1,3). A visão do Coélet destaca a futilidade de dedicar a vida à busca de bens materiais e reconhecimento, pois, no final, a morte tornará inútil tudo o que acumulamos. Esse entendimento nos faz refletir sobre a fragilidade das metas humanas. O desejo incessante por riqueza ou fama não traz realização plena e nos distância do que realmente importa: Deus e a vida eterna. 

Santo Agostinho, nas Confissões, trata a vaidade como um pecado que pode levar à autodestruição moral. Ele recorda que, na juventude, não apenas cometia erros por prazer, mas também por vaidade. Sentia-se envergonhado de não ser tão torpe quanto seus companheiros e, para se igualar a eles, muitas vezes fingia pecados que não havia cometido. “Eu não o sabia, e me precipitava com tanta cegueira, que me envergonhava entre os companheiros de minha idade, de ser menos torpe do que eles… para que não parecesse mais abjeto quanto mais inocente” (Confissões, Livro II, Cap. III). Nesse caso, a vaidade torna-se destrutiva, pois o indivíduo busca a aceitação dos outros à custa de sua integridade moral. 

Agostinho nos alerta que a vaidade leva ao vazio e à separação de Deus. A busca por prestígio, por meios dos bens transitórios, apenas aumenta o sentimento de insatisfação e nos afasta da verdadeira felicidade, que só pode ser encontrada em Deus. O apego às glórias mundanas cria um desvio que impede a alma de atingir seu fim último: o repouso em Deus. “Não seja vã, ó minha alma, nem ensurdeças o ouvido do coração com o tumulto de tua vaidade. Ouve também: o próprio Verbo clama que voltes, porque só acharás repouso imperturbável lá onde o amor não é abandonado, se ele não nos abandona antes” (Confissões, Livro IV, Cap. CX). 

Blaise Pascal, em Pensées, também reflete sobre a vaidade, considerando-a uma expressão da fraqueza e da miséria humana. Todos os homens, independentemente de sua condição, buscam ser admirados. “A vaidade está tão enraizada no coração do homem, que um soldado, um servente, um cozinheiro, um carregador se vangloriam e querem ter seus admiradores; e até mesmo os filósofos os querem” (Pensées, n. 150). Ele critica essa tendência universal de buscar aprovação em coisas fúteis e temporárias, que nos afasta da nossa essência humana e da graça divina. Essa busca por reconhecimento e aprovação em coisas mundanas é um ciclo sem fim e nos leva apenas à frustração e ao vazio. A única solução para sair desse ciclo é redirecionar nosso foco para Deus, fonte de toda sabedoria e verdadeiro propósito. 

A vaidade, sob suas diferentes formas, é um desafio constante. O desejo de ser amado, valorizado e reconhecido é inerente à nossa condição humana, mas, quando exacerbado, desvia-nos de nós mesmos. Para lidar saudavelmente com a vaidade e evitar cair em suas armadilhas, é essencial cultivar a humildade e buscar a aprovação de Deus, praticando o bem sem esperar elogios humanos. 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Estatísticas da Igreja Católica 2024

Vista da Praça São Pedro durante o Angelus (Foto EPA/Vatican Media)  (ANSA)

Em vista do próximo Jubileu 2025, com o intuito de ajudar a compreender a tendência das alterações dos dados numéricos sobre a presença e missão da Igreja Católica no mundo, a Agência Fides, além do habitual dossiê anual, publica esta vez também um apêndice, que resume os dados das alterações, durante os últimos vinte e cinco anos (1998-2022). Tais dados referem-se à população católica, número de sacerdotes, religiosos e religiosas, e o número de batizados administrados em nível planetário.

Por ocasião do 98º Dia Mundial das Missões, que se celebra neste domingo, 20 de outubro, a Agência Fides apresenta, como de costume, algumas estatísticas para oferecer um panorama da Igreja Católica no mundo.

Os dados e tabelas são extraídos do último «Anuário Estatístico da Igreja» - publicado (atualizado em 31 de dezembro de 2022) - e se referem aos membros da Igreja, estruturas pastorais, atividades nos setores da saúde, assistência social e educacional. Enfim, apresenta uma visão geral das circunscrições eclesiásticas, confiadas ao Dicastério para a Evangelização – Seção para a primeira evangelização e as novas Igrejas particulares.

Igreja Católica no mundo: síntese dos dados

Em 31 de dezembro de 2022, a população mundial contava 7.838.944.000 pessoas, um aumento de 53.175.000, em comparação ao ano anterior. Confirma-se uma tendência positiva em todos os continentes, exceto na Europa.

Em 31 de dezembro de 2022, o número de católicos era 1.389.573.000 pessoas, um aumento global de 13.721.000 católicos, em comparação ao ano anterior. Neste caso também o aumento dos católicos diz respeito a quatro dos cinco continentes. Na Europa, registra-se uma diminuição do número de católicos de 474.000. Como nos anos anteriores, o aumento dos católicos é mais acentuado na África (+7.271.000) e na América (+5.912.000), seguido pela Ásia (+889 mil) e Oceania (+123 mil). A percentagem de católicos, na população mundial, teve um leve aumento (+0,03); em relação ao ano anterior, permaneceu igual a 17,7%. Em relação a cada continente, as variações desses dados são mínimas.

O número total de Bispos no mundo aumentou (+13), em comparação com a pesquisa do ano anterior, chegando a 5.353. O número de Bispos diocesanos aumentou (+19), mas o número de Bispos religiosos diminuiu (-6). Os Bispos diocesanos são 2.682, enquanto os Bispos religiosos são 2.671.

O número total de sacerdotes no mundo diminuiu: 407.730 (-142 no ano passado). A Europa, mais uma vez, registrou uma diminuição significativa (-2745), seguida pela América (-164). Como no ano passado, houve aumentos significativos na África (+1.676) e na Ásia (+1.160). A Oceania, depois do aumento do ano passado, voltou a ter resultado negativo (-69). O número de sacerdotes diocesanos no mundo diminuiu (-439), de modo geral, atingindo o número de 279.171. Os sacerdotes religiosos aumentaram (+297), chegando a um total de 128.559.

Em relação à última pesquisa anual, o número de diáconos permanentes no mundo continua a aumentar (+974), chegando a 50.159. O aumento deu-se na África (+1), Ásia (+15) e Europa (+267), mas diminuiu na América (-308) e na Oceania (-1).

Os religiosos não-sacerdotes diminuíram (-360), em comparação ao ano anterior, atingindo um número total de 49.414. As diminuições registraram-se na África (-229), Europa (-382) e Oceania (-27), enquanto aumentos ocorreram na América (+27) e na Ásia (+251). Segundo as pesquisas mais atualizadas, confirma-se a tendência global da diminuição de religiosas, que se verifica já há algum tempo: são 599.228 (-9.730). Os aumentos ocorrem, mais uma vez, na África (+1.358) e na Ásia (+74), enquanto o número continua a diminuir na Europa (-7.012), América (-1.358) e Oceania (-225).

O número de seminaristas maiores, diocesanos e religiosos, também diminui, segundo as últimas pesquisas anuais: em todo o planeta contam 108.481 (no ano anterior eram 109.895). Os aumentos registraram-se apenas na África (+726) e na Oceania (+12), enquanto o número diminuiu na América (-921), Ásia (-375) e Europa (-859). O número total de seminaristas menores, diocesanos e religiosos, também diminuiu no mundo, atingindo 95.161 (-553). Em particular, o aumento ocorreu apenas na África (+1.065), enquanto as diminuições foram registradas nos demais continentes: Ásia (-978), América (-475), Europa (-153) Oceania (-12).

No âmbito do ensino e educação, a Igreja presta assistência, no mundo inteiro, a 74.322 escolas maternas, que contam 7.622.480 alunos; 102.189 escolas primárias, com 35.729.911 alunos; 50.851 escolas de ensino fundamental e médio, que contam 20.566.902 alunos. Além disso, 2.460.993 alunos estudam em institutos superiores, enquanto 3.925.393 são estudantes universitários.

Os Institutos de saúde, beneficência e assistência, dirigidas pela Igreja no mundo, são um total de 102.409 e compreendem: 5.420 hospitais, 14.205 dispensários, 525 leprosários, 15.476 casas para idosos, enfermos crônicos e com deficiência, 10.589 creches, 10.500 consultórios matrimoniais, 3.141 centros de educação ou reeducação sociais, 33.677 outros tipos de instituições.

As Circunscrições Eclesiásticas, - sedes Metropolitanas, Arquidioceses, Dioceses, Abadias Territoriais, Vicariatos Apostólicos, Prefeituras Apostólicas, Missões ‘sui iuris’, Prelazias Territoriais, Administrações Apostólicas e Ordinariados Militares - que dependem do Dicastério para a Evangelização, são 1.123 no total e (+2), segundo a última alteração. A maior parte das Circunscrições Eclesiásticas, confiadas ao Dicastério, com sede em Roma, encontra-se na África (525) e Ásia (481), seguida pela América (71) e Oceania (46).

Apêndice: alterações durante 25 anos (1998-2022)

Em vista do próximo Jubileu 2025, com o intuito de ajudar a compreender a tendência das alterações dos dados numéricos sobre a presença e missão da Igreja Católica no mundo, a Agência Fides, além do habitual dossiê anual, publica esta vez também um apêndice, que resume os dados das alterações, durante os últimos vinte e cinco anos (1998-2022). Tais dados referem-se à população católica, número de sacerdotes, religiosos e religiosas, e o número de batizados administrados em nível planetário.

Este apêndice reúne e elabora também dados e tabelas, extraídos dos vários “Anuários Estatísticos da Igreja”, desde 1998 a 2022. Contrariamente ao dossiê clássico, os dados levados em consideração no Apêndice não entram em detalhes sobre os vários Continentes, mas apenas delineiam o quadro geral dos números, em nível planetário.

Em consequência, o que se pode deduzir dos dados coletados no período 1998-2022 é o seguinte: o número de católicos presentes no planeta, ao longo de vinte e cinco anos, sempre teve um constante aumento. Os dados numéricos dos católicos, em percentagem, são significativos: em 1998, 17,4% da população mundial era católica. Na última variação disponível chega a 17,7%, uma percentagem que permaneceu inalterada, desde 2015, após um pequeno pique em 2014 (17,8%).

Outro dado significativo diz respeito ao número de sacerdotes. Em nível mundial, nesses vinte e cinco anos, o número total de sacerdotes passou de 404.628 para 407.730, enquanto o número de religiosos não-sacerdotes e o de religiosas registrou uma diminuição. Com base nos dados, os religiosos não-sacerdotes, em vinte e cinco anos, nunca ultrapassaram os 60 mil. A mesma curva descendente refere-se também às religiosas, cujo número, em vinte e cinco anos, passou de 814.779 para 559.228.

Enquanto a população católica aumenta no mundo, a administração do sacramento do Batismo diminui, passando de 17.932.891 batizados, em 1998, para 13.327.037, em 2022.

*Agência Fides

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF